quinta-feira, 30 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14950: Fotos à procura de... uma legenda (59): Os manos Marques da Silva, fundadores do conjunto musical "Ritmos Caboverdeanos", em digressão por Bissau e Dacar, em junho de 1964, que iam "tramando", sem o quererem, o primo António Medina...


Foto da capa do primeiro disco ("Mornas e coladeras"), em vinil, de 45 rotações, editado pelos "Ritmos Caboverdenos", na Alemanha, nos anos 60. Cortesia de Discogs.com. Legenda do primo António Medina: da esquerda para a direita, Djack de Felicia, viola baixo (1);  Lulu Marques,  acordeão (2);  Djosa Marques, bateria (3); Tony Marques,piano (4); e Humberto Bettencourt, violo solo (5).


1. Mensagem, de hoje, do António Medina (*)

[ o nosso camarada, veteraníssimo,  Antonio Medina, ex-fur mil inf, CART 527, Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu,Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65; natural de Santo Antão, Cabo Verde, foi funcionário do BNU, Bissau, de 1967 a 1974; vive hoje nos EUA desde 1980; tem dupla nacionalidade, portuguesa e norte-americana; é nosso grã-tabanqueiro desde 1/2/2014]


Luís:

Dando seguimento ao teu pedido de identificação dos elementos dos "Ritmos Caboverdeanos",  vê a seguir da esquerda para a direita (**):

(1) Djack de Felicia, viola baixo; foi empregado da Camara Municipal de S. Vicente; já falecido.

(2) Lulu Marques [da Silva], acordeão, já falecido;

(3) Djosa Marques [da Silva], bateria, já falecido;

(4) Tony Marques [da Silva], piano, reside em New York;

(5) Humberto Bettencourt, violo solo, meu antigo colega do liceu e da tropa.

Falta aqui o vocalista, Longino Baptista. Os três Marques da Silva são todos meus primos e antigos proprietários do Cinema Eden-Park, em S. Vicente.

Um abraço, Medina

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(**) Ùltimo poste da série > 6 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14841: Fotos à procura de... uma legenda (58): Varela, 1955: o arquiteto Luís Possolo [1924-1999], o felupe e o "teco-teco"...

Guiné 63/74 - P14949: Como Tudo Aconteceu (Manuel Vaz, ex-Alf Mil da CCAÇ 798): Parte II - A costa da Guiné

1. Parte II do trabalho "Como Tudo Aconteceu", da autoria do nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviado ao nosso Blogue em 16 de Julho de 2015:

COMO TUDO ACONTECEU

PARTE II

A COSTA DA GUINÉ


(Continua)
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Nota do editor

Primeiro poste da série de 16 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14884: Como Tudo Aconteceu (Manuel Vaz, ex-Alf Mil da CCAÇ 798): Parte II - Do povoamento do ocidente africano até à luta armada do PAIGC

Guiné 63/74 - P14948: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (99): Sou Manuel Morato Gomes, ex-alf mil, CCS/BCaç 2861, estive em Bula e Bissorã até Junho de 1970, e procuro camaradas desse tempo..... E eu sou o Armando Pires, ribatejano, furriel enfermeiro, fadista, e tenho muita honra em "apadrinhar" a tua entrada neste blogue que tem já perto de 700 membros...


Convívio da CCS/BCAÇ 2861 (Bissorã e Bula, 1969/70) > Entre -os.-Rios > 1999 > Da esquerda para a direita, furriel Bonito (1),  fur  enf Armando Pires (2), furriel Filipe (3), 1º cabo Abreu (4), alferes Mourão (5), alf Morato (6) e fur  Vasques (7).

Foto (e legenda): © Armando Piures (2015). Todos os direitos reservados..



1. Mensagem de Manuel José Sousa Morato, com data de 22 de junho passado:


Apesar de tudo são boas recordações.

Sou Manuel Morato Gomes, ex-alferes miliciano da CCS do BCaç 2861. Estive em Bula e Bissorã até Junho de 1970. Lembro-me bem do furriel Pires, dos alferes Almeida, Vinagre, Moura e Barbosa (...), entre tantos outros. 

Lembro-me do programa de "rádio" feito uma vez por dia e aos fins de semana duas vezes por dia,  chamado "Bissorã 70". 

O meu endereço é mmoratogomes@hotmail.com ou mmoratogomes@gmail.com e fico à espera de contacto da gente da minha companhia para nos vermos. 

Só uma vez fui a um almoço de convívio mas gostava de voltar a estar com todos da CCS do BCAÇ 2861. Fico a aguardar qualquer informação ou endereços para contacto. 

ABRAÇOS GRANDES PARA TODOS.
Manuel Morato Gomes



2. Neste mesmo dia, foi reencaminho mail do Morato para o nosso grã-tabanqueiro Armando Pires (ex-fur mil enf, CCS/BCAÇ 2861,Bula e Bissorã, 1969/70)



Armando: Lembras-te deste camarada ?!.. Queres escrever duas linhas, em meu nome, a convidá-lo para ingressar na nossa Tabanca Grande ? (...)

Diz-lhe que só sobre Bissorã temos perto de 250 referências; e sobre Bula quase outro tanto (230). E,além de imensas fotos, temoa a cartografia da região... Por exemplo, Bissorã/Mansoa (1954), Bula (1953)...

Um grande abraço para ti... Luís

3. Resposat do Armando Pires, com data de hoje


Olá, Luís.

Aqui vai o texto que me pediste, de resposta ao alferes Morato.
Se achares que deves corrigir alguma coisa, estás à vontade. (...)
Desculpa o atraso.
Abraço.



Viva, Morato!

O que é feito de ti, camarada.

Pediu-me o Luís Graça, “Comandante-em-Chefe” da Tabanca Grande, que respondesse ao teu “apelo”. E faço-o com a maior das satisfações.

Desde logo, pela satisfação que me dá ter notícias tuas. Diria mais, por finalmente ter notícias tuas.

Sim, é que a malta, todos os anos, nos nossos encontros de confraternização, tem o hábito de perguntar pelos que faltam, sendo que esses de quem sentimos falta são sempre os que mais estimámos.

Daí que me lembre da primeira e única vez que estiveste connosco, depois de termos regressado da Guiné.  Foi no Encontro que teve lugar em Entre-os-Rios, no ano de 1999. [Vd. foto acima]

Já foi há tanto tempo que talvez valha a pena recordar-te que na foto estão, começando à esquerda, o furriel Bonito (1), eu (2), furriel Filipe (3), 1º cabo Abreu (4), alferes Mourão (5), tu (6) e o furriel Vasques (7).

Já perdeste o Encontro deste ano. Foi em Maio, em Castelo de Paiva.

E é em Maio que todos os anos nos encontramos, e nos encontraremos, até que reste um para apagar a luz do salão.

Portanto, tens Maio do próximo ano para te juntares a nós, se não for antes. Basta que me envies, por email, o teu endereço actualizado, para que possas receber a correspondência.

Dito isto, vamos ao passo seguinte.

Já aqui vieste, não faças do nosso blog um ponto de passagem. Tens cá um lugar à tua espera. Mandatado pelo Luís Graça, estou a convidar-te para integrares “o nosso exército”.

Aqui encontrarás o maior acervo documental e fotográfico sobre a guerra na Guiné, visto e contado pelos seus protagonistas.

E ele será tanto mais importante para memória futura (como agora é uso dizer-se), como para nós, que melhor ficaremos a conhecer essa parte do nosso passado, se todos dermos o nosso contributo. Desde logo, o teu.

Envia-nos duas fotos, se possível tipo passe. Uma do tempo da Guiné, para que te reconheçam os que por lá um dia se cruzaram contigo, a outra actual, para que na rua a malta diga, “eh!,  camarada, eu também sou do blog”. Junto com as fotos, envia a síntese do teu currículo militar. Da incorporação à disponibilidade.

O Luís há de depois dizer-te qual teu número de ordem que te cabe neste “exército”.  Ma so importante é escrever-nos. Escreve o que, se calhar, trazes escondido na alma. Fala-nos da tua experiência militar na Guiné. Traz-nos histórias, amargas ou doces, que tenhas vivido, ou que tenhas visto a outros viverem.

Faz jus ao nosso slogan, da nossa Tabanca Grande: “não deixes que sejam os outros a escrever a tua história por ti”...

E não te esqueças, rapaz, aqui todos nos tratamos por tu.

Sê bem-vindo, camarada Morato.

PS - Tenho uma série, no blogue, que se chama "Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires)" que já deves conhecer, e que fala da malta do nosso tempo, de Bissorã e de Bula...
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Guiné 63/74 - P14947: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (12): Há festa na aldeia!...O Grupo de Bombos do Grilo, Baião, na Tabanca de Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses


Marco de Canaveses  > Paredes de Viadores >  Candoz >  Tabanca de Candoz > 25/7/2015 >  Grupo de Bombos Verão Azul,  Grilo, Baião, a atuar no peditório para a festa em honra de Nossa Senhora do Socorro, Paredes de Viadores   (24-26 de julho de 2015) >O líder do grupo é o António Porfírio Cardoso, o mais velho.


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores >  Candoz > Tabanca de Candoz > 25/7/2015 > Grupo de Bombos Verão Azul,  Grilo, Baião, a atuar no peditório para a festa em honra de Nossa Senhora do Socorro, Paredes de Viadores  > Elemento de contacto: António Porfírio Cardoso, telemóvel nº  914 253 500



Vídeo (4' 20''). Alojado em You Tube > Luís Graça

Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Tabanca de Candoz >  25/7/2015 > Grupo de Bombos Verão Azul,  Grilo, Baião, a atuar no peditório para a festa em honra de Nossa Senhora do Socorro (que é sempre no último fim de semana de julho)



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Capela de N. Sra.do Socorro > 25 de julho de 2015 > Fim de tarde...


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores  >  Capela de N. Sra.do Socorro > 25 de julho de 2015 > Interior, com os andores, prontos para a procissão de domingo, dia 26...



Vídeo (6' 33''). Alojado em You Tube > Luís Graça

Marco de Canaveses > Paredes de Viadores  >  Festa de N. Sra.do Socorro > 26 de julho de 2015 > No sábado para domingo, ao darem as 24 badaladas, rebenta o monumental fogo de artifício que é, de há muito, um dos momentos altos desta festa popular... São quase 30 minutos de fogo... Ninguém sabe quanto custa... Todo o povo contribui generosamente para este e outros encargos da festa de N. Sra. do Socorro. 

Fotos e vídeos: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG)



1. Este ano foi o Grupo de Bombos Verão Azul, da vizinha freguesia do Grilo, concelho de Baião, que animou o peditório para a festa em honra da N. Sra. do Socorro, de Paredes de Viadores, da freguesia de Paredes de Viadores e Manhuncelos, onde se situa a Tabanca de Candoz... Terras antiquíssimas, estas, com forte trradições de que são guardiãs e continuadoras as nobre e valentes gentes desta região do Douro Litoral...

Estas festas fazem parte dos "nossos seres, saberes e lazeres" e são acarinhadas pelo pessoal da Tabanca de Candoz... Nunca é de mais lembrar, por outro lado,  que o extenso concelho do Marco de Canaveses pagou um pesado imposto em sangue, suor e lágrimas durante a guerra colonial, tendo 45 dos seus filhos lá morrido, em terras de Angola, Guiné e Moçambique (vd lista nominal no portal Ultramar Terraweb).

Em chegando o verão, há foguetes e alegria no ar.  Há festa, há a festa anual da padroeira de Pareces de  Viadores, da freguesia do mesmo nome (mas agora mais comprido, já a Paredes de Viadores juntou-se também a antiga freguesia de Manhuncelos). A Nossa Senhora do Socorro  tem uma capela que remonta ao séc. XIX, num dos pontos altos do território da freguesia...

Por estas terras também andou o lendário herói do "banditismo social", Zé do Telhado ( Castelões de Recesinhos, Penafiel, 1818 / Mucari, Malanje, Angola, 1875). e o seu bando, cujas façanhas ficaram na memória das gentes dos vales do Sousa e Tâmega (onde nasceu Portugal). Desterrado, Zé do Telhado morreu em Angola (onde a sua memória ainda é, ao que parece, venerada). 

Por aqui, Marco de Canaveses e Baião,  passa também a rota do românico... que os portugueses devem fazer pelo menos uma vez na vida!...

O Grupo de Bombos Verão Azul, do Grilo, Baião, não tem página no Facebook.  Prometi editar um dos vídeos que fiz, naTabanca de Candoz. Aqui vai... também a pensar no nosso grâ-tabanqueiro Álvaro Vasconcelos que da igreja do Grilo vê a Tabanca de Candoz! (LG)

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Nota do editor.

Último poste da série > 24 de julho de  2015 > Guiné 63/74 - P14927: Nas férias do verão de 2015, mandem-nos um bate-estradas (11): Vimeiro, Lourinhã, 17 a 19 de julho de 2015: recriação histórica da batalha do Vimeiro (1808) e mercado oitocentista - Parte II: Fogo à peça!... Oxalá, inshallah, enxalé a gente se possa voltar a encontrar para o ano!

Guiné 63/74 - P14946: Parabéns a você (938): Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Médico do BCAÇ 2930 (Guiné, 1970/72); Júlio Costa Abreu, ex-1.º Cabo Comando do Grupo Centuriões (Guiné, 1964/66) e Victor Tavares, ex-1.º Cabo Paraquedista da CCP 121 / BCP 12 (Guiné, 1972/74)



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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14897: Parabéns a você (937): Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 e CART 2732 (Guiné, 1970/72) e João António Santos, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852 e BENG 447 (Guiné, 1970/71)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14945: O segredo de... (19): António Medina (ex-fur mil, CART 527, 1963/65, natural de Cabo Verde, mais tarde empregado do BNU, e hoje cidadão norte-americano): Desenfiado em Bissau por três dias, por causa dos primos Marques da Silva, fundadores do conjunto musical "Ritmos Caboverdeanos"... Teve de se meter num táxi, até Teixeira Pinto, que lhe custou mil pesos, escapando de levar uma porrada por "deserção"!




Capa e contracapa do disco de 45 rotações,  em vinil,  um EP gravado na Alemanha,  o primeiro, do conjunto Ritmos Caboverdeanos: "Mornas e Coladeras". (c. década de 1960). Label: Teldec ‎– T 75536, Teldec ‎– 45-9/64216, Teldec ‎– RC 1/67.

Cortesia de Discogs.com




1.  Mensagem, de 24 do corrente,  do António C. Medina:


[, foto à direita, o camarada Antonio C[ândido da Silva] Medina, ex-fur mil inf, CART 527, Teixeira Pinto, Bachile, Calequisse, Cacheu,Pelundo, Jolmete e Caió, 1963/65; natural de Santo Antão, Cabo Verde, foi funcionário do BNU, Bissau, de 1967 a 1974; vive hoje nos EUA desde 1980; é nosso grã-tabanqueiro desde 1/2/2014]


Prezado camarada Luis:

Em anexo estou remetendo a descriçãoo de uma minha loucura praticada aquando da minha vida militar em Cacheu.

Se achares conveniente publicá-la no Blogue te agradeço. Diz o que tiveres por conveniente.

Um abraço do Medina


2. LOUCURA... DE UM MILICIANO

por António C. Medina


Em Junho de 1964 andava o terceiro pelotão da CART 527,  destacado em Cacheu, quando numa bela tarde se recebeu instruções para,  no dia seguinte, de manhã cedo, eu apanhar a estrada com o meu grupo que nos levaria a Bissau para um reabastecimento de géneros alimentícios.

Anteriormente, era a Manutenção Militar,  sediada em Bissau, que distribuía e transportava os géneros para o mato para serem entregues aos vaguemestres das companhias que tivessem mais fácil acesso e menos riscos. Desde que o inimigo se mostrou nas estradas atacando nossas colunas, deixaram de o fazer e passou a ser o transporte garantido sob escolta dos operacionais. a quem cabia essa dura tarefa.

Tudo a postos com homens, viaturas e material de guerra, bem de manhãzinha deixamos Cacheu,  chegando a Bissau em boa hora para se carregar as GMC e os Unimog. O critério adoptado era quem chegasse primeiro seria o primeiro a ser reabastecido com batatas, folhas de bacalhau, vinho, azeite, farinha, latarias, grades de cerveja, etc, etc, para o sustento dos militares.

Também se aproveitava para se dar uma passeata pela cidade, tomar algumas cervejas com acompanhamento de saborosos camarões ou ostras cozidas na esplanada dos senhores Espada e Veralonga, apreciar um frango de churrasco com limão e malagueta do Restaurante Santos, comprar alguma coisa de interesse pessoal como máquina fotográfica, aparelhos de rádio alimentados a pilhas, lindas colchas, objectos de uso caseiro, bibelôs vindos de Macau, garrafas de whisky de especial qualidade e outros mais objectos que constituissem novidade e boa prenda para os familiares, tudo a preço convidativo, e pago com escudos da Guiné, notas e moedas emitidos pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU), arbitrariamente conhecido pelo nativo como “pesos“ desde os primórdios da época colonial.

Aconteceu que logo assim à nossa chegada, por ter patrícios amigos trabalhando no BNU, aí me desloquei para os cumprimentar, tomando conhecimento da estadia de três primos direitos que faziam parte do conjunto musical  "Ritmos Caboverdeanos" (*)  em digressão ao Senegal e Guiné. Estavam eles hospedados em casa de um patrício,  empregado do BNU. Como é obvio,  procurei-os de imediato  e a partir daí a malta meteu-se em copos e petiscos, como por exemplo um suculento e caseiro pitch-patch (sopa de ostras com limão e malagueta), e depois conversa fiada, música de Cabo Verde, variada e tão bem interpretada por serem eles exímios tocadores.

Curtia eu o ambiente,  matando saudades da terra, quando o nosso primeiro cabo Augusto me localizou e me informou que tudo estava preparado para seguirmos viagem para Teixeira Pinto, pois já se fazia tarde e teríamos de atravessar ainda o rio Mansoa pela jangada em João Landim, antes que a maré vazante nos surpreendesse.

Sentindo-me eufórico pelos uísques e cervejas, perdi a noção da responsabilidade que tinha nos meus ombros, apontando o nosso cabo Augusto como comandante da coluna e ordenando que de imediato seguissem viagem. Que à chegada informasse o alferes daquela minha decisão e que voltaria logo assim me fosse possível.

Passei tres dias em Bissau “numa boa”, como hóspede estive na Pensão Chantre, na Praça do Liceu Honório Barreto, vestido à civil com calças e camisa do colega furriel miliciano Autilío Goncalves,  da CCAÇ 412.  da zona leste, de férias em Bissau. Assisti e participei de um baile no campo de basquetebol do BNU,  como convidado especial dos meus primos Marques da Silva (**).

O ultimato chegou precisamente ao fim da tarde desse terceiro dia, o nosso capitão conseguira uma ligação para o BNU e,  falando com o empregado que o atendeu e me conhecia,  pediu a ele que me informasse da situação de “DESERTOR” a que eu estava sujeito se não me apresentasse no dia SEGUINTE EM TEIXEIRA PINTO (!), que logo de seguida também teria de comunicar o assunto ao Comando do Batalhão de Bula [, ten cor Hélio Felgas].

A consciência veio à tona ficando eu envolvido pelo medo e com receio de apanhar uma pena de prisão e ser transferido par zona mais perigosa como castigo. No dia seguinte decidi ir ao Quartel General,  em Santa Luzia, saber se haveria alguma coluna que estivesse indicada para Teixeira Pinto e pudesse eu aproveitá-la. A informação foi negativa, que já não tinham mais viagens para o interior,  o que me alarmou um pouco.

Procurando na minha mente uma solução e,  com uma calma aparente, cerca do meio dia resolvi aproximar-me de um taxista estacionado na Praça Honório Barreto, dizendo-lhe que precisava de um transporte urgente para Teixeira Pinto. Que era eu militar, que tinha perdido a coluna que saira de manhã cedo mas que impreterivelmente teria de me apresentar naquela mesma tarde ao quartel. 

Fez-me diversas perguntas, como era a estrada, se nada tinha acontecido,  ao que sempre respondi negativamente. Ponderou ele por alguns longos minutos, notou ele durante a conversa que era eu cabo-verdiano,  acabando também por me confessar que era natural da Praia,  Cabo Verde,  e assim se estabeleceu uma dupla confiança. Me aliviei um pouco quando me disse que receberia mil pesos (escudos da Guiné),  o que de imediato liquidei por antecipação.



Guiné > Cópia de uma nota de cem escudos (ou "pesos",  emitida pelo BNU (Banco Nacional Ultramarino), em circulação no meu tempo (c. 1969/71)... Julgo que já existissem no tempo do António Medina (c. 1963/65). Foram 10 notas como esta que ele teve de pagar a um taxista, seu patrício, que ganhou o dia,  levando-o de volta, em junho de 1964, ao quartel onde estava a CART 527, em Teixeira Pinto, depois de uma "deserção" de 3 dias em Bissau... Mil pesos dava para comprar 10 garrafas de uísque velho... (LG)

Imagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2006).


De nome Daniel, simpático, conversador, encheu o depósito do automóvel. Fomos à Pensão Chantre onde troquei as roupas do Autílio por calções e camisa de caqui sem divisas, com o miolo descoberto. À saída pedi à senhora,   minha patrícia e proprietária,  dona Antoninha,  que me desse a minha [pistola metralhadora] FBP  que lhe confiara para guardar em local seguro, o que ela prontamente assim fez,  para depois ser escondida debaixo do assento traseiro do automóvel. 

Guiné, Região do Oio,
Olossato, 1963. CART 527. Fur mil
António Medina, equipado
de pistola metralhadora FBP
Ocupando o assento ao lado do condutor, partimos para a nossa viagem aventura. À chegada a João Landim para se atravessar o Mansoa,  notei a presença de uma nativa de cesto à cabeça, já minha conhecida em Cacheu por vender ostras e camarões no quartel,  pelo que lhe ofereci uma boleia, ocupando o banco traseiro. Logo após o arranque do automóvel, já na outra margem com estrada de terra batida,  pedi então ao condutor que não parasse por razão alguma e que mantivesse uma boa velocidade mais que a habitual mas que lhe permitisse manobrar o automóvel  com segurança.

E assim lá fomos,  debaixo de uma grande tensão,  à espera de sermos emboscados a qualquer momento, o que não aconteceu. Horas depois entrávamos em Teixeira Pinto pela avenida principal, visitando uma pequena cervejaria local para nos refrescarmos com uma Sagres cada um,   antes da minha entrada triunfal (?) no quartel. O táxi tomou então o caminho de regresso sem qualquer incidente até chegar em Bissau.

E O NOSSO CAPITÃO ?

Preparado para ouvir um grande raspanete desse meu comandante, com justa razão vi nele cara de poucos amigos, adiantando ele em me chamar a atenção de já termos sido emboscados naquela mesma estrada, acrescentando que o meu procedimento de aventura indicava que já estava eu APANHADO  (expressão usada para os malucos no exército), desculpando-me eu com a presença dos meus familiares em Bissau, há já  algum tempo sem contacto.

Tinha eu ainda de seguir para Cacheu onde me encontrava aquartelado, ao que ele ordenou que me levassem sob escolta reforçada com duas autometralhadoras, sem nunca tão pouco se referir uma só vez ao assunto de deserção. Estava eu perdoado por tamanha loucura e falta de cumprimento das ordens dos meus superiores.

Meu Comandante, presto-lhe a devida vénia por tamanha compreensão e que Deus o proteja.


2. Comentário de LG:

António, como tive ocasião de to dizer, por email,  é uma história que merece título de caixa alta!... Temos, de há muito (desde 30 de novembro de 2008), uma série chamada "O segredo de...". 

É uma "espécie de confessionário" onde cada de nós pode vir "confessar" pequenos/grandes segredos que tem guardado na "caixinha de Pandora" que é a memória (**)...

Contigo já lá vão 19 postes. Podiam ser mais,  se alguns dos nossos camaradas não se acanhassem, com receio (hoje, injustificado) de serem objeto de crítica ou censura por parte dos seus pares... Como sabes, uma das nossas regras de ouro é não "julgar" o comportamento de nenhum camarada, vivo, incluindo os nossos comandantes operacionais...

Nem sempre é fácil respeitar e fazer respeitar esta regra fundamental do nosso blogue. No teu caso, dá para perceber que o teu coração foi bem mais forte  que a razão... Não ganhaste para o "susto" quando o teu capitão te chamou "à terra", ou mlehor, "à pedra"... Mas deste uma lição de desenrascanço, à boa maneira portuguesa... "All's well that ends well", tudo está bem quando acaba bem...

Arranjei, na Net, esta raridade, que é a capa do primeiro EP que os teus primos gravaram [vd. fotos acima]... Era um conjunto musical, os "Ritmos Caboverdeanos",  bem cotado na época, ao ponto de vir tocar a Dacar, Bissau, Lisboa.... Faz-me o favor de completar a legenda com os nomes dos músicos, na foto abaixo...

E obrigado pela tua partilha... É menos um segredo na tua "caixa de Pandora"... Ficas, por certo, mais aliviado e nós, mais "ricos", em termos de informação e conhecimento sobre aquele tempo e lugar que nos coube na lotaria da história!

Abraço grande!... Luís
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Notas do editor:

(*) António Marques da Silva ("Tony Marques", piano) era um dos fundadores do conjunto "Ritmos Caboverdeanos", da ilha de São Vicente. Havia mais dois irmãos: Lulu Marques (acordeão) e Djosa Marques (bateria)...



Os irmãos Tony Marques (piano) e Djosa Marques (bateria) parecem estar bem identificados, pelo nosso editor LG,  na capa do seu primeiro disco.  O terceiro mano Marques da Silva era o Lulu Marques (acordeão), que pode bem ser o elemento que está à direita do baterista. Restantes elementos: Djack Felicia (viola baixo),  Humberto Bettencourt (viola solo) e  Longino Baptista (voz).

O conjunto está representado em Cap Vert : anthologie 1959-1992 = Cape Verde : anthology 1959-1992 [Paris : Buda Musique, (1992?) ] onde estão representados alguns dos melhores intérpretes da música caboverdiana da segunda metade do séc. XX:

Fernando Quejas; Amândio Cabral; Djosinha; Mité Costa; Titina; Bana; Luis Rendall; Humbertona; Tututa; Taninho; Chico Serra; Morgadinho; Luís Morais; Frank Mimita; Frank Cavaquim; Jon Spedinha; Norberto Tavares; Zézé di Nha Reinalda; Zeca di Nha Reinalda; Caetaninho; Travadinha; Cesária Évora; Celina Pereira; Dany Silva; Boy Ge Mendes; Centaurus; Ritmos Caboverdianos; Voz de Cabo Verde; Conjunto Kola; Tubarões; Bulimundo; Grupo Cultural Mantenha; Finaçon; Cabo Verde Show.

 (**) Últimos cinco postes da série >

26 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13046: O segredo de... (18): O ato mais irresponsável nos meus dois anos de serviço como soldado de artilharia (Vasco Pires, ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)

23 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12627: O segredo de... (15): Processo concluído (Augusto Silva Santos)

5 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12545: O segredo de... (14): António Graça de Abreu (,ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74): Também fiz o curso de Minas e Armadilhas, em Tancos, ainda em 1971... E até sonhei um dia em ser... bombista!

Primeiro poste da série:

30 de novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3543: O segredo de ... (1): Mário Dias: Xitole, 1965, o encontro de dois amigos inimigos que não constou do relatório de operações


Guiné 63/74 - P14944: Os nossos seres, saberes e lazeres (108): Tomar à la minuta (10) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 7 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
Naquele dia sentia-me arrastado pela corrente, era um passeio pelo passado, sempre intrigado pela estranhíssima articulação da Tomar da Reconquista, dos delírios de D. Manuel I, daquela corrente mística que nos atravessa o sentimento quer nas ruas quer nas igrejas, nos Estaus, até mesmo nos Lagares d'El Rei, e remexi nos bilhetes postais que fazem parte do legado da minha avó Ângela, desde a monarquia até à ditadura, a minha avó lá no Cuanza Norte guardava esta relíquias extremosamente. Inválida e acamada, os olhos incendiavam-se quando falava na Festa dos Tabuleiros, como ela dizia, pode haver festas mais vistosas mas a tocar os nossos corações, a juntar-nos à volta do Espírito Santo, só aquela, experimenta e verás . É o que eu vou fazer.

Um abraço do
Mário


Tomar à la minuta (10)

Beja Santos

Vagueando pela cidade, recordando ancestrais


É tarde de pescaria e a canícula aperta, daí esta correnteza de tanto chapéu-de-sol. Ando à solta, deliberei esta tarde de vagabundagem, hesitei se devia descer e meter conversa sobre as potencialidades que o Nabão oferece, mas decidi seguir viagem, há mais marés que marinheiros.


Meti-me ao caminho, quero conhecer os vestígios do que foi a fábrica da fiação, deparei-me com este edifício um tanto insólito na paisagem. Desta vez meti conversa e a surpresa foi enorme. Aqui funcionou uma moagem que depois se reciclou em prédio de habitação, as linhas Arte Deco não enganam, oxalá o classifiquem pelo que tem de incomum, as linhas redondas, as janelas com a cruz de Cristo, a harmonia das marquises.




Estou aqui de cabeça erguida a vaticinar melhores dias para a arqueologia industrial de Tomar. Um portão fechado, como marca para a eternidade, dói que se farta, aqui se fez muita roupa, se deu muito trabalho, bem perto da várzea, o que ainda empolga mais o viandante, tal a complementaridade entre a cidade e o campo. Cirandei, deu para imaginar a atividade daquelas turbinas, com a levada próxima, e depois este casario, que contrasta, pela sua decrepitude com o complexo habitacional em frente, há quem diga que estas coisas não têm importância, são vicissitudes do progresso, uns avançam, outros atrasam-se, neste caso esta linha de casas parece um património merecedor de cuidados, já basta o estado em que se encontra o velho regimento de infantaria. Há limites para hotéis de charme e ainda não perdemos a imaginação para dar nova vida a estes testemunhos de um passado que nos merece todo o respeito.


Dei uma guinada, quero contemplar algo de muito antigo, uma relíquia tomarense, passo por aqui com frequência, é cruzamento obrigatório para quem vem visitar as exposições sediadas no belo edifício do turismo, para quem vai para a Mata dos Sete Montes, ou desce uma rua com reminiscências medievais e procura um tasco para se amesendar, ou, em última instância, subir para a mística do Convento. Aqui contemplo o passado remoto e especulo sobre a natureza desta habitação, fico indiferente à verdade histórica, há uma enorme graciosidade nesta varanda, é o que me basta.




Está declarado o meu estado de espírito, mergulhei nas brumas da memória desta cidade apegada a um ciclo áureo que veio dos guerreiros monges, de ter sido um farol da Reconquista, por estas ruas terem andado o Infante de Sagres e gente da sua comitiva, há por aqui sinais de um luxo esquecido, lembra aquelas damas que ainda se adornam de chapéus de plumas e põem mitenes, esta a Tomar brasonada pela certeza certa de ter os costados, em plenitude, na História de Portugal.




Alto lá, encontrei um oásis e sabe-se lá porquê lembrei-me de Sevilha e Córdova, atenção que passou por aqui gente das invasões bárbaras e depois a mourama, um dos génios da arquitetura é moldar a existência explorando as sombras e o fresco, plantando flores à porta, o contraste com as paredes caiadas gera encanto, é sinal de que mais de que habitação a cidade está viva e prazenteira, vejam se estas imagens.



A minha avó Ângela tinha 14 anos quando partiu de Tomar para casar com o Sr. Costa, com negócios em Lucala, no Cuanza Norte, Angola. Deixou raízes, cedo levou os 2 irmãos, Lucília e José. Guardo uma resma de postais desde a monarquia até aos anos de 1930 da prima Isilda, do afilhado Gabriel, dos primos Carlota e António, do primo Mário José dos Santos, do primo Silvério Coelho, da prima Maria da Conceição Gomes, do tio António Neves Ferreira a mandar postais à minha mãe dizendo nossa querida Gigi. E a minha bisavó escreve na primeira década do século XX: minha querida e lembrada filha, muito estimo que estejas de saúde, igualmente o teu marido, eu voo indo melhorzinha graças a Deus, cumprimento desta tua mãe muito amiga, Carlota da Conceição Oliveira. São postais primorosos, alguns deles pintados, avultam imagens do Convento, do Nabão, da Serenata Tomarense, dos jardins da Avenida Marquês de Tomar. Este é o meu passado remoto. A minha avó Ângela, já acamada, nunca se cansava de me falar da Festa dos Tabuleiros, aliás em cima de uma cómoda havia uma fotografia muito antiga com umas meninas com uns cestos à cabeça, eu olhava para aquilo com imensa estranheza, a avó Ângela dizia, tens que ter muito respeitinho por esta festa, é o que há de mais lindo no nosso país. Pois bem, chegou a hora de a conhecer, e estou ansioso.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Julho de 2015> Guiné 63/74 - P14915: Os nossos seres, saberes e lazeres (107): Tomar à la minuta (9) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P14943: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte IX: Os meus rios, Geba e Udunduma



Foto nº 1 > Setembro de 1969 > Rio Geba:  cambança entre Bambadinca e Finete (margem norte)


Foto nº 2 > Setembro de 1969 > Rio Geba:  cambança entre Bambadinca e Finete (margem norte)


 Foto nº 3 > Setembro de 1969 > Rio Geba:  cambança entre Bambadinca e Finete (margem norte)


 Foto nº 4 > Setembro de 1969 > Rio Geba:  cambança entre Bambadinca e Finete (margem norte)


 Foto nº 5 > s/d > Rio Udunduma, afluente do Rio Geba


Foto nº 6 > s/d > O alferes mil cav, cmdt Pel Rec Daimler 2046, num "barco turra" (que fazia ligação Bambadinca-Bissau-Bambadinca)


Foto nº 7 > s/d > Ponte do Rio Geba, em Bafatá

Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Continuação da publicação do magnífico  álbum fotográfico do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968/fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1913 e BCAÇ 2852) (*):

[foto atual à esquerda; o Jaime Machado reside em Senhora da Hora, Matosinhos; mantém com a Guiné-Bissau uma forte relação afetiva e de solidariedade, através do Lions Clube; voltou à Guine-Bissau em 2010]




Quadro óleo s/ tela, 60 cm x 50 cm, a partir da foto  nº 4. tirada em Bambadinca. em setembro de 1969.  Autor:  Jaime Machado. (**)

Foto (e legenda): © Jaime Machado (2014). Todos os direitos reservados.

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Notas do editor:

(*) Último poste da série >  22 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14914: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte VIII: População: de Porto Brandão a Cansamba

(ªª)  Vd- poste de 7 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12943: Os nossos seres, saberes e lazeres (70): Pinturas a partir de fotos com mais de 40 anos (Jaime Machado)