quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8927: Ser solidário (114): Farim do Cantanhez já tem água potável, com o apoio da Tabanca Pequena de Matosinhos (AD - Acção para o Desenvolvimento)


Guiné-Bissau > Bissau > AD - Açção para o Desenvolvimento > Fotos da semana > Título da foto: Chegou boa água a Farim de Cantanhez; Data de Publicação: 10 de Outubro de 2011  Data da foto:  10 de Julho de 2011; Palavras-chave: Saúde.Legenda: Hoje, a tabanca de Farim de Cantanhez [, que surgiu depois da guerra, sendo a maior parte da população constituída por antigos Combatentes da Liberdade da Pátria, ] deixou de sofrer com a falta de água na época seca e com a sua baixa qualidade sanitária, o que preocupava sobremaneira os seus habitantes e os levava a considerar este aspecto como o mais importante para melhorar as suas condições de vida.




Mais uma vez, com o apoio da Tabanca Pequena de Matosinhos, foi construído este poço que, à semelhança dos que esta associação promoveu em Amindara e Medjo, dispõe de um sistema de captação de água através de energia solar e do seu controlo por uma canalização que facilita às mulheres a sua obtenção.

Este poço vai contribuir para uma melhor saúde dos seus habitantes, especialmente as crianças sujeitas a frequentes diarreias, para a produção de legumes e frutas e para evitar que as mulheres e crianças tenham que percorrer longas distância para ir buscar água, na maior parte dos casos, imprópria para consumo.


Foto (e legenda) : © AD - Acção para o Desenvolvimento (2011). Todos os direitos reservados.
 
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Nota do editor:
 
10 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8884: Ser solidário (113): Pequenos gestos que dão esperança de vida à população de Elalab (José Teixeira)

Guiné 63/74 - P8926: (Ex)citações (151): O Sold Rodrigues, prisioneiro do PAIGG (de Junho de 1972 a Março de 1974), pertencia à CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872, que esteve em Cancolim (1971/74) (Luís Dias)


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Sector de Galomaro > Cancolim > Aquartelamento > CCAÇ 3489/BCAÇ 3872 (1971/74). Foto do Fur Mil Rui Baptista que, tal como o Sold Rodrigues, pertencia a esta subunidade.


Foto: © Rui Baptista(2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Comentário do Luís Dias ao poste P8920:

 Caros Camaradas

A informação que aqui é prestada tem todo o meu apreço e, como já referi, em outros locais, parece-me que a pessoa [em causa] não deveria, provavelmente,ter sido aprovada para todo o serviço militar.

No entanto, a informação inicial não está correcta, porquanto o Rodrigues fazia parte da CCAÇ 3489, do BCAÇ 3872,  e não da 2ª Companhia do BCAÇ 4518/73, que rendeu o primeiro em Janeiro de 1974. [ A CCAÇ 3489 esteve em Cancolim, sector de Galomaro].

Quando o batalhão já se encontrava em Bissau para regressar à metrópole, soube-se que o Rodrigues tinha fugido do PAIGC. Foi ele, aliás, que nos alertou para a existência do camarada da CCAÇ 3490 (Saltinho),[, o António Batista,]  dado como morto na emboscada do Quirafo, em 17 de Abril de 1972.

Ao que julgo, [o Rodrigues]  esteve sob detenção em Bissau, porque se pensava que ele tinha desertado para o PAIGC e, segundo ele terá referido aos inquiridores, ao saber pelos guerrilheiros que o seu batalhão já fora rendido, ele pensou que,  como já tinha acabado a comissão, tinha de voltar para a Guiné e assim o fez. (*)

Um abraço
Luís Dias
Ex-Alf Mil  da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872
[Dulombi e Galomaro, 1971/74]
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Nota do editor: 


(*) Vd. também, sobre este caso, o depoimento do Juvenal Amado > 6 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2921: Em busca de... (29): António Manuel Rodrigues (1) (Juvenal Amado)

(...) Ao vasculhar o Poste 2885 sobre o III Encontro da Tertúlia, a minha atenção ficou presa nas palavras do Baptista sobre o outro prisioneiro que esteve com ele, mas no caso, este sendo de Cancolin .

Efectivamente houve um outro camarada nosso também este apanhado à mão. Pertencia efectivamente à Companhia de Cancolim e foi apanhado, se a memória não me falha, num dia em que o seu pelotão saiu para uma patrulha nocturna. Para ser mais preciso o pelotão saiu, mas ele embirrou e não foi com eles. Passado talvez uma hora, ele resolveu ir sozinho encontrar-se com os seus camaradas. Resultado, o destacamento é atacado e no chão foram encontradas munições da G3, possivelmente dele.

O que se entende deste acontecimento é que ele deu de caras com tropas do PAIGC que fizeram o ataque e acabou prisioneiro deles.


Este episódio atesta bem o estado psicológico em que os nossos camaradas de Cancolim estavam. Há tempos, ao falar ao telefone com o meu amigo Correia, este caso veio à baila, onde ele me lembrou que o referido camarada tinha aparecido quando já estavamos em Bissau para embarcar de regresso. A forma como ele fugiu do cativeiro só soube ao ler e ouvir o referido Poste 2885.

Lamento que ele esteja no sofrimento em que está. (...)

Guiné 63/74 - P8925: Memória dos lugares (157): Empada, região de Quínara, by air (António Graça de Abreu)


Guiné > Região de Quínara > Empada > Outubro de 1973 > A povoação de Empada e, ao fundo, o Rio Empada vistos pela câmara fotográfica do Alf Mil António Graça de Abreu (CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)... 

Viagem de Cufar a Bissau, possivelmente em DO 27 e no início de Outubro de 1973, aquando da sua ida de férias à metrópole, em que viajou através dos TAM-Transportes Aéreos Militares. Segundo o seu Diário da Guiné (2007), foram as terceiras (e as últimas) a que teve direito, a seis/sete meses do fim da comissão... 

Foto enviada em 19 de Julho passado, sem mais informação para além da identificação da povoação... Por Empada passaram vários camaradas nossos, da Tabanca Grande (estou-me a lembrar do Zé Teixeira, do Xico Allen, do Arménio Estorninho, do Raul Brás e outros), os quais poderão legendar melhor ou comentar esta foto. Obrigado ao António Graça de Abreu (AGA) que, segundo julgo saber, nunca esteve em Empada, mas que conheceu vários chãos.

2. Observação posterior do AGA em comentário a este poste.:
 
"A foto é de facto de Empada, Outubro de 1973, numa DO,  na viagem de Bissau para Cufar, com escala e aterragem em Empada. Como vêem, pós-Strela, as DO, tal como os hélis, voavam, com mais cuidado, mas voavam e levavam géneros, correio, faziam evacuações, transportavam pessoal".

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Nota do editor:

Guiné 63/74 – P8924: Memórias de Gabú (José Saúde) (10): O velho da tabanca revelava um saber ancestral


1.   O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabú) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem, dando seguimento à catarse das suas recordações.


O VELHO DA TABANCA REVELAVA UM SABER ANCESTRAL

O “HOMEM GRANDE” E O SEU CACHIMBO

A sua fisionomia encantava-me! Calmo, um estatuto que aliás se aplicava à quase generalidade dos “homens grandes” guineenses, de poucas conversas, reservado e astuto no seu saber ancestral, aquele homem, aparentando uma idade já avançada, dedicou-me alguns momentos de lazer. A sua cordialidade obrigava-me, no fundo, a debitar com ele instantes de prazer. Gostava ouvir os seus ditos sobre os conteúdos de uma guerra que teimava em não dar tréguas.

Sentado numa espécie de “sofá” anárquico que era utilizado simultaneamente para receber um anfitrião, como para repousar as pestanas nas horas de maior calor, o velho, e amigo, apresentava sempre uma simpatia extrema quando por lá passava.

Era também comum ter à sua frente um banco em madeira feito artesanalmente para mandar sentar gente que por ali passasse. O banco, nada cómodo, começou a ser-me familiar tendo em conta as visitas feitas à residência do frágil homem. Sempre que a oportunidade surgia, lá ia eu a caminho da tabanca para dois dedos de conversa com o meu aliado, onde ouvia histórias mirabolantes.

Curioso parecia ser o seu estado de espírito. Falava mal a língua de Camões. Porém, habituei-me a entende-lo. Os pontapés na gramática não eram uma questão de capital importância para um diálogo por vezes atrevido. Falava-me em surdina dos conflitos no terreno, dos “turras”, da tropa branca e das mortes que já tinha conhecimento.


Ao invés do clima de guerra já sabido, o meu amigo rejubilava com a sua airosa tabanca construída com paredes de barro e, sobretudo, com o seu mítico cachimbo. O patacão, embora escasso, permitia-lhe dar umas fumadas no seu companheiro pito e congratular-se com o destino que a vida lhe traçou. A tapar a cabeça um velho gorro. O seu coração era enorme. Um belo dia pedi-lhe para me arranjar um leitão. De pronto a minha encomenda estava garantida. Disse-me que conhecia um rapaz que tinha porcos e, de certeza, também leitões. Aguardei.

Sabendo-se que os muçulmanos não comem carne de porco a tarefa apresentou-se, à partida, facilitada. Ao cair da tarde e já com um unimog pronto para recolher o “famoso bacorinho” lá marchámos, sendo que o homem do cachimbo tinha tudo tratado e o leitão pronto para cruzar uma nova e derradeira etapa. Custou a encomenda 20 pesos, parece-me. Admito, e concordo, que o homem do cachimbo terá tido, também, a sua cortagem. Moral da história: no outro dia houve leitão assado e regado acaloradamente com uma boa dose de cervejas… fresquinhas!

No registo das minhas Memórias de Gabú ficou a saudade do “homem grande” que tanto me aturou.

                                                 O encontro com o velho do cachimbo

Um abraço a todos os camaradas,
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Fotos: © José Saúde (2011). Direitos reservados.
Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

9 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 – P8878: Memórias de Gabú (José Saúde) (9): Batuque em Gabú e na Messe de Sargentos 

Guiné 63/74 – P8923: Convívios (382): XVI Encontro/Convívio Anual dos ex-Combatentes da Guiné, da Vila de Guifões – Matosinhos (Albano Costa)


1. Mensagem do nosso camarada Albano Costa, ex-1º Cabo da CCAÇ 4150, Cumeré, Bigene e Guidaje, 1973/74, com data de 10 de Outubro de 2011:

XVI Encontro de ex-Combatentes da Guiné, naturais de Guifões

Caros editores e amigos,

No dia 5 de Outubro de 2011, celebrou-se o XVI Encontro-Convívio, de Ex-Combatentes na Guiné, naturais da Vila de Guifões, Matosinhos.

Como vem sendo hábito todos os anos, alugam-se dois autocarros para a festa.

Este ano a localidade escolhida foi a Pateira de Fermentelos. Saímos de Guifões às 9 horas, fizemos uma paragem em Aveiro para um passeio sempre agradável pela ria e, em seguida, fomos para a Estalagem da Pateira onde nos foi servido o almoço. Eramos 107 convivas (camaradas e suas famílias).

A tarde foi passada em franca animação, com bailarico, seguindo-se a entrega de uma lembrança a todos os presentes, alusiva ao evento, oferecida pelo presidente da Junta de Freguesia.

Também nos acompanhou o pároco de Guifões, que prestou serviço na Guiné, como capelão.

No final, e para acabar em beleza, cantamos com sempre o fazemos nestes eventos o Hino Nacional.

De seguida regressamos, tendo tudo corrido em boa harmonia até à chegada a Guifões, tendo partido cada um para a sua casa, garantindo que para o ano cá estaremos novamente.

Um abraço,
Albano Costa

Ex-combatentes, todos alinhados para a foto de família

O Bolo comemorativo do evento, que teve de dar para todos
 Uma parte divertida da festa, entre muitas
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

15 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8907: Convívios (374): Operação Bácoro Risonho: CCAÇ 6 e outras forças aquarteladas em Bedanda (António Teixeira / Mário Bravo)


Guiné 63/74 - P8922: Parabéns a você (328): Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro, 1971/74)




Na minha varanda e de janelas abertas, chega-me o cheiro intenso de mato queimado nesta madrugada.
Sinto-me olhando o vazio, como orbitando a Guiné Bissau nesta noite sem luar.
Vejo as pequenas fogueiras e o burburinho das vozes sentadas à entrada de cada tabanca.


A minha busca de uma delas no meio do labirinto das mesmas, o cheiro da sua palha rendado com outros cheiros, produz-me ânsia e ligeiro desnorte.
Com as estrelas da noite como testemunha e como guias, com a ténue luz das pequenas fogueiras..., procuro no burburinho das palavras de cada família as silabas que me permitam a comunicação. "Corpo de bó ?" "Manga de sibe" "Jametum" etc.

Beber um trago de álcool de cana, fraternalmente oferecida, com certeza com raivas contidas, e que eu não me sentia o destinatário.
Sentia-me honrado, pela hospitalidade, no meio de pessoas com rostos quase esbatidos pela escuridão.
E por vezes sem conta, procurando dar melodia de esperança a curtíssimos diálogos nunca concluídos, sobre algo que estava para além de mim, outros berros de outras bocas mortíferas, se escutavam de vinte, trinta, quarenta quilómetros de distância.

Minha farda se transformava no pano de fundo de cena, e toda a empatia se desvanecia na plateia à porta da tabanca.
Nossas bocas fechavam-se e só os olhares dialogavam interrogando o culpado.
Contudo, a cada noite nascia o dia com a alegria sofredora das gentes no cultivo, na bolanha, nos afazeres da tabanca ou simplesmente embelezando ainda mais frondosas florestas.
E eu, eu frequentemente voltava a renascer na esperança de encontrar esse trilho, para o qual não tive tempo de o percorrer, para alcançar uma floresta de onde se partia novamente em direcção a um palco onde decorria a peça da luta pela liberdade e independência.

Gosto muito de ti, Guiné Bissau.
Carlos Filipe, Out. 2011



Mensagem de Juvenal Amado

Há umas semanas dei com este escrito do Carlos Filipe onde ele exterioriza pensamentos profundos sobre o tempo que esteve na Guiné.

Foram tempos de juventude em que ele, como todos nós pensávamos que podíamos mudar o Mundo e que este a partir desse momento, jamais retrocederia na emancipação dos povos, na erradicação do analfabetismo e da fome no terceiro Mundo.

Mas não foi assim, os nossos sonhos esbarraram na ignorância, na nossa ingenuidade os velhos fantasmas de retrocesso social, massacres, racismo e fome voltam a eclodir ciclicamente.

Senhores da guerra, corrupção e ambição desmedida deitaram por terra muitos anos de luta. Uns estão cada vez mais ricos e a miséria espalha-se pelos povos.

Mas no fundo que será da humanidade se desacreditarmos que o nosso esforço deixará de valer a pena?

O Carlos toda a vida remou contra a maré, muitas vezes madrasta, mas continua sempre com aquela chama, que anima o peito e lhe incendeia o olhar.

Não será nunca um D. Quixote trágico, nunca se vendeu, acredita da vitória final dos seus ideais e na sua justeza.

Eu que não sou tão vertical, agradeço-lhe a sua amizade e confiança, desejo-lhe um dia de aniversário feliz e boa disposição.

Esta noite beberei um copo em tua honra.

Um abraço
Juvenal Amado
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8894: Parabéns a você (327): A nossa amiga tertuliana Cátia Félix (Tertúlia e editores)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8921: Álbum fotográfico de Carlos Pinto (1): Mansoa e Mansabá

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Alberto de Jesus Pinto*, ex-1.º Cabo Condutor Apontador Daimler do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa, 1969/71, com data de 17 de Outubro de 2011:

Caro Camarada Carlos Vinhal e Camaradas da Tabanca Grande,
Desde já muito obrigado por me receberem nesta vossa/nossa Tabanca Grande que me tem trazido tantas memórias.

Afinal não teremos pisado o mesmo chão pela mesma época, estive em Mansabá do dia 13 de Fevereiro a 17 de Abril de 1970. A partir daí regressei a Mansoa onde me juntei ao resto do pelotão, tendo ficado ainda em Mansabá parte do nosso pelotão.

Fez dia 12 do corrente mês 41 anos que a CCAC 2589 do BCAÇ 2585 sediada em Mansoa sofreu um grande revés numa coluna que seguia para o Infandre, no qual faleceram 4 camaradas da dita Companhia. Não queria deixar de assinalar esta data que ainda guardo na memória, junto de tantas outras que contarei brevemente.

Aqui ficam mais algumas fotos, agora sim correctamente legendadas:

Mansabá, 1970 > Da esquerda para a direita em baixo: José Francisco Potra; Vítor Inácio Rodeia; Carlos Alberto Pinto; Manuel Domingues Fernandes. Em cima: António Augusto Proença (Condutor Auto-Rodas); Alferes Ernestino Caniço (Comandante Pelotão); Rui José Cabrita do Nascimento.

Mansabá, 1970 > Da esquerda para a direita em baixo: 1.º Cabo Carlos Aberto Pinto, Soldado Vítor Rodeia, 1.º Cabo Manuel D. Fernandes. Em cima: Soldado Rui J. C. Nascimento; Alf Mil Ernestino Caniço; Soldado António A. Proença (Condutor Auto-Rodas); Soldado José F. Potra.

Mansabá, 1970 > Da esquerda para direita: Soldado António A. Proença (Condutor Auto-Rodas); Soldado Rui J. C. Nascimento. Em cima: Soldado José F. Potra; 1.º Cabo Manuel D. Fernandes; 1.º Cabo Carlos A. Pinto.

Mansoa, 1970 > Estrada de Mansoa > Cutia, em escolta na capinagem > Da esquerda para a direita: Carlos A. Pinto e Rui J. C. Nascimento. Os restantes pertencem ao CCS do BCAÇ 2885.

Mansoa, 1970 > Ao fundo a Ponte Nova. Na foto o 1.º Cabo Carlos A. Pinto.

Mansoa, 1970 > 1.º Cabo Carlos A. Pinto em cima do baga- baga.

Estrada Mansoa-Cutia, 1970 > Da esquerda para a direita: 1.º Cabo Firmino M. Rosado Correia; Soldado Rui José C. Nascimento; 1.º Cabo Carlos A. Pinto.

Mansoa, 1970 > 1.º Cabo Carlos A. Pinto.

Mansoa, 1970
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Notas de CV:

- Sobre a emboscada do Infandre vd. postes de:

7 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2162: O fatídico dia 12 de Outubro de 1970 - Emboscada no itinerário Braia/Infandre (Afonso M. F. Sousa)

3 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2807: Estórias de Jorge Picado (1): A emboscada do Infandre vivida pelo CMDT da CCAÇ 2589 (Jorge Picado)
e
12 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7115: Efemérides (53): Recordando os camaradas mortos na emboscada do Infandre no dia 12 de Outubro de 1970 (Jorge Picado)

(*) Vd. poste de 12 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8899: Tabanca Grande (303): Carlos Alberto de Jesus Pinto, ex-1.º Cabo Condutor Apontador Daimler do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá e Mansoa, 1969/71)

Guiné 63/74 - P8920: Banco do Afecto contra a Solidão (15): O caso do José António Almeida Rodrigues, ex-prisioneiro de guerra (entre Junho de de 1971 e Março de 1974): uma história de coragem e de abandono (José Manuel Lopes)

1. No blogue do nosso camarada A. Marques Lopes, Coisas da Guiné [, foto à esquerda, página de rosto], criado em 1 de Setembro de 2010, lemos recentemente a história, contada pelo José Manuel Lopes mas já por nós conhecida através do António Silva Baptista, do infortunado José António Almeida Rodrigues [ou António Almeida Rodrigues] que foi companheiro de cativeiro do nosso morto-vivo do Quirafo, primeiro em Conacri e depois na região do Boé...

Vale a pena seguir este caso, que é de coragem e de abandono, resumindo aqui o essencial da informação, com a devida vénia ao editor do blogue e ao autor do texto (14 de Outubro de 2011 > 277 - Revolta)


2. Tal como o Zé Manuel Lopes (o nosso Josema de Mampatá), o José António Almeida Rodrigues [, foto à esquerda, no almoço semanal da Tabanca de Matosinhos, 12/10/2011, cortesia do blogue Coisas da Guiné] é natural do Peso da Régua.

Em Junho de 1971 assentou praça no RI 13, Vila Real, sendo três meses depois colocado em Abrantes. Integrado na 2ª. Companhia do BCAÇ 4518 [,ou não será antes o BCAÇ 4815 ?], partiu para a Guiné na véspera de Natal desse ano.


"A sua Companhia foi destacada para Cancolim, dela faziam parte um Alferes, natural de Lamego, que me disseram ser actualmente professor, e que não consegui ainda contactar, o Alferes João Pacheco Miranda, actualmente correspondente da RTP no Brasil" - acrescenta o o Zé Manuel Lopes.

Seis meses depois de chegar ao TO da Guiné, o José António é feito prisioneiro pelo PAIGC, em Junho de 1972, e levado para Conacri. Em 1973, após o assassinato de Amílcar Cabral [, que foi em 20 de Janeiro desse ano,], é enviado para a região do Boé, no nordeste da província portuguesa da Guiné.

"Durante quase um ano a sua casa foi em Madina do Boé", diz o Zé Manel (Para sermos mais rigorosos, provavelmente, na região ou imediações, perto do Rio Corubal, já que o PAIGC nunca ocupava efetivamente os quartéis abandonados pelas NT, alvo fáceis da aviação).

Em 7 de Março de 1974, "aproveitando um momento em que a vigilânçia abrandou", o José António tomou a direcção do rio para tentar a fuga.

E se intentou, bem o conseguiu. "Andou 9 dias ao longo do Corubal, até encontrar dois nativos que andavam numa plantação junto ao rio. Um deles, de motorizada, levou o José António até ao Saltinho. Depois foi transportado para Aldeia Formosa, para ser levado para Bissau. Como naquele tempos difíceis a via aérea já não reunia muitas condições de segurança, devido aos Stelas, foi transportado em coluna até Buba e daí, de LDG, para Bissau".

Confessa o Zé Manel Lopes [, foto à direita, ex-Fur Mil, CART 6250, Mampatá, 1972/74, ] que, "apesar de ser meu conterrâneo, na altura não o reconheci, quando tal me foi comunicado pelo Cabo, do SPM de Aldeia Formosa, Camilo, também natural da Régua". 

E acrescenta:

"Após o regresso em Agosto de 1974, procurei saber da sua situação. Levava uma vida muito complicada, pois se tornou pouco sociável (como muitos de nós). Não teve uma rectaguarda, ou seja, um suporte familar que o protegesse. Os conflitos eram frequentes. Internado várias vezes, de onde fugia sempre que podia (tornou-se um hábito), foi mais tarde colocado numa casa de acolhimento onde agora vive melhor e é bem tratado"...

Este antigo prisioneiro de guerra "sobrevive com uma pensão de incapacidade de apenas 246 €, o que de facto é insuficiente, para o seu sustento", conclui o Zé Manel que aproveita para "agradecer publicamente à família que o recolheu, especialmente à D. Juvelinda que com tanto carinho o trata".

A revolta do nosso amigo e camarada Zé Manel vai mais longe:

"Mas por incrível que pareça, até do miserável suplemento especial de pensão que anualmente é atribuído a antigos combatentes (150 € / ano), [o José António] apenas recebe 75 €, pois como foi capturado com apenas 7 meses de Guiné, o tempo que passou, quase 3 anos, como prisioneiro, não foi considerado!!!"

Quem eram os seus companheiros de cativeiro ? Aqui vai a lista, segundo o Zé Manel:

(i) o nosso morto-vivo António Silva Batista, da Maia;

 (ii) Manuel Vidal, de Castelo de Neiva; 

(iii) Duarte Dias Fortunato, de Pombal; 

(iv) António Teixeira, da Lixa; 

(v) Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho, do Porto; 

(vi) Virgílio Silva Vilar, de Vila da Feira, 

Guiné 63/74 - P8919: Antologia (71): Tarrafo, crónica de guerra, de Armor Pires Mota, 1ª ed, 1965 (4): Ilha do Como, 28 de Janeiro de 1964


Fonte: © Armor Pires Mota (1965-2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Continuação da publicação de Tarrafo; crónica de guerra, de Armor Pires Mota, 1ª ed., Aveiro, 1965. Parte 2 (Ilha do Como, Jan / Mar 1964), pp. 61-64.  (*)

Começámos, a partir de 14 do corrente, a publicar as crónicas do Tarrafo, relativas à Op Tridente, na Ilha do Como (15 de Janeiro a 15 de Março de 1994),  utilizando para o efeito a primeira edição do livro (pp. 47 a 85).  

No exemplar, fotocopiado, que temos vindo a digitalizar, não "limpámos", intencionalmente, as provas da intervenção dos censores da época, os "cortes" ou as "marcas" (traços, sublinhados, exlamações...) do famigerado lápis azul: pro exemplo, todo e qualquer referência ao nosso armamento e equipamento (G3, T6, etc.).

Recorde-se que o livro de crónicas, publicado em Outubro de 1965, em edição de autor, com impressão na Gráfica Aveirense, de Aveiro, foi de imediato retirado do mercado pela então polícia política, a PIDE. Hoje é uma raridade. O autor fez depois, em 1970,  uma 2ª edição, "autorizada", com o mesmo título, Tarrafo (Braga, Pax Editora).

2. Paralelalmente estamos a seguir a crónica de outro combatente do Como, o nosso querido amigo e camarada Mário Dias, hoje sargento comando reformado. Em relação a este período, selecionámos o seguinte excerto (o resto pode ser lido na I Série do nosso blogue, aqui):

(...) 5. Os morteiros do Nino 

Uma tarde, interrogavam um prisioneiro na tenda de campanha que servia de posto de comando/sala de operações. Perguntavam-lhe:
- Onde está o Nino?
Era um dos objectivos a que a operação se propunha. A captura do Nino era essencial.
Resposta do prisioneiro:
- Foi no chão francês (Guiné Conacri) buscar morteiro.

Gargalhada de um dos oficiais de alta patente presentes:
- Agora… pode lá ser?!.. Estes gajos alguma vez têm capacidade para manobrar um morteiro?

Ainda não tinha decorrido uma semana e já a CCAV 488 instalada em Cauane estava a levar com eles. Era noite e 4 granadas de morteiro caíram com grande estrondo nas imediações da tabanca. Não houve feridos nem estragos. Vim a saber o motivo alguns dias depois quando, ao passar por lá, me mostraram as granadas. Observei e não foi difícil concluir que se tratava de granadas de instrução ou talvez já muito velhas e com perda do poder explosivo. O corpo das granadas estava simplesmente aberto, mas inteiro, sem ter provocado qualquer fragmentação ou estilhaço. Pareciam bananas descascadas. Ainda bem.

Foram as primeiras “morteiradas” na guerra da Guiné. Ainda durante o resto do tempo que durou a Op Tridente, foram referenciados mais alguns ataques de morteiro, sempre sem consequências para as NT.


6. Parece que o pior já passou

A batalha continuava. No dia 28 à meia-noite saímos com o pelotão de paraquedistas em direcção de Cauane para montar emboscadas num poço de água existente na picada Cauane/Cassaca. Passado o ourique de triste memória onde dias antes fora abatido o T6, entramos na mata e nada, nem ao menos um tiro de sentinela a avisar da nossa presença. Progredimos mais e chegados à zona do poço instalámo-nos a aguardar a comparência dos guerrilheiros. Não compareceram para a festa que lhes estava preparada.

Pelas 17 horas de 29 regressámos à base (espera praia, já aí vamos) sem ter havido qualquer contacto nem sinal de actividade do inimigo. (...)

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Nota do editor:




Vd. postes anteriores:


14 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8905: Antologia (68): Tarrafo, crónica de guerra, de Armor Pires Mota, 1ª ed, 1965 (1): Ilha do Como, 15 de Janeiro de 1964

Guiné 63/74 - P8918: Agenda cultural (166): doclisboa2011, IX Festival Internacional de Cinema, Lisboa, 20 a 31 de Outubro: a África, os africanos, e a história recente de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique em destaque: retrospetivas: (i) Jean Rouch; (ii) 'Movimentos de libertação' (Luís Graça)


Logo do cartaz do doclisboa2011 que se vai realizar de 20 a 30 de Outubro e cujo programa, em formato pdf, está aqui disponível.


1. De novo este ano, pode dizer-se que "Em Outubro o mundo inteiro cabe em Lisboa"... Mas esta 9ª edição é também a "mais africana" de todas...A organização é da portuguesa Apordoc - Associação pelo Documentário. A direção é de Anna Glogowski (franco-brasileira, n. 1960).

São 172 filmes (curtas, médias e longas metragens), de 33 países, selecionados de um total de 1350 títulos submetidos ao doclisboa2011, IX Festival Internacional de Cinema. O nosso destaque, aqui no blogue, vai para África e os africanos e a sua história recente, através nomeadamente de duas grandes retrospetivas.





(i) "Da retrospectiva dedicada a Jean Rouch, com curadoria de Philippe Costantini e em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, fazem parte filmes raríssimos como Baby Ghana, La Folie Ordinaire d'Une Fille de Cham e Le Foot Girafe ou L'Alternative". É a maior retrospetiva, organizada em Portugal, da obra do francês Jean Rouch (Paris, 1917; Niger, 2004), um mítico realizador que filmou África e os africanos como ninguém. Os 26 filmes de Jean Rouch passam na Culturgest e na Cinemateca.


(ii) "A Retrospectiva Movimentos de libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau (1961-1974) reúne uma selecção muito importante e original do cinema das guerras de independência, da qual constam Festival Panafricain d'Alger, de William Klein e Behind the Lines, de Margaret Dickinson. No dia 28 de Outubro, às 21h30, no Cinema São Jorge, haverá uma mesa redonda sobre este tema com os realizadores convidados" .


Informação sobre a retrospectiva "Movimentos de libertação > Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique (1961-1974)" (vd. p. 49 e ss. do programa). São 15 filmes do chamado cinema militante. O nosso destaque, por razões óbvias, para a Guiné-Bissau.
Observações para os eventuais espetadores:

(i) todos os filmes do doclisboa2011 são legendados em português;

(ii) grande parte dos documentários desta retrospetiva (num total de 15) são inéditos ou pouco conhecidos em Portugal;

(iii) alguns têm cópia nova como o velho No pintcha!;

(iv) todos os filmes a seguir apresentados estão classificados como sendo para Maiores de 12 anos, com exceção de 3, que são para Maiores de 16)

Alguns dos títulos relativos à Guiné-Bissau (Procurámos complementar a informação da organização, com links sobre os realizadores; a sinopse é da responsabilidade da organização do doclisboa2011, de acordo com o programa oficial, nalguns casos com adaptações nossas)


A Group of Terrorists Attacked...
Realizador: John Sheppard [1940-2009]
Ano: 1968
País: Reino Unido
Duração: 38’

Sinopse: O cineasta britânico John Sheppard, recentemente falecido, passa várias semanas nas zonas controladas pelo PAIGC na Guiné-Bissau, para realizar este filme que "dá a ver a organização da vida nas regiões libertadas e explica o início da luta e a formação das tropas independentistas. Além da presença de vários destacados comandantes da guerrilha, apresenta uma importante entrevista com Amílcar Cabral" (Fonte: Programa do doclisboa2011, p.49).

Data/hora e local: 24 OUT – 21.00, Cinema São Jorge – Sala 3

[Classificação: Maiores de 16 anos]


En Nations Födelse / The Birth of a Nation
Realizadores: Lennart Malmer, Ingela Romare
Ano: 1973
País: Suécia
Duração: 48’

Sinopse: O sueco L. Malmer [n. 1941] "não se limita a seguir a marcha do tempo, dá-lhe uma dinâmica precisa através da montagem e do registo humano enquadrado no discurso da paisagem. O balbuciar de Spínola e a canção de Adriano Correia de Oliveira sobre as imagens do ataque à tropa portuguesa contrastam com o congresso em que o PAIGC proclama a independência do país (1973)". (Fonte: Programa do doclisboa2011, p.50).

Data/hora e local: 26 OUT – 19.00, Cinema São Jorge – Sala 3
29 OUT – 19.30, Teatro do Bairro


Festival Panafricain d’Alger / The Algiers Pan -African Fes tival
Realizador: William Klein
Ano: 1969
País: Argélia
Duração: 112’

Sinopse: Em Julho de 1969, "a Argélia está em festa, sete anos após a independência". O Festival Panafricano de Argel é palco de uma grande manifestação cultural e política que envolve quase todo o continente,com destaque para os novos países recém-independentes. "Recorda-se a caminhada da África, denuncia-se o colonialismo e exaltam-se as independências". Depoimentos do angolano Mário de Andrade e e do guineense Amílcar Cabral. (Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 50).

Data/hora e local: 23 OUT – 17.00, Cinema São Jorge – Sala 3

[Classificação: Maiores de 16 anos]


Madina Boé
Realizador: José Massip
Ano: 1968
País: Cuba
Duração: 38’

Sinopse: José Massip [um veterano do cinema cubano] rodou este documentário em 35 mm nas "áreas libertadas" da Guiné-Bissau. O filme, realizado em 1968, "segue as actividades do Exército Popular para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde", procurando sobretudo documentar "a educação política dos combatentes, as técnicas de guerrilha e o treino físico". Inclui igualmente "uma entrevista rara" com Amílcar Cabral, o histórico líder do PAIGC. (Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 52).

Data/hora e local: 24 OUT – 21.00, Cinema São Jorge – Sala 3



[Classificação: Maiores de 16 anos]

No Pincha! [com nova cópia]
Realizadores: Tobias Engel, René Lefort, Gilbert Igel
Ano: 1970
País: França
Duração: 65’

Sinopse: "No auge da luta armada na Guiné-Bissau, o filme foi decisivo para dar a conhecer ao mundo e às instâncias diplomáticas a realidade no terreno. A visão de uma sociedade organizada e participativa, com as suas instituições e instrumentos de cidadania, fez mais pela causa do PAIGC do que muitos discursos e ajudou a cimentar a palavra dos seus líderes". (Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 52).

Data/hora e local: 25 OUT – 19.00, Cinema São Jorge – Sala 3




Labanta Negro!
Realizador: Piero Nelli [, recentemente homenageado no seu país]
Ano: 1966
País: Itália
Duração: 39’

Sinopse: "O filme pretende ser um testemunho da guerra de libertação da Guiné-Bissau, a partir das áreas já libertadas, onde a guerra e a actividade militar convivem com a criação das estruturas de uma sociedade civil que se organiza na floresta, aldeias e savanas. Inclui
imagens de um comício do PAIGC , onde intervém Luís Cabral sobre a luta de libertação".
(Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 51).

Data/hora e local: 25 OUT – 19.00, Cinema São Jorge – Sala 3


(iii) "Mesa Redonda > Movimentos de Libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau (1961-1974)". Data/horal e local: 28 OUT - 21h30, Cinema São Jorge - Sala 2.
(iv) BAR DOCLISBOA: "Situado no foyer central, junto ao Grande Auditório da Culturgest: é o ponto de encontro informal do público e convidados do festival.

"O Bar doclisboa convida a beber uma bebida com a apresentação da acreditação ou do bilhete para uma das sessões da noite.
21 a 30 OUT - das 18h00 às 21h30


(v) Videoteca – Culturgest: "Situada em frente ao Grande Auditório da Culturgest, é de acesso público e gratuito. Estão disponíveis para visionamento cerca de 1350 títulos, enviados para o doclisboa 2011 (salvo raras excepções).


"Neste espaço é estritamente proibido o uso de qualquer câmara de filmar ou outro meio de captura de imagens. Os filmes seleccionados só estão disponíveis após a sua última passagem em sala. 21 a 30 OUT - Culturgest. Dias úteis - das 11h00 às 21h00 / Fins de semana - das 14h00 às 21h00".


2. O doclisboa é já um simpático local de encontro de alguns de nós, membros da Tabanca Grande, leitores do blogue, e outros amigos, residentes na área da Grande Lisboa, uns mais cinéfilos do que outros, uns reformados, outros não, uns antigos combatentes, outros não... Desde 2007, por ocasião da estreia do filme As Duas Faces da Guerra, de Diana Andringa e Flora Gomes.


A título sempre meramente informativo, direi que o preço do bilhete por sessão é de 3,5 euros, mas pode comprar-se um "voucher" de 25 euros para 10 sessões, como no ano passado. Na Culturgest cada bilhete dá direito a uma bebida.

Eu gosto de cinema documental, gosto do doclisboa, gosto de Lisboa, gosto de ir à Culturgest. À noite pode estacionar-se o carro, de borla, na garagem do edifício-sede CGD, mediante a apresentação do bilhete da sessão dessa noite. Mas há sessões ao longo do dia e por vários cinemas da cidade (do São Jorge à Cinemateca). Na Culturgest, pode ainda utilizar-se, durante o dia, e à borla, a fabulosa videoteca do doclisboa2011.

Mesmo limitado, fisicamente, este ano, por causa da minha cirurgia ao joanete (ainda estou no pós-operatório...) , conto marcar presença numa ou noutra sessão e rever alguns de vocês... Na Culturgest, porque tem elevador. São Jorge e outras salas de cinema, para mim, será difícil ou mesmo impossível por causa dos acessos... Boas sessões. Um abração. Luís Graça


PS - A informação sobre o conteúdo dos filmes é retirada do programa do doclisboa2011. Utilizo as aspas para as citações. Esta informação, selecionada e aqui divulgada por mim, é também a pensar em todos os nossos leitores do mundo da lusofonia, quer estejam ou não em Lisboa, e que gostem de cinema documental.


Fotos: cortesia do doclisboa2011.
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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8895: Agenda cultural (165): 1ª Feira do Livro da APTCA/SNPVAC, Lisboa, de 6 a 22 de Outubro (José Brás / Luís Graça)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8917: Nós da memória (Torcato Mendonça) (3): Baguera, baguera e Desconforto





1. Em mensagem do dia 14 de Outubro de 2011, o nosso camarada Torcato Mendonça* (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69), enviou-nos o segundo texto para publicação na sua série "Nós da memória".





NÓS DA MEMÓRIA
(…desatemos, aos poucos, alguns…)

3.1 - Baguera; Baguera

Aprontava-se o Sol para esfregar os olhos iniciando aquele dia e já eles estavam a caminhar.
Progressão cuidada, guias e um Grupo à frente e o dele logo atrás. O ruído da mata, o chilrear da passarada sossegava-os.

Entravam numa zona que fora cultivada de arroz e passaram para o cimo do muro de terra, entre os canteiros. Cuidados redobrados, passos mais lentos e os olhares a entrarem mata fora.
De repente, como sempre, um estrondo brutal um pouco atrás dele, o rebentar do tiroteio. Deitaram-se na espalda do muro para resposta pronta à emboscada, os gritos, o estranho som do chicotear de algumas balas no lado da emboscada.

- Que merda é esta?
- O carregador balanta a apontar para umas árvores atrás deles.
- Fogo, “rega” além com a MG, fogo…

Após as primeiras rajadas algo caiu com estrondo de uma árvore.
- Era macaco, dá mais uma ou duas rajadas… e pronto…

Minutos depois, ou uma eternidade depois, o silêncio só quebrado pelos gemidos dos feridos.
Sai, sai. Já pediram evacuações.
Agarrou no Furriel e carregou-o com as armas para o riacho à frente, os gemidos dele, o querer dizer algo e a resposta que ele dava para o animar. Pararam, deu-lhe água e ânimo, talvez só um olhar e um sorriso.

Dirigiram-se para o pequeno riacho quase seco e atolou-se na lama com o peso duplo de cada perna.
Surgiu então o grito: - baguera, baguera (abelhas). Parou, tentou cobrir a cabeça e cara do Camarada com o protector – um carapuço de tule ou tecido de mosquiteiro que enfiavam na cabeça. O cheiro do sangue trouxe-as mais irritadas e ele com o cabelo rapada e as ferroadas, a lama e, finalmente, o grito da ajuda.

Deixa uma arma porra. Eu levo o Furriel. Caminharam para o possível lugar da evacuação. O enfermeiro ia tratando aquela meia dúzia de feridos e o guarda-costas tirava os ferrões da cabeça dele.

Informou-se melhor do que se havia passado e a raiva veio forte, muito forte. Calma, porra. Tem calma logo os vingas. O cigarro indevidamente acesso.

Uma voz veio do lado dele:
- Não era macaco o cabrão e era mais do que um.

Riram…


3.2 - Desconforto

Já tinha ano e meio de Comissão. Sim ano e meio.
Estava farto, farto, farto. Que tédio.
De quando em vez a rotina era quebrada por uma noite de Loto. Santa Luzia animava-se então. De quando em vez interrompia-se o grito dos números pelo grito do vencedor. Tudo alegre e sorridente. Breve intervalo e novo jogo.

Havia outros, claro. Havia outros e tinham noites diferentes.

Poucas. Uma pasmaceira. Horrível viver naquelas condições. Ano e meio sem conforto, sem nada e já viera duas vezes de férias á Metrópole. Felizmente.

Diariamente era a Repartição, a papelada, aquela barafunda toda, os pedidos aborrecidos, chatos, de quem estava no mato e ele nem sabia onde. Que esperassem. Não esperava ele por lhe arranjarem o frigorifico, limpar o ventilador do ar condicionado ou outras faltas. Uma bagunça aquela Repartição.

Tudo era uma bagunça, um desconforto horrível naquela terra, naquele Quartel-General ou o que era. Até a casa onde estava instalado. Imprópria. Quando muito dava para duas pessoas. Estavam quatro, quatro oficiais – três Alferes e um velho Capitão do SGE. Ressonava o Capitão. Talvez o peso dos galões lhe tivesse entupido os cornetos.

Pior era o frigorífico. De quando em vez ou por carga excessiva ou pela electricidade não arrefecia o suficiente. Horrível viver assim.
Ainda faltavam seis meses, seis longos meses.

Mas já saíra de Bissau. Fora, com um Piloto amigo de infância, a Bolama e a Farim. Não gostara nada. Só a paisagem vista por detrás da janela da DO.
Ouvira ainda, raramente, o som de rebentamentos lá longe. Uma vez disseram-lhe ser em Tite. Assunto a ser resolvido por outros.

Esquecia-se, como acontecera na noite passada. Uma vez por semana, geralmente à sexta-feira, ia com amigos jantar ao Solar dos Dez. Acontecera na noite passada. Bebera demais, talvez. Certo é que se deitara e adormecera docemente ao som do Bolero de Ravel…

Acordara mais bem-disposto. Talvez da música e do sonho. Pequenos luxos naquele horrível fim de Mundo.
Um dia, quando voltasse teria muito que contar aos amigos daquela terrível guerra e logo a da Guiné.
Ficava triste ao recordar os amigos e amigas,

Que mês era? Julho… pior… Seis meses naquele fim de mundo…
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8873: Nós da memória (Torcato Mendonça) (2): Retaliação

Guiné 63/74 - P8916: Memória dos lugares (156): Ilha Roxa, Arquipélago dos Bijagós, Fevereiro de 1974 (António Graça de Abreu)



Guiné > Arquipélago dos Bijagós > Ilha Roxa (a leste da Ilha de Bubaque) > Fevereiro de 1974 > Um lugar "paradisíaco" em tempo de guerra que ali não havia... mas onde no entanto não havia arroz (ia-se comprá-lo a Bubaque, quando havia), o que na altura era sinónimo de fome... Vemos aqui o António Graça de Abreu, disfarçado de turista... Fotos enviadas em 18 de Julho passado, com a simples legenda "São [as fotos] da ilha Roxa, Bijagós, na paragem da LDG Cufar-Bissau"...


No seu Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (Lisboa: Guerra e Paz Editores,  2007, pp. 194-197), escreveu o nosso querido amigo e camarada António Graça de Abreu a seguinte nota (de que se transcreve apenas um excerto, com a devida vénia ao autor e à editora): 

Bissau, 16 Fevereiro de 1974

Estou em Bissau para tratar dos dentes. E vim por mar, em LDG.

Quarta-feira à tarde cancelaram o Nordatlas. Quase à mesma hora partia,   rio Cumbijã abaixo rumo a Bissau, a LDG "Alfange" (...). Resolvi-me pela viagem marítima e não me arrependo da decisão. 

Éramos quase trezentos homens empilhados numa grande barcaça, a dormir onde calhava, a comer rações de combate, a jogar às cartas, a contar as nossas vidas. No voo de quarenta minutos no Nord não se aprende nada, nas vinte e seis horas de viagem na LDG descobri mais um pedacinho do mundo.

Largámos de Cufar às três da tarde, começámos a descer o rio, tocámos Cadique, Cafal, Cafine onde entrou mais tropa. Depois o mar,com o navio sempre a navegar. Foi ancorar já noite cerrada perto da ilha Roxa, no arquipélago dos Bijagós (...).

Quando o dia amanheceu, tive uma sensacional surpresa.  A ilha Roxa encontrava-se ali diante de nós, a pouco mais de um quilómetro de distância, com areais, enseadas e palmeiras. A maré estava vazia, a água do mar era azul e limpa. Íamos permanecer ancorados  junto à ilha até cerca do meio dia (...).

Por isso, logo de manhã, o comandante da LDG e o imediato preparam um bote de borracha, as canas de pesca e saíram para o mar (....). Entretanto, os fuzileiros de Cafal que viajavam no bote como segurança, prepararam um bote para irem a terra, usufruir as delícias da praia.  Pedi-lhes boleia - a vantagem de ser alferes! - e parti à descoberta daquele enorme pedaço de chão encalhado no meio do mar da Guiné. (...)

(...) Mas a ilha era habitada, os fuzileiros já haviam entrado numa povoação  cha
mada Anhorei (...). Deve ser raríssimo desembarcarem meia dúzia de brancos naquela ilha e fomod recebidos de modo afável e aberto. Esta gente não foi tocada pela guerra - nos Bijagós não há operações militares -  e não guarda ressentimentos para com os portugueses. (...)
Sozinho, regressei à praia.Com umas lindas cuecas vermelhas - porque não trouxe fato de banho -, tomei um gostoso banho de mar e fiz umas corridas ao longo da praia. (...).

... Quem quiser saber o resto da história dessa manhã inesperada, em que como o autor fez um novo amigo, bijagó, de seu nome Cunha Nhorei, faça o favor de comprar o livro. (LG)

Guiné 63/74 - P8915: Notas de leitura (288): Pami Na Dondo, A Guerrilheira, de Mário Vicente [, o nosso Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 763, Cufar, 1965/66] (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Setembro de 2011:

Queridos amigos,
Devíamos obrigar Mário Vicente (ou Mário Fitas ou Mário Ralheta) a remexer toda a sua novela, de indiscutível interesse e originalidade. Ele presta uma eloquente homenagem à CCAÇ 763 através de uma guerrilheira, a região de Cufar experimenta a agressividade operacional e também a resposta dos guerrilheiros. O autor intenta pôr nos olhos dos outros a interpretação da nossa realidade. A trama novelística tem pés para andar, carece de uma intensa revisão, quem tem aquela experiência, que é bem patente, bem pode desenvolver o que importa ser desenvolvido e despojar o texto da história da Guiné quando ela é postiça e deslocada.

Um abraço do
Mário


Pami Na Dondo, a guerrilheira

Beja Santos

Em “Os Anos da Guerra”, João de Melo observou que “Os melhores livros de guerra perfilham uma atitude comum: a de designarem permanentemente o outro e o outro lado da sua guerra; de irem ao encontro da dignidade desse outro, dos seus enigmas, do seu mistério e da sua identidade. A principal lição moral podia mesmo sintetizar-se nestes termos: quem combate quem? como? porquê?”.

O livro de Mário Vicente (também Mário Fitas, igualmente Mário Ralheta) é uma exaltação da CCAÇ 763, pondo-a reflectida ao espelho, vista por uma guerrilheira. É uma ideia poderosa, tanto mais que abraça um período de dois anos e nos dá a evolução da guerra em Cufar, por onde o autor andou e combateu (Pami Na Dondo, a guerrilheira”, por Mário Vicente, prefácio de Carlos da Costa Campos, edição do autor, 2005).

A novela assenta na dualidade: a força combatente que procura liquidar a bolsa de resistentes ou guerrilheiros, evidenciando-se pela audácia e pelo heroísmo; a resposta dos guerrilheiros, convictos de uma pátria livre, cada vez melhor organizados e municiados, derrotados umas vezes e preparados para tirar desforço, é assim a maquinação do terror. Aliás, o texto começa em plena atmosfera colonial, sente-se o despertar da subversão em toda aquela região sul, pouco tempo antes ocorrera o massacre do Pidjiquiti, há gente a aderir ao PAIGC e a ingressar na mata. Pan Na Ufna, Luís Ramos, o padre Francelino informam o leitor que a revolução está para breve. Como a novela não tem que ter rigor histórico, somos logo induzidos nas questões da organização militar, as FARP (que só surgiram em 1964) e a filha de Pan Na Ufna, Pami Na Dondo é instruída na guerrilha com armamento que só veio mais tarde, mas que para a trama da novela introduzem um sabor épico, o espectacular da preparação dos guerrilheiros. Um estúpido acidente transforma a vida da guerrilheira, perde a sua mão esquerda, o PAIGC coloca-a como professora em Flaque Injã, aqui vai conhecer Malan Cassamá, outro guerrilheiro, com quem casará.

Mário Vicente comprova que falamos sempre sobre nós, ele aproveita habilmente o que sabe sobre Cufar e as tabancas afectas ao PAIGC e quem vai apoiar a bandeira portuguesa. Flaque Injã será destruída pelos Lassas, a CCAÇ 763, Pami e Malã serão capturados e trazidos para Cufar. O autor socorre-se, em todo o seu verdor e autenticidade, da linguagem de caserna e reelabora com sucesso uma mescla de linguajar crioulo e português, somos introduzidos na condição precária de prisioneiros sujeitos à brutalidade dos interrogatórios. Pami, boa conhecedora da língua portuguesa, vai registando situações, procedimentos, a localização de todas as instalações de Cufar. Os Lassas parecem controlar a situação, o inimigo aparentemente perdeu a iniciativa e retira para outras posições, as operações sucedem-se, os êxitos repetem-se. Pena é que Mário Vicente não tenha explorado todo este caudal de agressividade operacional, subitamente entra numa didáctica de divulgação sobre o clima, a agricultura, a etnologia e a etnografia, e o que até então era verosímil torna-se postiço, é um relambório de alferes e capitão com um carácter grotesco que destrói o ritmo da trama novelística. Felizmente que temos a insegurança e a ansiedade de Pami, como na tragédia grega Malã é reconhecido e forçado a acompanhar como guia as tropas de Cufar que vão à procura dos guerrilheiros. Aqueles homens estão sós e procuram sexo, Pami será levada à presença do furriel Gonçalo, este segue depois para uma operação onde morre.

Assistimos a um período de acentuada degradação dos Lassas, houve mudança de capitão, a vida da CCAÇ 763 já não é tão vistosa nem tão vitoriosa, temos aqui bons parágrafos do autor a comentar a situação: “Apesar dos alferes e sargentos se manterem unidos e firmes, as coisas começam a degradar-se e a prestação, em termos de antiguerrilha, não era a mesma. Começou a verificar que os militares bebiam e consumiam cada vez mais álcool. Assistiu àquela luta em que dois soldados se socaram, pontapearam e morderam, como os cães raivosos, espumando pela boca, e depois de completamente esgotados abraçarem-se, chorando. Viu em dia de imensa chuva, o próprio “Bolinhas”, completamente molhado, correndo atrás do soldado Lopes, como uma grande faca na mão e o Lopes, com fobia de tudo o que era lâmina, fugindo por todo o aquartelamento, e os soldados todos a aplaudir. Viu o corneteiro rufar tambor e o furriel Rafael a fazer circo com uma cabra, sobre o muro da varanda, levantando a pata para fazer continência ao povo. Viu o soldado Nazaré, tronco nu peludo como macaco cão, envergando apenas uns calções, cinturão de lona preso a uma corrente, a fazer momices, ser passeado por outro soldado como se de chimpanzé se tratasse. O sargento Tavares a fazer o pino para o Punch – cão pastor alemão – saltar por entre as pernas. Parecia este aquartelamento uma casa de pessoas enlouquecidas”.

Um pesado revés tinha modificado a vida dos Lassas. Pami descobre que está grávida do furriel Gonçalo. Pami comparece a um interrogatório do furriel Rafael, conta-lhe a verdade. Rafael leva-a à porta de armas, “Pami sentia o corpo todo em demente tremura, e os seus passos seguindo os do militar eram já inseguros e incertos. O furriel andou uns 150 metros, e parou debaixo de uma árvore, carregada de ninhos de tecelões que, com o aparecimento dos intrusos, voaram num grande chilrear. O sol caia sobre o fundo da pista. Brevemente a noite africana apareceria com os seus sons e mistérios. O furriel puxou a culatra da G3, e introduziu uma bala na câmara rodando a patilha de segurança para tiro de rajada”. Depois vem a confissão e a libertação. Pami volta a ser mulher livre, vagueou perdida pelas matas Cufar Nalu, Camaiupa Cachaque e Cabolol. Passados dois dias foi encontrada pelos guerrilheiros junto ao rio Quaianquebam. Mais tarde, quando os Lassas desembarcavam em Lisboa nascia na mata do Cantanhez Umberto Cassamá.

Mário Vicente interessou-se pelo outro e recorreu ao que sabia e que experimentou. Na primeira oportunidade que se ponha a reedição de “Pami Na Dondo” deverá rever cuidadosamente o texto, polvilhado de agruras e dislates gramaticais. O texto merece e “Pami Na Dondo” agradece (*). Até breve.
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Notas de CV:

Mário Fitas, que é membro do nosso blogue desde 2007, foi Fur Mil Op Esp da CCAÇ 763, Os Lassas, Cufar, 1965/66


(*) Há um edição, em 2008,  desta obra, no nosso blogue, dividida  em dez partes, com revisão e fixação do texto pelo nosso editor Luís Graça, e devidamente autorizada pelo autor   > vd, último poste > 28 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2593: Pami Na Dondo, a Guerrilheira , de Mário Vicente (11) - Parte X: O preço da liberdade (Fim)