sexta-feira, 22 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8154: Convívios (317): Ex-Combatentes da CART 2412 Sempre Diferentes, dia 14 de Maio de 2011 em Castelo Branco (Jorge Teixeira)

1. Mensagem de Jorge Teixeira* (ex-Fur Mil Art, CART 2412, Bigene - Guidage, Barro, 1968/70), com data de 19 de Abril de 2011:

Convocam-se todos os ex-combatentes da CART 2412 "SEMPRE DIFERENTES", ou que por lá passaram, a estarem presentes no encontro/convívio anual que se realiza no dia 14 de Maio, sábado.

Este ano a organização está a cargo do Luís Santos Pires, para quem devem confirmar as vossas presenças pelo tlm 96 576 31 17.

O almoço de confraternização será no restaurante "Quinta Varanda das Estevas", (o nome é comprido porque a "tainada" - rancho melhorado, também vai ser), às 13:00 horas sendo o ponto de encontro no Jardim do Paço às 10:30 da "matina" tudo isto em Castelo Branco.
Admirados!!! Não deviam estar porque o Luís Pires é de Castelo Branco e já ficou assim combinado o ano passado, seus "trengas".

A exemplo do que aconteceu o ano passado, está previsto um autocarro que sairá de Sto. Tirso.

Os contactos são:
Machado - 253 482 181 e 91 750 82 80
Moura - 96 924 03 61
Godinho - 252 852 325 e 91 750 82 92
Pires - 96 576 31 17




Quinta Varanda das Estevas
Bairro do Valongo
Rua do Ponsul, 84
6000-370 Castelo Branco
tlf 272 328 515
tlm 969 668 190

A ementa segundo S. Pires, versículo... 25 aérius, será:

Entradas - oxalá as saídas não sejam de gatas
Sopa de Legumes - ainda temos
Bacalhau à Lagareiro - um luxo
Chanfana - não abusar
Sobremesa à descrição - estou a gostar
Bar aberto - até quando?

Haverá animação ao longo da tarde!!! - pudera, não!!!

Tudo isto e muito mais só por 25 FMI's por pedinte.

Contamos com todos, pelo menos com os que aparecerem.
Um abraço
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Notas de CV:

Vd. também P.008 - Convívio anual da CART 2412 em 14.05.2011 de 19 de Abril de 2011 do Blogue GUINÉ 68-70 CART 2412 do nosso camarada Jorge Teixeira.

Vd. último poste da série de 22 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8151: Convívios (231): 15º Encontro/Convívio da CCAV 8351 - “Os Tigres de Cumbijã” (Magalhães Ribeiro)

Guiné 63/74 - P8153: Notas de leitura (232): O Paparratos, de José Pardete Ferreira (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
 
Afinal, ainda há terreno para surpresas, a prova vem deste relato divertido, bem humorado e onde a memória do estudante que houve em todos nós é de uma especial finura.
 
Depois de ler O Paparratos, fica-me a convicção de que no blogue há seguramente leitores que me podiam ajudar a conhecer outras raridades.

Um abraço do
Mário



O Paparratos

Beja Santos

“O Paparratos é uma figura meio verídica, meio imaginada, perdida entre tantas outras, mais ou menos falsas, mais ou menos reais, cuja falsidade e existência não deixam de ser verdadeiras… Pretende o relato desta aparente vivência ser tão verosímil e, paralelamente, tão fantástico quanto possível e, embora abstracto, ser mostrado com uma carga emocional que se tenta esbater, numa tarefa que não é fácil”.

É assim que José Pardete Ferreira apresenta as suas divertidas memórias, que incluem, talvez com uma intensidade única o meio universitário do princípio dos anos 60, sobre a sua passagem por terras da Guiné onde serviu como alferes miliciano médico e, autobiograficamente falando, aparecerá como João Pekoff, um médico que forjou Gabriel, o Paparratos (“O Paparratos, Novas Crónicas da Guiné, 1969 – 1971”, por José Pardete Ferreira, Prefácio, 2004).

Paparratos é a candura, a simplicidade e a força da natureza daqueles soldados portugueses que se adaptavam como podiam ao meio estranho. O autor adianta: “O Gabriel ou Paparratos era um rapaz simples das nossas aldeias, filho de um casal de trabalhadores rurais, que partilhava o seu tempo na escola, nas brincadeiras com os seus inúmeros irmãos e companheiros, no ajudar dos pais e na serventia ao sacristão. Sabia ler e escrever, desconhecendo-se ao certo qual o nível real de instrução que conhecia. O contacto com a rude dureza da vida ensinara-lhe a humildade e, provavelmente mais a generosidade do que a valentia. Esta, já a mostrava nas rixas no povoado ou nos campos, em dias de festa da aldeia ou no turbilhão domingueiro que quebrava a monotonia repetitiva do labor quotidiano”. Gabriel é soldado comando pertence à 105 ª Companhia.

Apresentado o bom soldado português, o autor divaga pelos espaços míticos dos estudantes que frequentavam a Cidade Universitária no início dos anos 60: o Café Roma, onde hoje é um Mc Donald’s, junto ao Cinema Londres, a praxe do luto académico, o Café Colonial, o CDUL, o Monte Carlo, o Monumental, o D. Rodrigo, a Pastelaria Biarritz bem como as respectivas faunas, sonhos, devaneios. Tudo entremeado pela vida mais ou menos bélica no chão manjaco onde vai aparecer o alferes miliciano médico Pekoff. 

Fica-se com a ilusão que Pekoff se cruza com o Paparratos, mas seguramente, já que são figuras mais ou menos falsas e mais ou menos reais, seguem caminhos paralelos. E temos um flash dessa tão celebrada e jamais esquecida 105ª Companhia de Comandos, comandada com cada vez maior frequência pelo alferes Jorge Esteves, em virtude das visitas, quase permanentes a Bissau, do capitão Dias Anjos e que se prolongavam no tempo. A sua mulher encontrava-se de férias na capital providencial, os dois pombinhos podiam ser encontrados no Quartel General.

O Posto de Comando do Aquartelamento do Chão Manjaco era conhecido como A Casa da Mariquinhas com as suas janelas com tabuinhas. Por dever de causa, o autor apresenta-se pondo-se ao espelho através de João Pekoff, vamos aos seus locais de estudo, alguns dos cafés atrás referidos, subimos até à Cantina Universitária, às Pró-Associações de Medicina e de Letras, às Associações de Direito e de Ciências, entramos no Estádio Universitário. Ficamos a saber que além dos estudos de medicina, pratica desporto e andou no associativismo religioso. 

Pelo que se dirá adiante, a sua guerra não foi só feita de tiros e morteiradas mas também de hospital e em Bissau, remendando feridos graves e ligeiros, criando a ideia, junto dos autóctones, de que era feiticeiro. Um bom pretexto para, sempre a propósito e a despropósito, voltar aos cafés de Lisboa e saudar os seus amigos inesquecíveis. 

E, já agora, ficamos a saber porque é que se trata Gabriel por Paparratos. Alcunha tinha sido posta pelo sacristão. Um dos majores lá do chão manjaco aventara a hipótese de Paparratos vir de paparaz, uma planta muito tóxica. Na zoologia Paparratos é uma garça, uma espécie migratória muito rara em Portugal e que entre nós nidifica no Paul do Boquilobo, quase não se dá pela sua ausência. Vamos então aos aspectos concretos: “O sacristão lembrara-se de crismar o Gabriel de Paparratos, não porque este fosse esquivo ou silencioso mas, muito provavelmente, pela morfologia algo alongada do nariz e pela desproporção existente entre os grandes braços do nosso herói que lhe davam uma envergadura considerável, e as suas curtas pernas, que lhe conduziam o andar oscilante, bem como pela posição da sua peitaça inchada para a frente. Este biótipo fazia-o rolar os ombros na progressão, movimento que acentuou após ter sido soldado comando”.

Como quem não quer a coisa, dado o retrato do CDUL e o seu desempenho na Academia Lisboeta, vamos numa missão helitransportada à Caboiana, que meteu bombardeamentos, reconhecimentos e até mosquitos. No Cacheu, para que conste, as Companhias de açorianos e madeirenses não só não se misturavam como tinham hortas separadas. E depois o alferes Pekoff vai até à Ilha de Jeta, fazer a psico, tratar das populações, e o alferes deliciou-se com esta floresta quase tropical, pensou mesmo que estava num Haiti a 4 horas de voo da Europa. Spínola é conhecido pelo Brigadeiro Sebastião Ribeiro, alguém que vai todos os dias ao Hospital, lugar onde o pessoal de saúde é de uma dedicação exemplar. 

Nova saltada à mocidade de João Pekoff, desta feita às suas práticas no andebol e até às suas lembranças da campanha presidencial de 1958 e às manifestações ao candidato Humberto Delgado. Paparratos e Pekoff encontram-se de facto num passeio à Ponta de Caió, andaram por lá até desoras, o que trouxe uma grande inquietação lá no aquartelamento do chão manjaco. 

Fala-se da Pax Romana, dos movimentos católicos universitários, da retirada de Madina do Boé, da Operação Mar Verde (tratada no livro como a Operação Verde Tinto), depois viaja-se até Paris, segue-se o tratamento de um ferido VIP, o capitão cubano Peralta, a guerra prossegue, o Paparratos continua a fazer das suas na tabanca, ao aproximar-se do sentinela que grita “Alto!”, ele continua a avançar e é fulminado por uma rajada. A família soube da notícia e ficou incrédula pois disseram-lhes que tinha falecido de um acidente em serviço, morte impensável para quem fazia parte das tropas especiais.

E João Pekoff está de regresso a uma Lisboa quase hostil, não reconhecem, a adaptação foi cruel: “Levou algum tempo a orientar-se na nova selva que pisava, a do cimento armado, com as suas intrigas, os seus boatos, as suas sacanices, o correr de repartição em repartição. Teve que se bater para recuperar o que apenas deixara pelo facto de ter sido mobilizado para uma comissão de serviço militar que, ainda por cima, quer aquela quer este eram obrigatórios”.

O Paparratos é uma divertimento sério, supera as situações caricatas e cómicas, na senda da literatura de humor, que se perde na noite dos tempos, comprova que muitas vezes o que se diz a rir é para reter em todo o horizonte da amargura, a sisudez pode ser troça e não é difícil provar que há muito Paparratos que serve de carne para canhão.

É o prazer da memória e, insiste-se, não se conhece um fresco tão vigoroso sobre o meio estudantil universitário daqueles longínquos anos 60.
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Notas de CV:

(*) Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8141: Notas de leitura (230): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8144: Notas de leitura (231): A Última Missão, por José de Moura Calheiros - Gostei francamente do que li (José Francisco Borrego)

Guiné 63/74 - P8152: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (13): O Blogue faz parte da minha identificação (Hélder Sousa)

1. Mensagem de Hélder Sousa (ex-Fur Mil de TRMS TSF, Piche e Bissau, 1970/72), com data de 22 de Abril de 2010:


O 7º Aniversário do Nosso Blogue

Caros camaradas, amigos e outros…
Faz agora um ano, quando comemorávamos o 6º aniversário, que tive a oportunidade de, a pretexto dessa comemoração, reflectir um pouco mais sobre o ‘Nosso Blogue’, a sua existência, a multiplicidade de facetas que tinha assumido, as diferentes reacções que produzia sobre a imensa ‘mole humana’ que o integra e/ou o segue, o que o torna distinto de um conjunto de outros contributos existentes tendo em vista a (re)constituição da memória colectiva da época e outras coisas mais.

Lembro-me que também referi as inimizades (assim mesmo, sem ‘embelezamentos’) que o Blogue suscitava e quais os pretextos para tal. E também me interroguei sobre o ‘que fazer’ para manter e desenvolver este espaço, imprescindível para muita gente, que o usa como referência, como fonte de pesquisa, nalguns casos até como prioridade no seu dia-a-dia.
Passou mais um ano e aqui estamos então a comemorar o 7º.

Já li alguma coisa que foi saindo e realmente devo dizer que parece que a consistência do trabalho é evidente, sendo que tal convicção estriba-se no número de visitantes, na constância dos contributos que vão chegando sem desfalecimento, na consolidação da estrutura editorial, na manutenção duma orientação correcta quanto à linha a manter (aqui e ali com perturbações motivadas por algumas provocações, talvez inevitáveis, mas que não chegam a desvirtuar o essencial). De todos os objectivos a que o Blogue se propôs o que mais dificuldade teve em se realizar foi o do maior número de camaradas que se propusessem a aderir formalmente pois sabe-se da existência de bastantes ‘seguidores’ que sentem alguma hesitação em dar esse passo.

Do que o José Martins escreveu sobre o número 7 e com as achegas que lhe foram sendo aportadas em comentários vários, só posso reforçar a ideia de que de facto este número 7 é bastante significativo, não só pelo que foi apresentado como também por significar que, ao atingi-lo e ultrapassá-lo, podemos ter a certeza que atingiu a maturidade, coisa que me surge por ter conhecimento que em algumas confrarias se considera que o 7 as torna ‘justas e perfeitas’, significando isso que agora surge, para o Nosso Blogue, uma outra obrigação que é a de manter a sua existência, aperfeiçoar o trabalho e porfiar na perfeição.

Eu cheguei ao Blogue nas vésperas do 2º Encontro, realizado em Pombal.

Tal como muitos já por aqui confessaram, vim no final da ‘comissão de serviço por imposição’ a dizer que ‘Guiné nunca mais’, embora de quando em vez (e isso muitas vezes) dava por mim com o pensamento na Guiné… Em Fevereiro desse ano (o do 2º Encontro) encontrei o livro do nosso camarada Graça de Abreu, procurei para ver se continha lá informação sobre uma coisa que ‘andava aqui na cabeça’, confirmei e segui depois os ‘links’ que o livro referia, tendo assim chegado ao ”Luís Graça & Camaradas da Guiné”. Fiquei impressionado com o que fui encontrando e lendo e ao chegar às vésperas do referido Encontro tomei a decisão: vou aderir! E assim foi, até hoje, em que cada vez me congratulo mais por essa feliz e acertada decisão.

Encontrei pessoas que, independentemente da sua posição social, actual ou antiga, da sua anterior posição na hierarquia militar, têm comportamentos verdadeiramente próprios da camaradagem criada e cimentada em tempos de guerra. Encontrei novos amigos, daqueles que parece que já nos conhecíamos há muito, daqueles com quem se pode e apetece ter uma discussão e troca de pontos de vista, sem reservas ou falsas concordâncias. Encontrei gente verdadeiramente solidária.

Para mim o Blogue faz hoje parte da minha identificação. Vibro com ele e entristece-me quando alguma coisa não corre tão bem quanto se queria.

Para terminar quero dizer que todos os seus membros são importantes pois são células do corpo comum, no entanto gostaria de ler textos, artigos, relatos, memórias, opiniões, o que fosse, de alguns dos mais antigos, como o Victor Junqueira, o Marques Lopes ou o Garcia de Matos, por exemplo. Vou aguardar.

Entretanto, e porque é o Blogue que faz anos, e que deve ter toda a atenção, desejo-lhe “longa vida” e que consiga fazer com que nos vejamos representados nele!

Um abraço para toda a Tabanca!
Hélder Sousa
Fur Mil TRMS TSF
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7123: (Ex)citações (98): Sensatez e rigor no Nosso Blogue (Hélder Sousa / Belarmino Sardinha)

Vd. último poste da série de 21 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8147: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (12): Quero felicitar todos os 490 amigos desta cadeia, ligados por um denominador comum, a Guerra da Guiné (Felismina Costa)

Guiné 63/74 - P8151: Convívios (316): 15º Encontro/Convívio da CCAV 8351 - “Os Tigres de Cumbijã” (Magalhães Ribeiro)


15º Encontro / Convívio da CCAV 8351 “Os Tigres de Cumbijã”
No passado dia 16 de Abril, a CCAV 8351 do Grande Comandante Vasco da Gama comemorou o seu 15º Encontro/Convívio, na Quinta do Éden em Vagos.
Como vem sendo costume o convite para esta festa é sempre extensivo a todos aqueles que, tendo feito a sua comissão na Guiné, se juntem a esta excepcional malta.
Assim, correspondendo a este gesto aceitaram participar neste evento, o Casimiro Carvalho (que tendo sido mobilizado para esta companhia acabou por transitar para a CCAV 8350), Manuel Reis (CCAÇ 8350), o Eduardo Campos (CCAÇ 4540) e o Magalhães Ribeiro (CCS do BCAÇ 4612/74).
O convívio iniciou-se com o sempre efusivo e emocionante reencontro do pessoal, a que se seguiu uma cerimónia religiosa de acção de graças em memória dos camaradas já falecidos e que, segundo a informação do Vasco da Gama, já vai num lamentável, assustador e apreensivo 20.
Depois o Almoço festivo, alegrado pela música e canto de um profissional contratado, que tendo tocado alguns trechos da música cabo-verdiana e dos saudosos anos 60/70, animou, e de que modo, o agradável ambiente da festa.
Mais palavras para quê?! É meu hábito dizer neste tipo de relatos, que as fotos anexas mostram, sobremodo, a boa disposição, alegria e camaradagem, que se denotou em todos os presentes durante o decorrer de todo este convívio e, porque me senti envolvido e acarinhado como se mais um dos Homens da CCAV 8351 fosse, volto a reafirmá-lo aqui.
Termino, enviando um abraço Amigo para todos e, em especial, para o Camarada Vasco da Gama e ao fraterno pessoal Tigre de Cumbijã, a quem mais uma vez agradeço o amável e honroso convite que me fizeram.

Magalhães Ribeiro
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8150: Convívios (315): Encontro comemorativo dos 50 anos do embarque para a Guiné da CCAÇ 84 (Alberto Nascimento)

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Nascimento(*) (ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63), com data de 19 de Abril de 2011:

Caro Camarada Carlos Vinhal
Envio texto e algumas fotografias do convívio dos ex-militares da CCAÇ 84, realizado no dia 9 do corrente
Se vires interesse na publicação para conhecimento dos tertulianos, dispõe como entenderes.

Um Abraço
Alberto Nascimento



Medalha comemorativa dos 50 anos do embarque para a Guiné da CCAÇ 84


Já passou meio século

No passado dia 9 do corrente realizou-se mais um encontro dos ex-militares da CCaç 84.

Este encontro teve um significado especial, já que neste dia se completaram 50 anos que embarcámos no aeroporto de Figo Maduro e desembarcámos na Guiné. Para que tudo fosse mais real, os camaradas Micaelo e Gabriel Farroba que habitualmente organizam os nossos encontros, resolveram que este se realizaria no quartel da Amadora então Regimento de Infantaria 1 onde fomos incorporados e fizemos a recruta.

Depois da missa por alma dos que já não estão entre nós fomos visitar as instalações da nossa Companhia (a 5ª de Timor) que por coincidência era a única que não estava a ser utilizada.

Ao toque de rancho, que não obrigou a formatura nem chamada, os “jovens” e acompanhantes dirigiram-se com pouca disciplina e bastante apetite para o refeitório onde foi servido um almoço que felizmente, nem sequer fez lembrar os servidos na nossa recruta.

Todos os nossos encontros têm sido um óptimo convívio mas este foi especial e vamos desejar que em 2013, os que ainda cá estiverem e possam estar presentes, festejem a chegada a Lisboa depois de 2 anos de comissão num território que quis ser um país soberano mas ainda não conseguiu.

Um Abraço
Alberto Nascimento


Regimento de Infantaria 1


Bolo (cópia da medalha comemorativa)


Grupo de velhotes e respectivas consortes


Mais um grupinho


Eu (à esquerda) e o Oliveira Martins


De pé discursando, o ex-Capitão Manuel Sardinha (hoje Coronel) o primeiro Comandante da Companhia


À esquerda o Capitão Jorge Parracho Comandante da Companhia que substituiu o Capitão Sardinha. À direita o juiz dr. Dias, na altura Alferes Miliciano


2. Comentário do editor:

Uma palavra de parabéns para os nossos camaradas da CCAÇ 84, na pessoa do nosso tertuliano Alberto Nascimento, pela comemoração dos 50 anos do embarque para a Guiné.

Vamos esperar pela comemoração dos 50 anos do regresso. É só um instantinho.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4796: Estórias avulsas (47): O enfermeiro Lomelino (Alberto Nascimento)

Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8143: Convívios (229): Reencontro com António Soares em Medas-Gondomar (José Ferreira da Silva)

Guiné 63/74 - P8149: (Ex)citações (138): Sou o neto do Cherno Rachide (Djuli Sal)

1. Comentário do nosso leitor Djuli Sal, com data de 19 do corrente, ao poste P7948 (*)
Olá, amigos,  estou muito grato por esse santástico (1) trabalho realizado por essa equipa de emprendedores que conseguiram reavivar a esperança de um povo esquecido no tempo.... o povo de Quebo (ex-Aldeia Formosa).

Sou neto do Tcherno Rachid Djaló [assinalado na foto, em rectângulo verde, tendo atrás, enquadrado por rectângulo a vermelho, o Cap Mil Vasco da Gama, Aldeia Formosa, Janeiro de 1973 ], e estou muito contente por essa iniciativa.

Gostaria que aprofundassem mais a história e que publicacem mais fotos do Tcherno, a sua família, companheiros,  para que um dia essa matéria sirva de suporte e germe do resgate da verdadeira história do meu povo.

A todos um forte abraço. Do fundo de coração, estou simplesmente orgulhoso por esse trabalho...e obrigado.

(1) O termo santástico deve ser lido como santo e fantástico (**).
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7948: (In)citações (30): O Cherno Aliu Djaló, actual Califa de Quebo-Forreá, agradece aos nossos camaradas Vasco da Gama e Arménio Estorninho as fotografias do Cherno Rachide, seu pai e antecessor (Pepito)

(**) Último poste da série > 17 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8114: (Ex)citações (137): Mansambo, a emoção do Torcato Mendonça, o memorial da CART 2339 (1968/69)...

Guiné 63/74 - P8148: Convite (9): Amigo Frade junta-te a nós para partilhares, lembrares e reviveres histórias por que passamos naquela saudosa terra (José Barros)

Na foto, Barros, Frade e Timótio


1. Mensagem de José Ferreira de Barros* (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Abril de 2011:

Amigo Carlos Vinhal
Obrigado pelo mail com o comentário do Luís Frade, companheiro e amigo na CCav 1617.

Aí vai um pequeno texto para o Frade com uma fotografia, que publicarás ou não, e farás as correcções e alterações que achares por bem.

Meu amigo, e companheiro de alegrias e infortúnios em terras de Mansoa, Cutia e Mansabá.

Frade, foi com alegria e comoção que li o teu comentário no blogue Tabanca Grande, e lembro-me perfeitamente de ver o telhado de zinco a voar pelo ar.
Pelo que me tenho apercebido, visitas o blogue com alguma frequência, e por isso mesmo estou daqui a fazer-te o convite, para te inscreveres como membro desta grande família que é a Tabanca Grande. É tão fácil e fica barato!

Amigo, junta-te a nós, para nos podermos encontrar mais vezes e partilhar, lembrar e reviver histórias por que passamos naquela saudosa terra.

A fotografia que junto é em Mansabá ou Cutia? Tenho a impressão que é Cutia.
Espero poder encontrar-te no próximo 21 de Maio em Castanheira de Pêra no convívio anual do Batalhão.

Um grande abraço e uma Santa Páscoa para todos.
José Barros


2. Notas do editor:

i - Comentário deixado no Poste 7940 a que se refere o nosso camarada José Barros:

José Barros, lembras que ficámos uma noite em Brá e que nessa mesma noite um tremendo tornado nos levou os telhados de zinco onde dormimos? Só depois seguimos para Mansoa!
Lembro com saudade tudo que descreves!
Sou o Luís Frade Furriel de Transmissões da CCAV 1617. Aquele que o Cap. Torres Mendes não gramava mas que temia.
Abração
Luís Frade

ii - O seu a seu dono.
Quem reencaminhou o comentário do camarada Luís Frade para o tertuliano José Barros foi o editor Luís Graça.

iii - Convite a Luís Frade

Caro Luís Frade, reforçando as palavras do teu camarada da "1617", e nosso tertuliano, José Barros, convido-te também a te juntares a nós e à nossa missão de deixar as nossas memórias publicadas neste suporte internáutico que é o Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.
Selecciona uma foto do teu tempo de tropa e outra actual, escreve uma pequena história, se quiseres acompanhada com fotos legendadas, e envia para que te possamos apresentar à tertúlia.

Teremos o maior prazer em receber e publicar as tuas histórias e fotografias, contribuição que ficará a constituir património do Blogue, disponível para no futuro se poder recolher elementos, quiçá, para contar a história da guerra colonial no que diz respeito ao TO da Guiné.

Utiliza para o envio da tua correspondência preferencialmente o endereço luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com. Deverás utilizar conjuntamente o endereço de um dos co-editores constantes da página.

O co-editor
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8135: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (8): Um obrigado do fundo do coração a todos vós por me terdes aceite nesta grande família, fazendo avivar aquilo que há muito estava esquecido (José Barros, CCAV 1617, Cutia e Mansabá, 1966/68)

Guiné 63/74 - P8147: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (12): Quero felicitar todos os 490 amigos desta cadeia, ligados por um denominador comum, a Guerra da Guiné (Felismina Costa)

1. Mensagem do dia 20 de Abril de 2011 da nossa amiga tertuliana Felismina Costa, que no seu tempo de juventude foi madrinha de guerra de um combatente da Guiné e está connosco desde 16 de Julho de 2010:

Com os meus agradecimentos a todos que tornam possível a existência deste espaço.
Felismina Costa



7º ANIVERSÁRIO DO BLOGUE “LUÍS GRAÇA E CAMARADAS DA GUINÉ”

Pretendo felicitar em primeiro lugar, o fundador, administrador e editor do blogue, Prof. Luís Graça.
O co-administrador e editor de serviço “permanente” Carlos Vinhal.
O co-editor Magalhães Ribeiro.
O co-editor Virgínio Briote.
O cartógrafo-mor, Humberto Reis.
E os colaboradores permanentes:
Hélder Sousa
Joaquim Mexia Alves
Dr. Jorge Cabral
José Manuel Dinis
José Martins
Miguel Pessoa
Torcato Mendonça

E em seguida, felicitar todos os 490 amigos desta cadeia, ligados por um denominador comum: a Guerra da Guiné!

Foi, porque ela aconteceu, que aqui estamos, revivendo esse tempo, que deixou marcas para sempre na nossa geração.
Para muitos de vós, um tempo de medo, sofrimento e morte.
Para quem ficou à vossa espera, (família, namoradas e amigos) um tempo de medo, de angústia, de incertezas, de frustrações, de desânimo, de dor, que tentamos esquecer com o fim do referido conflito: Sei, que muitos não esqueceram nem as suas famílias, porque infelizmente, não podem esquecer.
E, é aqui, que tem o seu maior mérito este blogue: não deixar esquecer o que cada um viveu e sofreu e sofre, e apesar de, e para além de tudo, vivenciou, cresceu, tornou-se adulto e conhecedor de uma realidade, que muito embora o marcando duramente, lhe permitiu conhecer e avaliar o lugar, as gentes, a terra e a sua beleza, e as suas necessidades.

Criado para falar da Guerra na Guiné, para registar as memórias de cada um nesse conflito, entre os anos de 63/74 do extinto século XX, impõe-se pela amizade que liga de uma forma geral todos os amigos e camaradas desta enorme Tabanca, à sombra da qual se contam as histórias desse tempo.

Entrei aqui um dia, à procura de informação precisa sobre o referido conflito, que vivi no tempo… e permaneço!
Porquê?
Porque a informação chega constantemente, diversa, porque diversos foram os lugares e os acontecimentos, porque cada dia chega mais um tertuliano a este sítio de encontro com a sua própria história, porque vos considero a todos como irmãos que acompanhei naquele tempo, preocupada com o que se passava, vivendo uma guerra do meu tempo, pese, embora, ignorante da realidade, e é por isso mesmo, que a vossa informação precisa me interessa, para um maior conhecimento do que se passou, do que foi realmente esse tempo.

Se de alguma forma a minha presença tem sido uma invasão do vosso domínio, acreditem que não queria ser tal, porque para mim tem sido um prazer.

Que este espaço continue a unir todos os que viveram o referido conflito, encontrando cada um a amizade e o apoio necessário.

Que estes sete anos de vida do blogue, sejam apenas o início de uma enorme
Enciclopédia da História real da Guerra em que participaram.

Parabéns Professor Luís Graça, pela iniciativa!
Parabéns a todos que ajudam a construir esta agradável Tabanca.

Muito obrigada.
Felismina Costa
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Notas de CV:

(*) vd. poste de 12 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8088: (Ex)citações (136): Dois milhões e meio de visitantes, os meus parabéns! (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8142: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (11): Domingo de Ramos (Ernesto Duarte)

Guiné 63/74 - P8146: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (8): 14/12/2009, das 16 às 18h: Visita ao hospital de Cumura: lepra, sida, tuberculose... e compaixão


Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 &gt > 18h > Mural com as seguintes inscrições: "Obrigado, Bispo Settimio"; "X Aniversário da Morte de Dom Settimio"; "A Verdade Vos Libertará".

O missionário Settimio Arturo Ferrazzetta, da ordem franciscana, foi o 1º bispo da diocese de Bissau, criada em 1977. "Homem Grande" da Igreja Católica de África, nasceu em Itália, em 8 de Dezembro de 1924, e morreu, com fama de santidade, em Bissau, em 26 de Janeiro de 1999.



Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 > Fazem-se bichas a partir das 5h30, à porta deste hospital privado, ainda recentemente ciatdo neste blogue (vd. poste P8133)

Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 >  Descarregamento de medicamentos, sob a supervisão da madre italiana...

Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 >  Todos dão uma ajuda no descarregamento


Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 >  Medicamentos doados pelo Brasil


Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 >  Uma farmácia bem recheada e organizada

Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 >  Os missionários também sabem conduzir tractores


Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 &gt >O João, com o seu colega Vitor, frade e médico, com duas mulheres que trabalham no hospital: a da esquerda, de óculos, ao lado do João, é a enfermeira Joaquina Sousa que - segundo informações que nos chega da nossa leitora Isabel - já fez várias missões no hospital de Cumura, tendo estado este ano em Janeiro com uma equipa de médicos (os obstetras/ ginecologistas José Furtado e António Silva, os  anestesistas Fernanda Nunes e Filipa Felix, e o cirurgião José Trigueiros)....




Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 >  Um recém-nascido, desnutrido, ao colo de uma das enfermeiras (a da esquerda, em primeiro plano, é a Joaquina de Sousa, natural de Guimarães, segundo informação da nossa amiga Filomena Sampaio)


Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 >  Dando o biberão ao recém-nascido... 





Guiné-Bissau >    Bissau > Cumura >   Missão Católica e Hospital de Cumura > 14 de Dezembro  de 2009 &gt > Pátio interior do hospital


Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação das notas do diário de viagem à Guiné, do João Gracça, acompanhadas de um selecção de algumas das centenas fotos que ele  fez, nas duas semanas que lá passou (*)... 

Nos cinco primeiros dias (de 6 a 10 de Dezembro de 2009) fomos encontrá-lo, como médico, voluntário, no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém.  O fim de semana,  de 11 a 13 (6ª, sábado e domingo) de Dezembro de 2009, foi passado em Bubaque e Rubane, no arquipélago de Bolama-Bijagós, como simples turista.  Dia 13, domingo,  à tarde, regressou  a Bissau, ao bairro do Quelelé, onde se situa casa do Pepitop e da Isabel, que lhe derem guarida. É também aqui a sede da AD - Acção para o Desenvolvimento, cujos trabalhadores tiveram,  na segunda feira de manhã,  exame médico de vigilância...  Viu 18 de manhã (e no dia 17, viu mais 5). À tarde, nesse dia de segunda-feira, o João Graça foi, de carro ao centro de Bissau, e visitou, nos arredores o Hospital de Cumura, gerido por um Missão Católica portuguesa... (LG)



14/12/2009, 2ª feira, Bissau, Cumura


10.1. Consultas na AD (ver ficha clínica), [aos trabalhadores da ONGD, cuja sede é no Bairro do Quelelé]. Consultório improvisado, mesa a fazer de maca.

10.2. Hospital da Cumura. Fui buscar, com o Domingos, a Sara, ao centro de Bissau. Cumura fica na periferia, passando o Quelelé [, a 10km, na estrada de Prábis].

10.3. Encontro com a irmã Ida (brasileira, ternurenta) e com a enfermeira de Guimarães […] nas enfermarias de pediatria e ginecologia de mães com HIV. Criança desnutridíssima, pele repuxada, viam-se os ossos. Há cerca de 30 camas ali.

10.4. Sala de partos em condições, cesarianas [são feitas] no [Hospital Nacional] Simão Mendes.

10.5. Consultas externas com óptimas condições, vários gabinetes. Grávidas fazem fila à porta a partir das 5h30 da manhã.

10.6. Aqui conhecemos o Frei Vitor, médico formado na minha faculdade [, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa]. Terminou o curso em 1986. Depois entrou na Ordem dos Franciscanos: “Quando Deus chama por nós, temos de ir. Não interessa nem quando nem como”. […] Acabou a especialidade de medicina interna em Torres Vedras [,no então Hospital Distrital,] há uns anos,

10.7. [O] Hospital [de Cumura foi] construído nos anos 50 pelos Franciscanos de Veneza, creio que a área foi oferecida pelos portugueses nessa altura. Dedicava-se à Lepra. Hoje também, mas sobretudo à Sida e à Tuberculose.

10.8. Actualmente o financiamento é da associação (de um tipo que foi trabalhar para uma ilha de leprosos e lá morreu e ajudou a sensibilizar para o problema da lepra). [Mais pela] Portuguesa e menos pela Italiana [, provável referência à União Missionária Franciscana, Convento da Portela, Rua dos Mártires, 1, Apartado 1021, 2401-801 Leiria, Tel. 244 839 904/6, que gere a Missão Católica e  e a Leprosaria de Cumura]

10.9. Ajudámos a descarregar um carregamento de 100 mil eurps em medicação. Madre italiana gesticulava e dava ordens: “Soro para aqui… Ecco [, expressão idiomática, em italiana, equivalente ao nosso pronto]… mas está bem”. De óculos graduados [?], grossos.

10.10. Ala da Sida e tuberculose. Ele ]Frei Vitor] não se protege. “Está ali um doente com tuberculose multirresistente. Entrou ali na boa”.

10.11. Doente ala da tuberculose com sintomas de Pancoast – edema do membro superior por compressão venosotorácica.

10.12. Farmácia com imensa medicação, tubos toracocentese.

10.13. Ala da lepra mais interessante. Doente com dedos retraídos, espessamento do cubital, outra com facies leonina (cá fora, forma em L, bacilífera).

10.14. [Frei Vitor] fez um curso de lepra no sul da Índia, muito conhecido. “Lesão hipopigmentada com sensibilidade reduzida=lepra até prova em contrário”.

10.15. Duas crianças com lepra. A mulher que nos tirou a foto de grupo não tinha o indicador da [mão] direita.

10.8. Havia tractores com padres italianos… Havia um cemitério para padres… 



João Graça

(Continua)

[ Revisão / fixação de texto / selecção, edição e legendagem de fotos: L.G.]
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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:



 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8043: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (7): Os encantos e as armadilhas das ilhas de Bubaque e Rubane (Bijagós), 11/13 de Dezembro de 2009 (Parte III, o regresso a Bissau)


28 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8005: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (6): Os encantos e as armadilhas das ilhas de Bubaque e Rubane (Bijagós), 11/13 de Dezembro de 2009 (Parte II)


 12 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7931: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (5): Os encantos e as armadilhas das ilhas de Bubaque e Rubane (Bijagós), 11/13 de Dezembro de 2009 (Parte I)


19 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7816: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (4): 10/12/2009, último dia de consultas em Iemberém e viagem de regresso (10 horas!) a Bissau


19 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7816: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (4): 10/12/2009, último dia de consultas em Iemberém e viagem de regresso (10 horas!) a Bissau


5 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7727: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (3): 9 e 10/12/2009, em busca do dari (chimpanzé), em Farim e Madina do Cantanhez...


28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7686: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (2): 6/12/2009, domingo, 1ª consulta, um baptizo muçulmano, um casório católico, uma visita a uma fábrica de caju... 7/12/2009, 2ª feira: 1º dia de consultas. 42 doentes à porta do C.S. Materno-Infantil de Iemberém


16 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7622: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (1): 5/12/2009, sábado, viagem de carro, de Bissau (13h30) a Iemberém (21h50) 

Guiné 63/74 - P8145: Tabanca Grande (278): Jorge Manuel Magalhães Coutinho, ex-Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73 (Piche, Bissau – 1974)




1. É com muita satisfação que acolhemos mais um Camarada que aceitou o convite para se juntar a nós - o Jorge Manuel Magalhães Coutinho -, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73 - Piche, Bissau -, 1974.

Conta-nos ele no seu e-mail:

Embarcamos em 11 de Abril de 1974 no navio Niassa e chegamos a Bissau no dia 17, tendo seguido para o Cumeré onde ficamos instalados, com destino à frequência do habitual I.A.O. - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional.

Duas semanas depois, deu-se o 25 de Abril e, após alguns dias, fomos destacados para fazer a segurança em Bissau, tendo aí acampado durante uns 15 dias.

Em seguida, o pessoal do meu batalhão seguiu para o cumprimento das missões para que tinha sido criado, render as companhias do BCAÇ 3883/72, que se encontravam aquarteladas no sector de Piche e que tinham terminado o seu tempo de serviço.

Porque me estavam atribuídas as funções de adjunto do Capitão - Oficial de Operações -, fiquei em Bissau para tentar arranjar transporte para um pelotão da 3ª CCAÇ, pois a situação estava muito complicada devido à grande movimentação de tropa, que se havia gerado com a entrega dos aquartelamentos ao PAIGC e as consequentes retiradas das Unidades para Bissau, a fim de aguardarem embarque para a Metrópole.
Ao fim de quase um mês, conseguimos embarque numa LDG, rumando a Bafatá e, de lá, para Nova Lamego de avião. Daí partimos para Piche em Berliets (quanta miséria e desgraça vimos nós naquele percurso!).
Em Piche, fui designado para adjunto do Comandante da Companhia e Chefe da Contabilidade (a minha especialidade civil), cabendo-me a tarefa de organizar a Cantina, o que me levou um mês, até vir de férias em Julho.
Infelizmente não tive muita oportunidade para estabelecer grande camaradagem e união com os homens do meu pelotão, tendo-se dessa parte encarregado os 3 furriéis RANGERS, já que, mesmo em Évora no RI 16, quase não convivi com eles por ter de preparar as operações de instrução.
Quando regressei ao batalhão, este encontrava-se em Bula e, daí, deslocamo-nos para Bissalanca (nos arredores de Bissau), após o que ficamos instalados nos Adidos.
Finalmente, embarcamos no Uíge em 14 de Outubro de 1974.
Em Lisboa, ainda gramei mais uns 3 ou 4 meses, a ultimar a comissão liquidatária, juntamente o 1º Sargento Afonso e com o Alferes Subhashandra Manishanker Bhatt (refiro o nome, porque achei sempre interessante ele ser de origem indiana - um homem impecável e de quem lamento ter perdido o contacto!)
Um abraço para todos,
Jorge Coutinho
Alf Mil OpEsp/RANGER da CCS/BCAÇ 4610/73
2. O nosso Camarada Jorge Coutinho é o 2º elemento do BCAÇ 4610/73 a aliar-se a esta nossa crescente tertúlia, já que contamos com a presença, desde 25 de Janeiro de 2010, do João Adelino Aves Miranda que foi 1° Cabo Radiotelegrafista da 1ª CCAÇ do BCAÇ 4610/73 e que se encontra actualmente emigrado na Alemanha.
3. Amigo RANGER Coutinho, como é habitual cabe-me a mim oferecer-te aqui, em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, demais Camaradas tertulianos desta Tabanca Grande, os nossos melhores votos de boas-vindas e transmitir-te que ficamos a aguardar que nos contes alguns episódios da tua estadia na Guiné, que ainda recordes (dos locais, das pessoas, seus hábitos e costumes, dos combates, dos convívios, etc.) e, se tiveres mais fotografias daquele tempo, que nos as envies, para as publicarmos.

Recebe pois o nosso virtual abraço colectivo de boas vindas.
Guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
Fotografias: © Jorge Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:
18 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8124: Tabanca Grande (277): Manuel Abelha Carvalho, ex-Fur Mil OpEsp / RANGER do Pel Rec, da CCS do BART 6520/72 (Tite, 1972/74)

Guiné 63/74 - P8144: Notas de leitura (231): A Última Missão, por José de Moura Calheiros - Gostei francamente do que li (TCor José Francisco Robalo Borrego)

1. Mensagem de José Borrego (*), Ten Cor na Reserva, que pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda (Guiné, 1970/72), com data de 19 de Abril de 2011:

Acabei de ler o livro “ ÚLTIMA MISSÃO “ do Senhor Coronel Pára-quedista José de Moura Calheiros e gostei francamente do que li! É sempre confortável ler a experiência de alguém que esteve na Guiné, mais a mais, de um homem que teve responsabilidades de Comando e Estado-Maior.

Fiquei a “conhecer “ a mítica península do Cantanhez, encravada entre os rios Cumbijã e Cacine e as dolorosas batalhas travadas em Guidage e Gadamael-Porto, entre Maio e Julho de 1973, com a preciosa ajuda dos pára-quedistas.
A minha comissão na Guiné foi repartida por Bissau, Bajocunda, Paúnca e Ganguará na península de Gampará. Pertenci ao Grupo de Artilharia nº 7, estacionado em Bissau (Santa Luzia).

O livro descreve de maneira simples e detalhada o que foi a recuperação do Cantanhez e a actividade do Batalhão de Pára-quedistas n.º 12 na Guiné, através das suas Companhias de Intervenção, em apoio da Manobra Sócio-económica, defendida pelo Comando-Chefe.
Quanto à população, também partilho da ideia de bondade e simplicidade da mesma, aliás, a maioria daqueles que por lá passaram, guardam boas recordações com quem conviveram.
A esmagadora maioria de nós é sensível a tudo o que se passa na Guiné e queremos o bem daquela terra! Ficámos emocionalmente ligados àquele País e à cultura das suas gentes!

Voltando ao Cantanhez, deixo uma pergunta para quem queira responder: Se aquela península era considerada um “ Santuário“ e uma base logística do PAIGC, porque esteve abandonada tanto tempo pelas NT?

No livro, apreciei também o extraordinário trabalho e espírito de sacrifício que foi levado a cabo pelas Equipas Técnica e de Missão na exumação dos restos mortais dos militares pára-quedistas que foram enterrados no cemitério de campanha de Guidage, há trinta e cinco anos, por dificuldades de evacuação, o que revela bem os difíceis dias ali passados!

Senhor coronel Calheiros, muitos parabéns pelo seu testemunho, através do seu magnífico livro que é, na minha opinião, um excelente documento histórico!
Pela minha parte, o meu penhorado muito obrigado.

Aproveito esta oportunidade, para desejar a todos os camaradas e Excelentíssimas famílias uma Feliz e Santa Páscoa.

Um abraço fraterno do
JOSÉ BORREGO
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4685: In Memoriam (27): Recordando o Major Raul Passos Ramos (José Borrego)

Vd. último poste da série de 20 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8141: Notas de leitura (230): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8143: Convívios (314): Reencontro com António Soares em Medas-Gondomar (José Ferreira da Silva)

1. Mensagem José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 18 de Abril de 2011:



António Rodrigues Soares da CART 1689


Reencontro com o ex-camarada
António Rodrigues Soares

Apesar de viver a menos de 20 Km de distância, nunca imaginei que existisse um ex-camarada da guerra da Guiné, da minha Cart 1689, a viver tão perto de mim.

Soube-o através dos irmãos Carvalho, de Medas, Gondomar, quando me desloquei pela primeira vez à Tabanca Pequena, em Matosinhos. Ali ficou logo combinado que um dia, muito brevemente, iria ter com eles, para nos abeirarmos do António Soares. E, recentemente, no almoço de angariação de fundos, ocorrido no Parque Zoológico da Maia, procedeu-se à marcação de uma lampreiada em casa do Manuel Carvalho, por forma a conhecermos o referido companheiro da desventurada guerra.

Na quinta-feira, dia 14, pelas 12h00, lá cheguei a Medas, onde o Mayor local, andava a ver as suas ansiadas obras. Seguimos para casa do seu irmão Manuel que já nos esperava de mesa posta com entradas, para abrir caminho à dita lampreiada, uma especialidade de Medas, primorosamente preparada pelo próprio anfitrião.
Aproveitei e levei o camarada ex-Furriel Valente, de Oliveira de Azeméis, para melhorar o ambiente e proporcionar muita partidura de mantenha.

Logo chegou o António Soares que, por mais que se esforçasse, não se lembrava muito daquela guerra que procurou esquecer. Contou ele que era de Melres e que, ao casar em Medas, logo que chegou da Guiné, ficou sem ligação à malta. Esteve lá fora emigrado e veio para cá arranjar um acidente que lhe valeu a perda das duas pernas. Todavia, deu para perceber que tem levado uma vida honrosa e que é querido pelos seus 4 dos 7 filhos que ajudou a trazer ao mundo (3 já faleceram).

Deu para se reviver muitas histórias e revisitar muitos lugares já que a nossa Cart 1689, denominada (sem autorização) de Os Ciganos, nos proporcionou um mundo de vivências impares, que nos marcaram para toda a vida.


Além dos 4 ex-combatentes, contámos ainda com a companhia de mais dois homens; o genro Rui e o filho Gonçalo, que é a fotocópia do avô Manuel. Foi um excelente almoço e uma maravilhosa tarde já que só saímos da mesa, depois das 17h00.

Ficou assente que eu iria tentar levar o António Soares ao próximo encontro anual da Cart 1689 que terá lugar no dia 30 de Abril, no Quartel da Póvoa de Varzim.

Fiquei muito contente e muito grato aos irmãos Carvalho por terem proporcionado este encontro que, seguramente, irá contribuir para uma melhoria de vida deste nosso camarada Soares.

Desta forma, concretiza-se uma aspiração dos manos Carvalho, manifestada em 1 de Abril de 2009, através do Post P4121** do nosso blogue.

Bem hajam
Silva da Cart 1689


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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8078: Outras memórias da minha guerra (José Ferreira da Silva) (7): Operação Inquietar II - Manga de Ronco

(**) Vd. poste de 1 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4121: Ser solidário (32): O nosso camarada António Rodrigues Soares da CART 1689 precisa dos seus amigos (Jorge Teixeira)

Vd. último poste da série de 17 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8116: Convívios (228): Convívio da Magnífica Tabanca da Linha (José Dinis)