quinta-feira, 7 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8062: Estórias avulsas (51): O Papa Ratos e a sua morte junto ao arame farpado (Albino Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva* (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de  4 de Abril de 2011:

Grande amigo Carlos Vinhal
Primeiramente quero agradecer-te o trabalho que tiveste em colocar todo aquele meu trabalho, e da maneiracomo o fizeste, especialmente onde colocaste fotos, que de certo modo deu mais interesse aos leitores.
Terminado esse trabalho aqui te envio o "Papa Ratos" tal e qual como foi passado, e da forma como o descrevo, pois aconteceu tudo isso em Teixeira Pinto.
Albino silva


O PAPARRATOS

Memórias de Guerra
Livro de José Pardete Ferreira
1969 - 1971

Anualmente era realizado um Convívio a nível nacional, de ex-combatentes da Guiné que tinha como data o dia 5 de Outubro. Agora não sei se ainda se realiza, mas talvez sim pois a organização era excelente.

Foi exactamente num desses encontros que eu participei, pois julgava que iria encontrar camaradas do meu Batalhão, já para não falar de Companhias, mas, apenas encontrei o Couto, um camarada da CCaç 2368, Feras, no meio de centenas de outros camaradas que pela Guiné tinham passado como eu.

Estávamos nos na conversa, falando no passado, quando mais longe do local onde me encontrava, fixei um individuo com um livro na mão. De imediato disse ao Couto que conhecia o tal camarada, ao mesmo tempo em que ele não tirava os olhos de mim. Como ele, eu também tinha um livro na mão, o meu que é a História da Unidade do BCaç 2845.

O titulo que eu consegui ler no livro dele foi O Paparratos.

Aproximamos e eis as primeiras palavras dele:

- Eu conheço-te de algum lado.

De imediato a minha resposta foi, eu também o conheço pois estivemos juntos em Teixeira Pinto na Guiné, e fizemos serviços em conjunto na Enfermaria, mas não me recordo de seu nome nem da Companhia onde prestou serviço.
Alias era normal já que cada Companhia ou quase todas tinham Enfermeiro como por exemplo os Comandos Páras e até Fusas.

Na Enfermaria de Teixeira Pinto tínhamos o nosso médico, o Dr. Maymon Martins, embora houvesse o Dr. Maximino Vaz no Batalhão e ainda outro médico, capitão, que por lá apareceu para substituir o Dr. Maymon Martins, quando este ao fim de 12 meses foi de férias.

Foi nessa altura que se apresentou o tal camarada, ou seja o Dr. Pardete Ferreira, autor deste livro, que era médico na altura do CAOP que tinha ido para Teixeira Pinto, na altura comandado pelo Major Passos Ramos, assassinado em 20 de Abril de 1970 na estrada de Pelundo ao Jol juntamente com os Majores Pereira da Silva e Magalhães Osório que eu bem conhecia.

Como médico, o Dr. Pardete Ferreira só lá esteve quinze dias porque depois seguiu para Bissau onde viria a cumprir serviço no Hospital Militar.

Fizemos troca dos livros, ou seja, eu fiquei com o dele e ele com o meu. Perguntei-lhe se tinha dado o nome de Paparratos ao seu livro, baseado num acontecimento que eu  conhecia passado em Teixeira Pinto.

Pardete Ferreira afirmou que o seu livro não tinha nada a ver com esse caso, mas que tinha ouvido falar dele. Se eu soubesse, para lhe contar. Assim fiz.

Em Teixeira Pinto, nessa altura, havia uma Secção de Comandos entre outra tropa como Páras e Fuzileiros, e todos alinhavam constantemente em saídas para o mato.

Num belo Domingo, na hora de almoço, entrou refeitório dentro o Capitão dos Comandos, e dirigindo-se aos seus rapazes, disse-lhes:

- Rapazes comam e depois descansem bem, pois amanhã às seis horas temos uma saída para o mato que vai ser muito arriscada. Irá durar bastante tempo, por isso descansem bem para que estejam todos operacionais.

Enquanto o Capitão dirigia estas palavras, um rato correndo chão foi-se esconder debaixo de um bidão que fazia de protecção, mas deixou parte do rabo de fora.

Ao ver o rato, um militar, na brincadeira, levantou-se e virou-se para o Capitão dizendo:

- Meu Capitão, se eu comer um rato vivo que está debaixo daquele bidão, dispensa-me de ir para o mato?

Resposta do Capitão:

- Se conseguires apanhar o rato vivo e o comeres, ficas dispensado de ir para o mato amanhã.

Dito isto, o militar que não quero nomear, dirigiu-se ao bidão, apanhou o tal rato pelo rabo e de imediato o meteu vivo na boca e o comeu, deixando toda a malta pasmada, incluindo o Capitão que o dispensou da pela atitude e coragem. A partir daquele momento ficou conhecido pelo Papa Ratos.

Esta foi a realidade que julguei ter dado origem ao livro que o Dr. Pardete Ferreira tinha escrito, mas só conheceu esta história agora que lha contei.

Lembro que o Dr. Pardete Ferreira é médico Cirurgião, em Lisboa, Especialista em Medicina Desportiva e autor de vários livros, alguns deles das campanhas em África.
Normalmente é uma pessoa bem humorada.

O Papa Ratos continuou nos Comandos e em Teixeira Pinto acabaria mesmo por falecer estupidamente.

Era excelente pessoa como camarada e era amigo de praticar o bem, fazendo os outros alegres mesmo quando ele próprio andava triste, e dar coragem aos outros quando ele mesmo não a tinha.
O único defeito, se é que era defeito, era de ser um pouco teimoso.

A sua caserna era junto do arame farpado, próximo da saída que havia para o cais de Teixeira Pinto, onde havia um posto de vigilância, guardado durante o dia por um elemento, juntando-se à noite mais dois para o reforço, como era normal naquele Quartel.

Era quase meia-noite, dois militares descansavam, porque um deles entraria dali a pouco e o outro às 3 horas. O que estava quase a deixar o serviço, um militar africano, ia estando atento a tudo para além do arame farpado, normalmente nada poderia dali vir, porque a escassos metros do arame de vedação havia o rio, local por onde era certo que ninguém tentaria atacar ou entrar no Quartel.

Naquele momento, o Papa Ratos aproximou-se do arame farpado para sair para o exterior, mesmo ao lado do africano que estava de serviço, que o que tentou impedir de sair mas, o Papa Ratos teimoso, não
obedeceu às ordens transmitidas e saiu na mesma.

Claro que a quem vinha de fora para dentro era fornecida um senha por quem estivesse de serviço que teria como resposta a contracenha.

Isso não aconteceu pois o Papa Ratos não ligou à ordem de paragem pelo militar de serviço. Com a sua teimosia, continuou a avançar para o arame, tendo o sentinela apenas um só tiro atingido o Papa Ratos na cabeça, que teve logo morte imediata.

Após isto, o africano fugiu e foi para junto da Prisão, e lá ficou durante o resto da noite enquanto por fora os Comandos o procuravam para ajuste de contas.
Manhã cedo todos correram para a Prisão, mas o africano já lá não estava.

Foi assim a história do Papa Ratos, camarada que tantas vezes atendi na Enfermaria e com quem bebia umas boas bazucas em paga da assistência que lhe prestava.

Nunca mais os Comandos em Teixeira Pinto tiveram bons olhos para os africanos. Não havia justificação para aquela morte, tanto mais que se conheciam, e o luar que  fazia naquela noite era tal que até as águas do Mansoa se viam ao longe.

Foi assim o triste fim de um camarada que vendia saúde, e que quando já pensava em regressar teve este fim trágico e cobarde.

Esta é uma história real, pois eu mesmo a presenciei.

Albino Silva
Sold Maq 01100467
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8036: Blogpoesia (138): Ai Guiné, Guiné (10) (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 4 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7894: Estórias avulsas (105): Encontro com o nosso Camarada Liberal Correia (Mário Fitas)

Guiné 63/74 - P8061: (De)Caras (7): Reconstituição da emboscada do dia 14/6/73, a 3 Km de Piche, pelo sold cond auto Florimundo Rocha (CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74), o único sobrevivente do Unimog 411


Guiné > Zona Leste > Gabu > Carta de Piche (1957) (1/50000) > Local provável da emboscada, levada a cabo por um forte dispositivoo do PAIGC, integrando "cubanos",  a "três ou quatro quilómetros de Piche", a seguir a a um curva, do lado esquerdo da estrada (alcatroada) Ponte Caium-Piche, em 14 de Junho de 1973.  O troço Ponte Caium-Buruntuma não estava alcatroado em 1974 (segundo o depoimento do Rocha). Repare-se que estamos perto da fronteira com a Guiné Conacri, na direcção sudeste (para onde terão retirado as forças do PAIGC, c. de 200, segundo a versão do Rocha).



Reconstituição da emboscada do dia 14/6/73, feita em 4 do corrente, ao telefone, pelo Florimundo Rocha (ex-sold cond auto, CCCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74, natural de Lagoa, e que já expressou a sua vontade de integrar a nossa Tabanca Grande, comprometendo-se as fotos da praxe, através da sua filha Susana Rocha) [, foto à direita, 1973, Ponte Caium]:


1.O Rocha já se lembra do número de viaturas que seguiam na coluna, nesse dia fatídico, de 14/6/1973. Ele ia à frente a conduzir o seu Unimog 411, o “burrinho do mato”, que lhe estava distribuído. A seu lado, de pé, ia o Charlô (alcunha do Carlos Alberto Graça Gonçalves, natural de Lisboa) . E atrás, sentados nos bancos, os restantes camaradas do pelotão que haveriam de morrer nesse dia e hora, numa curva da estrada para Piche, a escassos 3 quilómetros da sede da unidade, a CCAÇ 3546/BCAÇ 3883… A saber: o Torrão, o Fernandes e o Santos…

2.Também não pode precisar a hora, mas terá sido depois das 9 da manhã. Foi seguramente da parte da manhã. Antes de partirem para Piche, uns tinham jogado à bola, e outros (uma secção) tinham ido à lenha, como era habitual… Eram actividades que eles faziam pela fresca. Lembra-se que o Torrão nesse dia estava de serviço à lenha. Quanto ao futebol, costumavam jogar, de manhã, pela fresca. O Rocha não falhava um jogo, aliás veio continuar, depois da peluda, a jogar futebol, em clubes da 2ª e 3ª divisões, no Algarve.

3.Já não tem a certeza, mas atrás de si, devia vir uma Berliet, com restos de materiais de construção ou madeiras. Também não se lembra se havia mais viaturas. Tem ideia que “malta de Buruntuma [, CCAÇ 3544, ], ou de Camajabá [, outro destacamento de Piche, CCAÇ 3546]” também vinha atrás, numa terceira viatura… O Wolkswagen (alcunha de um camarada que ficará ferido) vinha atrás, numa outra viatura. O Rocha não o deixou vir com ele. Nessa altura as relações entre ambos não eram as melhores.

4. A distância entre a primeira viatura (o 411) e a segunda (talvez a Berliet) deveria ser de “80 metros”. Ele, Rocha, não ia a mais de 70 km, que era o máximo que o “burrinho” dava, em estrada alcatroada. O asfalto ia até à Ponte. Trabalho da Tecnil, cujas máquinas chegaram a ser atacadas e algumas incendiadas pelo PAIGC. As bermas estavam limpas, o capim cortado. Estamos no início da época das chuvas. E foi “na curva” que o Rocha começou a ver cabeças, de gente emboscada. “Eles tinham-se entrincheirado nos morros de terra deixados pelas máquinas da Tecnil”… Pelo número de efectivos (falava-se no fim “em mais de 200”), está visto que a emboscada “não era para eles”, mas sim para o pessoal de Piche.

5.Quando o 411, conduzido pelo Rocha, entrou na “zona de morte”, na curva, os primeiros tiros (ou roquetadas) furaram-lhe os pneus. A malta foi projectada. A viatura capotou. O Rocha ficou caído mo lado direito da estrada. Os tipos do PAIGC estavam do lado esquerdo. O fogachal foi tremendo. Ele ainda conseguiu proteger-se atrás da viatura que ficou a trabalhar, de pernas para o ar. Lembra-se de ter pegado em duas ou três G3, dos camaradas feridos, e de ter respondido ao fogo do IN.

6.A emboscada poderá ter demorado “15 a 20 minutos”… O IN teve tempo para tudo: meio escondido, a uns 50 metros já da viatura sinistrada e dos camaradas feridos, viu uns gajos "brancos", “cubanos”, a falar espanhol, a saltar para a estrada… Já não pode precisar quantos eram, mas eram sobretudo “brancos”, poucos negros… Falavam em voz alta, e diziam qualquer coisa, em espanhol, como “condutor morto, condutor morto”… Completamente impotente, sem poder intervir, viu com os seus próprios olhos o espectáculo macabro, os tiros de misericórdia que acabaram com a vida dos camaradas moribundos, tiros na nuca ou na boca. Confirma o que já tínhamos dito antes: os corpos foram depois retalhados, por rajadas de Kalash…

7.Ainda se lembra da chegada das chaimites de Piche, que fizeram fogo contra as forças inimigas, que ripostaram, já no final dos combates. Talvez meia hora depois do início da emboscada. Ainda se lembra, dos 3 ou 4 feridos que foram evacuados, de heli, em Piche. Houve alguém que sugeriu que ele aproveitasse a boleia e se fizesse maluco. Mas ele recusou. Nesse mesmo dia regressaria à Ponte Caium. Não se lembra de ter tido o conforto de nenhum superior hierárquico. Uma simples palavra, muito menos um louvor. Voltou para a ponte e dormiu, como “dormia todos os dias, como ainda hoje dorme” (sem pesadelos ?..., não me respondeu à pergunta)…



Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) >  Destacamento da Ponte Caium > Da esquerda para a direita: O 1º Cabo Pinto, e os soldados Ramos, Cristina (segurando granadas de morteiro 60), o Wolkswagen, o Fernandes, de pé (outro que morreu na emboscada de 14/6/1973) e o Silva ("que percorreu 18 km com um tiro no pé!")...  Foto e legenda do Jacinto Cristina: falta identificar o condutor do Unimog 404.


Foto: © Jacinto Cristina (2010). Todos os direitos reservados


8. A única versão que até agora tínhamos desta emboscada, era a do Cristina (que ficou no destacamento e que,portanto, só pode contar o que lhe contaram os sobreviventes; ou do que se lembra dessas versões, e que já aqui resumimos, em tempos=:

“Em data que o Cristina já não pode precisar, a sua companhia sofreu uma violenta emboscada, entre Piche e Buruntuma, montada por um grupo ‘estimado em 400’ elementos IN (ou ‘turras, como a gente lhe chamava’)...Um RPG 7 atingiu a viatura da frente da coluna, que ia relativamente distanciada do grosso da coluna, e que explodiu...Houve de imediato 4 mortos: O Charlô e o Fernandes foram dois deles... Dos outros dois o Cristina já não se lembra.

“Com as granadas de mão dos mortos, o Wolkswagen conseguiu aguentar o ímpeto da emboscada, mas chegou a ter uma Kalash apontada à cabeça... Ninguém sabe como ele se safou... O Silva por sua vez levo um tiro no pé, fugiu, e mesmo ferido fez 18 km até ao aquartelamento”...

9… E voltamos ao monumento erigido á memória dos mortos da Ponte Caium. A ideia, não há dúvida, “foi do Alexandre”, do Carlos Alexandre, que tinham conhecimentos de moldes por trabalhar na construção naval, em Peniche. Ele, Rocha, também deu uma ajuda. Mas não lhe perguntem datas nem pormenores. Disse-lhe que o Cristina já não se lembrava de nada e que o Alexandre estava furioso por causa da amnésia dos camaradas.


10. Disse-me, por outro lado, que a filha ia mandar-nos as fotos pedidas, para poder entrar na nossa Tabanca Grande. Sentiu-se muito bem em falar comigo e contar toda esta tragédia. Estava mais calmo do que da primeira vez, em que me falou desta tragédia, emocionadíssimo. É um homem simples e franco. Pu-lo à vontade, mas ainda não consegui que ele me tratasse por tu… “Muito obrigado, o senhor (sic) tem aqui uma casa às suas ordens, quando vier a Lagoa”… 

11.Da nossa conversa, à noite ao telefone (foi ele que me ligou), fiquei a saber que,  em Janeiro de 1973, tinha vindo de férias à Metrópole. Estava, de regresso, em Piche quando se deu a tragédia que matou o Furriel Cardoso, já em 19 de Fevereiro de 1973. Só depois dessa data é que foi para a ponte, para onde ninguém gostava de ir. E por lá ficou até ao fim da comissão.

12. Mas logo a seguir, aconteceu outra tragédia: a morte do Silva, apontador de canhão sem recuo… Morreu na sua viatura quando tentaram levá-lo, moribundo, até ao helicóptero, foram pela estrada fora, sem picar, sem segurança. Tarde demais. Um estúpido acidente, que marcou muito o grupo.

13. Os furriéis só iam um de cada vez para ponte: o Cardoso, que foi vítima da explos
ão de uma armadiha; o Ribeiro, de Braga; o Barrroca, alentejano… No dia da embocada, estava o Ribeiro na ponte. Mais o Cristina, municiador, do morteiro “grande”, o 10,7… 

O Rocha esclarece ainda que na foto de grupo [vd. poste P8029], não é o Santiago (que é da Covilhã), mas sim o Serra (que é de Barcelos), quem aparece à esquerda, de pé… 

Nunca foi a um convívio do batalhão ou da companhia. Voltei a dar-lhe os contactos telefónicos do Cristina. Tentara ligar para o fixo, mas ninguém atendeu. Em, contrapartida, já tinha falado com o Alexandre (ou o Alexandre com ele)…. 

Sobre a ponte diz que era de boa construção, dos princípios dos anos 60. “Até se dizia que tinha sido construída pelo Amílcar Cabral”… Rectifiquei: o Cabral não era engenheiro de pontes, mas agrónomo… Não bate certo… 

13. Outras memórias da ponte: O Gen Spínola um dia aterrou lá, estavam a jogar futebol… Usavam todos barba e cabelo compridos. Não havia barbeiro. O Spínola deu uma piada qualquer, ia de heli para Buruntuma. 


14. Despedi-me do Rocha, para o poupar, mas com a promessa de voltarmos a falar, com mais tempo e vagar. Percebo que lhe fazia bem. E que, por outro lado, só lhe interessa a verdade dos factos… Parece ter boa memória fotográfica.
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Nota do editor:

Último poste da série 14 de Janeiro de 2011> 

Guiné 63/74 - P7615: (De)Caras (6): A emboscada às NT na estrada Galomaro-Bangacia (Duas Fontes), em 1/10/1971: o relim do comandante do PAIGC Constantino dos Santos Teixeira,Tchutchu

Guiné 63/74 - P8060: Agenda cultural (115): Reportagem de Conceição Queiroz, na TVI, no passado dia 28 de Março, sobre a Mutilação Genital Feminina (Hugo Moura Ferreira)

1. Mensagem do nosso camarada Hugo Moura Ferreira:

Data: 3 de Abril de 2011 19:23
Assunto: MGF

Caros editores:

No passado dia 28 de Março, a TVI apresentou o REPÓRTER TVI, ["Cicatriz", ]  que versou sobre a Mutilação Genital Feminina, com declarações bem interessantes, apresentado por uma jornalista [, Conceição Queiroz, ] que profissionalmente considero bastante.

Como sei que há alguns dos camaradas que se interessam por este tema, aqui deixo o link da TVI para a referida Reportagem, a fim de que possa ser circulado por vós, se assim entenderem:

http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13406717/1 [Vídeo: 37' 32'']

Abraço amigo.

Hugo Moura Ferreira

Guiné 63/74 - P8059: Efemérides (65): Freguesia de Mar-Esposende: Homenagem aos ex-Combatentes no dia 1 de Maio de 2011 (José F. Silva/Fernando Cepa)

1. O nosso Camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos em 4 de Abril de 2011, a seguinte mensagem.
Camaradas,

Conhecendo bem o meu ex-camarada de guerra da Guiné, Fernando Cepa, apercebi-me que está bastante ligado a mais um evento de cariz social que não nos pode deixar indiferentes.

Trata-se da feitura de um monumento aos ex-combatentes de Esposende, cuja inauguração se anuncia para o dia 1 de Maio próximo.

Falei-lhe da possibilidade do evento ser anunciado no nosso blogue e pedi-lhe que escrevesse alguma coisa sobre isso.

Ele, assim o fez e creio que é merecedor do nosso apoio. Junto o texto, tal e qual o forneceu e ainda a fotogravura do referido monumento.

Um abraço

José F. Silva

HOMENAGEM AOS EX-COMBATENTES NA FREGUESIA DE MAR-ESPOSENDE NO DIA 1 DE MAIO DE 2011

Numa louvável iniciativa da Junta de Freguesia de Mar, do Centro Social da Juventude de Mar e dos ex-Combatentes do Ultramar, vai realizar-se na freguesia de S. Bartolomeu do Mar – Esposende, no dia 1 de Maio de 2011, uma justa homenagem aos soldados daquela freguesia que durante cerca década e meia, combateram bravamente em terras de África, na defesa da Pátria.
Esta iniciativa que está a merecer uma extraordinária adesão e que tem vindo a ser programada com bastante rigor, tem o apoio de diversas entidades locais e nacionais, destacando-se o empenho do senhor Tenente General Joaquim Chito Rodrigues, Presidente a Liga dos Combatentes, e do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Esposende.
A ideia, amadurecida há vários anos, remonta ao ano de 2004, quando os ex-Combatentes se reuniram pela primeira vez, no dia 11 de Junho de 2004 no Centro Social da Juventude de Mar.
Seguiram-se outras reuniões, sem que, se avançasse definitivamente com um programa e um espaço temporal para a homenagem, embora todos concordassem com a da justeza da iniciativa.
Entretanto, na passagem dos 50 anos do inicio da guerra colonial, a Junta de Freguesia de Mar e o Centro Social da Juventude de Mar, decidiram finalmente avançar com um projecto, ao qual associaram os ex-Combatentes.
Assim, em reuniões de 15 de Janeiro, 5 de Março e 2 de Abril de 2011, realizadas na Junta de Freguesia de Mar, ficou definitivamente assente o programa a executar.
Decidiu-se que o Memorial a erigir, evocativo da efeméride, seria construído exclusivamente em granito, por ser uma matéria prima, nobre, e característica da nossa região.
A figura do soldado destacar-se-á em alto relevo, personificando a bravura duma geração de jovens que se bateram até à exaustão, de armas na mão, na defesa da Pátria.
As legendas serão em baixo relevo para resistirem as intempéries. O cravo, simboliza a ligação dos ex-Combatentes à libertação e democratização de Portugal. Pese embora, o facto de homenagem ser abrangente a todos os militares do Ultramar, decidiu-se, e bem, particularizar no Memorial, uma mensagem em que fosse lembrada a memória de dois soldados, filhos desta terra, que tombaram em combate e cujos corpos ficaram em África, o José Vaz Saleiro Lima em Moçambique e o Gastão Vaz Saleiro Lima em Angola.
O programa da homenagem é o seguinte:
  • 10.00 h – Recepção às Autoridades Civis, Militares e Religiosas na sede da Junta de Freguesia de Mar.
  • 10.15 h – Inauguração da Exposição sobre os ex-Combatentes na sede da Junta de Freguesia de Mar.
  • 10.45 h – Missa, sufragando a memória dos ex-Combatentes falecidos, com bênção e inauguração do Memorial.
  • 11.45 h – Sessão de Encerramento.
Muitas entidades já manifestaram interesse em participar nesta homenagem, estando já confirmada a presença do senhor Presidente da Câmara Municipal de Esposende, e, provavelmente, o Contra-Almirante e Vigário Geral Castrense e Capelão Chefe das Forças Armadas, Rev. Padre Manuel Amorim, irá presidir à celebração da Eucaristia.
Através da Liga dos Combatentes, foi requisitada ao General Chefe do Estado Maior do Exército, uma força militar com secção de atiradores e clarins para prestar as devidas honras militares.
Fernando Cepa
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série:

Guiné 63/74 - P8058: Parabéns a você (238): Fernando Manuel Belo, ex-Soldado Condutor da 3.ª CCAV/BCAV 8323, Pirada 1973/74 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

07 DE ABRIL DE 2011

FERNANDO MANUEL BELO*

Caro camarada Fernando Belo , a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva.

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia, desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

(*) Fernando Manuel Belo foi Soldado Condutor da 3.ª CCAV/BCAV 8323, Pirada, 1973/74

Vd. poste de 10 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5090: Tabanca Grande (179): Fernando Manuel Oliveira Belo, ex-Soldado Condutor da 3.ª CCAV/BCAV 8323 (Pirada, 1973/74)

Vd. último poste da série de 6 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8054: Parabéns a você (237): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp da CART 3492; Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15, Guiné 1971/73 (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8057: Notas de leitura (226): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Abril de 2011:

Queridos amigos,


Aqui se dá por terminado o relato das 4 campanhas de Teixeira Pinto entre 1913 e 1915.


A pacificação foi um facto, mas só se deu por concluída em 1936. Teixeira Pinto irá morrer no combate de Negomano, frente aos alemães, em 26 de Novembro de 1917.


Abdul Injai irá cair em desgraça e será deportado. Todo este episódio da campanha de 1915 decorre já numa atmosfera de envenenamento que preludia as calúnias sobre o grande herói Teixeira Pinto. Lastimavelmente, todos estes episódios históricos estão mal estudados, parece que a Guiné só ganha importância aos olhos do historiador com a chegada do comandante Sarmento Rodrigues. Coisas da história.


Um abraço do
Mário


João Teixeira Pinto, a ocupação militar da Guiné (3):

Campanha contra os Papéis e Grumetes de Bissau (1915)

Beja Santos

Estamos chegados ao relatório fundamental de Teixeira Pinto, após a sua derradeira campanha na Guiné. É um documento histórico indispensável para a compreensão da colonização portuguesa na região. Teixeira Pinto está ciente das animosidades que impendem sobre ele e o seu favorito Abdul Injai. Acusa-os de despeito e inveja, são aqueles que na produziram a favor da Guiné e que só sabem censurar e criticar e diz: “Para esses todo o meu desprezo e o dos meus valentes companheiros de armas”. E começa por fazer o histórico das suas campanhas a partir de 1912. Diz sem papas na língua que nesse tempo “a nossa autoridade era puramente nominal na região compreendida entre os rios de Farim e o rio Geba, abrangendo os povos Oincas, Balantas, Brames ou Mancanhas, Manjacos e Papéis, com ocupação apenas das vilas de Cacheu e Bissau e posto militar de Gole”.

Rememora algumas campanhas infelizes, enumera os desastres e até massacres de tropas e populações. Diz ter lido relatórios e ouvido testemunhas das campanhas anteriores e ter concluído que as razões de todos esses revezes fora a utilização dos Grumetes como auxiliares, sobretudo. Acrescenta que em Dezembro de 1912 fora a Bafatá e que o administrador de Geba,  Vasco Calvet de Magalhães,  lhe apresentara o régulo do Cuor, Abdul Injai (“fiz um rápido estudo dele e da sua gente e desse rápido estudo concluí que eram eles os auxiliares que convinham”). Arranjados os auxiliares, disfarçou-se e percorreu o Oio.

Refere depois como deixou o Oio submetido, a seguir foi a Cacine e Gadamael reprimir indígenas sublevados, restabeleceu a ordem. Dá-se depois o massacre de Churo em que, entre outros, perdeu a vida o alferes Nunes. Segue-se a descrição da campanha em que submeteu os manjacos, os Mancanhas ou Brames, submetendo-os. Tendo havido o massacre de uma força de 70 auxiliares procedeu contra os Balantas, estes também se submeteram, foi criado um posto em Nhacra.

Estamos chegados à sublevação dos Grumetes e dos Papéis. Teixeira Pinto escreve: “Todos os Grumetes, mesmo os melhores colocados, apoiados pela Liga Guineense, empregaram todas as suas influências e conjugaram todos os seus esforços para impedir a guerra… O atrevimento dos Papéis era tal nas ruas de Bissau que, se se cruzavam com algum europeu na rua, em lugar de se afastarem, pelo contrário esbarravam com o europeu e, com um encontram, afastavam-no. Quando algum branco ia passear para fora da vila, logo a 100 metros, era frequente encontrar um Papel que lhe dizia para voltar para vila porque aquele chão não era do governo”.



E justifica as hostilidades em que incorreu: “Dizia-se que era eu que incitava a guerra. Mandaram um comissionado a Lisboa para enganar o Ministro, para lhe arrancar ordem para que a campanha se não fizesse, alegando que os pobrezinhos não tinham armas e eram muito obedientes. Digo enganar, porque a presente campanha provou que os Papéis e Grumetes estavam muito bem armados e municiados… estabeleceram intrigas entre os chefes irregulares, entre este e o Abdul e enquanto fui a Lisboa procurar indispor os oficiais comigo. A todos os que queriam opor-se a esta campanha lhe chamo aqui, e bem do íntimo da minha alma réus de alta traição”.

Falando dos preparativos, expõe a composição dos efectivos, as forças navais utilizadas, o armamento, o estado de sítio da Praça de Bissau, a presença de Abdul Injai com 1600 irregulares armados com 580 Sneiders, 425 Kropatcheks e perto de 400 armas de espoleta e mais de 100 cavaleiros.



Uma vez mais, Teixeira Pinto é minucioso, estabelece como um quase diário das operações que se vão desenrolar já em plena época das chuvas. Há parágrafos quase épicos, veja-se este exemplo: “Numa arremetida de leões os meus valentes soldados e irregulares carregam de novo sobre o inimigo e, numa arrancada, levam-nos de vencida até ao Alto do Intim e infligem-nos tais perdas que as forças recolhem trazendo os seus mortos e feridos, sem que o inimigo os incomodasse com um único tiro. Para mim estava terminada a lenda dos Papéis. Com aquela coluna, depois da rude prova porque acabava de passar e animada do entusiasmo de que estava possuída, eu adquiri a certeza da derrota do inimigo e da conquista da ilha de Bissau”.

Daqui avança para o chão Papel, descreve o fogo de artilharia, o avanço das colunas e acrescenta um novo parágrafo épico: “Neste dia de luta de 1 contra 10, com inimigo bem armado com armas aperfeiçoadas, bastante cartuchame e com a lenda de invencível, cada soldado, cada irregular, cada voluntário, foi um herói. Os graduados regulares e os chefes irregulares portaram-se de tal modo, mostraram tanta energia, tanto sangue frio, desenvolveram tal actividade que não sei descrever o entusiasmo quando à tarde estávamos acampados sem se ouvir um tiro, no mesmo sítio em que acampou a coluna de 1908, que foi sempre mais ou menos hostilizada pelo inimigo”.

A campanha prossegue, marcha-se para Safim, Teixeira Pinto comanda as operações ferido, deitado numa maca. As colunas seguem para Bor, tomam Bissalanca, depois Comura, Prábis, Cussete. Regista-se uma traição na estrada do Biombe, o régulo foi preso e Teixeira Pinto observa: “Interrogado o régulo, declarou que ele nunca se submetia porque ele odiava os brancos; que tinha mandado sempre 500 homens a cada combate que tinha havido e enquanto ele fosse vivo e houvesse um Papel de Biombe haviam de fazer guerra ao governo e que, se morresse, e lá no outro mundo encontrasse brancos, lhe havia de fazer guerra. Disse que se considerava o mais valente de todos os régulos porque não tinha fugido da sua terra, pois cria ali morrer”. A 17 de Agosto de 1915 a campanha terminou, havia 4 postos em Bor, Safim, Bejemita e Biombe. Papéis e Grumetes eram tidos como etnias submetidas. O relatório termina assim:

“Antes de concluir este relatório venho ainda relembra a conveniência de se apurar a responsabilidade de todos aqueles, Grumetes e não Grumetes, que mais ou menos concorreram para a revolta dos Papéis e proceder-se à captura e deportação para outra província dos Grumetes que tendo andado dentro de Bissau a fazer fogo contra nós, hoje fugiram dali refugiando-se nas pontas de Quínara e nos Bijagós.

São rebeldes, com a consciência dos actos que praticavam, visto serem civilizados, que pegaram em armas contra o governo, armas que ainda conservam. Sem ser profeta, estou convencido que, se continuarmos com a brancura dos nossos costumes e deixarmos sem a punição que merecem em pouco tempo eles farão rebentar nova revolta entre os Balantas, Manjacos ou Papéis, povos que, como V. Ex.ª sabe, são guerreiros por índole e por tanto sempre prontos a pegarem em armas, muito principalmente incitados pelo exemplo daqueles que tendo sido rebeldes ficaram impunes e que continuam por esse facto a gozar grande prestígio entre aqueles povos.
Oxalá eu me engane”.

Segue-se a lista de numerosos pedidos de louvor e condecorações para tropas regulares e irregulares e até mesmo para comerciantes. Esta era a Guiné de 1915, um território em que nem em Bissau se podia viver descansado. Compete ao historiador reflectir e analisar sobre os apoios que Teixeira Pinto obteve e quais os inimigos que temporariamente se submeteram.

Este conjunto de relatórios são peças de uma importância inequívoca para se conhecer tudo quanto se passou na história recente, sobretudo de 1961 a 1974.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8047: Notas de leitura (225): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (2) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8056: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (3): Minas entre Jumbembem e Lamel

1. Terceiro dos Episódios da Guerra na Guiné, trabalho do nosso camarada e Manuel Sousa (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74), enviado em mensagem do dia 15 de Março de 2011:


EPISÓDIOS DA GUERRA NA GUINÉ 1973/1974 (3)

MINAS ENTRE JUMBEMBÉM E LAMEL

Por volta do dia 20 de Maio de 1974, um ano após os acontecimentos de Guidage, um mês depois do 25 de Abril, o PAIGC, aproveitando a indefinição e a fragilidade políticas de Portugal, intensificou a sua acção na Guiné, a que o quartel de Jumbembém não foi excepção.
O limite do subsector era numa linha de água designada por rio Lamel, situada a cerca de 3Km para o lado de Farim, cuja ponte, de pedra e cimento, estava frequentemente sabotada por parte do PAIGC.


Ponte de Lamel. Foto de Carlos Silva revelada a partir de um slide do ex-Alf Rebelo da CCaç 2548. Com a devida vénia a ambos.

A passagem das viaturas muitas vezes só era possível sobre troncos de árvore que se colocavam sobre a referida ponte, para suprir a sua destruição parcial.
Tratava-se de uma zona perigosa, porque era ali nas proximidades da ponte que os guerrilheiros do PAIGC passavam do Senegal para uma das suas “zonas libertadas”, Bricama, e vice-versa.

Num desses dias de Maio, durante a noite, foram ouvidas em Jumbebém algumas explosões para o lado de Lamel, presumindo-se que se trataria de mais uma sabotagem à ponte, pelo que foram feitos uns disparos de obus naquela direção, a que se chamava o batimento da zona.

No dia seguinte foi recebida informação, através dos pilotos de dois helicópteros que deslocaram a Jumbembém, que a ponte estava destruída e a picada estava obstruída por abatimento de árvores.
Já sabíamos o “barril de pólvora” que nos esperava aquando da realização da próxima coluna.

Talvez logo no dia seguinte, não me recordo bem, foi organizada a coluna a Farim, com a prévia picagem da picada até Lamel.
Nesse dia a picagem esteve a cargo do 3.º Pelotão, a que eu pertencia, reforçado pelo 4.º creio, e entre os quatro homens destinados a picar, eu, mais uma vez, estava incluído.

À saída do quartel, um dos quatro picadores, sabendo o que nos esperava, fez tudo para ir a picar em último.
Coloquei-me então eu à frente, do lado direito, outro atrás, do lado esquerdo, outro mais atrás, do lado direito e o tal que fez questão de ir em último mais atrás, do lado esquerdo.
Como “picas” usávamos, nesta altura, umas varas com cerca de 4 ou 5 metros de comprimento, as chamadas “canas da índia”, que nos permitia estar o mais longe possível de eventuais explosões de minas ao serem tocadas.

Sensivelmente a meio do percurso, próximo do chamado “Alto de Lamel”, apercebo-me da existência de rastos de bota diferentes das que nós usávamos, ao longo da picada, junto ao capim, que segui atentamente.
A dada altura, cerca de 20 metros depois, aqueles rastos deixaram de se ver, desfeitos aparentemente por um arbusto.
Ali parei e olhei mais em pormenor a picada e vi um quase imperceptível rebaixamento, portanto na rodeira do lado direito, muito alisado.

Passei a palavra para trás para o Alferes Macedo, Comandante do 4.º Pelotão, especialista em minas e armadilhas, se deslocar até mim.

Depois de lhe ter relatado a situação, mandou-me recuar e colocou um pequeno petardo junto ao tal rebaixamento que, com a sua detonação, originou o rebentamento duma potente mina anti-carro, abrindo uma enorme cratera na picada.

Reiniciámos novamente e progressão e, a cerca de 20 metros depois, ouvi uma pequena explosão atrás de mim, o que me levou a baixar imediatamente, pensando tratar-se de alguma emboscada.
Apercebi-me então que foi uma outra mina que explodiu na rodeira do lado esquerdo, acionada pelo tal militar que fez tudo para ser o último da picagem.

Por sorte a mina fazia parte de algum lote antigo e já não se encontrava em condições, rebentando apenas o dispositivo anti-pica, deixando o explosivo da mina anti-carro à vista, uma espécie de gesso em fragmentos.

Prosseguimos mais uma vez, e já com as tais árvores que obstruíam a picada à vista, a cerca de 200 metros, vejo indícios idênticos ao anterior.

Repetiu-se o mesmo procedimento, com a explosão de outra mina, originando, também, uma profunda cratera.

Continuámos e, a escassos metros, ouço outra pequena explosão a trás, concluindo-se que fo mais uma mina que rebentou na rodeira, do lado esquerdo, depois de passar o tal último picador, debaixo da roda da frente de uma Berliet da coluna que vinha atrás. Felizmente também com deficiência, à semelhança da anterior, rebentando apenas o pneu da viatura.

Chegámos então às árvores caídas na picada, a escassos 200 metros da ponte e, junto a uma delas, fora da picada, tinha explodido uma mina anti-carro, accionada por um javali.

A partir dali as viaturas saíram fora da picada e atravessaram o rio, na altura sem água, ao lado da ponte, restabelecendo-se a ligação com Farim, cujos picadores já estavam do outro lado à espera.

Não houve qualquer contacto com o IN, contudo tudo se passou sob um estado de tensão só imaginável por quem por ali passou.

Passados alguns dias iniciaram-se os contactos com o PAIGC, no sentido de se acabarem as hostilidades

Aqui fica o meu testemunho destes dois dos vários episódios de guerra em que estive envolvido.

Uma nota final:
Por tudo aquilo que vi no teatro de guerra da Guiné, admirei a disciplina, a coragem e até a valentia das chamadas forças especiais, Marinha (Fuzileiros), Força Aérea (Pára-quedistas) e Comandos, sendo o seu contributo importante nos momentos mais críticos da guerra nesta província, como no caso de Guidage.
Mas, sem querer aqui esgrimir argumentos a favor ou contra qualquer ramo das Forças Armadas, porque todas elas deram o seu melhor nas missões que lhe foram atribuídas, não queria deixar uma referência especial para o Exército, a que eu pertencia:

Como força de quadrícula, ou seja, cada unidade ou sub-unidade era instalada no terreno, num sector, cuja missão era:

- De defesa desse sector (operações e patrulhamento, colunas, construção de valas e instalações abrigo, vedações de arame farpado, etc.);

- De logística (construção e manutenção de infra-estruturas, manutenção de viaturas, alimentação, reabastecimentos, etc.);

- De âmbito social, em relação às populações sob a sua responsabilidade (construção de tabancas, apoio sanitário, apoio alimentar, etc.

Com estas características o Exército tornava-se mais vulnerável. O IN sabia que estávamos ali, sabia que utilizávamos as picadas de acesso. Portanto podia surpreender-nos a qualquer momento.

Enquanto as forças especiais eram forças de intervenção e de reserva, ou seja, estavam bem instaladas em Bissau, no caso da Guiné, bem alimentadas, e nas suas operações surpreendiam o IN, com resultados sensacionais, regressando de novo à base, o Exército estava sempre no terreno, como acima disse, sob desgaste físico e psicológico, mais vulnerável às investidas do IN.

Só para dizer, e não vejam isto como “puxar a brasa à minha sardinha”, é uma constatação, que o Exército foi a força que mais sofreu física e psicologicamente, no caso da Guiné que conheço.

Aqui deixo um abraço para todos aqueles que, como eu, ali deram o corpo ao manifesto e a sentida homenagem a todos os que, infelizmente, não tiveram a sorte de voltar, em especial aos que fiz questão de identificar neste trabalho, que comigo conviveram de perto.

Um abraço.
Manuel Sousa
Fevereiro de 2011
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8044: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (2): Afinal, os Anjos acompanham-nos

Guiné 61/74 - P8055: O Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande (40): A aparição do Florimundo Rocha, de Lagoa, Algarve (Carlos Alexandre, ex-Sold Trns, CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74)




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte do Rio Caium > Legenda rectificada (*): Quatro camaradas, quatro amigos: Da esquerda para a esquerda: (i) Serra (sold atirador, natural de Barcelos, e não o 1º Cabo Santiago, que é da Covilhã); (ii) Florimundo Rocha (sold condutor auto, algarvio de Lagoa); (iii) Carlos Alexandre (operador de transmissões, fadista, carpinteiro naval, natural de Peniche); e (iv) Jacinto Cristina (padeiro e municiador do morteiro, natural de Ferreira do Alentejo)...

Foto gentilmente cedida pelo meu amigo (e camarada) Jacinto Cristina,d e Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo.


Foto: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



1. Mensagem de Carlos Alexandre, outro bravo de Caium, membro da nossa Tabanca Grande, a viver em Peniche:

Data: 2 de Abril de 2011 15:00
Assunto: A aparição do Rocha


Luís, boa tarde. Como era de esperar, ao ter conhecimento desta nova aparição (*), e como não podia deixar de ser, apenas esperei horas decentes para fazer o contacto telefónico, e por volta das doze e trinta surgiu a mesma voz perdida há trinta e sete anos atrás aquando,  por força das circunstâncias, o batalhão [, o BCAÇ 3883, ] regressou a Portugal e deixou os de rendição individual ao Deus dará,  sem o mínimo de condições de agir, dado o estado físico e psicológico subjacente aos dias vividos naqueles lugares... Mas até aí em grupo, onde nos identificávamos como um colectivo e nesse colectivo éramos como um por todos e todos por um,  como é evidente eu tal como outros que lá ficaram, fomos entregues ao desprezo angustiante, por aqueles cuja responsabilidade, no mínimo, era acompanhá-los e deixá-los bem entregues, para que não tivessem de passar o que é próprio de quem se sente completamente só e ao abandono, depois de termos passado por onde passámos.

Foi com muita expectativa e alegria que marquei os números indicados, e com eles o prazer de falar com o Rocha [, o Florimundo Rocha] (*). A conversa foi curta, apenas uma troca de informações, mas ficou presente a importância da sua presença no próximo encontro do batalhão a realizar nem sei quando nem onde, mas espero contactá-lo quando receber essa informação.

O Rocha estava instalado no abrigo em frente ao das transmissões, os companheiros destes grupos estavam mais perto uns dos outros,  como é natural, por consequência o contacto estava mais presente, a nossa relação era mais achegada, pertencíamos ao grupo dos abrigos do lado de Buruntuma.

Foi um prazer falar com o Rocha, espero ser muito maior o encontro depois destes anos todos.

Já a gora permitam-me voltar ao mesmo esclarecimento, o companheiro indicado como sendo o Santiago não corresponde à verdade, como já foi referenciado anteriormente, e segundo o Rocha esse companheiro é o Serra. O Rocha saberá identificá-lo melhor deu.

Obrigado pela presença tão especial que o passado nos presentei-a através do vosso esforço.

Carlos Alexandre.
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 1 de Abril de 2011 | Guiné 63/74 - P8029: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (39): Florimundo Rocha, natural de Lagoa, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 3546, 1972/74 (Piche, 1972/74), outro "bravo da Ponte Caium", sobrevivente da emboscada de 14/6/1973

Guiné 63/74 - P8054: Parabéns a você (237): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp da CART 3492; Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15, Guiné 1971/73 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

DIA 6 DE ABRIL DE 2011

JOAQUIM MEXIA ALVES

No dia em que o nosso camarada Mexia Alves, um dos nossos "maiores" tertulianos, completa mais um de muitos anos que tem pela frente, não puderam uns quantos camaradas deixar de colaborar no seu poste de aniversário, ajudando assim o editor de serviço.


1. Comecemos pelo nosso designer oficial Miguel Pessoa que primorou na qualidade e na quantidade:





2. De Alcobaça para Monte Real, do nosso camarada e amigo JERO:

PARABÉNS Joaquim Mexia Alves,

«Os homens que amam a terra, que amam a sua terra, são sempre homens grandes, leais, sinceros, frontais, honestos, amigos do seu amigo».

Tu, Joaquim, és sem dúvida um desses homens.
E é um privilégio ser ter amigo e poder no dia em que celebras o teu aniversário natalício juntar a minha “palavra” e o meu testemunho de amizade a todos – e são muitos – que te estimam.

Parabéns Joaquim. Que contes muitos.


Para terminar esta breve mensagem queria pôr-te ao peito uma “condecoração”.
Reúnes todos os requisitos para ser “Alferes Honorário” da minha CCaç 675, que foi uma Companhia de elite louvada pelo Comandante militar em O.S. nº. 60, de 23 de Julho de 1965 do C.T.I.G. pela notável eficiência, entusiasmo e bravura como cumpriu a sua missão.

Meu irmão de armas e de ideais em sentido te saúdo… sentidamente.
Um grande abraço de Alcobaça,
JERO


3. De José Belo, nas belas terras geladas do norte da Europa, directamente para Mexia Alves, seu amigo de colégio:

Tendo em conta que as nórdicas têm fama por esse mundo fora, não só pela sua beleza, mas também por serem... "muito dadas", aqui segue deste extremo-extremo Norte Escandinavo um perfeito exemplar das ditas. (Com a vantagem de, com os muitos anos que já vamos fazendo, e, sem óculos...).


 O que enviar mais a um companheiro de Colégio, camarada da Guiné, e amigo muito especial de todos os seus amigos? A um homem com um coração do tamanho do seu corpo?

Um longo e sincero abraço de PARABÉNS do
José Belo.


4. E, do nosso camarada Alcides Moreira da Silva, esta "curta-metragem":



5. De Jorge Canhão, em descarada concorrência ao nosso ilustrador de serviço:



6. Utilizando a melhor técnica da TSF, do camarada Hélder Sousa:

O Mexia Alves faz anos…
Acreditem, não conhecia o Mexia Alves, não sou contemporâneo, nem conterrâneo, nem, provavelmente, teríamos no passado muita coisa em comum.
Aliás, é bem mais certo dizer que talvez tivéssemos alguma coisa em comum, mas pouco, poucochinho….

E, de repente (talvez até nem tanto assim ‘de repente’, talvez mais do género de ir devagar mas com consistência), por via da Guiné, por via do facto de algures no tempo termos estado ambos na Guiné, por consequência disso acompanharmos o Blogue que em tão boa hora o Luís Graça entendeu fazer, alguns dos nossos passos acabaram por se cruzar. Era inevitável.

Alguns dos seus escritos, alguns dos seus poemas, algumas das suas posições, levaram-me a dedicar-lhe mais atenção, mais observação e, hoje, expurgado que estou de tentações de sectarismo e/ou de ‘certezas’, sinto-me bastante ‘irmanado’ com o Mexia, de que temos público conhecimento.

É certo que, por vezes, surge com alguma truculência, com alguma aparente irritabilidade mas, e há sempre um mas, o que prevalece são as suas posições de solidariedade, o homem ‘amigo do seu amigo’, de lágrima fácil, capaz de despir a sua camisa para confortar alguém. É justo (procura sê-lo) nas suas observações, é capaz de se retratar quando verifica que errou (ou que pode ter magoado alguém involuntariamente) e até já foi capaz de reconhecer aqui no nosso Blogue que contribuímos para o ajudar a ser mais moderado (embora ‘certos’ temas ou opiniões ainda o façam ‘saltar a tampa’, mas menos…, mas menos).

A minha opinião sobre o Mexia é então a de que se trata de um amigo inquestionável, daqueles de quem parece que conhecemos desde sempre, daqueles com quem se pode discutir e discordar porque a verdadeira amizade não está em se ser cópia de alguém mas sim em se poder aceitar diferenças e, com elas, criar pontes.

Hoje é o seu dia de aniversário e à semelhança do que aqui se tem feito, é oportuno deixar umas palavras sobre o que dele pensamos.
Por mim, o melhor possível e está nas linhas acima.

Dá gosto contá-lo e tê-lo como amigo!
Parabéns!
Hélder Sousa


7. Do Pirata de Guileje Manuel Augusto Reis:

Meu bom amigo Mexia Alves:
Hoje é dia de recordar a data do teu Aniversário e manifestar toda a minha consideração e estima por um grande Homem que pelo muito que nos deu na Tabanca do Centro e por inerência na Tabanca Grande. Dedicado, voluntarioso,  és um exemplo para todos nós.

Vejo em ti um camarigo frontal, dizes o que sentes e o que te vai na alma; não te escondes atrás dos Baga-Baga.
Grande Comandante!

Entre nós, não são as ideologias políticas que nos separam, a frontalidade de análise das situações aproximam-nos e unem-nos para causas mais úteis.
Grande Comandante!

Recordo o dia em que, numa ida à Tabanca de Matosinhos para partilhar com o Manuel Maia a alegria do lançamento do seu livro, no regresso, encontrámos, na Área de serviço Antuã, o Comandante de Quartel de Artilharia do Porto. Para meu espanto tu conhecias todos os cantos daquela casa, salvaguardas as modificações qiue se efectuaram no período de 40 anos. Parecia que as funções estavam trocadas!
Grande Comandante!

Parabéns!
Um forte abraço.
Manuel Reis


8. Do nosso camarada António José Pereira da Costa para o seu amigo nem sempre de acordo com ele:

Eu não sabia que o Mexia era um gajo tão velho! O gajo tá mesmo jarreta.
Por isso, olha, antes que seja tarde, deixo-lhe aqui um forte abraço e o desejo de que continue a rezingar com tudo e todos, o que, além de Ranger é especialidade dele...

Um Alfa Bravo do
António Costa


9. Das terras da Maia, do camarada Manuel Maia

Do alto da imponência da estatura,
numa incessante e lógica procura,
de vida e dos desígnios que Deus quer...
Joquim Mexia, aniversariante,
(sessenta e dois passados num instante...)
mais trinta e oito a malta lhe requer...

A quem do mando tenha esse poder
de prolongar a vida a bel´prazer,
requeiro p`ro Joquim trint`oito mais...
Joaquim Mexia Alves, combatente,
um homem de coragem, resistente,
capaz d`enfrentar mundo por ideais...

Amigos, combatentes, camarigos,
de fresca data uns, outros antigos,
requerem centenário pró visado...
Se há gente que o mereça, é bem sabido,
estou certo que o pedido é deferido
pró bom gigante, cantador de fado...

Se as cores numa paleta exposta à vista,
reflectem a faceta do artista
capaz de vida à tela imprimir...
Postura digna em orbe sem valores
merece mil encómios e louvores,
lição soberba p`ro mundo seguir...

Um abraço enorme, do tamanho da nossa Guiné
manuel maia


10. Do nosso camarada José Barros:

Caro Mexia Alves
Não te conheço pessoalmente, mas a nossa Guiné e este fantástico blogue, permitiram que te conheça virtualmente e contigo partilhe momentos de alegria.

Neste dia, desejo-te um feliz aniversário junto de quantos te são queridos. Que o Senhor Jesus, te dê muita saúde, alegria e paz para enfrentar o próximo ano.

Um grande abraço e feliz aniversário.
José Barros


11. Dali pertinho, de Fátima, do nosso camarada Juvenal Amado:



12. Pelos editores:

E, chegada a vez dos editores, aqui fica o meu obrigado ao camaradão Mexia Alves pela sua amizade e pelas trocas de mensagens, muitas delas à margem do Blogue, nas quais falamos tudo, sem complexos de possíveis e ínfimas diferenças de opinião.

Em Junho tê-lo-emos de novo como nosso anfitrião no VI Encontro da Tabanca Grande, em Monte Real, onde seremos recebidos com a habitual simpatia e boa disposição.

Não posso deixar de destacar a sua colaboração para com com os editores quando nos alerta para coisas menos correctas a acontecer no Blogue, e até quando, quase zangado, nos puxa as orelhas quando também falhamos. Os amigos são assim, francos, verdadeiros e incapazes de apunhalarem pelas costas.

Caro amigo Mexia Alves, recebe um abraço e votos de uma vida plena de venturas nestes quase 40 anos que tens pela frente, até dobrares o teu centenário.

O editor de serviço,
Carlos
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Notas de CV:

Joaquim Mexia Alves foi Alf Mil Op Esp/Ranger na CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8042: Parabéns a você (236): José Eduardo Oliveira (JERO), ex- Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (Tertúlia / Editores)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8053: Efemérides (64): Concelho de Loures: Monumento, Memorial ou Lápide aos Combatentes da Guerra do Ultramar (José Marcelino Martins)

1. O nosso Camarada José Marcelino Martins, (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos, em 5 de Abril de 2011, a seguinte mensagem.

Caros Amigos e Camarada de Armas,

Na sequência de mail, enviando um trabalho sobre o Monumento aos Mortos da Grande Guerra do Concelho de Loures a “Ultramar Terra Web” e “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, com conhecimento aos Presidentes das Câmaras Municipais de Loures e Odivelas e da Liga dos Combatentes, que os publicaram nas suas páginas em 2 e 4 de Março de 2011, respectivamente, fomos contactados pelo Gabinete do Exmº. Presidente da Câmara Municipal de Loures, no sentido de se efectuar a cerimónia sugerida no trabalho, que foram proferidas pelo Capitão Bastos Reis, na cerimónia de inauguração do monumento, em 8 de Dezembro de 1929.

# ultramar.terraweb.biz

02Mar - Concelho de Loures: Monumento, Memorial ou Lápide aos Combatentes da Guerra do Ultramar... É, pois, a esses, os que nesta terra ficaram e os que para cá vieram, que nos dirigimos. É tempo de se “dar vida” ao velho monumento, velho de quase 82 anos, de “dar cumprimento” às palavras do capitão Bastos Reis que falou na “grande dívida moralmente contraída por todos, aqueles que não foram à guerra”. de José Martins

# blogueforanadaevaotres.blogspot.com

Sexta-feira, 4 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7897: Monumento aos Mortos da Grande Guerra do Concelho de Loures (José Martins) - Mensagem de José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 1 de Março de 2011…

Assim, com a organização a cargo da Câmara Municipal de Loures e com a nossa modesta contribuição, enviamos o programa/convite para a referida homenagem, que terá lugar junto ao Monumento erguido no jardim fronteiro aos Paços do Concelho de Loures, no dia 10 de Abril de 2011, pelas 10,30 horas.


Programa

Aos Combatentes,
Aos Familiares dos Combatentes,
À População em geral
  • Hastear do Bandeira Nacional no edifício dos Paços do Concelho. O Hino Nacional será tocado pela Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Loures;

  • Oração, pelos militares caídos em campanha, proferida por um Sacerdote da Paróquia de Loures;
  • Alocução por um Combatente, por um representante da Edilidade e um representante da Liga, alusivas ao momento;
  • Colocação de flores pelas Entidades Oficiais, seguidas de quem o quisesse fazer, em redor do monumento;

  • (v) Homenagem aos militares tombados em defesa da Pátria;
  • - Toque de silêncio;
  • - Toque a mortos em combate;

  • - Toque de alvorada;
  • Fim da cerimónia com a entoação do Hino Nacional.
[...] É, pois, a esses, os que nesta terra ficaram e os que para cá vieram, que nos dirigimos. É tempo de se “dar vida” ao velho monumento, velho de quase 82 anos, de “dar cumprimento” às palavras do capitão Bastos Reis que falou na “grande dívida moralmente contraída por todos, aqueles que não foram à guerra” e “incentivava os combatentes a juncar de flores, todos os anos, este monumento” e, com o pensamento nos nossos camaradas [...]

José Marcelino Martins
Combatente na Guiné em 1968/1969/1970
Sócio da Liga dos Combatentes nº 80.393
josesmmartins@sapo.pt
Odivelas, 4 de Abril de 2011
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série > 18 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7962: Efemérides (62): 17 de Março de 1971, o regresso casa, no T/T Uíge, cansados da guerra: foi há 40 anos! (Tony Levezinho / Humberto Reis / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P8052: O nosso blogue em números (8): Atingimos hoje os dois milhões e meio de visitas, na véspera de fazermos 7 aninhos (no próximo dia 23)...


Blogue Luís Graça & Camaradas > Estatísticas > Visitas de Julho de 2010 a Março de 2011




Blogue Luís Graça & Camaradas > Estatísticas > Visitas, por país, de Julho de 2010 a Março de 2011



Portugal
533 273
Brasil
88 331
Estados Unidos
17 910
França
16 130
Alemanha
5 555
Canadá
5 474
Espanha
2 604
Reino Unido
2 601
Dinamarca
2 457
Holanda
1 483


Fonte: Blogger (2011)


Amigos, camaradas, camarigos, estimados leitores: Na véspera de o nosso blogue fazer 7 anos (em 23 de Abril próximo), atingimos hoje a cifra dos 2,5 milhões de visitas (segundo as estatísticas da Brevenet)... Entretanto, desde que o Blogger nos começou a contar, temos mais de 700 mil visitas, desde Julho de 2010 a Março de 2011, o que dá uma média (mensal) de 78500, um pouco menos de 2600/dia (uma frequência que se mantém constante, sendo sempre maior no início da semana e menor no fim de semana). Quanto a comentários, ultrapassámos os vinte mil (desde Maio de 2010, segundo creio)...

Por país, além de Portugal (em lugar destacado, como seria de esperar), temos o Brasil, os Estados  Unidos, a França e a Alemanha, nos cinco primeiros lugares (e no que respeita a visitas). Em 6º, o Canadá. Não conhecendo em detalhe o nosso público, acreditamos que sejam maioritariamente antigos camaradas de armas da Guiné, familiares e amigos. 


Estes números valem o que valem. Não nos deslumbram. Não nos envaidecem. Também não nos desencorajam. Devem ser interpretados com cautela, humildade, honestidade. Se querem dizer alguma coisa, não nos compete a nós fazer essa leitura. 


A todos os que nos acompanham, diariamente, deixamos aqui as nossas felicitações pelo seu interesse, carinho e  fidelidade. Esperamos continuar a merecer a atenção dos nossos leitores. Para isso precisamos de novos membros da Tabanca Grande que se disponham a partilhar connosco as suas história, memórias, fotos e outros documentos referentes fundamentalmente ao período em que estivemos na Guiné, grosso modo entre 1961 e 1974. Felicitações para a equipa que faz todos os dias este blogue, incluindo os nossos colaboradores permanentes, autores e comentadores.  O editor e administrador, Luís Graça.
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