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sábado, 23 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25301: Agenda cultural (851): "Noite de Solidão no Capim", peça de teatro da autoria de Castro Guedes, levada à cena pela Companhia de Teatro Seiva Trupe. Pode ser vista na Sala Estúdio Perpétuo, no Porto, até ao próximo dia 27 de Março (Jaime Bonifácio Marques da Silva)


1. Mensagem de Jaime Bonifácio Marques da Silva (ex-Alf Mil Paraquedista, BCP 21, Angola, 1970/72) com data de 22 de Março de 2024: 

Luís
Vai, aqui, uma pequena referência à peça de teatro sobre a Guerra Colonial que vimos no Porto, na passada 2.ª feira dia 11.3.24 na Sala Estúdio Perpétuo. “Noite de Solidão no Capim”.

Para mim, foi um momento interessante de revisitação e memória. Não esqueço as noites infindas a dormir no mato, tendo por companhia os ruídos da natureza, a incerteza da morteirada que poderia rebentar a qualquer momento ou a surpresa que nos poderia reservar o amanhecer do dia seguinte, quando o meu pelotão teria de iniciar a progressão rumo ao objetivo IN. Só nos breves momentos – de absoluta solidão no meio daquele - nada – à noite, quando, no Leste de Angola, tentando dormir e, deitado de costas sobre o capim enrolado no cobertor e no impermeável, contemplava o universo estrelado, duma beleza indescritível, é que conseguia esquecer a guerra em que estávamos atolados e evadir-me dali.

Enfim, as memórias são como as cerejas!... Quando puxas uma…

A peça, “Noite de Solidão no Capim”, levada á cena pela companhia de teatro Seiva Trupe, foi escrita e dirigido por Castro Guedes e conta com a interpretação dos atores Óscar Branco e Fernando André, acompanhados pelo cenário sonoro concebido pelo músico Fuse.

- O personagem Kizua, Óscar Branco, interpreta um soldado Flexa (tropa especial da dependência da PIDE (DGS, em Angola) que, de Kalashnikov na mão, dá de caras com um militar do exército (Fernando André) que empunhava uma G3.
Do iminente confronto inicial – quem dispara primeiro? – prevaleceu, depois, o diálogo e, após algumas cervejas pelo meio, a amizade e despedem-se os dois, ao alvorecer, a cantar a Internacional.

Nota: os textos que se seguem, foram editados pela – Seiva Trupe.

Se considerares que tem interesse divulga
Abraço para ti e a Alice e boa estadia aí em Candoz
Jaime


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“A trama desenrola-se em África, numa ex-colónia portuguesa, na fatídica noite de 24 para 25 de Abril de 1974. No meio do capim, ocorre um encontro inesperado entre Kizua e Pedro, dois homens em farda militar, cada um com suas próprias incertezas, medos e memórias. Entre cervejas, cigarros e uma teia de diálogos carregados de tensão, os personagens compartilham reflexões sobre saudade, medo da morte, preconceitos morais e a absurda realidade da guerra.

À medida que a noite avança, a incerteza do que o amanhecer trará gera uma atmosfera de suspense e desconfiança mútua. No entanto, um momento de descoberta inesperada, catalisado pela notícia do que se passa em Lisboa, leva os protagonistas a uma reflexão profunda sobre a humanidade e a irmandade em tempos de conflito.”

“A companhia de teatro Seiva Trupe está de regresso com “Uma Noite de Solidão no Capim”. “É uma abordagem sem complexos à guerra colonial”, como afirma Castro Guedes, autor do texto e encenador da peça que estreia na próxima quinta-feira (7), na Sala Estúdio Perpétuo. Vai estar em cena até ao Dia Mundial do Teatro, 27 de março, para depois seguir em digressão pelo país.

O espaço é África, algures no meio do capim. O tempo é a célebre noite de 24 para 25 de Abril de 1974. E a ação é desencadeada por um acontecimento inesperado: o encontro de um africano, interpretado por Óscar Branco, e um caucasiano, por Fernando André, ambos em fato militar. Dois homens de ideias e lutas opostas confrontam-se sozinhos no meio do Capim.

O medo da morte e do próprio capim escuro onde se encontram leva-os à cooperação e ajuda mútua. E de uma suposta relação de conflito nasce uma amizade e empatia pelo outro. Os preconceitos morais e as barreiras sociais desaparecem nesta peça, que explora o acesso à humanidade do outro ainda que em lados opostos da guerra.

Nesta situação paradoxal assistimos a este encontro entre um africano que é soldado e integra o exército colonial português, e um caucasiano que é oficial de baixa patente (ou miliciano). Sozinhos no capim, depois de um sentimento inicial de medo e desconfiança, “compartilham cigarros. Compartilham até liamba, que se fumava muito na guerra. Compartilham as histórias das famílias, das terras de onde vieram, dos seus familiares. Compartilham cervejas e compartilham o espaço, as estrelas, os pássaros à noite, que em África são exuberantes”, explicou o encenador Castro Guedes ao JPN. É através “destas coisas simples da vida” que a amizade nasce, acrescentou.

No meio disto tudo, o medo diminui e a noção do absurdo da guerra só aumenta. Depois, surge um rádio. O rádio que relata o que se está a passar em Lisboa na noite de 24 para 25. Anuncia-se a liberdade. Se antes a guerra era por motivos não justificáveis, agora era claramente por uma causa perdida e passada. E, então, acontece o êxtase. Abraços. Talvez beijos de entusiasmo? O certo é que a intensidade de emoções tomará conta do palco.

Dois homens de lados opostos, se colocados no mesmo espaço, sozinhos e confrontados com a presença só um do outro, serão capazes de aceder à humanidade um do outro? Para Castro Guedes, sim. “O essencial é que um homem mais um homem não faz a guerra, faz a a amizade“, disse. Existem “belíssimas amizades” que se “sobrepõem a ideias”, exceto em casos extremos, como exemplifica com o fascismo, nazismo e estalinismo.

Depois da estreia no Porto, a peça segue, em abril, para Santa Maria da Feira e, depois, para Freamunde. Em maio, chega às Caldas da Rainha e, em setembro, a Vila Praia de Âncora. “

Editado por Inês Pinto Pereira

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Nota do editor

Último post da série de12 DE MARÇO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25266: Agenda cultural (850): Síntese da apresentação do livro "MARGENS - VIVÊNCIAS DE GUERRA", da autoria de Paulo Cordeiro Salgado, ex-Alf Mil Op Especiais da CCAV 2721 (Olossato e Nhacra, 1970/72), que esteve a cargo do Coronel António Rosado da Luz (Paulo Salgado)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23003: Notas de leitura (1419): Prefácio do nosso camarada Adão Cruz, ex-alf mil médico, CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Caquelifá e Bigene, 1966/68) , ao livro "A Máscara (teatro)" (2015), de Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)


Capa do livro, de Alberto Bastos, "A Máscara (teatro)", Vale de Cambra, edição de autor, 2015,  284 pp.



Um "instantâneos" do Albero Bastos. Aqui no lançamento do seu livro de teatro “A Máscara”, em 2015, na sua terra natal, Castelões, Vale de Cambra. Era assim, alegre, teatral e jocoso (olhem o pormenor do adereço).


Dedicatória do autor no livro de teatro "A Máscara": "Ao meu velho camarada de armas, e meu atual e grande amigo, Joaquim A. Pinto de Carvalho que muito, muito, me tem incentivado em tudo, mormente nas 'coisas' do teatro. Agradecido, o autor (...) 15/11/2015"


Fotos (e legendas): © Joaquim Pinto Carvalho (2022). Todos os Direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuamos a recordar o Alberto Bastos, ex-alf mil op esp, CCAÇ 3399 / BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73): foi o primeiro camarada da Guiné a morrer este ano, logo no primeiro dia do ano de 2022, tendo entrada para a Tabanca Grande, a título póstumo,  a 11 de janeiro (*).

Hoje reproduzimos aqui o prefácio (ao livro "A Máscara", de 2015), assinado pelo seu conterrâneo e amigo, o  Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68). (**)


Prefácio

por Adão Cruz


Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico, CCAÇ 1547/BCAÇ 1887 (nasceu em Vale de Cambra em 1937,  é médico cardiologista, poeta e pintor, e autor do blogue Jardim das Delícias (criado em novembro de 2012); tem mais de uma centena de referências no nosso blogue; entrou para a Tabanca Grande em 26/7/2016 (Poste P16335)


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22815: O meu sapatinho de Natal (12): Aos 74 anos e com 58 anos de Amador de Teatro sinto-me um homem feliz... Votos de Boas e Felizes Festas para a malta da Tabanca Grande (Eduardo Estrela, Grupo de Teatro Lethes, Faro)



Odemeria > 1968 > Um esepctáculo de fantoches (de luva), pelo então  Grupo de Teatro do Círculo Cultural do Algarve.  hoje, Grupo de Teatro Lethes , com sede em Faro, e de que parte o nosso camarada Eduardo Estrelaa.

Foto (e legenda): © Eduardo Estrela (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.Mensagem do nosso amigo e camarada Eduardo Estrela (ex-fur mil at inf, CCAÇ 14, Cuntima e Farim, 1969/71; vive em Cacela Velha, (en)cantatada por Sophia, e que pertence a Vila Real de Santo António; um das suas paixões é o teatro amador;

Data - 1 dez 2021 23h31

Assunto - Ribertos
Boa noite companheiro!

A propósito do teu post noticiando o espectáculo de fantoches (*), anexo uma fotografia tirada em 1968 em Odemira durante um encontro amistoso com a criançada daquela localidade.

Na altura o Grupo de Teatro Lethes ainda se denominava Grupo de Teatro do Círculo Cultural do Algarve.

Neste encontro de amigos não participei pois estava na tropa em Tavira. Mas foram muitas as vezes que tive o privilégio de colaborar na comunicação com os miúdos através do Teatro de Fantoches, depois do regresso da Guiné.

Era uma maravilha observar a atenção que dispensavam ao que viam.

Aqui na zona mais ocidental do Sotavento algarvio diz-se que são " treteros " os que manuseiam os títeres.

A partir duma determinada altura o Grupo deixou a prática dos Fantoches.

Mandei-te um mail há alguns dias, onde perguntava pela tua saúde, pela Clarinha e pelo Alfero Cabral. Espero que tudo esteja bem.

Grande abraço

Eduardo

2. Resposta do editor LG, com data de 12 do corrente:

Eduardo, que maravilha. Obrigado. Vou muito oportunamente publicar. O Teatro Dom Roberto, como se diz agora, faz parte das nossas memórias de infância e, felizmente, está a renascer... Hás de contar algo mais sobre a tua experiência no teu grupo de teatro... Bom Natal, espero ainda escrever-te. Luis

3. Nova mensagem do Eduardo Estrela, com data de 16 do corrnte, 17h43

Boa tarde,  Companheiro!

Como tu muito bem sabes, o trabalho realizado por um Grupo de Teatro Amador não se esgota na realização de espectáculos. Extravasa para além do belo e do efémero visual. Consistentemente, fortalece e dinamiza a cultura da sociedade e dos seus próprios elementos.

O Grupo de Teatro Lethes tem sido ao longo dos seus 64 anos de existência, um importante veículo de dinamização do sentir e do acreditar num mundo melhor, ancorado nas palavras de poetas e dramaturgos da literatura universal.

Para mim, tem sido um privilégio viver com a partilha de ideais que consubstanciam solidariedade e fraternidade. Aos 74 anos e com 58 anos de Amador de Teatro sinto-me um homem feliz, pois tenho fortalecido a minha consciência cívica e ajudado a dinamizar valores básicos e essenciais à vida.

O Grupo de Teatro Lethes foi criado em 1957 por José Campos Corôa, Emílio Campos Corôa e Maria Amélia V. C. Corôa, com a designação inicial de Grupo de Teatro do Círculo Cultural do Algarve.

Os seus fundadores foram elementos do Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra ( TEUC), tendo José Campos Corôa sido fundador do próprio TEUC que era na altura dirigido pelo Prof. Paulo Quintela.

A actual denominação resultou do convite feito em 1972 pela Delegação de Faro da Cruz Vermelha Portuguesa, proprietária do edifício do Teatro Lethes, para que o Grupo se transferisse para aquele espaço. A nossa sede social como Entidade com Estatuto de Utilidade Pública continua a ser na Rua de Portugal 50 Faro, endereço que corresponde ao edifício do Teatro Lethes.

Em 64 anos de actividade o Grupo realizou 550 espectáculos sendo 100 de Teatro Infantil. Estreias absolutas foram 18 e tradução e adaptação de textos 9.

No que ao Teatro Infantil diz respeito foram efectuados 52 espectáculos apenas com fantoches de luvas, 31 com peças apenas para a infância, 8 apenas com palhaços e 9 espectáculos infantis não especificados.

Representámos: Abreu e Sousa, Almada Negreiros, Almeida Garrett, Alves Redol, André Brun, António Aleixo, António Ferreira, António Patrício, Aquilino Ribeiro, Ascensão Barbosa, Bernardo Santareno, Correia Alves, Costa Ferreira, D. João da Câmara, Eça de Queiroz, Fernando Dacosta, Fernando de Paços, Fernando Pessoa, Gervásio Lobato, Gil Vicente, Henrique Galvão, Joaquim Magalhães, José Cardoso Pires, José Régio, José Vilhena, Júlio Dantas, Luís Francisco Rebelo, Luís Stau Monteiro, Manuel Córrego, Marcelino Mesquita, Matilde Rosa Araújo, Mendes de Carvalho, Miguel Barbosa, Miguel Rovisco, Pinheiro Chagas, Prista Monteiro, Raul Brandão, Ricardo Alberty, Romeu Correia, Salazar Sampaio, Sidónio Muralha e Teresa Rita Lopes, autores Portugueses.

Dos autores estrangeiros representámos:

Andrés Lizarraga, Calderon de la Barça, Erico Veríssimo, Federico Garcia Lorca, Henri Gheon, Ionesco, Irwing Shaw, Joseph Kesselring, Leon Chancerel, Mayakovsky, Máximo Gorki, Molière, Luigi Pirandello, Saint Exupéry, Shaskpeare, Stefan Zweig, Steinbeck, Synge, Tcheckov, Thornton Wilder, Tone Bruling e autor anónimo do século XV.

Passaram pelo Grupo cerca de 500 amadores, sendo que alguns seguiram uma carreira profissional.

Continuamos a remar contra a maré porque acreditamos num Teatro que continue a apelar para a Igualdade, Democracia e Respeito pelos Direitos do Homem.

É absolutamente lamentável que o poder político nos despreze como faz.

Como diz António Ramos Rosa, " Até quando !? "

Abraço fraterno para ti e demais companheiros/camaradas com muita saúde e votos de Boas e Felizes Festas. (**)

Eduardo Estrela

(**) Último poste da série > 15 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22811: O meu sapatinho de Natal (11): Adeus, Guiné!... O regresso da 35ª CCmds, no N/M Niassa, uma viagem horrível, com partida de Bissau a 15/12/1973, e chegada a 22 (Ramiro Jesus, ex-fur mil, 35ª CCmds, Teixeira Pinto, Bula e Bissau, 1971/73)

sábado, 25 de setembro de 2021

Guiné 61/74 - P22571: Os nossos seres, saberes e lazeres (469): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (17): As três pancadas de Molière… Silêncio, o espetáculo vai começar! (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Setembro de 2021:

Queridos amigos,
O acervo do Museu Nacional do Teatro e da Dança é gigantesco (contava em 2011 com 300 mil espécies, seguramente que hoje tem muito mais, doações não faltam), uma museologia e uma museografia de topo asseguram ao visitante um panorama altamente esclarecedor deste espólio enormíssimo: figurinos, muitos deles saídos das mãos de alguns dos nossos maiores artistas; trajes de cena verdadeiramente representativos da história do teatro, estão ali as companhias mais marcantes, exemplares de cenografia, maquetes, retratos, desenhos, caricaturas, recorde-se que a coleção de fotografias do Museu Nacional do Traje é inextinguível (mais de 150 mil espécies), cartazes, equipamentos técnicos. Agora, no piso superior, o visitante tem mostras do Museu da Dança e os investigadores podem ter acesso a uma biblioteca/centro de documentação visto que o museu reúne uma das coleções da bibliografia teatral de maior dimensão do nosso país. É uma esplêndida viagem pelas artes do espetáculo, porque se percorre este museu como se estivéssemos num palco ou num proscénio ou acesso aos bastidores, estão ali peças icónicas como o pastel de Columbano Bordalo Pinheiro que retrata o ator e escritor Augusto Lacerda, a cadeira de Garrett, o órgão de luzes do Teatro Nacional de São Carlos quando ele foi reequipado em 1940, o busto da Amália, indumentária luxuosa, não se pode pedir mais para este espaço do Palácio Monteiro-mor, mas até se tem direito a percorrer o aprazível parque, um dos mais belos oásis de Lisboa.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (17):
As três pancadas de Molière… Silêncio, o espetáculo vai começar! (o teatro é o escaparate de todas as artes, Almada Negreiros dixit)


Mário Beja Santos

Almada teve as suas razões fundadas para dizer que o teatro é o escaparate de todas as artes. Como escreve José Carlos Alvarez no livrinho que dedicou a este museu, Quid Novi Edições, 2011, “Se tomarmos como exemplo a montagem de um espetáculo de Gil Vicente ou de Shakespeare, facilmente observamos que nele estão envolvidos a literatura e a poesia, a dança, a música, as artes plásticas, a fotografia, a arquitetura, para além da carpintaria, da costura, das técnicas de palco, das luzes, etc. A criação de um espetáculo teatral resulta sempre de um trabalho coletivo”. É o resultado desse trabalho coletivo que o Museu Nacional do Teatro e da Dança expõe, de um acervo monumental sempre a crescer, e na posse de um grande arquivo das artes do espetáculo, é a instituição de referência na museologia e na história das artes do espetáculo em Portugal.
O livrinho de José Carlos Alvarez, de preço altamente acessível, desvela ao leitor a heterogeneidade deste acervo: figurinos, trajes de cena, cenografia, desenhos, retratos e caricaturas, postais ilustrados, cartazes, programas e bilhetes, pintura e escultura, música, teatros de papel, peças de mobiliário e teatros, equipamentos técnicos. É um deslumbramento, o visitante está sempre numa cena, há registos sonoros, imagens em movimento e a surpresa é ver a enormidade de talentos portugueses e estrangeiros que contribuíram para a grandiosidade do teatro em Portugal: Leitão de Barros, Tom, Maria Adelaide Lima Cruz, Paulo Ferreira, Bernardo Marques, Mily Possoz, Maria Keil, Lucien Donnat, Octávio Clérigo, António Casimiro, Mário Cesariny, João Vieira, José de Guimarães, Almada Negreiros, Pedro Calapez.
Os núcleos museológicos são impressivos e sugestivos, pense-se nos trajes de cena, nas artes da cenografia, no que nos é mostrado em retrato, desenho ou caricatura. Foi por aqui que começámos.


Vasco Morgado, Busto em Bronze de Martins Correia, exterior do museu
Máquinas de Cena para o espetáculo de rua Romagem de Agravados, de Gil Vicente, apresentado pelos Criadores de Imagens, Caldas da Rainha, 2002, exterior do museu
A Última Ceia dos Polichinelos, Manuel Amado
Cadeiras do velho cineteatro Éden, 1920
Imagem curiosa do Teatro D. Maria II, fim da primeira metade do século XIX, o Rossio era completamente plano

Como o que se mostra é de uma imensa riqueza, é uma profusão cuidadosamente selecionada, se seguirmos as sugestões de José Carlos Alvarez devemos deter-nos em cartazes que falam por mil palavras, cartazes ou programas de espetáculos. Ele selecionou a Mãe Coragem de Bertolt Brecht, em que Amélia Rei Colaço escreveu que foi um sonho que não lhe foi consentido, a Censura não permitia Brecht.
Não deixa de nos impressionar, até porque está em lugar de destaque do primeiro piso, a chamada Carreira de Garrett que, ao que consta, o escritor usava quando assistia a espetáculos no Conservatório. Esteve na sua última casa, na Rua de Santa Isabel. A seguir à sua morte, o rei D. Fernando II comprou-a e levou-a para o Palácio da Pena. A sua segunda mulher, a Condessa d’Edla, convenceu o rei a oferecê-la a Gomes de Amorim, este legou-a ao Conservatório e daqui veio para o museu.


A cadeira de Garrett

Há retratos de divas e de divos e trabalhos de pintores célebres, como o retrato que Columbano fez de Augusto Lacerda, ator, dramaturgo, professor e crítico teatral. Observa José Carlos Alvarez: “A técnica do pastel permite que Columbano se distancie do esquema pictural que carateriza a sua obra retratística a óleo. Por outro lado, o fundo da pintura contrasta com esse esquema porque o pintor optou por uma tonalidade de camurça que o aproxima do da tertúlia da Cervejaria Leão de Ouro, uma mancha branca e difusa envolve e destaca a figura, o traje é esboçado de forma esquemática com um certo sentido de inacabado. No rosto do ator concentra Columbano toda a sua técnica, sobretudo na modelação dos traços, tratados com uma sensibilidade e subtileza que escapam a muitos dos seus retratos a óleo e a sinceridade direta do olhar do ator resulta da simplicidade do traço que aproxima esta obra da prática do desenho”.
A atriz Ilda Stichini (1895-1977)
Retrato do ator e escritor Augusto Lacerda, pastel de Columbano Bordalo Pinheiro, 1889 Há peças iconográficas que seguramente atrairão o visitante: a bengala de Palmira Bastos, os trajes desenhados por Almada Negreiros, as belíssimas maquetes, um espantoso órgão de luzes, mas os trajes de cena são de enorme riqueza, estão dispostos por núcleos, ligados a diferentes companhias, José Carlos Alvarez lembra-nos o Núcleo Paula Rego, um conjunto de cerca de uma dezena de trajes e adereços por ela criados para o bailado “Pra Cá e Pra Lá”, estreado em 1998 pelo Ballet Gulbenkian, no auditório daquela fundação, que representa um dos raros trabalhos da pintora para as artes do palco, aparece integrado numa importante coleção de trajes para ópera e bailado doados pela Gulbenkian. Núcleos não faltam, para além das companhias que fazem história obrigatória no teatro, há os núcleos Amália Rodrigues, Ivone Silva, Filipe La Féria, das atrizes Maria Matos, Laura Alves, Milú, Eunice Muñoz, Luísa Maria Martins e ainda trajes de cena de Carmen Dolores, Maria do Céu Guerra, Companhia Rafael de Oliveira, Leónia Mendes, Lia Gama, Mário Viegas e Paulo Renato.
A gloriosa, a voluptuosa, a sumptuosa indumentária, requintes cénicos do século XIX que chegaram ao século XX
Maquete do Teatro Apolo que ainda conheci no Martim Moniz, em miúdo, antes da terraplanagem daquela imensidão que deu lugar a casebres comerciais
A arte do cartaz, este saído do talento de Fred Kradolfer
Uma peça indispensável no camarim, aqui o ator transmuda-se, a maquilhagem acentua o personagem
Recordo este espetáculo, estive lá na noite em que Maurice Béjart pediu um minuto de silêncio pela morte de Robert Kennedy, “vítima do fascismo e do imperialismo”. A companhia foi imediatamente posta na fronteira, Salazar justificou-se em Conselho de Ministros. Vi Américo Thomaz aplaudir Béjart, mesmo depois de um minuto de silêncio. Coisas da vida.

Para além do percurso pela exposição permanente, o visitante pode deleitar-se com o espaço exterior, esculturas, A Romagem dos Agravados inspirada na obra Tentações de Santo Antão, de Bosch. José Carlos Alvarez recorda que o museu tem uma pequena coleção de bustos de autores e atores dramáticos, de grande valor artístico, criações, por exemplo, de Soares dos Reis, Martins Correia ou Francisco Simões. Que dizer mais? Este museu é de visita obrigatória, está sediado no Palácio do Monteiro-mor na Estrada do Lumiar 10, a entrada é de preço módico e grátis para quem tem o cartão do antigo combatente.

Três imagens do Parque do Monteiro-mor, quem visita o Museu do Teatro ou o Museu do Traje tem direito a este refrigério, vale a pena passar aqui um bom bocado da tarde, trazer um livro ou umas revistas e ouvir o sussurro das águas, é um prazenteiro complemento a quem visita um dos museus

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22553: Os nossos seres, saberes e lazeres (468): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (9) (Mário Beja Santos)

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22128: 17.º aniversário do nosso blogue (1): Meu caro Luís Graça, tu és um "querido mano" para todos os que têm o privilégio de te conhecer (João Crisóstomo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)


1. Mensagem do nosso camarada João Crisóstomo, ex-Alf Mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), com data de 20 de Abril de 2021:

Meu caro Luís Graça,

Tenho seguido como tantos outros camaradas o teu diário tratamento no Instituto de Oncologia. Se não te conhecesse ficaria admirado das tuas qualidades de homem completo, levado neste caso a um grau quase sublime.
Mas contigo e em ti todas as coisas extraordinárias são normais. Mais uma vez a tua vida e o teu exemplo são tremenda inspiração que para todos aqueles que tiveram/têm a data de te conhecer.

Pessoalmente, mesmo entre estes, eu me sinto um afortunado, pois quis o bom destino que além dos muitos elos que nos unem como camaradas da Guiné, se juntassem o facto de sermos vizinhos e termos como comuns amigos indivíduos também extraordinários que tanto têm enriquecido a nossa vida. Já hå muito nos tratamos como mano e irmão. Agora vejo com alegria grande que ao fim e ao cabo tu não és um mano e irmão apenas para mim e mais alguns: tu és um "querido mano" para todos os que têm o privilégio de te conhecer.

Sem intuitos de enaltecimentos ou de querer parecer bem fazendo-te elogios: Obrigado, meu querido mano, pelo que és. A tua vida a nível familiar e social é um exemplo fabuloso, uma verdadeira inspiração para todos nós. Pela tua vida, pelo teu trabalho, incluindo este blogue e tudo o que deste blogue resultou para benefício de cada um de nós, da história da Guiné, de Portugal e não só… de ti se pode com toda a verdade dizer “ porque deles é que reza a história”. Bem hajas!

Para ti e todos os teus, mas neste momento especialmente para ti, um apertado abraço, tão grande como a amizade que nos une

João, Nova Iorque


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PS: Para o caso de não teres visto, aproveito este para te mandar um artigo que acabei há momentos de ler no “Expresso curto”, escrito pela Cristina Figueiredo, editora de política da SIC, na rubrica "o que ando a ler".

Aqui está:

"Agora que se cumprem 60 anos sobre o início da longa e mortífera guerra colonial é boa altura para lembrar, sobretudo aos mais novos, o significado da palavra “Ultramar” para a geração dos seus avós.

A revista do Expresso trazia na semana passada um texto de Jorge Calado sobre as (poucas) fotografias públicas que há do conflito. Mas se faltam as fotos não faltam os livros. Um dos mais recentes é "Palco Sombrio", de Alice Caetano (Emporium Editora, setembro de 2020).
A ideia que preside à obra é original: dar um conteúdo improvável à expressão “teatro de guerra”, narrando um período do conflito nas colónias através do testemunho de um capitão miliciano que, coincidência aproveitada pela autora, também é encenador e ator.


Conheço bem o protagonista: Carlos Nery Gomes de Araújo é meu sogro (fica feita a declaração de interesses).

Foi, como tantos outros, mobilizado contra vontade para combater numa guerra em que não acreditava e de que não sabia se voltaria. Partiu para a Guiné, a bordo do Niassa, em maio de 1968, tinha 35 anos, um filho (o meu marido) com apenas um ano. Sem qualquer formação militar, a não ser o serviço militar obrigatório que cumprira 10 anos antes, foi treinado em Mafra “à pressão”, por quem pouco mais sabia do que ele. Foi no mato que aprendeu, a expensas próprias, como comandar homens, como reagir a ataques, como manter o sangue frio em situações que um técnico do Banco de Portugal, como ele, estava longe de imaginar ter de viver: “A primeira coisa que eu decidi naquela guerra é que não ia morrer ali. Decidi isto ainda antes de lá chegar e acho que foi essa decisão que me salvou. A mim e aos meus homens”.

Voltou intacto, com efeito, e sem ter perdido uma única das vidas humanas que tinha à sua responsabilidade.

Mais de meio século decorrido, uma escritora interessou-se por esta e outras histórias que compõem a sua biografia, indissociável do gosto pelo teatro, que não abandonou nem mesmo naqueles dois anos em África (terminou a sua comissão de serviço com uma encenação de “A Cantora Careca”, de Ionesco, em Bissau) e que continua a ser o seu “elixir da juventude”: aos (quase) 88 anos, é ator residente da Companhia Maior, em Lisboa, e prepara-se para subir mais uma vez ao palco (assim a pandemia o permita) no final do ano.

A sua vida, de facto, dava um livro. Alice Caetano teve essa presciência e em boa hora passou das musas… ao teatro".


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Comentário do co-editor CV:

Neste dia em que se vira mais uma página para um novo ano de existência, o 18º deste Blogue, não podemos deixar de cumprimentar, com uma vénia muito grande, o criador e mentor desta página, o nosso mano Luís Graça.
Embora ele e os seus colaboradores precisem já de uns suplementos vitamínicos, porque são já uns septuagenários cheiinhos de ferrugem, continuam animados e coesos para levar a sua missão o mais longe possível.

Ao Luís, quero desejar a melhor saúde. Presentemente está a precisar de uns retoques, mas no 18º aniversário estará já a cem por cento.

Aos nossos camaradas de armas, e aos nossos leitores em geral, desejo que continuem a acompanhar-nos nesta jornada que também inclui participação activa com o envio de textos e fotos.

Carlos Vinhal
Coeditor

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Notas do editor:

1 - Edição e inserção das imagens da responsabilidade do editor.

2 - Sobre a peça de teatro "A Cantora Careca", levada à cena em Bissau em 5 de Abril de 1970, vd. poste de:

4 DE SETEMBRO DE 2010 > Guiné 63/74 - P6935: A Cantora Careca, estreado em Bissau no dia 5 de Abril de 1970 (Carlos Nery)

3 - Neste dia de aniversário do nosso Blogue, vejam o Poste n.º 1 de:
23 de Abril de 2004 > Guiné 63/74 – P1: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20180: Fotos à procura de... uma legenda (120): Seleção das minhas fotos do Festival Todos 2019... Parte III: enquanto fui ali e já vim... Ou, ainda, cumprindo a obra de misericórdia, "dar de beber a quem tem sede"... (Luís Graça)


Foto nº  283


Foto nº 366



Foto nº 367


Foto nº 370


Foto nº 288


Foto nº  285



Foto nº 300 


Foto nº 281


Festival Todos 2019, Lisboa, São Vicente: Largo da Graça e imediações. Animação de rua, pelo grupo de teatro O Bando...Largo da Graça, 22 de setembro de 2019: Aguadeiros Caminhantes

"Em trânsito por ruas circundantes ao Largo da Graça, um espetáculo do Teatro O Bando resultante de um processo de criação com os Confrades, formandos das oficinas teatrais que a companhia desenvolve em Palmela desde 2006, e com elementos do grupo de teatro do projeto Eu Amo SAC, baseado em Santo António dos Cavaleiros, Loures.

"Como se vindos de um outro tempo, aí estão os aguadeiros, saciando a sede a quem passa e tentando lembrar-nos desse instante único que, como a água, está sempre em transformação" (Fonte: Agenda cultural de Lisboa)


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Tenho um enorme respeito pela água (potável). E não gosto de a desperdiçar e nem de a ver desperdiçada... Seguramente lembranças da Guiné e das operações militares que fizemos... Levávamos dois cantis de água, para um dia... em operações de dois e três dias, em que o reabastecimento era sempre problemática... 

Algumas situações que lá passamos,  tiveram a ver, obviamente, com  cenas de guerra, pura e dura, mortos e feridos, situações-limite de vida ou de morte, mas também com insolações, ataques de abelhas "assassinas" ou de formigas "carnívoras"... E sobretudo de sede, muita sede... Com a fome lidava-se bem, mas com a sede, era outra história... E não havia cristãos ali por perto, muito menos galegos e escravos negros,  que nos dessem de beber, umas das 14 obras de misericórdia... Por isso chegavamos a beber o próprio mijo...

Estas negras lembranças vieram-me à memória, no Festival Todos 2019, ao observar e fotografar algumas sequências desta animação de rua... Vários pares de aguadeiros, caminhando pelo largo da Graça e suas imediações, ofereciam água, transportada em bilhas de barro vermelho e bebidas em canecas, também  de barro...Os pares estavam vestidos com trajes oitocentistas.

Curiosa a reação do público: uns alinhavam na brincadeira, outros recusavam liminarmente a oferta. Os turistas, sobretudo, deviam pensar que era uma "cena dos apanhados".. Por outro lado, o material em barro já não lhes é familiar... A olaria é essencialmente mediterrânica.

O rapaz transportava a bilha, a rapariga a caneca, aliás, tinha uma saca de canecas, que eram depois oferecidas... Ninguém se dava conta de que a caneca tinha um orifício, de lado, junto ao fundo, por onde a água se esvaía enquanto se tentava beber... 

Se quisermos, esta "brincadeira aparentemente  inocente"  era também um teste à nossa capacidade de empatia,  tolerância, descoberta, confiança e aceitação do outro que é diferente de nós... Eu também na Guiné ou em Angola, tenho dificuldade em pegar no copo ou numa garrafa, aberta,  que me oferecem com água, sumo ou refrigerante... "Nada de sumos naturais... (a cabaceira ,  a farroba, o veludo, o fole, o maboque) é a primeira recomendação da consulta do viajante... Aparentemente,  as razões são de saúde pública e segurança alimentar... Ou serão também outras, mais de natureza cultural ? Ou até social ?  

O Festival Todos (*)  é também um pequeno laboratório social onde as nossas (dis)semelhanças se confrontam e se misturam...  Mas, à partida, todos nós somos  "etnocêntricos", dos chineses aos portugueses, dos guineenses aos sírios... Em todo o caso, provei, mais uma vez, este ano, sem preconceito, as comidas do mundo, algumas elaboradas por refugiados (por exemplo, sírios) que estão aqui a viver, em Lisboa... E, claro, não faltou a mulher grande guineense com a sua banca de sumos naturais, onde não faltava a cabaceira... (Confesso que não os provei...). LG

PS - Regressei ontem da clínica... Correu tudo bem. Posso, pois, dizer que "já lá fui e já vim", tudo por mor do meu joelho esquerdo e da minha mobilidade... Fica aqui um especial agradecimento aos cirurgiões João Correia e Francisco Silva  (,membro da nossa Tabanca Grande,) e ao anestesista Verdelho da Costa e demais equipa do bloco operatório da Clínica da Reboleira (ou Clínica de Santo António / Grupo Lusíadas Saúde), extensivo ao restante pessoal de enfermagem e auxiliar do edifício A, 3º piso.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20162: Agenda cultural (702): Festival TODOS 2019: "A rapariga mandjako": hoje às 21h00, amanhã às 20h00, na Escola Básica de Santa Clara, Campo de Santa Clara, 200, São Vicente, Lisboa

Sugestão do editor LG (*)

Festival TODOS 2019 > Teatro > Escola Básica de Santa Clara > Campo de Santa Clara, 200 / 200E

Datas > 20 set 21h; 21 set 20h >  Entrada livre




A RAPARIGA MANDJAKO.
espetáculo de Rui Catalão e Joãozinho da Costa

Sinopse:

 A rapariga mandjako 
De Rui Catalão, com Joãozinho da Costa
Dramaturgia e encenação: Joãozinho da Costa e Rui Catalão
Luzes: João Chicó
Produção: [PI] Produções Independentes
Coprodução: Câmara Municipal da Moita / Centro de Experimentação Artística; Fiar – Festival Internacional de Artes de Rua

[PI] Produções Independentes é uma estrutura apoiada pela República Portuguesa – Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes.

“Cuida da tua irmã.” Joãozinho da Costa cresceu em plena guerra civil e tinha 11 anos quando deixou Bissau, na sequência do golpe de Estado que derrubou o governo de Kumba Yalá. Veio com os irmãos para Portugal, onde se juntou ao pai, e nunca mais voltou. 16 anos depois, convidei-o para regressar a esses anos de transição entre dois mundos, entre duas idades e logo na primeira semana de trabalho ele anunciou-me que ia regressar à Guiné para visitar a mãe. É a primeira vez que irá revê-la, desde que veio para Portugal. O mais espantoso foi ter-me dito que durante estes anos todos nunca lhe ocorreu regressar.

A frase de despedida da mãe – “cuida da tua irmã” – ainda hoje ressoa na sua memória. Porque é que ela lhe disse semelhante coisa, quando o Joãozinho era ainda uma criança, pouco maior do que a irmã, e tinha até irmãos mais velhos? O que viu a mãe nele para lhe legar essa responsabilidade?

“A rapariga mandjako” relata o despertar de Joãozinho para a consciência de si mesmo e das suas acções, a partir do momento em que o pai lhe faz uma proposta de noivado com uma rapariga da sua etnia. A sua recusa leva-o a aproximar-se de outra rapariga que conhece no Vale da Amoreira, e que lhe é apresentada como “Jennifer Lopez”.

Essa rapariga vai encaminhá-lo por um labirinto de identidades e estados emocionais, em que ele se esquiva das tradições e superstições da cultura mandjako e procura integrar-se nos padrões de comportamento da vida moderna. Até finalmente descobrir, no verso de um Bilhete de Identidade, que a rapariga mandjako de que ele julgava fugir é a mesma rapariga moderna que ele julgou encontrar.

“A rapariga mandjako” é o terceiro solo que faço com intérpretes do Vale da Amoreira, depois de “Medo a caminho” com Luís Mucauro e “Adriano já não mora a aqui”, com Adriano Diouf. Recolha de memórias pessoais desde a infância, as três peças centram-se no crescimento dos protagonistas, e de como fizeram a transição da juventude para a idade adulta.


Joãozinho da Costa trabalha comigo desde que nos conhecemos em 2016, num workshop organizado no CEA - centro de experimentação artística da Moita. Desde então vem participando em todas as minhas peças colectivas: “E agora nós”, “Jornalismo amadorismo hipnotismo” e “Último Slow”, assim como prestações pontuais em “Judite” e “Assembleia”. [Rui Catalão]

Fonte:  Produções Independentes  > A rapariga mandjako (com a devida vénia...)
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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19479: Agenda Cultural (672): "Amores pós-coloniais", pelo grupo de teatro Hotel Europa... De 7 a 24 de fevereiro de 2019, no Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa


Cartaz do espetáculo "Amores pós-coloniais", Teatro D, Maria, de 7 a 24 de fevereiro de 2019 (Reproduzido com a devida vénia...)



1. Teatro: "Amores pós-coloniais"
Companhia: Hotel Europa
Data: de 7 fevereiro a 24 fevereiro 2019
Horário: qua: 19h30; qui: 21h30; sex: 21h30; sáb: 19h30; dom: 16h30
Local: Teatro Nacional D. Maria II

Praça Dom Pedro IV
Telef 213 250 800
http://www.teatro-dmaria.pt


Sinopse:

(...) Amores Pós-Coloniais inicia um novo capítulo de investigação na companhia Hotel Europa, estendendo o ciclo de investigação do colonialismo ao tema do amor.

“Este espetáculo de teatro documental pretende refletir sobre o amor enquanto espaço político e utópico, discutindo o que significava amar no espaço colonial e pós-colonial.

Este trabalho irá utilizar como metodologia um cruzamento entre a pesquisa de arquivo e a recolha de testemunhos reais. Pretendemos retratar com este espetáculo as políticas do amor no espaço colonial e perceber como a violência do colonialismo condicionava as relações amorosas. 


Iremos recolher testemunhos com antigos soldados Portugueses que tiverem filhos com mulheres África no tempo da guerra, mulheres de origem Portuguesa que se apaixonaram por homens negros pertencentes aos movimentos de Libertação, e também as relações que saíram da relação entre os países Africanos e os países da Europa de Leste. Este trabalho irá também entrevistar os filhos que saíram dessas relações, tentando fazer o escrutínio do que era o amor durante o período Colonial e Pós-Colonial.” (...) 

Sessão com interpretação em Língua Gestual Portuguesa a 24 de fevereiro.

Ficha técnica:

Hotel Europa. André Amálio, criação; Tereza Havlíčková, cocriação e movimento; André Amálio, Júlio Mesquita, Laurinda Chiungue, Pedro Salvador, Romi Anauel e Tereza Havlíčková, interpretação.

Preço: 11 €  (ver descontos)

Fonte: Agenda Cultural de Lisboa, fevereiro de 2019



Capa da Agenda Cultural de Lisboa, fevereiro de 2019, e reprodução da p. 40, com o anúnico da peça de teatro "Amores Pós-Colonais"


2. Nota do editor Luís Graça:

O sítio "Agenda Cultural de Lisboa", propriedade da Câmara Municipal de Lisboa, Pelouro da Cultura, Divisão de Promoção e Comunicação Cultural, utilizou indevidamente, duarnte alguns dias ou algumas horas, uma imagem do nosso blogue, da autoria do nosso camarada Virgílio Teixeira, sem qualquer referências à fonte e aos créditos fotográficos. Escusado será lembrar que uma das 10 regras de ouro do nosso blogue  é justamente o "respeito pela propriedade intelectual, pelos direitos de autor".


Depois de apresentado o devido protesto, o Virgílio Teixeira, que foi alertado por nós e que ficou deveras incomodado, recebeu a seguinte mensagem da produtora do espetáculo "Amores Pós-Coloniais", Joana Santos, com pedido de desculpas:


Data: Mon, 4 Feb 2019 12:35:05 +0000
De: Hotel Europa
Assunto: Uso da imagem: pedido de desculpa
Para: Virgílio Teixeira

Boa tarde caro Virgílio Teixeira,

O meu nome é Joana Santos e sou a produtora do espectáculo Amores Pós-Coloniais da companhia de teatro Hotel Europa, com a autoria de André Amálio & Tereza Havlíčková, que vai estar em cena no Teatro Nacional D. Maria II.

Escrevo pois foi-nos comunicado que é o senhor que está representado na fotografia que chegou a ser usada para a divulgação do espectáculo.

Em nome da companhia Hotel Europa queremos pedir desculpa pela utilização da fotografia neste contexto sem a sua autorização.

A imagem foi usada durante muito pouco tempo pois como não tínhamos informação sobre autoria e créditos decidimos deixar de a usar e substituí-la. O departamento de comunicação do Teatro divulgou muito pouco a imagem e já tinha feito um pedido para que fosse substituída mas vai agora reforçar por pedido nosso. Já identificámos os sítios na internet que têm de substituir e o pedido já foi feito. Na agenda impressa essa alteração já não pode ser feita.

Mais uma vez, pedimos imensa desculpa pelo incómodo desta situação, não foi de todo intencional da nossa parte.

Muito obrigada pela atenção.
Com os melhores cumprimentos
Joana Santos (...)

André Amálio & Tereza Havlíčková (...)
Hotel Europa
Performance.Theatre.Dance

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Nota do editor

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18621: Os nossos seres, saberes e lazeres (266): VI Encontro de Teatro Sénior, de 11 a 13 de Maio de 2018, na Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense, em Almada (António José Pereira da Costa)



1. Mensagem do nosso camarada António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª da CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74), com data de 9 de Maio de 2018 dando-nos notícia de mais uma iniciativa do NAUS:

Espero ter uma boa fila, ou mais, de ex-combatentes bloguianos a aplaudir.
Devem ir ver, "cá o génio" a partir das 18H30 de Sábado. É o grupo de teatro da Associação Cultural da Terceira Idade de Sintra. 
Quero ver todos os ex-combatentes aos saltos nas primeiras filas da sala e aos gritos de "Napoleão dá-me os teus calções!"

Um Ab.
J A Pereira da Costa
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18606: Os nossos seres, saberes e lazeres (265): De Estremoz para as Termas de S. Pedro do Sul (3) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 17 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18530: Os nossos seres, saberes e lazeres (262): 1.º Encontro de Teatro Sénior, Organização Actis Sintra, dia 21 de Abril de 2018, Casa da Juventude das Mercês (António J. Pereira da Costa)



1. Em mensagem de hoje 17 de Abril de 2018, o nosso camarada António José Pereira da Costa, Coronel de Art.ª Ref (ex-Alferes de Art.ª da CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74), enviou-nos para publicação o Programa do 1.º Encontro de Teatro Sénior, organização ACTIS SINTRA:

Estarei em cena a partir das 16H00. 
Muita m***a para mim! 

Um Ab. 

TZ



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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18521: Os nossos seres, saberes e lazeres (261): Uma visita à casa museu de um grande génio: Leal da Câmara (2) (Mário Beja Santos)