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domingo, 3 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24912: Notas de leitura (1642): Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1931-1939) - Parte III: A lenda de Ohbapuma (ilha de Orango, arquipélago dos Bijagós)


Nota de LG: 

Lapso de registo ou transcrição: Mancane deve "Mancanha", e Nolu deve ser "Nalu"...  Unnhocomo é "Unhocomo" (a ilha mais ocidental do arquipélago dos Bijagós)... "Campune" é rapariga antes do casamento, bajuda (termo já grafado nalgum dos nossos dicionáros)."Cabarro"/rapaz" ainda não está grafado com este significado.
 
Armando de Landerset Simões terá nascido em Moçambique, Caconda, em 1909. Além de funcionário da administração colonial, tem livros publicados como Simões Landerset, nomeadamente  "Babel negra: etnografia, arte e cultura dos indígenas da Guiné" (Porto, Oficinas Gráficas de O Comércio do Porto
1935) (prefácio de Norton de Matos).

A ilha de Orango, a mais afastada, do arquipélago dos Bijagós (2,6 mil km2 e  34,2 mil hab.) tem, segundo a "Wikipedia, uma área aproximada de 272,5 km e 1.250 Hab (2009).

A ilha conjuntamente com as ilhas de Meneque, Orangozinho, Canogo e Imbone, bem como os ilhéus de Adonga, Canuopa e Anhetibe fazem parte do Parque Nacional de Orango.  "No parque existe uma colónia de hipopótamos e de acordo com as crenças religiosas da população local, o hipopótamo é um animal sagrado, pelo que não pode ser morto ou ferido. Outros animais que se podem encontrar são as tartarugas marinhas e manatins africanos."
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P23994: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XVIII: Breve história do império do Cabú



A lenda de Alfa Moló - belíssima ilustração do mestre português José Ruy (Amadora, 1930), um dos 
maiores ilustradores e autores de banda desenhada (pág 53)



Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5




O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amigaé também o autor do sítio 

1. Transcrição das pp. 89/91 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)


Breve história do Império de Cabú 
(pp. 89-91)



A história de Cabú começa quando o grande general Tiramakan Traore, às ordens do famoso primeiro Imperador do Mali, Sundiata Keita, cria o Reino de Cabú em 1250 (45), com capital em Cansalá.

O Reino de Cabú começou por ser apenas um Reino vassalo do grande Império do Mali, mas com a queda deste no século XVI, tornou-se um Império, o qual abrangia vários reinos, que iam desde a Gâmbia à Guiné-Bissau, passando pelo Senegal.

A grande migração de fulas para a Guiné nos séculos XVIII e XIX, trouxe as sementes da nova etnia dominante ao Império de Cabú.

Os fulas vinham do norte de África, eram na sua maioria pastores, com uma minoria de agricultores. Muitos deles eram devotos seguidores do islamismo e do modelo de civilização a ele associado.

Constituíam uma sociedade onde existia também uma classe instruída, e por isso, consideravam que tinham uma cultura superior à dos ignorantes mandingas.

Os mandingas eram principalmente agricultores, mas eram também guerreiros orgulhosos e valentes, que olhavam com desprezo para os fulas, pois não passavam de famintos e miseráveis criadores de gado, vestidos de trapos e farrapos.

A crença dos mandingas era animista, mas eram tolerantes com as outras crenças, e aceitavam o islamismo, tendo existido reis e imperadores mandingas no antigo Império do Mali, que se converteram ao islamismo e disseminaram a sua fé.

A chegada dos fulas à Guiné no século XVIII foi pacífica, pois foram bem recebidos pelos mandingas, que os deixaram utilizar as suas terras, em troca do pagamento de um tributo (46).

Os terrenos cedidos aos fulas pelos mandingas eram chamados pelos mandingas de fulacundas (47), ou seja lugares dos fulas.

O aumento de tributos,  por parte dos mandingas, levou os fulas a deslocarem-se para outras zonas mandingas e também para as terras dos biafadas, escolhendo os locais onde as exigências de tributos eram menores.

Nesta altura apareceu um marabu (48), Seiku Umarú, que profetizou que os fulas em breve iriam mudar a sua condição de submissão, passando a ser os novos senhores, o que correspondia às suas aspirações, e os levou a começarem a pensar numa revolta.

Os mandingas, ao terem conhecimento de tal prenúncio, ficaram preocupados, além disso a contínua imigração fula fazia aumentar assustadoramente o seu número (49), e a continuar assim em breve seriam mais numerosos do que os mandingas, o que veio a acontecer mais tarde.

Os mandingas decidiram desincentivar a vinda dos fulas, e afastar os que já estavam nas suas terras. Então fizeram um aumento generalizado dos tributos, mas a resposta não foi a que esperavam, pois os fulas não abandonaram as suas terras e revoltaram-se, pedindo ajuda aos fulas do Reino do Futa Djalon.

A criação do Reino do Futa Djalon fez mudar as relações dos fulas com os seus vizinhos, pois a partir dai iniciaram a sua campanha de levar a luz divina aos pagãos, lançando uma guerra santa contra os seus vizinhos animistas (a jihad), e a conquista do Império de Cabú estava
entre os seus planos.

O momento era propício para os fulas, pois o Império de Cabú estava dividido por conflitos internos, e a sua economia estava em decadência.

Os fulas do Futa Djalon olhavam para esta guerra com agrado, pois ela dava resposta aos seus anseios de levarem a mensagem divina do Islão aos reinos animistas e permitia também poderem responder aos pedidos de ajuda dos seus irmãos fulas do Império de Cabú, além disso esta guerra iria assegurar-lhes escravos para trabalharem nos campos, dar-lhes o acesso aos cereais de que necessitavam, e garantir-lhes a segurança das suas caravanas, quando estas passassem por aquelas regiões.

A primeira grande batalha entre fulas e mandingas é denominada batalha de Berekolong (50) (1850-51), e ocorreu em Sancorla.

Os fulas venceram a batalha de Berekolong, e o Reino de Sancorla passou para o domínio fula, mas o exército fula sofreu grandes perdas, não tendo força suficiente para continuar a conquista.

As revoltas fulas sucederam-se por todo o lado, os biafadas e os nalus foram igualmente atacados pelos fulas revoltosos, os quais com a ajuda dos fulas de Labé e Timbo (51) em 1868 tomaram Bolola (52) aos biafadas.

A região conquistada pelos fulas aos biafadas passou a chamar-se Forreá, terra da liberdade em língua fula.

As forças militares portuguesas, apesar de não se envolverem nas lutas, apoiaram os revoltosos, dando guarida aos mesmos nas suas fortificações.

O poder no Império de Cabú desde o início do século XIV que era dividido entre três clãs da nobreza, um Sané e dois Mané (53), os quais consideravam que apenas eles tinham direito ao título de Mansa Bá, que significa Grande Rei ou Imperador, pois apenas eles possuíam a linhagem real, pelo que o lugar de Imperador rodava entre eles.

O sistema de rotação do lugar de imperador funcionou bem até à morte do Mansa Sibo Mané (54), da província de Same, pois neste caso os s
eus descendentes esconderam a sua morte, e não cederem de imediato o lugar de Imperador na capital ao seu sucessor por direito de rotação, Djanqui Uali Sané. Assim, apenas se retiraram de Cansalá um ano depois, gerando um conflito interno entre os clãs Mané e Sané.

O Império de Cabú estava numa situação difícil, com revoltas internas e invasões fulas, era necessário manter a unidade entre os mandingas, mas aconteceu precisamente o contrário. 

Por outro lado a economia do Império de Cabú estava em decadência, as caravanas que passavam por Cabú eram cada vez menos, e o comércio de escravos era reduzido, na verdade agora existiam novas rotas e outros destinos, devido aos comerciantes estrangeiros e às rotas comerciais marítimas (55).

Os fulas, que tinham vindo progressivamente a conquistar territórios ao Império de Cabú, aproveitaram as divisões internas dos mandingas para darem o golpe final, e assim um poderoso exército do Reino do Futa Djalon (56) invadiu Cabú e destruiu Cansalá (1867) (57), passando os fulas a dominar todo o território.

[ Revisão e fixação de texto / Negritos, para efeitos de edição deste poste: LG]
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Notas de CF:

(44) Tiramakan Traore - o nome também surge nalguns textos com a designação Tirmakhan Traore, Tiramong Traoré e Tiramaghan Traore.

(45) Cabú - pag, 83, “Kaabunké - Espaço, território e poder na Guiné-Bissau, Gâmbia e Casamance pré-coloniais”, de Carlos Lopes.

(46) “Conflitos interétnicos” – Carlos Cardoso.

(47) Fulakunda - lugar fula, a palavra kunda na língua mandinga significa lugar.

(48) Seiku Umaru - este marabu também conhecido pelo nome El Hadgi Omar, é referido em vários textos como espalhando a mensagem, que no futuro os fulas serão os novos senhores, por exemplo na pag. 78 de “Fulas do Gabú” de José Mendes Moreira, e na pag. 63 da “Grandeza Africana” de Manuel Belchior.

(49) “Fulas do Gabú” - pag. 79, “Fulas do Gabú” de José Mendes Moreira.

(50) Berekolong - em “Resistência Africana ao controlo do território” Carlos Lopes.

(51) Forreá - pag. 160 em “Guiné Portuguesa” – A. Teixeira da Mota.

(52) Bolola - pag 147 em “História da Guiné I” - René Pélissier.

(53) Kaabunké - pag. 179, Espaço, território e poder na Guiné-Bissau, Gâmbia e Casamance pré-coloniais - Carlos Lopes.

(54) Mansa Sibo - em “Resistência Africana ao controlo do território” Carlos Lopes refere, “Quando o Mansa Sibo, da província de Sana morreu, a rotatividade exigia que o Mansa-Bá seguinte fosse Janké Wali, da província de Pakana. Mas os descendentes do primeiro fizeram
“ouvidos de mercador” e mantiveram o poder por mais um ano. Este foi o factor que desencadeou um conflito importante entre os Mané e os Sané de Pakana, numa altura em que as agressões do Futa-Djalon exigiam coesão e não dispersão de forças Kaabunké”.

(55)  Cabú - em “Resistência Africana ao controlo do território” Carlos Lopes.

(56) Exército do Futa-Djalon - a sua dimensão é referida na pag. 28 de “Mandingas da Guiné Portuguesa” de António Carreiras: “ Os Fulas- Pretos, animados pelos bons resultados das operações do Futa, solicitaram novamente o auxílio do Almami de Timbó para tentarem
a batida definitiva dos Soninkés. Reunidos trinta e dois mil homens de guerra dos quais doze mil cavaleiros, aquele régulo de Timbô fez a concentração de tropas em Kitchar (imediações de Kadé)”.

(57) Cansalá - não existe uma data aceite por todos os historiadores sobre a destruição de Cansalá, eis alguns exemplos: Carlos Lopes na “Resistência Africana ao controlo do território”, indica a data de 1867;  Mamadu Mané,  em “O Kaabu”, indica “por volta de 1865”; Carlos Cardoso,  em “Conflitos interétnico”, indica o ano de 1865;  René Pélissier na “História da Guiné I”, pag. 143, refere que “a grande batalha de Kansala (Cam-sala) data de 19 de Maio de 1864, dando como referência o historiador António Carreira; Joel Frederico Silveira em “O Império Africano 1825-1890”, na pag. 216 refere a data de 1867.

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 18 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23992: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XVII: Breve história do império do Mali

(**) Vd. também postes de



Guiné 61/74 - P23992: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XVII: Breve história do império do Mali


Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5



O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga



1. Transcrição das pp. 85/87 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)


Breve história do Império do Mali



A história do Império do Mali começa com a queda do Império do Gana no Século XI.

O Império do Gana foi um dos mais antigos e poderosos impérios africanos, talvez remonte ao século IV, mas os dados sobre a sua formação são pouco rigorosos; o seu território ia desde o deserto da Mauritânia até ao rio Níger no Mali, mas não incluía os territórios da República do Gana, que apesar de ter o mesmo nome não possui qualquer ligação ao Império do Gana.

O geógrafo Al-Bakri (38)  (século XI), de Córdova, escreveu sobre o Império do Gana e sobre o seu poderio militar, referindo que possuía um exército de 200 mil homens, dos quais 40 mil eram arqueiros.

Este Império, inicialmente designado de Kumbi pelos seus habitantes, foi chamado de Gana pelos árabes.

A crença dominante no Império do Gana era a animista, mas o nascimento do islamismo no século VII, e os seus contactos com ele, irão provocar no século XI a queda do Império, face ao crescimento do islamismo no seu território e aos almorávidas.

Os almorávidas eram uma espécie de monges guerreiros, que em nome do Islão empreenderam no século XI uma “guerra santa”, e nela acabaram por destruir o Império do Gana, libertando muitos povos do jugo dos seus senhores. 

Um deles foi o povo mandinga, originando o Reino do Mali, o qual viria a assumir um papel dominante na nova ordem,  e um outro importante reino que se constituiu, foi o Reino Sosso.

O Reino Sosso, conduzido por Sumanguru Kanté (39) , dominou inicialmente os Reinos vizinhos, entre eles o Reino do Mali, mas depois de várias batalhas acabaria por ser totalmente derrotado na batalha de Kirina por Sundiata, a qual leva à criação do Império Mali.

Os mandingas tornam-se os grandes conquistadores da região, e em 1230 Mari Diata I, também conhecido por Sundiata Keita ou Sundjata Keita ou simplesmente Sundiata, que reinou de 1230 a 125540, funda o  poderoso Império Mali, o qual incluía os territórios do Senegal, Gâmbia, Mali e Guiné-Bissau, e partes da Guiné-Conacri (41), Mauritânia e Níger.

O nome de Sundiata e a história do Império do Mali, são conhecidos pelos povos dos países da África Ocidental, pois a sua história tem sido transmitida até aos dias de hoje.

Apesar da importância e popularidade da figura de Sundiata como fundador do Império do Mali, quem o dá a conhecer ao mundo é o Imperador do Mali, Mansa Bá Mussa, também conhecido apenas por Mansa Mussa ou por Mansa Kankan Mussa, que reinou de 1312 a 1337, devido à imponente peregrinação que fez a Meca em 1324.

Al-Umari, um viajante árabe que no começo do século XIV visitou o Império, descreve a sala do seu trono assim:

“(…) O sultão preside no seu palácio numa grande varanda onde se encontra um enorme trono de ébano feito para uma pessoa alta e corpulenta; o sultão é ladeado por duas presas de elefante viradas uma para a outra, e as suas armas todas em ouro, são colocadas ao pé dele: sabre, lanças, carcás, arco e flechas (…) (42)”.

A famosa peregrinação levada a cabo por Mansa Mussa, seria composta por uma caravana com 60 mil pessoas, entre elas 12 mil servos, e 500 escravos cada um transportando ouro, e 80 camelos carregados com mais de duas toneladas de ouro para serem distribuídas entre os pobres (43).

Apesar de não existir um entendimento consensual entre os historiadores, sobre os números reais da peregrinação de Mansa Mussa, sejam eles quais forem, a verdade é que os árabes ficaram deslumbrados com o poder e riqueza no Império Mali.

A peregrinação colocou literalmente o Mali nos mapas do mundo medieval, pois Mansa Mussa surge com uma pepita de ouro na mão, no mapa do catalão Abraão Cresques, em 1375.

A peregrinação a Meca do Mansa Mussa em 1324, teve também influência na expansão do islamismo, pois deu mais força à sua fé, e gerou mais determinação em o difundir.

Outro homem religioso do Mali, que ainda hoje é lembrado pelo seu fervor religioso, é o Mansa Koy Komboro, que em 1280 impôs o islamismo como religião oficial no seu reino, Djenne, e construiu a enorme Mesquita de Djenne, o maior edifício do Mundo construído com lama. Os habitantes de Djenne ainda hoje lhe chamam “Mesquita de Komboro“, e ela continua a causar admiração aos viajantes que por ali passam.

Em 1545 o Império Songai ocupa Niani,  a capital do Império do Mali, ponto fim a um Império em decadência, dividido com lutas internas pela conquista do trono, e minado com revoltas.

[ Revisão e fixação de texto / Negritos, para efeitos de edição deste poste: LG]

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Notas do CF:

(38) Al-Bakri - pag. 69 da “História da África” de J. D. Fage. Al-Bakri escreveu o livro “Descrição de África” em 1087, que serve de fonte a muitas obras literárias.

(39) Sumanguru Kanté - este nome é usado na pag. 86, “História da África” de F. D. Fage, e também em Sundiata – Lion King of Mali de David Wisniewki, e em Sundiata – Uma Lenda Africana de Will Eisner, mas esta figura surge também com outros nomes, como por
exemplo na pag, 167 em História da África Negra, de Joseph Ki-Zerbo, o seu nome é Sumaoro Kanté, na pag, 27 de Sundiata – An Epic of Old Mali, de Djibril Tamsir Niane, o seu nome é Soumaoro Kanté.

(40) Sundiata - 1230-1255, pag. 46 “A Descoberta de África”, de Catherine Coquery - Vidrovitch.

(41) Guiné-Conacri - oficialmente designa-se República da Guiné, mas vulgarmente também é chamada de Guiné-Conacri, para se distinguir da Guiné-Bissau.

(42) Mansa Musa - pag. 24 da “A Guiné do século XVII ao século XIX”, de Fernando Amaro Monteiro e Teresa Vazquez Rocha.

(43)  Mansa Musa - pag. 25 da “A Guiné do século XVII ao século XIX”, de Fernando Amaro Monteiro e Teresa Vazquez Rocha.

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Nota do editor:

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23629: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XVI: Conto - O menino e patu-feron



Ilustrações do mestre Augusto Trigo (2016), pai da pintura guineense e grande ilustrador, a sua obra é uma referência. (pp. 81 e 83). Nasceu em Bolama, em 1938. Casapiano.



O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga



1. Transcrição das pp. 81/83 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)


J. Carlos M. Fortunato > Lendas e contos da Guiné-Bissau




Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5



CONTO - O MENINO E O PATU-FERON 
(pp. 81/83)


Um dia, uma mulher ao ir buscar lenha ao mato, em vez de carregar com o seu filho nas costas como era costume, deitou-o no chão, para poder trabalhar mais rapidamente.

Um patu-feron (37),  vendo a mulher distraída com o trabalho, roubou-lhe o filho, e levou-o para o seu ninho numa árvore.

A mulher aflita gritou:
Ajuda, ajuda. Patu-feron levou o menino. Ajuda, ajuda.

Vieram pessoas a correr, que foram logo procurar o menino, nas árvores onde os patus-feron costumavam fazer os ninhos, mas, apesar de muito procurarem, nada encontraram.

Anos mais tarde, um caçador que andava a caçar naquele local, viu uma criança em cima de uma árvore.

O caçador tinha visto uma mulher ali perto a cozinhar, e foi falar com ela.

 Eu vi uma criança em cima de uma árvore, cozinha arroz para dares à criança, que eu vou buscá-la  disse o caçador.

O caçador, mal chegou ao local, começou a subir a árvore para ir buscar a criança, mas o patu-feron atacou-o e não o deixou subir. Então o caçador pegou no machado e começou a cortar a árvore.

Quando o patu-feron viu o caçador a cortar a árvore, começou a cantar.

 
− Ráque, ráque! Ráque, ráque!  fazia o patu-feron e a árvore voltava a crescer.

Então o caçador pegou no arco e nas flechas para matar o patu-feron, mas ao ver isto o patu-feron começou a gritar por ajuda, e começaram a vir muitos patus-feron, que atacaram o caçador.

O valente caçador enfrentou os patus-feron, e com o seu arco disparou as setas que tinha, matando muitos patus-feron, mas as setas acabaram-se e eles continuavam a vir. Então o caçador pegou no machado e na catana e continuou a lutar, até todos os patus-feron estarem mortos.

Finalmente o caçador conseguiu subir à árvore e trazer a criança.

A mulher deu o arroz à criança, mas esta não quis comer, porque só estava acostumada a comer peixe cru que o patu-feron lhe dava.

O caçador levou-o para sua casa e criou-o como se fosse seu filho, insistindo, pouco a pouco, para que ele comesse arroz.

E foi assim, que o caçador conseguiu salvar o menino, e acostumá-lo a comer arroz, ao pequeno-almoço, ao almoço, e ao jantar.

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Nota do autor:

(37) Patu-feron - é a designação dada em crioulo ao pato ferrão (Plectropterus gambensis), o qual é comum na África subsariana. É a maior ave aquática do continente africano, chegando a pesar sete quilos e a envergadura das asas ser de dois metros; é uma ave perigosa, pois usa o esporão que tem na dobra de cada asa (de onde deriva o nome pato-ferrão) para atacar quando se sente ameaçada.


Pato-ferrão, Patu-feron (crioulo), Thifathe (balanta), Cubuquetaco (fula).  Macho adulto. 

Fonte: Guia das aves comuns da Guiné Bissau / Miguel Lecoq... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Monte - Desenvolvimento Alentejo Central, ACE ; Guiné-Bissau : Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau, 2017, p. 15. Ilustração de PF - Pedro Fernandes) (Com a devida vénia...)  



2. Vamos ajudar a Ajuda Amiga: com pouco podemos ajudar muito


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NIB 0036 0133 99100025138 26

IBAN PT50 0036 0133 99100025138 26

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Os bens em espécie que a Ajuda Amiga valoriza, prioritariamente, neste momento, são:
  • Dicionários de português;
  • Gramáticas básicas de português;
  • Material escolar;
  • Computador portátil;
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E-mail jcfortunato2010@gmail.com | E-mail jcfortunato@yahoo.com
Telem. +351 935247306

Escritório > Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Rua do Alecrim, nº 8, 1º dtº
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Sede > Ajuda Amiga – Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
Rua Mário Lobo, nº 2, 2º Dtº.
2735 - 132 Agualva - Cacém

Armazém > Centro de Atendimento da União das Freguesias do Cacém e São Marcos
Rua Nova do Zambujal, 9-A, Cave
2735 - 302 - Cacém

NIPC 508617910
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Pessoa Coletiva de Utilidade Publica

Sítio: http://www.ajudaamiga.com

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E-mail: ajudaamiga2008@yahoo.com

Telemóvel: +351 937149143
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domingo, 11 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23607: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XV: Conto - O lobo que queria comer os filhos da lebre



Ilustração (pág. 79) do mestre Augusto Trigo (2016), pai da pintura guineense e grande ilustrador, a sua obra é uma referência.
 


O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga



1. Transcrição das pp. 79/80 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)



J. Carlos M. Fortunato > Lendas e contos da Guiné-Bissau



Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5


Conto - O lobo que queria comer 
os filhos da lebre (pp. 79/80)



Um dia, o lobo (hiena) foi à casa da lebre para lhe comer os filhos, mas a lebre conseguiu fugir e foi esconder os filhos ao pé de um poilão (36).

O lobo não desistiu e continuou a procurar os filhos da lebre. Tanto o lobo procurou, que acabou por descobrir o local onde estavam os filhos da lebre.

A lebre não estava em casa, porque tinha ido ao mercado comprar peixe, mas os filhos da lebre ao sentirem o lobo perto, fugiram para o alto do poilão. O lobo pelo cheiro sentia que os filhos da lebre estavam perto, mas não os conseguia encontrar. Então imitou a voz da lebre a chamar os filhos.

   Meninos, onde estão?     chamava o lobo imitando a lebre.

Mamã, mamã, estamos aqui em cima −  responderam os filhos da lebre do alto do poilão, e pensando que era a mãe que tinha chegado, atiraram uma corda para ela poder subir. Ao ver a corda, o lobo começou a subir por ela acima para ir comer os filhos da lebre, mas nesse momento chegou a lebre.

 A lebre nem precisou de corda para subir rapidamente até ao alto do poilão, e, lá de cima, chamou o lobo:

−  Vem, vem para aqui, para junto de mim!

E o lobo assim fez, pois assim comia primeiro a lebre e depois os filhos. Quando o lobo chegou perto, a lebre indicou-lhe um tronco para ele se sentar e disse-lhe:

−  Senta-te aqui, enquanto eu arranjo este peixe. Depois, já me podes comer.

Como a lebre não podia fugir, o lobo pensou logo que ia ficar de barriga cheia, pois ia comer a lebre, os seus filhos e ainda o peixe que ela estava a arranjar.

A lebre que era muito esperta, tinha escolhido um tronco podre para o lobo se sentar. Assim, quando ele se sentou, o tronco partiu-se e o lobo caiu do poilão e ficou no chão sem se mexer.

A lebre, como sabia que o lobo podia estar a fingir de morto, disse para os filhos:

 
−  Não  vamos descer já. Vamos esperar até vermos as moscas poisarem em cima do lobo.

Quando a lebre e os filhos viram as moscas poisadas em cima do lobo, ficaram tão contentes que até dançaram. O lobo tinha morrido.

E foi assim, que a lebre conseguiu salvar os seus filhos de serem comidos pelo lobo.

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Nota do autor:

(36) Poilão - árvore de grande envergadura, muito vulgar na Guiné-Bissau.


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______________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 11 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23254: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XIV: Conto - O lobo e a lebre vão à pesca (pp. 75/78)

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23254: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XIV: Conto - O lobo e a lebre vão à pesca (pp. 75/78)





Ilustração (pp. 75 e 77) do mestre Augusto Trigo, pai da pintura guineense e grande ilustrador,
a sua obra é uma referência.



O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga


1. Transcrição das pp. 75-78 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)



J. Carlos M. Fortunato > Lendas e contos da Guiné-Bissau



Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5



Conto - O lobo e a lebre vão à pesca 

(pp. 75/78)


Ouvindo dizer que a lebre tinha um barco para pescar e que pescava muito peixe, um dia o lobo (hiena) pediu à lebre para ir à pesca com ele.

A lebre não queria ir com o lobo, pois sabia que ele era mau, mas teve medo de dizer que não, pois o lobo era até capaz de a comer, e assim disse que iriam os dois à pesca no dia seguinte.

O lobo e a lebre desceram o rio de canoa e a dada altura a lebre disse ao lobo:

−  Fica a pescar neste lugar, que tem muito peixe, que eu vou pescar mais à frente.

−  Está bem −  disse o lobo.

O lobo não pescava nada, mas a lebre não parava de gritar de contente:

−  Já apanhei um! Já apanhei dois! Já apanhei três! Quatro! Cinco! −  a lebre não parava de apanhar peixe, e o lobo nada.

O lobo furioso por não apanhar peixe, foi ter com a lebre e gritou-lhe zangado:

 Enganaste-me! No meu lugar não há peixe, mas eu vou ficar com o teu peixe e vou vender-te no mercado.

−  Tu é que não sabes pescar ou não tens sorte −  respondeu a lebre.

O lobo amarrou a lebre, meteu-a dentro da canoa e remou para a outra margem do rio, onde havia um mercado.

A lebre ficou aflita, mas arranjou logo um plano para enganar o lobo, ecomeçou cantar.

O patrão está a cantar,
o criado a remar,
que boa viagem vão dar.

O patrão está a cantar,
o criado a remar,
que boa viagem vão dar.


O lobo ao ouvir esta cantiga, disse logo:

−  Eu não sou teu criado, eu é que sou o patrão.

−  Tu é que estás a remar, eu estou a descansar, se não queres ser o criado, então podemos trocar.

−  Está bem −  disse o lobo.

A lebre trocou com o lobo, mas amarrou-o bem, e continuou a remar para ir ao mercado

O lobo, satisfeito, foi todo o caminho a cantar:

O patrão está a cantar,
o criado a remar,
que boa viagem vão dar.

O patrão está a cantar,
o criado a remar,
que boa viagem vão dar.


Quando estavam a chegar à margem, o leão, o hipopótamo, a girafa e todos os outros animais que estavam no mercado vieram ver o que se passava, e comentaram:

−  A lebre traz uma coisa para vender.

O lobo ao ver que estavam a chegar à margem, disse à lebre:

−  Desamarra-me! Rápido!

− Eu não te vou desamarrar, eu vou vender-te no mercado  
−  respondeu a lebre.

−  O quê? Eu sou mais forte do que tu! Desamarra-me ou eu mato-te - disse o lobo ao mesmo tempo que se mexia, tentando libertar-se das cordas.

A canoa começou a abanar, devido aos movimentos do lobo para se libertar, e a lebre disse-lhe:

Vais virar a canoa, e como estás amarrado vais morrer afogado, e eu vou nadar para terra, é melhor não te mexeres.

O lobo com medo ficou quieto, e a lebre vendeu-o ao leão.

E foi assim, que a lebre se conseguiu livrar do lobo.


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terça-feira, 12 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23160: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XIII: Conto - O leão e o javali no tempo da sede

 


Ilustração (pág. 73) do mestre Augusto Trigo, pai da pintura guineense e grande ilustrador,
a sua obra é uma referência




O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga




1. Transcrição das pp. 73-74 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)



J. Carlos M. Fortunato
Lendas e contos da Guiné-Bissau



Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5

Conto - O leão e o  javali 

no tempo da sede (pp. 73/74)

 

No tempo da sede, os animais tiveram que partir para longe para procurar água para beber, pois a chuva não vinha, as bolanhas estavam  secas, e pior ainda é que, sem chuva, a água do mar tinha continuado a  subir até à nascente dos rios, e toda a água era agora salgada.

O leão e o seu amigo javali partiram juntos, à procura da terra da água  doce, na esperança de encontrarem alguma água boa pelo caminho, pois  a sede era muita e essa terra ficava muito longe.

Depois de vários dias a andar sem encontrarem água, o leão disse para  o seu amigo:

Não vou aguentar, estou muito cansado e a terra da água doce ainda fica muito longe.

Aguenta. Eu vou à frente, pode ser que encontre alguma água disse o javali.

E por sorte o javali encontrou logo uma pequena bolanha, que ainda tinha um pouco de água.

Água! Água! gritou o javali.

O leão reuniu todas as forças e correu para beber a água.

O javali já se preparava para beber a água, quando o leão o empurrou e disse:

Eu sou o Rei dos animais, eu é que vou beber primeiro.

Eu é que cheguei primeiro, eu é que vou beber primeiro respondeu o javali, empurrando o leão.

O leão e o javali começaram a lutar. O leão era mais forte, mas não conseguia vencer o javali, porque estava fraco, e o javali era muito rápido, mas não tinha força suficiente para vencer o leão.

Se continuarmos a lutar, vamos morrer os dois. Eu deixo-te beber a água primeiro, se prometeres só beber metade disse o javali.

Tens razão, não devemos lutar, desculpa ter-te empurrado, eu quero que continues a ser meu amigo respondeu o leão.

Fizeram as pazes. O leão bebeu a água primeiro, depois foi a vez do javali, e com novas forças continuaram a viagem.

E foi assim, que os dois amigos conseguiram chegar à terra da água doce.



2. C
omo ajudar a "Ajuda Amiga"?


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quarta-feira, 9 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23061: "Lendas e contos da Guiné-Bissau": Um projeto literário, lusófono e solidário (Carlos Fortunato, presidente da ONGD Ajuda Amiga) - Parte XII: Conto - O hipopótamo dá boleia ao lobo

 



Ilustrações ( (pp. 69-71) do mestre Augusto Trigo, pai da pintura guineense e grande ilustrador, 
a sua obra é uma referência
 



O autor, Carlos Fortunato, ex-fur mil arm pes inf, MA,
CCAÇ 13, Bissorã, 1969/71, é o presidente da direcção da ONGD Ajuda Amiga


1. Transcrição das págs. 69-71 do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau", com a devida autorização do autor (*)



J. Carlos M. Fortunato 

Lendas e contos da Guiné-Bissau



Capa do livro "Lendas e contos da Guiné-Bissau / J. Carlos M. Fortunato ; il. Augusto Trigo... [et al.]. - 1ª ed. - [S.l.] : Ajuda Amiga : MIL Movimento Internacional Lusófono : DG Edições, 2017. - 102 p. : il. ; 24 cm. - ISBN 978-989-8661-68-5



Conto - O hipopótamo dá boleia ao lobo
(pp.  69-71)



O lobo (hiena) queria atravessar o rio, mas não podia porque este tinha muita água. Então foi pedir ajuda ao hipopótamo, para este o levar para o outro lado do rio.

O hipopótamo não gostava do lobo, porque este era malandro, e respondeu-lhe:

 Não tenho tempo, tenho que ir comer e depois vou descansar.

O lobo não desistiu, e pedia, pedia, sem parar:

 Tem paciência, ajuda com boleia, tem paciência, ajuda com boleia, tem paciência, ajuda com boleia, tem paciência…  – repetia o lobo sem parar.

O lobo não se calava e a cabeça do hipopótamo já não aguentava mais, e então disse:

– Está bem, vou levar-te para o outro lado nas minhas costas, mas se me fizeres mal, vais-te arrepender.

 Obrigado, obrigado  – disse  logo o lobo, ao mesmo tempo que se ria baixinho.

O hipopótamo desconfiou daquele risinho, mas pensou que talvez fosse porque o lobo estava contente.

E o lobo lá foi às costas do hipopótamo, até ao outro lado do rio.

Quando chegaram à outra margem, o lobo deu uma dentada no hipopótamo, arrancando-lhe um bocado de carne e fugiu rapidamente com ela na boca.

O hipopótamo ferido, lançou um grito de dor e de raiva:

 
  Aaarrgh!

O hipopótamo estava furioso, e zangado, mas ferido não podia correr atrás do lobo.

Algum tempo depois passou por ali uma lebre, que, ao ver o hipopótamo ferido, lhe perguntou o que tinha acontecido.

Ao saber da maldade do lobo, a lebre que também não gostava dele, disse:

 Esse lobo é mesmo muito mau! Eu vou-te ajudar. Eu vou trazer o lobo aqui. Fica aí deitado e finge que estás morto. Não te mexas!

A lebre foi para o mato e começou a tocar o bombolom (35), chamando todos os animais.

Quando estavam todos os animais reunidos a lebre disse:

 Está um hipopótamo morto na margem do rio, vamos comê-lo.

Ao ouvir isto, o lobo disse logo:

 
  Esse hipopótamo é meu, fui eu que o matei, e eu é que vou comê-lo.

Dito isto, o lobo correu para o local onde estava o hipopótamo, mas, quando se preparava para o comer, o hipopótamo abriu a sua grande boca e deu-lhe uma dentada.

E foi assim, que o lobo foi castigado pela sua maldade.

__________

Nota do autor:

(35) Bombolom - é um instrumento musical, que é tocado com dois paus, batendo-se num tronco de árvore ao qual foi retirado o seu interior, ficando com uma abertura em cima, de modo a servir de caixa de ressonância.


2. Como ajudar a "Ajuda Amiga"?

Caro/a leitor/a, podes ajudar a "Ajuda Amiga" (e mais concretamente o Projecto da Escola de Nhenque, que já foi inaugurada dia 8 deste mês, com pompa e circunstância), fazendo uma transferência, em dinheiro, para a Conta da Ajuda Amiga:

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Para saber mais, vê aqui o sítio da ONGD Ajuda Amiga:

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