Mostrar mensagens com a etiqueta chuvas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta chuvas. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23921: (In)citações (227): As cheias, estas e as outras (Hélder V. Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF)




Cheias de 1967 - Vila Franca de Xira - Rua Serpa Pinto

1.
Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil TRMS, TSF  (Piche e Bissau, 1970/72), com data de 24 de Dezembro de 2022, a propósito das últimas cheias em Lisboa e não só:



AS CHEIAS (estas e as outras)

Há alguns dias atrás, ocorreram o que agora se designam por “fenómenos extremos” originando, principalmente na zona de Lisboa (mas não só) um conjunto de circunstâncias das quais resultaram avultados estragos em estabelecimentos comerciais, em elevados prejuízos económicos, resultando ainda na morte de uma senhora.

Tudo isto é lamentável, e uma morte que seja, é sempre uma vida humana que se perde estupidamente.

Muito se falou. As televisões dedicaram largos períodos do seu dia a fazerem reportagens sobre as diversas peripécias dos acontecimentos, onde não faltarem as arengas dos “especialistas de tudo” que agora aparecem em todos os canais.

Foi tudo abordado: a construção em leitos de cheias, a impermeabilização dos solos, a falta de limpeza das sarjetas (claro que ninguém se responsabilizou pelo lixo que faz e deita para a rua), a falta de meios de intervenção (com o costumeiro “aqui ninguém apareceu”), o atraso ou ausência de informação sobre a possibilidade de chuvadas fortes (normalmente ninguém liga seriamente aos “avisos laranjas” e outros), etc..

Aqui e ali, de fugida, ainda houve algumas referências às “cheias de Novembro de 1967” mas rapidamente isso foi ultrapassado, diria submergido, pelo imediatismo do dia e pela publicidade das medidas previstas e já em curso, para a construção de túneis e reservatórios tendo em vista resolver, ou pelo menos minorar significativamente, a questão dos problemas de Lisboa. Passou-se então a discutir a paternidade e a antiguidade das soluções e o resto foi-se diluindo, tal qual a água foi vazando….

Aguardo com interesse o que se começará a dizer quando for mais conhecida a origem da tuneladora adquirida para os trabalhos de perfuração do solo com vista à construção dos tais túneis… é que os preconceitos com o material chinês devem dar para inúmeras reportagens!

Entretanto, uma foto dum artigo que um amigo me enviou, despertou a minha atenção e as recordações desses dias, começados a 26 de Novembro de 1967, assaltaram-me novamente.

Essa foto encabeça um artigo da “NiT” (que reproduzo com a devida vénia), a propósito dessas cheias de 67 e mostra a Rua Serpa Pinto, em Vila Franca de Xira. Essa rua era onde o meu pai e o sócio tinham o seu comércio/oficina de mobílias (nesse tempo alguns móveis ainda vinham “em branco”, sendo necessário trabalhá-los) e foi aí que que os “meus trabalhos” começaram. A loja ficava do lado direito, na foto, no piso térreo, onde se vêm pessoas numa varanda, e não posso garantir que o vulto que se vê, empurrando detritos, seja eu, mas também não desminto.

A manhã desse sábado apareceu chuvosa, aquela chuva miudinha, embora persistente e apanhei o comboio para Lisboa bem cedinho, pois tinha aulas às 08:00 da manhã.

A chuvinha continuava, umas vezes mais forte outras mais branda, mas sempre presente. Da parte da tarde começou a engrossar e quando regressei a casa, a Vila Franca, cerca das 19:00, estava desconfortável, foi só tomar banho para aquecer, jantar e, ao contrário do que era habitual, já não saí, indo para a cama muito mais cedo do que o costume.

Cerca das 5 da manhã de domingo tocam insistentemente à campainha a avisar que havia enxurradas, que as ruas eram um mar de água, lama e em alguns sítios com coisas a boiar (automóveis, caixotes, etc.), que a água saía das sarjetas pois a maré estava alta e, salvo erro, eram “águas grandes”. Na Serpa Pinto já tinham subido bastante e estavam a entrar para os estabelecimentos.

Claro que fomos logo para lá, tentar evitar o mais possível os estragos. Na foto já era de dia, o pior já tinha passado, já se estava, naquele local, no “rescaldo” mas, entretanto, começam a chegar as notícias do drama e do desastre (catástrofe) humanitário que tinha assolado a aldeia das Quintas, povoação que viu mais de metade dos seus habitantes perecerem, 89 de 150. Os corpos, resgatados pelos bombeiros foram sendo depositados nas capelas de Vila Franca e da Castanheira e começaram depois a surgir notícias de outros locais.

No dia seguinte, segunda-feira, fui para Alhandra dar apoio a colegas e seus familiares, para ajudar a limpar toda aquela desgraça de que foram alvo. Ali, em Alhandra, a desgraça, em termos de vítimas, não atingiu as proporções que eventualmente poderiam ter acontecido, devido a uma composição ferroviária de mercadorias estar estacionada onde a enxurrada investiu, vinda de São João dos Montes, evitando que tudo aquilo entrasse de supetão pelas ruas e casas da então vila. A atriz e encenadora Maria João Luís estava lá na ocasião, em casa de familiares, e ainda não deixa de ser com um frémito de emoção que exterioriza quando recorda esse episódio.

Durante essa 2.ª feira, o Movimento Estudantil de Lisboa, mobiliza-se para criar brigadas de apoio aos vários locais sinistrados nos concelhos de Vila Franca, Loures, Carenque e zonas de Lisboa, protagonizando (principalmente os alunos de Medicina) uma campanha de vacinação contra o tétano e outras possíveis infeções. Tal voluntarismo naturalmente que não foi bem aceite pelos poderes de então, pois não só lhes fugiu ao controlo como também permitiu um maior conhecimento das realidades, da tragédia em si, dos números das vítimas (coisa que o poder procurou minimizar), das condições de vida de largas franjas da população e foi um motor para a tomada de consciência da necessidade de mudança de muitos jovens de classes menos desfavorecidas que, até aí, estavam a “salvo” desses problemas.

Não é correto comparar coisas apenas parcialmente comparáveis. Tanto naquela altura como agora, choveu muito. A precipitação não foi igual mas, ainda assim, originou muitos problemas. Em termos de prejuízos materiais também há semelhanças. As causas foram diferentes, em alguns aspetos, mas muitos outros houve em que os velhos e eternos problemas estiveram presentes. A maior e principal diferença foi o número de vítimas mortais: 1 agora e mais de 700 então.

Já as questões sociais, não sendo iguais, também refletem semelhanças. Naqueles dias, passei uma noite com outros dois colegas, a imprimir uns panfletos onde se procurava demonstrar causas para a desgraça ocorrida e a apontar responsabilidades e, por via disso e para fazer chegar à população tal documento, saí de madrugada, de camioneta da carreira para Alenquer, onde fui fazendo a distribuição até já ser dia e perceber que a GNR estava a montar cerco para chegar ao autor da distribuição. Tendo percebido isso, tomei precauções, passei sem percalço pela barreira formada, tomei a camioneta de regresso a Vila Franca e essa aventura terminou sem consequências.

Portanto, o que se passou há 55 anos foi, em termos de vítimas, muito mais grave do que agora mas não se deve menorizar os atuais acontecimentos pois eles refletem a inércia das autoridades, dos poderes instituídos, a incapacidade ou falta de vontade política de enfrentar e resolver os problemas.

Por isso aqui deixo estas reflexões (e informações) que espero não sejam passíveis de repetição daqui a algum tempo (porventura pouco), devido à maior frequência e amplitude com que alguns “fenómenos extremos” vêm ocorrendo.

Hélder Sousa
Fur. Mil. Transmissões TSF

____________

Nota do editor

Último poste da série de 25 DE DEZEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23916: (In)citações (226): "O pedinte da berma da estrada" (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)

terça-feira, 30 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21123: Historiografia da presença portuguesa em África (215): o jovem Amílcar Cabral, finalista de engenharia agronómica, saudando o regresso das chuvas e da esperança, após quatro anos de seca, fome e tragédia, escreveu: "A bem de Cabo Verde, pelo bom nome e pela glória de Portugal" (sic), a rematar um artigo publicado no nº 1 do Boletim de Informação e Propaganda, outubro de 1949



Capa do mensário "Cabo Verde: Boletim de Propaganda e Informação", Praia,  nº 1, ano I, 1 de outubro de 1949. Propriedade da Imprensa Nacional, 20 pp. Diretor:  Bento Benoliel Levy  (Preço de capa: 2$50)






















Artigo da autoria de Amílcar Lopes Cabral, futuro engenheiro agrónomo, e fundador e líder do PAIGC: "Algumas considerações acerca das chuvas", pp. 5-7.




Cabo Verde: Boletim de Propaganda e Informação, Ano I, nº 1, 1 de outubro de 1949. 

Notícias sobre as chuvas de setembro de 1949.  Há cinco anos que não chovia no arquipélago (!) (p. 7)
Fonte: Hemeroteca Digital, CM Lisboa (com a devida vénia)

 [Fixação de texto para efeitos de reprodução neste blogue: LG]

1. O novo governador de Cabo Verde  (1949-1953), Carlos [Alberto Garcia] Alves Roçadas (, major  de infantaria, licenciado em medicina,  e sobrinho do gen José Augusto Alves Roçadas, 1865 - 1927)  foi o "inspirador" deste orgão da imprensa cabo-verdiano (1949-1964). 

Era propriedade da Imprensa Nacional de Cabo Verde, e tinha como diretor Bento Benoliel Levy (Praia, 1911- Lisboa, 1991),  um político e jornalista, de origem judia sefardita,  afeto ao regime do Estado Novo e defensor (intransigente) da sua política ultramarina.

Bento Levy. Fonte:
Assembleia da República
Bento Levy era licenciado em Direito (Ciências Jurídicas) pela Universidade de Lisboa (1939). Teve uma carreira político-administrativaa feita na Praia, Santiago, Cabo Verde:

(i) administrador du concelho da Praia (1941);

(ii)  vohal do Conselho do Governo (1942); 

(iii) chefe des serviços de administração civil (1946);

(iv)  presidente do Conselho fiscal da caixa geral dos reformados;

(v) presidente do Centro Cultural de Sotavento;

(vi) diretor  técnico da  Imprensa Nacional de Cabo Verde (1948);

(vii) substituto do juiz de direito  da Comarca de Sotavento  (1949-1961);

(viii) diretor do Serviço de propaganda e informação; diretor do Centro de Informação e Turimos de Cabo Verde; fundador et presidente du Rádio Clube de Cabo Verde....

(ix) enfim, deputado à Assembleia Nacional por Cabo Verde (União Nacional, 1961-1965 / 1969-1973), onde abordou por várias veses o problema da seca e da fome.

Para além de responsabilidade pela criação deste Boletim (1949), foi também fundador da Rádio Clube de Cabo Verde (1944); e, mais tarde, fundador do semanário O Arquipélago (1962).

O Boletim foi definido, logo de início como um " jornal de todos [e para todos], em que cada ideia construtiva terá cabimento (...), necessita[ndo], como é óbvio, de colaboração - colaboração de todos quantos de algum modo se interessam por Cabo Verde, ou porque aqui nasceram, ou porque aqui viveram, ou por cá passaram como simples curiosos, ou ainda porque, como portugueses, se acham lígados a esta parcela do Império, para o desenvolvimento e progresso da qual todos devemos contribuir."


É expressament referido que "a ideia desta iniciativa [é] devida a Sua Ex.a o Governador da colónia [, foto acima], que honra o Boletim com um editorial a todos os títulos notável, dando o exemplo e incitanto quantos possam contribuir para se fazer mais e melhor por Cabo Verde" (...).

(...) "É essa colaboração que se pede, pois dela depende a continuação de tão útil, como indispensável elemento de vida da colónia. (...)".

2. E logo no primeiro número surgem nomes, como o do jovem Amílcar Cabral, que de modo algum se podem considerar como "alinhados" com o regime. Veja.se o teor do artigo que acima reproduzimos: Amílcar Cabral ia fazer 25 anos em 12/9/1949, e estava a estudar agronomia em Lisboa, curso que vai concluir em 1950, e cuja escolha estará relacionada com a trágica seca e fome de 1941/43, período que concidiu com a comissão de serviço militar de alguns dos nossos pais (em São Vicente e no Sal).

Filho de pai cabo-verdiano de ascendência guineense, Juvenal Lopes Cabral, professor, e de mãe guineense, de ascêndencia caboverdiana, Iva Pinhel Évora, o Amílcar tinha nascido em Bafatá, em 1924, onde o seu pai fora colocado à época.

Com os oito anos de idade, em 1932, vem com a família para Cabo Verde. Completaria o ensino primário em Santa Catarina, na ilha de Santiago. No Mindelo, São Vicente, termina o curso liceal em 1943, no Liceu Gil Eanes. Tem um primeiro emprego na Imprensa Nacional (1944), já na Praia, Santiago. Ganha uma bolsa de estudos e vai para Lisboa em 1945. Estuda no Instituto Superior de Agronomia (ISA), ode conhece a futura esposa, flaviense. Convive com futuros dirigentes nacionalistas africanos, na Casa dos Estudantes do Império, tais como Agostinho Neto, Marcelino dos Santos e Mário de Andrade.

Em 1941/43 e em 1947/48, Cabo Verde tinha sofrido mais um ciclo de devastadoras secas, com trágicas consequências: dezenas de milhares de mortos, crise económica e social, emigração forçada (nomeadamente para S. Tomé e Príncipe, mas também para a Guiné.).. Em agosto e setembro de 1949, as chuvas (abundantes) voltam a cobrir as ilhas de "palha verde"...

É neste contexto, e na expetativa (moderada) de "mudança de rumo" do governo das ilhas, que deve ser lido este e outros artigos desta revista mensal, que se começa a publicar justamente em outubro de 1949 (e vai durar até 1964, tendo tido um certo impacto na vida cultural, social, intelectual e literária e do arquipélago, apesar do seu alinhamento político-ideológico com o regime de Salazar).
__________

Nota do editor:

Último poste da série > 24 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21107: Historiografia da presença portuguesa em África (214): A imprensa na Guiné, numa tese de doutoramento de Isadora de Ataíde Fonseca, denominada “A Imprensa e o Império na África Portuguesa, 1842-1974" (1) (Mário Beja Santos)

sábado, 21 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18862: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché


Guiné-Bissau > Região do Boé > Rio Corubal >  30 de junho de 2018.> Ché Ché  fica(va) do outro lado do rio, na margem esquerda. A jangada do Ché Ché,  puxada à corda, como há meio século atrás... Vídeo de Patrício Ribeiro (Impar Lda, Bissau), gentilmente cedido ao blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Em 6 de fevereiro de 1969, neste mesmo local e com uma jangada deste tipo, houve um trágico acidente: morreram, afogados, 46 militares e 1 civil, na sequência da retirada do quartel de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios).

Vídeo (1´01'') > Disponível em You Tube / Luís Graça


Foto nº 2 > Guiné-Bissau >Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 > Rampa de acesso, do lado do Gabu, na margem direita.


Foto nº 2A > Guiné-Bissau >Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 > Rampa de acesso, do lado do Gabu... Do outro lado, na margem esquerda,  em Ché Ché (ou Cheche, como vem grafado no nosso blogue...),. vê-se a jangada que faz o transporte de viaturas, pessoas e bens...


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 >  Rampa de acesso, na margem direita; lavadeiras (1)


Foto nº 1A > Guiné-Bissau > Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 >  Rampa de acesso, na margem direita; lavadeiras (2)


Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região do Boé >  30 de junho de 2018 >   Estrada de Che Ché - Béli.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de ontem, do Patrício Ribeiro, às 18h26

Assunto - Os meus passeios pelo Boé

Luís,

Quero enviar algumas fotos deste passeio [em 30 de junho e 1 de julho], mas como chove em Bissau há mais de 24h, a Net está muito difícil,

Vou enviar as fotos por diversas vezes, incluindo um vídeo.

Abraço
Patricio Ribeiro

IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guin?? Bissau
Tel,00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com


2. Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7) > Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018:  a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché  (*)


Há poucos dias, fui dar uma volta pela região do Boé. Nos finais de Junho, após as primeiras chuvas, como sempre gosto de fazer.

Nesta época podemos encontrar as encostas das colinas todas verdes, como se lá tivessem plantado relva, o terreno muito colorido com as primeiras flores a desabrochar, após a época seca. Com a falta de chuva nos últimos 7 meses, começando as chuvas, a relva cresce 2 a 3 cm por dia ...

Neste mês ainda se pode passar por todos os caminhos e picadas; os rios de água cristalina começam a correr, mas ainda os podemos ultrapassar com as viaturas todo o terreno.

Claro que em alguns locais já temos mais de um palmo de água nas entradas, durante muitas dezenas de metros (foto 4) mas como o solo é todo de pedra, não há o perigo de ficar atolado na lama.

Depois de sair de Bafatá, passamos em Gabú, a caminho de Ché Ché, estrada de terra batida, em muito bom estado até ao rio.

Lá chegamos ao primeiro obstáculo (fotos 1 e 2),  a travessia do rio Corubal.

Esperamos pela jangada que estava do outro lado e, depois de algum tempo de espera, lá apareceu ela para nos transportar! Estava a ser puxada à mão por diversos homens, porque o motor estava avariado. (Vd.vídeo, acima.)

(Continua)
_______________

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9930: A minha CCAÇ 12 (24): Agosto de 1970: em socorro da tabanca em autodefesa de Amedalai, terra do nosso hoje grã-tabanqueiro J. C. Suleimane Baldé (Luís Graça)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) > Fotos do álbum do Arlindo Roda, ex-fur mil at inf, 3º gr comb > O autor, no cais do Xime, ao pôr do sol. Aqui era a porta de entrada do leste... Aqui chegavam navios da marinha, em especial as LDG, além dos barcos e batelões civis, ao serviço do exército... O rio era navegável até Bambadinca. Aqui no Xime teria cerca de 400 metros de largo, entre as duas margens.



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) > O cais do Xime... Havia um aquartelamento na margem esquerda, guarnecido por uma companhia de quadrícula, além de um Pel Art (obus 10.5). Havia ainda uma tabanca. Na margem direita, situava-se a povoação do Enxalé,  outrora importante. Nesta altura havia lá um destacamento (guarnecido por 1 gr comb do Xime).



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) > O cais do Xime, na margem esquerda... O mistério do Geba, o fascínio dos rios e braços de mar da Guiné: o que havia para além daquele cotovelo, a montante e a jusante ? Gostavamos de imaginar que para além do Xime, a ponta Varela, a foz do Corubal, Porto Gole, Bissau, o Atlântico, o Tejo, o regresso a casa... Como diz o nosso Álvaro de Campos / Fernado Pessoa, "todo o cais é uma saudade de pedra"...


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) > O cais do Xime, na margem esquerda... Homens e viaturas esperando o desembarque da LDG, vinda de Bissau, com tropas frescas...


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) > O cais do Xime, na margem esquerda > Dois furrieis (o Roda e o madeirense Zé Luís de Sousa, mais o condutor do Unimog 411, cujo nome já não recordo... (Talvez algum camarada da CCAÇ 12 me possa ajudar!).


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) > O Arlindo Roda na ponte do Rio Udunduma, afluiente do Rio Geba, onde havia um destacamento permanente... A defesa desta ponte (sabotada em 28 de maio de 1969, por ocasião do ataque a Bambadinca) era vital  para o trânsito na estrada Xime-Bambadinca... Era desde então defendida permanentemente por um grupo de combate (o9ra da CCAÇ 12, ora de outras subunidades como os Pel Caç Nat).


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) > 'Refeitório' e 'sala de estar' do destacamento da ponte do Rio Udunduma. Pessoal do 3º gr comb: sentados  à esquerda, identificao o fru mil Arlindo e o alf mil Abel Rodrigues...



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (julho de 1969 / março de 1971) >  Mais uma bonita paisagem: o porto fluvial de Bambadinca, no Geba Estreito... O Arlindo aparece na foto à civil... Aqui fazia-se a cambança para Finete e Missirá, os únicos destacamentos que tínhamos no Cuor... Bolanha de Finete em frente. 

Imagens de diapositivos digitalizados. Álbum do Arlindo Roda, ex-fur mil at inf, 3º gr comb, CCAÇ 12 (1969/71). Edição e legendagem: L.G.

Fotos: © Arlindo Teixeira Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



A. Continuação da série A Minha CCAÇ 12 (*)
por Luís Graça








Fonte: História da Companhia de Caçadores 12 (CCAÇ 2590): Guiné 1969/71. Bambadinca: CCAÇ 12. 1971. Policopiado, pp. 38/39. [ Documento escrito, datilografado e reproduzido a stencil por L.G.]

2. Comentário de L.G.:

Havia sinais de que, no setor L1, já estávamos todos cansados da guerra, os combatentes de um lado e do outro... E ainda faltavam quatro anos, quatro longos anos,  para acabar este conflito absurdo...  A CCAÇ 12 tinha tido uma intensa atividade operacional, na época das chuvas, coincidindo com o final da comissão de serviço do BCAÇ 2852 (1968/70). 

Os novos senhores de Bambadinca (BART 2917, 1970/72) estavam desejosos de mostrar serviço... Como a gente dizia, em linguagem de caserna, vinham de Lisboa "com a tusa toda"!... De forma que a desgraçada da minha companhia, de intervenção ao setor L1, não tinha mãos (nem pés) a medir... 

Do lado do PAIGC, comemorava-se, sem grande entusiasmo, as efemérides revolucionários: no dia 3 de agosto de 1970, o grupo de roqueteiros de Ponta Varela, cumprindo ordens do comissário político, atacaram em pleno dia a LDG... Sem consequência para o navio da marinha, mas há que reconhecer que sempre era uma ação temerária, dado o poder de fogo da LDG... Uma coisa é atacar um barquinho civil cujo armador não tem as quotas em dia... Outra coisa é enfrentar a resposta da LDG, dotada de duas peças Boffors, antiaéreas, de 40 mm...  

Para celebrar a revolta do cais do Pidjiguiti, no já longínquo 3 de agosto de 1959, a guerrilha local também flagelou o Enxalé e Mansambo... Mas tínhamos informações sobre problemas intestinos a nível do bigrupo que residia na área do Poindon / Ponta do Inglês...  Foi preciso vir, em agosto de 1970,  gente do Cuor, de Madina/Belel, dar uma maozinha do subsetor do Xime (vd. croquis do setor, em baixo)...

Mesmo no mês da maior pluviosidade na Guiné, não tivemos direito a qualquer descanso. Importantes tabancas fulas, em autodefesa e guarnecidas com pelotões de milícias, como Amedalai (onde hoje vive o nosso grã-tabanqueiros J.C. Suleimane Baldé) e Dembataco foram atacadas, com agressividade, obrigando a entrada em ação do nossos piquetes... Fora disso, era a chuva e a rotina dos dias, repartidos pelos destacamentos de Nhabijões, Bambadincazinho (MIssão do Sono), ponte do Rio Udunduma, sem esquecer as colunas logísticas, os patrulhamentos ofensivos e outros exercícios que nos obrigavam a fazer para manter a boa forma... Mas nuvens negras espreitava-nos no fim da estação... (LG).



Guiné > Zona Leste > Croquis do Sector L1 (Bambadinca) > 1969/71 (vd. Sinais e legendas).

Fonte: História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1971




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor do Xime > Detalhe > Carta do Xime (1955) (Escala 1/50 mil)... Lugares que continuam no nosso imaginário..


Infografias: © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8614: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (20): Rezando pela chuva, lá, no tempo dela; imprecando contra o vento, estival, cá... (Luís Graça)





Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > Título da foto: Aí está a época das chuvas de 2011 > Data de Publicação: 10 de Julho de 2011 > Data da foto: 26 de Junho de 2011 > Palavras-chave: Segurança alimentar > Legenda:

"Já começou a época das chuvas na Guiné-Bissau com grandes tornados e ventos muito fortes, mas ainda com …pouca chuva, para os agricultores ficarem satisfeitos e iniciarem as suas lavouras e sementeiras.

"Este começo,  atrasado e muito irregular, tem levado a uma diminuição notória do ritmo da lavoura dos planaltos e encostas onde se produzem as culturas de sequeiro (milho, sorgo, milheto, arroz, mancarra, batata doce, mandioca e feijão), o que faz temer uma má colheita este ano. 

"Quanto às bolanhas salgadas, a situação é ainda mais grave, uma vez que é necessário chover muito e de forma concentrada, para diminuir a salinidade e acidez dos solos, pondo a salvo qualquer interrupção brusca do fim do ciclo das chuva".

Foto:  Cortesia de  © AD - Acção para o Desenvolvimento  (2011). Todos os direitos reservados.





1. Cada vez mais a expressão "segurança alimentar" faz sentido e nos põe em sentido... Como alimentar 9 mil  milhões de seres humanos, em 2050, com o planeta azul a "rebentar pelas costuras" ? 


Há muito a ONG AD - Acção para o Desenvolvimento tem um discurso e uma prática neste domínio, dando o exemplo ao Estado, à sociedade civil, ao povo e às elites da Guiné-Bissau... Através da série "foto da semana", no seu sítio institucional, e agora também no Facebook, a sua mensagem chega mais longe. 


Os agricultores guineenses, esses,  esperam a chuva, no tempo dela, como um milagre do céu. Nós, que queremos sol e praia, rogamos pragas ao vento... Para os antigos combatentes que conheceram a Guiné do tempo das chuvas abundantes e milagrosas - ainda não se falava em " mudanças climáticas" nem de avanço do Sara - esta foto tem uma forte carga simbólica, poética e emocional... 


Se é verdade que nem no tempo das chuvas as armas se calavam, também é certo que abrandava a actividade operacional, de um lado e do outro, por imperativo da natureza... As picadas transformavam-se em rios. As colunas logísticas, um inferno. As minas e armadilhas eram arrancadas do chão pela força das águas... As viaturas atascavam-se... Entretanto a savana arbustiva tornava-se uma imensa "seara de capim", verde que rapidamente cobria tudo, homens, animais, arbustos...


Quem não se lembra do tempo das chuvas ? E das medonhas trovoadas tropicais ? E das moranças queimadas por raios, com pessoas e gado calcinados ?... Quem não se lembra dos milhões de insectos, de todos os tamanhos e feitios, que nos "bombardeavam" o prato da sopa, ao jantar, logo que acabava a chuvada da tarde ? Quem é que não veio para a rua, feito criança, com as primeiras chuvadas, apanhar a molha monumental, da cabeça aos pés, um  ritual obrigatório naquelas paragens, para todos os viventes ? Quem, enfim, não estremece de emoção ao rever este  céu carregado, a prenunciar borrasca, algures na Guiné-Bissau de hoje, a "nossa terra verde e vermelha" de ontem  ? 


Entretanto, a guerra recomeçava, com outro vigor, e violência, no tempo seco... Em Dezembro, no leste, tiritava-se de frio, à noite, nos postos de sentinela ou nas emboscadas no mato,  quando as temperaturas baixavam até aos 15 graus...


2. Por outro lado, recebi há dias notícias do nosso amigo Pepito, anunciando a sua chegada à terra da sua mãe (Lisboa), dos seus filhos e da sua esposa Isabel, nestes termos sempre bem humorados e telegráficos, levemente irónicos: 


"Chegada à Metrópole de Graciosa: 16 de Julho de 2011. Amigos Alice e Luís: Estou em Lisboa. Vim tratar da vistoria do veículo de transporte... Vamo-nos encontrar. Abraço. Pepito".


Recorde-se que os funcionários públicos do Ultramar (se não todos, pelo menos algumas categorias, como professores, médicos, militares, etc.), ao fim de 4 anos de serviço, tinham direito a uma licença dita graciosa, cuja duração podia ir até aos seis meses, com viagens pagas no todo ou em parte pelo erário público... Continuavam a receber o seu vencimento, não sei se na totalidade ou em parte... 


Os pais do Pepito, ele jurista, ela professora no Liceu Honório Barreto, beneficiavam naturalmente deste "privilégio" do funcionalismo público ultramarino... Fixaram-se na Guiné em 1949, mas mantendo casa em Lisboa. O Pepito e os seus irmãos, enquanto crianças e adolescentes, devem ter acompanhado os pais, numa ou mais viagens à Metrópole, em gozo de licença graciosa... Enfim, deve ser esse o sentido (figurado) do título da mensagem...


Aproveito o ensejo para desejar ao Pepito, à Isabel e ao resto da família, incluindo a nossa Clara Schwarz, a decana da nossa Tabanca Grande, a caminho dos seus corajosos e maravilhosos 97 anos de vida, os mais ardentes votos de boa, prazenteira, descontraída, feliz e saudável estadia na Tabanca de São Martinho do Porto, com muito sol e a brisa q.b., que refresca a casa e faz cantar os pinheiros que a protegem, tornando ainda mais fantástica e poética a vista que se desfruta desse lugar mágico (uma das mais belas vistas do Portugal litoral, ao fim da tarde: de um lado, o Atlântico, as Berlengas; do outro, a baía de São Martinho do Porto)... 


Espero poder em breve ir lá dar-vos um abraço, a vocês e ao vizinho JERO, outro  apaixonado de São Martinho do Porto (e residente de verão)... Claro, eu, a Alice, se possível a Joana (entretanto, em viagem por Itália), e obviamente o João, se os Melech Mechaya deixarem, passe a publicidade  (...Nesta noite, ele está a tocar, com os Melech Mechaya, em Alcains, Castelo Branco; no dia 13, vai estar em grande, em Sagres, no Superbock Surf Fest, na praia do Tonel, a tocar para um público esperado de mais de 10 mil; e depois a 21 e 28, em Espanha...). Em suma, vamos ter que gerir muito bem, como acontece todos os anos em Agosto, as nossas "agendas sociais"... Brincadeira aparte,  aquele xicoração lusoguineense! Luís Graça

___________


Nota do editor:

Último poste da série > 28 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8480: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (19): Em louvor da Ajuda Amiga e do Carlos Fortunato, divulgador de tecnologias simples e amigas do ambiente



segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2092: Antologia (61): Tempestade em Bissau (Mário G. Ferreira)

Capa do romance de Mário G. Ferreira, Tempestade em Bissau: Ano 1970. Lisboa: Pallium Editora. 2007. O autor foi Alf Mil Médico, CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72). 


 Um novo livro Tempestade em Bissau: Ano 1970 surgiu agora nas livrarias (1). Nos anos 70, um dos nossos Camaradas faz a viagem num navio prestes a ser abatido aos efectivos, nas mãos de um capitão experiente em muitas águas, a subir o Geba, até Bissau. Com a cidade à vista: 

(...) Naquele entardecer, quase no findar de um dia chuvoso, que o havia sido teimosamente, afinal o tempo que predominava por essa época do ano naquela região e àquela latitude, um local da África Ocidental situado entre o equador e o trópico de Câncer, o céu apresentava cores tristes e pardacentas, aqui e além matizado por manchas que iam do plúmbeo ao estanhado, num espectro amplo de tons que pronunciava iminentes tempestades. Em tudo uma atmosfera pesada que mais se adensava pelas emanações telúricas vindas de um solo vermelho e quente, e que lhe conferiam um odor característico, como que um sabor acre e húmido.A cidade, com as suas ruas, pracetas e ruelas a esse tempo acossadas pelo vento leste, por acção da corrente aérea equatorial (…), parecia adormecida. 

(…) Dominante e rectilínea, numa posição bem central, a avenida principal em evidência - uma via longa e larga, com uma faixa central de pisos alcatroado e mal conservado, ladeada à direita e à esquerda, e a todo o seu cumprimento, por espaços rectangulares revestidos de uma calçada à portuguesa bastante maltratada, interrompida a intervalos por áreas terrosas onde cresciam aloendros de flor branca ou vermelha. E depois, todo o património edificado, onde se podiam ver edifícios de estilo colonial e alguns outros de um estilo mais recente, para além de algumas repartições públicas tais como as finanças e os Correios, o Banco Nacional Ultramarino, a catedral, e armazéns comerciais, poucos.

(…) À esquerda, os edifícios de habitação, de um modo geral de dois pisos, e também alguns armazéns que guardavam castanha de caju, mandioca ou amendoim, estes em construções de um só piso; à direita, podia ver-se o largo passeio empedrado pelo qual se distribuíam alguns bancos de pedra e que tinha como limite um paredão que se prolongava até à Amura, sem chegar a atingir o Pelicano. 


Sob o olhar atento do nosso Camarada: 

(...) O navio (…) avançava mais lenta e preguiçosamente no largo estuário do outrora Rio Grande, curvando suavemente a bombordo até que a proa apontou para o norte, num sulcar das águas em direcção à ponte-cais do porto da cidade. Agora já em pleno rio, um largo e emblemático curso de água que, num longo trajecto e numa corrente serena, vindo do norte do território, tinha já banhado Bafatá, Bambadinca e Xime, para depois participar no encontro e junção, lá na Ponta do Inglês, com um outro seu braço vindo do sudeste, o Corubal. Assim se abraçando até se fundirem completamente e acabarem por formar o Grande Geba, que depois se continua no seu deslizar ainda mais lento para o mar, num terminar em que não é possível estabelecer com precisão onde acaba o rio e começa o oceano (…). 

 É um navio carregado de tropas, armas, frescos e diversos. O desembarque é feito segundo as normas militares. Em primeiro lugar, os oficiais, o comandante do batalhão acompanhado pelos oficiais da CCS, os impedidos com as bagagens de mão, e as companhias operacionais enquadradas pelos respectivos oficiais e sargentos, quase todos milicianos, por fim. 

 Segue-se o desembaraço dos porões, com grandes guinchos. Caixotes de madeira com material de guerra, filas de homens vergados ao peso de sacos de cereais ou de caixotes com rações de combate, caixões vazios e um cheio, com o corpo de Tolentino de Menezes, um guineense ilustre, oriundo das Índias Portuguesas e que encontrara a morte em Lisboa numa situação que o autor descreve como algo dramática. 

 E é à volta desta personagem que corre grande parte da obra de ficção que o nosso Camarada Mário Gonçalves Ferreira (2), médico de profissão há mais de trinta e cinco anos, dedica às vítimas da Guerra na Guiné-Bissau (1963-1974). 

_____________ 

Notas dos editores: 

 (1) Lisboa: Pallium Editora. 2007. 216 pp. Preço 14 €.