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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24043: Fauna & flora (22): Algumas boas notícias para os mais de 700 chimpanzés (ou "daris") do Boé, graças ao fantástico trabalho de conservação da Chimbo Fundation&Daridibo, com sede em Béli


Um pequeno documentário baseado em vários vídeos, obtidos por câmaras de vigilância,  de chimpanzés no Boé, Guiné-Bissau.  Narração, em fula, por Bacari Camará, que vive em Béli, e é gestor de projeto. Legendas em inglês.

Vídeo (12' 30''), da Foundation Chimbo, alojado no You Tube.  Aqui reproduzido com a devida vénia.


1. Temos dado aqui  alguma atenção à fauna & flora" da Guiné-Bissau, e em particular aos chimpanzés do Boé e do Cantanhez (temos 11 referências ao nosso "dari"),  

No tempo da guerra, entre 1961 e 1974, provavelmente nenhum de nós, antigos combatentes portugueses, deve ter visto um chimpanzé, a não ser infelizmente em cativeiro. São animais, primatas como nós, territoriais e sociais (e os mais próximos de nós, em termos genéticos e evolutivos) mas de difícil observação na natureza...

Oxalá o visionamento deste vídeo (falado em fula, com legendas em inglês) contribua também para sensibilizar os nossos leitores para a problemática da proteção do chimpanzé e da preservação do seu habitat. O chimpanzé da África Ocide
ntal (Pan troglodytes)  é considerada uma espécie ameaçada, "criticamente em perigo".

Como diz um provérbio fula, uma única árvore não poder fazer uma floresta... Daí ser fundamental trabalhar em rede, envolver outras organizações, regiões, a sociedade civil e  o Estado da Guiné-Bissau, bem como empresas mineiras, parcerias (caso da ASI - Aluminium Stewardship Initiative) e países vizinhos, mas sobretudo a população local, que, no caso do Boé, é maioritariamente fula. A caça ilegal, a pressão demográfica humana, a construção de estradas e os projetos de mineração são alguns dos factores de risco para a preservação desta espécie.

Felizmente, ao que parece, têm  sido bem sucedidos os projetos da Chimbo Foundation and Daridibo no domínio da conservação desta e doutras espécies animais, emblemáticas da Guiné-Bissau, como por exemplo o leopardo (predador do chimpanzé).

Na primavera de 2022, 178 locais sagrados do Boé, que já estavam registados como ICCA (Áreas Indígenas e Comunitárias Conservadas), foram aceites como áreas protegidas de categoria III da IUCN (International Union for Conservation of Nature / União Internacional para a Conservação da Natureza) na WDPA (World Database on Protected Areas / Base de Dados Mundial sobre as Áreas Protegidas) (Ler mais sobre isto, no boletim informativo da Fundação, de maio de 2022.)

Mais de 50 estudantes e cientistas da Holanda, Alemanha, França, Bélgica, Índia, Brasil, Itália, Suíça, Portugal, Espanha, Senegal, Guiné-Bissau e Canadá, já realizaram pesquisas que contribuíram para a conservação do Boé.  


Doações são bem vindas:

Conta bancária

Stichting Chimbo

IBAN: NL05INGB0002734651

BIC: INGBNL2A

Contactos:

Telef +31-6-17280797 (The Netherlands)
E-mail: info@chimbo.org


2. Reprodução de uma notícia da Lusa / Porto Canal, 2/1/2015 (com a devida vénia...)

Câmaras revelam um dos últimos recantos de chimpanzés 
em terras lusófonas

Béli, Guiné-Bissau, 02 dez (Lusa) - Chimpanzés a tomar banho num lago, a encestar pedras como num "afundanço" de basquete entre ramos de uma árvore ou simplesmente em passeio.

São animais em vias de extinção a nível global, mas há horas e horas de vídeo a mostrar a intimidade destes primatas que habitam nas florestas do Boé, sudeste da Guiné-Bissau.

Nestes filmes há também leopardos a desfilar como numa passarela, imagens de búfalos, gazelas, javalis e o que parece ser a cauda de um leão - do qual já foram encontradas pegadas.

Os membros da fundação Chimbo ficam ansiosos de cada vez que penetram na densa vegetação para ler os cartões de memória das câmaras de vigilância: sabe-se lá que animais vão ver.

Alguns, como o leão, eram dados como extintos na Guiné-Bissau desde a guerra pela independência, na década de 60 e até 1974.

Há que aguçar os sentidos: "os chimpanzés gritam quando se deitam e quanto se levantam", explica Piet Wit, ecologista, especialista em Agronomia e Gestão de Recursos Naturais, um dos responsáveis pela Chimbo.

Assim, quando a noite cai é possível saber aproximadamente em que árvores fazem os ninhos para dormir, para de manhã a busca avançar até perto desses locais e esperar que acordem.

A sede da Chimbo está montada na aldeia de Béli e dali parte a maioria das saídas de campo, mas é difícil deitar olho aos chimpanzés.

"Aqui no Boé, por cada cinco saídas, há talvez duas em que os consigo observar. E por vezes só ao longe", descreve Piet.

Daí a extrema utilidade da rede de câmaras de vigilância. A rede foi montada há cinco anos, primeiro em dez locais, hoje abrange 25 e com outras tantas câmaras prontas a entrar em ação, se necessário.

"Não as usamos todas em simultâneo porque não teríamos capacidade para as gerir", explica. Só com o conjunto que está ativo "já há muitas centenas de horas de vídeos acumuladas para ver".

Esta história de observação e preservação da natureza começa com um momento trágico na vida de Piet e da esposa, Annemarie Goedmakers.

David, filho do casal holandês, faleceu inesperadamente em 2006, aos 18 anos, devido a um problema vascular na aorta. Juntos já tinham passado férias na Guiné-Bissau. Annemarie, presidente da Chimbo, bioquímica e ecologista, ainda hoje mostra a foto de David a dormir num ninho de chimpanzé quando tinha 10 anos.

"Já tínhamos a ideia de fazer algo pelo Boé, mas depois de ele morrer, isso ganhou outra força".

Um dos primeiros trabalhos da Chimbo, com financiamento da MAVA -- Fundação para a Natureza, e outros doadores, consistiu num levantamento que permitiu chegar à estimativa de que haja cerca de 700 chimpanzés no Boé.

Nos últimos dois anos, o trabalho tem sido financiado por um dos institutos Max Planck, no caso, o Instituto Para a Matemática nas Ciências, com sede em Leipzig, Alemanha.

A Chimbo está incluída no grupo de pesquisa dedicado exclusivamente aos chimpanzés. "O nosso foco é o chimpanzé. Vemo-lo como uma espécie que é o símbolo de todo um meio-ambiente importante e com benefícios para as pessoas que aqui vivem", conclui Piet.

LFO // EL
Lusa/fim

[ Seleção / revisão e fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação neste blogue: LG]
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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21088: Fauna & flora (15): as quatro principais ameaças ao chimpanzé do Boé (Fundação Chimbo / Cherno Baldé)




Guiné > Região do Boé > Foundation Chimbo > Chimpanzés no Boé >  Imagens captadas pro câmaras automáticas.

 Imagens selecioandas e tratadas por L.G.


I. Segundo o sítio da Chimbo Foundation (a pequena ONGD, holandesa, criada  em 2007 para defender os chimpanzés do Boé,), há quatro grandes tipos de ameaças ao nosso "dari" (como o povo chama ao chimpanzé do Cantanhez).  

Na nomenclatura científica, esta subespécie, o chimpanzé da África Ocidental. designa-se por Pan troglodytes verus. 

Podemos acrescentar um quinto factor, que até ao momento tem uma função protetora: a crença (animista) no grande Irã que vive nas florestas sagradas.


1. A caça 

Existem muitos caçadores furtivos na Guiné-Bissau. Mas a caça de macacos e chimpanzés, para obtenção de carne selvagem (“bushmeat”), é  aqui, no Boé, relativamente pouco frequente, porque a população muçulmana local, fula, não come carne de macaco.

No entanto, as gerações mais jovens não respeitam esse tabu alimentar tanto quanto os mais velhos. 

Além disso, a caça furtiva está a aumentar na Guiné-Conacri. A população local  observa que os chimpanzés e macacos estão sendo caçados, mais do que nunca no Boé, para venda como animais de estimação (“pets”).

2. A bauxite 

Projeções recentes indicam que existem pelo menos 100 milhões de toneladas de reservas de bauxite no Boé. Pode parecer muito, mas não é nada em comparação com as enormes reservas da vizinha Guiné Conacri (as maiores do mundo, estimadas em 7,4 mil milhões de toneladas.)

A bauxite é uma rocha sedimentar com alto teor de alumínio, com múltiplas aplicações. O vocábulo vem de “baux”, topónimo, mais “ite”. Foi no sul da França, o Midi, na aldeia de  Les Baux-de-Provence, que a bauxite foi descoberta, em 1821, pelo geólogo Pierre Berthier.

A Guiné-Conacri (ou a Guiné, “tout court”, de acordo com a sua designação oficial), foi uma antiga colónia francesa, e tem um longo historial no campo da extração da bauxite, possuindo “know how” e infraestruturas que a Guiné-Bissau não tem.

Por enquanto, e até agora, a extração de bauxite em larga escala no Boé não tem sido, felizmente para os chimpanzés e outras espécies animais em estado selvagem, uma opção, economicamente rentável, para as empresas mineiras ocidentais. Mas, em qualquer momento, esta situação pode ser revertida.  De resto, a vizinha Guiné é o segundo maior produtor mundial de bauxite,  logo a seguir à Austrália.

De qualquer modo é importante que a opinião pública, a nível mundial, continental, regional, nacional e local, saiba que a eventual exploração da bauxite teria um tremendo impacto na região do Boé, santuário dos chimpazés uma espécie ameaçada... E não é uma espécie qualquer: são primtas como nós, e são os que estão mais próximos de nós, em termos genéticos e da evolução... 

Do ponto de vista da proteção da natureza, teria consequências altamente negativas, porque as melhores reservas de bauxite estão localizados justamente em pleno coração dos habitats dos chimpanzés. 

3. Crescimento populacional

A população (humana) do Boé está a crescer rapidamente. As estimativas apontam para 12 mil pessoas, a viver em dezenas de tabancas (,  entre 50 a 85 tabancas). Para os  especialistas,   estes valores são já incomportáveis,  ultrapassando o limiar da sustentabilidade do Boé.. Além disso, várias novas tabancas foram fundadas na região central da Boé que, durante muto tempo, foi  praticamente uma região desabitada. 

Os velhos costumes e tabus estão, por um lado,  a desaparecer. Mas, por outro, é compreensível que os novos (e os velhos) habitantes procurem melhorar o seu nível de vida.  Para a a região do  Boé, isso significa mais agricultura, mais pecuária, algumas lojas e até um “hotel”, à beira da estrada, com quartos para alugar. 

Em consequênbcia, há um aumento das atividades de caça e caça furtiva. E os pobres dos chimpanzés estão entre os animais que estão sendo caçados ou aprisionados.


4. Construção de estrada 

Um quarto factor de risco, ou ameaça para a vida selvagem, é a construção de estradas,

Como parte do "desenvolvimento regional"#, há planos para construir uma estrada alcatroada que passará em pleno coração do Boé. Este tipo de melhoria das acessibilidades traz consigo o o risco da depredação acelerada dos recursos do Boé, e  a sua venda para as áreas mais densamente povoadas dos países vizinhos, a Guiné e o Senegal.

5.  As florestas sagradas e o grande irã

O tradicional respeito do guineense pela "floresta sagrada" onde vive o "grande irã", é uma concepção animista que tem grande valor socioeclógico. E joga a favor da proteção dos chimpanzés., tanto no Boé como no Cantanhez. Resta saber até quando...

[Tradução e adapt. livre de LG. Fonte: Chimbo.org]

II. Comentário do Cherno Baldé (Bissau) (*)

Caro Luis Graça,

Nunca ouvi falar e não sei nada da Fundação Chimbo, sei que algumas entidades estrangeiras estiveram envolvidas num projecto ligado aos Chimpanzés de Boé e que tinham antenas em algumas localidades como Beli e Lugajol.

Quanto aos recursos naturais já identificados há algum tempo para cá, ainda os Grandes Irãs do território não autorizaram a sua exploração e, eu digo, ainda bem que é assim.

A bauxite, o mais antigo de todos os recursps, ainda não foi tocada. Depois de vários estudos, os Angolanos foram os primeiros a tentar fazer alguma coisa em concreto em meados de 2010/12, mas esta operação que incluia a construç~so de um porto no rio grande de Buba, resultou no derrube do Governo do Carlos Gomes Júnior em 2012 e a expulsão dos militares Angolanos do MISSANG.

Os negócios da exploração do fosfato em Farim estão envolvidos num grande nevoeiro que ninguém compreende, implicando varias empresas estrangeiras e interesses nacionais que compram e de seguida vendem o negócio a outros mais ousados ou menos atentos.

O Petroleo Off-Shore é uma miragem cada vez mais longínqua e a historia da partilha de recursos com o Senegal está em águas de bacalhau.

Num país tao instável e frágil como a Guiné-Bissau,  com a situaçãoo geopolitica cada vez mais complicada, o melhor que pode acontecer mesmo é não aparecer motivos de pôr mais lenha na fogueira, pois poderia ser catastrófico tentar acordar tantos dem+onios ao mesmo tempo. 

As hienas capitalistas nunca dormem e a ganância dos africanos é proporcional à sua ignorância. Veja-se o que está a acontecer em Moçambique com as recentes descobertas de Gaz no Norte, com centenas de pessoas massacradas em tão pouco tempo.

Um abraço amigo,
Cherno Baldé
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Vd. também postes de:

8 de março de  2007 > Guiné 63/74 - P1575: A TSF no Cantanhez, com uma equipa de cientistas portugueses, em busca do Dari, o chimpanzé (Luís Graça / José Martins)

21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16744: Em bom português nos entendemos (15): Comer macaco, não obrigado... "Santchu bai fika na matu"... E cão ("kakur") fica com o dono, no restaurante em Bissau... Ajudemos a salvar os primatas da Guiné... O "santchu", o "dari"..., ao todo são 10 primatas que correm o risco de extinção se os hominídeos continuarem a destruir o seu habitat e a fazer deles um petisco...

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21083: Fauna & flora (14): Os chimpanzés (Pan troglodytes verus) do Boé: o trabalho da Fundação Chimbo


Guiné-Bissau > Região do Boé > Foundation Chimbo > Chimpanzés no Boé > Filme 3, por Gerco Niezing > A Fundação agradece o visionamento deste vídeo, "em nome dos chimpanzés do Boé", que são seres pacíficos, amorosos e sociáveis... mas também curiosos e com notáveis capacidades de aprendizagem. É fundamental a sua proteção. São os seres mais próximos de nós, do ponto de vista genético.


( Reproduzido com a devida vénia... Ver mais vídeos aqui)


Os Chimpanzés

Os chimpanzés (Pan troglodytes) são apenas indígenas da África.

Esta espécie possui três subespécies.

Os Pan troglodytes scheinfurthii são nativos da África Oriental e são a espécie que mais foi estudada. A pesquisa inovadora de Jane Goodall envolveu esta subespécie, que vive na África Central.

Os Pan Troglodytes verus vivem na África Ocidental (Guiné, Guiné-Bissau, Gana, Libéria, Senegal e Costa do Marfim). Esta é a subespécie mais ameaçada. [Na Guiné-Bissau, e sobretudo no Cantanhez, é conhecido por “dari”]


Os Chimpanzés do Boé


O Boé é uma região de difícil acesso. Graças ao seu caráter isolado, a natureza permaneceu praticamente intocada. O Boé tem uma população relativamente grande de chimpanzés. Várias outras espécies de mamíferos vivem aqui e estão na lista de espécies ameaçadas de extinção [, incluindo a "onça" ou leopardo-africano] (*)

Crescimento populacional, imigração, desmatação, caça e exploração de carvão ameaçam a área.

Portanto, a Fundação Chimbo está a tentar obter um estatuto de região protegida para esta área.

Graças a uma concessão de uma bolsa de investigação do WWF [World Wide Fund For Nature], Cristina [Ribeiro] Schwarz [Silva], especialista em gestão ambiental na Guiné-Bissau, conduziu um estudo de viabilidade para estabelecer uma região protegida na Guiné-Bissau e para as opções disponíveis para o ecoturismo.

A sua pesquisa em 2006 e 2007 mostrou que o valor da natureza da região é excecionalmente elevado.

Cristina Schwarz estima que a população atual de chimpanzés seja de 700 (em vez de 300, como observado em outros documentos). Ela também fornece uma descrição detalhada da flora e fauna da região.

Esta pesquisa também permitiu melhor os diferentes mamíferos que foram observados pela primeira vez no Bóe.

Fonte: sítio Chimbo.org [Infelizmente, não tem versão em português, língua oficial da Guiné-Bissau; apenas em holandês, inglês e francês]
 

[Tradução / adaptação da versão inglesa: LG. Com a devida vénia...]
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Nota do editor:
 

Último poste da série > 16 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21080: Fauna & flora (13): Leopardo ou onça são sinónimos na Guiné-Bissau... A subespécie "leopardo-africano" tem o nome científico "Panthera pardus pardus" (José Carvalho / Cherno Baldé / Luís Graça)

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E


Foto nº 1



Foto nº 2

Guiné-Bissau > Bissau > Abril de 2006 > Viagem Porto-Bissau > Duas imagens que queremos ver banidas para sempre: na foto nº 1, um chimpanzé em cativeiro;  na foto, aparece também a Inés, filha do Xico Allen...Na foto nº2, um babuíno, macaco-cão ("sancu", em crioulo), segura a mão de um outro elemento da "comitiva humana" de que a Inês faz parte...

Fotos (e legenda) : © Hugo Costa  (2006). Todos direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Observações: 

O chimpanzé  não é macaco, é símio ( "dari", em crioulo)... O "dari", o "sancu" e a Inês pertencem à ordem dos Primatas... O "dari" é um símio e a Inês um(a)hominídeo(a), ambos têm cerca de 98% do mesmo ADN... O "dari" é um Pan (género) Troglodytes (espécie). A Inês, um exemplar da espécie Homo Sapiens Sapiens. 

Por sua vez, o macaco-cão (babuíno) é um antropóide cercopitecídeo do género Papio... 

Os três têm em comum um antepassado longínquo, que remonta há 70 milhões, antes da extinção dos dinossauros... O "sancu" e o "dari" são espécies ameaçadas, o "dari" é seguramente o que vai desaparecer primeiro, depois talvez o "sancu" e a seguir o ser humano...

De um modo geral, as populações da Guiné-Bissau, não muçulmanas, caçam e comem o "sancu". No "mato", no tempo da "guerra de libertação", o macaco.cão fornecia muita da proteína animal de que precisavam os guerrilheiros do PAIGC, e as populações sob o seu controlo... Sobretudo depois de 1980, a caça (ilegal) ao macaco-cão aumentou (*). Hoje é, infelizmente, produto-gourmet nalguns restaurantes de Bissau...

Quanto ao "dari", o chimpanzé da matas do Cantanhez e do Boé , há em princípio um maior respeito pelas suas semelhanças com o ser humano. Os muçulmanos respeitam-nos pro ser um homem, um ferreiro que não respeitava as   Mas os juvenis são objeto de tráfico... O habitat do "dari" está condicionado pelas atividades humanas (além da caça, o risco de epidemias, a expansão das áreas de cultivo, e nomeadamente do caju, e a desmatação ilegal para extração de madeiras exóticas, como o pau de sangue, exportado para a China).


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um "dari" (chimpanzé) descendo uma árvore ... Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, ainda com relativa abundância como o macaco fidalgo ("fatango", em crioulo). Duvido que algum de nós, durante a guerra colonial, tenha visto algum "dari" no seu habitat... As regiões a que hoje está confinado (Cantanhez e Boé) foram palco de guerra entre 1961 e 1974 e,  antes disso, de caça e tráfico animal.


Diz a lenda (guineense) que o "dari", em tempos, era um homem, um ferreiro, que Deus transformou em animal selvagem, por castigo, por não respeitar o dia de descanso da semana... 

Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, 
 de A a Z: 
[Em construção, desde 2007]

Letras D / E

1. Continuação da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (**), de A a Z, em construção desde 2007, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam aqui à sombra do nosso poilão, e que até têm um livro de estilo (***). Entradas das letras D e E:


Dari - Chimpanzé (das matas do Cantanhez e do Boé) (crioulo)

DC 3 - Avião de transporte (FAP) 

DC 6 - Avião de transporte (FAP) 

DCON - Missão de acompanhamento (FAP) 



Degtyarev [ou Dectyarev RDP] - Metralhadora ligeira, de calibre 7,62 mm x 39 mm, m/13 , 1953 de origem soviética (PAIGC) Metralhadora ligeira Dectyarev RDP, calibre 7,62 x 39 mm, m/13,  (Origem: ex-URSS)(PAIGC)

Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (PAIGC) 

Desenfianço - Escapadela (por ex., até Bissau) (gíria) 

Dest - Destacamento 

Dest A - Destacamento A 

DFA - Deficiente das Forças Armadas 

DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais 

Diorama - Maqueta a 3 dimensões (v.g., aquartelamento de Guileje) 

Djídio (ou gigio) - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias (crioulo) 

Djila - Vd. Gila 

Djubi - (i) Olha! (crioulo); (ii) mas também criança, menino


Djurtu -  Mabeco, ou cão selvagem (crioulo);  "djurtus" é a alcunha da seleção nacional de futebol da Guiné-Bissau.

DO 27 - Dornier 27 (Avioneta), avião ligeiro de transporte; também era usado como PCV  - Posto de Comando Volante(FAP), que os "infantes" abominavam...

Drone - Máquina voadora não tripulada (não existia no nosso tempo) (FAP) 

Drop Tanks - Depósitos de combustível (FAP) 

EAMA - Escola de Aplicação Militar de Angola, com sede em Nova Lisboa (hoje, Huambo)

ECS - Escola Central de Sargentos (Águeda)


EE - Escola do Exército (antecessora da AM - Academia Militar)


Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal) 

Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada (gíria)

Embrulhar - Ser atacado (pelo IN) (gíria) 

Enf - Enfermeiro 

Enf Para - Enfermeira paraquedista 

Engine Master - Botão principal de uma aeronave (FAP) 

EP - Exército Popular (PAIGC)


EPA - Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas)

EPC - Escola Prática de Cavalaria (Santarém) 

EPI - Escola Prática de Infantaria (Mafra), também conhecida por Máfrica (gíria)ou ainda Entrada Para o Infermo (gíria)

EREC - Esquadrão de Reconhecimento [de Cavalaria]

Esp - Espingarda 

Esp Aut - Espingarda Automática




Esp Aut FN (Vd. FN) - Espingarda automática, de calibre 7,62 mm, FN FAL [, acrónimo de Fabrique National, Fusil Automatique Léger]. De origem belga (1954), equipou as NT no início da guerra colonial.

Esp Aut G3 {Vd. G3]- A Gewehr 3 (G3) (em alemão, Gewehr quer dizer espingarda) é uma espingarda automática, de fabrico alemão (1959), usada pelo Exército Português durante a guerra colonial, e recentemente descontinuada (em setembro de 2019). De calibre NATO (7.62 × 51 mm), tinha como rival, do lado do PAIGC, a famigerada Kalash!



Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP) 


Espaldão (de obus, de morteiro...) - Termo usado em engenharia militar para designar um  anteparo de uma trincheira ou fortificação, que serve para proteger a artilharia (ou armas pesadas de infantaria) e a respetiva guarnição.

Esq - Esquadrão 

Esq Mort - Esquadrão de Morteiro 

Esquadra - Organização militar de aeronaves (FAP) 





Um caça Fiat G.91 R/4 dos “Tigres” da Guiné.




Esquadra 121 Tigres - Constituída por Fiat-G 91, T-6 e DO-27 (BA 12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 122 - Heli AL III (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquadra 123 - Nord Atlas e DC-3 (BA12, Bissalanca) (FAP) 

Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra) (calão) 

Estado Novo - Regime político que vigorou em Portugal, de 1933 a 1974. Foi antecedido pela Ditadura Militar que, com o golpe de Estado de 28 de maio de 1926, pôs fim à República (1910-1926).

Estilhaços de frango - Pouca comida (gíria) 
 
________
 

Notas do editor:

(*) Vd. postes de: 


21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16744: Em bom português nos entendemos (15): Comer macaco, não obrigado... "Santchu bai fika na matu"... E cão ("kakur") fica com o dono, no restaurante em Bissau... Ajudemos a salvar os primatas da Guiné... O "santchu", o "dari"..., ao todo são 10 primatas que correm o risco de extinção se os hominídeos continuarem a destruir o seu habitat e a fazer deles um petisco...


14 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16717: Manuscrito(s) (Luís Graça) (101): Comer macacos... só os do nariz!... Ajudemos os guineenses a proteger o "sancu" (macaco) e o "dari" (chimpanzé)...Ficaremos todos mais pobres quando eles se extinguirem... e quando as areias do deserto do Sará chegarem às portas de Bissau!... Ficaremos todos mais pobres, os guineenses, os amigos da Guiné, todos nós, os últimos dos hominídeos...

(**) Vd. postes anteriores da série:

18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20255: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (5): edição, revista e aumentada, Letra C

14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20240: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (4): 2ª edição, revista e aumentada, Letras M, de Maçarico, P de Periquito e C de Checa... Qual a origem destas designações para "novato, inexperiente, militar que acaba de chegar ao teatro de operações" ?

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B

13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A


(***) Vd. 22 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18548: O nosso livro de estilo (11): Proverbiário da Tabanca Grande, 4ª edição revista e aumentada: "Camarada, mais do que um dever, é uma honra que te é devida, ir a Monte Real pelo menos uma vez na vida"...

sábado, 21 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18863: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (8): Os meus passeios pelo Boé - Parte II: 1 de julho de 2018: Béli (e a Fundação Chimbo Daribó), Dandum, Madina do Boé, Canjadude...


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1de  julho de 2018 >  Béli > Bangalós da Fundação Chimbo Daribó


Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de  julho de 2018 >   Picada para Dandum


Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 30 de junho de 2018 > Posto de fronteira de Dandum


Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > A célebre Fonte da Colina de Madina, construída em 1945 (, data já pouco legível), no tempo do governador Sarmento Rodrigues (I)


Foto nº 8A > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 > A célebre Fonte da Colina de Madina, construída em 1945 (, data já pouco legível), no tempo do governador Sarmento Rodrigues (II)


Foto nº 9 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé: restos do antigo quartel abandonado pelas NT em 6 de fevereiro de 1969.


Foto nº 10 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé: tabanca.


Foto nº 11 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé: monumento ao herói do PAIGC, Domingos Ramos, morto em 1966.


Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região do Boé > 1 de julho de 2018 >  Caminhos do Boé, com colinas ao fundo.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (8) > Os meus passeios pelo Boé - Parte II: 1 de julho de 2018:  Béli, Madina do Boé, Dandum, Canjadude...

[ Patrício Ribeiro é um português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. passado, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.]

(Continuação)

Ultrapassado o rio [Corubal] (`), lá seguimos por cima da estrada de pedra a caminho de Beli, mais ou menos  40 km, passando por algumas poucas tabancas, que outrora eram bem pequenas, com as casas todas cobertas a palha, mas agora são maiores e com mais casas, quase já não há casas cobertas a palha. Este caminho é muito bonito e difícil.

Ao chegar a Beli, iniciamos o nosso trabalho e procuramos alojamento nas instalações da Chimbo, que tem 9 bangalós para alugar.

São holandeses, da Fundação Chimbo Daribó. Andam a instalar máquinas fotográficas nas árvores, para fotografarem os Chimpanzés (muitos), Búfalos, alguns e alguns leões: www.chimbo.org (foto 5)

Não há Internet, mas na vila há telefone. No resto da região, não. A língua falada corrente é o Fula. Por vezes não é possível uma conversa em Crioulo e Português, língua oficial, só com professores e alguns funcionários. Os jovens entendem um pouco.

Ao outro dia [, 1 de julho de 2018} seguimos viagem para Dandum, voltamos para trás até tabanca de Cobolo e seguimos em direção a Sate; dali por um caminho a corta mato para Diquel, por onde as viaturas ainda passam. Passamos por algumas pequenas tabancas perdidas nas colinas do Bolé, mas todas têm escolas. Cruzamos alguns rios que começam rapidamente a aumentar o caudal, com a chuva que está a cair.

Lugares muito bonitos e completamente diferentes do resto da paisagem da Guiné (foto 6). Algumas destas tabancas já existiam. (Ver mapa de 1961 da Província da Guiné, e voltaram a ser implantadas na Carta Geológica da Guiné, do Dr. Paulo Alves, em 2011).

Por aqui começam a aparecer algumas hortas de caju nos vales, assim como algumas pequenas tabancas, porque os terrenos são mais férteis. O que obriga os animais selvagens existentes no Parque Natural do Boé a ter de "arranjar" outros locais … Agora são avistados para os lados de Lugajole.

Chegamos até perto de Madina do Boé, mas seguimos o caminho para Dandum, 3 km mais à frente.

Dandum, a tabanca é muito grande com muitas casas, tem posto de fronteira (foto 7):  alguns funcionários públicos, guardas de fronteira, professores;  tem um hospital, tudo e todos perdidos na distância para Bissau... O local é uma planície com terra muito fértil, com muitas árvores de fruto.

Verificamos o trabalho que tínhamos realizado no hospital há uns meses, está tudo ok!

No regresso pelos mesmos caminhos, mas paramos em Madina do Boé, para as fotos da praxe. A tabanca de Madina do Boé fica em uma planície fértil, com muitos árvores de fruto e tem alguns morros ao longe (Fotos 9,10).

Foto junto da fonte construída,  em 1945, que já tem diversas fotos no blog (foto 8).

Estivemos junto ao Memorial de Domingos Ramos, local onde foi ferido e provavelmente morto (foto 11). Está aproximadamente a uns 500 metros da fonte de 1945 e do antigo quartel, a poucos metros do caminho para Dandum, na planície.

Regresso a Beli, para assistir ao encontro de Portugal / Uruguai no club dos jovens, enquanto a trovoada deixou ver, até que o sinal da parabólica deixou passar.

Grande foi a festa, quando Portugal marcou o golo.

Depois regresso de Beli até Candjadude (foto 12) onde passamos o resto do dia a fazer trabalhos, antes da chegada da noite, a Gabú.

Abraço
Patrício Ribeiro

PS - Sobre, o Memorial ao Domingos Ramos: não, não havia nenhuma inscrição. O pessoal que me acompanhava do Parque Natural do Boé, sabia deste local, indicaram-me talvez porque passamos perto. Das outras vezes que fui a Madina não me indicaram este sitio. Do outro lado da picada, perto a 70 metros, já há algumas casas. Na texto que te enviei, descrevo o local.

A Net por estas paragem não é uma ciência exacta... é muito complicado.


Carta da Província da Guiné (1961) > Escala 1/500 mil > Detalhe: a região do Boé

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018)
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Guiné 63/74 - P16717: Manuscrito(s) (Luís Graça) (101): Comer macacos... só os do nariz!... Ajudemos os guineenses a proteger o "sancu" (macaco) e o "dari" (chimpanzé)...Ficaremos todos mais pobres quando eles se extinguirem... e quando as areias do deserto do Sará chegarem às portas de Bissau!... Ficaremos todos mais pobres, os guineenses, os amigos da Guiné, todos nós, os últimos dos hominídeos..


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um "dari" (chimpanzé) descendo uma árvore ... Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, ainda com relativa abundância como o macaco fidalgo ("fatango", em crioulo).

Foto: © João Graça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. Hoje temos de encorajar os nossos amigos da Guiné e o povo guineense a proteger o "sancu"  e o "dari"


por Luís Graça


Eu já respondi ao inquérito 'on line' desta semana... Tinha de resto a obrigação de ser o primeiro ou um dos primeiros a fazê.lo. E a resposta foi: "1. Nunca comi [macaco]"... ( E se comi, juro que nunca soube...).

Sem ofensa para ninguém, comer babuíno é, para mim, como comer um parente nosso, mesmo que muito afastado... Zoologicamente falando, pertencemos à mesma ordem, a dos Primatas... Temos um antepassado comum, longínquo, que ainda vem do tempo dos dinossauros (, ou seja, de há cerca de 70 milhões de anos)... Claro que os babuínos não são hominídeos... São macacos, nem sequer são símios, nem muito menos hominídeos...

 Mas macaco, infelizmente, é produto "gourmet" em muitas partes do mundo (incluindo a Guiné-Bissau)...

Tanto quanto me lembro e sei, nós - as nossas tropas - não caçávamos babuínos (a não ser muito esporadica ou pontualmente: havia muiras armas naquele tempo, e nem todas estavam em boas mãos...  Eu também não, nunca cacei, não sou nem nunca fui caçador...

Os nossos  soldados fulas, da CCAÇ 12,  também não os caçavam, de resto as ocasiões não eram muitas: a atividade operacional era intensa e eles não tinham tempo para ir à caça. Por outro lado, eles eram crentes e tementes a Alá.

As milícias e os caçadores das tabancas em autodefesa poderiam eventualmente  fazê-lo,  um pouco às escondidas... Também os comiam, nas nossas costas - dizem que com algum sentimento de culpa, sendo muçulmanos. Além disso, os nossos amigos fulas  sabiam que, para os "tugas", carne de macaco era tabu alimentar (tal como o porco, para eles; tabu que procurávamos respeitar quando partilhávamos as nossas rações de combate com eles, embora também houvesse quem gostasse de pregar partidas de mau gosto com os derivados da carne de porco como o chouriço, mas os fulas não se deixavam enganar facilmente).

Nas tabancas fulas por onde passei ou onde estive em reforço ao sistema de autodefesa, vi crianças ou adolescentes com mausers (!) nos campos de cultivo: afugentavam os macacos-cães e às vezes matavam os mais atrevidos, quando eles tentavam invadir (e destruir) os campos de "mancarra" (amendoim)... Não acredito que os enterrassem ou os deixassem para os "jagudis" (abutres)... Em tempo de guerra, a carne era um luxo...

Amigos e camaradas, não façamos apressados juízos de valor, em função dos nossos próprios padrões civilizacionais,  princípios, valores ou pré-conceitos: no passado, os nossos caçadores também matavam, por exemplo, as aves de rapina, para poderem ter coelhos em abundância... E ainda hoje matam, o que é uma vergonha para todos nós, além de crime!

O consumo de carne de macaco era raro ou esporádico, entre os "tugas". Alguns faziam-no por "bravata", por "fanfarronice", por "desfastio", por "tédio" ou simples "provocação": um gajo na guerra tem de provar de tudo, desde que sobreviva;  noutros casos, terá sido  por mera "curiosidade" e ainda, também, por "necessidade" (que é uma coisa fisiológica, elementar,. animal)... Não ignoremos nem escamoteemos o facto de ter havido muito boa gente, do nosso lado,  que passou fominha, fome  mesmo, na Guiné, durante o longo período da  guerra em que estivemos envolvidos, para mal dos nossos pecados...

Enfim, nalgumas situações haveria também o "gosto do petisco" que leva os "tugas" a comerem coisas "esquisitas" (e até "nojentas", para outros)  como os "túbaros de carneiro"  (no Alentejo) ou as "tripas" (à moda do Porto), os "pézinhos de coentrada",  o ensopado de enguias, os passarinhos fritos,  as perninhas de rãs,  os caracóis e as caracoletas, a moreia frita, a sopa de navalheiras,,,, e eu sei lá que mais!

No meu tempo, vi uma vez um macaense, de origem chinesa, nosso camarada (já não posso precisar a subunidade, creio que era já no tempo da CCS / BART 2917,  Bambadinca, 1970/72), preparar e assar na brasa um pequeno babuíno (macaco-cão)... No final, a pequena carcaça (completamente preta) fez-me lembrar os nossos bebés (humanos)... Reconheço que me chocou, apesar do meu "relativismo cultural" e da tolerância que julgo ter em relação a "usos e costumes" que não são  os da "minha tribo"...

Nas diversas tabancas fulas, em autodefesa, por onde andei (em geral, por períodos de duas semanas), nunca me apercebi do consumo de carne de babuíno... Mas havia tantas coisas de que a gente não se apercebia naquela terra e naquela guerra (por exemplo, a mutilação genital feminina, o infantícídio, a feitiçaria, entre os fulas; as negociatas e a corrupção, entre os chefes "tugas")...

A única (e pouca) carne de caça que eu relutantemente comprava (ou que me ofereciam) era de gazela... O estado sanitário da caça era sempre suspeito... A carne, o peixe e os demais produtos frescos deterioravam-se rapidamente com o calor (e as moscas)... "Peixe da bolanha", julgo que comi pouco: sabia a lodo... No destacamento rio Udunduma, apanhávamos peixe, em abundância, com granadas de mão... Já dos lagostins ou camarões gigantes do Rio Geba Estreito eu era fá...

A caça era uma actividade de risco nas tabancas por onde passei, de diferentes regulados: Joladu, a norte do Geba, Corubal, Xime... Implicava sair do relativo "conforto" da  tabanca e internarmo-nos no mato, que era "terra de ninguém"...Por outro lado, a caça já era escassa no meu tempo, devido à guerra: para além de lebres, galinhas e porcos de mato, só me lembro de ver uma gazela a atravessar, como uma bala a bolanha de Ponat Coli no Xime...

Para o Zé Turra, o pobre do macaco-cão era o substituto da vaca... Quem tinha vacas eram sobretudo os fulas. E só as matavam na morte do dono... Nas chamadas "zonas libertadas" era arriscado ter vacas... Entre os apoiantes do PAIGC havia muçulmanos, cristãos e animistas...  Nas tabancas da margem direita do Rio Corubal, de biafadas e balantas,  em tabancas onde só podíamos ir no tempo seco ou em operaçõe com tropas helitransportadas (por ex., mata do Fiofioli),  havia vacas, porcos e galinhas... Contra as mais elementares regras de segurança, diga-se de passagem...

Mas hoje sabemos que os guerrilheiros do PAIGC,  animistas  e não-animistas,  caçavam em larga escala o macaco-cão... Ninguém pode fazer a guerra com a  barriga a dar horas...Por muito frugais que eles fossem (e tinham fama de só comer arroz um avez por dia!), de vez em quando era preciso "macaco-kom" para fazer o "mafé"...

Pobre do "sancu" que foi também uma das vítimas daquela maldita guerra!

Quanto à fauna e flora da Guiné que se tem vindo a  degradar nos últimos 30/40 anos, ou seja, desde que o PAIGC é poder... Nas floresta-galerias do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole e nas matas do Cuor, era relativamente frequente depararmo-nos, no decurso de operações, com bandos de cem e mais babuínos, ruidosos e agressivos perante a invasão do seu território... Eram zonas sem população ou que a guerra tinha despovoado... "Terras de ninguém", ou terras onde a guerrilha do PAIGC se movimentava muito melhor do que nós..

Quem esteve no sector L1 (Bambadinca), connosco, " tropa macaca" - como eu, o Humberto Reis, o Jorge Cabral, o Beja Santos, o Joaquim Mexia Alves, só para citar  alguns "senadores" da Tabanca  Grande ... - nunca mais esquecerá o maldito Mato-Cão onde se fazia segurança às embarcações (civis) que passavam pelo Geba Estreito, entre Xime, Bambadinca e Bafatá... Enfim, mais tarde, por volta do último trimestre de 1971 foi lá construído um destacamento, inaugurado pelo Pel Caç Nat 63...

De um modo geral, pode dizer-se que as populações da Guiné-Bissau, não muçulmanas,  tradicionalmente caçavam e comiam o "sancu". E «as que estavam no "mato" (ou seja, do lado ou sob controlo do PAIGC) deviam recorrer mais vezes à carne de macaco...

Depois de 1980, a caça (ilegal) ao macaco-cão terá aumentado significativamente. E as populações de algumas espécies começam a figurar na lista vermelhas das espécies criticamente em perigo...

Já em relação ao "dari", o chimpanzé das matas do Cantanhez e do Boé (Pan troglodytes verus  cuja população estimada, em 2015, é de 35 mil indivíduos, em toda a África Ocidental, tendo sofrido um brutal decréscimo de c. 6,5% ao ano, entre 1994 e 2014!), parecia todavia haver, tradicionalmente, um maior respeito, por parte da população local, devido  às suas "semelhanças" com o ser humano. Pelo menos, no meu tempo!...

No entanto, o seu habitat , na África Ocidental,  está cada vez mais ameaçado pelas actividades humanas (destruição da floresta, fragmenmtação da mancha florestal, expansão das áreas de cultivo, captura ilegal para o mercado negro, doenças e epidemias, industrialziação, instabilidade política, corrupção, falhanço das políticas de conservação...). Em toda a África ocidental, esta  espécie (uma das três espécies de chimpanzés) vai mesmo desaparecer se falharem as políticas de conservação, se falharmos todos nós... Em boa verdade, não sei se ainda vamos a tempo....MAS TEMOS QUE IR A TEMPO!

Voltando ao babuíno, e às recordações do meu tempo: era difícil precisar o números  de machos adultos, talvez dois ou três, que integravam um bando de 100... Talvez mais (posso estar a ser influenciado pelas minhas leituras posteriores na área da etologia, pela qual me interesso...).

Nunca vi, felizmente, ninguém, à minha frente, matar um babuíno... Em contrapartida, havia crias de babuíno que serviam de mascote nos nossos quartéis... Um triste hábito que era tolerado por todos nós... Naquela época não havia "consciência ecológica", nem se falava de "direitos dos animais"...

Também nunca dei conta da utilização da pele do babuíno para efeitos medicinais, por parte das populações com quem lidei (fulas, mandingas, balantas), quer em Contuboel (junho/julho  de 1969), quer em Bambadinca (julho de 69 / março de 71)...

Passado meio século, e face às dramáticas mudanças  que se estão a operar na Guiné, ao nível  da fauna e da flora, nós, antigos combatentes, temos a obrigação de alertar e encorajarar  a Guiné e o seu povo para a necessidade de proteger o seu património natural, e mais concretamente proteger o "sancu" e o "dari".

Não é admissível que haja restaurantes em Bissau que tenham nas suas ementas a carne do "sancu"...Igualmente inadmissível, é o crime (irreparável) da destruição das sagradas florestas-galeria da Guiné...

Em suma, passemos a mensagem: "Comer macacos... só os do nariz!"...

Ficaremos todos mais pobres quando eles se extinguirem e quando as areias do deserto do Sará chegarem às portas de Bissau!  Ficaremos todos mais pobres, os guineenses, os amigos da Guiné, a humanidade, nós todos, afinal, os  últimos hominídeos, o Homo Sapiens Sapiens... (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

29 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13667: In Memoriam (196): Claúdia Sousa (1975-2014), estudiosa do dari (chimpanzé) do Cantanhez, morre aos 39 anos, de doença. O funeral é amanhã, na Figueira da Foz

11 de janeiro de 2009 > Guiné 63774 - P3720: Fauna & flora (2): Os macacos-cães do nosso tempo (Luís Graça / J. Mexia Alves)

8 de março de  2007 > Guiné 63/74 - P1575: A TSF no Cantanhez, com uma equipa de cientistas portugueses, em busca do Dari, o chimpanzé (Luís Graça / José Martins)

(...) 1. Reportagem TSF > Dari, Primata como Nós > 2 de Março de 2007 .

No sul da Guiné-Bissau, o chimpanzé tem nome de gente. Na pista de Dari, uma equipa de cientistas portugueses estuda, há cinco anos, os chimpanzés das matas de Cantanhez com o objectivo de ajudar a salvar uma espécie ameaçada, sobretudo pela redução do seu habitat e pela dificil coexistência com as populações humanas do sul da Guiné-Bissau (e do norte da Guiné-Conacri).

A par do chimpanzé (em tempos, um homem, ferreiro, que Deus transformou, por castigo, em alimária, segundo as lendas locais), há outros primatas e outros mamíferos como o búfalo e até o elefante na mata do Cantanhez. (...)

(**) Último poste da série >  3 de novembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16678: Manuscrito(s) (Luís Graça) (100): O desertor

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Guine 63/74 - P16378: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte IV: o BU [um chimpanzé, ou "dari", em crioulo, que ] vivia em cativeiro numa reserva natural em Buba



Guiné-Bissau > Região de Quínara > Buba > 2015 >  No dia 23 de outubro conheci uma das terras mais bonitas da Guiné - Buba.  Este é o BU [um chimpanzé, ou "dari", em crioulo, que ] vivia em cativeiro numa reserva natural em Buba. (*)

Fotos (e legenda): © Adelaide Carrêlo (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13667: In Memoriam (196): Claúdia Sousa (1975-2014), estudiosa do dari (chimpanzé) do Cantanhez, morre aos 39 anos, de doença. O funeral é amanhã, na Figueira da Foz


Título e toto: Recorde do jornal Público, 29 de setembro de 2014.  (Com a devida vénia...)



1. Foi o João Graça, amigo da Tabanca Grande, médico e músico, que esteve em dezembro de 2009, na Guiné-Bissau e teve o privilégio de ver, ao vivo, no seu habitat natural  o chimpazé (ou dari) do Cantanhez, quem me deu a triste notícia: a professora e investigadora Cláudia Sousa morreu de cancro, esta segunda feira, aos 39 anos.

Não conhecia, pessoalmente, a Cláudia mas sabia que ela era uma jovem e promissora cientista portuguesa que se dedicava ao estudo dos chimpanzés. Era, de resto, minha colega, pertencendo, desde 2001,  à Universidade Nova de Lisboa (NOVA), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), Departamento de Antropologia [Vd. aqui o seu currículo académico].

Segundo Teresa Firmino, jornalista do Público, que assina o artigo acima citado, "Cláudia Sousa doutorou-se em 2003 na Universidade de Quioto [, Japão,] sob orientação de Tetsuro Matsuzawa, uma autoridade mundial em primatologia. A sua tese de doutoramento versava sobre a capacidade cognitiva de os chimpanzés acumularem capital ou, por outras palavras, de fazerem um mealheiro. Para tal, em experiências no Instituto de Investigação de Primatas da Universidade de Quioto, a investigadora deu aos chimpanzés tokens (objectos que têm um valor simbólico) para pedirem frutas em troca – e que eles guardavam e só trocavam por alimentos quando queriam.

"Na sua tese de doutoramento Cláudia Sousa mostrou que o sistema dos tokens constituía uma nova metodologia para avaliar as capacidades cognitivas dos chimpanzés. Em particular, observou “a emergência de um comportamento único – ‘economizar’”, lê-se no resumo da tese. Ou seja, compreendem e têm noção do valor simbólico de certos objectos." (..:)

Cláudia Sousa (1975-2014).
Foto: cortesia  da FCSH/NOVA
Para além de experiências em laborório, também fez trabalho no terreno, tendo ido à Guiné-Bissau e à Guiné-Conacri, por diversas vezes,  em expedições científicas. Viu chimpanzés em estado selvagem, pela primeira vez, na sua quarta visita à Guiné-Bissau, acompanhada por Catarina Casanova, outra primatóloga portuguesa. Entre 2007 e 2011, Cláudia Sousa foi presidente da Associação Portuguesa de Primatologia que ajudou a fundar.

Segundo o diretor da FCSH da NOVA, João Costa, em comunicado recolhido pela jornalista do Público, "a professora Cláudia Sousa deixa-nos um testemunho importantíssimo de amor à ciência e entusiasmo pela investigação. Mesmo muito fragilizada pela doença, nunca parou de trabalhar com um entusiasmo contagiante e com projectos sempre novos (...). “A sua produção científica foi sempre notável, sendo este ano a vencedora do Prémio Santander de Internacionalização da Produção Científica, que será atribuído postumamente na Festa da FCSH.”

A notícia da sua morte entristece-nos a todos, aqueles de nós que são amigos da Guiné, e todos aqueles que amam a ciência que se faz em Portugal e nos demais paíes lusófonos. Ficamos todos mais pobres,  a começar pela população (ameaçada) de daris da Guiné-Bissau e da Guiné-Conacri...

O corpo encontra-se em câmara ardente na Igreja Matriz da Figueira da Foz, donde a Cláudia era natural. O funeral realiza-se amanhã, terça-feira,  à tarde.



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Parque Nacional do Cantanhez > Madina > 10 de Dezembro de 2009 > 7h32 > Um dari (chimpanzé) descendo uma árvore ... Este grande símio (o mais aparentado, do ponto de vista genético, ao ser humano) é muito difícil de observar e fotografar... Contrariamente a outros primatas que existem no Parque, com relativa abundância com o macaco fidalgo (fatango).

Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição e legendagem:  L.G]

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Nota do editor:

Útimo poste da série > 25 de setembro de 2014 > Guiné 53/74 - P13650: In Memoriam (195): Cap art Manuel Carlos da Conceição Guimarães (1938-1967), morto na estrada Geba-Banjara, região de Bafatá... As suas irmãs, Teresa e Ana descobrem agora, emocionadas, as referências sobre ele no nosso blogue e encontraram-se há dias, em Lisboa, com o A. Marques Lopes, seu amigo e companheiro de infortúnio

terça-feira, 2 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11787: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (25): As populações de Sanconhá (Guiné-Bissau) e Sansalé (Guiné-Conacri) trabalham em conjunto para criar área comunitária protegida e transfronteiriça de N' Compa, com apoio das ONG AD e Cadi-Boké


Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfonteirça > 2013 > Linha da fronteira a 40 km de Boké



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa  > 2013 > Zona de encosta  (1) 




Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Zona da encosta (2)



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Zona transfronteiriça > Mata de N' Compa  2013 > Interior da 



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Interior da mata   (1)


Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez >  Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Interior da mata   (2)



Guiné-Bissau > Região de Tombali >  Parque Nacional de Cantanhez > Setor de Cacine > Corredor transfronteiriço > Mata de N' Compa >  2013 > Um dos pontos de água (bebedouros) no pico da época seca


Fotos (e texto):  © AD - Acção para o Desenvolvimento (2013). Todos os direitos reservados  [Com a devida vénia...]


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Setor de Cacine > Criação da Área Comunitária Protegida e transfronteiriça de N' Compa


Mesmo no sul da Guiné-Bissau, junto à fronteira com a Guiné-Conakry, as  comunidades das tabancas de Sanconhá e Sansalé iniciaram um processo para a  salvaguarda da mata de N’Compa, importante reserva de animais selvagens que a  frequentam pelo acesso à água durante a época seca, bem como de refúgio das
ameaças dos caçadores comerciais, cada vez em maior número.(*)

Ficou decidido que se procedesse para já à identificação das principais espécies  animais que demandam este local, bem como aquelas que estão mais ameaçadas.

No futuro serão realizadas formações para guardas comunitários e guias ecoturísticos. No imediato, já foi identificado um guarda e um guia.

Fonte: Sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento > 24 de junho de 2013.  (**)



Guiné > Região de Tombali >Mapa de Cacoca / Gadamael (1954) > Escala 1/50 mil >Posição relatiiva de Sangonhá e de Sansalé (esta já na República da Guiné-Conacri). Outras povoações do regulado de Gadamael: Ganturé, Bricama, Jabicunda... Não tenho a certeza se Cacoca pertencia (na época colonial) ao regulado de Gadamael ou de Cacine. (LG)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)

1. Sobre o magnífico, inestimável e insubstituível trabalho dos nossos amigos da AD - Bissau, nesta região do sul da Guiné, vd. o Relatório de Actividades de 2010 a 2012, em particular o Programa Integrado de Cubucaré (PIC), dirigido pelo eng. Abubacar Serra, a quem mandamos saudações e votos de boa saúde e bom trabalho, extensivos a toda a sua equipa.

Vd. também o trabalho de investigação que o bioantropólogo português Rui Sá está fazer, desde há 7 anos, com os chimpanzés da Guiné-Bissauu: entrevista (15') ao programa Científica Mente, da RTP1, em 25 de maio de 2013.

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Notas do editor:

(*) Sobre o Parque Nacional das Florestas de  Cantanhez (que é preciso salvar!), os seus pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades que ele representam e as ameaças que sobre ele recaem, vd. postes de

24 de abrill de 2008 > Guiné 63/74 - P2793: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (15): Salvemos o Cantanhez (I). Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > 2 de Março de 2008 .

15 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2846: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (16): Salvemos o Cantanhez (II).

(**) Vd. último poste da série > 3 de julho de 2012 > > Guiné 63/74 - P10108: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (24): questionário de opinião sobre o seu sítio na Net (que tem 8 anos) e sobre a sua página no Facebook (que tem 2 anos)