Mostrar mensagens com a etiqueta chabéu. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta chabéu. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21675: O meu Natal no mato (46): Depois do ataque a Missirá, na noite de 22 de dezembro de 1966, pouco havia para consoar... O meu caçador nativo Ananias Pereira Fernandes foi à caça, e fez um arroz com óleo de chabéu que estava divinal... O pior foi quando, no fim, mostrou a cabeça do macaco-cão... (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé, Missirá e Ilha das Galinhas, 1966/68)


Foto nº 2 A - O furriel mil Viegas, do Pel Caç Nat 54


Foto nº 1A - O alferes mil Freitas, da CCAÇ 1439, natural do Funchal


Foto nº 1 > Palhota dos Furriéis e o Alf Freitas da CCAÇ 1439


Foto nº 3 > Sítio do Unimog


Foto nº 4 > Depósito de géneros


Foto nº 1 > A nossa segunda residência


Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 54 > 1966


Fotos (e legendas): © José António Viegas (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso amigo e camarada José António Viegas [ fur mil do Pel Caç Nat 54, passou por vários "resorts" turisticos em 1966/68 (Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole, Bolama, Ilha das Cobras e, o mais exótico de todos, a Ilha das Galinhas, na altura, colónia penal); vive em Faro; é um dos régulos da Tabanca do Algarve; tem mais de 40 referências no nosso blogue]:


Data - segunda, 21/12, 23:58

Assunto . Missirá, 22 de Dezembro de 1966



22 de Dezembro 1966. 22h30 da noite estavam os 3 Furriéis conversando á espera do sono, eis que atravessa a palhota uma saraivada de balas incendiárias, tracejantes,  explosivas, um pouco acima dos mosquiteiros.

Fui pegar na G3,  meio vestido, a caminho do abrigo.  A palhota já ardia, no caminho duas morteiradas certeiras entram no depósito de géneros alimentícios, acertando no bidão de óleo e de azeite o que provocou um fogo de artifício. 

Já no abrigo ajudo o meu cabo a municiar a MG [42, a célebre metralhadora do exército alemão na II Guerra Mundial], no meio daquele fogacho ele diz que ouve falar espanhol, presume-se que estavam lá Cubanos .
,
O ataque já ia avançado e as nossas munições escasseando, o único Unimog que tínhamos estava debaixo de um embondeiro [, "cabaceira", em crioulo] e caia morteiradas junto, com as palhotas na maioria a arder.

Parecia Roma vista de Babandica , o condutor da CCAÇ 1439 arranca debaixo de fogo e põe o Unimog a trabalhar para o retirar da zona de fogo. Como ele estava a escape livre,  a barulheira foi muita e o IN, pensando que eram reforços, retirou.  Este soldado condutor foi condecorado com medalha de guerra de 4ª classe. 

Tendo ido montar emboscada em Mato Cão,  já calculando que a CCAÇ 1439, sediada em Enxalé,  viria em nosso socorro,  o que aconteceu,  e como tal caíram debaixo de fogo, não havendo feridos do nosso lado. Houve um tiro caricato no Furriel Monteirinho,  do Pel Caç Nat 52,  do Alf Matos [, o açoriano Henrique José de Matos Francisco] , que lhe passou no meio das nádegas deixando somente queimaduras. 

Ao nascer do dia, feito o balanço, tivemos dois mortos na população e alguns feridos ligeiros e muitas palhotas destruídas, alguns de nós ficaram só com a roupa que tínhamos no corpo.

Aproximava-se a véspera de Natal, e para o  rancho pouco havia... O meu cabo nativo Ananias Pereira Fernandes sugeriu que ia tentar caçar qualquer coisa e caçou,  arranjou óleo de chabéu e arroz e cozinhou uma maravilha que todos na messe gostaram, mas quando chegou a altura de mostrar o troféu,  a cabeça do macaco cão,  houve quem não aguentasse o estômago... Guardei essa caveira do macaco por anos.

E foi este o primeiro Natal na Guiné do Pel Caç Nat 54.

Foto 1 - Palhota dos Furriéis e o Alf Freitas da 1439
Foto 2 - A nossa segunda residência
Foto 3 - Sítio do Unimog
Foto 4 - Depósito de géneros

________

Nota do editor:

Último poste da série > 25 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18137: O meu Natal no mato (45): Um Natal antecipado: 23 de dezembro de 1967 em Gadamael Porto (Mário Gaspar), ex-fur mil art, MA, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)

terça-feira, 12 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19578: Memória dos lugares (385): a tasca do sr. Geraldes, no Gabu... O casal era de Setúbal ( Tino Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)








Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1970 > A tasca do sr. Geraldes

Fotos (e legenda): © Tino Neves (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do  Constantino Neves (Tino Neves), ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de meia centenas de referências no nosso blogue):

Data - Segunda, 11/03, 13:13 

Assunto - A tasca do Geraldes no Gabu

Olá, Camarada Luís

Desta vez venho completar e confirmar uma das fotos do Poste 19573, do Camarada Virgílio Teixeira (*), a almoçar na tasca do Geraldes, com três fotos tiradas na referida Tasca, em que tinha também um jogo de bilhar "Sinaleiro". em 1970.

Era a Tasca/Restaurante que muitas das vezes ia-mos comer um bom frango assado ou um bom bife com molho de chabéu, uma delicia.

Segundo conversas com o Sr. Geraldes e esposa, fiquei sabendo que eles eram de Setúbal.(**)

Um Alpha Bravo
Tino Neves

______________


(**)  Último poste da série > 28 de dezembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19342: Memória dos lugares (384): Tradições do Natal crioulo em Bissau: o "fanal" e o "mbim pidi festa" da meninada do meu tempo (Nelson Herbert)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19415: In Memoriam (333): Auá Seidi (c.1935-2018), viúva do comerciante de Bambinca (c. 1925-2011), Rodrigo Rendeiro, natural da Murtosa, já falecido em 2011 (Leopoldo Correia, amigo da família, ex-fur mil, CART 564, Nhacra,Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65).


Audá Seidi (c. 1935-2018), viúva de Rodrigo Rendeiro (c. 1925-2011), comerciante de Bambadinca, natural da Murtosa, foto que nos foi remetida pelo nosso camarada Leopoldo Correia, amigo da família, e que vive em Águas Santas, Maia (, foi fur mil, mil da CART 564, Nhacra,Quinhamel, Binar, Teixeira PintoEncheia e Mansoa, 1963/65).

O nome completo do marido era Rodrigo José Fernandes Rendeiro, e terá ido para a Guiné em plena II Guerra Mundial, com 17 anos, pelo que terá nascido por volta de 1925/26. A Auá Seidi era mais nova do que ele cerca de 10 anos. E era muito bonita,  dizia-se. O casal teve 9 filhos.

Já aqui contámos a "odisseia" do Rendeiro, às mãos do PAIGC, quando era comerciante no Enxalé, em 1963 (**). Levado para o  Senegal, conseguiu chegar à Gâmbia e, com apoio do consulado da Suiça, teve a sorte de regressar a Bissau.

A seguir, talvez no fim desse ano ou princípios de 1964,  deve ter ido para Moçambique, onde tinha parentes,m  para fugir à guerra e às represálias do PAIGC. Presumimos que tenha voltado e regressado à Guiné, fixando-se então em Bambadinca  por volta de1965(66. Terá regressado à sua terra natal,  em 1974, amargurado. Receio bem que tinha tido problemas logo a seguir ao 25 de Abril, pela sua colaboração com as NT e, eventualmete, com a PIDE/DGS.

1. Mensagem de hoje do nosso editor Carlos Vinhal, às 10h59:

Luís,

O Leopoldo Correia acaba de me comunicar o falecimento da esposa do senhor Rendeiro, Auá Seidi,  pessoas que parece teres conhecido em Bambadinca, onde ela era conerciante. Faleceu ontem e é sepultada hoje na Murtosa. Queres publicar a notícia no blogue ? Junto foto da senhora.

Abraço,
Carlos Vinhal




Notícia necrológica (Cortesia da funerária ToniFuner, da Murtosa)

2. Nota do editor Luís Graça:

Obrigado ao Leopoldo Correia e ao Carlos Vinhal.  Sim, conheci e estive, algumas vezes,  na casa da família Rendeiro, em Bambadinca, entre julho de 1969 e março de 1971.  E provei, nessas ocasiões,  o famoso chabéu da nhá Auá Seidi (ou Seide). Mas nunca tive o prazer de a conhecer pessoalmente. Nem sequer alguma vez a vi. E ao Rendeiro também nunca mais o vi, depois do nosso regresso a casa.

No meu tempo, ele convivia não só com a malta da CCAÇ 12 bem como com alguns camaradas nossos das CCS (BCAÇ 2852, 1968/70; e depois BART 2917, 1970/72)... Era nosso "vizinho", a sua casa e a sua loja situavam-se períssimo do quartel, na tabanca de Bambadinca. Além disso, fazíamos colunas logísticas juntos, ele tinha uma ou mais camionetas que alugava à tropa...Fica esta nota de saudade (*). E o apreço da Tabanca Grande a esta grande família. Infelizmente, o Rodrigo Rendeiro  (**) já nos tinha deixado há cerca de oito anos, conforme notícia dada também pelo Leopoldo Correia:

(...) Infelizmente já não está entre nós, [, o Rendeiro,] pois foi sepultado na sua terra natal [, Murtosa,] em 10/09/2011, tendo eu assistido ao funeral e tido contacto com toda a "ínclita geração", os filhos de Fernandes Rendeiro / Auá Seide, da qual só tenho a dizer bem. A que estudava em Coimbra, era licenciada em direito e era magistrada: faleceu também há cerca de 5 anos. Era juíza do Ministério Público em Lisboa. (...). 

Diz-nos o Paulo Santiago, em comentário do dia 19, às 00h17: "Não sabia que a filha do Rendeiro, Ana Maria, julgo ser este o nome,tinha morrido. Entrou para Direito juntamente com a minha irmã, infelizmente também falecida há quinze anos,aos 53 anos de idade."

O nosso editor comentou: "Nome completo: Ana Maria Fernandes Rendeiro Bernard (, este último apelido deve ser do casamento).  Nasceu em 1953 e terá morrido em 2006 ou 2007, com 53 anos. (Em 1 de setembro de 2006 ainda era viva, constando da listagem dos Magistrados do Ministério Público no Distrito Judicial de Lisboa.) 

A fotografia que se vê ao fundo, na mesa de cabeceira da cama da Auá Seidi, deve ser dessa filha, prematuramente desaparecida. E que era a 'menina dos olhos' do nosso amigo Rendeiro, por andar a estudar na Metrópole. De facto, cursou direito e entrou para o ministério público. A Auá, por sua vez, deve-se ter convertido ao cristianismo ao casar-se com o Rodrigo Rendeiro.
_________

Notas do editor:


(**) Vd. postes de:


2 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17926: (D)o outro lado do combate (15): continuação da odisseia do Rodrigo Rendeiro que acabou por regressar a Bissau, com um salvo-conduto do consulado da Suíça em Dacar, que o levou até à Gâmbia...

3 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17929: (D)o outro lado do combate (16): O Rodrigo Rendeiro, depois de regressar a Bissau, terá fornecido preciosas informações à FAP , permitindo a localização (e bombardeamento) das bases do PAIGC em Morés e Dandum, segundo Maria José Tístar, autora de "A PIDE no Xadrez Africano: conversas com o inspetor Fragoso Allas", Lisboa, Colibri, 2017 (pp. 191/192)

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19241: Em bom português nos entendemos (18): "Chabéu" e não "xabéu"... (= fruto, dendê, e prato de peixe ou carne confeccionado com óleo de palma)


 Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > Simpósio Internacional de Guileje (Bissau 1-7 de março de 2008 > 2 de março de 2008 > O famoso óleo de palma do Cantanhez. A sua cor vermelha intensa deve-se às características da variedade do chabéu (termo científico, Elaeis guineenses), que é rico em caroteno.



Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Cananima > Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de março de 2008 > 2 de março de 2008 >

A simpatiquíssima Cadidjatu Candé, da comissão organizadora do Simpósio Internacional de Guileje e colaborada da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, servindo um fabuloso arroz com filetes de peixe do rio Cacine e óleo de palma local, que tem fama de ser o mais saboroso do país, devido à qualidade da matéria-prima e às técnicas e condições de produção (artesanal). Na imagem, um diplomata português, o nº 2 da Embaixada Portuguesa, que integrava a nossa caravana (e cujo nome, por lapso, não registei, lapso de que peço desculpa). Em segundo plano, do lado direito, segurando o prato e esperando a vez, o nosso amigo, o dr. Alfredo Caldeira, representante da Fundação Mário Soares.

Um dos pratos que foi servido no almoço de domingo, aos participantes do Simpósio Internacional de Guileje, foi peixe de chabéu, do Rio Cacine, do melhor que comi em África... Durante a guerra colonial, na zona leste, em Bambadinca, só conhecíamos o desgraçado peixe da bolanha que sabia a lodo....

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Adão Cruz > Memórias de um médico em campanha > 8. O tanque


(...) Desta vez era um tanque, que construímos com uns restos de cimento encontrados numa arrecadação, e que iria proporcionar-nos, apesar da sua estreiteza de três metros por um, algumas deliciosas banhocas. A inauguração estava marcada para esse dia, e o Almeida, atrevido, imprudente como sempre e um tanto irresponsável,  já se tinha deslocado sozinho a Barro, a fim de arranjar uma galinha que servisse de manjar no festejo.  Barro era uma pequena aldeia nativa a onze quilómetros de distância, onde a Companhia mantinha um pelotão. Toda a estradeca estava minada e as emboscadas eram constantes. Mas o que é certo é que a galinha já estava do lado de cá.

A meio da madrugada o Almeida acordou-me:

- Já que não vens comigo fazer a patrulha, meu cobardesito de merda, fazes um bom xabéu com essa galinha para mereceres o mergulho no tanque.

Eu respondi-lhe:
- Tem mas é juizinho nessa bola, não te armes em herói, senão nem a galinha provas.
- Cobarde, um cobardesito é o que tu és - retorquiu ele sorridente, com um aceno amigo que nunca mais haveria de fazer.

Eram dez horas da manhã quando a nossa velha GMC irrompeu pela cerca de arame farpado, em correria demasiada para o seu velho e gasto motor, como se ela própria sentisse a tragédia que transportava no bojo: o corpo do Alferes Almeida crivado de balas dos pés à cabeça. 


Puxei de um cigarro mas não consegui segurá-lo entre os dedos. E nunca tomei banho no tanque.

A única recordação dele, que hoje ainda mantenho, é o livro que tinha na mesinha de cabeceira: 'Morreram pela pátria'. (...) (*)



[foto acima,  à esquerda: Linhares de Almeida,  quando ainda estudante do Liceu Honório Barreto, em finais de 1959, princípios de 1960; terá nascido em 1942, em Bissau; aparece numa foto de grupo (14 elementos) do Liceu, identificado com o n.º 2 como sendo o "Juca" - Carlos Linhares de Almeida (irmão do 'Banana')... A foto, sem data, é da autoria de Armindo do Grego Ferreira, Jr. Cortesia do blogue NhaGente, de Amaro Ligeiro].


2. Mais um exemplo de um vocábulo, Xabéu, um africanismo guineense, ou Chabéu (, do crioulo),  que vem grafado no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, em duas variantes. E  o nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné) é mais uma vez citado, pelo Priberam (**), para ilustrar o uso do termo. 

xabéu | s. m.

xa·béu
(africanismo da Guiné-Bissau)

substantivo masculino

[Botânica] Infrutescência das palmeiras muito estimada pelas suas variadas propriedades e sobretudo pelo saboroso molho de xabéu com que acompanham (especialmente os fulas) grande parte das suas comidas.

"xabéu", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/xab%C3%A9u [consultado em 26-11-2018]


"xabéu" em Blogues

(i) ...de merda, fazes um bom xabéu com essa galinha para mereceres... Em Luís Graça & Camaradas da Guiné

 (ii) ...português de Matosinhos,  Frango de Xabéu elaborado por experiente cozinheira guineense... Em Luís Graça & Camaradas da Guiné

(iii) ...apanha de mancarra, recolha de xabéu , etc.. Em Luís Graça & Camaradas da Guiné

(iv) ...de carne com arroz de xabéu , que estava uma delicia,... Em Luís Graça & Camaradas da Guiné

(v) Xabéu à Guineense-.. Em Luís Graça & Camaradas da Guiné

(vi) ...junto à copa a colher xabéu...  Em Luís Graça & Camaradas da Guiné


chabéu | s. m.

cha·béu
(do crioulo da Guiné-Bissau)

substantivo masculino

1. [Guiné-Bissau] Fruto do dendezeiro. = DENDÊ

2. [Guiné-Bissau] Prato de carne ou peixe confeccionado com óleo de palma (ex.: chabéu de carne).

"chabéu", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/chab%C3%A9u [consultado em 28-11-2018].

"chabéu" em blogues:

(i) ...famosos almoços de frango de chabéu , em geral aos domingos...Em Luís Graça & Camaradas da Guiné

"chabéu", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/chab%C3%A9u [consultado em 28-11-2018].

(ii) ... e orienta-me para umas caixas onde me acocoro . Ali estão as surpresas prometidas: um livro de cozinha e doçaria do ultramar português, inclui receitas da Guiné (Bolinhas de Mancarra, Bringe, Caldo de Mancarra, Caldo de Peixe, Chabéu de Galinha). A edição é da Agência Geral do Ultramar, o ano da... Em Luís Graça & Camaradas da Guiné

"acocoro-a", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/acocoro-a [consultado em 28-11-2018].


2. Segundo o  respeitado Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Lisboa, Círculo de Leitores, 2002), tomo II, pág. 886, a grafia correta seria "chabéu" (etimologia: do crioulo "tche bém"), que é o termo que também usamos, no blogue, como descritor. E que é usado na literatura especializada (, livros de gastronomia, por exemplo).

Uma receita de "chabéu de galinha" está disponível no nosso blogue, em poste da autoria do nosso camarada Hugo Moura Ferreira (***). Na pesquisa feita pelo Google,  a grafia "chabéu de galinha" é mais frequente que "xabéu de galinha"... Esta questão ainda não foi posta ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
_____________

Notas do editor:

(*) 27 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16528: Memórias de um médico em campanha (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547) (8): O Tanque

(**) Último poste da série > 26 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19236: Em bom português nos entendemos (17): os vocábulos "sinceno" e "sincelo" no nosso blogue e no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

(***) Vd. poste de 12 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8087: Gastronomia(s) lusófona(s) (1): Algumas receitas tradicionais guineenses, do Caldo de Peixe (ou Mafefede) ao Chabéu de Galinha, do Caldo de Mancarra ao Bringe (Hugo Moura Ferreira)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10166: Fauna & Flora (28): A Mamba-verde, particulamente temida pelos recolectores de chabéu ...

Mamba-verde - Dendroaspis viridis Hallowvell  (Família Elapidae - Proteroglypha).


[Imagem à esquerda: Aguarela do pintor Silva Lino (1911-1984)]


Principais caraterísticas desta espécie de serpente (*):

(i) Serpente longa (comprimento: até 210 cm) e relativamente delgada, com a cabeça estreita, pescoço pouco distinto e cauda comprida, atilada;


(ii) Olhos pequenos, com pupila redonda; coloração verde-olivácea, por cima, e amarelada ou esverdeada na face ventral, com escamas e placas finamente debruadas de negro;

(iii) Dentes: dentadura proteroglifodonte: dentes inoculadores sulcados, erécteis mas não retrovertíveis, na parte anterior do maxilar, sem precedência de outros dentes;


(iv) Sinais da mordedura: três pares de perfurações dilatadas, inoculadoras, ladeando o extremo anterior de duas linhas de perfurações, mais finas, dos dentes normais palatino-pterigóides; 

(v) Veneno:  mortal, neurotóxico;

(vi) Costumes:  espécie arborícola, frequentando plantações de palmeiras, bananeiras, etc., muito agressiva, especialmente na época da reprodução, e, por isso, temida pelos nativos, que chegam a ser perseguidos;

(vii) Reprodução por oviparidade;

(viii) Alimento: aves e pequenos roedores;

(ix) Distribuição geográfica: desde o Senegal até à Costa do Marfim; encontra[va]-se com relativa frequência na [antiga] Guiné Portuguesa, hoje Guiné-Bissau; em São Tomé foi coligida por A. Moller (1885), mas não tornou a ser assinalada, nem encontrada durante as pesquisas recentes da Missão Científica; em Angola, encontram-se as espécies D. jamesoni e D.angusticeps, ao passo que em Moçambique existe apenas esta última. 



Fonte: Cortesia do sítio Triplov > Serpentes do ultramar português

Referência bibliográfica: FRADE, Fernando - Serpentes do Ultramar Português. Garcia de Orta. Lisboa; 1955; III (4), pp. 547-553. Em colab. com Sara Manaças. Legendas e notas de aguarelas de Silva Lino.

Vd. tambEm em Google >Imagens >Dendroaspis viridis Hallowvell [Nome comum em inglês:  Western Green Mamba]



2. Comentário de L.G.:

Ainda há dias, falando com um amigo e conterrâneo meu, L.R., antigo alf mil pil Al III, no TO da Guiné (1970/72), parece que era relativamente frequente o pedido de helievacuações para civis que faziam a recolha do chabéu, trepando às palmeiras, e se atiravam, instintivamente, para o chão, muitos metros abaixo, quando eram surpreendidos por uma mamba verde (n

ão confundir com a vulgar cobra verde, em inglês a smooth green snake, norteamericana, não venenosa)... 

De acordo com as observações da missão científica que estudou, em meados dos anos  40 do séc. XX, a fauna da Guiné (chefiada por essa grande figura de naturalista que foi o prof Fernando Frade, cuja vida e obra merece ser melhor conhecida pelos nossos leitores ), esta espécie - a mamba verde - abundava nos palmeirais e nas plantações de bananeiras, e era particularmente temida pelos "nativos" da Guiné, recolectores de chabéu [vd. imagem em baixo; cortesia do sítio Novas da Guiné-Bissau]...



Fui testemunha de um caso desses, numa ponta, em Contuboel, por volta de junho/julho de 1969... Na Guiné, chamávamos-lhe simplesmente a cobra verde ou cobra verde das palmeiras...

Claro que "os desgraçados chegavam todos partidos ao hospital de Bissau", acrescentava o L.R., o meu amigo e conterrâneo, piloto da FAP...
________________

Nota do editor:

 Último poste de 10 de julho de 2012 > Guiné-Bissau - P10138: Fauna & Flora (27): A cobra cuspideira (de seu nome científico Naja nigricollis Reinhardt)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8081: Notas de leitura (227): A Guiné-Bissau e os sabores da lusofonia (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
Mais tarde ou mais cedo haveria que exaltar a primorosa gastronomia guineense que inexplicavelmente ignoramos.
Há dezenas de restaurantes de comida cabo-verdiana, nem um só de comida guineense, falo pela região de Lisboa. Para comer canja de ostra tenho que fazer encomendas de particulares. Numa época em que se fala de novas oportunidades, no microcrédito e se incentivam pequenas empresas, é difícil compreender como os portugueses oriundos da Guiné e os imigrantes não abrem espaços de convívio à mesa, seriam certamente um sucesso.

Um abraço do
Mário


A Guiné-Bissau e os sabores da lusofonia

Beja Santos

Em 2009, os CTT através do Clube Coleccionador dos Correios editaram “Sabores da Lusofonia… Com Selos”, com autoria de David Lopes Ramos. É uma edição que prima pelo elevado apuro gráfico, trata-se de uma sugestiva incursão pela gastronomia do mundo que fala português em torno das memórias dos sabores. 

Oferece ao leitor a oportunidade de viajar pelas rotas da pimenta, conhecer as revoluções à mesa advindas pela chegada da batata, do milho, dos feijões, do açúcar, do café e do chocolate. Depois o autor põe-nos a viajar pela lusofonia: o gindungo de Angola, a feijoada brasileira, a cachupa de Cabo Verde, a galinha à cafreal de Moçambique, o Calulu de São Tomé e Príncipe, a paleta exótica de sabores goeses, o cozinhar dentro de nós de bambus em Timor e, claro está a mancarra no prato na Guiné-Bissau. Vejamos, em síntese, o que David Lopes Ramos nos propõe dentro dos manjares guineenses. Começa por escrever o seguinte:

“Na Cozinha e Doçaria do Ultramar Português, da Agência-Geral do Ultramar (1969) o receituário da Guiné é o mais escasso de todos. Apenas 5 receitas: um caldo de peixe ou mefefede, com tainhas secas, arroz e condimentos, entre eles malagueta e piripiri; um caldo de mancarra, com galinha, mancarra, óleo de mancarra e outros condimentos; chabéu de galinha que, além da ave que coze com óleo de mancarra, cebola, água temperada com malagueta e sal, a que depois se junta o molho de chabéu, mais sumo de limão, solé (líquido ácido semelhante ao vinagre) e piripiri; bringe, um estufado de pato que é servido com arroz, camarões cozidos ou fritos e limpão (espécie de mexilhão), e bolinhas de mancarra, que é um doce, feito com o amendoim espagado até ficar em pasta, a que se junta açúcar pilé”.

Trata-se de uma visão redutora, é inconcebível não se mencionar, entre outros, pratos fabulosos como a canja de ostra, para mim um dos pratos mais fabulosos da culinária africana. A cachupa de milho é uma variante da cachupa cabo-verdiana e é muito apetitosa. Mas é verdade que os pratos mencionados na dita publicação de 1969 acentuam aquilo que nós conhecemos e que torna a gastronomia guineense inconfundível: os sabores ácidos, os picantes e a fina combinação de produtos naturais e de condimentos típicos. Da rusticidade e da escassez de recursos, os sabores guinéus dão respostas engenhosas mediante o uso de chabéu e o óleo de palma; havendo cerca de 30 etnias e uma cozinha crioula, pode usar-se banha de porco, cabra, carneiro, mariscos, substituir o arroz pelo milho preto, pôr mais ou menos milho bassil, fundo, inhame, batata-doce (a batata de consumo é conhecida na Guiné por batata inglesa).

As populações do interior, carentes de legumes, deitam mão ao que podem cultivar ou comprar a baixo custo: baguiche, candja, djagatu, que acompanham o arroz e mafé. Quem percorre o mercado de Bandim, o mais completo de toda a Guiné-Bissau, pode encontrar o apetitoso djorontche (camarão seco moído, ou mesmo o netetu (sementes de alfarroba secas e trituradas). As populações das zonas costeiras (caso dos bijagós, balantas, felupes e manjacos) têm um elevado consumo de frutos do mar e de peixe, apreciam imenso o caranguejo, as ostras, o combé, o lingron, o gandim ou karmussa. Quando regressei da Guiné, em Dezembro último, trouxe “escalada”, há quem lhe chame o bacalhau da Guiné, fede que se farta, vem embrulhado em vários sacos de plástico e dentro de uma caixa de cartão hermeticamente selada. Mas há mais cheiros intensos e outros paladares típicos como o kasseké, o djorontche, obtidos por métodos artesanais de conservação dos pescados e dos mariscos.

É um atentado ao palato ignorar os sabores guineenses, desde os camarões juvenis, passando pelas raízes, tubérculos, folhas e frutos silvestres que têm gostos admiráveis e que são complementos nutricionais que permitem que a população da Guiné, uma das mais pobres do mundo, consiga deter padrões alimentares surpreendentemente saudáveis. Convém não esquecer as carnes de caça que todos os militares recordam: a gazela, a cabra de mato, a farfana, o porco-espinho e o porco do mato. E o autor conclui: “Os guineenses, na sua alimentação, para celebrar e festejar momentos importantes da sua vida e da sua história, recorrem com engenho e arte à rica biodiversidade de que ainda dispõem, fruto de uma natureza farta e generosa que tem todo o interesse em preservar e transmitir como legado como as gerações futuras”. (*)


Ninte Kamachol, escultura de madeira e latão dos Nalus, peça do Museu Nacional de Etnologia, Lisboa, reproduzida com a devida vénia


Homem bijagó, reproduzido do livro “Sabores da Lusofonia… com selos”, com a devida vénia
____________

Nota de CV:

7 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8057: Notas de leitura (226): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (3) (Mário Beja Santos)

(*) O nosso camarada Hugo Moura Ferreira já aqui em tempos (, em 22 de Junho de 2006,)  apresentou algumas receitas de pratos tradicionais guineenses, justamente retiradas do livro Cozinha e doçaria do Ultramar Português (Lisboa: Agência-Geral do Ultramar, 1969)... A saber:

(i) Caldo de Mancarra;
(ii) Chabéu de Galinha;
(iii) Bringe;
(iv) Bolinhas de Mancarra;
(v) Caldo de Peixe ou Mafefede

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6525: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (32): Diário da ida à Guiné - 14/03/2010 - Dia onze


1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 28 de Maio de 2010:

Caro Carlos:
Junto segue o relato do 11.º dia da minha viagem à Guiné.

Podes crer que, cada vez que escrevo um relato, me emociono, pensando sempre que as condições que lá usufruí provavelmente nunca mais se repetirão.
Faltam os relatos de três dias mas com coisas importantes ainda a referir.

Um abraço.
Fernando Gouveia


A GUERRA VISTA DE BAFATA - 32

Diário da Ida à Guiné – Dia Onze (14- 03-2010)


Nesse dia levantei-me às seis da Manhã, ainda noite, para ir à caça. Queria ver se surpreendia algum animal de médio porte no único charco das redondezas. Podia ser que ainda lá apanhasse algum retardatário a beber água.

Para não acordar os guardas que dormiam no “gembrém”, o meu pequeno almoço foi pão com queijo e água. Demorei trinta minutos a percorrer os cerca de três km até à lagoa que já conhecia bem. Embosquei-me nuns arbustos junto ao charco até que, já depois do Sol ter nascido, me convenci que mais nenhum bicho ia aparecer. Mas não perdi o meu tempo. Mais uma vez pude observar, a pequena distância, a passarada multicolorida que fazia da lagoa o seu local de sustento e de convivência animal. Foi delicioso observar o pica peixe, que empoleirado num galho, saía regularmente disparado para a água, trazendo sempre no bico um pequeno peixe.

Tendo ido mais além ainda vi um passarão castanho. Dei-lhe três tiros em árvores diferentes. Caíram folhas do ramo onde estava. Nada mais. No regresso fui ver a armadilha que tinha montado no dia anterior, e nada. Comecei a achar que o irã da floresta não queria que fizesse mal à bicharada.

Quando cheguei ao empreendimento encontrei o funcionário José a cozer coconote (chabéu) para o almoço em que tínhamos um convidado. Cá, o azeite quando acabado de fazer é de tal modo bom que até se utiliza para pôr no pão. Com o chabéu passa-se o mesmo. Há uma grande diferença entre um chabéu confeccionado com óleo de palma enfrascado ou com o óleo de palma obtido no momento de confeccionar o prato de chabéu.

Uma empregada a pilar o coconote (chabéu).

O coconote depois de cozido foi pilado e novamente fervido para separar o óleo da água, dos caroços e da polpa. Com esse óleo faz-se o chabéu propriamente dito à base de um refogado com cebola, tomate e um pouco de outros produtos locais, como quiabo, jakatu (parecido com o tomate verde mas só no aspecto), etc.

Ao centro pode ver-se o jakatu, parecido com o tomate verde.

O Chico já tinha ido a Bula comprar um cabrito, mas como não o conseguiu, trouxe quatro galinhas (15 euros). O chabéu iria ser de galinha. Também eu pensei que depois, à tarde, iria a Bula comprar duas calas (crioulo) ou sejam dois lenços grandes para as bajudas mais lindas do mundo: a de Bafata de há quarenta anos e a do Porto, a minha neta.

Cabe aqui lembrar (ver relato anterior) que eu tinha um convidado para o almoço, um empresário que, como referi no relato do 1º dia, me poderia dar possibilidades de trabalho (intelectual) o que talvez me proporcionasse umas idas à Guiné-Bissau. Entretanto o meu convidado telefonou a perguntar se podia levar também um amigo. Iriam portanto ser dois convidados.

Enquanto eles não vinham, andei às voltas com os mapas à procura da tabanca de Tabató, indicada pelo Luís Graça, como local de residência do grande músico Djabaté.

Entretanto verificámos que não tínhamos limões para o molho das ostras que tínhamos comprado para aperitivar. Fomos à pressa a Bula e lá, encontrámos os nossos convidados. Ficámos a saber, com surpresa, que o segundo convidado era um “governamental”, muito simpático, magro(!) e que durante o almoço e na longa conversa que se seguiu, demonstrou ser grande conhecedor da história de Portugal e da nossa literatura. A propósito de qualquer episódio da nossa história não se coibia de declamar, de cor, meia dúzia de estrofes dos Lusíadas. Como tenho vindo a referir ao longo destes relatos, além de muitos guineenses, incluindo antigos guerrilheiros, também este dirigente manifestou a ideia de que com Portugal estariam bem melhor do que na realidade estão. É triste que assim seja… Diga-se de passagem que filmei toda a conversa, que durante várias horas.

Um delicioso prato de chabéu.

Ao anoitecer ainda fomos, por indicação do Presidente da Ajuda Amiga Carlos Fortunato, à zona de Binar, falar com o chefe da tabanca de Encherte, nosso ex-soldado Branquinho, para saber todos os pormenores da possível construção duma escola. Já regressámos de noite. Jantou-se uma sopa de rabo de boi e pão com presunto (ao almoço tinha-se comido demais).

Como o aluguer do jeep não deu em nada, resolvemos ir no dia seguinte, eu e o Chico na carrinha, novamente à minha Bafata. Fomos portanto deitar-nos cedo.

Até amanhã camaradas.
Fernando Gouveia
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 26 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6473: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (31): Diário da ida à Guiné - 12 e 13/03/2010 - Dias nove e dez