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sábado, 30 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25017: In Memoriam (490): Nuno Rubim (1938-2023): alguns dos seus livros publicados na área da História Militar: "A Artilharia de Campanha Estriada Portuguesa", (2014); "A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580", (2013); "A Defesa Costeira dos Estuários do Tejo e do Sado: desde D. João II até 1640", (2011)


1 - A Artilharia de Campanha Estriada Portuguesa / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Nuno José Varela Rubim, 2014. - 158, [1] p. : il. ; 30



2 - A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580 / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Comissão Portuguesa de História Militar, 2012-. - v. : il. ; 24 cm. - O 2º v. foi editado pelo Falcata - Editores, Unipessoal. - Contém bibliografia. - 1º v.: Geografia e viagens. - 306 p. 2º v.: Navios e embarcações. - 2013. - 210 p. - ISBN 978-989-95946-8-5



3 - A Defesa Costeira dos Estuários do Tejo e do Sado : desde D. João II até 1640 / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Prefácio, D.L. 2011. - 130, [2] p. : il. ; 28 cm. - Bibliografia, p. 7-8. - ISBN 978-989-652-070-0



Lisboa, Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP / NOVA)  > 6 de Setembro de 2007 > Da esquerda para a direita, Nuno Rubim (1938-2023), Carlos Schwarz (Pepito) (1949-2012) e Luís Graça (n. 1947).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. O nosso tabanqueiro Nuno Rubim (1938-2023) (*) era um conceitado especialista em História Militar, e em particular em História da Artilharia. Entre 2011 e 2014 publicou diversos livros e separatas de revistas sobre história militar. 


Em 2014, o nosso camarada, Nuno José Varela Rubim, de seu nome completo, ofereceu à nossa Tabanca Grande 26 exemplares do seu último livro "A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580: vol. 2: Navios e Embarcações" (Lisboa: Falcata Editortes, 2013, 210 pp, ilustrado).

Foram praticamente contemplados, na altura, todos os grã-tabanqueiros que manifestaram interesse, entre 23 e 31 de maio dce 2024 (**), em obter um exemplar autografado do livro. 

Trata-se de uma obra original, de grande erudição, profusamente ilustrada (135 figuras e desenhos, a grande maioria a cores) que nos honra a todos nós, e que vem enriquecer a nossa historiografia militar. 

(**) Vd. poste de 17 dce junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13299: E as nossas palmas vão para... (8): Nuno [José Varela] Rubim, autor de vasta obra sobre a nossa história militar, com destaque para "A organização e as operações militares portuguesas no Oriente, 1498-1580"

Guiné 61/74 - P25016: In Memoriam (489): Morreu, no passado dia 25, o nosso "capitão fula", o cor art ref Nuno Rubim (1938-2023): fez duas comissões no CTIG, como capitão (CCAÇ 726, CCAÇ 1424, e CCmds, out 1964 / dez 1966) e como major (QG, Cheret, 1972/74)


Nuno Rubim, cor art ref (1938-2023)


Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 de Março de 2008) > O Cor Art Ref Nuno Rubim, entre o Cor Cav Ref Carlos Matos Gomes e o Gringo de Guileje, o ex-Fur Mil Zé Carioca, da CCAÇ 3477 (Guileje, Nov 1971/Dez 1972), explicando pormenores da sua obra-prima que foi o diorama de Guileje, que ele ofereceu depois ao Núcleo Museológico de Guileje.

O Nuno Rubim era um profundo conhecedor de Guileje. Recorde-se que ele comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) e a CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966). Foi reconhecido e acarinhado pela população de Guileje,  ainda em 2008,  como o  "capitão Fula"
 
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > O Cor Art na situação de reforma Nuno Rubim, participante do Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), junto à campa do o Soldado António Gonçalves dos Santos, caído em combate em 4 de Março de 1966, muito perto do cruzamento do corredor de Guileje. Pertencia a um das companhias, a CCAÇ 1424, que o nosso querido amigo Nuno comandou, em Guileje.

Foto (e legenda): © Nuno Rubim (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recebemos ontem, às 9:29, a noticia da morte do amigo e camarada Nuno Rubim, através de email do cor art ref Morais da Silva:

(...) "É com pesar que noticio o falecimento, no passado dia 25 de Dezembro, do meu camarada Cor Art Nuno José Varela Rubim. Que reste em Paz.

Abraço com o desejo de muita saúde em 2024.
Morais Silva".



Só esta manhã, em Candoz, tive conhecimento desta infausta notícia. Fiquei muito triste. Para além de um ativo colaborador do blogue, nos anos de 2006 e 2007, o Nuno Rubim era uma pessoa que eu muito estima e com quem cheguei a privar (na sua casa, no Seixal, fui lá uma bez com o Vrigínio Briote) e em março de 2007 na Guiné, no âmbito do Simpósio Internacional de  Guileje.

O meu primeiro abraço solidário na dor vai para a Júlia, a viúva, natural da Guiné, que eu e a Alice conhecemos na sua terra  e com quem fizemos uma viagem memorável de Bissau a Guileje e regresso. Para a Júlia e restante família ficam aqui também as condolências dos amigos e camaradas da Guiné que se reunem sob o sagrado e fraterno poilão da Tabanca Grande.

Com tempo e vagar (estou fora de casa com Net limitada), farei dentro de dias  um poste homenagem póstuma ao homem, ao militar e ao especialista em história militar que foi o nosso Nuno Rubim. Para já ficam aqui alguns breves ap0ntamentos sobre o seu "curriculum vitae", com particular referência à sua ligação à Guiné e ao nosso blogue.

Era  conhecido, no CTIG,  como "capitão fula" pela população de Mejo e de Guileje, cognome que o honrava muito.

Foi um histórico do nosso blogue. Entrou para Tabanca Grande em 10 de junho de 2006. Tem cerca de uma centena de referências.

Eis um excerto da sua apresentação aos amigos e camaradas da Guiné (que na altura ainda não ultrapssavam os cento e poucos):

(...) Comandei em Guiledge, sucessivamente (de castigo !..., eu qualquer dia conto esta estória) as CCAÇ 726 e 1424, depois de ter também comandado a CART 644 em Mansabá e a CCmds em Brá.

O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.

Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento? (...)

E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...

(...) Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma! Por pouco era a título póstumo !!!...

(...) Finalmente quanto à Tertúlia, pois terei muito prazer em dela fazer parte." (...)


Como ele acima disse, fez duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major ("trabalhei no departamento 'mais secreto', a Cheret , onde desempenhei, como criptólogo AED - Aptidão Especial para Descriptamento, as funções de chefe da Secção de Análise e Controlo. Descriptamos todos (!) sistemas de decifrar dos países vizinhos");

Na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966).

Trabalhador incansável, reputado especialista em história da artilharia (com uma extensa lista de obras publicadas), é também um bom amigo e um grande camarada, a quem pedimos, por diversas vezes, informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné.
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Nota do editor:

Último poste da série >  10 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24937: In Memoriam (488): Zélia Neno (1953-2023), que foi casada com o Xico Allen (1950-2022) e mãe da Inês Allen... Velório a partir das 11h00 de hoje na Igreja de São Martinho de Lordelo do Ouro (Porto) e funeral amanhã às 14h30

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24234: Armamento do PAIGC (3): peça de artilharia 130 mm M-46, cedida pelo Sekou Turé para os ataques, a partir do território da Guiné-Conacri, contra Guileje e Gadamael, em maio/junho de 1973


Peça de artilharia 130 mm M-46, de fabrico soviético (ano de introdução: 1954). Este tipo de armamento foi usado pelo PAIGC contra Guileje em maio de 1973, a partir do território da Guiné-Conacri. O seu alcance (máximo) é de 22,5 km.

Fonte: Wikipedia (em finlandês) (2007) (com a devida vénia...)



 Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > Museu Militar da Luta de Libertação Nacional > A peça do lado direito não pode ser  o famigerado "canhão de 130 mm", de origem russa, fornecido pela Guiné-Conacri ao PAIGC nos ataques a Guileje e a Gadamael, em maio e junho de 1973... A peça de artilharia 130 mm, M-46, tinha/ tem  um cano ou tubo de mais de 7 metros de comprimento...  O da foto é muito mais curto... 

Não era armamento do PAIGC,  deve ter sido cedida pelo Sekou Touré, exigia uma equipagem de 8 elementos, além de viatura para a rebocar,   e disparava do outro lado da fronteira... Pesava 7,7 toneladas,,,  Nunca deve ter entrado sequer em território da antiga Guiné portuguesa (*).... 

Por outro lado, também deveria ser difícil distinguir, no final da guerra,  depois da morte de Amílcar Cabral,  e com o crescente ascendente de Sékou Touré (e dos soviéticos) sobre o aparelho político-militar do PAIGC, o que era do PAIGG e o que era dos seus anfitriões ou "patrões"...

Angola foi um dos países lusófonos que dispunha desta temível arma, durante a chamada guerra da segunda independência.

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Nuno Rubim, coronel de artilharia na reforma, e especialista de renome. nacional e internacional, em história da artilharia, que colavora  com a ONG AD-Acção para o Desenvolvimento no Projecto Guiledje, no tempo do nosso saudoso Pepito (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), confirmou-nos o emprego desta arma em 1973:

 

Excerto de mensagem do Nuno Rubim, membro da nossa Tabanca Grande, poste P1434 (*):

 (...) O Pepito foi a Cabo Verde e falou com os Cmdts Julinho de Carvalho e Osvaldo Lopes da Silva, os responsáveis operacionais no ataque a Guildeje, em Maio 1973. Colocou-lhes várias perguntas que eu sugeri, além daquelas que ele entendeu por bem e as respostas são muito satisfatórias, pese embora o tempo decorrido.

Agora vou estudar em detalhe essas informações e o ciclo continuará ...

Realmente a peça utilizada pelo PAIGC era o 130 mm M-46. O reconhecimento dos objectivos foi executado visualmente! (...)

2. Recorde-se o que já aqui escrevemos sobre o assunto (**):

(...) A artilharia 130 mm foi usada pela primeira vez contra Guileje em maio de 1973. E com crescente precisão. De origem soviética, com quase todo o armamento do PAIGC, operava a partir do território da Guiné-Conacri e tinha sido cedida pelo regime de Sékou Touré.

Entre 18 e 21 de maio de 1973 por exemplo, foram lançadas sobre Guileje cerca de sete centenas de granadas, de vários tipos (incluindo RPG 7). Média diária (4 dias): 171,25 granadas.
Entre 31 de maio e 11 de junho, Gadamael Porto foi flagelada com 1468 granadas: média diária (em 12 dias), 122,3 granadas; máximo 620 granadas (em 1 de junho), mínimo 4 granadas (em 10 de junho) (...)

3. Informação recolhida na Web > abcdef.wiki

Canhão de campo rebocado de 130 mm M1954 (M-46) - 130 mm towed field gun M1954 (M-46) - abcdef.wiki

(...) O canhão de campanha  rebocado ("towed field gun", em inglês),   de 130 mm M-46 (russo : 130-мм пушка M-46 ) é uma peça de artilharia rebocada de 130 mm, de carga manual , fabricada na União Soviética na década de 1950. 

Foi observado pela primeira vez pelo Oeste em 1954. Por muitos anos, o M-46 foi um dos sistemas de artilharia de maior alcance ao redor, com um alcance de mais de 27 km (...)


Especificações técnicas::

Massa:  7,7 t 
Comprimento; 11,73 m
Comprimento do cano: Furo: 7,15 m

Para saber mais: Canhão de campo rebocado de 130 mm M1954 (M-46)


(***) Último poste da série > 13 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24220: Armamento do PAIGC (2): Ainda as viaturas blindadas BRDM-2: em finais de 1973/princípios de 1974, o PAIGC teria apenas 2 viaturas blindadas...

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22288: Consultório militar do José Martins (67): “Companhias de Caçadores Especiais” - Unidades de Infantaria criadas em 1959, que iriam ter como missão principal, a defesa das Províncias Ultramarinas - Parte I


O nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), em mensagem de 14 de Junho de 2021, enviou-nos mais um dos seus trabalhos de pesquisa histórica, desta vez dedicado às antigas Companhias de Caçadores Especiais, as primeiras Unidades militares a serem enviadas para a Guerra do Ultramar no início dos anos sessenta.


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22284: Consultório militar do José Martins (66): Implementação do Estatuto do Antigo Combatente - Actualizações

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20413: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte IV: Acção Mabecos (subsetor de Piche, 22-24 de fevereiro de 1971)


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna



Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 > Progressão da coluna


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 >  "Eu estava sob as ordens do Capitão Osório [, de origem macaense,  aqui na foto], homem da artilharia, já falecido. No relatório desta operação está referido a forma elevada como o pessoal da Artilharia participou na resposta ao fogo IN, na sequência de emboscada, logo no primeiro dia, 22".


Guiné > Região de  Gabu > Piche > Acção Mabeos > 22-24 de fevereiro de 1971 >  O fur mil art Domingos Robalo, adjunto do cap art Osório: "A minha posição na coluna era na retaguarda, numa Berliet com um obus 14. Noutra viatura, na retaguarda da minha, ía o alferes Sá Viana Rebelo (sobrinho o Ministro do Exército)."

Imagens da progressão da coluna, de Piche  até à fronteira (, no rio Campa): "Sem fazer grandes cálculos, mas tendo em mente as tropas envolvidas, a nossa coluna teria um comprimento, em movimento de cerca de entre 1500 m a 1800m".

Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada; tem mais de 20 referências no nosso blogue. [, Foto atual, à esquerda].

Já no final da comissão, que terminaria em abril de 1971 [, 24 meses!], o  Domingos Robalo, de rendição individual, colocado no BAC 1 / GAC 7,depois de trer comandado o 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70),  ainda participa na Acção Mabecos, em 22, 23 e 24 de fevereiro de 1971 (**):

A Acção Mabecos, executada a partir de Piche, tinha como objecto a retaliação,  com fogo de artilharia, à base IN de Foulamory, na região fronteiriça, a cerca de 12/13 km  Os obuses adequados e definidos para a operação eram os de 14 cm [, Saré Bacar e Canquelifá], e as peças de 11,4 cm, com maior alcance [ Piche.]

Então, convocaram-se os Pelotões de Artilharia de Saré Bacar, com 3 obuses 14,0; Canquelifá com 2 obuses [,14,0] e o pelotão reforçado de Piche, com 4 obuses [, peças 11.4]. [Bajocunda e Pirada tinham obuses 10,5 cm, não sendo adequados à operação.] 

O objectivo era Posicionar - se próximo da fronteira, Rio Campa, junto ao Corubal, e bombardear posições IN na região de Foulamory (Guiné Conacri).

Participaram as seguintes forças:

(i) 1º, 2º, 3º e 4º P el / CART 3332.

(ii) 3º e 4º Pel / /CCAV 2749 / BCAV 2922).

(iii) Duas secções de milícias da CM 249;

(iv) Uma secção de milícias da CM 246, com Morteiro 60, e 30 granadas;

(v) Uma secção Morteiro 81, 30 granadas;

(vi) Artilharia Pesada: 4 peças 11,4 com 160 Granadas [Piche], 2 Obus 14, com 100 [Canquelifá], 3 Obus 14 com 120 [Sare Bacar] ;

(vii) duas WHITE PEL/REC 2.


(...) Estávamos em semana de carnaval. A emboscada foi ao fim da tarde, de 22 de fevereiro de 1971. desencadeada com fogo muito forte. Lembro-me de haver referência à existência de soldados cubanos nas forças que nos atacaram. 

Com o decorrer do tempo parecia que o fogo era cada mais intenso.Daqui resultou que ordenei aos meus soldados que instalassem o obus 14 em posição de fogo. Creio que 5 minutos depois, estavam no ar as primeiras granadas do obus 14. Passados momentos aparece o Capitão Osório, também do GAC7, apoiando a decisão tomada. Passados 2 ou 3 minutos, o fogo do inimigo cessou. Todavia, as noticias não eram agradáveis porque, no pelotão que estava na frente [, o 3º Gr Comb / CART 3332], havia baixas e na manhâ seguinte havia a confirmação de um desaparecido, a do 1º cabo Duarte Fortunato [, além de 3 mortos e feridos graves]

Naquela mesma área, a artilharia [, 9 bocas de fogo,] tomou posição e durante toda a noite efectuaram-se bombardeamentos.   O erro desta operação foi a demora na reunião da logística bélica, porque estivemos em Piche alguns dias com movimentações anormais, o que despertou a curiosidade da população e consequentemente a organização do inimigo.

De certo modo, lembro-me que havia a expectativa de haver condições para uma emboscada, que se verificou. Lembro-me, também do acidente, na caserna, com uma bazuca [ que fez 3 vítimas mortais entre o pessoal do 4º Pelotão da CCAV 2749 / BCAV 2922]. O pessoal já saiu para a operação completamente desmoralizado e entristecido. (...)





Guiné > Região de Gabu > Carta de Piche (1957) (Escala 1/50 mil) > A tracejado azul, o provável trajecto da coluna, com um cumprimento de 1500 a 2000 metros, que, no âmbito da Acção Mabecos, partiu de Piche até fronteira. (Em linha reta, não devem ser mais de 15 km.)

Nas proximidades do Rio Campa, afluente do Rio Coli,  a par do Rio Cimongru e do Rio Nhamprubana, 9 bocas de fogo (obuses 14 e peças 11.4, c. 500 granadas) flagelaram toda a noite de 23 para 24 de fevereiro de 1971 a base IN de Foulamory, do outro lado da fronteira: A fronteira, aqui,  é delimitada pelo Rio Coli.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)
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(**) Vd. postes de:

22 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20370: Fotos à procura de uma... legenda (113): Camaradas artilheiros, quando media, em comprimento, o conjunto Berliet ou Mercedes ou Matador + reboque + obus 14 ou peça 11,4 ?.. 15 metros!... E quanto pesava ? 15 toneladas!... Façam lá o TPC: 9 bocas de fogo, mais 9 rebocadores, mais 9 Unimogs e Whites, mais 300 homens em armas... mais 500 granadas... Qual o comprimento (e o peso= de uma coluna destas, a progredir numa picada, no mato, de Piche, a caminho da fronteira, "Acção Mabecos", 22-24 de fevereiro do século passado, numa guerra do outro mundo ?!..

21 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20368: Blogues da nossa blogosfera (115): "A guerra nunca acaba para quem se bateu em combate": o dramático relato da Acção Mabecos, Piche, 22, 23 e 24 de fevereiro de 1971 (texto de Eduardo Lopes; fotos de Jorge Carneiro Pinto, CART 3332, 1970/72)

19 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20364: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - IX (e última) Parte: Nunca mais esquecerei aquele abraço, num lojeca em Bissau, antes do meu regresso a casa, daquele negro de Fulacunda, o Eusébio, suspeito de colaborar com o IN, e a quem poderei ter salvo a vida...

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20392: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte II


Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 >  O Domingos Robalo junto do obus 14


Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 > O fatídico obus 10.5 de Guileje ["O obús 10,5 cm sem ferrão é o de Guileje, na sequência de uma morteirada a 21/02/1969"]

(...) "A minha mobilização para a Guiné ocorrera para cumprir uma rendição individual de um militar que não teve oportunidade de chegar ao fim. Ia substituir o furriel miliciano Batista [, António da Conceição Dias Baptista, natural de Murtal, São Domingos de Rana, Cascais ], que infelizmente não terminara a sua comissão no tempo normal. No dia 14 de fevereiro de 1969, morre heroicamente ao lado do seu Comandante de pelotão, o alferes Gonçalves [, José Manuel de Araújo Gonçalves, natural de Lisboa], São vítimas de um ataque IN no aquartelamento de Guileje."  (...)

(...) O seu sacrifício resultou de um ato heroico, não por falta de discernimento ou inconsequente, mas, na sequência da intensidade do fogo IN, por terem querido proteger os seus soldados, todos negros e do recrutamento da Província. Ordenou o Alferes que todos se recolhessem no abrigo. O Furriel Batista manteve-se a seu lado respondendo ao fogo IN, como se de um duelo de artilharia se tratasse. Mas a má hora chegou. Uma morteirada cai sobre o ferrão do lado esquerdo do obús 10,5cm e ali morrem os dois. (...)




Guiné > Bissau > BAC 1 > 1969 > A despedida do cap art Moura Soares, hoje cor art ref...  [Da direita para a esquerda, o Domingos Robalo, o cap Moura Soares e... o furriel Osório, da CART 2520]... A malta de 1968/70 encontrou-se pela primeira vez em 1989, segundo o José Diniz  Faro (*). O Domingos Robalo esclarece: "A malta de 68/70, encontrou-se em 1989, pela segunda vez. A alegria foi imensa. O convívio teve lugar em Oeiras, junto às peças da artilharia de costa do Regimento de Artilharia de Costa/Oeiras, tendo como Comandante, na altura, o Coronel de Artilharia Moura Soares. O nosso 1º encontro/convívio tinha sido em Coimbra,  creio que dois anos antes. (1987 ? )".


Guiné > Bissau > BAC 1 > 10 de junho de 1969 > Exercícios (1): " Nas fotos [esta e seguinte] estou eu e o meu amigo e camarada Avelino Glória (Furriel de artilharia). As fotos dizem respeito à exibição da "milicia" que recebia instrução na BAC1, sendo eu um dos instrutores. O local é o campo de futebol de Bissau [, Sarmento Rodrigies,]  e o rapaz é um dos instruendos da milícia (estudantes do liceu de Bissau). A arma é uma Mauser (sem bala). A instrução era dada aos sábados de tarde na BAC1".


Guiné > Bissau > BAC 1 > 10 de junho de 1969 > Exercícios (2)


Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Tabanca da Linha, 2019 > Domingos Robalo.
Foto de Manuel Resende (2019)


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (**)  de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7, Bissau, 1969/71; comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda; tem cerca de 20 referências no nosso blogue

 Domingos Robalo [, foto acima]:

(i) tem página no Facebook desde março de 2009 e administra também o grupo Artilharia de Campanha na Guiné-BAC1/-GAC7;

(ii) vive em Almada, está ligado à Universidade Sénior Dom Sancho I, de Almada, onde faz voluntariado, desde julho de 2013, como professor da disciplina de "Cultura e Arte Naval";

(iii) trabalhou na Lisnave; é praticante de golfe;

(iv) e passou a integrar a Tabanca Grande, com o nº 795, desde 21 de setembro último.


2. Comissão de serviço na Guiné:
Domingos Robalo, BI militar, Bissau,
23 de maio de 1969, com a assinatura
do comandante da BAC1,
cap art Moura Soares

Chegou à Bissau em 13 de maio de 1969, em rendição individual. Foi colocado no BAC 1 [, mais /GAC 7], onde durante  cerca de quatro meses participou  nas “escolas de recrutas” que era levada a efeito com soldados do recrutamento da Província.

Em agosto, é nomeado para ser o instrutor na formação de artilharia de obuses 10,5cm e a 14,0cm, a furriéis, sargentos e a oficiais subalternos, oriundos de pelotões de morteiros. 

É colocado em Fulacunda como  comandante do 22º Pel Art-  Embora apenas sendo furriel, foi considerado como tendo o perfil adequado. De resto, havia falta de oficiais subalternos para preencher todos os comandos dos Pelotões de Artilharia  espalhados ou a espalhar pela Província.

Segue de Bissau para Bolama em LDM. O comboio foi atacado à morteirada, foi o seu batismo de fogo.  (***)


(***) Vd. poste de 12 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20232: Recordações e desabafos de um artilheiro (Domingos Robalo, fur mil art, BAC 1 /GAC 7, Bissau, 1969/71) - Parte V: Rumo a Fulacunda, com o 22º Pel Art, passando por Bolama, e com batismo de fogo

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20370: Fotos à procura de uma... legenda (121): Camaradas artilheiros, quando media, em comprimento, o conjunto Berliet ou Mercedes ou Matador + reboque + obus 14 ou peça 11,4 ?.. 15 metros!... E quanto pesava ? 15 toneladas!... Façam lá o TPC: 9 bocas de fogo, mais 9 rebocadores, mais 9 Unimogs e Whites, mais 300 homens em armas... mais 500 granadas... Qual o comprimento (e o peso= de uma coluna destas, a progredir numa picada, no mato, de Piche, a caminho da fronteira, "Acção Mabecos", 22-24 de fevereiro do século passado, numa guerra do outro mundo ?!..



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > "Porto fluvial", no Rio Fulacunda > Montagem de segurança > Um obus 14, rebocado por uma Berliet. Para o que desse e viesse... Mas eram mais de 15 toneladas de aço em movimento... Um conjunto com 15 metros de comprimento...


Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Infografia da emboscada de 22/2/1971, no decurso da Acção Mabecos, que envolveu forças do BCAV 2922, numa operação de escolta e segurança a forças de artilharia no trajecto Amedalai - Sagoiá - Rio Sagoiá - Rio Cimangru [... e não Camongrou] - Piche 4E545 - Rio Nhamprubana. As baixas das NT  (3 mortos, vários feridos graves e ligeiros, 1 desaparecido...) foram todas da CART 3332 que ia na altura na cabeça da coluna.

Mortos nesse dia: 1º cabo at art Justino de Sousa Costa; sold at art Simplício Borges da Mota. sold at art João Peixoto de Araújo. Feridos graves: alf mil at art Art. José Agusto F.F.Rodrigues e sold at art Art. José Augusto S. Faria, mais 3 feridos ligeiros,  todos do 3º Gr Comb da CART 3332. O 1º cabo at art  Duarte Dias Fortunato, capturado pelo IN, foi  liberto depois do 25 de Abril.

Por acidente com uma bazuca, quando se preparavam para participar na Acção Mabecos,  morrerarm também nesse dia, na caserna da CCAV 2749, três militares:  sold at cav Leonel Pinto,  sold at cav Mário da Costa Morgado, e 1º cabo at cav Joaquim António Carregueira Correia (este a caminho do HM 241, em Bissau). Houve vários feridos.

Foto (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos > Rio Campa > 22 de fevereiro de 1971 > "10 segundos antes da emboscada. O 4º pelotão da CART 3332 abrigou -se na mata à direita onde estava postado,"


Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos > 23 de fevereiro de 1971 > Entre nevoeiro, pó e fumo: bombardeamento matinal, após uma noite dramática, à posição Foulamory (Guiné Conacri)



Guiné > Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos > 23 de fevereiro de 1971 > Os obuses, no regresso. O cenário é o da emboscada no dia anterior. [As viaturas com as bocas de fogo parecem vir coladas umas às outras no regresso...como se os condutores temessem uma segunda emboscada...Ninguém queria ficar para trás...]



Guiné > Região de Gabu > Piche > Acção Mabecos > 24 de fevereiro de 1971 > "Regresso dos guerreiros a casa (Piche). Empoeirados e tristes e com sede de vingança. A missão 'soube' a derrota"


Notáveis fotos do ex-alferes at art Jorge Carneiro Pinto, CART 3332 (1970/72). Legendas: Eduardo Teixeira Lopes, ex-1º cabo trms, CART 3332 ( Bolama, Piche, Nhacra, Dugal,Fatim, Chgué, 1970/72) Reproduzida. aqui. com a devida vénia- Fonte: "A guerra nunca acaba para quem se bateu em combate": terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 > Guiné : Operação Mabecos, 22 de fevereiro de 1971


1. A Berliet Tramagal GBC 8KT CLD tinha as seguintes dimensões : comprimento máximo: 7.28 m - Largura: 2.4 m- Altura: 2.7 m... O peso era uma brutalidade:  8 toneladas (sem carga). A peça rebocada devia ter outro tanto de comprimento... 

Recorde-se que a peça 11.4 é mais comprida do que o obus 14... A viatura devia rebocar outro tanto peso: já não me lembro quanto pesavam aqueles mastodontes... E ainda faltam as granadas: 380, cada um com de 45 quilos mais ou menos (as de obus Agora ponham nove viaturas destas (Berliets ou equivalentes)  a rebocar 9 bocas de fogo, com uma segurança mínima de 30 /40  metros entre cada uma, dava mais de meio de quilómetro (equivalente ao comprimento de 5 campos de futebol)... 

Agora ponham mais 9 Unimogs e Whites - de acordo com o croqui acima reproduzido - além de 4 grupos de combate da CART 2332, 2 Gr Comb da CCAV 2749, 3 secções de milícia (=1 Gr Comb), mais 1 secção de morteiro 81, 3 Pel Art (Sare Bacar, Piche, Canquelifá)...o que dá 10 pelotões x 30 homens = 300 homens em armas...

Não se sabemos se a coluna ia toda motorizada ou  se havia combatentes apeados... Temos no mínimo mais meio quilómetro... Numa picada no mato, com todos os obstáculos que surgem (árvores, curvas, buracos... mesmo sabendo que estamos na época seca), as forças envolvidas na Acção Mabecos quando se deslocavam para o objetivo e foram emboscadas, deviam parecer um cobra gigante  com mais de um quilómetro da cabeça à cauda...300 homens, 9 bocas de fogo (não contundir om os  morteiros 60 e 81...), mais de 400 granadas, cerca de 20 viaturas...

De qualquer modo era uma massa impressionante de homens e aço em movimento, dando até uma falsa sensação de segurança a quem ia, a 3 metros do solo, empoleirado...Mas, ao mesmo tempo, cada homem sente que pode ser um alvo a abater... Eu fiz escolta e segurança a várias colunas logísticas, com dezenas de viaturas, também passei por essa estranha sensação...

2. Recorde-se o que já aqui escrevemos  sobre o Obus 14 cm:

 (...), de origem inglesa, foi recebido em Portugal, em 1943, para equipar as Unidades de Artilharia pesada, substituindo os Obuses 15 cm T.R. m/918 e 15 cm / 30 m/41. O Obus foi concebido para tracção auto exercida pelo camião tractor de 8 ton A.E.C. (Matador) 4x4 MA/46 e pelo camião tractor de 8 ton Magirus – Deutz 4x4 MA78. Serviu operacionalmente nos teatros de guerra da Guiné, Angola e Moçambique, entre 1961 e 1974, tendo sido substituído, em 1987, pelo Obus M114 155mm/23"... O obus 14 pesava mais de 6 toneladas... Cada granada pesava c. 45 kg... Tinha um alcance de c. 15 km... e uma cadência de tiro de 2 granadas por minuto... Tinha uma guarnição de 10 militares... (Fonte: Exército Português).

3. Em bicha de pirilau, ainda era pior: 250 homens (8 grupo de combate  + carregadores e guias), separados de cinco em cinco metros, a progredir no mato, de madrugada, na antiga picada Xime-Ponta do Inglês, toda já coberta de mato, o comprimento da coluna era de cerca de 1300 metros, quando a cabeça caiu numa emboscada em L e a secção da frente foi toda massacrada à "roquetada"...

 A cauda levou com armas pesadas, morteiro 81 e canhão s/ r... O IN teve tempo de sacar as G3 dos mortos e deixou-nos apenas os cadáveres  o que restou deles: tripas, pernas, braços, trocnos, cabeças: 6 mortos, 9 feridos graves... enquanto a "cobra" se recompunha do tremendo fogachal que apanhámos à frente, a meio e atrás... 

Foi a 26 de novembro de 1970, no subsetor do Xime, 4 dias depois da Op Mar Verde.  O senhor major de operações tinha dado um estranho nome, esotérico, ao raio da operação que era para fazer manga de ronco nas hostes inimigas, enquanto o PAIGC lambia as feridas em Conacri: Operação Abencerragem Candente!... 

Teve dedo de cubanos, tal como a emboscada sofrida, 3 meses depois, em Piche, na região do Gabu...Afinal, os nossos "crâneos" não aprendiam nada com os desaires dos vizinhos... Mas quem é que planeia uma operação destas,  a nível de batalhão, num raio de uma guerra como aquela do toque e foge ?!.. .E com os olhos e os ouvidos da população do Xime que tinha "parentes no mato", tal como os de Nhabijões, ali ao lado ? 250  homens dão muito nas vistas...E para mais entrando e saíndo duas vezes no Xime...A segunda saída, por razões de segunda, devia pura e simplesmente ter sido anulada... Mas, não, a obsessão de "fazer ronco", a todo o custo, por parte do comando do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) deu em tragédia...

As grandes vítimas foram os "periquitos" da CART 2715, comandados por um jovem, mas bravo, capitão de artilharia Vitor Manuel Amaro dos Santos, para quem a guerra acabou nesse dia... 

Sei do que falo porque, partindo do meio da coluna, fui dos primeiros camaradas da CCAÇ 12 (que atrás da CART 2715) a chegar à cabeça da coluna, para socorrer os feridos e resgatar os mortos... Ainda hoje tenho pesadelos quando me lembro do raio deste dia 26/11/1970... 

4. Desafio aos leitores: qual o comprimento, de facto, da coluna que progredia de Piche para o Rio Campa, na fronteira, com 9 bocas de fogo e cerca de 400 granadas de artilharia para flagelar Foulamory,   ali em frente ? E quantas toneladas de ferro, aço e carne humana deslocava a coluna ? Quem foi o génio militar que planeou uma operação destas ? (*)


Pelas minhas contas por alto, temos... x quilómetros,  x toneladas... Façam  alguma coisa, façam lá o TPC, camaradas....

PS - Não confundir esta Acção Mabecos com a Op Mabecos Bravios, dois anos antes (retirada de Madina do Boé, que culminou no desastre no Rio Corubal, em Cheche, na manhã de 6 de fevereiro de 1969: 47 mortos, afogados). Há uma diferença entre Acção e Operação... Não sei se existia, na altura, no território da ex-Guiné Portuguesa, o Mabeco (Lycaon pictus, "lobo pintado"), o cão selvagem africano... "A espécie já foi comum em toda a África subsaariana (exceto em áreas de floresta tropical ou densa e zonas desérticas). A sua distribuição geográfica actual limita-se ao sul da África especialmente em Namíbia, Zimbábue, Zâmbia, Botswana e sul da África Oriental na Tanzânia e norte de Moçambique. É uma espécie ameaçada de extinção", diz a Wikipédia...

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Nota do editor: