Mostrar mensagens com a etiqueta Vendu Leidi. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Vendu Leidi. Mostrar todas as mensagens

sábado, 4 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23323: Guidaje, Guileje, Gadamael, maio/junho de 1973: foi há meio século... Alguém ainda se lembra? (2): um "annus horribilis" para ambos os contendores: O resumo da CECA - Parte I: Inimigo, atividade política


Foto nº 39


Foto nº 39A


Foto nº 39B

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325, "Cobras de Guileje" (jan / dez 1971)  > 1971 > Álbum fotográfico do cor inf ref Jorge Parracho > Foto n.º 39, sem legenda > O cap Jorge  Parracho (o segundo a contar da direita, na foto nº 39A) com a malta do 5º Pel Art que era comandado pelo alf mil art Cristiano Neves... Operavam três peças de 11,4 cm, apontadas para a fronteira. 

O primeiro militar, na primeira fila, a contar da direita para a esquerda, na foto nº 39B, é o alf mil médico Mário Bravo, nosso grã-tabanqueiro. Também pssou por Bedanda (CCAÇ 6) e depois pelo HM 241, em Bissau. 

Os "cobras de Guileje" estavam longe de imaginar o que aconteceria àquele aquartelamento, um dos melhores da Guiné, dois anos depois... Foi aqui, em 18 de maio de 1973 que começou a Op Amílcar Cabral... (em que o PAIGC mobilizou t0dos os seus meios para "varrer do mapa" o quartel e a tabanca (fula) de Guileje...

[As fotos de Jorge Parracho foram disponibilizadas à ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, em 2007, no âmbito do projecto de criação do Núcleo Museológico Memória de Guiledje. Não traziam legendas, vinham apenas numeradas. Foram por sua vez partilhadas com o nosso blogue pelo nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014), então diretor da ONG AD e principal promotor do projecto museológico de Guileje. A legendagem é da responsabilidade do editor L.G, que recorreu às informações já aqui publicadas pelo Orlando Silva sobre a CCAÇ 3325].

Foto: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]  


1. A Comissão para o Estudo das Campanhas  de África (1961-1974), mais conhecida pelo acrónimo CECA, fez um trabalho notável de recolha, análise e sistematização da informação sobre o  dispositivo e a actividade operacional no TO da Guiné,  por anos e por contendores (NT e PAIGC). O  título genérico é Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (e abrange os diversos teatros de operações, Angola, Guiné e Moçambique).

Referimo-nos, em particular,  ao 6.º Volume (Aspectos da Actividade Operacional), Tomo II (Guiné), e aos  seus três livros. Este trabalho, relevante para a historiografia militar,  merece ser conhecido (ou melhor conhecido) dos nossos leitores, para mais tendo em conta que estamos já recordar uma importante efeméride (que vai ocorrer daqui a um ano):  trata-se dos acontecimentos político-militares de 1973, e em particular de maio/junho de 1973, à volta de 3 aquartelamentos fronteiriços emblemáticos (Guidaje, Guileje e Gadamael), mas também antes e depois daqueles dois meses de brasa (assassinato de Amílcar Cabral, em 20/1/1973, a utilização do míssil terra-ar Strela contra a nossa aviação, pela primeira vez, em 25/3/1973,  o fim do mandato Spínola como com-chefe e governador geral em 6/8/1973, a proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau em 24/9/1973, etc.).(*)

O ano de 1973 foi um "annus horribilis" para os dois beligerantes... que sabiam que nunca poderiam ganhar a guerra pela simples força das armas.  O PAIGC perde o seu histórico e carismático líder, Amílcar Cabral, assassinado fria e cobardemente por um dos seus homens, 

Por seu turno, Spínola regressa a casa, cabisbaixo, sem poder ver concretizada uma solução negociada do conflito, que seria sempre uma solução mais política do que militar. Na metrópole, os "ultras" do regime não lhe perdoam as suas veleidades "federalistas" e a tentativa (gorada) de "negociar" com os "inimigos da Pátria" a secular soberania portuguesa sobre os seus territósrios ultramarinos. 

Aqui vão, para os nossos leitores mais interessados na visão integrada dos acontecimentos, um excerto do referido trabalho da CECA. É também uma ocasião para lembrar os bravos que passaram por Guidale, Guileje e Gadamael, entre outros aquartelamentos que se destacaram nesta guerra.

É bom lembrar que,  "do outro lado", resta pouca informação documental... "O arquivo do PAIGC existente em Bissau, justamente referente aos aspectos operacionais desapareceu quase completamente, destruído em grande parte pelas tropas senegalesas aquando da guerra civil de 1998, bem como a maioria dos documentos do INEP (72,3 % dos arquivos históricos destruídos!)".

Além disso, "os poucos documentos sobreviventes, do espólio de Amílcar Cabral, foram entregues pela sua viúva aos arquivos da República de Cabo Verde e à Fundação Mário Soares, onde estão a ser objecto de digitalização integrados no Arquivo Amílcar Cabral, uma iniciativa de grande mérito", como escreveu aqui há muito o nosso amigo e camarada Nuno Rubim, em poste de 9 de maio de 2010 (**)

Os jovens guineenses, nascidos já depois da independência, se quiserem conhecer a história recente do seu país, vão ter que recorrer também a fontes portuguesas como estas, que resultaram do gigantesco trabalho da CECA.



CAPÍTULO III > ANO DE 1973 > 1. INIMIGO

1.1. Actividade política


Num dos primeiros dias do ano, Amílcar Cabral proferiu um importante discurso em Conacri, no qual esboçou a sua previsão para a evolução da situação e definiu alguns dos objectivos estratégicos para o ano vindouro.

Assim, referiu que a situação na Guiné iria evoluir de "uma Colónia que dispõe de um movimento de libertação para um País que dispõe de um Estado que tem parte do seu território ocupado por forças armadas estrangeiras", marcando, como sucessivos estádios dessa evolução, a entrada em funcionamento de um órgão supremo de soberania, a proclamação de um estado, a criação de um poder executivo, seguindo-se a proclamação de uma constituição.

Nessa perspectiva, salientou a criação da Assembleia Nacional Popular em 1972, constituída por 120 membros, entre os quais 80 pertencentes às "regiões libertadas", pretendendo dar a ideia de que a Guiné reunia já as condições para ser um estado democrático, independente, com órgãos próprios eleitos pelo seu povo, a que faltava apenas expulsar alguns redutos de forças invasoras vindas de um país estranho.

Amílcar Cabral referiu também a necessidade de intensificar a guerrilha em todas as frentes e nos centros urbanos, com base numa organização clandestina, sabotando meios, destruindo instalações e causando o maior número de baixas na retaguarda, e que, no novo ano, seriam utilizados novas armas e meios mais poderosos.

Os acontecimentos subsequentes, embora ensombrados de início pelo assassinato de Amílcar Cabral, vieram trazer substancial confirmação às expectativas criadas pelo referido discurso, passando a observar-se uma dinâmica mais acelerada em quase todos os domínios, devendo salientar-se a reunião extraordinária do Comité Executivo de Luta e a realização do 2º Congresso do PAIGC, no qual se procedeu à declaração de independência do Estado da Guiné-Bissau.

Assassinato de Amílcar Cabral

Em Janeiro, o Quartel-General das Forças Armadas Portuguesas considerava haver um clima favorável à internacionalização da luta armada que se vivia no interior do território, podendo admitir-se a intervenção de forças estrangeiras de países ou organizações, em reforço ou apoio do PAIGC.

Por isso, foi com surpresa que se tomou conhecimento do assassinato de Amílcar Cabral, ocorrido em 20 de Janeiro em Conacri e levado a efeito por Inocêncio Kani, guinéu natural de Bubaque, o que veio alterar o tempo e o modo de evolução dos acontecimentos a partir daí. O autor confesso do crime ocupava um alto cargo na hierarquia do PAIGC como comandante da Marinha e tinha sido treinado na União Soviética durante um ano.

O acontecimento imediato mais relevante foi a nomeação, em 2 de Fevereiro de 1973, de Aristides Pereira, até aí Secretário-Geral Adjunto, para as funções de primeiro responsável pela direcção superior do Partido, interinamente, até à nomeação ou decisão do Conselho Superior de Luta, órgão supremo das decisões do PAIGC, entre congressos.

O Presidente da República da Guiné, Sekou Touré, passou também a exercer marcada influência na condução dos acontecimentos, quer na intensificação da luta armada no terreno, quer na condução da luta política, quer no sentido de acelerar a proclamação da independência do Estado da Guiné-Bissau. 
[Cinquenta anos depois, ele continua a ser um dos suspeitos da autoria moral do assassinato (não diz a CECA mas acrescentamos nós).]

 Por sua influência, foram transferidas estruturas do PAIGC de Conacri para junto da fronteira e mesmo para o interior do território português e foi pedido o comprometimento de países africanos na intervenção armada no conflito.

Em resultado de rivalidades entre guinéus e cabo-verdianos, que entretanto se tomaram mais vivas, a actividade política do PAIGC foi reduzida nos eses de Janeiro e Fevereiro.

O assassinato de Amílcar Cabral deu origem também a um inquérito levado a efeito por iniciativa de Sekou Touré, no qual participaram representantes de Cuba, Argélia, Egipto, Libéria, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Zâmbia, Tanzânia e delegados da Frelimo, PAIGC e República da Guiné.

Foram inquiridas 465 testemunhas. Quarenta e três indivíduos foram incriminados por participação no assassinato, nove acusados de cumplicidade e quarenta e dois suspeitos.

Correram também notícias de algumas dezenas de execuções.


Reunião do Conselho Executivo de Luta

A reunião deste órgão do PAIGC decorreu entre 7 e 9 de Fevereiro, tendo ficado decidido:

(i) apressar o inquérito ao assassinato de Amílcar Cabral e proceder com brevidade ao castigo dos culpados e seus cúmplices;

(ii) incrementar os trabalhos tendentes à reunião da Assembleia Nacional Popular numa das regiões libertadas e proclamar o Estado da Guiné-Bissau;

(iii) convocar o Conselho de Guerra visando a intensificação da luta armada no terreno em todas as frentes, nos centros urbanos, a intensificação da luta política clandestina, a mobilização das acções de massas e a reestruturação da Marinha;

(iv) preparar a próxima reunião do Conselho Superior de Luta, recolhendo sugestões e propostas para a nomeação do novo Secretário-Geral;

(v) confirmar a confiança em Aristides Pereira, Secretário-Geral Adjunto, como primeiro responsável, para dirigir o Partido até à reunião do Conselho de Luta;

(vi) reforçar a segurança;

(vii)  reafirmar a decisão inabalável de libertar a Guiné e Cabo Verde do domínio português;

(viii) consolidar as relações de amizade com a República da Guiné, Senegal e outros países, nomeadamente países socialistas e Suécia.

Em resultado das decisões tomadas e dos procedimentos postos em prática, em Março o PAIGC apresentava-se politicamente estabilizado, os incriminados no assassinato de Amílcar Cabral foram condenados à morte por  fuzilamento e os detidos não suspeitos foram libertados. 

Esta acalmia da situação criou as condições indispensáveis ao começo da implantação de efectivos militares e civis no interior da Província da Guiné, na região de Boé, a partir de Abril.

O controlo de Boé e da população ali fixada daria ao PAIGC argumentos para reivindicar atributos de soberania e credibilizar à declaração da independência do novo Estado da Guiné-Bissau no interior do território.


Realização do 2° Congresso do PAIGC

O 2° Congresso do PAIGC decorreu no período de 18 a 22 de Julho. Nele tomaram parte 138 delegados das FARP e órgãos político-administrativos do partido, assim como 60 observadores.

Neste Congresso foram tomadas as seguintes decisões principais:

(i) criar um Secretariado Permanente que passou a substituir o Comité Permanente do Comité Executivo de Luta e para o qual foram nomeados os seguintes membros:

- Aristides Maria Pereira - Secretário-Geral (Cabo Verde)

- Luís Cabral- Secretário Adjunto (Cabo Verde)

- Francisco Mendes - Secretário (Guiné)

- João Bernardo Vieira - Secretário (Guiné);

(ii) tomar extensiva a luta armada ao Arquipélago de Cabo Verde;

(iii) convocar a Assembleia Nacional Popular em ordem à proclamação do Estado da Guiné-Bissau.

Reunião da Assembleia Nacional Popular

A reunião da 1ª Assembleia Nacional Popular veio a ocorrer em 23 e 24 de Setembro, no interior do território da Guiné-Bissau, no Boé Oriental (#), onde, no segunda dia, foi proclamado o Estado da Guiné-Bissau, aprovada a sua l." Constituição e nomeado o respectivo Governo.

Os principais órgãos de soberania da nova República ficaram assim definidos:

(i)  PAIGC - força política dirigente, que, por intermédio do seu Secretariado Permanente, é a expressão suprema da vontade do povo e decide das orientações políticas do Estado.

(ii)  Assembleia Nacional Popular - órgão legislativo supremo, constituído por 120 membros;

(iii) Conselho de Estado - órgão legislativo, constituído por 15 membros, exercendo as suas funções entre sessões da Assembleia Nacional Popular;

(iv)  Conselho de Comissários de Estado - órgão executivo especial do Conselho de Ministros, constituído por 8 Comissários e 8 Subcomissários para a realização do programa político económico e social do Estado, sua segurança e defesa.

Entre os dirigentes, foram nomeados:

- Presidente da Assembleia Nacional Popular - João Bernardo Vieira

- Presidente do Conselho de Estado - Luís Cabral

- Comissário Principal do Conselho de Comissários - Francisco Mendes

No final do ano, o inimigo:

(i) incrementou a sua actividade no âmbito da política externa, tendo vários dirigentes desenvolvido intensa actividade diplomática no plano internacional, com especial destaque com o Senegal, República da Guiné, URSS, China, Gâmbia, Mali, Mauritânia, Nigéria, Uganda, Argélia, Somália, Jugoslávia, Egipto, etc;

(ii) reforçou a sua acção de propaganda por intermédio das emissoras radiofónicas que lhe eram afectas, aludindo ao isolamento de Portugal,na opinião pública internacional e ao facto do novo Estado da Guiné-Bissau ter sido reconhecido já por diversos países estrangeiros;

(iii) aproveitou a substituição do General Spínola como Comandante-Chefe, ocorrida em finais de Agosto, para a relacionar com o reconhecimento da incapacidade de Portugal vencer a luta armada;

(iv) incrementou a instrução literária e profissional nos países limítrofes: na República da Guiné, em Conacri e em Koundara; no Senegal, em Ziguinchor;

(v)  reocupou tabancas anteriormente abandonadas no Boé Oriental, utilizando para o efeito os refugiados vindos da República da Guiné e colocou aí unidades das suas Forças Armadas Locais (FAL) com a missão de os defender.

Foram-lhe também particularmente favoráveis alguns dos acontecimentos políticos internacionais, dos quais o PAIGC se aproveitou para reforçar a sua projecção e credibilidade externas. Destacam-se nomeadamente as seguintes:

(i)  Em Janeiro, reuniu em Accra o Comité de Libertação da OUA - Organização de Unidade Africana, o qual aprovou a proposta do Chefe do Estado do Gana para a intensificação da luta armada, visando a libertação dos países africanos não autónomos, devendo a comunidade internacional intensificar a sua ajuda aos movimentos de libertação.

A nova estratégia definida nesta reunião específica que a responsabilidade primária pela libertação dos países africanos deverá competir aos movimentos de libertação desses países, cabendo aos Estados prestar-lhes auxílio político-militar e apoio no treino dos seus quadros.

Nesta reunião estiveram presentes representantes do PAIGC, na qualidade de legítimos representantes do povo da Guiné-Bissau.

(ii)  Na Conferência sobre Descolonização e "Apartheid" na África Austral, realizada em Oslo no período de 9 a 14 de Abril sob a égide da ONU e OUA, o PAIGC fez-se representar por Vasco Cabral, que aproveitou a ocasião para declarar que a independência da Guiné-Bissau seria proclamada pela Assembleia Nacional Popular e que o poder executivo funcionaria no interior do território.

Acrescentou que a situação vivida justificava eventualmente a intervenção directa de outros países, nomeadamente africanos ou com apoio da OUA (que tinha preconizado um sistema de defesa regional integrada para África) e também chamou a atenção para os trabalhos da 28ª Assembleia Geral da ONU, a iniciar em Setembro.

Na circunstância, os representantes dos Movimentos de Libertação da África Austral pediram apoio militar ao Ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia.

A conferência não contou com a presença dos representantes dos EUA, França, Bélgica, Itália e Grã-Bretanha.

(iii) Na reunião da 1ª   conferência cimeira da OUA levada a efeito em Addis-Abeba, no período de 26 a 29 de Maio, ficou acordada uma "declaração política geral" na linha de decisões anteriores relativas à libertação de África do regime colonial, que foi considerada o ponto de partida para uma eventual intervenção armada directa, apoiada pela OUA, a favor dos movimentos de libertação africanos.

Representantes do PAIGC assistiram a esta cimeira, na qualidade de observadores.

(iv) No início de Novembro, a ONU aprovou uma resolução na qual exigia a retirada imediata de Portugal da Guiné-Bissau, o que constituiu o reconhecimento implícito do novo "Estado".

A resolução obteve 93 votos a favor e 7 contra (EUA, Brasil, Espanha, Grécia, África do Sul, Grã-Bretanha e Portugal).

(v) Em 19 de Novembro, a Guiné-Bissau foi admitida oficialmente na OUA, tomando-se o seu 42º  membro. Em 26 de Novembro foi também admitida na FAO por 66 votos a favor, 19 contra e 20 abstenções.

(vi) No encerramento da 28ª  Assembleia Geral da ONU, cujos trabalhos terminaram em Nova Iorque em 18 de Dezembro, foram aprovadas várias moções contra a política portuguesa em África.

Uma das moções negava à delegação portuguesa na ONU a representatividade dos territórios e das povoações de Angola, Moçambique e Guiné. Na votação sobre esta moção da Guiné, foram recolhidos 99 votos a favor e 14 contra (EUA, Espanha, Bélgica, Grã-Bretanha, entre outros).

(vii) Na 8ª sessão extraordinária da OUA, o Conselho de Ministros anunciou para Dezembro a reunião do Comité de Defesa, para estudar os meios mais eficazes para uma intervenção militar na Guiné-Bissau.

(viii) Neste ano, os movimentos de libertação africanos reconhecidos pela OUA receberam o estatuto de membros associados da UNESCO.

(ix)A 5ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi dominada pelo bloco dos países africanos, de que resultou a admissão à conferência de delegados do PAIGC, considerados legítimos representantes do povo da Guiné-Bissau.

Portugal reagiu retirando-se da Conferência em sinal de protesto, classificando as decisões tomadas como ilegais e contrárias aos estatuto da OIT. (...)

(Continua) CAPÍTULO III > ANO DE 1973 > 1. INIMIGO

1.2. Actividade militar
 
Fonte_ Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo ads Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 6.º Volume; Aspectos da Actividade Operacional; Tomo II; Guiné; Livro III; 1.ª Edição; Lisboa (2015), pp. 239/245

[ Seleção / revisão / negritos / fixação de texto pata efeitos de publicação deste poste no blogue:  L.G.]

_____________

(#) Nota da CECA:  "Venduleide, perto de Lugadjol, numa zona pouco povoada, de mata não muito densa, com acessos fáceis de controlar, não longe da Guiné-Conacri, foi o exacto local onde a independência foi proclamada, garante Mário Cabral. 'Tinha a vantagem de nos pudermos reunir rapidamente e dispersarmos também rapidamente', explicou Aristides". ROCHA, João Manuel, Jornal "Público" de 24Set20 13, pp. 30 e 31.

___________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 2 de junho de  2022 > Guiné 61/74 - P23319: Guidaje, Guileje, Gadamael, maio/junho de 1973: foi há meio século... Alguém ainda se lembra? (1): A pontaria dos artilheiros... (Morais da Silva / C. Martins)

(**) Vd. poste de 9 de maio de 2010 > Guiné 63/74 – P6356: Historiografia da presença portuguesa em África (36): O PAIGC, os nossos arquivos e a Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961/74 (Nuno Rubim)

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21554: Casos: a verdade sobre... (17): o mistério do "berço da nacionalidade": Madina do Boé? Lugajole? Vendu Leidi? Lela ou Malanta, já na Guiné-Conacri, na Estrada Nacional n.º 23, permitindo uma fácil (e segura) ligação à base de Boké?... (C. Martins / António Martins de Matos )

(...)

Texto da proclamação do Estado da Guiné-Bissau, pelo PAIGC, em 24 de setembro de 1973, documento datilografado, de 4 folhas, em formato  A4... Em parte alguma do texto há uma referência ao local, a não ser  "Região do Boé" (p. 4) ou "Região Libertada do Boé" (p. 2). 

Hoje há indícios crescentes de que a cerimónia, com a presença de alguns (poucos) observadores estrangeiros, se realizou no território da vizinha República da Guiné, nalguma localidade fazendo fronteira com a região do Boé mas servida pela Estrada Nacional nº 23, como era o caso de Lélaa e de Malanta, e portanto com fácil ligação à base de Boké, mais a sul.

Citação:
(1973), "Proclamação do Estado da Guiné-Bissau", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral - Iva Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40019 (2020-11-17) (com a devida vénia...)


1. Comentários ao poste P21539 (ª):
 
(i) C. Martins [, médico, ex-cooperante da AMI, na Guiné-Bissau, em 1998; ex-alf mil art, 23º Pel Art, Gandembel, 1973/74; profundo conhecedor da Guiné-Bissau e com informantes privilegiados no território tem mais de 3 dezenas de referências no nosso blogue; não integra a nossa Tabanca Grande por razões de deontologia profissional]:

Caro Rosinha,  esse médico não sou eu.

Estive em 98 durante a guerra civil como voluntário da AMI [, Assistência Médica Internacional], sediado em Canjufa , fazendo uma cobertura sanitária de toda a região de Gabú.

Sobre o tema supra já dei para este peditório.

Conheço a região do Boé, na época seca é quase desértico com caraterísticas de savana, e na época das chuvas cresce muito arvoredo junto às linhas de água e é praticamente intransitável.

Conheço a tabanca de Lugajole onde a AMI teve uma missão durante vários anos desde finais de 80 e principios dos 90.

Quem contactou com ex-guerrilheiros desde os de mais elevada hierarquia até aos de base, sabe perfeitamente qual é o tipo de comportamento: quando fala a orgãos de comunicação ou similares, o PAIGC segue a escola soviética (vidé Maria Turra ), mas quando em contacto meramente pessoal é pessoal muito simpáticos e não tem problema nenhum em dizer a verdade.

Têm muito respeito por nós, ex-combatentes, inclusive não têm problema nenhum em dizer que, se Portugal quisesse voltar novamente a administrar a Guiné,  eles não voltariam a revoltar-se contra nós.
Cada um que tire as suas conclusões.

PS - É evdienten que o PAIGC ao proclamar a independência [em 24 de setembro de 1973] tinha que dizer qie foi em território [libertado] da Guiné.
 


António Martins de Matos


(ii) António Martins Matos (ten gen pilav refor, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74]


Factos e Opiniões

Vamos aos factos: Nunca saberemos onde aconteceu a Declaração de Independência.

A razão de tal desconhecimento é ser um assunto sigiloso, do tipo Segredo de Estado. A República da Guiné-Bissau não pode reconhecer publicamente que a referida Declaração tenha sido feita fora do seu território.

Primeiro foi Madina do Boé, mais tarde agarrou-se a Lugajole [ou Lugadjole].

O filme sobre o evento, feito por uma equipa sueca, mostra viaturas a desfilar ao longo de uma estrada, debaixo de uma mata cerrada. Diz o presente post, “ainda hoje é quase impossível chegar a Lugadjole por estrada”.
 

Capa e contracapa da livro do António Martins de Matos, 
"Voando sobre um ninho de Strelas", 2ª edição, revista e aumentada 
(Lisboa, Sítio do Livro, 2020, 456 pp.)


Vamos às opiniões:

Para mim, que, por causa do livro sobre os Strelas, andei a esgravatar este assunto, encontrei variadas soluções, a terceira mais falada… Vendu Leidi.

A minha opinião é outra: 

Léla, a duzentos e vinte quilómetros de Bissalanca, fora do alcance dos Fiat-G 91 e apenas a três quilómetros da fronteira, já no território da Guiné-Conacri. Tem tudo o que aparece no filme: estrada, mata frondosa, segurança.

Quanto àquela historieta de terem levado as rampas dos Strelas mas se terem esquecido dos sistemas de pontaria…,  a história do capuchinho vermelho é mais credível.

Que os Strelas nem tinham rampas de lançamento!

(iii) C. Martins:

Caro A.M. Matos:

Quase no alvo... grande Pilav!

E.N. [Estrada Nacional]n.º 23 [, Guiné-Conacri],  mais a sul: localidade... não digo porque posso ser processado, e não tenho provas materiais.


(iv) Comentário do editor LG:

Já gastámos  "muita tinta" (neste caso, muitos Kbytes), à volta da toponímia associadas ao "berço" da Nação Guineense: durante anos aceitaram-se, acriticamente, em Portugal, na Guiné-Bissau e no resto do mundo, algumas "lendas e narrativas" do PAIGC à volta desta questão... Ainda hoje há trabalhos académicos (até da Academia Militar!) em que se refere o topónimo Madina do Boé como o local da declaração de independência unilateral (DUI) da Guiné-Bissau...

Pelo menos desde 2009 que nós aqui, nosso blogue, temos debatido esta questão que não é de lana caprina: "a verdade a que temos direito", não é só para alguns, é para todos... (**)

E vamos continuar a debater, sem intuitos polémicos, com serenidade, com assertividade, porque a guerra já acabou há muito e não há mais inimigos... Mas a História, essa, vai-se fazendo e refazendo... Daí que este e outros dossiês sobre a "história da Guiné, 1961/74" não chegarão ao fim, tão cedo, pelo menos nos tempos mais próximos... 

Infelizmente, os que protagonizaram a guerra,  de um e do outro lado,  estão a envelhecer, a adoecer e a morrer...  Do lado do PAIGC, já haverá muito pouca gente viva (e credível) que possa trazer algo de novo sobre a questão  do "berço da Nação"...

[Revisão e fixação de texto para efeitos de publicação neste blogue: LG]

(**) Vd., por exemplo, postes de:


20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3920: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (2): Opção inicial, uma tabanca algures no sul, segundo Luís Cabral (Nelson Herbert)

1 de março de  2009 > Guiné 63/74 - P3955: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (3): O local estava minado e o PAIGC sabia-o (Jorge Félix)

17 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4042: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (4): Ajudas de memória (Abreu dos Santos)

9 de outubro de  2009 > Guiné 63/74 - P5079: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (5): Lugajole, disse ele (Luís Graça)

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12091: Inquérito online sobre o futuro das relações da Guiné-Bissau com Portugal, 40 anos depois da proclamação (unilateral) da independência em Vendu Leidi, na região do Boé, na fronteira leste com a Guiné-Conacri Resultados preliminares (n=134)


Guiné > Mapa geral da província > 1961 > Escala 1/500 mil > Detalhe da região do Boé. Posição relativa de Madina do Boé, Beli, Lugajole e Vendu Leidi. Foi numa mata, nas proximidades de Vendu Leidi e da fronteira com a Guiné-Conacri, que se terá  realizado a cerimónia de proclamação (unilateral) da independência da Guiné-Bissau, imediatamente reconhecida por dezenas de países com assento nas Nações Unidas.

Umas escassas semanas antes, a cerimónia esteve para ser realizada na península de Cubucaré, ou seja em pleno Cantanhez, portanto no sul,  na região de Tambali, no setor de Bedanda (compreendendo hoje os regulados de Mejo, Iemberém, Cadique e Cabedu). Por razões de segurança, invocadas por 'Nino' Vieira,  foi escolhido outro local, à pressa, no leste, na região do Boé, mais a nordeste.

A distância entre Madina do Boé e Ventu Leidi, a leste, junto à fronteira é de 50 a 55 km, em linha reta, no mapa.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).


1. Mensagem que acaba de circular pelo correio interno da Tabanca Grande:

Amigos e camaradas, membros da Tabanca Grande:

Está decorrer uma sondagem, no nosso blogue, sobre o futuro das relações da Guiné-Bissau com Portugal, e de Portugal com a Guiné-Bissau... 

Acabam de passar 40 anos desde a proclamação (unilateral) da independência da Guiné-Bissau, não em Madina do Boé, como nos fizeram crer, durante anos, mas em Vendu Leidi, em terra de ninguém, na fronteira com a Guiné-Conacri... 

Essa data e esse evento terão passado completamente despercebidos aos olhos  dos nossos camaradas que prestavam então serviço no TO da Guiné. Mesmo as autoridades políticas e militares da época subestimaram o alcance político, diplomático e jurídico dessa cerimónia, a proclamação (unilateral) da Guiné-Bissau, algures nas famosas "colinas do Boé"...

Com um medo terrível da nossa aviação, mas escudados nos Strela (e nas antiaéreas instaladas na zona de Madina do Boé, a mais de 50 km de quilómetros da fronteira)... Acontece que o grupo dos Strela, que terá vindo do sul para leste,  só trouxe os tuibos, e esqueceu-se dos... mísseis (!).

Terão assistido à cerimónia um número  indeterminado de militantes e convidados do PAIGC, incluindo estrangeiros, sendo alguns diplomatas e jornalistas. Se tem havido um ataque da FAP ao local, teria sido uma tragédia... E no entanto tudo correu aparentemente sobre rodas, embora sob grande tensão...

A ONU reconheceu de imediato o novo país africano, mesmo "em guerra"... Portugal só um ano depois o fez. A diplomacia portugues foi de algum modo apanhada desprevenida... Todavia, na pátria de Amílcar Cabral "os amanhãs que cantam" transformaram-se, depressa,  em pesadelo, com Luís Cabral, Nino Vieira, Kumba Ialá, e por aí fora... (vd. reportagem do jornal Público, de 24/9/2013 e de 30/9/2013).

A nossa atitude em relação ao futuro da  Guiné-Bissau é  importante... A sorte do povo da Guiné-Bissau  não nos é indiferente, pelo menos para uma boa parte de nós... Em contrapartida, temos os nossos próprios problemas e angústias face ao futuro como indivíduos, como veteranos de guerra, 
como cidadãos, como portugueses, como povo... Isso também pode "enviesar" os resultados da sondagem...

Fica aqui o desafio para aproveitarem, os não-respondentes, a última oportunidade de resposta à nossa sondagem... Obrigado aos 134 leitores do blogue que já o fizeram até ontem.  Falta 1 dia para encerrar a nossa consulta, que vale o que vale... (Não tem qualquer valor científico,  como qualquer sondagem "on line", porque não sabemos qual é o universo ou a população que nos lê; logo há problemas de amostragem, de tamanho da amostra, de inferência de resultados,. etc.... Trata-se apenas de uma forma de estimular a vossa participação na vida do blogue, e de vos convidar a pensar num problema que é relevante para os nossos dois povos)...


Um alfa bravo.
Luís Graça.

PS1 - Aqui vai um resumo, dos resultados provisórios (n=134), obtidos até agora.
Respondam diretamente no blogue

A sondagem aparece no canto superior esquerdo do blogue. Cada computador/leitor só pode votar uma vez. Mas é possível mudar o voto até ao último minuto...

PS2 - Depois de votarem, podem deixar aqui os vossos comentários, fundamentar a vossa opinião, etc.




Vd. no jornal Público, de 24 de setembro de 2013, uma interessante reportagem, de 4 páginas (30-33), do jornalista João Manuel Rocha, enviado a Bissau, e que recolhe depoimentos de destacados militantes ainda vivos que testemunharam os acontecimentos como: (i)  Carmen Pereira, então comissária política na frente sul, com 37 anos;  (ii) Lúcio Soares. então comandante da frente Norte (, com 31 anos, integrou a equipa de segurança); e (iii) Mário Cabral, mais tarde ministro e embaixador (que veio de avião, de Conacri para Boké)... E ainda outros, como o então jovem realizador de cinema, Flora Gomes (com 23 anos) que fez a cobertura cinematográfica da cerimónia.

Os entrevistados pelo jornal Público trocam com alguma frequência os topónimos, Lugajole e Vendu Leidi (que distam enter si cerca de 15 km)... O primeiro camarada a falar-nos de Lugajole e a mandar-nos fotografias do sítio, creio que foi o Patrício Ribeiro, em 4 de outubro de 2009. Afinal, sabemos que  Lugajole foi só para a "fotografia": o primeiro governo, do PAIGC, mandou lá construir um monumento à independência,  hoje em ruínas. O sítio é de dificílimo acesso. Em 1973 não havia GPS, nem ninguém sabia onde eram os marcos da fronteira... Vendu Leidi acaba por ser em terra de ninguém. Discuitir se foi mais um quilómetro à esquerda ou à direita, dentro ou fora do terrirório da colónia portuguesa é um exercício inútil. Onde seguramente não foi feita a proclamação unilateral da independência, em 24/9/1973, foi em Madina do Boé, onde as NT tinham um aquartelamento, retidado 4 anos antes, em 6/2/1969.

Ver aqui mais postes sobre Lugajole, de Rui Fernandes e de Tina Kramer.

________________________


SONDAGEM: 40 ANOS DEPOIS DA PROCLAMAÇÃO (UNILATERAL) DA INDEPENDÊNCIA DA GUINÉ-BISSAU, A 24 DE SETEMBRO DE 1973, VEJO O FUTURO DAS RELAÇÕES (POLÍTICAS, DIPLOMÁTICAS, ECONÓMICAS, SOCIAIS, CULTURAIS...) DESTE PAÍS COM PORTUGAL, COM (... resposta numa escala de 1. Muito pessismo a 7. Muito otimismo):

1.Muito pessimismo
24 (17%)

2. Bastante pessimismo
22 (16%)

3. Algum pessimismo
27 (20%)

4. Indiferença. nem pessimismo nem otimismo
26 (19%)

5. Algum otimismo
31 (23%)

6. Bastante otimismo
2 (1%)

7. Muito otimismo
2 (1%)

Mude o seu voto
Votos apurados (até às 21h00 do dia  26/1/2013): 134
Dias que restam para votar: 1

_______________

Nota do editor:

Vd. poste anterior > 22 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12071: Sondagem: 40 anos depois da proclamão (unilateral) da independência da Guiné-Bissau, a 24 de setembro de 1973, como vês o futuro das relações (políticas, diplomáticos, económicas, sociais, culturais, etc.) deste país lusófono com Portugal ? Com pessimismo, indiferença ou otimismo ? Resposta até 27/9/2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12073: Notícia dos nossos amigos da AD-Bissau (29): Efeméride: Há 40 anos era proclamada, unilateralmente, a independência da Guiné-Bissau... (Não em Cubucaré, no sul, como estava inicialmente previsto, mas no leste, na região do Boé... E aqui não foi em Madina do Boé, nem em Lugajole, mas sim em... Vendu Leidi, um lugarejo fronteiriço)






A independência da Guiné-Bissau foi proclamada, unilateralmente,  pelo PAIGC, em 23 de setembro de 1973, na região do Boé, não em Madina do Boé, como durante anos se fez crer, nem sequer em Lugajole, mas sim em Vendu  Leidi, localidade fronteiriça da zona leste... Esteve inclusive planeada para ser no sul, na península de Cubucaré  (setor de Bedanda)... Os planos do PAIGC foram sucessivamente açterados, à última da hora, pro razões de segurança. Havia sérios riscos de bombardeamentos pela Força Aérea Portuguesa.

Hoje o dia 24 de setembro é feriado nacional na Guiné-Bissau. Portugal, como é sabido, só reconheceu a independência da Guiné-Bissau, um ano depois, em 10 de setembro de 1974.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).


 E a propósito desta iniciativa comemorativa, de um grupo de antigos combatentes do PAIGC do Cubucaré, na região de Tombali,  lê-se no sítio da AD-Bissau:

(...) Como jovem país, embora com conturbados desvios no seu caminho, [a Guiné-Bissau] procura recuperar a sua própria identidade e força para se afirmar como uma nação moderna e progressiva.

As sucessivas lideranças que fomos tendo, esqueceram-se claramente do pensamento de Amilcar Cabral e dos ensinamentos da Luta, embarcando em sucessivas aventuras militaristas e afastando-se dos ideais do Combate inicial.

Há quem chegue a pensar que a Luta foi uma operação militar e que por isso, todos os outros que a ela aderiram e que não pegaram em armas, não têm os mesmos direitos dos que vestem as fardas, grande parte delas apanhadas nos becos da História.

 (...) 
Todos contribuíram decisivamente para a vitória, incluindo mesmo aqueles que, durante estes 40 últimos anos, se esqueceram das tabancas onde vivem todos os seus antigos camaradas de Luta, para se sentarem a descansar em Bissau.(...)

______________