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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23641: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (4): CCAÇ 2637, mobilizada pelo BII 18, Ponta Delgada, Açores (Teixeira Pinto, 1969/71), e a que pertenceu o fur mil enf Fernando Almeida Serrano, natural de Penamacor e futuro novo membro da Tabanca Grande




Guião e crachá da CCAÇ 2637 (Teixeira Pinto, 1969/71). 

Coleção: Carlos Coutinho (com a devida vénia...)


1. Ontem, no 49º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, em Algés, fiquei,  na mesa,  ao lado do camarada Fernando Almeida Serrano. Foi a segnda vez que ele veio a esta tertúlia, onde não conhecia ninguém. Fui eu que o puxei para a minha mesa. E tivémos uma longa, agradável, franca e proveitosa conversa. 

Fiquei a saber que era professor primário, natural de Penamacor,  conterrâneo, amigo, colega e camarada do Libério Lopes (ex-2º srgt mil, CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65). Falámos também da sua terra, e do seu ilustre conterrâneo, o médico cristão novo António Nunes Ribeiro Sanches (Penamacor, 1699 - Paris, 1783), cujas obras  (as principais, em edição moderna da Universidade da Beira Interior, em formato pdf), lhe fiquei de mandar uma cópia em próxima oportunidade. (É um dos grandes pioneiros da saúde pública, e o nosso maior médico do séc. XVIII, especialista em "males de amores", e figura que eu muito admiro; é o único português que tem uma entrada na famosa enciclopédia de Diderot e D'Alambert, Paris, 1751-1772, justamente sobre "venerologia": "Maladie vénérienne inflamatoire chronique", ou seja, "doença venérea inflamatória crónica").

O Fernando reside desde 1972 em Carnaxide, Oeiras onde deu aulas juntamente com a esposa.  Foi furriel mil enfermeiro da "açoriana" CCAÇ 2637 (Teixeira Pinto, 1969/71), de que, como é frequente, com as unidades moblizadas pelo BII 18, Ponta Delgada (e também BII 17 e BII 19), não temos nenhum representante na Tabanca Grande... A emigraçao, nomeadamente transatlântica, levou para longe muitos dos nossos camaradas açorianos e madeirenses. 

O Fernando Almeida Serrano conhece o nosso blogue e manifestou vontade em juntar-se aos 864 membros da Tabanca Grande. Tem uma forte ligação aos seus "irmãos açorianos", se bem que muitos dos antigos militares da CCAÇ 2637, tenham seguido os caminhos da emigração.  A sua casa é a casa deles, qaundo vêm ao Continente, e a casa deles, nos Açores, é a sua casa, quando ele lá vai.   

Tem uma página na Net, que eu ainda não localizei, "Guiné-Recordações" (julgamos que se trata de uma página no Facebook, de um grupo privado, com 5 mil membros, criado há 2 anos). Tem também página pessoal no Facebook. É amigo (e cunhado) do nosso grã-tabanqueiro, ten cor art ref, José Francisco Robalo Borrego (qye foi fur art,  Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau, e 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72). Aporesentei-o ao António Graça de Abreu, que esteve em Teixeira Pinto, no CAOP1, em 1972, ao tempo do coronel paraqueista Rafael Durão, mas não chegaram a estar juntos, o Fernando e o António, já que a CCAÇ 2673 terminou a sua comissão em agosto de 1971.

Publicamos, para já a ficha da unidade, referente a esta companhia, mobilizada pelo BII 18.


Ficha de Unidade > Companhia de Caçadores nº 2637

Identificação: CCaç 2637

Unidade Mob: BII 18 - Ponta Delgada

Crndt: Cap Inf José Cândido de Oliveira Bessa Meneses

Divisa: "As armas não deixarão enquanto a vida não os deixar"

Partida: Embarque em 220ut69; desembarque em 280ut69 | Regresso: Embarque em OçSet71


Síntese da Actividade Operacional

Em 300ut69, seguiu para Teixeira Pinto, a fim de efectuar o treino operacional sob orientação do BCaç 2845 e substituir a CCaç 2368 no reforço àquele batalhão e depois ao BCaç 2905, como subunidade de intervenção e reserva do sector, a partir de 17Dez69, tendo realizado diversas acções nas regiões de Pechilal, Bajope e Belenguerez, entre outras.

Em 07Jan70, mantendo o comando em Teixeira Pinto, passou a orientar a sua actividade para a realização dos trabalhos dos reordenamentos de Bassarel, Bajope, Chulame, Blequisse e Batucar, este último até 150ut70, e para a promoção socioeconómica das respectivas populações.

Em 28Jun71, com a instalação da CCaç 3327 em Bassarel, transferiu a sua sede, temporariamente, para o reordenamento de Chulame, permanecendo efectivos da subunidade nos reordenamentos de Bajope e Blequisse.

Em 20Ago71, foi substituída nos reordenamentos por efectivos da CCaç 3327 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações > Tem História da Unidade (Caixa n.º 86 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM)

Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 384.

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Nota do editor:

sábado, 12 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23073: Os nossos capelães (17): José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), ainda no ativo como padre das Missões da Consolata


José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)



José Torres Neves, missionário da Consolata,
 um dos 113 capelães  prestaram serviço no TO da Guine





Fonte: Excerto, adapt de Henrique Pinto Rema - "História das Missões Católicas da Guiné": Editorial Franciscana, Braga, 1982, pp. 709-712 (Vd. a extensa recensão bibliográfica feita pelo nosso camarada e colaborador permanente Mário Beja Santos) (*)



1. Mensagem de nosso camarada e amigo Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, Fev 1970/Dez 1971, hoje médico, a residir em Tomar.

Data - 12 mar 2022 16:39 
Assunto - Capelães

Caros amigos

Sobre o tema os nossos capelães (**), e, aproveitando a sugestão do Luís Graça, venho dar um pequeno contributo com algumas notas. E elas referem-se ao capelão José Neves com quem desenvolvi amizade, que ainda hoje se mantem.

Os nossos contactos têm-se mantido com a regularidade possível, uma vez que faz parte das Missões da Consolata, estando em missão em várias partes do mundo, encontrando-nos sempre que vem de férias (não amiúde). Daí, que só agora espicho estas breves notas, após obtida a sua anuência.

José Torres Neves, ex-alf graduado capelão,  integrou o BCAÇ 2885,  sediado em Mansoa. Prestou serviço de 1969.05.07 a 1971.03.03.

De acordo com a sua informação,  foi o único capelão das Missões da Consolata a prestar serviço na Guiné.

Votos de ótima saúde.
Um abraço,
Ernestino Caniço


Brasão do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71). 
Divisa: "Nós Somos Capazes". 
Subunidades de quadrícula: CCAÇ 2587, 
CCAÇ 2588  e CCAÇ 2589




Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (1969/71) > 1969 >  O alf graduado capelão José Torres Neves com o cap eng trms, STM, Bento Soares, aqui à civil (sendo hoje maj gen ref, nosso grã-tabanqueiro nº 785). Ambos naturais de Meimoa, Penamacor. 

Foto (e legenda): © João Afonso Bento Soares (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20971: 16 anos a blogar (11): Poema de João Afonso Bento Soares, maj gen ref, sobre a sua terra natal: "Meimoa, Princesa da Cova da Beira"


Penamacor > Meimoa > c. 2001 > Ponte Romana sobre o rio Meimoa, afluente do rio Zêzere


Foto (e legenda): © JA Bento Soares  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


MEIMOA, Princesa da Cova da Beira

Pergunto o que sou e o que fiz

Questiono, da vida, o seu sentido 
Interrogo o que penso e o que quis 
Indago porque aqui terei nascido.

Percebi que há nascer, há primaveras,
Houve mesmo as maleitas estivais;
Colhi outonais frutos, quais quimeras,
Perdido em sonhos que não sonho mais.

Mas ficou, da Meimoa, o chamamento,
Bendigo suas gentes e seu chão
Verdejando ou terreando em seu lamento... 

Deixando-lhe estes versos numa reza
Ergo uma prece, um voto, uma oração
A quem, da Cova da Beira, é Princesa!

Dia da Senhora da Póvoa – 4 de Junho de 2001 –
João Afonso


[João Afonso Bento Soares, ex-capitão eng trms, STM / QG / CTIG (1968/70), hoje maj gen ref, nosso grã-tabanqueiro nº 785; vive em Oeiras, tem sete referências no blogue]


2. Trocando mensagens pascais, já em plena pandemia de COVID-19,  recebi do João Afonso  a seguinte mensagem:

 sábado, 11/04, 17:58



Bem haja, e que tudo vá correndo bem aí para baixo. Eu vivo nos arredores de Lisboa, mas nasci na Beira Baixa, numa aldeia chamada Meimoa (concelho de Penamacor) e a ela (que um irmão meu mais velho baptizou de "Princesa da Cova da Beira") fiz os dizeres em anexo, na qualidade de mui fraco bardo (...)
 
Mais um Abraço

JA Bento Soares
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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de maio de  2020 > Guiné 61/74 - P20928: 16 anos a blogar (10): Independências - Parte II (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR)

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18110: Feliz Natal 2017 e Melhor Ano Novo 2018 (1): Silvério Dias (ex-1º srgt art, locutor do 'Pifas'. Bissau, QG/CTIG, 1969/74): autor do blogue "Poeta Todos Dias"




1. Mensagem de boas festas do nosso grã-tabanqueiro  Silvério Dias 


[ ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69; 
1º srgt art, locutor do PFA, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74; civil, delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau; 
hoje, 1º srgt art ref; 
beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas']


No meu tempo... era o presépio!
Com ele vos desejo "Feliz Natal"


Abraço do Silvério


2. Do camarada Silvério Dias, autor do blogue Poeta Todos os Dias, se transcreve, com a devida vénia, os versos de 9 do corrente:

O MADEIRO DE NATAL

Nos meus tempos de menino,
O madeiro que aquecia Jesus,
Tinha um preceito d' ensino
E a ele se fazia continuado jus.

Cortado à força de braços
Por quem iria às "sortes",
Não provocava embaraços,
Os rapazes eram fortes!

Hoje, além, em Penamacor,
O volume é de tal porte
Que só à força de tractor
Se consegue o transporte!

Ao rever tal situação,
Que ainda se mantém,
Estou a recordar a tradição
Para todo o nosso bem!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8852 Recortes de imprensa (50): Medalha de mérito militar chega 43 anos depois... A história do 2º Srgt Mil Libério Candeias Lopes, de Penamacor (CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65)

 1. A prova de que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, é ir encontrar um camarada de Penamacor, um raiano, no Jumbo de Alfragide, a fazer compras...

Estávamos os dois, lado a lado, na secção do leitinho meio gordo... Foi ele quem me reconheceu... Ou melhor, pusemo-nos a olhar um para o outro, feitos parvos... Demos um abraço e desatámos logo a falar do Xime, de Bambadinca, do blogue, de Penamacor, dos seus médicos, o Martins, o Ribeiro Sanches, e por aí fora... 

Quem haveria de ser ? Não o conhecia pessoalmente, só do blogue... Pois tratava-se do  Libério Lopes, Libério Candeias Lopes, professor do ensino básico reformado, 2º Srgt Mil,
CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65)...  

Faz parte da nossa Tabanca Grande desde Fevereiro de 2009.  Com 71 anos, está em grande forma... mas não escreve mais coisas, no nosso blogue,  porque não se considera um às em informática...  Numa pesquisa na Net, encontrámos mais alguns elementos informativos sobre este camarada, que tem uma rica história de vida... e a quem eu desejo muita saúde, longa vida, e boa escrita!

O Prof Libério Lopes fez parte, recentemente,  da comissão de homenagem aos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Penamacor (, iniciativa sobre a qual ele, de resto, me prometeu escrever, à despedida). Também conhece pessoalmente o nosso camarada C. Martins.


Guiné > Zona leste > Sub-sector do Bambadinca  >  CCAÇ 526 (1963/65) > Aquartelamento do Xime, onde estava destacado o pelotão do Libério Lopes
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Guiné > Zona leste > Sub-sector do Bambadinca  >  CCAÇ 526 (1963/65) > Aquartelamento do Xime, onde estava destacado o pelotão do Libério Lopes >  "À esquerda a nossa vivenda; á  direira o comércio do libanês Amin" (LCL)



Guiné > Zona leste > Sub-sector do Bambadinca  >  CCAÇ 526 (1963/65) > Aquartelamento do Xime, onde estava destacado o pelotão do Libério Lopes >  Da esquerda para a direita,  Fur Mil Virgílio e Tibério (falecido), Alf Mil Correia Pinto (falecido) e Fur Mil Libério.




  Guiné > Zona leste > Sub-sector do Bambadinca  >  CCAÇ 526 (1963/65) > Saltinho > O Fur Mil Libério Lopes na ponte do Saltinho

Fotos (e legendas): © Libério Candeias Lopes (2009). Todos os direitos reservados.

2. Resumo da actividade operacional da CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65):

Recorde-se aqui os passos essenciais da vida do Libério Lopes, no TO da  Guiné, entre 19634 e 1965:

(i) Mobilizada pelo RI 7, a CCAÇ 526 embarcou, a 2 de Maio de 1963, a bordo do paquete «India», juntamente com o Comando dos BCAÇ n.º 506, 507, 599, e 600;

(ii) Comandante da subunidade: Cap Inf Luís Francisco Soares de Albergaria Carreiro da Câmara;
 
(iii) Até 30 de Junho de 1963, a Companhia ficou aquartelada em Brá; ainda neste período, de a 28/6/63, partiu um pelotão para Catió, tendo tomado parte em operações que aí se realizavam;

(iv) A 1/7/63, partiu a Companhia para a Zona Leste ficando a depender do Batalhão de Bafatá;.

(v) Foi-lhe atribuído um sub-sector com a área aproximada de 1.500km2  constituída pelos Regulados de Badora, Xime, Cossé, Cabomba e Corubal (parte Norte);

(vi) O Comando da Companhia ficou instalado em Bambadinca, tendo sido destacado um pelotão para Xime, nesse mesmo dia 1 de Julho;

(vii) A 15/7/63, outro pelotão da Companhia seguiu para o Xitole,  em reforço das tropas ali aquarteladas, donde regressou a 5/8/63;

(viii) Em 26/8/63, assumiu o Comando da Companhia o Capitão Hleder José Franbçois Sarmento;

(ix) No sub-sector, tomou parte nas seguintes operações de conjunto:

«8JUL63 e 12JUL63 na margem direita do Rio CORUBAL»;
«INGLÊS - JAN64»; 
«MARTE - FEV64»;
«BALA - MAR64»;
«VAI À TOCA - NOV64»; 
«BRINCO - DEZ6»;
e «FAROL - JAN65».

(x) Fora do sub-sector, actuou nas seguintes operações:

«OPERAÇÃO VERDE - NOV63»; 
«ESTRADA DO XITOLE - AGOSTO -OUTUBRO - NOV63»;
«MATO MADEIRA-CHICRI - JAN64»; 
«PATON - AGO64».

(xi) No sector à sua responsabilidade, o IN que já actuara a Oeste e Sul de Xime até ao Rio Corubal, levando para os matos uma parte da população e fazendo fugir a restante, tentou expandir a sua acção para Leste para o que atacou tabancas e quartéis, roubou culturas, emboscou as NT e procurou tornar intransitáveis as estradas;

(xii) A Companhia, por uma permanente actividade operacional à base de pequenas acções de combate, emboscadas, constantes patrulhamentos de estradas e caminhos e protecção às populações, permanecendo nas tabancas e locais de trabalho, conseguiu manter em completa normalidade a zona a Leste de Xime e levar a guerrilha a acantonar-se no mato;

(xiii) Durante os 21 meses de permanência no sub-sector, a Companhia teve 108 acções de fogo em contactos com o IN;

(xiv) Em resultado dessas acções, o IN sofreu 48 baixas confirmadas pelas NT, havendo contudo um número muitíssimo superior de mortos e feridos referido por prisioneiros;

(xv) Foram apreendidas 5 espingardas, 5 pistolas-metralhadoras, 1 pistola, grande número de granadas de mão de diversos modelos e vários milhares de cartuchos;

(xvi) Na tentativa de cortar os itinerários, o IN utilizou 15 engenhos A/C e 3 minas A/P. Um fornilho A/C destruiu um jipe  e os restantes 14 engenhos A/C foram detectados e levantados; as 3 minas A/P funcionaram, causando dois feridos: um às NT e outro à população;

(xvii) A Companhia só teve duas baixas por acidente e nove feridos em combate, um dos quais evacuado para a Metrópole. (Para saber mais, clicar aqui).


3. Reproduzido, com a devida vénia, do Jornal do Fundão, edição 'on line' de 29 de Abril de 2009 (Recorde-se que o prestigiado jornal  beirão, onde trabalha a nossa mui querida Ana Mendonça, foi fundado pelo António Palouro em 1946) (**)


Raia (JF Diário)

Medalha de Mérito chegou 43 anos depois  >  Libério Candeias Lopes [, foto a seguir, do nosso blogue,] teve uma surpresa há dias quando o informaram da atribuição de uma medalha de mérito
 
Após regressar da Guiné onde cumpriu serviço militar como sargento miliciano, Libério Candeias Lopes, [ , foto a seguir, crédito fotográfico do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné,] , volta à actividade na vida civil, professor do ensino primário. 

Decorria o ano 1965, tinha então vinte cinco anos. Desempenhou a profissão em diversas escolas do distrito de Castelo Branco, tendo sido posteriormente destacado na Educação de Adultos e Ensino Recorrente, exercendo nas freguesias de Salvador, Aranhas, Penamacor e Benquerença, entre outras do concelho. Foi delegado sindical, criou e dirigiu o Posto da Telescola de Aranhas, proporcionando, então, o acesso ao 2.º ano, aos jovens de Salvador e Aranhas.

As actividades sociopolíticas são no entanto os motivos justificativos do nosso trabalho. É que o professor Libério foi, à data, muito provavelmente, o presidente da Junta de Freguesia mais jovem do país. Tinha vinte e sete anos quando o presidente da Câmara, dr. António Moutinho,  lhe endereçou o convite. Recusado inicialmente, a persistência foi tanta que não lhe restou alternativa. Acabou por encabeçar a única lista concorrente e foi eleito presidente da Junta de Aranhas, sendo sucessivamente reeleito até 1975.

Cargo de difícil manutenção, pois as autarquias não dispunham de qualquer tipo de financiamento, como actualmente dispõem. As receitas provinham de alguns atestados, venda de sepulturas, e do que fosse conseguido junto do presidente da Câmara Municipal. A persistência do jovem presidente era de tal ordem que o presidente da Câmara ao vê-lo comentava: “lá vem o jovem pedinchão”.

Conseguidas algumas centenas de escudos, Libério Lopes pedia ao pároco da freguesia para anunciar uma reunião com o público na sede da Junta. O povo comparecia. Era informado das receitas conseguidas e indicava-lhes dois ou mais caminhos a precisar de arranjo. A população decidia qual o mais necessitado. Como o dinheiro era pouco, o professor “tocava” o coração do povo de modo a que cada família com propriedades servidas pela via a reparar, contribuísse com um dia de trabalho efectivo ou o seu valor monetário. E o caminho era reparado.

 Por este e outros motivos, aquando do 25 de Abril, as Forças Armadas na sua passagem por Penamacor sugeriram a substituição de todos os órgãos autárquicos eleitos antes da revolução, o que aconteceu em diversas localidades. Em Aranhas a população apareceu em massa defendendo a continuidade do professor Libério à frente da Junta de Freguesia. Só mais tarde, a lei o destituiria. Mas no decurso da sua vida mais activa, conquistou um palmarés invejável, no desempenho de várias actividades, tendo dificuldade em definir do que mais gostou de fazer ou que teve pena de não ter feito.
 
“O maior prazer foi a criação da Liga dos Amigos de Aranhas e mais tarde o Centro de Dia. Isto ajudou a resolver inúmeros problemas a nível cultural, recreativo, desportivo e social dos habitantes de Aranhas”, refere.

A construção da ponte sobre a ribeira da Baságueda, no sítio do Freixal, foi uma excelente conquista. O dr. Moutinho opunha-se, mas o jovem através de amizades e conhecimentos levou a sua àvante. Outra coroa de glória prende-se com a reactivação do Rancho Folclórico de Aranhas,  em 1971, tendo para além das deslocações, uma semana no Casino Estoril e outra no Hotel Balaia, no Algarve, conseguindo que o mesmo fosse admitido na Federação Portuguesa de Folclore em 1983. 

Inúmeros episódios dignos de nota fazem parte do seu historial, porém destacaremos os mais significativos. Numas eleições para o qual foi nomeado presidente da mesa de votos, – “após encerrar a mesa peço para contarmos os votos. Os meus colegas de mesa (todos com mais de 60 anos) dizem-me que era hábito descarregar alguns nomes. Eu opus-me. Um deles, polícia reformado, disse-me: o sr. professor é que manda, mas olhe que vai ter chatices. Não liguei. Contámos os votos, 126, e mandei os resultados para a Câmara Municipal. Mal adivinhava a noite que iria passar. Por volta da meia-noite o dr. Moutinho foi a minha casa pedir explicações porque não tinha descarregado os votos. Queria saber se o povo de Aranhas estava descontente e porquê. Passámos a noite a elaborar um relatório, a explicar o porquê de só aparecer aquele número de votantes. No dia seguinte o jornal 'O Século' noticiou que Aranhas teve a percentagem de votantes mais baixa do país. Na verdade no concelho de Penamacor e talvez do país, Aranhas foi o que apresentou a votação real”.

Na última manifestação “espontânea” dos portugueses a Marcelo Caetano, foram colocados autocarros gratuitos para a população se deslocar a Lisboa. Cabia aos presidentes de junta mobilizar o povo. O de Aranhas não fez caso do assunto. Da terra ninguém foi a Lisboa. Entretanto a Junta candidatou-se à atribuição de um televisor para a Delegação da Casa do Povo em Aranhas. Todas as localidades foram contempladas. Menos Aranhas. Quando inquiriu o presidente da Casa do Povo de Penamacor do porquê da sua exclusão, foi-lhe respondido que a delegação de Aranhas não a merecia, pois não mandaram ninguém a Lisboa.

Invulgar e digno de nota, foi a surpresa que Libério Lopes teve há alguns dias. Um amigo, militar no activo, em conversa sobre a guerra colonial informou-o que tinha lido por acaso, a atribuição da Medalha de Mérito Militar de 4.ª classe, com base num louvor, por ter participado em acções de combate, ao furriel miliciano Libério Candeias Lopes. Ora a data da condecoração é de 28 de Fevereiro de 1966. O condecorado soube disso, casualmente 43 anos depois.
Jolon

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Notas do editor:


(**) Do seu sítio institucional, na Net:

(...) "O Jornal do Fundão, fundado em 1946 por António Paulouro, é hoje um marco referencial no panorama da imprensa regional portuguesa. Com uma tiragem semanal de 14.000 exemplares e um universo de audiência que atinge os 53.000 leitores, foi distinguido com a Ordem do Infante D. Henrique e tem no seu historial outros galardões como o Prémio Gazeta, homenagens das Universidades de Salamanca e da Comunidade Portuguesa em França.

"O Jornal do Fundão faz parte da matriz de identificação da Beira Interior e é reconhecidamente um elemento da sua coesão social bem como do desenvolvimento económico e cultural da região.
 

"O Jornal do Fundão tendo vindo a reforçar a sua influência no eixo geográfico que vai desde a região da Guarda, Covilhã, Fundão e Castelo Branco. É líder destacado de audiência da Imprensa Regional no distrito de Castelo Branco e tem ainda expressiva audiência nacional." (...)