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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Guiné 61/74 – P24789: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (14): A minha viagem para o Seminário (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

Miradouro do Vale do Sabor

Foto: Câmara Municipal de Moncorvo, com a devida vénia


1. Em mensagem de 22 de Outubro de 2023, o nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 / BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviou-nos mais um excelente texto, desta feita, a sua ida para o Seminário:

A minha viagem para o Seminário

Até aos doze anos, para oeste de Brunhoso, nunca passei além do rio Sabor, que banhava esses limites da minha aldeia, onde ia por vezes no Inverno a ajudar à apanha da azeitona da Barca, no Verão a apanhar a amêndoa do Picão ou a apanhar os figos, dumas figueiras que a minha mãe tinha herdado, na ribeira das Picotas.

Para norte na direcção do planalto mirandês ia muitas vezes às feiras quinzenais de Mogadouro, por um caminho de terra batida, eram só cinco quilómetros, tocava com a vara vacas e vitelos que o meu pai queria vender, nas feiras quinzenais, que se realizavam num descampado enorme, onde se juntavam muitos animais, os seus donos ou os filhos deles e os compradores e intermediários, o mais conhecido tinha por alcunha o "Chispas", homem falador e irrequieto, natural da vila.

Nunca fomos ricos mas nesses anos com os meus pais em princípio de vida comum, era difícil esticar a manta para tapar umas necessidades pois outras podiam ficar a descoberto.

Recordo-me da casa onde nasci, eu e os meus três primeiros irmãos, todos varões, terei vivido lá dois anos. Casa muito humilde só com duas divisões, uma sobrelevada onde estava a cozinha e a lareira, coberta de telha vã, sem chaminé, o fumo saía por uma abertura que podia ser tapada, no caso de muita chuva ou neve, com uma chapa de metal. Descendo cinco degraus de madeira era o quarto, único, bastante espaçoso e forrado a madeira. Esta casa, contígua à casa grande dos seus sogros, terá sido herdada pela minha avó paterna, de uma parenta pobre chamada Maria "Pequena", casada mas sem filhos.

Anos difíceis para os meus pais, com poucos bens para se governarem, somente algumas terras de cultivo de cereais, emprestados pelos pais deles, e uma pequena horta, os filhos nasceram ao ritmo de um por ano, o nosso pai de compleição atlética mas a ter que tratar-se de doenças quase incuráveis para a época, uma delas a tuberculose, da outra não falo.

Sem saber se pelas condições insalubres da casa, o vento, o frio e calor a que estávamos sujeitos, ou pela falta de assistência médica, morreram dois desses meninos, outros viriam e meninas também, já nascidos em casas maiores, mais arejadas e confortáveis.

Para além dos produtos da horta e da carne de um ou dois porcos que a nossa mãe criava com farelo, castanhas, batatas e hortaliças, de que se curavam os toucinhos e os presuntos, e se faziam muitos enchidos, criava também galinhas e perus que davam ovos, que eram bons cozidos, em omeleta, ou estrelados com algum açúcar no final eram um manjar para mim, davam também boa carne para ocasiões especiais e festas, e para as alheiras que só podiam levar carne de aves ou de vitela, de porco não, segundo a tradição judaica.

Poucos produtos alimentares se compravam para a dieta alimentar da família, para além de algum peixe que a vizinha, tia Clementina, vendia na época própria, que poderia ser sardinha ou chicharro dividido para dois ou três, conforme o tamanho, para dar mais sabor às batatas e às couves, aos tomates, às vagens, aos pimentos e a outras hortaliças que a horta produzia com abundância.

A década de sessenta do século passado, depois do restabelecimento dos povos e das nações após o cataclismo da Segunda Guerra Mundial, foi muito fértil em acontecimentos sociais, políticos e artísticos. Portugal,  um pequeno país, guardado de influências externas pelo Oceano Atlântico, a ocidente, e pela Espanha franquista, fascista e imperial a leste, protegia-se da liberdade, da cultura e do progresso, pela vontade férrea de Salazar, um velho ditador puritano e asceta, durante muitos anos educado num seminário e que não querendo ser bispo, tinha uma ambição maior, ser um rei absoluto de Portugal, como os reis da Idade Média que recebiam o poder de Deus, através do Papa que os legitimava. Sem poder ser rei, tinha sangue plebeu, Salazar enquanto governante comportou-se como um rei absoluto sem coroa, tal como o ditador Francisco Franco em Espanha.

Não havia progresso, para além da agricultura e pastorícia, pois ele crente ou já descrente estava a viver nos tempos bíblicos das suas leituras religiosas que tinha vivido também na paz e bucolismo da sua infância.

Os lavradores, refiro-me a todos os que sozinhos ou com a ajuda de familiares ou pagando a trabalhadores, tinham as mãos calejadas e as sujavam na terra, com mais conhecimentos e instrução, já quase todos tinham a quarta classe, dão-se conta que com tantos filhos nascidos depois da última grande guerra, que os poucos hectares de terra que possuem, cada vez mais dividida pelos filhos, em herança, após a morte deles, mal lhes dariam alimento que bastasse a todos.

Sem máquinas agrícolas ou meios técnicos que possam pagar e sem trabalhadores agrícolas, que no limite da pobreza, estavam em fuga para a Europa rica para lá dos Pirinéus, sem terem meios económicos para pagarem a educação dos filhos em colégios ou pagarem a sua hospedagem nas cidades ou vilas onde havia os estabelecimentos de ensino oficiais, mandam os filhos a estudar para os seminários, onde os custos são menores. Tenho pensado que nos finais da década de cinquenta, Salazar terá conversado com o seu amigo e colega do Seminário, o Cardeal Cerejeira, duas faces da mesma moeda, em conhecimentos e sagacidade, um e outro, quando os seus olhos vivos, perscrutavam a sociedade, Salazar com a ajuda da polícia secreta e dos informadores, começam a dar-se conta que a juventude se afasta da Mocidade Portuguesa, da Igreja e de outros convívios "saudáveis". Muitos estudantes universitários contestam a autoridade e o Estado Novo, influenciados por ideologias de esquerda.

Será especulação ou hipótese académica, ambos conservadores religiosos e políticos, terão concluído que para afastar a juventude das ameaças das ideologias de esquerda que a podem corroer como um cancro, o melhor será franquear as portas dos seminários para educar e formar jovens mais às suas imagens e semelhanças.

Nesses meus verdes anos, dei-me conta na realidade de que houve uma mobilização de párocos e de padres de ordens religiosas a querer entusiasmar os jovens nesse sentido, com o agrado das mães contentes por poderem vir a ter um filho padre e os pais a terem um filho a estudar com poucos gastos.

Se chegassem a padres teriam um futuro, digno, sagrado segundo mães, se não conseguissem esse objectivo, muito difícil, poucos o conseguiam, poderiam fazer alguns estudos por preços bastante económicos que lhes poderiam dar acesso a um emprego no Estado, num banco, nos seguros ou nalguma empresa, que os poderia libertar da dureza do trabalho da terra e poderiam aspirar a uma vida mais limpa e digna, com outro prestígio aos olhos dos seus concidadãos e com mais vantagens económicas.

Dos seminários saíram poucos padres mas muitos estudantes, alguns com os estudos liceais completos, outros a meio ou perto do fim, muitos deles nas décadas de 60 e 70, foram preencher as necessidades de quadros milicianos militares da guerra colonial, alferes, furriéis e até capitães, na sua maior parte o regime confiava que eles não tivessem sofrido influências das doutrinas de Marx, Lenine, Mao-Tse-Tung ou dos reformadores republicanos e socialistas.

Alguns tiraram cursos superiores, da minha aldeia, o padre Neto, falarei dele adiante, formou-se como padre nos anos quarenta, nos anos cinquenta o meu amigo Francisco Carvalho, depois de muitos anos de seminário saiu e doutorou-se em filosofia e nos anos oitenta saiu padre o meu parente José Cordeiro. Os três estiveram na congregação dos Salesianos tal como eu e outros mais.

Quando no primeiro trimestre de 1969, o Batalhão de Cadetes milicianos de Mafra, na foz do Lizandro, atroou os ares, nessa noite escura e trágica, com gritos de assassinos e vamos embora, pela morte de três camaradas por incúria e desleixo dos instrutores, responsabilizando o comandante que tinha ficado no quartel, quem deu as palavras de ordem foram os estudantes universitários do Porto, Coimbra e Lisboa. Conheci bem um dos mortos, era um ex-seminarista, educado, afável, humilde, dormia perto de mim na camarata, no corredor oposto ao meu, foi o meu primeiro camarada conhecido a morrer nessa maldita guerra, recordo-o ainda com mágoa.

Somente depois de fazer a quarta classe, para meu gosto e desgosto, obedecia, os meus pais mandavam, fiz uma grande viagem para o Seminário de Mogofores, na Beira Litoral, onde o meu irmão mais velho já tinha estado um ano, os outros mais novos teriam como primeira grande viagem destinos semelhantes. Eu gostava de ir estudar, ir para o seminário nem tanto, nunca gostei de rezar mas o dinheiro era pouco. Os seminários faziam preços económicos para alojamento e alimentação, poderia até ser grátis para os filhos dos mais pobres.

No meu caso, quem me procurou entusiasmar para ir para de Mogofores foi o padre Neto da congregação dos Salesianos, amigo da casa dos meus pais, como a família dele. O pai dele era um homem respeitável na comunidade, tal como a sua mãe. O pai era um barbeiro, de ar calmo e sabedor em fazer curativos e aconselhar pomadas e chás para outros problemas. A mãe era uma senhora delicada, muito religiosa, socialmente muito estimada.  Tiveram também uma filha freira, da mesma congregação religiosa.

Pela vida fora eu e o padre Neto, fomos sempre amigos, sendo eu adolescente e ele um homem já perto dos quarenta anos, sentia-me lisonjeado por ele me tratar, tu cá, tu lá, como um igual.

Em textos anteriores já enfatizei a beleza das minhas viagens pela linha do Sabor e do Douro. O vale do Douro português será provavelmente um dos vales mais belos do Mundo.

O vale do Sabor é belo, emociona-me, arrepia-me, é o meu vale de lençóis, de águas bravas, águas azuis, verdes, castanhas cinzentas, hoje com a construção da barragem, de águas calmas, de ladeiras cobertas de oliveiras, amendoeiras, de salgueirais, troviscais, reflectidas em grandes espelhos de água.

Esta é sobretudo uma viagem no tempo, a idade não me permitia muita independência de espírito, estava muito ligado à terra, para a adjetivar com palavras belas. Dos montes da minha terra, dos vales, rios e ribeiros, gostava sem o saber, como gostava dos meus pais e irmãos, sem que que lho confessasse. O rio Douro tinha maior caudal e maiores arribas do que o Sabor.

Mal recordo a cidade do Porto, terei mudado logo, na estação de S. Bento para linha do Norte em direcção a Mogofores. Na linha do Norte, espreitei o mar que com curiosidade, nunca o vira, ter-me-ei dado conta da transformação da paisagem, sem montes, tão plana, tão diferente da transmontana.

Ainda hoje estranho um pouco as paisagens planas, dá-me a impressão que mudei de país. A região de Aveiro pela planura e pela ria lembra-me sempre a Guiné.

A linha do Sabor, que seguindo o rio a alguma distância, não o mostrava, já não existe, foi abandonada como todas as outras linhas dos afluentes do Douro, por ordem de um governante iluminado do poder central de Lisboa, com poucos protestos da capital do Norte. Não há norte ou sul, em Portugal há interior e litoral, no litoral vivem os cidadãos e no interior alguns indígenas em fase de extinção.

Na minha viagem para o seminário de Mogofores, terei ido só ou acompanhado, já não me lembro, sei que levava uma grande mala de cartão, não havia outras, com roupa marcada pela minha mãe, com as minhas iniciais, lençóis e toalhas também. Levava roupa para um ano, as distâncias eram grandes, os comboios lentos, não haveria férias de Natal ou da Páscoa.

Sendo um filho obediente, com um espírito rebelde, aceitava a necessidade de ir para o seminário, atendendo às dificuldades económicas da família que crescera, já éramos sete irmãos. A vida na agricultura nesse tempo era dura, além disso eu gostaria de aumentar os meus conhecimentos.

A minha predisposição à partida seria idêntica à dos meus conterrâneos, novos ou velhos, quando partiam para o Brasil e dos outros que saltaram fronteiras em direcção à França, a necessidade de melhor futuro fazia-nos partir a todos.

Não gostei da vida do seminário, muita igreja, logo pela manhã depois de levantar, muitas rezas, muitas filas por longos corredores húmidos, frio, fazia-me falta uma lareira, padres muito religiosos mas com pouca alma. Por vezes falava com o cozinheiro para matar saudades, era da minha aldeia, surdo, tinha aprendido a escrever, a falar e a arte da cozinha, numa casa de apoio para rapazes com dificuldades, no Colégio dos Órfãos no Porto dirigido por essa congregação.

Perto do Natal terei cometido uma barbaridade, um erro grave, um grande pecado que não consigo lembrar, por esse motivo fui chamado ao Prefeito, o padre que administrava a justiça com severidade, por quem fui punido com a dureza que se impunha, fortes reguadas. No final do castigo, furioso lancei o meu grito de revolta e disse a esse padre vermelhusco, mirandês de Ifanes, que ele não era meu pai e que portanto não tinha direito de me maltratar assim.

No dia seguinte fui falar com o Director, um padre naturalmente, a dizer que queria regressar a casa. Não me deixaram, obrigaram-me a passar o ano nesse "quartel", frio e húmido, o pior que conheci na minha vida.

Não gostei de Mafra, o tenente de instrução do meu pelotão era um sádico, que nos meses frios e húmidos do Inverno, nos tratava como animais, para meu desgosto era natural do Nordeste Transmontano.

O frio húmido do litoral entrava-me dentro pela carne e pelos ossos, o frio dos meus montes era mais agreste mas mais seco, era um ar frio que me afagava, ainda hoje é assim.

Nesse tempo os seminários condicionavam mais a personalidade dos jovens adolescentes do que a vida militar, pela disciplina excessiva, pelas práticas e o ensino religioso, tão obsoletos. Para os seminários iam jovens pré-adolescentes mais fáceis de moldar, para a tropa iam jovens já adultos, quase homens feitos.

No século passado, os seminaristas eram reconhecíveis por terem um semblante demasiado sério, quase triste, como se os anos de recolhimento e clausura lhes tivessem roubado, a alegria, a imaginação e os sonhos. A Igreja é uma instituição hierárquica, tal como a tropa que foi copiar a organização à Igreja. Em ambas se cultiva o poder e a ostentação para dominar e impressionar os simples cidadãos, há bispos, arcebispos, padres, generais, coronéis, capitães, todos muito vaidosos e vistosos, Deus, um velho já cansado a todos absolve.

Salazar esteve quarenta anos no poder, pela sua graça, de alguns polícias demoníacos e com a ajuda da Igreja e das Forças Armadas.

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Notas do editor

Último poste da Francisco Baptista de 6 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24374: (In)citações (246): O regresso dos Soldados (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf)

Último poste da série de 24 DE OUTUBRO DE 2023 > Guiné 61/74 – P24787: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (13): 50 ofícios e profissões de antigamente, extintos ou em vias de extinção (Luís Graça, Lourinhã)

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24760: Ser solidário (261): Fundação João XXIII - Casa do Oeste, Ribamar, Lourinhã: parafraseando Friedrich Schiller, "não temos em nossas mãos a solução de todos os problemas da Guiné-Bissau, mas perante os seus problemas temos as nossas mãos" - Fotogaleria (2014) - Parte I















Facebook da Fundação João XXIII - Casa do Oeste > Fotogaleria > 2014 > Algumas das ações solidárias: Clínica Bom Samaritano - Centro materno-infantil de Ondame (a sudoeste de Quinhamel, região de Biombo), Biblioteca de Ondame, Cooperativa Agrícola dos Jovens de Canchungo e Cooperativa Escolar de S. José de Mindará (com várias escolas), fundada em 1987 pelo prof Raul Daniel da Silva.






A frase é do pensador alemão Friedrich Schiller (1759-1805): "Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos."..
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Friedrich Schiller é  mais conhecido por ser o autor do O Hino da Alegria (em alemão Ode an die Freude), poema escrito em 1785: é tocado no quarto movimento da 9.ª sinfonia de Ludwig van Beethoven (de quem era amigo). Tornou-se, em 1972, por decisão do Conselho da Europa  igualmente o hino europeu (tocado só  com a música do Beethoven).






Os voluntários da Fundação João XXIII - Casa do Oeste são gente de Mafra, Lourinhá, Óbidos, etc. (como 0 Abílio Salvador, que morreu em 2019 , e para quem a Guiné era a sua "segunda paixão": é o primeiro da esquerda na foto de grupo; e aqui está, ele, na foto de cima, de guarda, à noite, de caçadeira na mão, ao material que acabava de chegar no contentor;  era de Leiria, vivia em Óbidos; é possível que tenha sido um antigo combatente no TO da Guiné)...


Gente solidária que "djunta mon" (junta mãos) para dar uma ajuda aos guineenses, nomeadamente no chão manjaco (região de Biombo), a resolver alguns dos seus problemas básicos, como a educação, sa saúde, a alimentação.


(Seleção / edição / legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)

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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24759: Ser solidário (260): Fundação João XXIII - Casa do Oeste (Ribamar, Lourinhã): mais de 30 anos de solidariedade com a Guiné-Bissau (Ofélia Batalha)

domingo, 15 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24759: Ser solidário (260): Fundação João XXIII - Casa do Oeste (Ribamar, Lourinhã): mais de 30 anos de solidariedade com a Guiné-Bissau (Ofélia Batalha)


São mais de três décadas de solidariedade com a Guiné-Bissau. Cartaz (adaptado) da Fundação João XXIII - Casa do Oeste, com sede em Ribamar, Lourinhã. Tem página no Facebook


1. O fundador e presidente da Fundação é o Padre Joaquim Batalha, mafrense de nascimento, lourinhanense de adoção,  fez 85 anos, em 13 de julho de 2023. Continua, firme, à frente da sua paróquia, em Ribamar, Lourinhã, apesar de alguns problemas do foro múscul0-esquelético. 

Queixa-se sobretudo, em entrevista recente ao jornal regionalista "Alvorada", dos efeitos perversos da pandemia de Covid-19: fez muitos estragos, para além da saúde/doença dos corpos, também nas almas... As pessoas fecharam-se no seu casulo, saem menos, participam menos, tornaram-se mais invidualistas, calculistas e securitárias... E estão mais velhas...

A Fundação perdeu receitas e ativismo. Há projetos em perigo. Não somos eternos. Somos também vítimas da usura (física e mental) do tempo, dos tempos que correm, que também trouxeram crise,  falta de dinheiro e de motivação para distribuir abraços, abrir os braços aos outros que precisam mais de nós... 

É altura de dar a conhecer, um pouco mais, o trabalho solidário desta ONG na Guiné-Bissau.


Base - FUT (Frente Unitária de Trabalhadores) > Notícías > Fundação João XXIII -30 anos de Solidariedade com Guiné Bissau

26 de Abril de 2021 | Ofélia Batalha*

Faz este ano 30 anos que um grupo de amigos, militantes da Acção Católica Rural (ACR) do distrito de Lisboa, se deslocaram pela primeira vez à Guiné-Bissau em férias solidárias.

Estiveram durante 15 dias a restaurar as casas e o poço comunitário, dum bairro social, das Conferências São Vicente de Paulo de Bissau.

Nestes últimos 30 anos muitos foram os grupos de voluntários que se deslocaram à Guiné Bissau em missões de solidariedade.

Foram inúmeros, também, os contentores enviados, com os mais diversos materiais, para serem doados à população ou aplicados nos diversos projectos apoiados pela Fundação João XXIII – Casa do Oeste.

Fomos aprendendo ao longo destes anos que, para os projectos vingarem e terem continuidade, têm de nascer das necessidades sentidas pela população, só assim é que se empenham e se esforçam e ultrapassam as muitas dificuldades burocráticas e outras.


Apoios para a educação, agricultura e saúde

Neste momento estamos empenhados essencialmente em três áreas, educação, agricultura e saúde.

Quanto à educação, temos apoiado desde 1992, o actual diretor da Cooperativa Escolar São José de Mindará, das mais variadas maneiras, com dinheiro, com materiais de construção e didáticos, bem como apoio na formação de professores e com viaturas para serviço de escola e nas obras da mesma.

Esta escola começou debaixo de árvores com cerca de 300 alunos e atualmente tem três polos escolares com cerca de 3.500 alunos, em todos os graus de ensino desde a pré-primária até ao 12.º ano. É considerada uma das melhores da Guiné-Bissau.

Neste momento a sua direção, na pessoa do seu diretor, professor Raul Daniel da Silva, está empenhado em criar uma rádio online, para proporcionar aos seus alunos, aulas à distância, já que a pandemia também os tem afetado muitíssimo.

Solicitou, também, à Fundação a doação de manuais escolares para todos os níveis de ensino, bem como livros de consulta e de biblioteca. Isto porque as escolas públicas da Guiné-Bissau não têm livros nas suas bibliotecas, nem para os professores lecionarem, nem para os alunos estudarem.



Os livros que temos em casa a ganhar pó podem ser úteis

Está neste momento a decorrer uma campanha de angariação de livros e muitos já estão encaixotados e prontos para seguirem viagem, sendo que muitos outros seguirão o mesmo destino. Todos os livros que temos em casa a apanhar pó, fazem falta na Guiné Bissau.

Atualmente o Professor Raul tem outro sonho.

Sonha que a próxima quinzena de formação de professores, que habitualmente decorre entre o final de Agosto e o inicio de Setembro, seja feita online com a colaboração de professores portugueses.

Por enquanto é um sonho, mas realizável, tenho a certeza.

Quanto à agricultura, a Fundação tem actualmente e desde alguns anos, uma granja agrícola na região de Quinhamel, COAGRI, cooperativa agrícola.

Temos várias construções, uma para alojamento dos trabalhadores (sócios da cooperativa), outra para alojamentos dos grupos de voluntários e temos ainda um aviário, onde se cria galinhas poedeiras e de carne.

Uma boa parte do terreno está dividido em pequenas parcelas, onde as mulheres de tabanca (aldeia) próxima, fazem a sua horta o ano inteiro, já que têm água à disposição, do furo por nós feito.

Existe ainda um espaço, onde as mães deixam os filhos pequenos, para não trabalharem com eles às costas. Há uma senhora que toma conta deles e têm brinquedos para se divertirem e aprenderem.

A granja está em expansão, com um grande terreno adjacente, que está a ser desmatado e vedado. O nosso sonho é sermos um motor no desenvolvimento agrícola da região.

Quanto à saúde, ao longo de todos estes anos, temos enviado muito material hospitalar e ortopédico, que distribuímos por vários hospitais e centros de saúde.

Reabilitamos e, durante vários anos, apoiamos a manutenção, inclusive com medicamentos, de uma maternidade na região do Biombo, a maternidade Bom Samaritano.


Apoio a crianças com cardiopatias

Recentemente, há perto de 5 anos, fomos desafiados a fazer mais. Fomos desafiados a acolher em Portugal, crianças com cardiopatias, que precisam de ser operadas e às quais o seu país não tem condições de tratar e salvar a vida.

Atualmente existe um protocolo entre várias entidades, Ministério da Saúde da Guiné-Bissau, Fundação João XXIII, Fundação Renato Grande (centro pediátrico de Bissau) e a ONG AIDA (trata das evacuações), e reconhecido pela Direção Geral da Saúde de Portugal, para que o processo de evacuação das crianças seja o mais célere possível.

Depois de feita a avaliação e a triagem na Guiné-Bissau e de todos os (muitos) procedimentos burocráticos, as crianças dos zero aos 18 anos são enviadas para o nosso país para serem operadas no Hospital Pediátrico de Coimbra.

Para que isto seja possível, até porque a maioria tem de passar três ou mais meses em Portugal, é necessário uma família que as acolha e cuide de cada uma delas, como se de um filho se tratasse.

Cerca de 50 famílias, que denominamos de “famílias do coração”, já fizeram a experiência e muitas já repetiram 3 ou 4 vezes. Temos até algumas que acolheram 2 crianças ao mesmo tempo.


Apoio a crianças com doenças oncológicas

Não é fácil acolhermos na nossa casa uma criança com cultura e hábitos tão diferentes dos nossos, mas muito mais difícil ainda é deixá-la ir para o seu país, para a sua família, depois de curada, já que o apego e os laços que foram criados são muito fortes. Assim muitas famílias optam por acolher outra criança, sabem que estão a dar oportunidade a mais uma de ficar curada e ter uma vida mais longa e com saúde. Há sempre mais amor para dar.

Ao longo destes anos, cerca de 110 crianças com cardiopatias já passaram por Portugal e mais de 100 já regressaram curadas ao seu país de origem. A percentagem de sucesso é quase de 100%.

Estamos a dar a estas crianças uma maior longevidade e a hipótese de uma vida com saúde e com qualidade.

Também já foram acolhidas 10 crianças com outros problemas, nomeadamente do foro oncológico.

Como a estadia em Portugal é muito mais prolongada, normalmente vêm acompanhadas por um familiar, o que torna o processo de acolhimento muito mais difícil, pelo que é necessário encontrar alternativas, já que as famílias não têm disponibilidade para acolher adultos.

Assim, recorremos a instituições ou são alojadas em casa de algum familiar que viva em Portugal.

Por último, refiro que as famílias do coração são essencialmente das regiões de Coimbra, de Leiria-Fátima, da Lourinhã e de Mafra.

Todos os projetos que temos na Guiné são importantes e melhoram a vida do seu povo, mas este último enche o nosso coração de satisfação, já que ESTAMOS A SALVAR VIDAS e a contribuir para dar um futuro com qualidade a essas crianças.

*Ofélia Batalha-Fundação João XXIII-CASA DO OESTE

(Seleção / adaptação / revisão  e ficação de texto, para efeitos de publicação deste poste: LG) (Com a devida vénia...)
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Para apoiar os projectos com a Guiné-Bissau pode depositar na conta da Fundação.

NIB:0033.0000.45308228096.05

IBAN: PT50.0033.0000.45308228096.05 

SWIFT/BIC: BCOMPTPL


Nota: Os donativos terão recibo e serão considerados no IRS
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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24728: Ser solidário (259): Convite para o Encontro/Almoço da Associação Anghilau, dia 22 de outubro de 2023, às 12h30, perto de Malveira da Serra (Manuel Rei Vilar, Presidente da Associação)

segunda-feira, 13 de março de 2023

Guiné 61/74 - P24141: Notas de leitura (1563): Cadernos Militares - Convencer a malta do Exército dos malefícios da descolonização (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Julho de 2020:

Queridos amigos,
Interrogava-me em Mafra que livros os nossos instrutores utilizavam para justificar a legitimidade da guerra para onde íamos e o contexto em que estava a decorrer a descolonização e os múltiplos desastres que acarretara. Dizia-se com a maior das displicências que estávamos em África há cinco séculos e que não vieramos só para fazer negócios, aqui tínhamos arribado como um farol da civilização ocidental, para desenvolver e cristianizar. Mal desembarcados em Bissau, logo se perguntava qual o grau de civilização e cultura aqui aportada, mal líamos umas brochuras e ficava-se a saber que a administração a sério, a tentativa cultural a sério, o plano de infraestruturas gizado para toda a colónia era uma obra recente, encetada pelo Governador Sarmento Rodrigues que pusera a Guiné no mapa, a tal colónia que quase representava um lugar modestíssimo de praças e presídios. Há que reconhecer que os instrutores dos oficiais e sargentos milicianos fizeram um esforço homérico que vamos tentar convencer que não havia para ali qualquer tipo de conversa da treta.

Um abraço do
Mário



Convencer a malta do Exército dos malefícios da descolonização

Mário Beja Santos

O Estado-Maior do Exército deu à estampa durante a guerra colonial um conjunto de Cadernos Militares, seguramente destinados a apoiar a ação dos formadores, com responsabilidades em preparar oficiais e sargentos milicianos para questões prementes envolvendo o campo ideológico. A seu tempo aqui se falou do Caderno Militar consagrado à Guiné, recorda-se que o então Tenente-Coronel Hélio Felgas publicou o livro Guiné 65, vamos ver hoje o Caderno Militar n.º 4 assinado pelo Major de Infantaria Nuno Sebastião B. S. Valdez Tomás dos Santos, publicado em 1969 e intitulado "O Problema da África Atual".

Contextualizando o que aconteceu em África depois da II Guerra Mundial, elenca as mudanças ocorridas em França, na Grã-Bretanha, na Bélgica, Itália e Espanha, potências detentoras, de protetorados, colónias e até de um império, como era o caso da Itália. Escreve o autor: 

“Nessa época, a vida dos povos africanos era tranquila e sem outras preocupações além das de ganhar o seu sustento diário. As potências coloniais asseguravam, gratuitamente, o ensino e a justiça, defendiam os africanos das suas mais terríveis doenças e impediam as guerras tribais. Os povos africanos estavam atrasados em muitas centenas de anos em relação à civilização dos europeus. Mas, de uma maneira geral, o progresso ia-se firmando, pouco a pouco, em todo o continente”.

O autor tenta explicar as dificuldades da colonização africana, logo o clima insalubre, a descoberta dos medicamentos para tratar as principais doenças tropicais é bastante recente, as biliosas e as febres palustres enfraqueciam e envelheciam precocemente os brancos. E o autor, sem pestanejar, faz uma afirmação de arromba: “Tudo o que existe construído em África é obra do homem branco”

Fica-se a pensar o que é que o senhor major sabia das minas de África do Sul e de outras riquezas extraídas exclusivamente por africanos em toda a África Austral. Mas o autor dá outra explicação para os grandes obstáculos da colonização efetiva: 

“O continente africano só aparentemente é rico. Em regra, os solos são pouco profundos e, salvo nas regiões equatoriais, ou nas de montanha, não produzem mais do que capim e árvores de pequeno porte”

Lê-se e não dá para acreditar. O autor faz questão de não ignorar um dos mais graves motivos de atraso, a educação. Mas dá-se outra explicação:

“Em consequência do desfasamento de civilizações, para os africanos menos evoluídos, como é óbvio, é difícil aprender aquilo que não tem caráter prático e aplicação imediata na sua vida. Em contrapartida, são completamente abertos a novos processos de caça, de luta e à melhor maneira de utilização dos recursos da selva. Não são grandes trabalhadores. Mas não é exato dizer que são preguiçosos e mandriões. Em meados deste século, pretos e brancos estavam a trabalhar em perfeita colaboração no aproveitamento de todos os recursos do continente africano. Quando a semente desse trabalho imenso estava a caminho de germinar surgiu a descolonização”.

E trata os ventos de mudança, atribuindo a expressão a um político inglês “de quem já hoje ninguém recorda o nome” (Harold Macmillan, então Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha), fala da origem das independências africanas, sentencia que houve abdicação dos países europeus colonizadores, uns verdadeiros desastrados, e que de um modo geral, as populações dos países independentes, estão dececionadas com o resultado. Falando especificamente da Bélgica: 

“No que era há dez anos a colónia mais rica e mais bem administrada de toda a África hoje, a autoridade do governo só se faz sentir regularmente nas cidades. Fora das aglomerações urbanas reina a lei do mais forte. Latrocínios, pilhagens, assassinatos – são meros acidentes um dia-a-dia de desordem constante”

O senhor Major Nuno Tomás dos Santos devia ser perito em estratégia e influente conhecedor em geopolítica, afirma categoricamente: 

“Grande parte dos novos países africanos não têm população suficiente para constituir uma nação. Um ou dois milhões de habitantes, ignorantes, pobres, vivendo de uma agricultura itinerante, sem nenhuma noção de como se administra e que fins procede um Estado, não são suficientes para formar um País. E como essa escassa população se divide em tribos que falam línguas diferentes, têm costumes muito diversos e, acima de tudo na vida, se odeiam entre si, é evidente que não poderão nunca constituir uma verdadeira nação”.

E o leitor destes Cadernos Militares informa os seus subordinados sobre a instabilidade política, económica e financeira destes Estados, o resultado destas independências estavam à vista: recrudesceram as lutas tribais, agravaram-se as doenças, espalhou-se o espetro da fome. O anexo do documento informa os interessados sobre a atitude dos países limítrofes em relação aos elementos subversivos.

 Veja-se o que o senhor major diz do Senegal e da República da Guiné. No Senegal, o presidente Senghor tem apoiado tanto o PAIGC como a FLING, o auxílio manifesta-se essencialmente na permissão de trânsito de elementos e material do PAIGC; procura-se evitar a permanência demorada de grupos terroristas no seu território, pois Senghor tem tido a preocupação de controlar o armamento do PAIGC em trânsito, mandando escoltar as colunas terroristas do Exército ou da Guarda Republicana, não quer desvios de armamento para a região do Casamansa. Na República da Guiné, Sékou Touré tornou o território um paraíso para os terroristas, cede-lhes bases, campos de treino, meios de transportes. Pelo seu efetivo e organização, crê-se que o PAIGC é presentemente uma força dentro da República da Guiné, com a qual terão de contar os elementos adversos ao regime de Sékou Touré.

E não há mais comentários a fazer. "A Expansão Portuguesa em Culinária", por Fernando Castelo-Branco, edição da Petrogal, 1989, é um belíssimo álbum com instantâneos alusivos ao reflexo dos Descobrimentos e da Expansão na alimentação e na culinária dos portugueses, bem como na dos povos que sofreram influência desse processo histórico. 

O historiador Fernando-Castelo Branco discreteia sobre a influência portuguesa em culinárias ultramarinas e sobre influências ultramarinas na culinária portuguesa. Vamo-nos cingir à Guiné, refere um comentário do sociólogo brasileiro Gilberto Freire que refere a cozinha luso-africana da Guiné. Estranhamente, o autor não nos dá quaisquer informações sobre esta culinária luso-africana. Nada ficamos a saber sobre esta culinária, felizmente que já se fez aqui recensão à gastronomia guineense, ao seu chabéu, à sua galinha à cafreal e à sua canja de ostra, mas apanhamos com uma citação dos Lusíadas:

“Por aqui rodeando a larga parte
De África, que ficava a Oriente:
A província Jalofo, que reparte
Por diversas nações a negra gente;
A mui grande Mandinga, por cuja arte
Logramos o metal rico e luzente,
Que do curvo Gambeia as águas bebe,
As quais o largo Atlântico recebe;

As Dórcadas passámos, povoadas
Das Imãs que outro tempo ali viviam.”


A Guiné dos tempos atuais
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE MARÇO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24135: Notas de leitura (1562): "Livro de Vozes e Sombras", de João de Melo; Publicações D. Quixote, 2020 (Mário Beja Santos)

domingo, 4 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23845: Tabanca Grande (540): Manuel Calhandra Leitão ("Mafra"), ex-1º cabo at arm pes inf, Pel Mort 1028 (Fá Mandinga, Xime, Ponta do Inglês, Enxalé e Xitole, 1965/67)


Manuel Calhandra Leitão (n. Achada, Mafra, 1943), ex-1º cabo, Pel Mort 1028 (Fá Mandinga, Xime, Ponta do Inglês, Enxalé, Xitole, 1965/67)



Guião do Pel Mort 1028 (CTIG, 1965/67), mobilizado pelo RI 2. 
Divisa: "Res Non Verba" (Obras, não palavras)

Fotos (e legendas): © Manuel Calhandra Leitão (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem de Pedro Leitão, filho do novo membro da Tabanca Grande, Manuel Calhandra Leitão ("Mafra") (*):

Data - sábado, 3/12/2022, 13:29  
Assunto - Fotos do "Mafra"

Olá,  boa tarde,

Tal como suspeitava, não conseguimos encontrar o álbum que tem as fotos do meu pai nos tempos da Guiné. A minha irmã guardou-o em algum local do qual agora não se recorda. Havemos de o encontrar,  entretanto. Eu depois vou digitalizá-las para ter um registo digital das mesmas.

Entretanto encontrei uma foto tipo passe do tempo em que ele foi para a Guiné e também o emblema do pelotão de morteiros,  que envio em anexo.

Quero agradecer pelo almoço de ontem. O almoço, o restaurante, o local, a companhia e a conversa, foi muito bom. o meu pai já há algum tempo que tinha vontade de voltar a vos ver e estar com camaradas de armas.

Um forte abraço,
Pedro Leitão (...)

2. Resposta do editor LG, com data de hoje, às 15:50, e com conhecimento a vários camaradas que passaram pelo Enxalé; 

Pedro:

Como prometido, o teu pai (e nosso camarada e amigo Manuel Leitão, mais conhecido como "Mafra") entrou para a Tabanca Grande no dia do seu 79º aniversário (*)... Não sei se viste... É também uma pequena homenagem, bem merecida... Aqui tens o link no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2022/12/guine-6174-p23841-tabanca-grande-539.html

Seguramente que o João Crisóstomo, que já deve ter chegado, a esta hora, a casa, em Queens, N. Y., onde o esperava a sua querida Vilma, vai ficar satisfeito com a notícia... O João é um homem gregário e agregador, e foi na terra dele, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras, que eu conheci o teu pai, em 2018 (estive com ele a conversar, juntamente com o nosso saudoso Eduardo Jorge Ferreira).

A CCAÇ 1439 e o Pel Mort 1028 (ou pelo menos a esquadra que era comandada pelo teu pai, o valente 1º cabo "Mafra", no Enxalé, 1965/67) ficam agora ainda mais ligados: os únicos representantes vivos destas duas subunidades que atuaram no leste da Guiné, na zona leste, Sector L1 (a CCAÇ 1439 e do Pel Mort 1028), na nossa tertúlia (a Tabanca Grande, com 867 membros, desde 2004) são o João e o teu pai, respetivamente... Do Pelotão de Morteiros nº 1028 não conhecíamos ninguém...

Podes dizer ao teu pai (que infelizmente não lê, com regularidade, o nosso blogue) que o seu Pel Mort 1028 (que deviam ser 30 homens), em 1 de julho de 1966, estava espalhado por vários aquartelamentos e destacamentos da zona leste, sector L1, da responsabilidade do BCAÇ 1888 (com sede em Bambadinca):
 
Pel Mort 1028(-) : Sede em Fá Mandinga (a 5 km a nordeste de Bambadinca)
- 1 Secção (-): Xime
- 1 Secção (-): Ponta do Inglês (junto à foz do rio Corubal, na margem direita)
- 1 Secção (-): Xitole
- 1 Esquadra: Enxalé


Vou fazer um novo poste com as fotos que mandaste. Quando descobrires, entretanto, o paradeiro do álbum do teu pai, da Guiné, logo me mandarás mais "recuerdos"... É importante que as fotos (e outros documentos, como cartas, aerogramas, diários, etc.) dos antigos combatentes da Guiné (e dos outros teatros de operações, como Angola e Moçambique) não acabem no contentor do lixo, no fogo da lareira ou na feira da ladra, como acontece infelizmente todos os dias, quando morre um antigo combatente...

Prometo telefonar ao teu pai, um dia destes, para ele me contar de viva voz (ou refrescar a minha memória com) algumas das suas histórias do Enxalé... (e de Mafra, onde estive a trabalhar uns meses, em 1973/74). Ele é um excelente contador de histórias, para além de um grande ser humano (e um amigo que muito prezo).

Desejo o melhor do mundo e da vida para o teu pai, para ti e demais família, a começar pela vossa mãe. O melhor Natal possível para vocês. E que o ano de 2023 seja de esperança. Oxalá, Enxalé, Insh' Allah!... Luís (e Alice)

PS - Também fiquei feliz por reencontrar o nosso amigo e camarada Joaquim Peixeira e a sua esposa, que, por coincidência, são pais de uma antiga aluna minha /nossa (ENSP/ NOVA) de administração hospitalar, a dra. Manuela Almeida Peixeira. Espero que o Joaquim, antigo combatente da Guiné, se junte também à nossa Tabanca Grande. Tenho, para já, o lugar nº 868, à sombra do nosso poilão, à sua espera... Só preciso das duas fotos da praxe e de duas linhas de apresentação...
___________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 3 de dezembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23841: Tabanca Grande (539): Manuel Calhandra Leitão, de alcunha o "Mafra", ex-1º cabo, Pel Mort 1028 (Enxalé, 1965/67), faz hoje anos 79 anos e passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, sob o nº 867

sábado, 3 de dezembro de 2022

Guiné 61/74 - P23841: Tabanca Grande (539): Manuel Calhandra Leitão, de alcunha o "Mafra", ex-1º cabo, Pel Mort 1028 (Enxalé, 1965/67), faz hoje anos 79 anos e passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, sob o nº 867


Torres Vedras > A-dos-Cunhados > Paradas > 16 de setembro de 2018 >   "Paradas Party, do João Crisóstomo" ou  Festa das Famílias Crisóstomo & Crispim.

O camarada  Manuel Calhandra Leitão, o "Mafra" ou o "Ruço", como era conhecido no CTIG: foi 1º cabo, Pel Mort 1028 (Enxalé, 1965/67).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Almeirim > 10 de maio de 2014 > 23º Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 54, e Pel Mort 1028, subunidades que passaram pelo Enxalé (1965/67). 

Mesta foto, além do "Mafra" (Manuel Calhandra Leitão), podemos reconhecer  outros membros da Tabanca Grande: o Abel Rei (o primero da primeira fila, do lado direito), o Henrique Matos (Pel Caç Nat 52), o José António Viegas (Pel Caç Nat 54) e o Júlio Martins Pereira (CÇAÇ 1439) (1944-2022).

Foto (e legenda): © Henrique Matos  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Coruche > 19º Encontro Nacional da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67), mais os Pel Caç Nat 52 e 54, Pel Mort 1028 e outras subunidades > 6 de Março de 2010 > Fotografia de grupo. O Manuel Calhandra Leitão está assinalado a amarelo.

Associaram-se ainda à festa os antigos alf mil  João Crisóstomo (que vive nos EUA), o António Freitas (que vive no Funchal), o Mário Beja Santos e o Jorge Rosales (1939-2019). A foto veio sem legenda: reconheço o Jorge Rosales (o primeiro da 1ª fila, do lado esquerdo), o Beja Santos (o segundo da 2ª fila, a contar do lado direito); e o Henrique Matos (o segundo da 3ª  fila, a contar do lado direito).

Fonte: © Henrique Matos (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Mafra > Ericeira > Restaurante Onda Mar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, subunidades que passaram pelo Enxalé, Porto Gole e/ou Missirá, 1965/67 >   Da esquerda para a direita, dois homens da CCAÇ 1439: o ex-alf mil Sousa (V. N. Famalicão) e  o ex-fur mil Teixeira (Faro), mais o "Mafra" (Manuel Calhandra Leitão, também conhecido por "Ruço"), ex-1º cabo apontador do morteiro 81, Pel Mort 1028, o organizador do convívio.


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira Onda Mar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À direita, a Felismina, a "patroa" do "Mafra", que o ajudou a organizar o encontro, juntamente com os filhos. À esquerda, a Alice Carneiro.


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira Onda Mar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  O João Crisóstomo e o filho do "Mafra", o Pedro Leitão, que empresta "a caixa de correio eletrónico" ao pai... Também gostei muito de falar com ele e incentivei-o a gravar, em áudio e vídeo, as histórias de vida do pai, o nosso camarada "Mafra"...  

Foto (e legenda): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Torres Vedras > A-dos-Cunhados > Paradas > 16 de setembro de 2018 > Festa das Famílias Crisóstomo & Crispim > Dois camaradas da Guiné: no lado esquerdo, o nosso  saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019); no lado direito, o "Mafra", um camarada natural de Achada, Mafra que esteve com o João Crisóstomo no Enxalé em 1965/67...


Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 >   Os participantes da CCAÇ 1439 presentes: "Mafra", Teixeira e eu. O "Mafra", de seu nome, Manuel Calhandra Leitão,  foi o organizador do último encontro, de resto excelente (do ponto de vista da escolha do restaurante e do agradável convívio), do pessoal da CCAÇ 1439, na Ericeira, em 18/5/2019.


Mafra > Sobreiro > 1 de junho de 2022 > Visita ao "Mafra", na sua casa: a Vilma tirou a foto e ficou de fora… Em primeiro plano,  sentados, o "Mafra" e a esposa; na fila de trás de pé,   os filhos do "Mafra"  a meu lado.
 
Foto (e legenda): © João Crisóstomo (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. O "Mafra", alcunha do Manuel Calhandra Leitão, conhecia-o na terra do João Crisóstomo, Paradas,  A-dos-Cunhados. concelho de Torres Vedras, por ocasião da festa das famílias Crisóstomo & Crispim, em 16 de setembro de 2018. Na altura ainda era vivo o nosso querido Eduardo Jorge (1952-2019). 

Estivemos um bocado à conversa, de copo na ,ão,e conclui que  o "Mafra" era um grande contador de histórias... Logo na altura convidei-o para integrar a Tabanca Grande; de seu nome completo, Manuel Calhandra Leitão; não se lembrava, na altura,  do nº do Pel Mort, que estava sediado em Bambadinca, dizia ele  (descobri depois que era o Pel Mort 1028)... 

O "Mafra" era de rendição individual. Não tem notícias dos seus camaradas desse tempo, que fizeram parte do pelotão de morteiros. Foi destacaddo para o Enxalé com uma esquadra (ele mais sete, sedno ele o 1º cabi)... E lá fez a sua comissão que só acabou, uns meses depois da CCAÇ 1439 ter regressado a Bissau... 

Já agora ficamos com uma ideia das forças que estavam às ordens do BCAÇ 1888 (Fá Mandinga), subordinado do Agrupamento 24 (Bafatá), à data de 1 de julho de 1966:

BCAÇ 1888;
- Comando - Sector LI Fá Mandinga
- CCaç 818 (-) Xitole
_ 2° Pel (-) Saltinho
- 1 Sec Ponte Rio Pu 10m
- 1 Sec Cansamange
- CCaç 1439(-) Enxalé
_ 3° Pel(+) Missirá
- 2 Sec Porto Gole
- CCaç 1551(-) Bambadinca
_ 1° Pel(-) Taibatá (T)
_ 2° Pel(-) Xime
- 1 Sec Amedalai (T)
- 1 Sec Galomaro
- CCav 1482(-) Xime
_ 2° Pel(-) Quirafo (T)
_ 3° Pel Ponta do Inglês
- 1 Sec(+) Galomaro
_ 1 Pel(-)/1ª CCaç Porto Gole
- 1 Sec Enxalé
- Pel AMetr "Daimler" 809 Galomaro
- Pel Mort 1028(-) : Fá Mandinga
- 1 Sec(-) Xime
_ 1 Sec(-) Ponta do Inglês
- 1 Sec(-) Xitole
- 1 Esq Enxalé
_ Comp Milícia 1(-) Dulombi
- 1 Pel Finete
- 1 Pel(-) Moricanhe
- 1 Sec Samba Silate
- Comp Milícia 14(-) Quirafo
_ 1 Pel Ponta do Inglês
- 1 Pel(-) Galomaro
_ 1 Sec(-) Sinchã Tumani
- 1 Sec Mondajane
- 1 Sec(-) Cansamange
- 1 Sec Duá

O "Mafra" falou-me de homens "lendários" como o Luís Zagallo e Abna Na Onça e de alguns episódios de guerra. Era um exímio apontador de morteiro.

Entretanto, fui depois conhecer a sua quinta, na Sobreira, Mafra, onde ele  era um  produtor de limões, de créditos firmados  (tinha mais de setecentos limoeiros). Esta zona do concelho de Mafra, próxima do mar, Ericeira, é historicamente uma grande produtora de limões. 

Tive ocasião de conhecer o seu grande amor à terra, bem como à sua família, esposa, filha e filho.

Meteu-se, entretanto, a pandemia, e surgiram problemas de saúde, que tiraram um bocado de alegria à vida: o "Mafra" já recuperou, a esposa Felismina ainda anda em tratamento.

Ontem, encontrámo-nos, na Praia da Areia Branca, Lourinhã, no restaurante Foz, por iniciativa do João  Crisóstomo (que esteve cá menos de um mês, desta vez sem a sua Vilma, e gressa a Nova Iorque no próximo domingo, dia 4). Infelizmemnte, não tenho uma única foto...

Cabíamos numa mesa, éramos sete:  eu, a Alice, o João Crisóstomo, o Joaquim Peixeira e a esposa, o Leitão e o filho, Pedro... O Joaquim Peixeira, que vive em Loures, é alentejano de Campo Maior, ex-bancário, e ex-furriel mil, que passou por Tite, também no período de 1965/67; não tomei boa nota do batalhão e companhia a que pertencia, mas suponho que era o BCAÇ 1860 (Tite, 1965/67): não dispunha de subunidades orgânicas, e foi rendido pelo BCAÇ 1914).

Foi um agradável almoço no resturante Foz, que tem uma localização privilegiada, memso em cima da praia. Pedimos três pratos duplos: mariscada de povo, arroz de lampreia, e povo panado com feijão...  

Ainda antes de começarmos o repasto, voltei a lembrar, ao "Mafra", o meu convite de 2018. O filho, Pedro Leitão, que tem uyma empresa na área do "web design", prometei-me enviar algumas fotos digitalizadas do seu álbum da Guiné. 

E logo ali fizemos um brinde aos nossos reencontros (ele anda sempre atrelado ao CCAÇ 1439)  e demos-lhe os parabéns antecipados pelo dia de hoje, em que completa 79 anos.

É uma pequena prenda de anos, esta, coincidindo a sua entrada na Tabanca Grande. Uma prenda mais do que merecida: a sua história de vida é um exenplo para todos nós, o "Mafra" ou "Ruço" (era "lourinho" quando jovem) é sobretudo um exemplo de tenacidade, capacidade de luta, organização e resistência... É uma cidadão com valores e princípios, um lutador pela justiça e a liberdade, antigo operário da FOC... 

Sê, pois,  bem vindo, "Mafra", ficas aqui connosco de pleno direito,,, E sentimo-nos felizes pela tua presença ao nosso lado. Ficamos `espera das fotos prometidas pelo teu filho. E agora, não te esqueças: até aos cem, é sempre em frente, só é preciso é ter cuidado com as "minas & armaldilhas", e nunca perder a bússola, o mesmo é dizer, o norte (e os restantes pontos cardeais). Parabéns, bebo mais um copo à tua saúde, com votos de melhoras para a tua Felismina. Oxalá, Enxalé, Insha'Allah! (LG)

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23387: Convívios (936): 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): Caldas da Rainha, 28/5/2022: Fotos - Parte II (João Crisóstomo)


Foto nº 1 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 >   Os participantes da CCAÇ 1439 presentes: "Mafra", Teixeira e eu. O "Mafra", de seu nome o Manuel Calhandra Leitão,  foi o organizador do último encontro, de resto excelente (do ponto de vista da escolha do restaurante e do agradável convívio), do pessoal da CCAÇ 1439, na Ericeira, em 18/5/2019.


Foto nº 2 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) >Os  mesmos da foto nº 1  com os familiares que nos acompanharam; falta o Pedro, filho do "Mafra", Pedro Leitão,  que tirou a fotografia. O Teixeira veio de Faro com a esposa e a neta.


Foto nº  3 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) > "Junta-te aos bons e serás bom", disse eu ao Beja Santos, nosso sucessor em Missirá, Finete, Mato Cão, como comandante do Pel Caç Nat 52 (1968/70)… E ele não se fez rogado.


Foto nº 4 > Caldas da Rainha > 28 de maio de 2022 > 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67) > O grupo dos camaradas participantes (*); falta o Teixeira que chegou mais tarde. Foto tirada pela Vilma.



Foto nº 5 > Mafra > 1/6/2022 > Visita ao "Mafra", na sua casa: a Vilma tirou a foto e ficou de fora… Em primeiro plano,  sentados, o "Mafra" e a esposa; na fila de trásm de pé,   os filhos do "Mafra"  a meu lado.
 
Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem do João Crisóstomo, ex-alf mil at inf, CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67),  que regressou entretanto, há dias, à sua casa, em Queens, Nova Iorque, depois de um périplo de dois meses por Portugal, Inglaterra e Eslovénia;

Data - sexta, 3/06/2022, 00:11
Assunto - Encontro nas Caldas da Rainha

Caro Luís Graca,

Como sabes,  a nossa planeada multifacetada estadia em Portugal (ver amigos; férias, tratamento dentário, encontros e outros) não saiu exactamente como esperávamos.  Alguns encontros planeados tiveram de ser cancelados ou modificados, na maioria dos casos ainda causados pela Covid, ou simplesmente pela chatice da idade que não excepciona ninguém. 

A participação da CCAÇ 1439 no encontro de 28 de Maio,  nas Caldas da Rainha, acabou por ser muito reduzida: eu, na expectativa de poder dar um abraço aos meus amigos dos tempos da Guiné, fiquei mais duas semanas para esse encontro (adiando a partida para a terra da Vilma, a Eslovénia), mas no fim éramos apenas três: eu, o Teixeira (que veio do Algarve) e o "Mafra", felizmente acompanhados por alguns familiares dando-nos o preciso suporte moral… Mas mesmo assim valeu a pena.

(...)   Falando ainda do encontro de 28 de Maio: foi uma pena tu não teres podido lá estar; felizmente a presença do Beja Santos preencheu essa lacuna dando-lhe brilhantismo e vida. Com certeza o José Fernando Almeida vai-te enviar fotos (*),  etc.,  sobre este encontro. Entretanto no que me/nos diz mais especialmente respeito aqui te envio umas fotos sobre o encontro (...).
 
Quando me apercebi que a maioria dos nossos camaradas da CCAÇ 1439 não podiam aparecer, eu pus-me a magicar como havia de fazer para os ver; mas desta vez por razões várias não me foi possível viajar tanto como desejava; o único que ainda tive maneira de visitar foi o Leitão (de alcunha "Mafra"), como podes ver numa das fotos que envio (Foto nº 5)

Um abraço, João (**)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23381: Convívios (934): 26º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) + CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): Caldas da Rainha, 28/5/2022: Fotos - Parte I (José Fernando Almeida)

(**) Último poste da série > 26 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23385: Convívios (935): Rescaldo do 50.º Almoço dos militares e famílias da CCAÇ 414, levado a efeito no passado dia 29 de Maio em Aveiro (Manuel Barros Castro)