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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)


Guiné > Região do Oio > Rio Mansoa > 1970 > Restos do Helicóptero Alloutte III, que se despenhou no dia 25 de Julho de 1970, no Rio Mansoa, em consequência das condições climatéricas. Nele morreram, além do piloto (Alf Pilav Francisco Lopes Manso), o Cap Cav José Carvalho Andrade e mais 4 deputados em visita à Província (entre eles Pinto Leite, o então chefe da Ala Liberal da Assembleia Nacional, e o guineense Pinto Bull).

Cortesia de: © Victor Barata (2008) /Blogue
Especialistas da BA12, Guiné 1965/74. Direitos reservados.
1. Mensagem do editor L.G.:

Em complemento do que já escrevi em poste anterior (*):

No passado dia 31 de Janeiro, sábado, por volta da hora do almoço, recebi um telefonema do Jorge Caiano (espero ter ouvido bem o nome) que era o mecânico do heli do Alf Pilav Manso, no dia 25 de Julho de 1970... Ele informou-me que tinha chegado ao conhecimento do nosso blogue através do blogue do Victor Barata...

O Caiano vive no Canadá, na região de Toronto, desde 1974. É, portanto, um português da diáspora. Nascido em Louriçal, Pombal, foi cedo viver para Aveiro. Tem hoje cerca de 60 anos.

Na tropa, era mecânico da FAP, esteve na BA12, Bissalanca, cerca de 22 meses (1969/70). Regressou em Novembro de 1970.

Prometeu mandar-me um mail. Não está muito familiarizado com a Internet. E eu prometi resumir, no nosso blogue, a conversa que tive com ele ao telefone. Manda um abraço para todos os camaradas da FAP e em especial para os pilotos Félix e Coelho, que ele conheceu em Bissalanca e com quem voou (mais com o Coelho do que com o Félix).

Eis, no essencial, a conversa que ele teve comigo, ao telefone, sobre o trágico acidente do ALL III, que causou seis vítimas mortais:

Por decisão do comandante da esquadrilha, o Cap Pilav Cubas, e aparentemente por uma questão de peso, o Caiano seguiu com ele e não com o Alf Manso, na viagem de regresso a Bissau... (Em princípio, era aos mecânicos que competia avaliar o peso dos helis. Mas neste caso, o Jorge teve que seguir as ordens do seu comandante).

Ia o Manso à esquerda, o Cubas ao meio, o Coelho, à direita. Os três helis voavam em formação quando foram apanhados por uma tempestade tropical. Havia muito pouca visibilidade. Mas deu para ele, Jorge Canao, se aperceber de uma pequena explosão ("uma chama") no interior do heli do Manso. Segundo a sua teoria, o passageiro ao lado do piloto (um dos deputados ? o oficial do Exército ?) deve ter accionado a alavanca do gás (sic). Por inadvertência ou pânico...

O Manso, que era periquito (tinha chegado há dois meses), deve ter perdido o conrolo da situação...

O Jorge Caiano foi testemunha deste caso em tribunal militar. E lembra que, a partir daí, a FAP proibiu que os passageiros viajassem, nos helis, ao lado do piloto, no lugar do mecânico. Os oficiais do Exército (e s0bretudo os oficiais superiores) gostavam muito desse lugar por que tinha uma vista panorâmica. Via-se muito melhor a paisagem....

O heli do Manso despenhou-se no Rio Mansoa, "por volta das 15 horas", do dia 25 de Julho de 1970 (não parece ter dúvidas sobre a data), tendo morrido ou desaparecido 4 deputados da Nação (incluindo o Dr. Pinto Leite, chefe da chamada ala liberal da então Assembleia Nacional), além do Manso e de um oficial do exército do QG. Um dos deputados era o guineense Pinto Bull, que também tinha um filho, mecânico da FAP, a cumprir o serviço militar na Guiné (Bissalanca, BA12). Por sua vez, a mulher do piloto era pressuposto chegar de Lisboa, no dia seguinte. (***)

O Jorge confessa que deve a vida ao destino, à troca de lugar, imposta pelo Cap Pilav Cubas. Essa foi a razão por que ainda hoje está vivo, diz ele, do outro lado do telefone... E acredita que o destino marca a hora. Este acidente de guerra marcou-o para toda a vida.

O Jorge vive perto do Toronto. Responde-me que a crise (económica) também já chegou lá. É amigo de alguns tipos da minha terra, Lourinhã, como o Manuel do Rosário (que ainda é meu parente afastado e é do meu tempo de escola) e do José Jorge.
_________

Notas de L.G.

(*) Vd. poste de 31 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3825: FAP (2): Em cerca de 60 Strellas disparados houve 5 baixas (António Martins de Matos)

ÚLtimo poste desta série > 9 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3859: FAP (6): A introdução do míssil russo SAM-7 Strela no CTIG ( J. Pinto Ferreira / Miguel Pessoa)

(**) Vd, postes do nosso blogue:

20 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3335: Controvérsias (6): O acidente aéreo de 25 de Julho de 1970 (Carlos Ayala Botto)

11 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3296: Controvérsias (4): O acidente aéreo de 26 de Julho de 1970 (Jorge Picado)

10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias)

10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3291: (Ex)citações (4): Pinto Leite, em Bambadinca, dois dias antes de morrer em desastre de helicóptero: Não há solução militar

(***) Vd. postes no blogue so Victor Barata, sobre o malogrado Alf Pilav Manso:

4 de Novembro de 2008 > 514 - UM APELO DA IRMÃ DO ALF PILAV MANSO.

(...) Boa tarde, sou irmã do saudoso Alf Piloto Av FRANCISCO LOPES MANSO. Logo que descobri este blogue sobre os camaradas da Guiné, comecei a ler pois falavam muito vagamente no meu irmão. Era Piloto Aviador, formado na Academia Militar, e foi parar à Guiné com os helicópteros.

Nunca soubemos a verdade sobre o acidente . Os meus Pais faleceram com esse desgosto. """DESAPARECIDO""" e pronto!!!!!.

Fiquei muito sensibilizada com a sua recordação do meu querido mano Mano. Ficámos 5 irmãs com esta dúvida no nosso coração. Ele era português, nascido nos Envendos distrito de Mação em 4 de Março l944.

Muito obrigada pela recordação dele. Pois ele nem aparece no monumento aos combatentes do Ultramar.Sem o conhecer envio um abraço muito comovida.Vivi em Luanda , agora vivo em Aveiro.

Natália Maria


7 de Novembro de 2008 > 521 A RESPOSTA À IRMÃ DO MANSO

(...) No passado dia 4.11,através do Post 514, publicámos um apelo feito pela irmã do nosso companheiro Alf Pilav Francisco Manso, falecido em Mansoa, Guiné a 25.7.1970, no sentido de recolher elementos que a pudessem esclarecer melhor sobre este assunto visto à data do acontecimento,e ainda hoje,nunca ter sido indicado as causas do acidente.

Chegaram já até nós dois apontamentos que nos merecem os agradecimentos e que transcrevemos:

Salgado Gonçalves
Sarg Chefe 1ª/68 Guiné

UMA RESPOSTA PARA A IRMÃ DO ALF PILAV FRANCISCO MANSO


Companheiro Victor, na tua pessoa mais uma vez saúdo todos os companheiros. Quase diariamente passo pelo 'nosso' blog para ficar a par das novidades, hoje vi o pedido da irmã do falecido companheiro, Alf Pilav Manso.

Não tenho muito para dizer... Foi na época da minha estada na BA12 69/71, lembro-me que a missão consistia em transportar uns deputados da então Assembleia Nacional, parece-me que à povoação de Mansoa que dava nome ao rio, onde o heli caiu.Todos quantos iam no Heli faleceram além do Manso e, entre outros, ia um deputado natural da Guiné, penso que de nome Pinto Bull, não tenho a certeza. Da missão faziam parte pelo menos dois Helis, o outro julgo que era pilotado pelo comandante da esquadra Capitão Cubas.

A perda do Manso foi muito sentida por todos nós pois era uma excelente pessoa. Junto envio umas fotos do Heli depois de recuperado. Por hoje é tudo cumprimentos para toda a rapaziada.

Salgado Gonçalves, Cabo MMA 1ª 68
(...)

ARQUIVO HISTÓRICO DA FORÇA AÉREA PORTUGUESA

Exmo Senhor,

Em resposta ao Vosso email sobre o acidente do ex ALF/PILAV Francisco Lopes Manso, local do acidente, Rio Mansoa, junto à Ilha de Lisboa. Originou a morte do Piloto desaparecido e de um Capitão do Exército e mais quatro civis, o acidente deu-se com um ALLIII que caiu no Rio Mansoa derivado a um tornado e muita chuva, os corpos do CAP do Exército e dos civis apareceram sem vida e o corpo do piloto não apareceu.

Mais informo que o ex Piloto consta na lista dos falecidos da Força Aérea no Arquivo Histórico da FAP.

Com os melhores Cumprimentos
AHFA (...)


O editor do blogue, o nosso camarada Victor Barata, escreveu o seguinte, em jeito de nota final:

"A causa imputável, as condições meteorológicas. Tornado tropical: Ventos violentos com turbilhão, Chuvas, Visibilidade zero. Estas condições meteorológicas foram confirmadas por tripulações de helicópteros que voavam na proximidade da zona. A marinha efectuou busca no rio. Recuperação da estrutura, sem os corpos da tripulação, e dos passageiros". (...)