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terça-feira, 1 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15812: Inquérito 'on line' (37): O moral das tropas... lá no cu de Judas! (António Rosinha / José Colaço)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Pessoal do 2º Grupo de Combate, atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba, no regulado do Cuor, em frente a Bambadinca (que pertencia ai regulado de Badora). O destacamento que havia mais a norte, era o de Missirá (guarnecido pelo Pel Caç Nat 52, no tempo do alf mil Beja Santos, 1968/70, e depois pelo Pel Caç Nat 63, do al

A tabanca de Finete, em autodefesa, guarnecida pelo Pelotão de Milicia nº 102, é visível ao fundo. No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (se não erro), vê-se o fur mil op esp Humberto Reis e o 1º cabo António Branco.

Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) >  c, 1969/1970 > Pessoal do 2º Grupo de Combate da CCAÇ 12 atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete, No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali,   vê-se o fur mil at inf Tony Levezinho, ao meio (com o tapa-chamas da sua G3 devidamente protegido por uma cápsula de plástico verde, cuidado que era raro haver entre as NT), ladeado pelo 1º cabo António Branco (à sua direita, com duas granadas defensivas à cintura) e pelo 1º cabo José Marques Alves, de alcunha, o "Alfredo" (à sua esquerda) (infelizmente, já desaparecido, em 2013),


Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados (Edição e legendagem: LG)


Comentários ao poste P15807 (*)

I. António Rosinha 

[ ex-fur mil, Angola,1961/62; viveu no Brasil,
 no pós-25 de abril;  foi topógrafo da TECNIL,
como "cooperante", na Guiné-Bissau, em 1979/93]



Nunca houve quarteis no interior em que a moral não fosse do piorio, mesmo sem guerra, nem tiros, nem ataques, nem baixas.
Exceptuando as unidades nas cidades, com especialidades burocráticas, o chamado apoio de rectaguarda, transmissões, abastecimentos, administrativos, que teriam algum alheamento do perigo e do isolamento, tudo o resto, em qualquer território africano, a tropa vivia ansiosa a dar baixa dos dias no calendário da parede.

Como vivi, por necessidade de ofício no interior de Angola (estradas, pontes e levantamentos) acampei em Angola durante anos, em lugares em que geralmente ou havia uma companhia, ou um pelotão ou uma secção, por perto.

E como fui furriel na guerra e não me sentia bem com arame farpado, capitães, e majores, aliás, acima de alferes nunca acertei, só tive duas porradas leves, mas por ser bom rapaz, como digo que para mim foi chata a tropa, custava-me ver a tropa da metrópole naqueles cus de judas, como chamou o Lobo Antunes umas terras lindíssimas, só que fosse livre de arame farpado.

Mas um dos martírios da tropa do interior, era não haver um programa de rotatividade de pequenos grupos se deslocarem às cidades para um pequeno banho de civilização (mudar de ambiente, mudar o óleo, e até de comida do mesmo cozinheiro).

Mas o pior, é que a tropa nem convivia com africanos, por não falar a mesma língua, nem com os europeus como eu, a quem por exemplo um capitão me atirou à vara que estava ali, porque eu tinha andado a tratar mal os pretos.

Ou seja, além da falta de moral, ainda havia a revolta.

Luís e António, não podiamos abandonar aquilo sem guerra. Entregar ao Amílcar Cabral, jamais, que ainda era novo, precisava viver.

Mas era preciso 13 anos? Porque não parou a meio, quando o homem de Santa Comba caíu da cadeira?

Porque os capitães de Abril ainda só eram alferes nesse tempo?

Luís Graça, quando tornares a fazer um inquérito,  questiona tudinho, mais do que questionavam os comandantes

Cumprimentos, Antº Rosinha.


II. José Colaço  

[ex-soldado trms, CCAÇ 557, Cachil,Bissau e Bafatá, 1963/65]

Respondendo ao nosso inquérito, assinalo os seguintes pontos:

(i) a deficiente instrução das tropas e quadros;

(ii) o deficiente equipamento das unidades no terreno;

(iii) as faltas de pessoal e insuficiência de efectivos;

(iv) os problemas nos abastecimentos das unidades em material, munições, víveres e água;

(v) a falta de enquadramento e aproveitamento dos nativos em operações de segurança...


Sou do início da guerra da Guiné, fui lançado na Operação Tridente só com um mínimo de preparação, eu e os meus camaradas de especialidade, inclusive o furriel (transmissões) e todas os outras especialidades até os atiradores; devido a nossa inexperiência e falta de conhecimentos houve alguns acidentes com a desconhecida G3...Por outro lado, receber uma mensagem era repetição constante dos grupos fonéticos e ter que pedir para o emissor transmitir devagar, pausado, que o operador era (maic) (maçarico)... mas como nós somos um povo do desenrasca tudo se resolveu.

Para transmitir para Catió nós não conseguíamos, comunicávmos com alguma dificuldade (principalmente durante a noite) com o BCAÇ 490 que estava em Cauane, no outro lado da Ilha do Como, e eles retransmitíam a nossa mensagem. Devido a esta dificuldade alguém do comando mandou ao Cachil um segundo sargento electromecânico e ensinou-nos como montar (e montou ele) uma uma antena horizontal.

Com este aparte, é só para dizer que concordo com todos os pontos que o meu primeiro comandante chefe na Guiné, Brigadeiro Louro de Sousa, mencionou pois tive oportunidade de os comprovar no terreno.

Mas discordo do ponto nº 1 em 50%: que os milicianos tivessem essa deficiência, concordo em absoluto, mas os quadros não: são ou eram profissionais de carreira, tinham por obrigação, dever de profissionalismo, estar preparados a 100% para todos os reveses que a profissão reserva.

Um abraço, Colaço.

________________

Nota do editor:

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12762: Manuscrito(s) (Luís Graça) (22): O espírito de corpo ou a navalha de ponta e mola da solidariedade entre combatentes: recordando 3 episódios do meu tempo e lugar




Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Pessoal do 2º Grupo de Combate da CCAÇ 12 atravessando em coluna apeada a bolanha de Finete na margem direita do Rio Geba. A tabanca, em autodefesa, guarnecida pelo Pelotão de Milicia nº 102, é visível ao fundo. No primeiro plano, para além de municiador da Metralhadora Ligeira HK 21, Mamadú Uri Colubali (se não erro), vê-se o fur mil op esp Humberto Reis, nosso colaborador permanente,  e o saudoso 1º cabo José Marques Alves, de alcunha "Alfredo" (1947-2013)...(Natural de Campanhã, Porto, vivia em Fânzeres, Gondomar).

Foto do Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

Foto: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luíos Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Quantas vezes, à noite em Bambadinca, fumando um cigarro, depois do jantar, descontraídos, de copo de uísque na mão, gozando o merecido repouso dos guerreiros, nas traseiras do aquartelamento, no conforto relativo  do bar e messe de sargentos,  sobranceiro à bolanha, não assistimos ao "fogo de artifício", ao longe, ao mesmo tempo que tentávamos advinhar, em voz alta,  quase em disputa uns com os outros, quem eram os "desgraçados", tabanca em autodefesa, destacamento  ou aquartelamento, dentro ou fora do setor L1, que estavam a "embrulhar", a levar porrada, o tipo de granadas que explodiam, os quilómetros que distavam da nossa posição,  enfim, cronometrando o ataque ou a flagelação, estimando baixas...Por vezes, os gajos do PAIGC usavam inclusive balas tracejantes, tornando ainda mais real,  e ao mesmo tempo fantasmagórico,  o "espetáculo"...

E tudo isto, sem nada fazer ou sem nada poder fazer... Nessas noites tínhamos pelo menos a certeza de poder dormir numa cama com lençóis lavados, na nossa cama, com colchão de espuma... Era dia (ou noite) de folgar as costas, de poupar o coirão, e, se possível, sonhar com coisas boas...

2. Mas também é verdade que éramos capazes de pegar na trouxa e zarpar, em socorro de camaradas em perigo, de dia ou de noite. Ou de trazer às costas os nossos mortes e feridos, ou os mortos e feridos de outras companhias... De resto, o ser humano em grupo é capaz de fazer o melhor e o pior, as coisas mais sublimes como as mais perversas (como, por exemplo, acordar de noite e limpar a parada de Bambadinca de todos os cães vadios que nos perturbavam o sono...).

Podía contar aqui alguns episódios do tal "espírito de corpo": lembro-me, por exemplo, de um coluna de socorro a Nhabijões, justamente quando eu lá estava destacado, a comandar aquela tropa fandanga, e houve uma alerta de turras na tabanca (que estava em fase de reordenamento)... Sei que recebi, de imediato, o reconfortante apoio do piquete de Bambadinca, reforçado por mais alguns voluntários, entre os quais o Beja Santos... E nessa noite pude dormir mais descansado (mas já não me lembro se, mesmo assim,  o consegui...). O destacamento era constituído por "básicos" e "convalescentes"... E a enorme tabanca (c. de 1600 habitantes, maioritariamente balantas e alguns mandingas) era considerada, desde o início da guerra,  como estando "sob duplo controlo",,,

Nessa noite, alguns elementos IN (provavelmente pop e não propriamente guerrilheiros) tinham entrado na povoação, para se abastecer, como o faziam regularmente. Nhabijões era jum "entreposto" do PAIGC...A populaçaõ abastecia-se em Bambadinca (no Zé Maria,no Rendeiro...).

Nessa noite, em data que já posso precisar, os nossso "bufos" deram o alerta, mas a notícia de "turras na tabanca" era manifestamente exagerada...Se nessa noite vieram turras, armados, a acompanhar a população, eles ficaram só para jantar e deixaram as Kalash no bengaleiro... Aliás, não era do seu interesse alterar o "status quo"...De dia a tabanca era "nossa", de noite eles entravam e saíam com a maior das calmas (, pelo menos aparente...), cambando o rio Geba para o outro lado (, Enxalé e Cuor) ou metendo-se a pé a caminho do Baio Buruntoni, no subsetor do Xime

Repare-se que, de noite, e nestas circunstâncias, as nossas viaturas arriscavam a pisar uma mina... Como nos acontecerá uns meses depois, aos 20 meses de comissão, à entrada (ou à saída) de Nhabijões, em 13 de janeiro de 1971... Mas, quando se vai em missão de socorro, subestimamos os riscos e sobrevalorizamos as nossas forças, fazendo apelo ao tal espírito de corpo para o qual fomos treinados...


Guiné >  Região de Bafatá > Antiga Estrada Xime - Bambadinca > 1997 > A antiga Ponte do Rio Udunduma, vista da nova estrada Xime-Bambadinca. Neste destacamento estava permanente um Grupo de Combate da CCAÇ 12, que vivia em buracos como as toupeiras (rodava todas as semanas). Ou melhor dizendo: eram três apartamentos subterrâneos tipo T Zero" (HR)...

Foto (e legenda): © Humberto Reis (2005) (com a colaboração do Braima Samá, professor de Bambadinca)


3. Mas houve mais outros episódios em que a solidariedade entre combatentes funcionava como uma verdadeira navalha de ponte e mola...

Recorde-se aqui uma história, já contado pelo Humberto Reis, na I Série, há manga de tempo, e que tem a ver com o destacamento da ponte do Rio Udunduma:

"Com este destacamento [do ponte do Rio Udunduma] passou-se um episódio que diz bem do carácter que presidia à união de todos os operacionais [...].

"Um domingo à noite estávamos a jantar na messe [, em Bambadinca], nesse dia calhou-me estar dentro do arame, e de repente começámos a ouvir rebentamentos para os lados da ponte. Pensámos que era o destacamento que estava a embrulhar e automaticamente nos levantámos (eu e mais alguns até estávamos vestidos à civil), fomos a correr aos respectivos quartos buscar as armas e quando chegámos à parada já lá estavam alguns Unimog com os respectivos condutores à espera (ninguém lhes tinha dito nada mas a ideia foi a mesma - é a malta da ponte a embrulhar, temos de os ir socorrer).

"Até um dos morteiros 81 levámos e aí vai o Fur Mil Lopes, do Pelotão de Morteiros com uma esquadra - o Lopes, natural de Angola (tão bem organizada que era a nossa administração militar, que o colocaram na Guiné!).

"Felizmente, quando chegámos à ponte, verificámos que não era aí, mas sim dois Km mais à frente, na tabanca de Amedalai, pelo que seguimos até lá. [Amedalai ficava a caminho do Xime, antes da temível Ponta Coli]...

"Escusado será dizer que quando o IN notou que chegaram reforços desarmou a tenda, fez a mala e foi-se embora" [Relato de Humberto Reis]...


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Estrada Finete-Missirá > 17 de outuibro de 1969 > O fur mil op esp Humberto Reis (à esquerda) e o alf mil at inf António Carlão (à direita), do 2º Gr Comb da CCAÇ 12, vistoriando, no dia seguinte,  os restos da viatura (Unimog 404) em que seguia o alf mil Beja Santos, comandante do Pel Caç Nat 52, quando accionou uma mina anticarro, no dia 16 de Outubro de 1969, por volta das 18h00, na zona de Canturé (entre Finete e Missirá: vd. carta de Bambadinca, de 1/50.000).

Foto: © Humberto Reis (2006)/Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


4. Outro episódio de que me lembro bem,  foi  quando o Beja Santos e parte do seu Pel Caç Nat 52 caíram num mina A/C, seguida de emboscada, quando iam de  regresso a Missirá, já ao fim da tarde... Na história oficial ou oficiosa das crónicas da Guiné, o evento foi assim secamente relatado:

"Em 16 [de Outubro de 1969] , IN não estimado emboscou no lado direito da estrada Finete-Missirá, próximo de Canturé, uma coluna de reabastecimerntos do Pel Caç Nat 52, composto por 15 elementos, simultaneramente ao accionamento de mina A/C, causando 1 morto e 3 feridos graves às NT. O IN sofreu 1 morto quando provocava assalto." (Fonte:Históira da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

Lembro-me bem deste fatídico acontecimento, que causou emoção em Bambadinca, até porque integrei a coluna de socorro que partiu daqui, atravessando o Rio Geba, de piroga,   e a bolanha de Finete, a pé. Tudo se passou quase à nossa frente. O local da emboscada estava inclusive ao alcance dos nossos morteiros. Na altura ainda não havia obuses em Bambadinca, mas apenas um esquadrão do Pel Mort 2106 (espalhado, de resto, pelos ouytros aquartelamentos do Setor L1: Xime, Mansambo, Xitole, Saltinho).

Mal ouvimos a explosão, foi de pronto organizada um coluna de socorro, composta pelo pelotão de piquete, o  2º Gr Comb do lf mil Carlão e dos furriéis mil Humberto Reis e Tony Levezinho,  reforçado com  Pel Rec Inf da CCS/BCAÇ 2852.

Era voz corrente que o Beja Santos, conhecido entre os seus camaradas milicianos como o "tigre de Missirá" (nome de guerra que lhe terá sido posto pelo "major elétrico", 2º comandante do BCAÇ 2852) tinha a cabeça a prémio no regulado do Cuor... Exagero ou não, o próprio Beja Santos reconhece publicamente este facto num dos muitos postes que ele já escreveu, com as suas memórias deste tempo e lugar:

"A 15 [, ou melhor, 16] de Outubro devíamos ter regressado mais cedo. O Comandante local do PAIGC, Corca Só [antigo futebolista dos balantas de Mansoa] já me tinha ameaçado de morte, tendo mesmo deixado um bilhete na estrada. Saímos tardíssimo de Finete, o sol a cair a pique, como acontece nos trópicos" (...).

De facto, não foi a 15, mas sim a 16. Felizmente que o Corca Só não levou para Madina/Belel o escalpe do Beja Santos. Pelo contrário, voltou para casa com um morto às costas. Nesse dia, ficámos quites, foi um jogo de empate, se é que podemos brincar com uma tragédia como esta, em que houve mortos e feridos de um lado e do outro...

O Beja Santos não foi apanhado à mão por um triz. E isso é o mais importante: ele hoje está vivo e entre nós, partilhando connosco as alegrias e as tristezas de um tempo e de um espaço que nos coube em sorte, nos nossos verdes (e loucos) vinte anos.

PS - O episódio da emboscada com mina, em Canturé, em 16/10/1969,  passou-se antes do episódio de Nhabijões...Que terá sido no 1º trimestre de 1970, estava já o Beja Santos em Bambadinca, com o seu Pel Caç Nat 52, a terminar a sua comissão, de rendição individual... Não posso, de momento, precisar a data e o mês. De qualquer modo, eu e o Beja Santos ficámos quites... Mas também na guerra o altruísmo é egoista: é um por todos e todos por um...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12647: (Ex)citações (229): O 'pesadelo', à noite, do destacamento da ponte do Rio Udunduma (Tony Levezinho, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento da ponte do Rio Udunduma > Um bu...rako de muitas estrelas... Na foto, o Humberto Reis,  fur mil op esp,  a comandar o 2º Gr Comb da CCAÇ 12, na ausência do alf mil at inf António Manuel Carlão, destacado para o reordenamento de Nhabijões, "ali ai lado", do outro ladod a bolanha...

Do lado direito, os três cabos, metropolitanos, do 2º Gr Comb:  de cócoras, o saudoso José Marques Alves (1947-2013) [2ª secção, a do Humberto Reis]; de pé, em primeiro plano e de perfil, o  Arménio Monteiro da Fonseca [1ª secção; vive no Porto, onde é ou era taxista]; em segundo plano, ao lado do Humberto, o Manuel Alberto Faria Branco [3ª secção, a do Tony Levezinho]. Este grupo de combate só tinah 2 furriéis. E depressa ficou sem o alferes...

Foto: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]

1. Mensagem de António Levezinho, 23/1/2014, 22:38:

Velho Amigo:

Obrigado pelos "lembretes" (*)

Tenho daquele local a memória de que, apesar de calmo durante o dia, as precárias instalações, como tu bem as descreves, tornavam as noites de quem lá ficava em missão, longas e convidativas ao pesadelo
sistemático.

Porquê? Pois, se bem te recordas, tais abrigos estavam implantados praticamente ao nível do solo, como, aliás, tinha que ser, mas num terreno em declive, descendo no sentido Xime-Bambadinca. Em tais circunstâncias, torna-se óbvio que aquelas instalações seriam alvo fácil de serem tomadas de assalto.

Recordo que, entre nós, comentávamos: "Se os turras quiserem um dia atacar a guarda da ponte terão apenas que fazer rolar algumas granadas pela ribanceira abaixo".

Enfim, é também por questões de mero detalhe, como este caso sugere que, ainda hoje, muitos de nós se interrogam se todos esses setecentos e tal dias ali vividos [, na Guiné,], não terão passado de uma "brincadeira de mau gosto", de participação obrigatória e que, para muitos, acabou mal. (**)

Um abraço,

Tony Levezinho 

(**) Último poste da série > 15 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12152: (Ex)citações (228): Confirmo que o Mário Mendes, chefe de bigrupo do PAIGG; no subsetor do Xime, foi morto pela CCAÇ 12, em maio de 1972 (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, 1971/74)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12626: Memória dos lugares (262): Ponte do Rio Udunduma: os 'dias felizes' do Humberto Reis e do Tony Levezinho, 2º Gr Comb, CCAÇ 12 (1969/71) (Texto de L.G. / Fotos de H.R.)



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca- Xime > Ponte Rio Udunduma > 1970 >

A estrada Xime (à direita) - Bambadinca (à esquerda), com a respectiva ponte. Vísivel também o troço da nova estrada que estava em construção, a cargo da empresa Tecnil, e que implicou a construção de uma nova ponte. Na empresa Tecnil, irá trabalhar mais tarde, como "cooperante, o nosso amigo e camarada António Rosinha, entre 1979 e 1993. Esta estrada ficará alcatroada e pronta em princípios de 1972, se não erro (LG).

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Estrada Xime - Bambadinca > 1997 : Ponte (velha) do Rio Udunduma. Em 1969/71, no tempo da CCAÇ 12, a segurança desta ponte, construída em 1952, era de importância estratégica para toda a região leste. Ficava a 4 km de Bambadinca e a 7 do Xime. No ataque em força, a Bambadinca, em na noite de 28 para 29 de Maio de 1969, os guerrilheiros do PAIGC tentara dinamitá-la. Embora parcialmente destruída (era de bom cimento armado e resistiu...), continuou operacional. Já sabemos que a partir daí passou a ser defendida permanentemente por uma força a nível de pelotão, a cargo das unidades do BCAÇ 2852. A primeira subunidade a ir para lá, a nível de Gr Comb, foi a CART 2339 (Mansambo, 1968/69) (*).

A partir de 16 de Dezembro de 1969 a segurança permanente passou a ser feita pelos Gr Comb da CCAÇ 12 e pelo Pel Caç Nat  53 (Bambadinca). Havia apenas abrigos individuais, extremamente precários: bidões de areia com cobertura de chapa de zinco, e valas comunicando entre os abrigos individuais.

Foto: © Humberto Reis (2005) (com a colaboração do Braima Samá, professor em Bambadinca). Todos os direitos reservados.




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 >  2º Grupo de Combate > 1970 >

O Humberto, à ré, mais soldado de transmissões,  à proa, treinando as suas perícias na difícil modalidade da canoagem local...  "Era o António Dias Santos, de alcunha, não sei porquê, O Bacalhau.  Quando estava em Bambadinca normalmente andava pela tabanca ao cheiro das bajudas e quase sempre com uma varinha na mão a imitar um pingalim.   Há uns [ largos] anos, quando organizei um dos primeiros almoços da rapaziada, procurei na lista telefónica o nome dele na zona da Régua, pois sabia que ele tinha sido funcionário da CP e que morava ali. Descobri-o, mas quando falei com a senhora é que fiquei a saber que ela já era viúva do Bacalhau" (HR)

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados


1. Comentava há uns largos (**), ainda na I Série (abril de 2004/maio de 2006) o Jorge Cabral, com uma ponta de fina ironia, que nós éramos demasiado sérios e que escrevíamos de maneira sofrida,  como se a guerra (da Guine) ainda não tivesse acabado para nós. Os nossos relatos eram  dramáticos. As nossas memórias estavan carregadas da tensão dos dias, do cansaço dos meses e do silêncio dos anos.

Se calhar o Jorge até tinha  razão. Pelo menos, alguma razão. Os nossos sentimentos eram em 2006 (e continuam a ser)  contraditórios. Alguns de nós conseguem ter (ou mostrar) uma visão mais diurna e positiva da Guiné do tempo da guerra. São capazes de se encantar com as imagens e as recordações da Guiné. Alguns conseguiram até lá voltar e fazer as pazes com os jagudis ou os sinistros fantasmas que os perseguiam.

Uma parte de nós (não há estatíticas...) voltaram lá. Outros ainda querem lá voltar, antes de morrer (nem que seja de canadianas!...)  ou andam a arranjar coragem para fazer a viagem de retorno, divididos entre uma certa imagem mítica do passado e o medo (traumático) do desencanto e do pesadelo dos dias de hoje.

Enfim, outros continuarão a ter uma visão mais noturna e negativa dos acontecimentos que os marcaram: as emboscadas, as minas, os ataques,  as flagelações, a morte, a dor, o sofrimento, a solidão, a angústia, os mosquitos, a fome, a sede, o absurdo da guerra que fomos obrigados a fazer...

Já deixámos, porém, aqui sobejas provas do nosso bom humor, já aqui contámos estórias, mais pícaras, mais divertidas ou mais banais, tentando dar cor, cheiro e sabor àqueles 700 ou mais dias das nossas vidas que passámos na Guiné... O próprio Jorge deu o exemplo, deliciando-nos com as suas pequenas estórias que eu chamei cabralianas... O Jorge sempre teve uma maneira muito própria, desalinhada, talvez até marginal, de ser e de estar na tropa e, por extensõa, na guerra... O nosso convívio era esporádico mas foi o suficiente para eu o sinalizar como uma das figuras impagáveis que passaram por Bambadinca...

Tens razão, Jorge. Nem todos os dias eram sofridos, dramáticos, tensos, esgotantes... Nem todos os dias eram de vida ou de morte... Também houve dias ou tardes ou manhãs, calmos, poéticos, bem dispostos e até felizes. Por exemplo, os dias que passávamos no destacamento da Ponte do Rio Udunduma (e tu em Fá Mandinga).  Udunduma e nºão Unduma, como eu comecei a escrever, na I Série, dando origem a um erro sistemático...

Eu, pessoalmente, não guardo lá grandes memórias dos dias em que era obrigado a lá ficar. De dia, sempre lia e escrevia...Não havia mais nada para fazer, a não ser estar ali... À noite, aquilo era um pesadelo, por causa dos mosquistos e demais bicharada... Já o Humberto, a avaliar pelas suas fotos, soube tirar partido da situação: por exemplo, pescava, que era uma coisa que eu não sabia fazer... E tomar banho, nem pensar: eu tinha medo, que me pelava, da bilharziose...

Enfim, a recordação mais nítida que tenho é a de 3  de fevereiro de  1971 quando o Spínola  passou por lá e nos cumprimentou,  de visita aos trabalhos da estrada Bambadinca-Xime (***)... Três semanas atrás, tinha saltado com a GMC numa mina, ali perto... Agora levava uma piçada de um dos coronéis da comitiva do Com-Chefe,  a mês e meio de regressar a casa... Mas a tropa era assim mesmo, e a guerra ainda pior: quem se lixava era sempre o mexilhão... (LG)

PS1 - Mas não sejamos injustos em relação ao resort da ponte do Rio Udunduma: afinal, enquanto lá estávamos, não andávamos a foder o coirão nas matas do Xime e do Corubal, na guerra do gato e do rato. (****).

PS2 - Já agora lembro os nossos amigos e camaradas Carlos Marques dos Santos (CMS) e Jorge Araújo quem, em épocas diferentes, conheceram esta estância turística... Ainda recentemenete o CMS  nso veio l
lembrar o seu estatuto de... dinossauro, em mail de 15 do corrente:

[...] Ácerca da ponte do Udunduma não se esqueçam cá do DINOSSAURO. Em 29 de maio eu estava lá com tendas de 3 panos da 2ª guerra mundial. Fomos nós que fomos defender Bambadinca. Os primeiros. É história, não estória. Quanto a mim uma farsa,  o ataque [de 28 de maio de 1969]. Vi passar a tua companhia [CCAÇ 2590/CCAÇ 12] em princípios de junho [2 de junho], como vi passar outros. Luxos como os que foram vistos no blogue já não são do meu tempo. Estava na PELUDA. Um Abraço. CMS. [...]




Guiné > Zona Leste > Setor  L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 >  2º Grupo de Combate > 1970 >

O Humberto Reis,  ranger, fotogénico...Passados mais de meio ano, ainda eram visíveis os sinais da tentativa de destruição da ponte,. na noye de 28 de maio de 1969, aquando do ataque a Bambadinca.



Guiné > Zona Leste > Setor  L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 >  2º Grupo de Combate > 1970


O Tony (Levezinho) e o Humberto sentados na manjedoura... Era ali, protegidos da canícula, que tomavámos em conjunto as nossas refeições, escrevíamos as nossas cartas e aerogramas, jogávamos à lerpa, bebíamos um copo, matávamos o tédio...O Tony (Levezinho), à esquerda, segurando uma granada LGFog de 3.7.  Também à esquerda, de pé, em segundo plano o saudoso 1º cabo José Marques Alves (1947-2013).



Guiné > Zona Leste > Setor  L1 > Estrada Bambadinca-Xime > Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 >  2º Grupo de Combate > 1970

Crianças ou adolescentes, provavelmente de Amedalai, a tabanca mais próxima da ponte, divertem-se, dando saltos para a água, sob a supervisão de um dos nosso militares.,




Guiné > Zona leste > Setor L1 > Estrada Bambadinca-Xime  >   Ponte do Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12 >  2º Grupo de Combate > 1970 >

Pesca à linha, banho à fula, um dia descontraído de canoa...

 

Guiné > Rio Udunduma > Destacamento da CCAÇ 12, 2º Grupo de Combate > 1970 > Da esquerda para a direita:

O soldado Arménio e os furriéis milicianos Humberto Reis e Tony Levezinho, em concurso de pesca..

Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados  [Edição e legendagem complementar: L.G.]
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Notas do editor:

(*) Vd,. I Série > poste do Carlos Marques dos Santos, de 4 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXIX: Os Solitários da CART 2339 na Ponte do Rio Udunduma e em Fá

(...) "Em 28 de Maio de 1969 ouvimos rebentamentos para aqueles lados e pensámos ser na tabanca Moricanhe. Afinal, para nosso espanto, era mesmo em Bambadinca, sede do Batalhão.

"Dia 29, pela 05.30 da manhã, seguimos para reforço da sede de Batalhão. 15 dias. Salvo erro com o Pel Caç Nat 63 estivemos em tendas (panos de tenda com botões), em vigília constante, àquela que era uma passagem importante [,a ponte sobre o Rio Undunduma, na estrada Xime-Bambadinca]" (...).

(**) Vd.  I Série > poste de 4 de fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCVIII: Os dias felizes na ponte do Rio Udunduma (CCAÇ 12) (Humberto Reis / Luís Graça)


(***)  Vd  I Série > poste de Luís Graça, de 3 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXVI: Herr Spínola na ponte do Rio Udunduma

(...) "Ponte do Rio Udunduma, 3 de Fevereiro de 1971:

De visita aos trabalhos da estrada Bambadinca-Xime, esteve aqui de passagem, com uma matilha de cães grandes atrás, Sexa General António de Spínola, Governador-Geral e Comandante-Chefe (vulgo, o Homem Grande). Eu gosto mais de chamar-lhe Herr Spínola, tout court. De monóculo, luvas pretas e pingalim, dá-me sempre a impressão de ser um fantasma da II Guerra Mundial, um sobrevivente da Wermacht nazi

(...).Cumprimentou-me mecanicamente. Eu devia ter um aspecto miserável. Eu e os meus nharros, vivendo como bichos em valas protegidas por bidões de areia e chapa de zinco. O coronel (?) que vinha atrás do General chamou-me depois à parte e ordenou-me que, no regresso a Bambadinca, cortasse o cabelo e a barba"...


(****) Último poste da série > 22 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12620: Memória dos lugares (261): Bachile, 1973/74 (Duarte Cunha)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12089: In Memoriam (161): José Marques Alves, de alcunha o "Alfredo" (1947-2013): natural de Campanhã, Porto, vivia em Fânzeres, Gondomar; foi 1º cabo da 2ª secção do 2º Gr Comb, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969/ março de 1971)


Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > 2º Gr Comb a atravessar uma bolanha, no subsetor de Xitole, no decurso de uma operação. O 1º cabo José Marques Alves, o "Alfredo", está  assinalado com um círculo a vermelho. Duas lugares á frente, vinha o comandante da secção, o fur mil op esp Humberto Reis. Esta é também a foto de perfil, quer do nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné), quer da nossa página no Facebook (Tabanca Grande Luís Graça).



Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Regulado de Badora, tabanca em autodefesa de Sinchã Mamadjai. O 1º cabo Alves, com a sua secção. Do condutor, também da CCAÇ 12, falha-me agora o nome. Peço-lhe desculpa, se me estiver a ler. (A CCAÇ 12 tinha, no meu tempo, 15 sold cond auto, e um 1º cabo cond aut, o Luís Jorge M.S. Monteiro que, depois da peluda, vivia em Vila do Conde).


Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > 2º Gr Com atravessar a bolanha de Finete, a caminho de Bambadinca, de regresso muito provavelmente de um patrulhamento ofensivo no Mato Cão. Em 2º plano, o "Afredo" e o Humberto Reis.


Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Da esquerda para a direita, o "Alfredo", e os fur mil Humberto Reis e Tony Levezinho, do 2º Gr Comb, em Bamdainca, exaustos depois do regresso de mais uma operação.


Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Desacamento da ponte do Rio Udunduma. 2º Grupo de Comb: "tugas", em primeiro palno, agachado, o Alves; de pé, o Arménio, o Humberto Reis e o Branco.



Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Agures, no mato, de pé em cima de uma viatura: do lado esquerdo, o alf mil Abel Maria Rodrigues (3º Gr Comb); do lado direito, o 1º cabo José Marques Alves (2º Gr Comb).


Guiné >Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Coluna, na estrada alcatroada Bambadinca-Bafatá. Em primeiro plano, o "Alfredo".


Fotos © Humbero Reis (20'06). Todos os direitos reservados. (Editadas por L.G.).

1. Morreu hoje o "Alfredo", o ex-1º cabo José Marques Alves, 2ª secção do 2º Grupo de Combate da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971).

A funesta notícia foi-me dada logo pela manhã,  pelo seu antigo comandante de secção, o nosso grã-tabanqueiro Humberto Reis. E confirmada logo a seguir pelo seu filho Agostinho, ao telefone. Ele vivia em Fânzeres, Gondomar, e estava doente. Era natural do Porto, Campanhã.

O funeral será, em princípio, no próximo sábado, dia 28. Pelo que percebi,  a família aguarda a chegada de parentes, que vivem em França, "tios", disse-me o Agostinho. O corpo vai para o cemitério de Campanhã.

O "Alfredo" (como era carinhosamente tratado pelo Humberto e por todos nós) era o homem mais puro, generoso e brincalhão que eu conheci na CCAÇ 12. Era um hom afável, disponível, sempre bem disposto e pronto a ajudar. Era um tripeiro castiço, como o Arménio Fonseca. Viemos juntos no T/T Niassa, que partiu de Lisboa em 24/5/1969, os cinquentas quadros e especialistas da CCAÇ 2590 que deram depois origem à CCAÇ 12 (, extinta em 1974). Fizemos juntos muitas operações. Aqui, nbo blogue,  ao pé de nós, o seu nome e a sua memória ficarão melhor salvaguardados. Já pedi à família uma foto recente do nosso querido camarada Alves. É o nosso grã-tabanqueiro nº 628. O seu nome passa diretamenet para lista (n=26) dos que "da lei da morte se foram libertando".

2. É mais um camarada, um amigo, um irmão, que a família da CCAÇ 12 perde. Enviamos daqui, para a família de sangue, um xicoração de saudade, dor  e pesar pelo seu desaparecimento. Coragem para a viúva Beatriz e para os filhos Agostinho e Fernando. Aqui fica o telefone de casa, para quem quiser apresentar-lhes condolências: 224 801 560. E o telemóvel do Agostinho, o filho: 985 555 781.

Um abraço também para os meus camaradas do 2º Gr Comb. que ainda restam. (A maioria dos nossos camaradas guineenses, mais de 80%, infelizmente já não estão vivos).

Vou propor a entrada do malogrado José Marques Alves para Tabanca Grande, depois de fazer  este "In Memoriam". Ele não tinha email, nem sei se conhecia o nosso blogue. Sei que nasceu em 1947, e que ia fazer 66 anos. O seu rosto, gaiato, de há muito que circula nas magníficas fotos do Humberto Reis, publicadas no nosso blogue desde 2006, na I eII Séries.

3. Composição do 2º Gr Comb / CCAÇ 12:

Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão [, comerciante, vive em Fão, Esposende; foi cedo destacado para o reordenamento de Nhabijões, passando o comando do 2º Gr Comb a ser assegurado pelos seus dois furriéis, o Reis e o Levezinho]

1ª secção

Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca [, vive no Porto, taxista; era 1º cabo, foi punido por um "chico"]
Sold 82118169 Samba Camará (FF)
Sold 82115369 Iéro Jaló (F)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82105169 Mamadú Bari (FF)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (FF) [,dado como tendo sido fuzilado depois da independência]
Sold 82118669 Mussa Seide (F)
Sold 82117669 Amadú Camará (FF)
2ª Secção

Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, reformado, Alfragide / Amadora]
1º Cabo 17626068 José Marques Alves [, vivia em Fânzeres, Gondomar; nasceu em 1947, morreu hoje, 26/9/2013]
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (F)
Soldado 82101469 Udi Baldé (FF)
Sold 82101069 Sajo Candé (F)
Sold 82108069 Alfa Jaló (F)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (FF)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (F)
Sold 82111069 Adulai Baldé (F)
Sold 82117269 Adulai Bal (F)

3ª Secção

Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho [, quadro técnico, reformado da Petrogal, vive em Sagres, Vila do Bispo]
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (F)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82111369 Amadú Turé (F)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82107869 Iero Jaló (FF)
Sold 82116869 Gale Camará (F)

[Entre parêntesis, no caso dos soldados guineense, a etnia: F=fula; FF=futa-fula]
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12088: In Memoriam (160): António Martins Pires Belo, ex-Soldado da CCAÇ 557, falecido em 19 de Setembro de 2013 (José Colaço)