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sábado, 7 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16060: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (9): De quantas tabancas é feita a Tabanca Grande ?... Relembrando o feliz acaso do reencontro, 40 anos depois, do Zé Manel Matos Dinis com "o senhor Rosales", na Quinta do Paul, Ortigosa, em 20 de junho de 2009, por ocasião do nosso IV Encontro Nacional, e que esteve na origem da criação da Magnífica Tabanca da Linha...


1. Comentário com quase 7 anos, do José Manuel Matos Dinis, participante do IV Encontro Nacional da Tabanca Grande, na Quinta do Paul, Ortigosa, freguesia de Monte Real, concelho de Leiria,  em 20 de junho de 2009...  (A partir do V Encontro Nacional, em 2010, e até hoje, os nossos encontros anuais passaram a ser no Palace Hotel Monte Real, ali ao lado, que a freguesia é a mesma, Monte Real).

Não é que colegas de colégio, que não se viam há muito, e para mais vizinhos, vão-se reencontrar mais de 40 anos depois, a 135 km a norte de Cascais ?... 

Falamos do Zé Manel Matos Dinis e do Jorge Rosales... Foi talvez nesse dia, já longínquo, de 20 de junho de 2009, num sábado, tórrido, que terá nascido a Tabanca da Linha... Pois que fique, para memória futura, e como documento para a nossa "pequeno história". este naco de prosa do Zé Dinis... Fomos recuperar este texto, servindo ao mesmo tempo para abrilhantar os festejos  dos 12 anos da Tabanca Grande (**), que é a mãe de todas as tabancas...  Curiosamente temos dificuldade em encontrar uma foto com eles dois juntos, o régulo da Tabanca da Linha, o 'comandante' Jorge Rosales e o seu 'adjunto' ou 'secretário' Zé Manel Matos Dinis... Pode ser qu o fotógrafo oficioso da Tabanca da Linha, o Manuel Resende, descubra uma, nos seus arquivos...

Recorde-se que o José Manuel Matos Dinis foi fur mil at inf, CCAÇ 2679 (Bajocunda, 1970/71). E que o Jorge Rosales Jorge Rosales,  membro da nossa Tabanca Grande, desde junho de 2009, foi alf mil da 1ª CCaç Indígena (Porto Gole1964/66).

E a propósito das tabancas da Tabanca Grande... Afinal, quantas são ? Ninguém sabe, ao certo. No nosso blogue, temos referida a existência de quase duas dezenas, a mais recente das quais a Tabanca do Algarve. Aqui vai uma lista dessas tabancas (umas mais efémeres, outras consolidadas, e outras até de um tabanqueiro só...):


Ainda recentemente surgiu mais uma tabanca, a do Algarve. Em boa hora.. Foi assim saudada pelo nosso editor LG (***):

Bolas, não é sem tempo que a Tabanca Grande se alarga para além do Tejo... e galga as praias algarvias!...  Já podemos, finalmente, acrescentar aos nossos reais títulos o de régulo mor da Tabanca Grande de Portugal e dos Algarves e da Além Mar na Guiné....

Ainda houve, em tempos, um tímido e inconsequente 'ameaço' de Tabanca de Setúbal, logo abortado á nascença... Afinal, o nosso camarada setubalense, candidato a régulo, não quis assumir o cargo (, que está historicamente conotado, é mal visto e pior remunerado,) de régulo... Bolas, 'régulo' cheira a império, ultramar, poligamia, Estado Novo, colonialismo!...

Valha-nos ao menos o José Viegas e o Henrique Matos que vêm dar a cara pela Tabanca do Algarve...Já o Estorninho, há anos, clamava pelo alargamento de fronteiras da Tabanca Grande!...

O nosso querido amigo e camarda Hélder Sousa vem a terreira defender os seus pergaminhos e, em última análsie, a honra da Tabanca de Setúbal (***)

O primeiro pela demora em saudar tal iniciativa. De facto esta 'coisa' das 'Tertúlias' ou 'Tabancas', podendo parecer que se trata de mais uma 'manifestação gastronómica', a verdade é que é algo mais profundo do que isso, é a manifestação prática da vontade de nos juntarmos (a 'manifestação gastronómica' é apenas o pretexto) e assim fazermos não só uma espécie de 'prova de vida' como também se aproveita para falar e relembrar assuntos que nos são comuns.

O segundo tem a ver com as 'explicações' para a (ainda) não desenvolvida 'Tabanca de Setúbal'... É que dá trabalho! É preciso tempo, é preciso disponibilidade para telefonemas, é preciso 'golpe de rins' para resolver as situações de 'última hora' quando os amigos os se 'esquecem' de marcar antecipadamente as suas decisões e/ou então alteram as já tomadas. Sem tempo e disponibilidade tudo se torna muito difícil. Mas a 'coisa' há-de singrar! (...).


Mas outras iniciativas estão em marcha: por exemplo, João Crisóstomo [, foto à direita,], futuro comendador (, que o palácio de Belém nos oiça!), quer organizar a Tabanca da Diáspora, a partir de Nova Iorque e do seu telemóvel.. 

Tem, desde já,  todo o nosso apoio: é preciso juntar os mil e um camaradas da Guiné espalhados pelos quatro cantos do mundo, do Brasil à Austrália, do Canadá à França, da Guiné à Holanda, da Suécia aos EUA, da Alemanha a Angola!...


Jorge Rosales.
Foto de Manuel Resende (2012)
2. Comentário de José Manuel Matos Dinis (*):

Camaradas, (de ambos os géneros, na medida em que já há muitas Senhoras a encostar as caras aos maridos em frente dos monitores).

Como refere o Luis, o blogue é grande!

Vejam só: frequentei um colégio [, os Salesianos,] que um camarada nosso, mais avançado que eu na idade, também
frequentou. Lembro-me dele, de casaco aperaltado e porte elegante.

O seu irmão Zé [ Rosales] era da minha turma. Depois, já eu era rapaz para 18/19 anos, ainda jogámos à bola. Ele era craque, tinha pontificado na mais simpática equipe daquele tempo, a Académica. Eu jogava a ponta, que era um sítio de que ninguém se lembrava. Se a bola passava por mim, chutava para onde estava virado. Se a parava e queria fazer um bonito, tropeçava, atrapalhava-me, e os companheiros tratavam-me do piorio.

O [Jorge] Rosales era um senhor. grande sentido estratégico, grandes aberturas, noção total do campo, era um doutor no E.P [Estoril Praia],  fino e muito respeitado, com um jogo tranquilo, de quem apreciava a bola e evitava pontapeá-la.

Moramos a dois passos, mas nunca mais o vi, julgo eu.

A Ortigosa proporcionou o encontro. Apesar de umas diferençazitas do ponto de vista estético, ficou combinado aparecermos a treino.(*).



Cascaios, Carcavelos> Hotel Riviera > Almoço-convívio da "Magnífica Tabanca da Linha" > 21/1/2016 > .Os manos Rosales, Jorge e José. Foto rara...

Foto (e legenda): © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. 

_____________


(**) Último poste da série > 4 de maio de 2016  > Guiné 63/74 - P16049: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (8): A bonita e original capelinha de Buruntuma, de estética modernista (José Mota Tavares, ex-alferes mil capelão, CCS/BCAÇ 1856, Nova Lamego, 1965/67)

(***) Vd. poste de 2 de maio de 2016 >  Guiné 63/74 - P16041: Convívios (737): Em 16 de abril útimo realizou-se o 1º encontro de ex-combatentes de Faro, que estiveram no TO da Guiné... Nasceu, finalmente, a tão desejada, e já aqui falada, Tabanca do Algarve, com próximo encontro já marcado para 14/4/2017 (José Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68)

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16057: In Memoriam (257): José Eduardo dos Santos Alves, o "Leça" (1950-2016), ex-sold cond auto, CART 6250, Mampatá (1972/74): homenagem da Tabanca Grande


José Eduardo dos Santos Alves, o "Leça" (1950-2016)
Sold Cond Auto, CART 6250/72, "Os Unidos de Mampatá", Mampatá, 1972/74 (*)


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 >  Aspeto parcial dos participantes no encontro que totalizou cerca de centena e meia de presenças


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 > A Maria da Conceição Alves, à esquerda, assinalada com um rectângulo a amarelo; a seu lado, a Isaura Resende (esposa do nosso camarada Manuel Resende) e a Lígia Guimarães (esposa do David Guimarães), e por detrás desta a Cyndia, a neta do Valentim Oliveira,


Leiria > Monte Real > Ortigosa > Quinta do Paul > IV Encontro Nacional da Tabanca Grande > 20 de junho de 2009 > Dois casais idos de Leça da Palmeira, da esquerda para a direita: o José Eduardo Alves, a esposa Maria da Conceição, e depois a Elisabete e o marido Ribeiro Agostinho.

Fotos (e legendas): © Blogue Luís Graça & Canaradas da Guiné  (2009). Todos os direitos reservados


Tabanca de Matosinhos > Almoço de 4ª feira > 23 de abril de 2009 > O casal Alves, a Conceição e José ("Leça") que ainda recentemente foram e voltaram à Guiné de carro; ao lado, à esquerda, o nosso autarca de serviço.. o Carvalho de Mampatá.

Foto (e legenda): © Blogue da Tabanca de Matosinhos  (2009). Todos os direitos reservados


1. Deixou, há dias, a "terra da alegria" (como diria o poeta Ruy Belo) o nosso camarada José Eduardo Alves (1950-2016), também conhecido pela sua alcunha da tropa, o "Leça". Nasceu em Cabeceiras de Basto e morreu em Leça da Palmeira, Matosinhos, para onde veio com 12 anos para marçano. Deixa viúva a nossa amiga Maria da Conceição. Tinha ainda um filho, que vive na Suíça.  

Deixou-nos a todos, tristes e inconsolados. Morreu cedo demais, já que, sendo um camarada e amigo da Guiné, ele merecia tudo, ou seja, muita saúde e longa vida. No momento da partida (derradeira), cabe-nos lembrar e honrar o homem bom, simples e solidário que ele foi, amigo do seu amigo, camarada do seu camarada. A Tabanca de Matosinhos, a nossa Tabanca Grande e os "Unidos de Mampatá", a antiga CART 6250, perdem um bravo soldado, um dos melhores de todos nós.

Na singela homenagem que lhe quisemos fazer, juntamos aqui alguns fotos mais antigas, alguns comentários de camaradas que o conhecerem melhor e ainda um pequeno texto que ele escreveu em tempos para o blogue, mostrando todo o seu amor à Guiné e ao seu povo.

O "Leça" ficará sempre connosco, na nossa memória, no nosso blogue, enquanto a gente por cá andar e tiver ganas de continuar a partilhar memórias e afetos, à sombra do nosso mágico e fraterno poilão, tendo por pano de fundo a Guiné que conhecemos entre 1961 e 1974, nas duras condições de uma guerra (*)...  LG


2. Viajar por (e sentir) a Guiné

por José Eduardo Alves (1950-2016)

Camaradas,

Depois de me ter remetido ao silêncio, mas sempre ativo nas leituras do blogue, hoje acho que está na hora de escrever sobre a viagem que fiz à Guiné este ano [de 2010], e vou fazê-lo porque há sempre alguém que gosta que se fale destas aventuras.

O ano passado também tinha ido à Guiné, mas apanhei a “caravana” nos últimos dias da sua preparação e, pelo caminho, em conversa com alguns dos Camaradas que já lá tinham ido mais vezes, ouvi dizer: “Vais ter uma desilusão,  pois quem lá conhecias já morreu tudo!”

Mas, felizmente, não foi assim e ainda encontrei bem viva muita gente do meu tempo. Fiquei então com vontade de lá voltar e voltei este ano, mais bem preparado e com mais coisas para dar aquelas crianças, que necessitam de tudo (, muito do que nós esbanjamos).

No ano passado tínhamos ido até Mampatá,  quatro homens da minha Companhia - a CART 6250: o [António] Carvalho, o Zé Manuel [Lopes], o Francisco Pereira Nina e eu. Todos ficamos surpreendidos pelo grau de abandono do nosso antigo quartel.

Este ano só fui eu. Como não podia deixar de ser, voltei ao velho quartel de Mampatá, e encontrei em curso obras de recuperação, vendo-se já diferente e renovada a sala do soldado (de pedra e cal), o paiol (que o ano passado nem se via) estava limpinho, a antiga enfermaria (que já não tinha telhado) está a ser recuperada para enfermaria local, os balneários dos soldados estão transformados numa escola, que eu apoiei no que pude e vou continuar a ajudar.

Mas não parei aí e,  como levava uma encomenda, e um pedido do nosso camarada e amigo Vasco da Gama,  para Cumbijã, segui viagem e visitei a Fonte de Iroel (que data de 1946) [, a 2 km de Mampatá, e de que não existe uma única imagem no nosso blogue!], Colibuia e Cumbijã.

Cumbijã, onde um dia encontramos a CCAÇ 18 e outras NT que lá estavam encurraladas. Quem conhece a zona entende o porquê deles estarem encurralados, é que a estrada Mampatá - Nhacobá  não tem saída para lado nenhum.

Depois visitei Guileje, Gadamael e Cacine, regressando a casa por Mampatá, Nhala, Buba, seguindo pelo Quebo, Bissau, S. Domingos, Casamança, Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Marrocos, Espanha e, finalmente, Leça da Palmeira (onde vivo).

Vou continuar a trabalhar para levar mais alguma coisa àquelas crianças. Vou lá quando puder e penso que não é uma forma de neocolonialismo.

Vou dizer algumas palavras que ouvi a uma Guineense: "Ó Leça, só vieste agora, foste embora zangado e vieram estes (…), para o vosso lugar. Vocês entregaram isto a um (…) armado, que era uma minoria e cujos cabecilhas nem eram Guineenses, eram de outro país.”

Penso eu que, se calhar, o governo Português ainda um dia há-de pedir desculpas à parte daquele povo que ensinou a pegar e usar uma arma, depois tirou-lha e abandonou-a à mercê de uma sorte cobarde, traiçoeira e macabra.

Agora, quero levar luz eléctrica a Mampatá, especialmente para a dita enfermaria e posto de rádio, que foram inauguradas pelo sr. Pepito, no dia em que nós lá estivemos (...).

Se alguém quiser contribuir com objectos, equipamentos e medicamentos, tudo o que nos entregarem será bem aceite. Lembrem-se que muita coisa que para nós já não tem valor, nem aplicação faz falta àquele bom povo da Guiné. Nós, eu e a minha esposa [, Conceição,], pedimos mais precisamente roupas de criança e material escolar, assim como medicamentos (dentro do prazo de validade, como é evidente).

É a minha esposa que se ocupa da recolha, selecção e embalagem destas coisas, foi uma vez à Guiné e quer lá voltar. (...) (**)


3. Algumas das mensagens de camaradas que conheceram melhor o José Eduardo Alves (*):


(i)  António Carvalho [Carvalho de Mampatá]

Sempre optimista e esperançoso, a nada se vergava ele, José Eduardo, mesmo quando perdeu uma filha, há alguns anos, logo se reergueu com novo ânimo. Por sorte, também a esposa Conceição o acompanhava nas jornadas de solidariedade para com o povo da Guiné, especialmente da área de Aldeia Formosa e Mampatá, que visitava, todos os anos, desde 2009. Mas a morte não escolhe só os maus nem só os bons, leva-nos a todos, quando calhar. Cada vez ficamos mais reduzidos, até que o último morrerá também, inexoravelmente.

Para toda a família, a minha homenagem


(ii) Um seu conhecido e amigo [que, por lapso, não se identificou]

Não estive convosco na Guiné, estive em Angola e é fácil de entender o espírito de grande camaradagem entre vós. Há uns anos atrás criei um slogan que diz:

AS ARMAS TAMBÉM UNEM OS HOMENS

Neste momento, quero dizer que conheci o Eduardo há poucos anos, mas além de grande trabalhador, era um homem de carácter e amigo.

O seu grande coração dividia-se pela Guiné. Falava deste país com uma alegria e vaidade por bem conhecer.

Neste ano da Misericórdia que o Papa Francisco bem instituiu, o nosso amigo Eduardo e a sua esposa Conceição, muito bem lá cabem. Que Deus lhe dê coragem para enfrentar este desenlace, bem como a seu filho que os amigos tenham o discernimento adequado para os ajudar. Enfim, vamos dar as mãos para ultrapassar este momento tão difícil, mas a vida é isto e não para.


(iii)  Manuel Carvalho

Homem de carácter e de forte personalidade mas simples e amigo do seu amigo.Gostava de olhar olhos nos olhos e cumprimentos de mão bem apertados.Sempre preocupado com o seu semelhante e passou os últimos anos da sua vida a ajudar os seus amigos da Guiné.
Que Deus o tenha num bom lugar que bem merece.
Um dia nos encontraremos por aí.
Para a esposa e filho as minhas sentidas condolências.


(iv) José Manuel Matos Dinis

Tive oportunidade de conviver com o casal numa deslocação à Guiné, e eram de facto pessoas simpáticas e solicitas. Agora o Zé acabou a caminhada, como um dia vai acontecer-nos.
Aproveito para apresentar as minhas condolências pelo infeliz evento.
Um beijo para a D. Conceição com votos de coragem e resignação nesta hora, e para o Zé fica um abraço a aguardar agenda.


(v) António Murta

O José Eduardo Alves, o "Leça", foi meu contemporâneo em Mampatá, mas só o conheci verdadeiramente (e à sua esposa), no encontro da CArt 6250 em julho do ano passado. Era a simplicidade em pessoa mas de carácter firme.

À sua esposa e restante família, envio as minhas sentidas condolências. Aos seus amigos e camaradas, especialmente o Zé Manel e o Carvalho de Mampatá, envio um abraço solidário.

domingo, 26 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4742: Tabanca Grande (165): António Dâmaso, CCP 123/BCP 12, 1969/71

1. Primeira mensagem de António Dâmaso com data de 15 de Junho de 2009:

Caro camarada Luís Graça.

Apresenta-se o periquito António Dâmaso, de Odemira, pedindo a inscrição no almoço do dia 20 em Ortigosa só para mim.

Informo que fui pára-quedista, e era na altura o comandante do grupo de combate a que pertenciam os três páras que ficaram sepultados em Guidage e que vieram no ano passado.

Oportunamente darei a minha versão sobre esses acontecimentos.

Junto envio as duas fotos exigidas.

Um abraço do camarada
Dâmaso



2. Em 30 de Junho foi enviada mensagem ao nosso novo camarada:

Caro António Dâmaso:

Enquanto não te apresentas formalmente à Tertúlia, diz-me por favor o teu antigo posto nos Páras, Companhia e datas de chegada e saída da Guiné.

Se quiseres manda já um pequeno resumo da tua actividade na Guiné e apresento-te definitivamente.

Depois podes ir mandando coisas que aches importantes para o Blogue. Fotografias legendadas, textos, etc.

Convivi um pouco com os Pára-quedistas durante a sua permanência em Mansabá, por volta de 1970/71 e tenho de vós as melhores impressões.

Fico a aguardar as tuas notícias.
Até lá, recebe um abraço
Vinhal


3. Mensagem de António Dâmaso, com data de 20 de Julho de 2009:

Caro camarada Luís Graça e Co-Editores:

Aqui vai o relato da minha segunda comissão na Guiné.

Bissalanca, 1969

Em 20 de Julho de 1969 estava em Bafatá

Hoje o meu pensamento vai para o soldado desconhecido, digo eu, refiro-me àquele militar, com ou sem patente, que estava lá, contribuía com o seu esforço para o conjunto, como formiga obreira, mas que, por não ter cunhas, não ser engraçado nem engraxador, via as benesses passar-lhe ao lado, não havia prémios do Governador da Província, nem promoções a cabo, nem férias, em resumo nada de nada, no entanto lá ia procurando manter-se vivo, com a agravante de passar uma comissão a viver em buracos sem as mínimas condições.

As minhas palavras valem o que valem, sabemos que dois observadores colocados no mesmo ponto, cada um tem a sua visão dos acontecimentos e depois na narração, cada qual compõe o ramalhete à sua maneira.

Por outro lado, a sensibilidade para suportar a dor e outras situações traumáticas, varia de indivíduo para indivíduo, daí que apareçam alguns armados em valentes, que dizem que não foram stressados, apanhados pelo clima e até marados, mas pior ainda, são os que foram tudo isto e não são capazes de o admitir.


Vou falar da minha segunda comissão na Guiné e dos motivos que me levaram a ir para lá segunda vez:

Quando regressei da primeira comissão, depois das férias, apanhei a escala de serviço, com cinco fins-de-semana seguidos com começo à sexta ao render da parada e fim na segunda à mesma hora.

Depois foi uma instrução de Combate, seguidamente uma recruta, com três instruções nocturnas por semana que me impediam de ir a casa embora só morasse a cerca de 10 Km, depois foi a informação de que estava à bica para ser nomeado para Moçambique, isto levou a que me oferecesse novamente para a Guiné, por já conhecer e estar convencido de serem só 18 meses.

Cheguei à Guiné, ao BCP 12, em 20 de Março de 19699, ia a contar ir para uma companhia operacional, mas devido à minha especialidade, mecânico desempanador auto, fui aumentado ao efectivo da CMI, (Companhia de Material e Infra-estruturas) passando a desempenhar as funções de chefe de movimento no pelotão de transportes auto.

Como não ia para o mato, mandei ir a família, estava tudo a correr bem, até que um dia escalei umas viaturas para irem transportar uma companhia que regressava do mato, os militares saíram da viatura e de imediato colocaram-se uns à frente e outros atrás e procederam à acção de desarmar, o material de guerra, o condutor buzinou para que o deixassem passar.

Veio de lá o tenente, comandante do pelotão, sacou o condutor do lugar e deu-lhe uma valente sova a que eu assisti.

O militar que estava debaixo das minhas ordens directas, chegou junto de mim a chorar de raiva, como não gosto de abusos desta natureza, disse-lhe que lhe assistia o direito de queixa, mas que tinha de dar conhecimento ao superior.

Redigi-lhe a queixa e lá foi ele dar conhecimento ao tenente que se ia queixar, este deu a volta ao rapaz, que não apresentou queixa nenhuma e eu, passados três ou quatro dias sem que ninguém me tivesse dito nada, fui transferido para a CCP 122 e com a G3 nas unhas e mochila às costas colocado no pelotão do citado senhor oficial isto a 29 de Maio de 1969.

Em 30 marchei para Mansabá onde estava a Companhia, sem que eu o soubesse, começou aqui uma perseguição que me deu cabo da vida militar para sempre com graves reflexos para a vida privada e familiar, só vim a saber em 1975, pelo facto do mesmo se ter gabado do feito, com alguns ouvintes que depois me deram conhecimento, até aí foi-me acontecendo de tudo, sem eu saber de onde vinha o mal.

A missão da Companhia na altura era fazer segurança à estrada que estava a ser construída entre Mansabá e Farim, dar protecção às colunas auto efectuadas entre Mansabá-Mansoa e vice-versa, para descansar íamos fazendo uns Heli-assaltos.

Foi assim que tomei parte na Operação Orféu, juntamente com a 15ª Companhia de Comandos, na zona de Bula no dia 13 de Junho de 1969, onde se fizeram alguns mortos, prisioneiros e se apanhou muito material de guerra, nesta operação fui colocado na segunda vaga, no outro extremo da mata, tendo como missão a limpeza e destruição.

No dia 20 de Junho de 1969 tomei parte na operação Nestor também na zona de Bula, Choquemone, mais uma vez na 2.ª vaga, destruição e limpeza, mais prisioneiros, mais material, vi coisas que me chocaram entre elas, o cavalheiro Tenente estar a dar um tratamento a um prisioneiro, tendo este as mãos atadas atrás das costas, pelos vistos, gostava de malhar nos mais fracos.


Rumo à CCP 123, com escala em Teixeira Pinto

No início de Julho fui com a CCP 122 para Teixeira Pinto, via auto e os cicerones lá iam informando o periquito que era eu, dos locais onde tinham havido emboscadas às nossas tropas, confesso que aquela mata metia respeito.

Depois de três dias em Teixeira Pinto, a caçar umas perdizes junto à pista, pombos verdes nas mangueiras, apanhar algum marisco, estava a ambientar-me, até que, no dia de Julho de 1969, enfiaram-me numa DO 27 rumo a Bissalanca.

Chegado ao BCP 12, estava lá uma CCP(-) que passaram a chamar de CCP 123. Esta Companhia tinha sido formada em Tancos com destino a Angola, mas à última hora, foi parar à Guiné como reforço, alguns dos graduados intervenientes não gostam do nome CCP 123 e preferem chamar-lhe grupo expedicionário, mas nos relatórios de operações consta CCP 123.

Recebi ordens para integrar a mesma, o Comandante já o conhecia da primeira comissão, tinha lá estado como Alferes, alguns dos Sargentos também lá tinham estado, até aí tudo bem.

De armas e bagagens, embarcámos no Cais de Bissau numa LDM, ou LDG, não me lembro qual delas, lá navegámos Geba acima até Bambadinca, passámos por um estreito em que o rio era como que feito por medida para a Lancha passar, se não estou em erro, chegados a Bambadinca, viaturas até Bafatá e ficámos aboletados no Esquadrão de Cavalaria FOX.

No dia 11 de Julho de 1969 embarcámos nas viaturas com destino a Galomaro e aí tomámos os helis para a operação Sátiro que durou dois dias na zona de Padada-Jábia, além da CCP 123, participou a CCAÇ 5. No dia 12, fomos recuperados de Heli para um Acampamento e deste para Nova Lamego, de onde seguimos via auto para Bafatá.

Quando estávamos a chegar vimos os Helis a aterrar pela ordem de aproximação e o Heli-canhão a dar mais uma volta tendo tocado com a ponta da Hélice numa das antenas rádio, enrolou vindo a despenhar-se no solo. Como se incendiou, as munições do canhão começaram a rebentar em todas as direcções sem que nada se pudesse fazer para os tirar daquele inferno de chamas. Aquela cena lancinante, causou-nos a todos grande consternação e pesar, ali ficaram mais duas vidas a do piloto e do apontador do canhão.

Bafatá, 1969

Nos dias 17 a 19JUL69, outra vez na zona de Padada concretizámos a operação Marduque , desta vez só com a CCP 123.

De 24 a 30 de Julho de 1969, operação Atena, zona de Duas Fontes e Padada, com a participação de 3 GComb da CCP 123, 1 GComb da CCP 121 e a CCAÇ 2446.

Depois apareceu a minha grande dor de cabeça, que era a Guerra de quadrícula, sempre tive o entendimento de que as tropas especiais, eram para intervenções rápidas, ou não, também para servirem de reserva, mas pelos vistos, a situação não estava para brincadeiras.

Comecei a operação Nereu 1.ª fase que foi de 31 de Julho a 31 de Agosto de 1969 nas zonas de Madina do Boé, Dulombi, Bilonco e Madina Xaquili. Actuaram connosco, além da CCP 123, a CCAÇ 2405 e CCAÇ 2446.

Lembro-me que numa das operações de dois dias, tivemos de atravessar o mesmo rio, quatro vezes seguidas, para não andarmos mais quilómetros a contorná-lo. Chegámos a Galomaro já depois do meio-dia, mas tínhamos à nossa espera uns franguinhos de churrasco. A fome era tanta, que nunca mais comi frangos que me soubessem tão bem.

No decorrer deste período, ou não, julgo que a 24 de Julho de 1969, não posso precisar a data, um dia à tarde chegámos a Dulombi, na altura era uma tabanca com algumas palhotas com abrigos, valas e arame farpado à volta, com uma espécie de portão de entrada na estrada de Galomaro a poente, e a sul outro portão que dava para a mata, íamos passar lá a noite, e de futuro serviria de acampamento base.

Sempre tive um acordar estremunhado quando estava no primeiro sono, mas naquela noite, quando estava no primeiro sono, fui acordado com um festival de fogo-de–artifício, rebentamentos por todo o lado, balas tracejantes cruzavam o céu, o meu acordar foi igual a outros, mas notei que o meu maxilar inferior, teimosamente batia ritmadamente no maxilar superior, durou alguns segundos até me aperceber do que se estava passar, rapidamente cerrei o os dentes e analisei a situação e vi que o ataque não era do nosso lado, mandei cessar o fogo que estava a ser efectuado para o lado do portão sul.

A minha secção estava na parte sul, onde existia o tal portão. As balas tracejantes passavam por cima de nós, apesar de muitos rebentamentos à nossa volta, ninguém foi atingido. Liguei o rádio, chamei, como não obtive resposta, desliguei. Quando estava a preparar-me para dormir novamente, apareceu-me um camarada a saber se estava tudo bem, escandalizado por eu não ter mantido o rádio ligado. Nessa altura fiquei a saber que o ataque foi efectuado do arame farpado, à esquerda da entrada e que havia a lamentar uma baixa da CCAÇ 2446, que foi recuperada no dia seguinte por elementos do ESQ FOX. Começara aqui o meu baptismo de fogo em ataques nocturnos.

Também estivemos em Bivaque, em tendas de campanha junto do aquartelamento de Galomaro, depois iniciou-se a operação Nereu 2.ª fase de 1 de Setembro a 11 de Outubro de 1969, novamente em conjunto com as duas companhias já citadas e nas zonas de Duas Fontes, Cansissé, Contabane e Padada.

Durante a minha permanência no Gabu, fui duas vezes a Bissau à boleia, uma vez de Heli e outra de Cessna (?) dos TAGCV, para tentar resolver problemas de saúde familiar, regressei ambas as vezes em DC 3 Dakota, com o nosso saudoso camarada Fur Vitorino, meu vizinho na altura. Depois da guerra veio a ser vítima de acidente aéreo na Ilha Terceira com um aviocar.

Problemas familiares e transferência para a CCP 121

A minha mulher contraiu malária e teve de ser internada no Hospital Civil em Bissau. Depois de curada ficou com os nervos em franja, enfrascava-se em comprimidos e tinham de ser as vizinhas a tomar conta da minha filha de 18 meses, situação que me levou a requerer a passagem ao SG da FAP, tendo a mesma sido indeferida posteriormente.

Findos os três meses, os oficiais e sargentos seguiram rumo a Angola e as praças foram integradas nas Companhias existentes no BCP 12, eu fui transferido para a CMI.

Coincidência ou não, baixei a guarda e como resultado, em 14 de Abril fui punido com 5 dias de prisão e em vez de iniciar o cumprimento da pena, fui de imediato transferido para a CCP 121 de que o citado oficial era comandante.

No dia 16 fui a caminho do Guileje que já na altura estava a ferro e fogo, não havia nada para comer a não ser feijão com chouriço, eu andava de diarreia, nem os ataques com morteiros 120 me tiravam das latrinas, quando saía para o mato levava o tempo de calças na mão.

A fome era de tal ordem que os cães na tabanca começaram a desaparecer. Uma hiena que caiu numa armadilha foi comida e até os abutres, diziam os rapazes, que de vinho e alhos eram um pitéu. Quem lá esteve nesta data sabe que isto não é invenção.

Neste período tomei parte nas seguintes operações:

Operação Lobo Verde de 20 a 30 de Abril de 1970 na zona de Guileje e Gadamael Porto. Também tomaram parte a CCAÇ 2617 e CART (?

Operação Lacrau Verde, 29 de Abril de 1970, no Corredor do Guileje, juntamente com uma equipa de sapadores do BART 2866. Nesta operação fomos ao local onde o IN tinha ido com uma viatura carregada de granadas que despejou sobre o aquartelamento, seguidamente fomos ao Corredor colocar minas anti-carro.

Operação Leão Verde , 30 de Abril de 1970, no Cantanhês, fomos até Gadamael Porto de viaturas e depois de Heli-assalto, não houve contacto, destruímos acampamentos.

Muito tempo depois, vim a saber que aquela minha ida repentina para o Guileje tinha sido um teste, porque a vontade de alguém era correr comigo para o Exército, destino que muitos camaradas tiveram.

Recordo que no decorrer da operação de 11 e 12 de Julho, no local do heli-assalto, estava um burro que os guerrilheiros deixaram ficar, foi o único burro de 4 patas que vi em toda a Guiné.

No dia 12, fomos heli-trasportados para um acampamento do Exército, onde circulava o boato que um alferes tinha sido evacuado por ter sofrido de doença súbita de Priapismo. Trata-se nada mais, nada menos de uma erecção dolorosa e prolongada por mais de seis horas.

Depois disto gostava que alguém desse notícias do Senhor Viagra.

Não inventei datas, as mesmas constam dos relatórios de operações, embora a CCP 123 tivesse actuado isolada as outras forças estavam no terreno.

Saliento que fui muito bem recebido pelos camaradas do Exército, que estavam em Galomaro e do ESQ FOX de Bafatá.

Saudações para todos os camaradas

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da direita para a esquerda: O António Graça de Abreu (CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), mais dois camaradas da FAP: o António Martins de Matos, ex-Ten Pilav (BA 12, Bissalanca, 1972/74), e o António Dâmaso, ex-páraquedista (BCAP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74).

António Dâmaso do prestigiado Batalhão de Caçadores Pára-quedistas, BCP 12 participou no IV Encontro da Tertúlia.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4735: Tabanca Grande (164): Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519, Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, 1969/71

terça-feira, 30 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4609: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (17): Comentários para rescaldo (Carlos Vinhal)

Caros companheiros.

Como eu gosto, um pouco à balda, recuperei uns quantos comentários e estou a apresentá-los como rescaldo do nosso IV Encontro.

Devem ter reparado no meu silêncio, apenas ocasional, já que pedi ao Luís dispensa de publicação de postes referentes ao Encontro, para tentar recuperar tempo perdido, desculpem, ganho, a organizar o Encontro.

Aproveito para recusar todas as injustas acusações de que fui alvo, acusado de ter sido o maior responsável pela organização do Encontro. Na verdade, não fosse o Mexia Alves no terreno, bem podíamos ir todos abonados de Ração de Combate, como então se dizia.

Foi bom o Convívio, mas melhor foi no fim receber as vossas amáveis palavras de parabéns. Se com elas queriam dizer, continuem, já que estamos embalados, OK, tudo bem.

Mas atenção, aceitam-se voluntários para a organização do próximo evento, mais ou menos no centro do nosso rectângulo português. Apareçam e façam melhor, é possível.

Sem seguir a cronologia ou a importância dos intervenientes, aqui ficam alguns comentários.


1. Henrique Matos

Caro Luís e co-editores
Ainda o IV Encontro Nacional do Nosso Blog
Regressado à base já tenho em dia o que muito se escreveu no Blog nestes 15 dias de ausência. Sobre o nosso encontro está quase tudo dito, mas falta referir a tertúlia que se formou com os que pernoitaram em Monte Real.

Foi assim que, superiormente comandados pelo camarigo Mexia Alves, nos juntamos numa esplanada e continuamos a conversa por largas horas.
Foi muito agradável conhecer mais de perto os novos nestas andanças, Miguel Pessoa, Giselda e o Jorge Rosales e ter mais à mão o casal Vinhal.

Pena que ninguém se lembrou registar para a posteridade estes resistentes.

Junto uma fotografia de um trio que se entende muito bem. Eu no meio de dois Jorges: Cabral, o maior de Missirá e Rosales, por aquilo que já percebi, o maior de Porto Gole.

Abraço de gratidão aos organizadores e ao pessoal da tabanca.
Henrique Matos


2. Jorge Cabral

Amigos!
Pela quarta vez o nosso Encontro aconteceu. E aconteceu Alegria! Aconteceu Amizade! Aconteceu Magia!

O que nos leva quarenta anos volvidos a comungar este profundo sentimento de Camaradagem? De que temos Saudades?
Não da fome, não da sede, não do medo, nem dos tiros, nem das minas. O que recordamos é um Tempo de Fraternidade, de Partilha, de Solidariedade. Um tempo em que éramos naturalmente Camaradas, Amigos e Irmãos.

Hoje somos todos Homens diferentes. Fizemos os nossos percursos, assumimos opiniões distintas, temos diversas posições políticas. Porém, tudo isso se anula, nestes nossos Encontros Mágicos, porque o que nos separa se transforma em supérfluo, perante o Tudo que nos une. E há, claro... a Guiné, essa terra que primeiro se estranha e depois se entranha para usar o slogan do Poeta.

Amigos!
Obrigado a Todos e juro que o Alfero Cabral comparecerá Sempre, armado de Alegria e com o bornal carregado de Abraços.

Jorge Cabral

Ps.: Fado no Mato Cão? Alinho já!


3. José Manuel Matos Dinis

Camaradas, (de ambos os géneros, na medida em que já há muitas Senhoras a encostar as caras aos maridos em frente dos monitores).
Como refere o Luis, o blogue é grande!

Vejam só: frequentei um colégio que um camarada nosso, mais avançado que eu na idade, também frequentou. Lembro-me dele, de casaco aperaltado e porte elegante.

O seu irmão Zé era da minha turma. Depois, já eu era rapaz para 18/19 anos, ainda jogámos à bola. Ele era craque, tinha pontificado na mais simpática equipe daquele tempo, a Académica. Eu jogava a ponta, que era um sítio de que ninguém se lembrava. Se a bola passava por mim, chutava para onde estava virado. Se a parava e queria fazer um bonito, tropeçava, atrapalhava-me, e os companheiros tratavam-me do piorio.
O Rosales era um Senhor. Grande sentido estratégico, grandes aberturas, noção total do campo, era um doutor no E.P. fino e muito respeitado, com um jogo tranquilo, de quem apreciava a bola e evitava pontapeá-la.

Moramos a dois passos, mas nunca mais o vi, julgo eu.

A Ortigosa proporcionou o encontro. Apesar de umas diferençazitas do ponto de vista estético, ficou combinado aparecermos a treino.

Abraços
J. Dinis


4. Santos Oliveira

Esfumaram-se e desmistificaram-se muitos dos meus mitos. Aqui, foi tudo real.
Encontrei a cumplicidade que vivi nos buracos onde dormi pela Guiné; também dei umas quantas voltas à Sala para testemunhar, a mim mesmo, que era real o que se me apresentava.

Calculo não ter dado uma palavra a cada um (lamento-o) mas as que troquei, foram-me extremamente valiosas e recompensadoras. Encontrei alguém, que como eu, também não tem identidade (militar)e que igualmente tenta sobreviver a essa revolta. Encontrei, encontrei, encontrei...

Emocionei-me, mas vivi este Dia, não como mais um, mas como O DIA.

Parabéns ao Luis, parabéns a toda a Equipa Organizadora... destacando os que assumiram o papel de Judas que arrecadavam a massa.

Bem Hajam!
Santos Oliveira


5. Manuel Amaro

Parabéns aos organizadores.
Parabéns aos músicos e aos cantores.
Obrigado Luís Graça.

Estes convívios, toda esta organização, está muito para além, de todos os ditos, escritos e filmes, sobre a dita guerra 1963/74.

Eu consegui ouvir fado, mesmo com uma sala ruidosa, eu consegui conversar com pessoas que sabia que existiam, mas com quem nunca tinha falado.
Eu realizei duas voltas à sala com o único objectivo de verificar o nível, a intensidade do convívio, bem como o ar de felicidade dos participantes.
Cheguei a emocionar-me.

E depois, além da Guiné, há tantos pontos de contacto... então esse jovem é teu filho?... estiveste nesse casamento?... A Lena foi minha aluna... este Portugal é uma aldeia...

E nós, todos nós, transportamos essa riqueza, que existe sem se ver e que se solta quando menos se espera... nestes convívios.

Um Abraço
Manuel Amaro


6. Torcato Mendonça

Fui ver o poste de cima já com 15 comentários. Safa. Antes de abrir vi a 1.ª foto deste.

É um Hino à Alegria; à boa disposição, à felicidade. É um exemplo a ser seguido num afasta azedumes. O Carlos dá o exemplo e a sua Dina corrobora. Este Editor e os outros parecem ter sido escolhidos a dedo pelo Editor - Mor. Exemplos... que os Ajudantes de ocasião igualam...

O Carlos, sabendo eu ter dito:

- Só ponho ao meu peito a Bandeira do meu País, (o Miguel pessoa enviou os crchats, agradeci e mandei fazer. Coloquei o meu na Ortigosa).
já no decorrer do almoço aparece o Carlos Vinhal junto de mim e diz:

- Como só colocas ao peito a nossa Bandeira mas gostas da Guiné, trouxe-te este novo crachat.

Igual ao anterior só que a bandeira da Guiné fora substituida pelo mapa daquele País. Está guardado junto das recordações agradáveis como o fruto de um Amigo que trata a Vida com amor, alegria e solidariedade. De bem com ela.

É com este espirito que o Blogue tem que continuar. Se um fulano se azeda, olha para a foto do Vinhal que o Luis Graça tirou, pensa na idade de uma das Senhoras que acompanhava o Virgínio Briote ou a boa disposição do MR e, com exemplos destes eu digo:

- Obrigado Camaradas, companheiros que um dia estiveram na Guiné e um dia um de vós - o Luís Graça - fundou um blogue, outros o seguiram e geraram um espaço onde o calor humano, a amizade têm lugar, além dos eteceteras que só os Homens, certos homens, conhecem... o menos bom bate na parede com o efeito do Lion Brand da indiferença e estrebucha até se finar...

Obrigado a Vocês e um abraço do Torcato.


7. Luís Graça

Ah! Grande Pira de Mansoa! Grande Eduardo! Grande MR! Grande Amigo e Camarada! Grande Co-editor!... E, por que não? Grande Ranger!

Gostei tanto da prosa como do verso. Vejo que estiveste inspirado e transpirado na escrita, possivelmente com uma ajudinha do São João que no Porto tem outro encanto.

Pois é, meu querido amigo e camarada, nunca é fácil falarmos de nós, das nossas emoções, sentimentos, atitudes, comportamentos!... Mas tu ousaste e conseguiste-o... Gostei muito do teu poste, da tua crónica... Para além de outras qualidade e atributos que possuis, és um bom observador... Está lá tudo, ou quase tudo, no teu texto sobre a Operção Ortigosa.

No sábado, fiquei logo esperançado que voltasses à escrita poética, quando te vi com o Cancioneiro de Mansoa na mão, distribuindo cópias em papel aos camaradas presentes!...

No meio deste tabancal imenso, faltou-nos tempo para dar um pouco mais de atenção a todos e cada um dos nossos amigos e camaradas... Contigo falei dois ou três minutos, com a tua Fernanda, que conheci ali mesmo, até menos do que isso... É indecente. Mas espero que ambos me perdoem.... 130 criaturas de Deus a divir por seis horas e picos, dá 20 cabeças por hora, 3 minutos per capita... Por muito boa vontade, que tu, eu, o Virgínio, o Carlos, o Joaquim e o Miguel tivessem não chegávamos para todas as encomendas...

O mais importante foi sentir que toda (ou quase toda) a gente se sentiu em casa... É o melhor elogio que se pode fazer desta ideia de Tabanca Grande, sem portas nem janelas, sem barreiras arquitectónicas e outras (sociais, políticas, ideológicas, culturais, étnicas, psicológicas, etc.).

Obrigado pelo teu contributo, obrigado pelo que sacrificaste do teu tempo em prol do bem comum... Obrigado por compreendares e concretizares o espírito do blogue...

Luís


8. António G. Matos

Chegou a altura não dos arrependimentos, tão pouco de frustações mas a altura de dirigir umas palavras a todos aqueles que, pela organização ou pela mera presença, levaram ao sucesso o Encontro Nacional do Nosso Blog, edição 2009.

Só fazem falta os que estão presente, diz-se, e nesse sentido constato que a minha vida, não me permitindo estar fisicamente na Ortigosa, não me possibilitou o contacto directo, cara-a-cara, com os 129 camaradas que não conheço.

Não, não é engano! Dos 130 presentes, eu conheço o Raul Albino ...

A vida é mesmo assim e um compromisso que me deveria ocupar até à 1 da tarde, de atraso em atraso, libertou-me cerca das 18 horas inviabilizando de todo a minha deslocação ao evento.

Fiquei-me pelo telefonema que consegui com o Mexia Alves, transmitindo-lhe um abraço extensivo a todos os outros.

António Matos


9. Carlos Valentim

Ainda não tinha expressado, aqui, o meu sincero e fraterno agradecimento pela forma como fui recebido, juntamente com a minha companheira, no Vosso IV Encontro Nacional. Não conseguirei expressar a minha dívida de gratidão, e o meu agradecimento profundo pela forma como nos acolheram. Muito Obrigado!!!

Hoje vou inaugurar um novo espaço museológico na Escola Naval, do qual sou director. A porta está aberta a todos!
Após este período, em que tenho que lançar notas finais dos alunos, e "limpar" o que falta para findar mais um Ano Lectivo, espero enviar a breve trecho um pequeno artigo sobre Teixeira da Mota e a Guiné dos "loucos" anos de 1969 e 1970, para o vosso, nosso blog, que não pára de aumentar em visitantes e factos interessantes.

Parabéns a todos, que todos os dias, a cada instante, realizam e fazem este espaço de amizade, com muita luz e côr.

Um abraço amigo,
Com amizade,
Carlos Valentim


10. Houve ainda camaradas que no decorrer do Convívio se nos dirigiram.

A mim directamente por telefone ou mensagem: Luís Borrego, Hélder Sousa, Paulo Santiago e Luís Faria, que deixaram um abraço para todos os presentes e a certeza de que tudo fariam para estarem presentes no próximo Encontro.


11. Aproveito para deixar mais umas fotos ainda não vistas

Germana, esposa do Carlos Silva, fardada a preceito

Belarmino Sardinha e Torcato Mendonça posam para a câmara

Casal Lígia Maria e David Guimarães sempre presentes nos nossos Encontros

Outro casal que nunca diz não aos nossos Convívios, Fernando Franco e Margarida. Alheia ao fotógrafo, Graciela, esposa do camarada António Santos

Um abraço sentido entrs os camaradas Graça de Abreu e Juvenal Amado

Magalhães Ribeiro, Vasgo da Gama e Santos Oliveira, unidos por um abraço

O nosso camarada Torcato Mendonça acompanhado de sua esposa Ana de Lourdes

Nesta foto, um casal de operacionais. Isabel acompanhou o marido António José Pereira da Costa por terras da Guiné, tendo estado inclusive em Mansabá

Jorge Cabral, uns dos camaradas mais carismáticos da nossa Tertúlia, autor da série Estórias Cabralianas

Juvenal Amado, um camarada com quem tive oportunidade de ter uma longa conversa.

José Carlos Neves, Fernando Oliveira e esposa Maria Manuela. O primeiro meu companheiro de trabalho e o segundo meu vizinho dos tempos de juventude.

José Eduardo Alves, esposa Maria da Conceição; Elisabete e marido Ribeiro Agostinho; dois casais idos de Leça da Palmeira.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4607: III e IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (16): Micro-filme com imagens de Monte Real (dias 17Maio2008 e 6Junho2009)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4603: (Ex)citações (32): Em louvor da nossa Força Aérea e de todos os Zés Especiais (António Graça de Abreu / Luís Graça)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O José Casimiro Carvalho e o Miguel Pessoa, dois homens, dois camaradas (um do Exército), outro da Força Aérea, cujas vidas e histórias passam obrigatoriamente por Guileje... O José Casimiro fez questão de "tirar uma chapa" com o Miguel, "em nome de uma dívida de gratidão" que remonta, pelo menos, a 25 de Março de 1973, o dia em que o Miguel foi o primeiro piloto da FAP a ser abatido por um Strela, sob os céus de Guileje, em missão de fogo de apoio ao aquartelamento e tabanca de Guileje...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A FAP foi objecto de especial carinho por parte dos nossos/as bloguistas ... Como as organizações e as instituições e os países não têm rosto, a FAP está aqui representada pela nossa camarada Giselda Antunes Pessoa, lednária enfermeira pára-quedista dos anos de 1972/74, ladeada por duas paisanas, a Alice Carneiro, esposa do Luís Graça, e a Dina, esposa do Carlos Vinhal... Foto tirada na Pensão Santa Rita, Monte Real.

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Gen Pilav Res António Martins de Matos, em primeiro plano, com o ex-Alf Mil e hoje ilustre advogado de Lisboa, João Seabra (que foi "pirata de Guileje", noutra encarnação).

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > A mascote do 32º Encontro dos Especialistas da BA 12, Guiné 1965/74, que se realizou em Vouzela, em 30 de Maio último, sob a batuta do maestro (e hoje empresário) Victor Barata, antigo Melec da FAP...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Victor Barata (na foto, ao centro) fez questão de oferecer, ao nosso blogue, na pessoa do seu criador e editor principal Luís Graça, um exemplar do Zé Especial... A entrega, carregada de simbolismo, foi feita pela Giselda (Não reparem no papel de embrulho, que em tempo de guerra não se limpam armas)... Quando o nosso blogue tiver um secção museológica (talvez no Forte do Bom Sucesso, por que não ?) , o Zé Especial irá lá parar... com muito cuidado e ternura.

Obrigado, Victor e a ti, a todos os Zés Especiais da BA 12, Bissalanca, de novecentos e carqueja, que a vossa guerra não começou afinal em 1965... Olha, tens que explicar isso melhor aos infantes e outros terráqueos (expressão mais soft para militares do Exército, que é para ninguém se melindrar com essa da "tropa-macaca", que macaco - sancu - também é arborícola e molho o cu na água da bolanha): por que é que o teu blogue só abarca o período de 1965/74 ?

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da direita para a esquerda: O António Graça de Abreu (CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), mais dois camaradas da FAP: o António Martins de Matos, ex-Ten Pilav (BA 12, Bissalanca, 1972/74), e o António Dâmaso, ex-páraquedista (BCAP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados


Antonio Graça de Abreu deixou um novo comentário na mensagem "Guiné 63/74 - P4597: FAP (30): Ferro Q.B. (...) (*)


Eu só queria saudar, uma vez mais, o Miguel Pessoa pelo seu contributo tão importante para entendermos a guerra da Guiné, na fase pós-Strela, Abril/Maio 1973 até ao fim. É que continuam a dizer-se e a escrever-se barbaridades sobre a força aérea e o apoio às tropas em terra, nesse período. Desde o "perdemos a supremacia aérea" (então quem é que a ganhou, o PAIGC?) a "a guerra acabou, deixámos de voar, fomos militarmente derrotados pelo PAIGC", etc.

É verdade que tudo passou a ser mais difícil, mas não posso deixar de louvar toda esta boa gente da força aérea pela sua dedicação e coragem. Convivi de perto com eles, tive a honra agora, no convívio da Ortigosa, de me sentar à mesma mesa com eles.

Um abraço à Giselda e ao Miguel do tamanho dos céus da Guiné.

António Graça de Abreu


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Nota de L.G.:

Último poste da série (Ex)citações:

27 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4424: (Ex)citações (30): O meu pai só aprendeu as letras que o trabalho lhe ensinou (José da Câmara)

Guiné 63/74 - P4602: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (15): Reais personagens em Monte Real no dia 6 de Junho de 2009 (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74) (*), com data de 24 de Junho de 2009, que não tendo estado pessoalmente em Ortigosa, quis a seu modo participar no acontecimento:

Caros Luís e Carlos,

(Dirijo-me a vós pois sois normalmente um ou outro quem faz o subido favor de me aturar...)

Estive uns dias sem computador e finalmente hoje saí do estádio de hibernação em que me encontrava para dizer de minha justiça...

Foi interessante ler sobre a festa e concluir que porventura terá sido de arromba.

A escolha do local parece-me óbvia pois já só algo REAL estara à altura de receber tão REAIS PERSONAGENS.
Pena minha não ter podido dizer presente, mas a vida é isto mesmo está em constante mudança.

Isto não implicou um alheamento da minha parte já que através dum sistema novo que está ainda em fase de testes e ao qual acedi por influência da irmã do primo do motorista do tecnico adjunto do engenheiro principal, ele também pessoa que afinal conheço de relanço pois um dia foi ao teatro ver a mesma peça que eu espreitava por trás de uma porta de acesso às frizas, e topei-o logo pois andava com uma vizinha minha, por sinal muito engraçada e jeitosa que só visto...

Vai daí e atendendo a este conhecimento, minimo é certo, pude ter imagens da Quinta do Paúl do dia 20 do corrente...
Por favor não me perguntem como pois é uma espécie de segredo de estado, e com isto não se brinca...

Já sabeis que a razão subjacente a este meu interesse pelas novas tecnologias (uma vez mais sou obrigado a informar-vos de que se trata dum segredo de estado e que, como tal, tenho de preservar, sob pena de a tal vizinha deixar de me cumprimentar se acaso souber que dei com a língua nos dentes...), a razão dizia, independentemente de me aperceber da evolução do acontecimento - embirro com a palavra evento - foi confirmar ou não da presença de certa figura (todos sabeis quem é, daí me abster de referir o nome...) que, por informações de que dispunha talvez pudesse ter aparecido no 10 de Junho ou então agora - uma vez que falhara o dia da Raça devido ao mau tempo - aí na Ortigosa escondido atrás de uns óculos Paco Rabane em vez dos Ray-Ban, sem lenço, desprovido de medalhas, disfarçado de jardineiro, ou empregado de mesa mas imbuido da ideia de silenciar o escriba agora de serviço.

Houve um período em que as imagens me fugiram, ali junto à piscina e jardim (uns bons dez a quinze minutos...) e tive a ilusão de o ter visto mas evidentemente que não posso jurar sobre a Biblia de que se tratava dele...

Agora, analizando a frio, concluo que provavelmente não era o dito cujo, pois se eu dispunha de informações da probabilidade da sua presença, naturalmente que ele acederia a meios sofisticadíssimos (não os que vos falei mas de outra agência efebiana ou kapagebeana qualquer...) que poderiam tê-lo informado da probabilidade da minha ausência...

Enfim, coisas da espionagem e contra espionagem que eu agora não posso esmiuçar numa explicação que implicaria a possibilidade desta nobre arte poder vir a ser considerada um acto menor e longe de mim tal coisa...

É que para além dos postos de trabalho que se perderiam com essa asserção haveria ainda consequências graves para mim como a que vos referi já da minha vizinha deixar de me cumprimentar...

Quer queiram quer não, é uma espécie de teoria da conspiração...

Agradecia pois que me informassem se porventura (dentro do contexto por mim referenciado de jardineiro ou empregado de mesa...) não vislumbraram alguém passível de ser enquadrado nas minhas suspeitas.

Até lá envio-vos umas sextilhas alusivas ao acto.

Já só Monte REAL seria opção
p´ra honrar, com qualidade a recepção
aos ex-guinéus, tabanca virtual.
A Quinta do Paúl na Ortigosa
virou de conhecida a mais famosa
num âmbito ´inda além do nacional.

Centena ultrapassada nas presenças
com credos, cor e outras diferenças,
brilhou, estou certo, a aura da harmonia.
Histórias mil levadas à exaustão
contadas, recontadas, pois então,
o dia era de festa e de alegria...

De AB ausência foi mui comentada
por causa até da prenda preparada,
nas Caldas, onde oleiros se esmeraram...
Apostas com rigor da simetria,
medalhas refulgiam, noite e dia,
no busto, e não naquilo em que pensaram...

Um abraço camarigo (palavra, da lavra do Mexia Alves que passarei a usar com sua licença e que acho deveras interessante.)

Manuel Maia

Grupo das bajudas presentes em Ortigosa/Monte Real

Grupo dos atabancados, alguns a... BANDO... nados tempo demais entre o arame farpado

Fotos: © David Guimarães (2009). Direitos reservados


2. Comentário de CV:

Caro Manuel, que eu reparasse todos os presentes eram conhecidos pelos seus nomes escritos com todas as letras, como Manuel, Carlos, Luís, José, Miguel, David, etc, etc. Por siglas, só, ninguém. Satisfeito?

Para tua completa informação tínhamos camaradas não pertencentes aos tais bandos que passaram a sua vida refastelados dentro do arame farpado, com todas as comodidades que ele cercava, pois, com muito prazer, compartilhámos o espaço da Quinta do Paúl com alguns camaradas da Força Aérea e da Marinha. Como sabes, era complicado voar ou navegar cercado com arame farpado, não dava lá muito jeito.

Como pudeste constatar pela visualização das fotos já publicadas, o ambiente foi óptimo, porque não tivemos a presença de indesejáveis.

Quem fala de indesejáveis, fala do contrário, assim esperamos que no próximo Encontro faças parte do grupo dos presentes desejáveis.

Um abraço da Tertúlia.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4561: Blogpoesia (49): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VI Parte): IV Dinastia (Brigantina) (até 1755)

Vd. último poste da série de 25 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - 4575: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (14): Gostei muito, nunca vou esquecer (Amadu Djaló / Virgínio Biote)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4581: Blogpoesia (50): Guiné 2009: Será que gosto de mim ? E do meu país ? (António Graça de Abreu)

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O António Graça de Abreu mostrando um quadro, em madeira, gravado a fogo (pirogravura), da autoria do Mário Fitas, seu vizinho de Cascais, oferecido por este camarada para ser sorteado entre os participantes do Encontro...

Por falta de tempo e condições, o quadro não chegou a ser sorteado, aguardando assim melhor oportunidade... Em todo caso, vai daqui um abraço muito especial ao Mário Fitas pelo seu gesto de carinho para com o nosso blogue e os seus camaradas. Sentimos a tua falta, grande Lassa! ( O Mário foi Fur Mil , CCAÇ 763, Os Lassas, Cufar, Região de Tombali, 1965/66; é, além disso, autor de dois livros e um homem dos sete ofícios e muitas paixões (da ornitologia à pirogravura) (*).

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O João Seabra (Figueira da Foz) e o Fernando Franco (Amadora), dois intendentes... De pé, o António Santos (Loures), um homem das transmissões, que andou pelo Gabu...

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O João Seabra, novo membro da nossa Tabanca Grande... Foi Alf Mil, comandante do PINT (Pelotão de Intendência) 9288, Cufar, 1973/74), a que pertenceu também o Fernando Franco (embora tenha estado sempre em Bissau) (**).

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O António Graça de Abreu, ao centro, na segunda fila, entre o Rui Ferreira (o nosso Ruizinho, como é tratado carinhosamente, o autor de Rumo a Fulacunda) e o António Martins de Matos (que, em termos de patentes militares, era o mais graduado de todos nós: Ten Gen Pilav, na reserva)... Na primeira fila, da esquerda para a direita, o Álvaro Basto (Matosinhos), o Abel Rei (Marinha Grande) e o Fernando Oliveira (Porto)...

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Um abraço de dois bons camaradas que nem sempre estiveram de acordo, no blogue, na avaliação da situação político-militar da guerra na Guiné, na véspera do 25 de Abril de 1974: o António Graça de Abreu (à esquerda) e o Juvenal Amado (à direita). (LG)

Foto: © Luís Graça (2009). Direitos reservados.


Guiné, Região de Tombali, Cufar > Janeiro de 1974 > O António Graça de Abreu num Heli Al III

Fotos: © António Graça de Abreu (2009). Direitos reservados



1. Mensagem do António Graça de Abreu (que foi Alf Mil, no CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74):

Meus caros Luís, Carlos, Magalhães Ribeiro:


Na boa ressaca do nosso encontro da Ortigosa, escrevi este simples poema. Se acham que é de publicar, publiquem. Nas fotos do Santos Oliveira há uma espantosa (a primeira de duas) em que o Juvenal Amado e eu nos abraçamos. Essa fotografia diz tudo, é bem melhor que o meu poema. Se acharem bem, publiquem a fotografia com o poema.

[ O nosso camarada esteve recentemente em Macau, para apresentação do seu última de um tradução de um clássico da pesia chinesa), em depois em Hong Kong, Zuhai, Xangai e Pequim. Entretanto, a 3 de Julho próximo, volta a viajar para a China, "com a minha família chinesa e meia chinesa", , só regressando a Portugal no dia 3 de Setembro. Vai ser um Verão cheio de China].



Guiné 2009


Será que gosto de mim?
Será que os que me rodeiam gostam de mim?
Será que gosto do meu país?
Será que o meu país gosta de mim?

A herança da História, os acasos do tempo,
o estertor do Império, a insensatez das gentes
levaram-nos um dia a servir numa guerra.
Homens-meninos, por bolanhas verdes,
no tarrafo cinza, na picada traiçoeira,
na humidade quente do amanhecer das florestas,
o espanto, a morte, o medo, a coragem.

Quase rasgámos a alma.
Sobrevivemos, envelhecemos devagar.

Hoje, reencontramo-nos no meio de Portugal,
a festa, o vinho, o nosso fado,
as sinuosidades da vida, mil estórias,
o gosto cristalino de um abraço de irmãos.

E ainda uma lágrima,
a guerra da Guiné somos nós.

António Graça de Abreu

Estoril, 22 de Junho de 2009


__________

Notas de L.G.:~

(*) Vd. poste de 27 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3096: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (2): Pirogravuras, de Mário Fitas

(**) Vd. postes de:

19 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4377: Tabanca Grande (145): João Lourenço, ex-Alf Mil do PINT 9288 (Cufar, 1973/74)

20 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4389: (Ex)citações (28): Ah! Grande Lourenço ou… confessando os nossos pecadilhos de Cufar 1973/74 (António Graça Abreu)

26 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4415: (Ex)citações (29): A Guiné que todos temos um pouco na alma (João Lourenço)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4570: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (13): Operação Ortigosa!... Obrigado Camaradas, Familiares e Amigos! (Magalhães Ribeiro)

Nome de código: OPERAÇÃO ORTIGOSA.

Local: Atabancamento na Quinta do Paúl/Monte Real/Leiria.

Data: 20 de Junho de 2009.

Coordenadas Geográficas: 39º 50' 27" Norte; 8º 50' 24" Oeste.


Comandantes Operacionais: Miguel Pessoa, Joaquim Mexia Alves, Luís Graça e Carlos Vinhal.

Tropa Operacional efectiva: Companhia Tertuliana.

Tropas Reforços: 2 Pelotões de Familiares e Amigos.

Objectivos da Missão: Conhecer pessoalmente o pessoal "Tertuliano", reforçar laços de amizade, confraternizar, matar a fome de intercâmbio de informação, saberes, conhecimentos e outras conversas mais banais.

O Jogre Canhão e o Gaspar da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72

Camaradas,

Apesar de ter "apagado" e reescrito várias partes deste escrito, volto sempre ao princípio e às mesmas palavras, pelo que, lembrei-me de iniciá-lo com uma pergunta, a que não me consigo esquivar, que acho muito estúpida e irrespondível: - Quem é que estaria mais satisfeito e comovido com a nossa animada, concorrida, única, festiva, fraterna e incomparável "campanha" que decorreu na maravilhosa Quinta do Paúl, em Ortigosa: o Luís Graça, o Carlos Vinhal, o Mexia Alves, o Miguel Pessoa, o Virgínio Briote, o Amadu Jaló, o Pedro Neves, o Tomás Carneiro, o Jorge Canhão, o Jorge Picado, o Belarmino Sardinha, o Torcato Mendonça, o... (éramos tantos)?

Éramos tantos, como tantos foram os sinais espelhados nos rostos dos presentes de satisfação, alegria e camaradagem, que me leva a dizer que, caso as nossas vidas pessoais e o nosso poder de compra assim o permitissem, "isto" se devia repetir, pelo menos, uma vez por mês. E não digo uma vez por semana, porque alguns de nós para se deslocarem para estes inesquecíveis encontros, além dos inúmeros quilómetros enfrentam também estradas em estado muito pouco recomendáveis.

Mas não era só nas nossas caras que se viam os mencionados sinais, pois também os nossos familiares e amigos, que se nos juntaram, contribuíram sobremodo para um redobrado ambiente festivo e amistoso.

Entre eles vi numa menina ainda novinha, linda, muito simpática e com ar de bem-estar, cujo nome registei: Cyndia Valentim, é neta do Valentim Oliveira (que faria qualquer avô "babar-se" de orgulho e vaidade, e com razão digo eu), e se manteve ali, sempre junta do seu querido familiar. Achei muito interessante como ela devorava atenta e curiosamente as nossas mais simples palavras e gestos.


Também vi um belo busto, pleno de porte e postura, que denota ser uma Grande Senhora deste nosso contraditório país, sempre com um lindíssimo sorriso na face. Já não é a primeira vez que nos dá o prazer de conviver connosco, chama-se Irene Fleming e é sogra do nosso estimado Camarada Virgínio Briote. Atenção que agora esta frase corrente fica absolutamente entre nós, amigo leitor, peço absoluto segredo, pois a idade das senhoras não se deve divulgar, disseram-me alguns camaradas entre admirados e algo cépticos, que esta Senhora tem 97 anos de idade (leram bem noventa e sete anos). Parabéns pela sua presença, demonstração de beleza, frescura e lucidez que nos impõe Dª Irene. Deus permita que nos acompanhe por muitos e bons anos.

Também vi lá, e conversei com ele, o incrível sobrinho do Alf Mil Manuel Sobreiro da CART 1612 (1967/69), morto num lamentável acidente com um granada defensiva, em Mampatá, em Fevereiro de 1968, o Nelson Domingues (advogado estagiário) nosso amigo Tertuliano, que assim, por direito "substituiu" o seu falecido tio. Um raríssimo exemplo da juventude sã e solidária que nós tanto queremos e defendemos, que saiba honrar, defender e preservar a memória dos seus entes queridos e, em especial, aqueles que, como o seu tio, tombaram um dia em África, na guerra.

Também estiveram lá o Tertuliano, 1º Ten da Armada Carlos Valentim & Esposa. Na foto, à conversa com o Carlos Vinhal e que, segundo as suas palavras, fez muito gosto pessoal em ter estado ali connosco.

Também vi lá mais um periquito da minha "classe", mobilizado para a Guiné, imagine-se no dia 24A74 e "mandado" para a Guiné no pós-25A74, o Carlos Neves. Imagine-se o que foi ser mobilizado para a Guiné (leia-se INFERNO) no dia 24A74 e ver acontecer o 25A74 no dia a seguir. Que prazer eu tive em conhecê-lo pessoalmente, ainda por cima meu conterrâneo, trocar conversa e... “fazer” mais um bom amigo!

Como se tudo isto não bastasse, junte-se devidamente enquadrado na boa disposição geral evidente, um excelente serviço de restauração, onde houve abundância e variedade, com muita qualidade à mistura, durante o dia todo.

Calma que ainda não acabei, pois ainda tivemos uma excelente sessão de canto pelo Grande (em todos os sentidos e na verdadeira acepção da palavra) Camarada Mexia Alves, que foi responsável e competentemente acompanhado à guitarra e viola, pelo David Guimarães e Álvaro Basto.

Bem "berrou" o Mexia com toda a sua pachorra para se fazer ouvir, no meio daquele "aborrecido" ruído da vozearia “converseira” do pessoal, mas a fome de conversa era tanta e o tempo tão pouquinho, que, salvo raras e dignas excepções, restou apenas um ouvido para as canções, e outro para a conversa do Camarada do lado.

É verdade:

Aquilo foi festa forte e danada
Com malta Lusa... de lés a lés
Eram p'ra cima duma centena
Maneis, Joaquins e Josés

Um até veio dos Açores
Coisa incrível de acontecer
Qu'enorme força de vontade
Um exemplo d'enaltecer

Deu-se ao dente bem e farto
Molhou-se o "bico" tanto que baste
Falou-se mil horas a fio, mas...
Ninguém acusou o desgaste

Houve caras novas e não só...
Reencontros, fotos e lágrimas
Discursos, abraços e risos
Gritos, palmas e cantigas

E coisa que vem sendo habitual
A toda a Tertúlia dedicado...
Oito RANGERS unidos gritaram
O seu grito de guerra afinado

Que festança esta meu Deus!
Qu'esta gente dá altas lições
De fraterna e sã camaradagem
De convivência e emoções

E se alguém tiver dúvidas
Pró ano está convidado
Apareça e testemunhe
Com'a Guiné foi nosso fado

Foto: © Magalhães Ribeiro (2009). Direitos reservados.

Magalhães Ribeiro
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74
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Nota de M.R.:

(*) Vd. poste anterior, desta série em: