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domingo, 23 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19324: Feliz Natal 2018 (3): Fernando Tabanez Ribeiro, 2.º Tenente da Reserva Naval; Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1546 e Ernestino Caniço, ex- Alf Mil Cav, CMDT do PEL REC Daimler 2208

1. Mensagem do nosso camarada e amigo Fernando Tabanez Ribeiro (2.º Tenente da Reserva Naval, LFGs "Lira" e "Cassiopeia",  CTIG, 1972/73), com data de 11 de Dezembro de 2018:

Estimado camarada Carlos Vinhal: 
2018. Mais um Natal. 
Recordando o Natal ao calor da lareira nas nossas aldeias de outros tempos, aí vai um soneto para fazer o contraponto com os que passámos na Guiné "Até ao meu regresso. 
Como em tudo na vida, também o Natal é fruto dos tempos e das circunstâncias. 

Votos de saúde e paz para todos.
Fernando Tabanez Ribeiro


NATAL DAS ALDEIAS

Era assim o Natal antigamente, 
nas aldeias, em volta da lareira, 
velando uma chama verdadeira 
à luz da candeia, resplandecente. 

O cavador sorri benevolente, 
tem a neta ao colo na brincadeira 
com a boneca comprada na feira. 
Paz sublimada no rosto de um crente. 

Os velhos contam histórias às crianças, 
de embalar sonhos, que calam fundo. 
E avivam o lume e as lembranças. 

Natal de outros tempos, sereno e profundo, 
consoada simples das almas mansas, 
com Jesus presente a abraçar o Mundo.

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2. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68) com data de 22 de Dezembro de 2018:

Nesta quadra festiva desejo a todos os que, serenamente, sob a sombra da grande árvore da Tabanca Grande, passam algum do seu tempo, BOAS FESTAS de Natal, e um ano de 2019 cheio de saúde, e muitas coisas boas.

Que a todos, o Menino Jesus, tão celestial, proporcione um alegre Natal. Já quanto a esse velhote barrigudo, que tantas quimeras promete, tanta coisa virtual, não lhe liguem muito. Deixem-no subir pelas janelas, ou vaguear pelos telhados. Mas não lhe entreguem a chave da casa.

FELIZ NATAL
BOM ANO NOVO

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3. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, MansabáMansoa e Bissau, 1970/71):

Caros amigos 
Votos de Boas Festas, um óptimo 2019, especialmente com saúde, e, esperançado num bom 2050. 

Um grande abraço 
Ernestino Caniço



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4. Mensagem do nosso camarada José Firmino (ex-Soldado Atirador da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, 1969/71) com data de 4 de Dezembro de 2018:

Amigos e camaradas da Tabanca Grande
Para todos vós e respectiva família, os meus votos de um Santo Natal e um 2019 cheio de saúde.

José Firmino
CCAÇ 2585
Jolmete
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Nota do editor

Último poste da série de22 de dezembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19319: Feliz Natal 2018 (2): Fantasias de Natal (Manuel Luís R. Sousa, ex-Soldado At Inf do BCAÇ 4512/72)

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18836: Blogpoesia (575): "O Meu Jardim", poema de Fernando Tabanez Ribeiro, ex-2.º Tenente da Reserva Naval

Com a devida vénia a Labirinto - Jardins


1. Em mensagem do dia 6 de Maio de 2018, o nosso camarada Fernando Tabanez Ribeiro (ex-2.º Tenente da Reserva Naval, LFGs "Lira" e "Cassiopeia",  CTIG, 1972/73), enviou-nos este seu poema para publicação:
 

O MEU JARDIM 

As flores do meu jardim 
foram plantadas por mim 

Tão belas quanto singelas, 
azuis, vermelhas e amarelas. 

Às vezes, páro e medito: 
– Se acaso a beleza 
que vejo na Natureza, 
é uma certeza 
concreta, material. 
Se não, então 
eu admito 
que afinal, 
é real, 
a feliz Ilusão 
em que acredito. 

Bate o Sol no meu jardim 
que bênção, uma coisa assim! 
Pr´as flores é uma alegria 
a Graça que o Sol envia, 
luz sublime da cor do oiro. 
O pólen que a flor encerra 
colhe-o a abelha, doce e loiro, 
o bom mel da nossa terra.

Em Maio que perfumadas, 
são as ledas madrugadas! 

Concertos de horas sem fim 
alegram o meu jardim. 
Ao canto da cotovia 
a Estrela d´Alva anuncia 
a aurora dum novo dia. 
E logo o rouxinol 
entoa em Clave de Sol 
as mais belas melodias, 
magníficas sinfonias 
de louvor à Primavera. 
Que bom seria, quem me dera! 
− guardar comigo para sempre 
os trechos que tenho na mente. 

Os sons avivam as cores, 
e a magia das flores. 

Bailados de borboletas 
divertem as minhas flores. 
Mesmo as tristes violetas, 
esquecem penas e dores 
e riem com as piruetas 
graciosas das borboletas. 

Belcanto do meu encanto, 
das horas de um dia santo. 
No palco do meu jardim, 
os dias são todos assim. 

Põe-se o Sol. Soam trindades. 
Tão simples. Perenes verdades, 
que guiam o nosso caminho. 
A noite cai de mansinho, 
recolhem as aves ao ninho. 
Paz santa. Dormem enfim, 
as flores do meu jardim. 
As flores do meu jardim, 
casam com o azul do céu, 
quem cuida delas sou eu. 
Por isso me dizem que sim, 
que gostam muito de mim.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18823: Blogpoesia (574): "Os desafios de viver", "Ao nascer do dia..." e "Um outro piano negro...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18489: Tabanca Grande (461): Fernando Tabanez Ribeiro, ex-2.º Tenente da Reserva Naval (LFG "Lira" e "Cassiopeia", CTIG, 1972/73), 770.º tertuliano do nosso Blogue

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Fernando Tabanez Ribeiro, ex-2.º Tenente da Reserva Naval (LFGs "Lira" e "Cassiopeia",  CTIG, 1972/73), com data de 4 de Abril de 2018:

Prezado Luís Graça,

Sempre que alguém se candidata a uma qualquer comunidade, faz sentido dar-se a conhecer aos futuros camaradas, bem como as razões de tal decisão. É o que me proponho fazer nas poucas linhas que se seguem, para não ser maçador.

Sou natural de Coimbra e tenho 71 anos (colheita de 1946). Fui para a Guiné em 1947 e obrigado a retornar ao torrão natal com 3 anos de idade, atacado pelas febres. Regressado à Guiné em 1952 para frequentar a 1.ª Classe em Teixeira Pinto (Canchungo), passei no ano seguinte a Bolama onde acabei por concluir a escola primária e o 1.º ano liceal em 1957, (o exame de admissão ao Liceu, fi-lo no Instituto Liceal Honório Barreto em Bissau). Meu pai era professor e minha mãe professora interina, por não possuir o Curso do Magistério.

Voltei à Metrópole, a fim de completar o Liceu em Coimbra e concluir o Curso de Eng.ª Química (IST) em Lisboa (1971).


Fernando Tabanez Ribeiro, "hoje"

Por ironia do destino, eis-me mobilizado para a Guiné em Comissão de Serviço Militar, como Sub-Tenente da Reserva Naval da Classe de Marinha (1972) e depois 2.º Tenente (1973), tendo exercido as funções de Oficial Imediato das LFG (Lancha de Fiscalização Grande) “Lira” e “Cassiopeia”. Estes navios faziam a vigilância dos rios Cacheu, Geba, Rio Grande de Buba, Tombali, Cumbijã e Cacine, das águas territoriais e davam ainda apoio, por vezes, a operações especiais de fuzileiros e comandos.


O 2.º Tenente da Reserva Naval Fernando Tabanez Ribeiro

Revi Bolama, mas nada era como dantes, há dezasseis anos atrás, em plena paz colonial. Os funcionários públicos e os comerciantes europeus tinham, debandado para Bissau e para a Metrópole e praticamente só se viam militares. O edificado da cidade permanecia o mesmo, aparentando alguns vestígios de degradação, mas nada comparado com o que veio a acontecer após a Independência… a ruína total... ou quase.

Devolvido à vida civil em finais de 1973 desenvolvi a minha actividade profissional como engenheiro na área da indústria alimentar, com funções técnicas, de consultoria e de gestão em Portugal e na R. P. Angola.

Já depois de aposentado, decidi recordar os meus velhos tempos, passados em Bolama, no livro “Guiné-Bolama. História e memórias” da Âncora editora, publicado no passado mês de Fevereiro, em que procurei descrever a cidade e a vivência da respectiva comunidade colonial local na década de 1950 quando, ainda há bem pouco, havia deixado de ser a capital da Província, em favor de Bissau (1941).

Fi-lo, sempre com a preocupação de dar ao leitor uma perspectiva do quadro histórico global da Guiné, desde os Descobrimentos até ao advento da Independência. O livro suscitou alguma divergência de pontos de vista entre Mário Beja Santos e eu, que os “camaradas da Tabanca” poderão avaliar, a partir das respectivas “notas de leitura” do Blogue. Devo dizer, que esta foi a razão próxima que me levou a solicitar a minha adesão ao Blogue, embora tal intenção estivesse presente no meu espírito, desde há algum tempo. O Blogue representa na verdade, um contributo inestimável para a História da Guiné e da Guerra do Ultramar.

E por hoje é tudo.

Para o Luís Graça e para todos os camaradas, vai um abraço do
Fernando Tabanez Ribeiro

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2. Nota de editor:

Sobre o livro "Guiné-Bolama História e Memórias"

Sinopse:

Considero muitíssimo interessante e em conformidade com o que se acaba de dizer a abordagem histórica feita sobre a escravatura na área do Golfo da Guiné… Igualmente interessantes são as abordagens históricas das cidades fortificadas e da Liga Guineense, a «Pacificação» de Teixeira Pinto ou a do desenvolvimento da África Ocidental Francesa em contraponto com o da Guiné Portuguesa. É completamente inédito o capítulo que se dedica às autoridades, funcionalismo e serviços com indicação expressa de nomes e actividades, origens académicas, raciais e religiosas, correlacionando até elementos de então com os que hoje estão presentes em diversos locais e funções. O mesmo tratamento é feito para o comércio e os comerciantes e outros moradores indiferenciados. São dados de uma enorme valia para a história política, económica e social da Guiné naquele período e que até agora não vi publicados por ninguém, entrando naquele conceito do próprio Autor de que "há sempre alguém que se interessa pelas histórias que os outros livros não contam".

Sobre o Autor
Fernando Tabanez Ribeiro:

Fernando Tabanez Ribeiro nasceu em Coimbra a 11 de Junho de 1946. Viajou para a Guiné Portuguesa ainda na primeira infância, onde fez a escola primária e o antigo primeiro ciclo dos Liceus na modalidade de ensino particular, em Teixeira Pinto (Canchungo) e Bolama. Voltou à Metrópole para concluir o ensino secundário em Coimbra e seguidamente, o curso de Engenharia Química (1971) do Instituto Superior Técnico em Lisboa. O conhecimento da sociedade na Guiné e particularmente em Bolama, nestes dois períodos marcantes da sua vida, em criança e na fase adulta, analisado à luz da nossa histórica presença naquele território, está na origem deste livro.
Regressado à Metrópole em 1973, desempenhou a sua actividade profissional na área da indústria alimentar como engenheiro, consultor e gestor, em Portugal e na R. P. Angola, encontrando-se hoje aposentado.

Detalhes do Produto:

SBN: 9789727806355
Edição ou reimpressão: 02-2018
Editor: Âncora Editora
Idioma: Português
Dimensões: 165 x 230 x 15 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 224
Tipo de Produto: Livro
Coleção: Programa Fim do Império
Classificação Temática: Livros em Português > História > História da África

[Com a devida vénia a WOOK]

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3. Comentário do editor:

Caro Fernando Tabanez Ribeiro, está apresentado à tertúlia, com o número de inscrição 770.
Escusado será dizer que é muito bem-vindo a "bordo". A Marinha será o Ramo das Forças Armadas menos representado no Blogue, mas podemos dizer sem equívoco que são poucos mas bons.

Para os infantes, mais ainda para aqueles que como eu estiveram longe dos rios sinuosos e perigosos da Guiné, as peripécias com a Marinha, sejam ocorrências dentro de uma qualquer frágil embarcação, como era a maioria das que cruzavam aqueles rios, seja as em terra, vividas pelos bravos Fuzileiros, são lidas e sorvidas à custa do imaginário. Se na Guiné o terreno, mais ou menos seco, não facilitava a vida a ninguém, navegar naqueles rios, sempre a pensar nas marés para não ficar em seco, também era complicado.

Vamos ficar na expectativa das suas memórias da Guiné, sejam do tempo de menino ou de oficial da Marinha.

Abraço do camarada e amigo
Carlos Vinhal


LFG Cassiopeia


LFG Lira

Fotos: Com a devida vénia a Reserva Naval As 10 LFG Classe "Argos" na Guerra do Ultramar e ao nosso camarada Manuel Lema Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18483: Tabanca Grande (460): Gina Marques, nossa grã-tabanqueira nº 769... E não era sem tempo... A Gina foi o anjo da guarda, a enfermeira, a mulher extraordinária e corajosa, que deixou tudo (incluindo o emprego) para trazer à alegria da vida o seu homem., o António Fernando R. Marques, ex-fur mil da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71)... Um caso de (e)terno amor

Guiné 61/74 - P18488: (Ex)citações (335): a crítica "agridoce" de Mário Beja Santos ao meu livro "Guiné-Bolama, história e memórias" (Fernando Tabanez Ribeiro)


Fernando Tabanez Ribeiro [, foto que nos enviou o autor, e que será proximammete apresentado como membro da nossa Tabanca Grande, nº 770]


Capa do livro de Fernando Tabanez Ribeiro, "Guiné-Bolama, história e memórias" (Lisboa: Âncora Editora, 2018, 224 pp.)


1. Sobre o autor, Fernando Tabanez Ribeiro:

(i) nasceu em Coimbra a 11 de Junho de 1946;

(ii) viajou para a Guiné Portuguesa ainda na primeira infância, onde fez a escola primária e o antigo primeiro ciclo dos Liceus na modalidade de ensino particular, em Teixeira Pinto (Canchungo) e Bolama;

(iii) voltou à Metrópole para concluir o ensino secundário em Coimbra e seguidamente, o curso de Engenharia Química (1971) do Instituto Superior Técnico em Lisboa;

(iv) cumpriu o serviço militar na Armada entre 1971 e 1973, tendo sido mobilizado para a Guiné como oficial imediato de uma Lancha de Fiscalização Grande (LFG), navio patrulha das águas territoriais e dos principais rios da Província, durante a guerra colonial;

(v) o conhecimento da sociedade na Guiné e particularmente em Bolama, nestes dois períodos marcantes da sua vida, em criança e na fase adulta, analisado à luz da nossa histórica presença naquele território, está na origem deste livro;

(vi) regressado à Metrópole em 1973, desempenhou a sua actividade profissional na área da indústria alimentar como engenheiro, consultor e gestor, em Portugal e na R. P. Angola, encontrando-se hoje aposentado.

Fonte: Adapt. de Âncora Editora


2.  Mensagem do nosso leitor e camarada Fernando Tabanez Ribeiro, com data de 29 de março último:

Prezado Professor Luis Graça , editor do Blogue LG & Camaradas:

Dirijo-me a si deste modo, já que em breve formalizarei a minha inscrição no V/ Blogue, um ambicioso projecto que constitui hoje precioso acervo de documentação para a História da Guiné e da Guerra do Ultramar.

Apresento-me: sou o Fernando Tabanez Ribeiro, ex-militar miliciano da Armada em comissão de serviço na Guiné (1971/73) com o posto de 2º Ten. da Reserva Naval (Classe de Marinha) e autor do livro "Guiné-Bolama. História e memórias", da Âncora editora, recentemente vindo a público(26 Fev. 2018).

Digo-lhe ao que venho: o meu livro foi objecto de recensão por Mário Beja Santos nas colunas do V/ Blogue (Parte 1 em 15 Março seguida de Parte 2 em 26 Março), o que me leva a solicitar a divulgação do texto (em Anexo) no mesmo espaço. É o meu contraditório e,  de algum modo, uma crítica à crítica de MBS.

Antecipadamente grato pela V/ atenção envio cordiais saudações

Fernando Tabanez Ribeiro

3. "Guiné – Bolama, história e memórias" e a crítica de M. Beja Santos

por Fernando Tabanez Ribeiro

Li com muita atenção a análise crítica (Parte 1 e 2 do Blogue) de Mário Beja Santos [, MBS,]  do meu livro Guiné-Bolama (*), o que à partida, vindo de quem vem, me deixa lisonjeado, para mais, quando nos diz que leu atentamente tudo e por duas vezes. E mais satisfeito fico, ao constatar que o “Guiné-Bolama” justifica a pormenorizado exame de três páginas que dele faz MBS. Se o livro o não merecesse, certamente não perderia tempo com ele. Só por isso, o livro algum mérito terá.

A critica de MBS é “agridoce”, porventura mais acre do que doce, mas não me surpreende, pois tenho a noção de que, alguns dos factos e temas abordados, podem ser discutíveis e até mesmo objecto de alguma polémica. E ainda bem que assim é.

Comecemos pelo lado “doce” do mail introdutório à sua crítica, quando refere a “ternura e o saudosismo” da minha descrição e a compara com Fernanda de Castro, nome grande das nossas letras. Concordo em que este aspecto saudosista seja comum a ambos, o que muito me honra. No entanto, a minha vivência e da Mariazinha em África foram forçosamente diferentes, dadas as mudanças operadas na sociedade colonial, desde os anos vinte até aos anos cinquenta do meu tempo. A paisagem, no que se refere à “exotismo e à sedução”, continuaria a ter o mesmo efeito aos olhos do europeu, mas em relação ao “desconhecido” já não e ao paternalismo muito menos, porque entretanto muita coisa se passou na Guiné. Essa mudança tem a ver com Velez Caroço, Sarmento Rodrigues e principalmente ...trinta anos de aceleração do tempo histórico.

Há uma enorme diferença de grau quanto ao paternalismo das nossas visões, a dela e a minha. Apesar do longo caminho para a integração social que ainda faltava percorrer, a verdade é que a relação entre o patrão europeu e os criados indígenas (que continuavam a existir no meu tempo), não era a mesma e na escola, entre professores e alunos e de condiscípulos entre si, também não. Mas, no essencial estou de acordo com MBS neste ponto e havendo acordo, não há polémica.

Passemos agora ao lado acre da crítica propriamente dita, quando MBS começa por se interrogar (referindo-se a mim): “ ...a que público,em que sala de conversa ele se põe para falar de uma História da Guiné aos solavancos, glosando descrições já referenciadas em inúmeras obras, tudo contado até à
exaustão, tudo documentado e conhecido? Não se consegue entender.” E questiona-se sobre a razão porque “não relevei documentação científica recente acerca do que era a Guiné quando lá chegaram os portugueses, da literatura de viagens e das janelas para a presença portuguesa na Senegâmbia
no séc XVI, a exemplo do historiador guineense Carlos Lopes e José Silva Horta e Eduardo Costa Dias que constituem um património da historiografia luso-guineense de valor incalculável”, … e “não compreende a minha preocupação em voltar ao assunto da escravatura”. No entender de MBS, a descrição que faço do ciclo da escravatura é “consabida até à exaustão”, nada nos ensina de novo, rematando com Vitorino Magalhães Godinho [, VMG,], onde o essencial está dito e explicado.

A isto, eu limito-me a dizer: Valha-me Deus! É sabido que se escreveram milhares de livros e textos sobre História de Portugal, os quais necessariamente se reportam aos mesmos factos (não há outros). É óbvio que a esmagadora maioria destes autores se repetem de algum modo, na medida em que nos contam a mesma coisa de forma mais ou menos interessante, consoante o talento de cada um e a respectiva interpretação dos factos. Mas, basicamente dizem-nos o mesmo ou parecido. É certo que há autores inovadores, embora poucos, a começar por Fernão Lopes, a que todos os outros recorrem se querem falar acerca da crise de 1383-85 e a acabar modernamente, como muito bem diz MBS, em Magalhães Godinho, o “Papa” da economia e sociologia dos Descobrimentos e da Colonização, igualmente uma referência, pelo novo tipo da abordagem que faz da Expansão.

Quanto à Guiné, também André Álvares de Almada, António Carreira e Teixeira da Mota, além de outros em aspectos mais pontuais, são inovadores. São por isso fontes do conhecimento histórico. Mas haverá sempre muito para dizer, quanto mais não seja para efeitos de divulgação ou enquadramento de realidades sociais que se pretendem explicar, como modestamente pretende ser o “Guiné-Bolama”.

Tomemos como exemplo, o que MBS escreve no seu excelente trabalho, de parceria com Francisco Henriques da Silva, intitulado “Da Guiné portuguesa à Guiné-Bissau – Um Roteiro” (principalmente na sua 1ª parte dedicada à História da Guiné e tratada com grande pormenor), em que é tudo (ou quase), mais ou menos “consabido”, consoante o grau de conhecimentos dos respectivos leitores. Devo confessar que o li com muito agrado e que lá aprendi muita coisa que desconhecia ( por ignorância minha e não porque seja novidade o que lá vem descrito), embora não me tenha socorrido dele para o meu trabalho. 

Considero por outro lado que o “Roteiro” e o “Guiné-Bolama”, se dirigem a leitores com interesses diferentes, o primeiro para iniciados que queiram aprofundar o seu conhecimento global sobre a Guiné e o segundo de carácter mais superficial e numa perspectiva especialmente direccionada para
Bolama. Já agora, aproveito para me penitenciar pelo facto de, no meu livro, ter referido o “Roteiro” apenas na Bibliografia, sem uma palavra especial no miolo do texto, como de facto merecia.

Não sou historiador, nem sociólogo, tão pouco escritor, o que não me coíbe de ter opinião.E foi porque entendi que a minha vivência na Guiné e particularmente em Bolama durante a derradeira fase da época colonial deveria ser partilhada com os outros, que decidi escrevê-la, tanto mais que o desconhecimento do cidadão comum em relação à Guiné é enorme, o que é compreensível.  E o que sabem sobre a Guiné, confina-se normalmente à Guerra Colonial de que há ainda memórias vivas e pouco mais. O meu propósito limitou-se a transmitir ao leitor comum alguma coisa do que sei, e não a especialistas (a esses nada tenho para ensinar), exceptuando a descrição à lupa que faço de Bolama e da pequena comunidade colonial bolamense da década de 1950 que poderá, essa sim, ter algum interesse como contribuição sociológica confinada à micro-história e se perderia, não fosse este registo.

Aqui,  MBS é parco em encómios, limitando-se a referir a “ternura com que falo da rapaziada”.

Correndo o risco de me repetir, direi que a minha proposta foi apenas e tão somente, a de traçar um bosquejo histórico do que foi a Guiné Portuguesa, como apareceu e evoluíu ao longo do tempo, para a partir daí, dotar o leitor do enquadramento indispensável à compreensão do que foi, representou e como entrou em declínio Bolama, uma criação sui generis da nossa colonização, ao fim e ao cabo, o objectivo central a que me proponho. E nas palavras de um crítico que muito prezo, fi-lo “ ... sem renegar o passado da Guiné Portuguesa e pondo o dedo nas feridas coloniais, nas da transição e nas actuais ...”

É ainda nesta perspeciva de abordagem genérica do quadro histórico da Guiné que eu justifico a omissão dos nomes de Carlos Lopes, Silva Horta e Costa Dias, investigadores de referência de primeira linha no âmbito das “sociedades pré-coloniais da Senegâmbia e das trocas civilizacionais ocorridas com a presença portuguesa no séc. XVI”, como muito bem refere MBS. Trata-se de estudos claramente do domínio de especialistas e investigadores e que se situam para além do nível de divulgação, como é o caso de “Guiné-Bolama”.

E aqui, volto a lembrar uma vez mais, que o meu objectivo central é Bolama.

Se já em relação a outros temas estruturantes, MBS considera que me alonguei de mais, então se entrasse em linha de conta com todos estes aspectos... nem daqui a dois anos acabaria de escrever o livro.De qualquer modo aqui fica o mea culpa pelo facto de não ter citado estes autores, ao menos na Bibliografia, a qual, enferma ainda de outras lacunas (reconheço).

Do exposto, espero que MBS tenha ficado com uma ideia de qual é a “sala de conversa em que me situo” e por conseguinte qual é o “público” a que me dirijo (não é a ele com certeza, que é um especialista).

Outro ponto: Discorrer sobre a escravatura como tema fulcral do quadro histórico da Guiné colonial parece-me inevitável, ou não fosse este período a principal razão de ser da nossa presença na Guiné ao longo de três séculos e meio, ou seja, muito mais de metade de um total de cinco séculos, desde os
Descobrimentos até à Independência. Aqui, para além de ser criticado pelo tema “consabido até à exaustão”, também o sou por ter, pretensamente, “desassombrado” o esclavagismo português face ao de outras potências europeias. Uma tal asserção só pode ter a ver com o facto de eu ter enfatizado
a justificação do nosso pioneirismo nesse campo, no que teria sido entendido como uma defesa do nosso esclavagismo, ou por ter analisado o sistema com os óculos da época em que isso aconteceu e não pelos critérios de hoje, ou por ter associado ao negócio os irmãos étnicos dessas vítimas, realçando a sua coparticipação no tráfico a par dos negreiros ou ainda porque importa condenar,
avant tout, o colonialismo português, independentemente dos contextos em que se insere.

É certo que MBS também não rejeita a minha análise, antes se limita a referir que tudo foi dito e explicado por VMG, sendo por isso redundante voltar a falar nisso, “remexendo em matéria consabida” como ele diz. Eu não penso assim e entendo que é, e continua a ser, um dever imperativo insistir na cabal e correcta clarificação desta questão central, até porque desse modo, estou também a defender o meu país. Alexandre Sousa Pinto no Prefácio do “Guiné-Bolama” está em sintonia com isto, o que me faz sentir confortável. Não sou inocente, na medida em que há autores (MBS pensa que são “fantasmas” mas eu afirmo-lhe que eles existem e não são poucos), que continuam a iludir muita gente com informação tendenciosa, ou ideologicamente retorcida a ponto de subverter a verdade e que estão apostados em classificar o nosso colonialismo, incluindo a vertente esclavagista, como sendo o pior de todos, ou dos piores. 

Penso que são benvindas todas as contribuições no sentido de valorizar a análise do tema com verdade, imparcialidade e distanciamento a fim de pôr termo a tais equívocos. Daí a minha intransigência nesse ponto, bem explícita desde logo na dedicatória do meu trabalho, quando afirmo: Dedico este livro a Bolama, à Guiné Portuguesa e ao meu país. Não incluo MBS neste rol, mas que a sua posição de omitir o tema, alegando que “Há dezenas de anos que está tudo dito sobre o assunto”, não ajuda muito, lá isso é verdade.

MBS considera ainda que a minha narrativa do quadro histórico da Guiné, é feita “aos solavancos”e aqui terá alguma razão; eu próprio me apercebi disso, obrigando-me a reformular o texto por forma a minimizar o defeito. Isso decorre da minha tentativa de conciliação da abordagem temática (mais clara e elucidativa) de certos assuntos, sem perder o fio cronológico dos acontecimentos, igualmente importante. O discurso ganha em clareza mas admito que tenha custos (os tais “solavancos”).

A 2ª Parte da recensão nada nos traz de novo. Que é matéria mais que conhecida, o não envolvimento da PIDE no assassinato de Amílcar Cabral e o papel de Sekou Touré, as várias hipóteses goradas visando a Independência da Guiné, assim como a triste sucessão de golpes, confrontações, a luta pelo
poder, a venalidade, etc, que continuam a marcar o quotidiano do cidadão comum desde a Independência até hoje, a justificar o desencanto dos guineenses, dando exemplos de vários autores e trabalhos onde tudo isso vem explicado.

Eu por mim, continuo a achar que faz sentido a abordagem destes assuntos, ainda que a traços largos, para assim fechar o quadro histórico da realidade em que se insere Bolama, tanto mais que o faço por palavras minhas.Falei da Guiné antes de Bolama e voltei a falar dela depois da Bolama “moribunda” que antecede a Independência, procurando caracterizar a Guiné nos seus aspectos mais conspícuos. 

Faz ainda um reparo, nomeadamente a falta de rigor quando digo que AC teria sido expulso por Melo e Alvim. É um aspecto que pouco afecta a narrativa do curso dos acontecimentos mas, o rigor acima de tudo e terá razão MBS, pois não duvido da credibilidade das suas fontes.

MBS termina com ainda com dois reparos à melhor obra que, do meu ponto de vista se produziu até hoje sobre a História da Guiné (1879-1926) de Armando Tavares da Silva [ATS]. Acontece que, precisamente à hora de concluir este meu arrazoado, acabo de tomar conhecimento dos esclarecimentos dados pelo professor ATS sobre este assunto...e mais não digo. (**)

A “decepção” de MBS acerca do meu livro “Guiné-Bolama” é precisamente a mesma que para mim representou a sua recensão.

Fernando Tabanez Ribeiro
_____________

Notas do editor:

(*) Vd.postes de:


26 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18460: Notas de leitura (1052): “Guiné-Bolama, História e Memórias”, por Fernando Tabanez Ribeiro; Âncora Editora, 2018 (2) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 29 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18465: (Ex)citações (332): Comentário do historiador Armando Tavares da Silva ao Poste 18460: Notas de leitura (1052) de Mário Beja Santos



Beja Santos faz uma leitura e uma interpretação incorrectas do que está escrito em "A Presença Portuguesa na Guiné, História Política e Militar (1878-1926)". Nunca aí se disse ter havido na Guiné “uma espécie de luta de classes entre o Governo/administração e os comerciantes”, ou mencionado algo que pudesse ser considerado uma tal “luta de classes”. Quanto a “alguns levantamentos”, faço-lhe ainda notar uma diferença que convém ter bem presente: o que “aconteceu na luta armada” é uma coisa, e o que “motivou a luta armada” é uma coisa totalmente diferente.

Mas vejamos o que está escrito na obra mencionada. O que nela se escreve, por exemplo, pela mão de Manuel Maria Coelho, é que uma “chamada política da colónia” tinha separado em dois grupos os seus habitantes, “nativos ou emigrados, quer da metrópole, quer principalmente de Cabo Verde, compreendidos os funcionários públicos e até os militares”. Podiam classificar-se “simplesmente [por] patriotas e antipatriotas”.

Acrescenta Manuel Maria Coelho:  

“Aqueles eram os que se sentiam orgulhosos por que a Guiné seja, efectivamente e inegavelmente uma colónia inteiramente portuguesa; e estes – os antipatriotas – os que se sentiam morder de raiva por a nação portuguesa, o governo, não continuarem à mercê das condescendências e das tolerâncias de quem exercia na Guiné um poder tão extenso e tão profundo, que as vidas dos cidadãos, e principalmente das autoridades, estavam pendentes das intrigas, dos ódios e das aspirações desordenadas desses ambiciosos sem escrúpulos”.

No relatório da sindicância de que tinha sido incumbido por António José de Almeida (1917), na qual que se incluía a abertura de um “rigoroso inquérito sobre a vida pública da província para assim se esclarecerem tantas e tão variadas queixas que chegavam ao Ministério das Colónias”, o mesmo Manuel Maria Coelho escreve que no decorrer dessa sindicância apercebera-se do clima de intriga política e de interesses das várias facções de que se compunha a sociedade guineense. Verificara que a presença do elemento cabo-verdiano desempenhava aí grande influência. Era o pano de fundo sobre o qual tudo se tinha passado e que em parte o explicava (as operações de Teixeira Pinto em Bissau em 1915 e o seu rescaldo, incluindo as acusações que a este foram dirigidas). Entre esta presença Manuel Maria Coelho ressalta a do secretário-geral, Sebastião José Barbosa. E escreve:  

“Sebastião Barbosa é de Cabo Verde, ilha do Fogo [...] e como quase todos os cabo-verdianos, do Fogo, principalmente, não têm o menor amor a Portugal, procurando todos os que pela Guiné se encontram, com raras excepções, tomar conta desta província, de cuja administração se apoderaram e que querem conservar em seu poder como colónia de Cabo Verde, porque a não consideram colónia portuguesa”.

Vejamos ainda o que disse o governador Oliveira Duque relativamente às operações em Bissau em 1915: para as iniciar teve de “lutar fortemente contra más vontades, que encontrei até em funcionários altamente colocados, más vontades que atribuía e ainda atribuo ao desejo de que as coisas se mantivessem no pé de soberania fictícia em que estavam, e outras provenientes de animosidades pessoais conta o capitão Teixeira Pinto”.

E sobre as acusações que a este foram dirigidas, escreve Oliveira Duque:  

“A reputação de cada um está na Guiné à mercê dos nossos inimigos Cabo-verdianos, Guineensese e também índios que, conjuntamente com alguns, raros, europeus pretendem fazer da Guiné um feudo para seu exclusivo usufruto, o que vejo com pesar que cada vez mais se aproxima do seu desiderato”.

Mas recuemos a 1891 e vejamos o relato dos graves acontecimentos de Bissau desse ano, das diligências tendentes a compreender e explicar a sua origem e a subsequente procura da paz e harmonia, relato que está cheio de referências a “intrigas”, e procuremos a sua razão de ser. Estes acontecimentos foram precedidos e desenrolaram-se no clima de hostilidade entre as duas tribos papeis da ilha de Bissau, Intim e Antula.

Ora o governador Gonçalves dos Santos estava convicto de que estas hostilidades se deviam às ”intrigas dos habitantes da praça” , que “formando dois partidos” entre os beligerantes ”alimentavam a guerra”. O mesmo governador dirá que “o gentio branco e mulato (filhos da ilha do Fogo, principal colónia em Bissau) estão [...] mancomunados com os gentios e grumetes para nos desrespeitarem e desacatarem a autoridade; e os estrangeiros colaboram neste vil procedimento”, fim para que se serviam de “intrigas de toda a ordem”. E na procura de nomes dos instigadores do clima de desconfiança, um grumete afirma que “se fossem só portugueses e não do Fogo os que estavam na praça, não havia nunca guerra, nem com os grumetes, nem com Intim”. Pode perguntar-se: houve aqui algum “levantamento”?

A terminar mencionemos as palavras de Vellez Caroço no seu relatório de 1921-22 referindo-se aos problemas e dificuldades que teve de enfrentar para fazer “o saneamento” da província. Com a “compreensão nítida do presente” e a “visão segura do futuro” escreve Vellez Caroço:
“Cairei, prestando um serviço ao meu país, sacrificar-me-ei servindo a República, porque o embuste, a falsidade e o despotismo jamais voltarão a imperar na Guiné, e a obra metódica e persistente da desnacionalização desta rica província, que dia a dia se ia afirmando, teve aqui o seu termo. Como governador assim o espero, e como patriota assim o desejo”.

Vellez Caroço tocava aqui num ponto que outros que o antecederam já tinham sentido: a tentativa surda de afastamento da colónia da esfera de influência portuguesa. Ainda no mesmo relatório escreve Vellez Caroço:  

“Hoje já é vulgar ouvir na Guiné, entre o elemento cabo-verdiano, que nós somos estrangeiros”.

E pergunta: O que seria se “por qualquer motivo esta colónia amanhã deixasse de estar debaixo do domínio português?”

Por considerar que “a obra de desnacionalização [da] colónia era lenta, mas era contínua e persistente”, tornava-se necessário actuar para que não se continuasse a dizer que a Guiné portuguesa era “uma colónia de Cabo Verde”. E para isso era preciso mais atenção dos “compatriotas metropolitanos”, para que para a Guiné “lancem as suas vistas […] e para aqui venham trabalhar”.

E, a propósito, nota que “o nativo da Guiné tem tantos direitos como o natural de Cabo Verde, e na sua colónia, até tem mais. Auxiliemo-los, pois, nesta simpática empresa. Façamos do guineense um cidadão português com plena consciência dos seus direitos e correlativos deveres”. Era um desejo patriótico do governador, porventura difícil de atingir.

Para finalizar e voltando às considerações de Beja Santos em que refere o “projecto de independência de que Amílcar Cabral foi a bandeira”, creio poder dizer ter esse projecto terminado com os acontecimentos de 14 de Novembro de 1980. É bom perguntar-se: que motivação esteve na base destes acontecimentos e quais foram as suas consequências?

E os “grandes comentadores” que dislates é que cometem? É preciso é não ir atrás deles...

Armando Tavares da Silva

PS: Veja-se o meu Post P17819 de 3-10-2017[1] no qual estas questões são afloradas e se constata que Beja Santos nos comentários à obra acima referida resumiu a duas linhas a presença de Manuel Maria Coelho na Guiné, na prática olvidando um período de tempo e de acção reflectidos em quase dois capítulos desta obra.
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Notas do editor

[1] - Vd. poste de 3 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17819: Historiografia da presença portuguesa em África (95): A intriga política na Guiné, 1915-1917 (Armando Tavares da Silva, historiador)

Último poste da série de 10 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18400: (Ex)citações (331): Os problemas no CTIG logo em 1963: memórias de cá e de lá (Jorge Araújo)

segunda-feira, 26 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18460: Notas de leitura (1052): “Guiné-Bolama, História e Memórias”, por Fernando Tabanez Ribeiro; Âncora Editora, 2018 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Março de 2018:

Queridos amigos,
O memorável quadro de recordações de infância em Bolama não salvaguarda o leitor de perceber que o empreendimento de Tabanez Ribeiro não chegou a bom porto, havendo hoje vasta bibliografia sobre tudo o que ele escreve desde navegações atlânticas até às amarguras de um Estado independente que não consegue dar ao mundo uma imagem de governação responsável, onde a classe política prima pelo seu poder autofágico, porquê discorrer longamente sobre matéria consabida, porquê mais do mesmo, porquê não ter carimbado umas memórias únicas partindo da peculiar circunstância do que viu na sua infância e juventude e experimentou na sua comissão militar? É mistério insolúvel, e assim se escrevem livros com elevada carga dececionante.

Um abraço do
Mário


Guiné-Bolama, História e Memórias, por Fernando Tabanez Ribeiro (2)

Beja Santos

“Guiné-Bolama, História e Memórias” por Fernando Tabanez Ribeiro, Âncora Editora, 2018, despertava a curiosidade atendendo à circunstância de que o autor vivera uma parte da sua juventude na Guiné, a ela regressando como oficial da Armada. Mas o relato das suas memórias não resistiu à tentação de respigar um elenco de dados históricos sobre as navegações atlânticas portuguesas, a questão da escravatura na área da Senegâmbia, a figura dos lançados, a questão de Bolama no século XIX, o relevante papel histórico do Honório Pereira Barreto, as guerras da pacificação lideradas pelo Capitão João Teixeira Pinto, a questão da religiosidade na colónia da Guiné e depois Bolama, tão carinhosamente recordada, não hesito em dizer que é o ponto alto do seu registo do que viu e sentiu e agora passa a escrito.

Nada ficaremos a saber sobre a sua comissão militar, era compreensível a expetativa, foi oficial imediato de uma Lancha de Fiscalização Grande, impossível não haver recordações que possibilitassem um arco entre o passado da sua mocidade e a prova de armas.

Entendeu o autor que se devia debruçar sobre a problemática da independência, o papel de Amílcar Cabral, o seu assassinato, o projeto de união política entre Guiné e Cabo-Verde, deplorar como a República da Guiné-Bissau se mantém um país adiado, e fazer um balanço da historiografia da Guiné e da colonização.

Começa por conjeturar o que seria o resultado que teria hoje uma sondagem à população guineense no sentido de avaliar o respetivo grau de satisfação. Para surpresa de muitos, têm sido feitos trabalhos neste domínio, aguarda-se que a antropóloga alemã Tina Kramer consiga fazer um resumo em língua portuguesa da sua tese de doutoramento sobre a reconciliação dos guineenses quarenta anos após a independência. Num resumo já publicado no blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné a cientista deixou perfeitamente claro o desapontamento de vencedores e vencidos, se estivermos a falar dos que militaram ativamente nas fileiras do PAIGC e daqueles que apoiaram a soberania portuguesa. Ninguém pode esperar regozijo dos brutais ajustes de contas, do esbanjamento e pilhagem de recursos, da má utilização dos financiamentos da cooperação e dádivas para projetos de desenvolvimento, o compadrio étnico na assunção dos cargos públicos e parcialmente nas Forças Armadas, nas execuções sumárias, na indignidade à testa dos assuntos públicos, para já não falar do acinte entre forças partidárias que põe em primeiro lugar a cupidez no exercício do mando, relegando para as calendas o bem-estar das populações. Ninguém desconhece esta situação calamitosa, Carlos Schwarz da Silva, à frente da AD, que foi uma das mais influentes ONG guineenses, contou tudo nos seus relatórios, como são exemplares os relatórios da Liga Guineense dos Direitos do Homem, basta ir ao seu site e ler o relatório Quarenta anos de impunidade na Guiné Bissau. E a própria literatura não ilude toda esta conflitualidade, basta ler o grande escritor Abdulai Silá.

A história de Amílcar Cabral, até à biografia incontornável que lhe dedicou Julião Soares Sousa, tinha uma componente mítica onde não faltavam lendas descaradas. O historiador interroga frontalmente a questão da fundação do PAI em 19 de setembro de 1956, sabendo-se, como a documentação atesta, que Amílcar Cabral nunca falou do PAI antes de 1959, mais concretamente depois de ter ido a Bissau e dividido tarefas com Rafael Barbosa. Nunca o governador da Guiné expulsou Amílcar Cabral, ele regressou a Portugal com a mulher muito combalidos com malária, não foi forçado a ir trabalhar para Angola, foi um antigo professor do Instituto Superior de Agronomia que o indicou para o projeto angolano onde trabalhou em Cassaquel, com resultados brilhantes. Um dos seus hagiógrafos, Oleg Ignatiev, pôs a circular a lenda, continua a render. Não houve fuzilamentos no congresso de Cassacá (fevereiro de 1964) por divergências ideológicas, convergem os testemunhos de que se tratava de um conjunto de guerrilheiros que procediam selvaticamente com as populações, forjando até episódios de feitiçaria para matar pessoas. Ter, como aconteceu durante décadas, acusado a PIDE de estar associada à conjura do assassinato de Amílcar Cabral, hoje é manobra completamente desacreditada. O que os arquivos da PIDE mostram e o próprio Fragoso Allas, ao tempo seu dirigente confirma, é que tinha sido montada uma rede de informação ao mais alto nível em Conacri, Dakar e Ziguinchor, sobretudo, os comerciantes deslocavam-se nesses círculos e colhiam informações valiosas, transmitiam com regularidade as notícias do acréscimo de tensões entre guineenses e cabo-verdianos. É chão que deu uvas incriminar a PIDE, como as coisas são nunca aparecerão as peças fundamentais do processo e temos que acreditar no que escreveram Óscar Oramas, Bobo Keita e Aristides Pereira, este na última fase da sua vida. A lenda do assassinato ainda faz o seu percurso, continua-se a falar em Sekou Touré como instigador do assassinato, ele que no início da manhã daquele dia 20 de janeiro de 1973 enviou um embaixador até Amílcar Cabral avisando-o que estava iminente um golpe, Cabral desvalorizou. Quanto ao significado do ditador da Guiné Conacri ter recebido, a altas horas da noite, os conjurados, como poderia ser de outra maneira? O complô ocorre em território estrangeiro, basta ter dois dedos de testa para perceber que os conjurados precisavam de se legitimar, saiu-lhes o tiro pela culatra. O resto é lenda.

E quanto a um outro tipo de solução que conduzisse a uma transição mais frutuosa para a Guiné, é esquecer que Salazar e Caetano recusaram qualquer entendimento com os dirigentes do PAIGC, está tudo escrito, é comovente responsabilizar a forma insensata como se deu a transferência de soberania, os próprios dirigentes do PAIGC lembram que foram instigados pelos dirigentes do MPLA e da FRELIMO, tinham que ser completamente independentes já para que os processos de descolonização não entravassem em delongas neocoloniais, os dirigentes do PAIGC aceitaram a governação do país sem dinheiro nem quadros, vinham encadeados pelo sonho da ajuda socialista, o sonho caiu na água. Tudo isto é já conhecido, questiona-se o que leva Tabanez Ribeiro a recuperar a história devidamente anotada.

Não se pode deixar de saudar o ato de coragem do autor no enaltecimento que faz de René Pélissier, é de facto o mais influente historiador de língua francesa sobre os acontecimentos coloniais portugueses, a despeito de verrinas e de algumas injustiças que comete, uma das quais o autor recorda pela sua gravidade, a maneira como Pélissier desconsidera Marcelino Marques de Barros, um pioneiro da cultura, da língua, da etnografia e da etnologia guineenses. Concorda-se com a sua opinião quanto à importância do levantamento documental feito por Hermano Tavares da Silva quanto à presença portuguesa na Guiné, história política e militar entre 1878 e 1926. É um grande trabalho, de facto, mas onde há dois erros palmares, inacreditáveis, ao dizer que se constata neste período ter havido uma espécie de luta de classes entre o Governo/administração e os comerciantes e de que alguns levantamentos deste período preludiam o que vem a acontecer com a luta armada, não há qualquer sintonia possível entre guerras localizadas e o projeto de independência de que Amílcar Cabral foi a bandeira. Mas também os grandes estudiosos cometem os seus dislates, é preciso é não os aplaudir…
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Notas do editor

Poste anterior de 19 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18434: Notas de leitura (1050): “Guiné-Bolama, História e Memórias”, por Fernando Tabanez Ribeiro; Âncora Editora, 2018 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18451: Notas de leitura (1051): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (27) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 19 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18434: Notas de leitura (1050): “Guiné-Bolama, História e Memórias”, por Fernando Tabanez Ribeiro; Âncora Editora, 2018 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Março de 2018:

Queridos amigos,
Não se trata de uma expetativa defraudada, se bem que o autor possui um currículo que lhe teria permitido uma obra abalançada entre as suas recordações da juventude (escritas com nostalgia e candura, adiante-se) e a sua experiência militar ao serviço da armada, entre 1971 e 1973.
Entendeu Tabanez Ribeiro tecer considerações da sua lavra mexendo (melhor, remexendo) em matéria consabida, conta-nos o que vem em dezenas e dezenas de livros, mesmo quando é agradável ouvi-lo exaltar momentos de enorme dimensão colonizadora como foi a governação do Comandante Sarmento Rodrigues. São esparsos, apesar de alguns deles muito interessantes, estruturalmente desequilibrados, basta pensar na quantidade de prosa dedicada aos pioneiros da aviação, omitindo-se a evolução das infraestruturas, por exemplo. Mas uma coisa vos digo, poucas vezes se faz uma leitura tão intensa das nossas recordações de infância como as que ele nos dá de Bolama, nem a Fernanda de Castro, que ali viveu com o pai, capitão de porto, foi tão capitosa nas suas memórias.

Um abraço do
Mário


Guiné-Bolama, História e Memórias, por Fernando Tabanez Ribeiro (1) 

Beja Santos

Cada um de nós é um produto de circunstâncias e Tabanez Ribeiro teve a singularidade de fazer a escola primária e o antigo 1.º ciclo dos Liceus na modalidade de ensino particular em Teixeira Pinto e Bolama, tirou o curso de Engenharia Química em Lisboa e cumpriu o serviço militar na Armada entre 1971 e 1973, tendo sido mobilizado para a Guiné como oficial imediato de uma Lancha de Fiscalização Grande. Foi pois com a maior das curiosidades que me atirei à leitura do seu livro “Guiné-Bolama, História e Memórias”, Âncora Editora, 2018.

Começo pela exultação daquilo que considero a originalidade do seu testemunho, a Bolama da sua meninice, a descrição da cidade, a localização dos edifícios, as pessoas, o funcionalismo, os comerciantes, as figuras típicas, as brincadeiras, o cinema, a praia de Ofir, lê-se e é percetível a saudade e a ternura que perpassam por aquelas páginas, não lhe resisto a transcrever o que ele escreve com o título de “A rapaziada”:
“À tardinha, já pela fresca, por volta das cinco da tarde, chegava a hora da brincadeira e lá ia eu, porta fora. Passava em primeiro lugar pelas vendedeiras alinhadas junto ao portão do mercado, do lado da Praça do Fontanário (ou da Imprensa), a quem comprava uma ou duas medidas de mancarra, com que enchia os bolsos dos calções, e então ala, era saltar e correr a caminho do porto, ao encontro da rapaziada, saboreando os amendoins torrados.
Recordo, especialmente de entre os meus companheiros, uns vivos e outros já falecidos: o Luís Augusto R. F. Júnior e o irmão Eduardo Fernandes, o António Júlio Estácio e a irmã Guida(inha), o Jaime(inho) Cabrita e o irmão Fernando, o Júlio Vilela, o Anwar Saad e a irmã Hedla, o Hélder Barbosa e a irmã Guida, o Tozé Pinto e o irmão Rui, os manos José Francisco (Zeca) e o Carlos Eduardo Castro Fernandes (Carlitos), o Elgar do Rosário e a irmã, os manos António Fernando Almeida, João e Miguel por ordem de idades, o Jorge Rivière e as irmãs Maria Alexandra e Nani, o Vítor Alvoeiro Neves, o Cécil e o irmão Ildo, o Alexandre e os seus irmãos guinéus da família Nunes Correia, etc. Rapazolas mais velhos eram o Zezé Macedo, o Campitche, às do futebol local e ídolo da criançada miúda, o Romualdo, o Petronilho, o Lourenço Pina (Lorencinho) e muitos mais.
Havia inúmeros locais de brincadeira para além do Porto, a exemplo do Parque Infantil, dos recintos cimentados para o basquetebol na área anexa à Administração e nos Bombeiros para a patinagem, ou ainda em casa uns dos outros ou onde calhava.”

Com este percurso curricular, era esperável que o autor contrapusesse com o seu regresso à Guiné e da sua experiência militar nos desse conta, era o arco perfeito para uma narrativa sem precedentes na nossa literatura, parece-me. Mantém-se o enigma, após duas leituras que fiz ao seu documento: a que público, em que sala de conversa ele se põe para falar de uma história da Guiné aos solavancos, glosando descrições já referenciadas em inúmeras obras, tudo contado até à exaustão, tudo documentado e conhecido? Não se consegue entender.

Cada um é livre de forjar o seu auditório com as navegações atlânticas dos portugueses, com negócios dos escravos, com a existência dos “lançados”, a ação de Honório Pereira Barreto, a questão de Bolama, a Liga Guineense, as campanhas Teixeira Pinto e a colaboração de Abdul Indjai, seja. Como o autor cita na sua bibliografia que consultou obras recentes, é de questionar se não se deve relevar documentação científica abonatória do que era a Guiné quando lá chegaram os portugueses. O historiador guineense Carlos Lopes tem publicado a sua tese de doutoramento “Kaabunké – Espaço, Território e Poder na Guiné-Bissau, Gâmbia e Casamance Pré-Coloniais”, editado pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, 1999, há igualmente a Guiné da literatura de viagens, logo com André Alvares de Almada, o mais primoroso de todos pelo vigor descritivo, a Guiné é muito mais do que aquilo que consta em Zurara, Donelha e Lemos Coelho, historiadores como José Silva Horta e Eduardo Costa Dias abriram janelas para a presença portuguesa na Senegâmbia a partir do século XVI, repertoriaram trocas civilizacionais de grande importância, património da historiografia luso-guineense de valor incalculável. Não se percebe igualmente por que é que surge a preocupação em voltarmos a falar no tráfico de escravos para desassombrar a colonização portuguesa não foi pioneira na escravatura. No prefácio do livro, o general Sousa Pinto vem dizer:  
“Considero muitíssimo interessante e em conformidade com o que se acaba de dizer a abordagem histórica feita sobre a escravatura na área do Golfo da Guiné onde, ao contrário do que o politicamente correto em História nos tem vindo a querer convencer, se mostra claramente que, sendo sem dúvida Portugal nesta época o pioneiro do comércio escrava entre a África, as Américas e a Europa enquanto deteve o monopólio da navegação nesta área geográfica, são atores principais e parceiros no negócio os reis, régulos e potentados locais, negócio em que logo se foi larguissimamente ultrapassado por Holandeses, Franceses, Ingleses e até mesmo por Espanhóis que forneciam e financiavam os navios para o transporte e pagavam aos negreiros portugueses e cabo-verdianos fora da lei que, em contrapartida, lhes asseguravam toda a logística e os contatos com os negociantes e angariadores no terreno”.

Há dezenas de anos, desde o trabalho incontornável de Vitorino Magalhães Godinho que se sabe tudo isto. Ainda recentemente, o historiador Arlindo Caldeira no seu livro “Escravos e Traficantes no Império Português: O Comércio Negreiro Português no Atlântico durante os Séculos XV a XIX”, Lisboa, Esfera dos Livros, 2013, descreve primorosamente o tráfico negreiro e todos os seus agentes, tanto na região da Senegâmbia como mais abaixo, no Golfo da Guiné, não se sabe de que fantasma do politicamente correto se pretende falar quando a historiografia tem vincado a natureza do tráfico em toda a sua amplitude.

Não temos qualquer narrativa sobre a comissão militar de Tabanez Ribeiro mas ele vai tecer considerações sobre a luta de libertação, o assassinato de Amílcar Cabral, tecerá vastas referências à historiografia da Guiné e da colonização, há sérios reparos a fazer-lhe.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 16 de Março de 2018 > Guiné 61/74 - P18423: Notas de leitura (1049): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (26) (Mário Beja Santos)

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18330: Agenda cultural (628): Apresentação do livro "Guiné-Bolama, História e Memórias", da autoria de Fernando Tabanez Ribeiro, dia 26 de Fevereiro de 2018, pelas 15 horas, no Salão Nobre do Palácio da Independência, Largo de São Domingos, 11 em Lisboa (António Estácio)



Sobre o autor:

FERNANDO TABANEZ RIBEIRO 
Nasceu em Coimbra a 11 de Junho de 1946. 
Viajou para a Guiné Portuguesa ainda na primeira infância, onde fez a escola primária e o antigo primeiro ciclo dos Liceus na modalidade de ensino particular, em Teixeira Pinto (Canchungo) e Bolama. 
Voltou à Metrópole para concluir o ensino secundário em Coimbra e seguidamente, o curso de Engenharia Química (1971) do Instituto Superior Técnico em Lisboa. 
Cumpriu o serviço militar na Armada entre 1971 e 1973, tendo sido mobilizado para a Guiné como oficial imediato de uma Lancha de Fiscalização Grande (LFG), navio patrulha das águas territoriais e dos principais rios da Província, durante a guerra colonial. 
O conhecimento da sociedade na Guiné e particularmente em Bolama, nestes dois períodos marcantes da sua vida, em criança e na fase adulta, analisado à luz da nossa histórica presença naquele território, está na origem deste livro. 
Regressado à Metrópole em 1973, desempenhou a sua actividade profissional na área da indústria alimentar como engenheiro, consultor e gestor, em Portugal e na R. P. Angola, encontrando-se hoje aposentado.

(Com a devida vénia a Âncora Editora
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18302: Agenda cultural (627): Foi inaugurado hoje, às 14h30, o Dino Parque da Lourinhã: mais de 400 milhões de anos de vida na terra, no maior museu ao ar livre do país... Mais de 120 réplicas de dinossauro em tamanho natural... Um projeto de ciência, educação e entretenimento, na Lourinhã, a "capital dos dinossauros"