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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25193: Efemérides (427): José António Paradela (1937-2023): um ano de saudade... ("Sou um ilhéu de nome, um ilhavense, um antigo insular, mas também faço parte de um arquipélago mais vasto, que é afinal o mundo todo, à minha volta")

Ílhavo > Costa Nova do Prado > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 > Por aqui andava o nosso Zé António,  José Antóno Boia Paradela, de seu nome completo, arquiteto e escritor, amigo de família... "Fez a tropa" na pesca do bacalhau... É membro da nossa Tabanca Grande... Com a sua morte (em 21 de fevereiro de 2023), os seus amigos também morreram um pouco...  Mas agora também eles são todos, um pouco, "ilha...venses" de nome... 


Ílhavo > Costa Nova do Prado > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 >  O anfitrião e amigo, o ilhavense arquitecto José António Boia Paradela (pseudónimo literário, Ábio de Lápara (Ílhavo, 1937- Aveiro, 2023)


Ílhavo > Costa Nova do Prado > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 > Costumávamo passar um dia, no verão, com o Zé António e a Matilde, na sua adorada Costa Nova, antes de seguirmos para as vindimas, para o Norte, para Candoz, nos últimos dias de agosto... Na foto, a Alice e o Zé António atolados no "tarrafo" da ria... De repente, vi-me transplantado para as margens do Geba Estreito, nas proximidades de Mato Cão, quarenta anos atrás...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. É mais do que um ano de saudade, Zé António… São muitos anos de convívio e de amizade, grande parte, afinal,  das nossas vidas, ao longo do tempo em que os nossos filhos cresceram e se fizeram homens e mulheres…  Continuamos desolados com a tua perda, irreparável.

No ano em que se comemoram também os 50 anos do 25 de Abril, não podemos deixar de evocar o teu exemplo, não apenas como criador, arquiteto e artista de obra feita, mas também como cidadão, justo e livre, e  como homem, bom, afável, culto… 

Sempre foste amigo do teu amigo, estar contigo era um prazer e uma fonte de conhecimento, tu que tocavas tantas teclas do piano da cultura humana, das artes plásticas à música, da literatura às ciências do mar, da história pátria à “epopeia da faina maior”... Tu que adoravas o mar, as Berlengas, a tua ria de Aveiro, as tuas tertúlias, um bom copo,  um bom peixe vivinho da costa, um bom marisquinho,  o ensopada de enguias da tua Costa Nova do Prado … Tu que  sempre quiseste (e lutaste por) o melhor para a tua terra e o teu/nosso  querido país.   

Por tua causa, por "mor de ti (como se diz no Norte, na terra da Alice) somos também um pouco “ilha...venses", o que para ti queria dizer: 

"Sou um ilhéu de nome, un ilhavense, um antigo insular, mas também faço parte de um arquipélago  mais vasto, que é afinal o mundo todo, à minha volta; um ilhéu, mesmo de nome,  quando deixa a sua ilha  ou a sua península, quando embarca para a Terra Nova, na “Faina Maior", ou vai para Lisboa estudar e trabalhar, nunca destrói as pontes, nunca corta o cordão dunar e umbilical que o liga ao passado e ao futuro"...

Eu e a Alice (e seguramente também o João e a Joana) não podíamos deixar de te deixar aqui uma palavrinha de ternura, à procura das peugadas cósmicas que marcam ainda os nossos trilhos em vida... Um palavra que é também de conforto para com os teus (a Matilde, o Marco, o Jorge, a tua neta, a tua nora, os teus amigos mais próximos…).

 Teu "mano" Luís.

PS – Última mensagem do seu “alter ego”, Ábio De Lápara, no Facebook (foto *a esquerda), no dia em que se despediu da Terra da Alegria:

21 de fevereiro de 2023,  14:33

Querido Facebook, o destino levou-me para um local etéreo, onde descanso agora. Como última paragem despeço-me de todos os meus amigos dia 23 na Igreja Matriz de Ílhavo, por onde andei em seu redor descalço durante a minha meninice.

Agora, o início de algo que desconheço. Parti em Paz junto dos que me amam.

Cuida da minha conta,  meu Querido , um até já.

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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24594: Fichas de unidade (31): BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Bula, Nhala e Mampatá, março de 1973/setembro de 74)

Tem página no Facebook > Batalhão
Caçadores 4513 



Batalhão de Caçadores n.º  4513/72


Identificação: BCaç 4513/72

Unidade Mob: RI 15 - Tomar

Cmdt: TCor Inf César Emílio Braga de Andrade e Sousa | TCor Inf Carlos Alberto Simões Ramalheira | Maj Inf Duarte Dias Marques

2º Cmdt: Maj Inf Duarte Dias Marques

OInfOp/Adj: Cap Inf Jorge Feio Cerveira

Cmdts Comp:

CCS: Cap SGE Carlos Santos Pereira | Alf SGE Jerónimo dos Santos Rebocho Carrasqueira


1ª  Comp: Cap Mil Inf João Luís Braz Dias

2ª  Comp: Cap Mil Inf Domingos Afonso Braga da Cruz | Cap Mil Inf grad José António Campos Pereira

3ª  Comp: Cap Mil Cav João Carlos Messias Martins Cap Mil Inf Joaquim Manuel Guerreiro Dias

Divisa: "Non Nobis" (em latim quer dizer "não para nós"...)

Partida: Embarque em 16Mar73; desembarque em 22Mar73 | Regresso: Embarque em 03Set74 (3.ª Comp), 04Set74 (2ª Comp) e 06Set74 (Cmd, CCS e 1ª Comp)

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 26Mar73 a 22Abr73, no CIM, em Bolama, seguiu, em 27 Abr73, para o sector de Aldeia Formosa, com as suas subunidades, a fim de efectuar o treino operacional e sobreposição com o BCaç 3852.

Em 13Mai73, após o final do treino operacional, ficou, com as suas subunidades, na dependência operacional do referido BCaç 3852, que manteve, entretanto, a responsabilidade do sector, sendo orientado para reforço da contrapenetração e reacções à pressão inimiga na área.

Em 27Jun73, passou a batalhão de intervenção do CAOP 1, orientado para a interdição do corredor de Missirá e acções na região de Nhacobá, estabelecendo a sede em Cumbijã a partir de 29Jun73, integrando as forças instaladas em Cumbijã e Colibuia, além das suas próprias subunidades estacionadas no sector S2, em Aldeia Formosa e Mampatá.

Em 10Ag073, rendendo então o BCaç 3852, assumiu a responsabilidade do referido Sector S2, com a sede em Aldeia Formosa e abrangendo os subsectores de Buba, Nhala, Mampatá e Aldeia Formosa. 

Em 06Set73, a função de intervenção já anteriormente executada pelo batalhão foi temporariamente atribuída ao BCaç 4516/73 até 30Out73.

Desenvolveu intensa actividade operacional, tendo comandado e coordenado diversas acções e operações e a realização de patrulhamentos, reconhecimentos e acções de vigilância da fronteira e de contrapenetração. 

A par disso, actuou ainda na protecção aos trabalhos de abertura e melhoramento de itinerários e de segurança e defesa das populações e da sua promoção socioeconómica.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 1 metralhadora ligeira, 5 espingardas, 1 lança-granadas foguete, 61 granadas de armas pesadas e a detecção e levantamento de 30 minas.

A partir de 07Ag074, comandou e coordenou a execução do plano de retracção do dispositivo e a desactivação e entrega dos aquartelamentos ao PAIGC, a qual foi sucessivamente efectuada nos subsectores de Mampatá, em 29Ag074, de Aldeia Formosa, em 31Ag074, de Nhala em 02Set74 e de Buba, em 04Set74. 

Em 31Ag074, foi transitoriamente deslocado de Aldeia Formosa para Buba, onde se manteve até à desactivação e entrega do aquartelamento em 04Set74, após o que recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

***

A 1ª Comp, após o treino operacional no subsector de Buba com a CCaç 3398, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar a actividade daquela subunidade no esforço realizado de contrapenetração no referido subsector e depois integrada no seu batalhão, na função de intervenção que lhe foi atribuída, tendo-se instalado, a partir de 17Mai73, em Mampatá.

Em 15Ag073, rendendo a CCaç 3398, assumiu a responsabilidade do subsector de Buba, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 04Set74, após a desactivação e entrega do aquartelamento ao PAIGC, recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

***

A 2ª Comp, após a realização do treino operacional na região de Nhala com a CCaç 3400, sob orientação do BCaç 3852, foi deslocada para Aldeia Formosa, a fim de colaborar na segurança dos trabalhos da estrada Mampatá-Nhacobá. Em 29Jun73, integrando o seu batalhão na função de intervenção, instalou-se em Cumbijã.

Em l8Ag073, rendendo a CCaç 3400, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhala, onde se manteve até à desactivação c entrega do aquartelamento, em 02Set74, recolhendo então a Bissau para efectuar o embarque de regresso.

***

A 3ª Comp, após a realização do treino operacional na região de Aldeia Formosa com a CCaç 3399, sob orientação do BCaç 3852, passou a reforçar o esforço de contrapenetração realizado por aquela subunidade no referido subsector.

Em 211un73, mantendo-se em Aldeia Formosa, ficou integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão, então em função de intervenção naquela zona de acção.

Em 13Ag073, substituindo a CCaç 3399, assumiu a responsabilidade do subsector de Aldeia Formosa, no sector do seu batalhão.

Em 31Ag074, após desactivação e entrega do aquartelamento, recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n." 113 - 2.ª  Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pp. 170/172.

2. Comenmtário do editor LG:

Militares deste batalhão que integram o nosso blogue, ou sejam, fazem parte da Tabnca Grande, a "mãe de todas as tabancas"...

(i)  da 1ª companhia (Buba, 1973/74), o camarada Manuel Oliveira,  bem com o António Alves da Cruz a mais recente admissão, o nº 880, com convite pendente desde... 2014!)),  

(ii) da 2ª companhia, já cá temos, há muito,  o António Murta, ex-alf mil inf Minas e Armadilhas (que tem mais de 90 referências, sendo autor da notável série "Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513"); e ainda o José Carlos Gabriel (ex-1.º Cabo Cripto): ambos estiveram en Nhala, 1973/74 (estiveram em Aldfeia Formosa, Cumbijã e Nhala);

(iii) há  um quinto camarada, o Fernando Costa (ou Fernando Silva da Costa), ex-fur mil trms d
a CCS/BCAÇ 4513, que esteve em Aldeia Formosa (infelizmente já falecido, em 2018, segundo informação da página do Facebook, do batalhão; tem 17 referências no nosso blogue, para o qual entrou em 25/10/2009; vamos fazer-lhe um poste In Memoriam: só agora, cinco anos depois temos conhecimento desta triste notícia).
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domingo, 2 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23662 Voltamos a recuperar as antigas cartas da província portuguesa da Guiné, um dos recursos mais preciosos do nosso blogue - Parte II: De Cabuca a Fulacunda


Rosto da página pessoal de Luís Graça, socólogo, "Saúde e Trabalho", criada em 1999, e alojada, até a meados de 2022, no sítio da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa, que foi entretanto reformulada. 

A página (www.ensp.unl.pt/luis.graca) pode agora voltar a ser consultada no Arquivo.pt, da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia. Foi aqui, nesta página, que começou a aventura do blogue "Luis Graça & Cmaradas da Guiné", o maior blogue em língua portuguesa criado em 2004 e mantido por antigos combatentes da guerra colonial / guerra do ulltramar na antiga colónia ou província ultramarina portuguesa  da Guiné, abarcando o período de 1961 a 1974. 


1. Estamos a recuperar as cartas (ou mapas) da Guiné,  dos Serviços Cartográficos do Exército, que estavam alojadas desde finais de 2005 na página pessoal do editor Luís Graça, cujo servidor era o da Escola Nacional de Saúde Pública / Universidade NOVA de Lisboa, e que ficaram temporariamente, indisponíveis, há alguns meses atrás.

Mais concretamente estavam alojadas numa pasta institulada " Luís Graça e Camaradas > Subsídios para a História da Guerra Colonial"...De qualquer modo, honra seja feita ao departamento de informática da ENSP/NOVA, os ficheiros da minha página foram-lhe devolvidos, represnetando 263 Mb de dados (5 mil ficheiros, 63 pastas)...

As cartas (ou mapas) da Guiné e os demais recursos da minha antiga página passam doravante a poderem ser consultadas, de novo,  "on line", no Arquivo.pt.(https://arquivo.pt):
 
O Arquivo.pt é uma poderosa infraestrutura de investigação, mantida pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, que permite pesquisar e aceder a páginas da web arquivadas desde 1996. 

O principal objetivo é a preservação da informação publicada na Web  portiguesa para fins de investigação.

É sabido que, passado um ano, apenas 20% de um conjunto de endereços se mantêm válidos. E nada mais irritante e frustrante para os utilizadores da Net (incluindo os investigadores, das mais diversas áreas,  História, Sociologia, Linguística, etc.) do que  encontar "links quebrados".

Isto quer dizer o quê, no nosso caso  ? Que muitas nossas páginas, entusiástica e generosamente  criadas e mantidas, por antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial, deixam de aparecer e perdem-se irremediavelmente... Foi o caso de muitas páginas ou sítios que nós seguíamos e que, por essa razão, deixámos de listar no nosso blogue (já não existem ou os links estão quebrados).

Infelizmente, não sabemos se há uma inventário das páginas criadas neste domínio, sobretudo desde há duas décadas para cá. Algumas foram criadas em servidores, portais ou plataformas que permitiam o alojamento gratuito de páginas pessoais ou arquivo de fotos, e que hoje já nem sequer existem ou que passaram a cobrar pelos seus serviços: estou-me a lembrar do portal Terravista, por exemplo, onde eu comecei a publicar na Net,e onde tive uma página; ou do portal Sapo (inicialmenet criado em 1995 pelo Centro de Informática da Universidade de Aveiro); ou do Photobucket (cujas condições de subscrição forma alteradas em 2017, se não erro). Devíamos todos ter percebido, logo na altura, que neste mundo não há almoços grátis...

Daí o interesse do Arquivo.pt (que não deve ser confundido com o Internet Archive), permitindo "a preservação da informação publicada na Web portuguesa para que o conhecimento nela contido esteja acessível às nossas gerações futuras"... 

É o caso da página pessoal do nosso editor, "Saúde e Trabalho - Luís Graça", e o blogue que ele fundou e tem ajudado a manter desde 2004, "Luís Graça & Camaradas da Guiné"Para saber mais, ver aqui: Arquivo.pt.

O Arquivo.pt também tem uma página no Facebook: Arquivo.pt: pesquise páginas do passado.


2. Continuamos, entretanto, a repor as nossas preciosas cartas da Guiné (Escala 1/50 mil), por ordem alfabética, agora alojados no Arquivo.pt. É só carregar no link.

No final desta série continuarão a estar disponíveis na coluna estática do blogue, do lado esquerdo. Por enquanto esses links constinuam quebrados, bem como todos os topónimos que até agora (u até há alguns meses) usavam os links antigos, quando estavam alojados na página da ENSP/NOVA. Aqui vão os novos links, das cartas (de C a F):

Cabuca (1959) (inclui um troço do rio Corubal)

Cacheu / Sâo Domingos (1953) (Carta de Cacheu, inclui Cacheu, São Domingos, rio Cacheu, rio Grande de São Domingos, Caboiana...)

Cacine (1960) (inclui Cacine, rio Cacine, rio Cumbijã, parte do Cantanhez...)

Cacoca  / Gadamael (1954) (incluiu Cacoca, Sangonhã, Gadamael Porto, parte do Quitafine e do Cantanhez, rio Cacine e fronteira sudeste com a Guiné-Conacri)

Caiar  (Ilha de)  ( Como (Ilha do Como) (1959) (inclui as ilhas de Caiar, Como e Catunco, ainda o rio Cumbijã...)

Canchungo / Teixeira Pinto (1953) (carta de Teixeira Pinto, hoje Canchungo, inclui Teixeira Pinto,  Bassarel, Catequisse, Bachile / Churoenque...)


Catió (1956) (inclui Catió, Darsalame, rios Tombali, Pobreza, Cobade...)

Colina do Norte (1956) (incluin Fajonquito...)

Como (Ilha de) / Caiar (Ilha de) (1959): vd. 
Caiar  (Ilha de) (1959)

Contabane (1959) (incluin Saltinho, Contabane, rio Corubal...)

Contuboel (1956) (inclui Contuboel, Jabicunda, rio Geba...)

Duas Fontes (Bangacia) (1959) (inclui Galomaro...) 

Empada (1955) (Inclui Empada, rio Grande de Buba...)

Farim (1954) (inclui Farim, rio Farim, Canjambari, Bironque, Mansabá, K3 / Saliquinhedim...)

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23641: Companhias e outras subunidades sem representantes na Tabanca Grande (4): CCAÇ 2637, mobilizada pelo BII 18, Ponta Delgada, Açores (Teixeira Pinto, 1969/71), e a que pertenceu o fur mil enf Fernando Almeida Serrano, natural de Penamacor e futuro novo membro da Tabanca Grande




Guião e crachá da CCAÇ 2637 (Teixeira Pinto, 1969/71). 

Coleção: Carlos Coutinho (com a devida vénia...)


1. Ontem, no 49º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, em Algés, fiquei,  na mesa,  ao lado do camarada Fernando Almeida Serrano. Foi a segnda vez que ele veio a esta tertúlia, onde não conhecia ninguém. Fui eu que o puxei para a minha mesa. E tivémos uma longa, agradável, franca e proveitosa conversa. 

Fiquei a saber que era professor primário, natural de Penamacor,  conterrâneo, amigo, colega e camarada do Libério Lopes (ex-2º srgt mil, CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65). Falámos também da sua terra, e do seu ilustre conterrâneo, o médico cristão novo António Nunes Ribeiro Sanches (Penamacor, 1699 - Paris, 1783), cujas obras  (as principais, em edição moderna da Universidade da Beira Interior, em formato pdf), lhe fiquei de mandar uma cópia em próxima oportunidade. (É um dos grandes pioneiros da saúde pública, e o nosso maior médico do séc. XVIII, especialista em "males de amores", e figura que eu muito admiro; é o único português que tem uma entrada na famosa enciclopédia de Diderot e D'Alambert, Paris, 1751-1772, justamente sobre "venerologia": "Maladie vénérienne inflamatoire chronique", ou seja, "doença venérea inflamatória crónica").

O Fernando reside desde 1972 em Carnaxide, Oeiras onde deu aulas juntamente com a esposa.  Foi furriel mil enfermeiro da "açoriana" CCAÇ 2637 (Teixeira Pinto, 1969/71), de que, como é frequente, com as unidades moblizadas pelo BII 18, Ponta Delgada (e também BII 17 e BII 19), não temos nenhum representante na Tabanca Grande... A emigraçao, nomeadamente transatlântica, levou para longe muitos dos nossos camaradas açorianos e madeirenses. 

O Fernando Almeida Serrano conhece o nosso blogue e manifestou vontade em juntar-se aos 864 membros da Tabanca Grande. Tem uma forte ligação aos seus "irmãos açorianos", se bem que muitos dos antigos militares da CCAÇ 2637, tenham seguido os caminhos da emigração.  A sua casa é a casa deles, qaundo vêm ao Continente, e a casa deles, nos Açores, é a sua casa, quando ele lá vai.   

Tem uma página na Net, que eu ainda não localizei, "Guiné-Recordações" (julgamos que se trata de uma página no Facebook, de um grupo privado, com 5 mil membros, criado há 2 anos). Tem também página pessoal no Facebook. É amigo (e cunhado) do nosso grã-tabanqueiro, ten cor art ref, José Francisco Robalo Borrego (qye foi fur art,  Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau, e 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72). Aporesentei-o ao António Graça de Abreu, que esteve em Teixeira Pinto, no CAOP1, em 1972, ao tempo do coronel paraqueista Rafael Durão, mas não chegaram a estar juntos, o Fernando e o António, já que a CCAÇ 2673 terminou a sua comissão em agosto de 1971.

Publicamos, para já a ficha da unidade, referente a esta companhia, mobilizada pelo BII 18.


Ficha de Unidade > Companhia de Caçadores nº 2637

Identificação: CCaç 2637

Unidade Mob: BII 18 - Ponta Delgada

Crndt: Cap Inf José Cândido de Oliveira Bessa Meneses

Divisa: "As armas não deixarão enquanto a vida não os deixar"

Partida: Embarque em 220ut69; desembarque em 280ut69 | Regresso: Embarque em OçSet71


Síntese da Actividade Operacional

Em 300ut69, seguiu para Teixeira Pinto, a fim de efectuar o treino operacional sob orientação do BCaç 2845 e substituir a CCaç 2368 no reforço àquele batalhão e depois ao BCaç 2905, como subunidade de intervenção e reserva do sector, a partir de 17Dez69, tendo realizado diversas acções nas regiões de Pechilal, Bajope e Belenguerez, entre outras.

Em 07Jan70, mantendo o comando em Teixeira Pinto, passou a orientar a sua actividade para a realização dos trabalhos dos reordenamentos de Bassarel, Bajope, Chulame, Blequisse e Batucar, este último até 150ut70, e para a promoção socioeconómica das respectivas populações.

Em 28Jun71, com a instalação da CCaç 3327 em Bassarel, transferiu a sua sede, temporariamente, para o reordenamento de Chulame, permanecendo efectivos da subunidade nos reordenamentos de Bajope e Blequisse.

Em 20Ago71, foi substituída nos reordenamentos por efectivos da CCaç 3327 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações > Tem História da Unidade (Caixa n.º 86 - 2.ª Div/4ª Sec, do AHM)

Fonte: Excerto de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 384.

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Nota do editor:

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22763: O que é feito de ti, camarada? (14): Jacinto Cristina, o padeiro da Ponte Caium, 3.º Gr Comb, CCAÇ 3546 (Piche, 1972/74)...Viúvo, acaba de fazer 72 anos, está reformado como industrial de panificação... e abriu conta no Facebook.


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7

Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Setor de Piche > Ponte sobre o Rio Caium > CCAÇ 3546 (1972/74) >  Destacamento da Ponte Caium, guarnecido pelo 3º grupo de combate, "Os fantasmas do leste",  de que fazia parte o nosso amigo e camarada Jacinto Cristina, natural de Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo, 72 anos, feitos no passado dia 14 (*). 

Soldado atirador de infantaria, foi mobilizado para a Guiné, casado e pai de um filha pequena,   foi um "sem-abrigo", viveu um ano e tal em cima de um tabuleiro da Ponte Caium, com a G3 a seu lado... 

É membro da nossa Tabanca Grande desde 24/9/2010, tem cerca de 4 dezenas de referências no nosso blogue. Vive em Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo, reformado de padeiro e viúvo.

Fotos: © Jacinto Cristina (2010). Todos  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O que é feito deste camarada (**)  que ficou "famoso" por bater o recorde de permanência no destacamento da Ponte de Caium ?

A ponte, a padaria e o padeiro... O forno foi construído na parte inferior da ponte... Como o espaço era acanhado, tudo se aproveitava... O forno e a cozinha ficavam do lado esquerdo, no sentido Piche-Buruntuma (Foto nº 1)...

De costas, em tronco nu, vê-se o Manuel da Conceição Sobral (que vive hoje em Cercal do Alentejo, Santiago do Cacém), e era o ajudante de padeiro. O Jacinto Cristina, o padeiro, está a enfornar (Foto nº 1)...

No destacamento da ponte de Caium (Foto nº 6) estava um grupo de combate, à época pertencente à CCAÇ 3546 (Piche, 1972/74). O Sobral e o Cristina faziam reforço das 4 às 6 da manhã. Por volta das 5h/5h30, um deles ia amassar a farinha (12 kg / dia)... O outro ficava de reforço até às 6. Depois das seis, até às 8h/8h30, ficavam os dois a trabalhar. Às 9h já havia pão fresco... 

Todos os dias coziam. Tinham um stock de farinha que dava para um mês. Faziam uma média de 30 pães de 400 gramas, por dia. Como bons tugas, os camaradas que defendiam a ponte, adoravam pão!... O resto do dia os padeiros descansavam, ou jogavam à bola, ou brincavam no rio, quando levava água... Tabanca só havia a 3 km dali.

O Sobral era o apontador do morteiro 81 e o Cristina o municiador. Portanto, uma parelha completa!... Depois na "padaria", trocavam de papeis...Também havia um morteiro 10,7, ao cuidado do Pinto e do Algés. O 81 ficava do lado direito, à saída da ponte, no sentido de Buruntuma. O 10,7 ficava no lado esquerdo, junto ao paiol, também no sentido de Buruntuma... Mais à frente estava o 1º cabo Torrão, apontador da HK 21 (irá morrer na emboscada de 14 de Junho de 1973, na estrada Ponte Caium - Piche). Também havia o morteiro 60 e a bazuca 8,9.

O Cristina (eu trato-o sempre por Jacinto, pai da minha querida amiga Cristina Silva, enegenheira e empresária,  e sogro do meu querido amigo, o médico madeirense Rui Silva, não o  posso tratar por "doutor" que ele vai aos arames...)  tornou-se de tal maneira imprescindível (por causa do "pão nosso de cada dia") que, além de municiador (e apontador, quando necessário) do morteiro 81, ficou na ponte de Caium 14 meses!!!... (Em rigor, 13, se descontarmos o glorioso mês de férias, em abril de 1973, em que veio a casa para estar com a mulher e a filha; com ele, de férias, vieram também o Pinto, o Charlot e o Algés; no avião da TAP, uma alegria!...Já não se lembra de quanto pagou... Uma fortuna para um soldado, para mais casado e pai de filha..."Seis contos, para aí", diz-me ele.)

Diziam que o pão da dupla Cristina-Sobral era o melhor casqueiro da Zona Leste... Na foto nº 2,   o Jacinto está varrer e a limpar o forno... Na foto nº 3, está a fazer um petisco, ou não fosse ele um alentejano dos quatro costados... Na foto nº 4, está a barbear-se... Mesmo com o metro quadrado mais caro da Guiné, nas "suites" da Ponte Caium não faltava nada (Foto nº 5)... O chuveiro era um bidão de 200 litros, furado...

Terrível foi aquele período de um mês (entre meados de maio e junho de 1973) em que o destacamento esteve sem reabastecimentos, sem farinha, sem pão... Por que a fome era negra, meteram-se a caminho de Piche, no Unimog, a 14 de junho de 1973, tendo sofrido uma brutal emboscada (que não era paraceles..
) e em que morreram o 1º cabo apontador de metralhadora David Fernandes Torrão, e os soldados atiradores Carlos Alberto Graça Gonçalves ("Charlot"), Hermínio Esteves Fernandes e José Maria dos Santos...

Disse-me o Jacinto Cristina (que ficou na ponte a tomar conta do seu morteiro 81), que os corpos foram cortados em quatro, com rajadas de Kalash... O bigrupo do PAIGC (onde foram referenciados cubanos) levou cinco armas (incluindo a do furriel que foi projectado com o impacto do RPG7, juntamente com o sold cond auto Rocha, o Florimundo ).

Uns meses antes, em 19 de Fevereiro de 1973, tinha morrido o fur mil op esp Amândio de Morais Cardoso, na sequência da desmontagem de uma armadilha de caça. Essa cena passou-se debaixo dos olhos do Cristina que se salvou por um triz, ao pressentir o perigo.

Na foto nº 5, vê-se o tabuleiro da ponte por onde passava a estrada Piche-Buruntuma,,, A padaria ficava em segundo plano do lado esquerdo... A foto deve ter sido tirada no dia dos anos do Sobral, em março de 1973, a avaliar pelos dois cabritos que estão junto ao "burrinho" (o Unimog 411)... Tinham sido comprados na tabanca fula, que ficava a nordeste da ponte, a 3 km, e onde residiam as lavadeiras...

Soldado atirador, o Cristina era, como já dissemos, municiador do morteiro 81. Mas, uma vez que Piche ficava longe e era preciso fazer pão todos os dias, aprendeu a arte de padeiro (que depois seria o seu ganha-pão, em Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo, onde vive, hoje já refiormado; durante anos, teve um negócio próprio na área da panificação; passei várias vezes pela casa e padaria, e trazia para Lisboa o seu pão feito na hora; pude, pois, comprovar que o seu "casqueiro" era, de facto, o melhor da região).

Como se percebe pelas fotografias, as estruturas da ponte foram aproveitadas ao milímetro...

Na foto nº 6 (s/d, tirada na época seca, em 1973), o destacamento é visto da margem esquerda do Rio Caium, a sul da estrada, no sentido Buruntuma-Piche. Segundo o Carlos Alexandre (, de alcunha, "Peniche"), ao examinar melhor uma imagem destas que lhe mandei, com maior resolução, vê-se que,  à entrada do tabuleiro, estão dois camaradas que parecem ser o Cristina e o Sobral.

Um novo troço da estrada Piche-Buruntuma estava então em construção, a cargo da Tecnil. De Nova Lamego a Piche já se ia, há muito, em estrada asfaltada. Daí talvez este desvio, contornando a pontes.  O desvio é visível (parcialmente, em primeiro plano) na foto nº 6.

Na foto nº 7, pode-se ver um aspecto dos pilares da ponte... O Cristina, mais um camarada, na "hora do recreio" (ele não se recorde do nome)... Ali no rio Caium, naquela improvisada jangada, poderiam dar largas à sua imaginação de marinheiros e aventureiros... Na época seca, o rio levava pouca água... O abastecimento de água era feito mais longe, de Unimog, com segurança,

Na época seca, o rio Caium ficava seco (ou reduzia-se a um pequeno charco à volta da ponte). Este rio é um afluente do Rio Coli, que fica a sul da estrada Nova Lamego-Piche-Buruntuma e serve de linha fronteiriça entre a Guiné-Bissau e a Guiné-Conacri. (***)

Entre o destacamento e a fronteira era "terra de ninguém" mas onde o PAIGC podia movimentar-ser à vontade.

Foto nº 8


Foto nº 9

Ferreira do Alentejo  > Figueira de Cavaleiros >  2021 > O Jacinto Cristina, agora reformado, ainda vai fazendo pão  para a a família e os amigos... Fotos da sua página no Facebook.

Fotos (nºs 8 e 9): © Jacinto Cristina (2021). Todos  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 10


Foto nº 11

Ferreira do Alentejo > Figueira de Cavaleiros > 14 de novembro de 2021 > O Jacinto Cristina e o genro, o médico Rui Silva....A foto nº 10  foi tirada pela filha, a engª Cristina Silva (que aparece na foto a seguir, nº 11.). Uma família feliz... Filha e genro vieram de propósito do Funchal para fazer uma surpresa no 72º aniversário do Jacinto...

Fotos (nºs 10 e 11): © Rui Silva (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Há já uns tempos (, uns anos bons,) que o não vejo nem lhe falo ao telefone... Mas não nos esquecemos de lhe dar todos os anos os parabéns pelo seu aniversário, a 14 de novembro... 

Este ano eu estava no Funchal quando a filha, Cristina Silva (, membro da nossa Tabanca Grande),  e o genro, Rui Silva, se preparavam para vir fazer-lhe, na sua casa em Figueira de Cavaleiros,  uma surpresa!... E que surpresa!..

Eu fiz questão de me associar à festa, e o Rui Silva teve ocasião de lhe ler a mensagem e os versinhos que escrevi para o Jacinto... E que reproduzo aqui, mesmo já com duas semanas de atraso. (Apesar de sermos camaradas, ele é um pouco formal comigo, tratando-me por professor e por você... Fiz questão agora de começar a tratá-lo por tu, esperando que ele faça o mesmo comigo...)


Mensagem para o Jacinto Cristina, no seu dia de aniversário

Camarada Jacinto, os bravos da Guiné tratam-se por tu...E em dia de aniversário eu venho aqui desejar-te o melhor da vida. Sei que já não te apanho, muito menos no teu centenário.. E ainda pro cima de canadianas.Mas quero que sejas muito  feliz e tenhas boa saúde e o amor e a estima da tua família e dos teus amigo. Trata-me sempre muito bem as tuas princesas, a Cristina e a Sara [, a neta, a estudar em Inglaterra ]. E es um sortudo por teres arranjado um genro como o Rui Silva que tem um coração maior do que a terra dele. Felicidades tambémpara a tua  companheira que eu ainda não conheço.

Gostava de te voltar a ver em Figueira de Cavaleiros, em Lisboa ou na Lourinhã. Ou até no Funchal. Pode ser que um dia destes calhe...Para alegrar a tua festa, viu-te mandar uns versinhos que fiz no avião Lisboa-Funchal para a Cristina ou o Rui lerem...

Tanto tempo sem te ver,
Meu camarada Jacinto,
Já saudades de ti sinto,
'Tá na hora d'aparecer.

'Tá na hora d'aparecer.
Sempre foste hospitaleiro,
De Caium o milagreiro,
Qu'a muitos deu de comer.

Qu'a muitos deu de comer,
Lá na ponte de Caium,
Não faltando a cada um
O que todos queriam ter.

O que todos queriam ter,
Era o casqueiro p'la manhã,
Mesmo sem manteiga haver,
Lembrava o pão da mamã.

Lembrava o pão da mamã,
O teu Alentejo querido,
Na alma vieste dorido,
Da guerra em terra pagã.

Da guerra em terra pagã,
Resta a camaradagem,
Mas p'ra próxima viagem,
Tens que vir à Lourinhã.

Daqui do Funchal bebemos um copo à tua saúde,
e dos teus queridos que estão aí à tua mesa.
Luís (e Alice), 14 nov 2021.

Comentário do Rui Silva:

Lindo! Obrigado...E missão cumprids. O seu gentil texto e o poema comoveram o Jacinto,
como se pode  apreciar nas fotos que vos enviei por Whatsapp. Deram um toque muito pessoal e amigo a esta singela festa... Ele adorou, bem haja, uma vez mais... Rui
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de novembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22717: Parabéns a você (2004): César Dias, ex-Fur Mil Sapador Inf da CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa e Mansabá, 1969/71); Jacinto Cristina, ex-Soldado At Inf da CCAÇ 3546/BCAÇ 3883 (Piche e Camajabá, 1972/74) e Maria Arminda Santos, Ex-Tenente Enfermeira Paraquedista (1961/1970)

(***) Vd. poste de 24 de setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7033: Álbum fotográfico de Jacinto Cristina, o padeiro da Ponte Caium, 3º Gr Comb da CCAÇ 3546, 1972/74 (1): O melhor pão da zona leste...

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22645: (De)Caras (179): O que é que o José Manuel Matos Dinis (1948-2021) pensava do nosso blogue, em abril de 2013


José Manuel Matos Dinis (1948- 2021)


O nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), que deixou a Terra da Alegria no passado dia 18 (*), há oito atrás, em 27 de abril de 2013, respondia assim a um inquérito por questionário, dirigido aos nossos leitores, por oasião do nosso 9º aniversário (**).

Os seus amigos e camaradas gostarão de rever a sua  opinião, nessa época, sobre o nosso blogue, a que ele pertencia desde 2008. Sempre foi um homem de olhar crítico e frontal (***)-


(1) Quando é que descobriste o blogue?

R - Ainda trabalhava quando um amigo me alertou para a existência do Blogue. Abri umas poucas de vezes, mas não tive logo o entusiasmo para me tornar assíduo. Ao contrário da maioria, eu achei que tinha demasiadas fotografias, e que era um bocado épico.

(2) Como ou através de quem?

R - Vide a resposta anterior.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (tertúlia)?

R - Desde 2008. [Vd. poste 3147, de 24 de agosto de 2008]

(4) Com que regularidade visitas o blogue?

R - Via-o diariamente, e só desde data recente vou alternando os dias de olhadelas. Acho que para isso, também tem contribuído as longas ausências de colaboradores de muita qualidade. Não faço ideia se estão desinteressados, se com outras ocupações, mas que fazem muita falta, acho que sim.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.?

R - Sim, já enviei algum material, e ainda não arrumei as botas. [O José Manuel Matos Dinis tinha, até então,  cerca de 130 referências no blogue; até à data do seu falecimento, era, cerca de 230]

(6) Conheces também a nossa página do Facebook (Tabanca Grande Luís Graça)?

R - Não frequento o FB.  [ Acaberia, mais tarde, por criar a sua página no Facebook, José Dinis, foto de perfil à eswuerda, com a devida vénia]

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?

R -Ao Blogue, n'é?

(8) O que gostas mais no Blogue? E no Facebook?

R - Do que gosto mais? Gosto de todas as informações que contribuam para o meu conhecimento; gosto do humor delicioso de alguns camaradas; gosto das manifestações de genuinidade; gosto do sentimento de camaradagem que o mais das vezes se respira no Blogue.

(9) O que gostas menos no Blogue? e no Facebook?

R - Esta, eu salto.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue?

R - Não, acedo sempre, ou quase sempre, pois houve já uma ocasião de dificuldade geral.


Infografia: Miguel Pessoa (2013)


(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook?

R - O que é que o Blogue representa? Através dele (Blogue) estabeleci contactos de norte a sul, encontrei pessoas muito interessantes, ponderadas umas, com mais nervo outras, mas sempre generosas e legitimadas pela camaradagem. Também houve o contrário, até oportunismo e aberrações, mas contam-se pelos dedos. 

Portanto, o Blogue representa um convívio, onde se entra e sai a bel-prazer, e através dele tive o privilégio de conhecer, corresponder-me, e conviver com amigos, que até parecem ser de longa data. Acho isto uma felicidade, que prezo muito.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?

R - Sim, já participei em três encontros, e foi sempre muito surpreendente o contacto com malta distante. Afinal, a distância pode não se expressar em quilómetros.

(13) Este ano  [, 2013,] estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real?

R - Não, este ano não penso lá ir. Em primeiro lugar, o encontro da minha companhia foi marcado para o dia 1 de Junho, perto das pedras parideiras. Em segundo lugar, porque o dinheiro escasseia, há outras despesas pendentes, e a minha deslocação ficaria carote. Tendo em conta os tempos dificeis, com rendimentos reduzidos e cilindrados por impostos, proponho que o Joaquim  [Mexia Alves], para o ano, promova um pic-nick na mata do empreendimento, e cada um leva o farnel.

(14) E por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra… para continuar?

R - Tem fôlego, claro! Haja vontade de cada um para contar uma estória (que todos temos estórias para contar), notícias reveladoras de situações relacionadas com a Guiné e a guerra, ou, até notícias, comentários, transcrição de contos, de receitas culinárias, de condições turísticas, e a malta que ficou com o bichinho africano, vem cá ler. Mas o blogue pode ainda promover outras iniciativas, como debates, entrevistas, etc.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer?

R - Não esperei, e respondi no ítem anterior.

Abraços fraternos
JD
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Notas do editor:

(*)  Vd. poste de 18 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22641: In Memoriam (414): José Manuel Matos Dinis (1948-2021), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2679, (Bajocunda, 1970/71), falecido ontem, dia 17 de Outubro de 2021

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22290: Memória dos lugares (421): quartel do BENG 447, Brá, Bissau, um hotel de cinco estrelas


Guiné > Bissau > Brá > O quartel do BENG 447, em Brá, perto do aeroporto (*), O autor da foto é o Serafim António da Silva, ex-1.º cabo de engenhria,  do BENG 447 (1970/72).



Serafim Silva, em Brá (1970/72) e em Lagoa (onde vive)


1. Lê-se no blogue, editado pelo Fernando Barata e o Ricardo Lemos, CCAÇ 2700 - Dulombi, 1970/72 (**):

O Serafim Silva nasceu no dia 30 de outubro de 1948. Foi 1º cabo de engenharia, do BENG 447 (Brá, 1970/72).

Teve uma passagem breve por Dulombi, ao tempo da CCAÇ 2700, em funções relativas ao reordenamento da tabanca de Dulombi, nomeadamente no transporte de materiais de construção, sob a supervisão do furriel mil Manuel Maurício (***). Presentemente, o Serafim Silva encontra-se na situação de reformado, tendo trabalhado na arte de marceneiro. Vive em Lagoa.

Em Lagoa, também vive o José Bernardo Martins Franco, ex-soldado pertencente ao BENG 447 Engenharia, já se encontrava em Dulombi quando a CCAÇ 2700  lá chegou. Ficou sob o comando do Furriel Manuel Maurício. Estava a cumprir uma 2.ª Comissão. Tinha a especialidade de pedreiro. (**)
 

Guiné > Bissau > Brá > O quartel do BENG 447, em Brá, perto do aeroporto, Novinha em folha. As melhores instalações da cidade, na altura da guerra colonial (1961/74).  

A foto, reproduzida com a devida vénia, é da página do Facebook da comunidade BENG 447 Brá - Guiné, criada em abril de 2013, e que no entanto deixou de estar activa desde o final de 2017. Por outro lado, a maior das fotos publicadas são de convívios do pessoal.

Alguém acrescenta, o José Silvério: "Não existe, foi remodelado no pós-independência, mas na guerra de 1998 caiu uma granada no paiol e foi tudo pelos ares, Agora existe o novo Hospital Militar e casa de civis."

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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21621: Pensamento do dia (25): Grafito, logo existo... Ou a pandemia de Covid, romântica "ma non troppo"... Afinal, os grafiteiros das nossas cidades são uns meninos de coro quando comparados com alguns que se mudaram para as redes sociais...como o Facebook e o Twitter, diz o Jimmy Wales, o criador da Wikipedia


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2020). Todos os direitos reservados.[Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Não sou caçador de grafitos...nem aprecio a generalidade dos nossos grafiteiros (, embora possamos distinguir entre grafitos e pichagens)... 

Há um em cada cem que tem algo para comunicar aos outros, e tem talento literário ou pictórico. Na maior dos casos, as pichagens são atos solitários ou lutas entre indivíduos ou bandos rivais, com ou sem conotação política.

Sobre os restantes 99, não me pronuncio, não comento. Há sociólogos e antropólogos que se dedicam ao seu estudo e à importância da "arte urbana" como forma de contestação social, participação direta e democratização dos espaços públicos... Enfim, faço uma distinção entre "arte urbana" e "pichagens"...

Se calhar não passam de gritos contra a solidão: "Grafito, logo existo!"...

Não gosto da poluição estética que os grafiteiros provocam nas nossas cidades... Além disso, canibalizam-se uns aos outros, na fossanguice de conquistar um metro quadrado de fama para os rabiscos e tags indecifráveis (a não ser para os iniciados). 

Como não gosto da poluição estética provocada pelos painés e cartazes de  publicidade comercial (que apesar de tudo tem regras de afixação). 

Como não gosto da distribuição selvagem dos cartazes e outros meios de propaganda política, em especial nos períodos eleitorais...

São, a par do trânsito automóvel,  e dos guetos (dos ricos e dos pobres), algumas das razões por que  as nossas cidades se tornaram num pesadelo, que nem sequer é climatizado, se tivermos em conta o desastre urbanístico dos últimos 100 anos ( incluindo os quase 50 anos de poder autárquico democrático).

Mas também não gosto das cidades completamente assépticas, limpas, sem sons nem cheiros... Muito menos sem bandos de crianças... Lisboa estava à beira da "gentrificação", na véspera da pandemia da Covid-19, com os lisboetas a serem expulsos da sua cidade... 

Não queremos uma cidade-museu, apenas para fruição estética ou usufruto turístico, asséptica, sem merda, sem lixo... Para isso, basta-nos o céu (ou o silêncio do cemitério) quando morrermos... 

Dito isto, aprecio alguma da "arte de rua" (ou "arte urbana")  que se faz nas nossas vilas e cidades... Dizem até que Lisboa é hoje um dos grandes centros mundiais de produção de "arte urbana"... Não sei, nunca dei a volta ao mundo para poder comparar... 

De qualquer modo,  não aprovo a "vandalização" dos nossos equipamentos sociais, monumentos, estátuas, paredes, muros, meios de transporte, sinalética rodoviária, portas, portões, etc. Há a contestação social, a ação política, o vandalismo e  a delinquência, se bem que a linha de fronteira nem sempre seja fácil de delimitar ao longo da história... 

Antes do 25 de Abril, o Bordalo II ou o Alexandre Farto (mais conhecido como Vhils) seriam presos por danificar a propriedade (pública ou privada). Ou até mais: por serem subversivos... Hoje dizem que são dois génios... e eu também acho. Mas começaram por ser "grafiteiros".... 

A pichagem também já se fazia, clandestinamente, como forma de protesto político, antes do 25 de Abril... Mas hoje tem menos riscos: na loja do chinés, há "sprays" de todas as cores, feitios e preços... O "spray" pode ser uma arma, como é o teclado do computador ou a caneta ou o pincel...

Dito isto, confesso que de vez em quando não resisto a "tirar um chapa" aos trabalhos dos nosso grafiteiros... Estarei com isso a "legitimar" e até a "glorificar", enquanto cidadão, os grafitos e as pichagens ?

O ser humano sempre foi grafiteiro, desde os nossos antepassados, podendo recuarmos até à arte rupestre do paleolítico; em Foz Coa, por exemplo, perdemos uma barragem, ganhámos um parque de arte rupestre, dos mais importantes do mundo... As árvores dos nossos jardins também era "grafitadas" pelos nossos pais e avós... Até nas rochas da praia, encontramos frases de amor, essas ao menos inocentes, ingénuas, inofensivas, gravadas a canivete: "Amo-te"...

Os nossos braços, na Guiné, também era "grafitados", embora com pobre imaginação: as nossas tatuagens não passavam de expressões singelas como "amor de Mãe" ou "sangue, suor e lágrimas"...

Acho bem que haja espaços da cidade (prédios em ruina ou em vias de demolição...), públicos e privados, onde se possa praticar a "arte urbana" com as devidas autorizações (, dos proprietários, dos autarcas, etc:) e à luz do sol... Mas isso é outra história que não cabe aqui desenvolver.

Mas, afinal, ainda pior talvez que o "lixo urbano visual", produzido por muitos dos nossos grafiteiros, são as "redes sociais", com destaque para o Facebook e o Twitter, no entender de Jimmy Wales, criador da Wikipédia... 

Achei piada há dias a um desabafo do nosso Zé Manel Lopes: "Já pensei sair deste poço de esterco [, o Facebook,], apenas me seguraram alguns amigos, que vejo pouco"... [Zé, tens razão, e não basta um litro de creolina para limpar o esterco.]

Deixo, à apreciação e ao comentário dos nossos leitores, alguns exemplos, de "frases grafitadas" que nos interpelam, quando passamos na rua ou ou passeamos nos nossos jardins... Se calhar a maior parte de nós, passa por elas sem já lhes ligar qualquer atenção... Banalizaram-se, são apenas poluição visual, tal comos os insultos, as mentiras e as mensagens de ódio que lemos no Facekook...

Foto nº 1 > "A romantização da quarentena é previlégio (sic) de classe" [O autor queria dizer..."privilégio"];

Foto nº 2 > "Não uso sutiã, não preciso de nada que me sustente"

Foto nº 3 > "Aprender é um processo, primeiro apreendes, depois aprendes"

Estas três primeiras fotos são recentes (27 de novembro de 2020) e foram tiradas dentro (fotos nº 1 e nº 2) ou fora (foto nº 3) do Jardim da Cerca da Graça, inaugurado em meados de 2015...  As fotos nº 4  e nº 5 são um pouco mais antigas, tiradas em 21 de setembro de 2019, no Caracol da Graça, Mouraria.

Mas, para mim, o mais genial dos "grafitos" da nossa guerra, que já li, foi a frase inscrita na parede, algures num quartel em Mueda, no norte de Moçambique,  por volta de 1968/70 (Vd. foto a seguir). 

No fundo, é uma variante do aforismo, "homo lupus homini" (, o homem é o lobo do homem), atribuído ao dramaturgo romano Plauto (254-184 a.C.). Na Guiné, no nosso tempo,  ainda não havia lojas de chineses nem "sprays" à venda, ao preço da mancarra... 

Se houvesse, talvez as paredes dos nossos quartéis, numa bela manhã, pudessen aparecer todas grafitadas, como as ruas das nossas cidades, com alguns insultos bem apropriados a  certos  "senhores da guerra" (, de um lado e do outro)...




Moçambique > Mueda > CART 2369 (1968/70) > O 2º sargento miliciano Sérgio Neves (que também passou pela Guiné), irmão do nosso camarada Tino Neves, junto a um mural onde se lê: "Em Mueda, os cordeiros que entram, são lobos que saem. Adeus, checas". Recorde-se que o checa, em Moçambique, era o nosso pira ou periquito, na Guiné (ou maçarico, em Angola).

Foto: © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagen: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14389: Pensamento do dia (24): No Dia do Pai... Mensagem ao meu pai, esse homem duro e autoritário que morreu aos 59 anos para grande pena minha (Francisco Baptista)