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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Guiné 61/74 - P23189: Memória dos lugares (440): A antiga pista de Cufar...e uma torre de vigia do tempo da CART 2477 (1969/71) (Martin Evison, Action Guinea-Bissau, Catió e Cufar)

 












Guiné-Bissau >Região de Tombali > Catió > Cufar  > A antiga pista de Cufar, usada pela Força Aérea Portuguesa durante a guerra colonila (1961/74). Posto de sentinela do tempo da CART 2477 (Cufar, 1969/71).

Fotos (e legenda): © Martin Evison  (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Guiné > Região de Tombali > Cufar > c. 1973 > O Nordatlas na pista de Cufar... Posando junto dele o Eduardo Ferreira Campos, ex-1º Cabo Trms, CCAÇ 4540 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar e Nhacra, 1972/74) (*)



Guiné > Região de Tombali > Cufar > c. 1973 > O Nordatlas na pista de Cufar (*).

Cufar era uma placa giratória de apoio logístico para o Sul e, por esse motivo, originava um movimento muito fora de vulgar, quer em meios aéreos, quer em viaturas e pessoal militar.


Fotos (e legendas): © Eduardo Campos  (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de 20/04/2022 à(s) 20:31, enviada por Martin Evison, através do formulário de contacto do Blogger:

Estive em Cufar na semana passada. Tenho algumas fotos da pista de pouso (sic).
 
Um tem um prédio marcado como CART 2477. Por favor, deixe-me saber se eu posso enviá-los para você. Martin.


2. Respondemos-lhe de imediato nestes termos:

Olá, Martin, teríamos todo o gosto... Temos poucas referências a essa companhia de artilharia, a CART 2477, que por lá passou, em Cufar, em 1969/71, durante a guerra colonial. 

 Saudações, "mantenhas". Luís Graça


3. Nova mensagem do Martin Evison, quinta, 21/04, 19:48  


Olá, Luis,

Anexo algumas fotos. Há algumas mullheres na passarela secando arroz.

Tive problemas por tirar as fotos e tive que me apresentar ao comandante em Buba. Acho que também era um acampamento do exército português. A pista tem sido usada por traficantes de drogas. O exército colocou toras 
 [, toros, em português dePortugal] na pista para controlar seu uso. Supõe-se que a recente tentativa de golpe de Estado tenha sido relacionada a drogas.

Tive o prazer de encontrar uma foto de blog mostrando a 'torre de controle' (?), com um Nord Nordatlas.

4. Depois de recebermos as fotos, perguntámos, com data de ontem, 11:53 e 14:36:

Olá, Martin, está tudo OK. Vou publicar  as fotos com o teu nome. Podemos identificar o autor das fotos ? Não há problema (de segurança, por exemplo) ?

 Gostava de resto que, enquanto amigo da Guiné-Bissau e falando português, te juntasses a esta "tertúlia" ou "comunidade virtual", a Tabanca Grande, que tem 860 "amigos e camaradas da Guiné"... E faz amanhã 18 anos de existência na Net, um grande longevidade... 

 É apenas um blogue de "partilha de memórias (e de afectos)", sem quaisquer "bandeiras" (político-ideológicas, religiosas, étnicas, etc.)... Claro que a maioria dos participantes (90%) são antigos combatentes...E gostariámos que houvesse mais guineenses

Vives na Guiné-Bissau ? Vai dando notícias...  Mantenhas. Luís

5. Resposta do Martins Evison, com data de ontem, 16:05

Olá, Luis,

Obrigado por suas respostas.

Não sou guineense - sou inglês e estava visitando Guiné a convite de uma instituição de caridade inglês - "Action Guinea Bissau" - que ajuda a restaurar poços de água, casas de banheiro e prédios escolares, e patrocinar  uns estudantes de direito e mediina, por exemplo.

Estou aprendendo português, mas meu progresso é lento. Interesso-me pela história portuguesa, de que nós, em Inglaterra, não conhecemos o suficiente.

Por isso, tirei as fotos da pista e da torre, e pouso (sic) e encontrei a foto de 69/71 do Nordatlas com a torre de controle mostrada nele em seu blog! (*)

Tudo bem,  você usar meu nome como autor. Seria possível incluir algumas fotos do trabalho da "Action Guinea-Bissau", uma  instituição de "charity" (beneficência) em Catió e Cufar, e um link para projetos anteriores - se você acha que é apropriado?   (**)

https://www.actionguineabissau.org.uk/project-gallery

Publicaremos a seguir um poste, com as fotos referentes  à " Action Guinea Bissau", " uma organização sem fins lucrativos,  fundada em 2020", sediada no Reino Unido, e que  "está a trabalhar para resolver questões relacionadas com a igualdade de género, desemprego e ambiente na Guiné-Bissau."
________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 31  de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5569: Histórias do Eduardo Campos (2): CCAÇ 4540, 1972/74 - Somos um caso sério (Parte 2): 5 meses como operador de mensagens em Cufar

domingo, 21 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22024: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (25): Curso, gratuito, "online", sobre "Iniciação à Prova de Vinhos": promovido pelo Turismo de Portugal, com a duração de 2,5 horas ... mas tem de ser feito até ao fim deste mês


Guiné-Bissau > Região de Gabu  > Ponte Caium > Ao lado de um memorial aos mortos do 3º Gr Comb da CCAÇ 3546 (1972/74) ,  ainda existia em 2010, no tabuleiro da ponte, esta base de um nicho com a inscrição "Nem só de pão vive o homem. [Guiné] 72-74".

Foto (e legenda): © Eduardo Campos (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 > Novembro de 1968 > O alf mil SAM Virgílio Teixeira (o segundo a contar da esquerda), a ajudar a descarregar garrafões de vinho, alguns dos quais têm o rótulo do Cartaxo (presumivelmente, da Adega Cooperativa do Cartaxo).

Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Nem só de pão vive o homem... Também precisa de poesia para viver (e hoje, 21 de março, até é o Dia Mundial da Poesia, um dia que   foi criado, em 1999, na 30.ª Conferência Geral da UNESCO; também é Dia Internacional das Florestas...). 

Mas não vamos falar de poesia, mas de vinho, se bem que um bom vinho seja "poesia engarrafada":  "wine is bottled poetry" [a autoria da metáfora é a tribuída a um poeta, que não era francês nem português, mas  da terra do "Scotch", Robert Louis Stevenson (1850-1894), o  conhecido autor de "A Ilha do Tesouro":  quem não o leu na adolescência ? É uma obra da literatura universal que faz parte do plano nacional de leitura, 7º ano].

Hoje o que vos "oferecenos" não é nenhum prato "especial, anti-covid", é a oportunidade de fazer, de borla, um curso de "Iniciação à prova de vinhos", disponível aqui na  plataforma Nau.


2. O que é a NAU? ...

“NAU – Ensino e Formação Online para Grandes Audiências” é um projeto online, pioneiro a nível nacional, de suporte ao ensino e formação, dirigido a grandes audiências.

(...) "É um serviço desenvolvido e gerido pela Unidade FCCN da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) que permite a criação de cursos em formato MOOC (Massive Open Online Course), ou seja, cursos abertos e acessíveis a todos, produzidos por entidades reconhecidas e relevantes na sociedade, que contam com a participação de milhares de pessoas."

Integra-se na missão (nacional) de promover: (i) o desenvolvimento digital, (ii) a inclusão e a literacia digitais, (iii) a educação e (iv) qualificação da população ativa.


3. Mas vamos ao curso, que o tempo escasseia:

(i) promovido pelo Turismo de Portugal; 
(ii) é gratuito; 
(iii) tem uma carga horária de duas horas e meia; 
(iv) termina no fim deste mês; 
(v) tem avaliação e certificado de aproveitamento (respostas certas a mais de 50% do teste final); e
 (vi) é um dos cursos da plataforma NAU com maior número de matriculados (já cerca de seis mil).

Público-Alvo

Iniciação à Prova dos Vinhos é um curso promovido pelo Turismo de Portugal direcionado para profissionais do setor, estudantes e o público em geral que tenham interesse em conhecer mais sobre esta área.

Objetivos de Aprendizagem

Após a realização deste curso o formando deve ser capaz de:

1 - Descrever as etapas metodológicas do exercício de degustação;
2 - Selecionar o copo ideal e organizar a sala de prova;
3 - Explicar os principais fatores que contribuem para a correta avaliação da cor do vinho;
4 - Descrever o que são vinhos cristalinos, límpidos e turvos, estabilidade biológica;
5 - Executar os principais métodos no exame olfativo e gustativo;
6 - Descrever Potencial de persistência aromática, adstringência, causticidade e efervescência;
7 - Descrever e explicar a consistência do vinho;
8 - Aplicar a correta adequação do vinho à iguaria.

Atividades

Neste curso, o promotor pretende ir muito mais além do "gosto ou não gosto", ou do
“sou como o Jacinto, tanto faz branco como tinto”, 
conseguindo dar resposta a perguntas como:

  • Que estilo de vinho?
  • Apresenta a tipicidade do seu terroir e da sua casta?
  • Estará no momento ótimo para ser servido?
  • Como devo servi-lo?
  • A que temperatura?
  • Decantar?
  • Com que copo?
  • Será adequado ao gosto das pessoas a quem se destina?
  • Será adequado à iguaria ou ao momento?
 Fonte: Excertos de: Nau - Sempre a Aprender > Curso de Iniciação à Prova de Vinhos (com  a devida vénia...)

Para saber tudo sobre o curso, clicar aqui:

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21871: Tabanca Grande (511): Albertino Ferreira, ex-alf mil at inf, CCAÇ 4540/72 (Bigene, Cadique, Nhacra, 1972/74), natural de Figueira de Castelo Rodrigo; senta-se à sombra do nosso sagrado poilão, no lugar nº 829



O novo membro da Tabanca Grande, nº 829, Albertino Ferreira, 
ex-alf mil at inf, CCAÇ 4540 (Bigene, Cadique, Nhacra, 1972/74), natural de Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda.



1. Mensagem de Albertino Ferreira

 
Data - 16:48 (há 1 hora)
Assunto - Envio de fotografias

Boa tarde

Em conformidade com o teu pedido, que agradeço, junto envio as fotografias solicitadas, em anexo, e o seguinte texto:

Albertino Nunes Ferreira, ex- Alferes Miliciano, Atirador de Infantaria, CCAÇ. 4540 - R. I. nº 15 Timar / - Guiné-Bissau,  Bigene, Cadique, Nhacra., 1972/74.

Cumprimentos

Albertino Ferreira


2. Comentário do nosso editor LG:

Albertino, obrigado pro aceitares o nosso convite para integrar a Tabanca Grande, que reune os amigos e camaradas da Guiné. Somos já 828, contigo 829.(*)

Tens acompanhado o nosso blogue, lendo-nos e comentando-nos, mas gostaríamos também que partilhasses connosco c mais fotos e outras memórias do teu tempo.

Da tua companhoa,  CCAÇ 4540/72 (CumeréBigeneCadiqueCufarNhacra, 1972/74),   temos pelo menos três camaradas aqui atabancados:

Eduardo Campos (ex-1.º cabo rádio-telegráfico), Vasco Ferreira (ex-alf mil at inf) e  António Manuel da Conceição Santos (Tomanel, para os amigos). Este último vive em Faro e os outros são nortenhos (Maia e Vila Nova de Gaia, respetivamente). Já se devem ter encontrado nalgum dos vossos convívios anuais.

Foste lacónico em informação sobre a tua pessoa, mas sei que nasceste em Figueira de Castelo Rodrigo. em 1947 (és da minha colheita).  E tens un diário, que começaste a escrever depois de a tua companhia, vinda de Bigene,  ter desembarcado no Cantanhez, em 12/12/1972, a bordo da LDG Bombarda, com apoio dos Fiat G-91 e de um bigrupo da CCP 121, no âmbito da Op Grande Empresa.

Como ssbes, tratamo-nos por tu, à boa maneira romana, como  camarada de armas que fomos, e que hoje, mais velhotes, se reunem à sombra do simbólico, metafórico, poilão da Tabanca Grande. O teu lugar é, pois, o nº 829 (*) e  o teu nome passa a figurar na lista alfabética, de A a Z, dos membros da nossa comunidade virtual, Vê aqui, na coluna estática, no lado esquerdo. 

Esperamos poder-nos conhecer, "ao vivo e a cores", quando a Tabanca Grande tocar a reunir, como o temos feito, todos os anos desde 2006. Os nossos convívios anuais (, já 15 ao todo,) foram interrompidos com a pandemia de Coivi-19. Façamos votos para nos voltarmos a encontrar em 2022.

Peço-te que leias as  nossas regras do jogo,   blogue, aqui condensadas em  10 regras da política editorial do blogue.

És bem vindo e deixo-te a seguir uma nota com a ficha da tua unidade, para os nossos leitores saberem um pouco mais sobre onde andaste.

Sobre a tua CCAÇ 4540 temos já cerca de meia centena de referências.

 


2. Ficha de unidade > Companhia de Caçadores nº  4540/72

Identificação:  CCaç 4540/72
Unidade Mob: RI 15 - Tomar
Cmdt: Cap Mil Cav Manuel Varandas Lucas
Divisa: "Somos um caso sério"
Partida: Embarque em 19Set72; desembarque em 19Set72
Regresso: Embarque em 25Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 20Set72 a 170ut72, no CMI, em Cumeré, seguiu em 180ut72 para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CArt 3329. 

Em 15Nov72, assumiu a responsabilidade do subsector de Bigene, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3.

Em 9Dez72, foi substituída no subsector de Bigene pela CCaç 3, a fim de seguir para Cadique e ocupar e instalar-se na zona.

Em 12Dez72, assumiu a responsabilidade do subsector de Cadique, então criado, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCaç 4514/72.

Em 17Ag073, após substituição no subsector de Cadique pela 1ª Com / BCaç 4514/72, seguiu para Bissau, ficando temporariamente na dependência do COMBIS, a fim de colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações, tendo ainda efectuado escoltas a colunas de reabastecimento a Farim e Binta.

Em 8Set73, iniciou o deslocamento, por fracções, para Nhacra, a fim de substituir a CCaç 3477. Em 19Set73, assumiu a responsabilidade do subsector de Nhacra, com um destacamento em Ensalmá, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 8.

Em 16Ag074, foi rendida no subsector de Nhacra pela CCaç 4945/73 e seguiu para Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n.º 114 2ª Div/4ª Sec, do AHM).


Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 416.
____________

Nota do editor:

Último poste da série > 1 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21835: Tabanca Grande (510): Aniceto Rodrigues da Silva (1947-2021), natural da Anadia, ex-sold cond auto, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71); que descanse em paz, à sombra do nosso poilão, no lugar nº 828

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21490: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (77): Memoriais Militares: obrigado pelo apoio da Tabanca Grande... Mas, atenção, o que procuro são as marcas, deixadas nos diferentes territórios ultramarinos pelas unidades que por lá passaram, e não monumentos aos combatentes da guerra do ultramar, erigidos nas nossas vilas e cidades (Serra Vaz, ex-fur mil inf / op esp, CCAÇ 2335, Angola, 1968 / 70)




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Piche > Ponte Caium > Um dos mais belos e originais  monumentos aos nossos "caídos" no CTIG: neste caso,  de homenagem aos bravos de Caium... Sobravam, ainda em 2010, em cima do tabuleiro da ponte, que atravessa o rio Caium, na estrada Gabu-Piche-Buruntuma,  restos de dois memoriais distintos

(i) memorial, construído em 1973, de homenagem aos mortos da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold AP Dani Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas e Lestos (?). Guiné- 72/74"; 

(ii) uma base de um nicho mariano, com os seguintes dizeres: "Nem só do pão vive o homem". Guiné, 1972-1974", reconstruído possivelmente pelo pelotão da CCAÇ 3546 que lá estave em 1973/74, mas mais antigo, lá lá se encontrava quando a CART 1742 (1967/69) tomou conta do sector que tinha sede em Buruntuma, diz o Abel Santos (*).

Fotos  (e legendas): © Eduardo Campos (2010).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem do nosso camarada Serra Vaz (**)

 
Date: quarta, 28/10/2020 à(s) 09:39
Subject: Agradecimento
 
Amigo Luís Graça;


Muito obrigado pelo teu E-mail, que passo em revista:

- Não tenho Facebook;

- O Ano passado fui a um almoço da Tabanca da Linha  no Caravela d' Ouro [, em Algés], onde me receberam muito bem, apesar de eu não ser "tabanqueiro", eu sou "sanzaleiro".

Entretanto , o teu (ou melhor, nosso ) antigo camarada João Crisóstomo, muito simpático, já me escreveu e eu vou já responder.

Abri o link e entrei no Blog; mais uma vez obrigado pelo "apelo" que tiveste a amabilidade de fazer, em meu nome.

Mas relativamente a esta questão, acho que se calhar não me fiz  nentender lá muto bem porque a matéria que eu estudo são os Memoriais Militares,  ou sejam,   as "Marcas", da nossa passagem por África (Cabo Verde e S. Tomé , incluídos),  que nós por lá deixámos, espalhados um pouco por todo o lado, e nada tem que ver com os Monumentos  de Homenagem aos Combatentes da Guerra do Utramar, erigidos em todas as vilas e cidades de Norte a Sul de Portugal.

No blog, aparece uma imagem do detalhe de um desses monumentos na  Lourinhã, (por acaso, conheço bem, ) que alimenta essa confusão.

Obrigado mais uma vez,  grande abraço

Serra Vaz

__________

Notas do editor:


domingo, 19 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20573: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (50): No dia 8 de Janeiro de 2020, o "Bando do Café Progresso" distingiu os seus Veteranos

1. Em mensagem do dia 16 de Janeiro de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos mais uma memória boa da sua guerra, desta vez dando conta de uma justa homenagem aos Veteranos que compõem o "Bando".


MEMÓRIAS BOAS DA MINHA GUERRA

50 - O Bando distinguiu os seus Veteranos


Foto dos Bandalhos junto da Câmara Municipal da Maia

Ontem, dia 8 de Janeiro, decorreu na Maia o último convívio mensal do Bando do Café Progresso - das Caldas à Guiné. Deste programa, destaca-se ainda o facto de estar a assinalar o seu 11.º Aniversário. Do Estádio do Dragão, local habitual das concentrações, seguiram os Bandalhos para o Restaurante Miramaia, após algumas fotos de grupo e de muita e saudosa “mantenha”.

Desta vez, foi aplicada a prática de menu à escolha, em regime de Almoço para Executivos

Durante o almoço, o Presidente, Jotex de Cerva, fez uso da palavra e após o brilhante discurso em verso, resolveu atribuir e distribuir aos Bandalhos, importantes diplomas de reconhecimento das suas capacidades.

Foram estas as palavras de Sua Excelência:

Caros Camaradas

“Largos dias são cem anos”
O nosso Papa, em palavra sadia,
Nos quis transmitir,
Que bem cedo ou hora mais tardia,
Justiça terá que vir.

O 25 de Abril chegou,
Portugal acordou
A guerra acabou.
Justiça prometeram
Alegrias vieram
E felicidade fizeram

Porém…
O tempo passou,
A justiça tardou
O poder abusou
E a ingratidão aumentou.

Meio século mais tarde
Muitos Heróis já morreram
E muitos mais sofreram
Nesses tempos, sem alarde
Outros adoeceram
E muitos amoleceram
Neste mundo covarde.

Restam grupos de veteranos
Chamados “peste grisalha”
Que gritam de revolta
Perante tanta canalha.

Eis senão quando
Despertam em Movimento
Camaradas que, em Bando,
Clamam contentamento.

E, assim, vamos bebendo
Conversando em voz alta
Comendo e comendo
Animando toda a malta

Agora que o tempo escasseia
E a injustiça campeia
Coisas sérias urge fazer:
Vamos brincar e sorrir
Sem as consequências medir
Mas… sem medo de viver!

Hoje, quase tudo é doutor,
Diplomas proliferam.
Já esqueceram o suor
E as lágrimas “já eram.”
Do sangue derramado
Em ambiente “sagrado”
Nada ficará registado.

Do horror dos mosquitos,
E do ódio aos “chicos”,
Dos combates aflitos,
De todo o frio nos dentes,
E das saudades ardentes
E das artes marciais
E outras que tais,
Nem uma palavra mais.

E foi por estas razões,
Assumindo as competências
Que me foram outorgadas,
Sem mais tempo ou dilações
E sem outras diligências
Porventura aconselhadas
E sem mais outros trabalhos,
Atribuo aos BANDALHOS
Com muita, muita emoção:
“Diploma de… PÓS-GRADUAÇÃO”

PARABÉNS A TODOS!!!


(UNIVERSIDADE DOS HERÓIS
Veterano Jotex de Cerva, Presidente do Colégio dos Bandalhos, faz saber que graças às experiências patrióticas colhidas na luta contra calor, “chicos” e mosquitos, com saudades, sangue, suor e lágrimas, é atribuído o grau de Homem Grande ao veterano de guerra 25 de Abril de 1974)

Edifício Lidador (Isqueiro da Maia), 5.º edifício mais alto de Portugal, tem 92 metros, 22 andares mais 51 degraus.


Graças à colaboração da Câmara Municipal da Maia, o seu Departamento de Turismo destacou a sua técnica Rita Azevedo que, com extrema simpatia e profissionalismo, nos serviu de Guia na visita ao Edifício Lidador, mais conhecido pelo “Isqueiro da Maia”. A nossa paragem no 19.º andar mereceu também umas breves palavras do Eng. António da Silva Tiago, Presidente da Edilidade.

Presidente da Câmara da Maia, manifestou a sua simpatia e respeito, pela visita dos Combatentes do Bando

Lá no alto, apesar do tempo nubloso, foi possível captarem-se imagens deslumbrantes.


A família Campos empenhou-se no seu papel de anfitriã a tão ilustre delegação de Veteranos de Guerra

E quando nos chamavam à atenção do slogan “Sorria que está na Maia”, a reacção era evidente.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 15 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18418: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (49): O "Senhor Badalhoco" foi à Escola

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Guiné 61/74 - P20393: Memória dos lugares (402): Nhacra, a guarda avançada da capital, Bissau: afinal, era um sítio onde se podia ir, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra... (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974)


Guiné > Região de Bissau > Nhacra > CCAÇ 3477, "Os Gringos de Guileje"  (Guileje, Nhacra e Brá, 1971/73) > O fur mil Herlander Simões numa patrulha nas imediações de Nhacra.

Foto (e legenda)  © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Como era Nhacra ao tempo do nosso grã-tabanqueiro Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540 /72 (Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Bissau, Nhacra, 19 set 1972/ 25 ago 1974) ? (*)


(...) Em Nhacra, fomos encontrar os camaradas do Pelotão de Morteiros 4581/72 e os do 3º Pelotão AA da Btr AAA 7040/72, além de dois pelotões de Milícias: o 329,  aquartelado em Oco Grande, e o 230, aquartelado em Bupe, ambos pertencendo à Companhia de Milícias de Nhacra e que ficaram adidos à CCAÇ 4540.

O IN não possuía, dentro da ZA, pessoal suficiente em quadros e grupos que lhe permitisse desenvolver uma actividade dinâmica e poderosa, quer para flagelar e atacar o aquartelamento e o Centro Emissor de Nhacra, quer para emboscar as NT fora do aquartelamento. 

No entanto, fomos informados que Nhacra e o Centro Emissor foram flagelados pelo IN duas vezes:

(i) a primeira ao tempo da CCAÇ 3326, em maio de 1972, por um grupo equipado com armas automáticas e RPG-2 e 7;

(ii)  e a segunda em agosto de 1972, utilizando também um canhão s/r. 

Em ambos os casos sem qualquer consequência material ou pessoal para as NT.

Sabíamos que o IN andava por ali perto e que atravessava, frequentemente, algumas linhas principais de infiltração, para o interior da nossa ZA, a saber: de Choquemone, Infaide, Biambe, pela península de Unche para Iuncume, quando se dirigiam para Nhacra.

As principais prioridades da nossa Companhia eram: 

 (i) a garantia da segurança do Centro Emissor de Nhacra; 

(ii) o itinerário Bissau–Mansoa; 

(iii)  e, através de intensa actividade (patrulhamentos e reconhecimentos), evitar que o IN se aproximasse de forma a impedir que pudesse atacar a cidade/capital de Bissau, o Aeroporto de Bissalanca, os complexos milttares de Brá e da Sacor, bem como as instalações militares e civis do Cumeré.

Em onze meses de permanência em Nhacra, nunca tivemos contacto com IN, nem as instalações sofreram qualquer ataque.


Os aglomerados populacionais da ZA da nossa Companhia, distribuíam-se por dois regulados: 

(i) o Regulado de Nhacra com as tabancas de Nhacra (Nhacra, Teda, Sal, Bupe, Sucuto, Incume, Sumo, Nhoma e Cholufe);

(ii)  e o Regulado do Cumeré com as tabancas do Cumeré, Com, Cuntanga, Quide, Birla, Caiana, Som Caramacó, Cola, Nague, Ocozinho, Rucuto e Oco Grande (reordenamento zincado).

A estrutura agrícola existente baseava-se numa economia básica de subsistência, cujos produtos, que ocupavam lugares especiais de relevo, eram o amendoim, o arroz, o milho, a mandioca, o feijão, a cana sacarina e pouco mais.Na pecuária existiam boas condições para a criação de gado, condicionante porém pelo ancestral costume tribal, que considerava o gado como um sinal exterior de respeito e riqueza e não com um factor económico.

Era evidente e manifesto o desagrado em abater, ou mesmo vender, qualquer cabeça de gado, fosse para alimentação ou para outros fins industriais. Em toda aquela zona predominava a etnia Balanta, coexistindo com algumas minorias étnicas que se estabeleceram em chão Balanta, vindas de outras regiões, escorraçadas pela insegurança que a guerra originava, principalmente Fulas, Mandingas e alguns Manjacos.

Os Balantas eram dotados de uma impressionante constituição física, trabalhadores, valentes, enérgicos e com grande força de vontade pela vida, ao que acrescentaria que eram bons agricultores, arrancando da terra os meios de subsistência de que necessitavam, alimentando-se à base de arroz, azeite de palma, milho e mandioca. Além disso, eram polígamos e condenavam o celibato. Extremamente supersticiosos, acreditavam na transfiguração da alma, atribuindo à feitiçaria as suas desgraças.
Bissalanca, BA 12, c. 1972/74: os alf mil
 Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019) ~
e Jorge Pinto, prontos para ir até Nhacra,
de motorizadas, comer umas ostras (**)...
Foto: Jorge  Pinto (2019).

Praticavam o roubo, em especial de gado, com a consciência de um acto não criminoso, mas sim um admirável e enaltecedor sinal que revelava a perícia pessoal, bem com de toda a sua própria tribo. O gado bovino que possuíam destinavam-no às cerimónias de sacrifício, nomeadamente nos seus rituais de acompanhamentos fúnebres (choros).

Os Fulas, de um modo geral,  eram hospitaleiros, considerando mesmo a hospitalidade como um dever sagrado.Apesar da influência que o Islamismo tinha entre eles, praticavam ainda o feiticismo e criavam gado, considerado este facto como um sinal de respeito e nobreza.

A acção psicológica desenvolvida pela NT na zona era bastante intensiva, apesar de se constatar em alguns núcleos, certa reserva em relação à mesma, quando não nula, com maior evidência nas tabancas de Sal e Bupe.

As populações tinham apoio médico/sanitário, transporte em viaturas militares, assistência educativa prestada por missões religiosas em várias escolas, um professor militar e vários elementos africanos que estavam adidos à Companhia, sendo também de salientar a assistência religiosa prestada por padres missionários aos domingos. (...).

(...) A área do subsector de Nhacra tinha por limite a norte o Rio Mansoa, a sul o Rio Geba, a oeste o Canal do Impernal e, a leste, confinava com o Dugal.

Era atravessada, nos seus limites, por uma estrada asfaltada (com grande movimento de pessoas e viaturas), que ligava Bissau a Mansoa e, ainda, pela ligação entre Nhacra e Cumeré, também ela em estrada asfaltada. 

A piscina de Nhacra.
Foto de Eduardo Campos (2009)
As tabancas mais populosas tinham ligações com as estradas principais, através de picadas largas. Sobre o Canal de Impernal e no itinerário Bissau – Mansoa, encontrava-se a Ponte de Ensalmá, onde se mantinha em permanência um destacamento da Companhia, dada a sua importância estratégica e pelo facto capital de ser a única ponte que permitia a ligação por terra, entre Bissau e o resto do território da Guiné.

O terreno apresentava uma uniformidade e configuração incaracterísticas, em que os relevos praticamente não existiam, apenas entrecortado pelas bolanhas que abundavam nessa região, visto formarem-se a cotas inferiores às do terreno.

Hidrograficamente a região era rica, com os importantes rios Mansoa e Geba, bastante caudalosos na praia-mar, que chegavam a atingir cerca de três metros de amplitude e invadiam uma série de canais, do qual se destacava o Canal do Impernal, que estabelecia a ligação entre eles, dando origem à ilha de Bissau… Sim, disse ilha, porque Bissau era uma ilha e, curiosamente, muitos dos nossos camaradas desconheciam o facto.

A mata era muita reduzida nessa região, exceptuando-se pequenas manchas existentes no extremo norte do Rio Geba e nas proximidades do Canal do Impernal. Na zona interior a savana arbustiva, era salpicada, aqui e além, por árvores de grande porte (poilões), mangueiros e cajueiros.

Nas Zonas marginais dos rios e dos canais, zonas extremamente pantanosos, abundavam as plantas hidrófilas que se ramificavam em múltiplas raízes, formando o que se designava por “tarrafo”. A fauna, sem ser abundante, poderia considerar-se rica em diversas espécies.

Afinal, Nhacra, a 25 / 30 km, a nordeste de Bissau, era um sítio onde se podia ir, de carro, de moto ou de motorizada, com relativa tranquilidade, até ao final da guerra. (***)
_________

Notas do editor:



27 de novembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20386: (De)Caras (117): Eu e o saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019), prontos para ir a Nhacra, de motorizada, comer umas ostras (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20061: Memória dos lugares (393): Ainda os memoriais de Buruntuma e Camajabá (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

1. Mensagem do nosso camarada Abel Santos, (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), com data de 9 de Agosto de 2019:


Ainda os memoriais de Buruntuma

Estando eu navegando no nosso blogue, resolvi pesquisar postes relacionados com Buruntuma, onde permanecemos algum tempo, deparando com o poste P17867 que fala sobre os memoriais daquele aquartelamento.

Começo por dizer que na foto do memorial da CCAÇ 3546 que presta homenagem aos seus mortos, que ainda está na Ponte Caium, e que vai resistindo à erosão dos tempos, se vê à esquerda, os restos de um pedestal onde existia um pequeno oratório, tipo capelinha, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Já lá se encontrava quando a CART 1742 tomou conta do sector que tinha sede em Buruntuma.
Ao tempo, era enviado um grupo de combate para Camajabá, que por sua vez deslocava uma secção para a Ponte Caium a fim de manter a segurança da mesma.

Envio foto minha junto desse oratório. O pedestal não tinha a inscrição que se vê na foto do Patrício Ribeiro. Olhando para semelhança das letras e  dos números inscritos no memorial, dá a ideia de que tenha sido a malta da 3456 a fazer tal inscrição, e muito bem.

Ponte Caium - Memorial da CCAÇ 3546
Foto: Eduardo Campos

Ponte Caiun - Abel Santos junto ao oratório
Foto: Abel Santos

Ponte Caium - Restos do oratório
Foto: Patrício Ribeiro

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Em Camajabá ainda resiste um memorial pertencente à CCAÇ 1418. Envio foto minha e, para comparação, uma foto mais recente do mesmo, tirada pelo camarada Patrício Ribeiro.

Camajabá - Abel Santos junto ao Memorial da CCAÇ 1418
Foto: Abel Santos

Camajabá - Memorial da CCAÇ 1418 - Actualmente
Foto: Patrício Ribeiro


Envio um abraço aos camaradas da CCAÇ 3546 pelo bonito memorial que deixaram em terras da então Guiné Portuguesa, perpetuando assim a sua e nossa passagem por África.
Ao meu amigo Eduardo Campos a minha vénia pelas excelentes fotos, tiradas aquando da sua visita em 2010 à Guiné-Bissau.
Também uma referência ao Patrício Ribeiro que palmilha a Guiné-Bissau de lés-a-lés e que nos vai revelando a arqueologia da passagem das Unidades Militares naquele país.

Um abraço para a Tabanca Grande e camaradas da Guiné.
Abel Santos.
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Notas do editor

Último poste da série de 21 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19811: Memória dos lugares (392): Memoriais da zona de Buruntuma e Camajabá (Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742)

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19062: Memória dos lugares (381): Bigene, na fronteira com o Senegal... Foi lá que fomos render a CART 3329, em outubro de 1972, antes de ir parar ao Cantanhez (Eduardo Campos, ex-1º cabo trms, CCAÇ 4540, Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar, Nhacra, 1972/74)



Foto nº 1 > Guiné > Região de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 > Junto aos brasões das Companhias que por lá tinham passado



Foto nº 2 > Guiné > Região de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 >
O descanso do “guerreiro” junto ao posto de rádio

Foto nº 3 > Guiné > Regão de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 > Com um amigo de ocasião


Foto nº 4 > Guiné > Região de Cacheu > Bigene > CCAÇ 4540 > c. out / dez 1972 > De vez em quando dava para tomar banho.


Fotos(e legendas): © Eduardo Campos (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Excerto de um texto de memórias do Eduardo Campos (ex-1.º cabo rádio-telegráfico, CCAÇ 4540, "Somos um Caso Sério", Cumeré, Bigene, Cadique, Cufar. Nhacra, 1972/74) (*)


No dia 28 agosto 1972, teve início no Regimento de Infantaria 15 (RI 15), em Tomar, a concentração do pessoal que constituiria a Companhia de Caçadores 4540 ["Somos Um Caso Sério", 1972-1974]. Na sua grande maioria, os militares eram oriundos do Norte do País, sendo de realçar a presença de alguns que vieram de França, para cumprirem o Serviço Militar.

Foi-nos concedido o gozo de uma licença de 2 semanas, após a qual o pessoal da Companhia se foi apresentando novamente no RI 15, tendo-se procedido à cerimónia de Benção e Entrega do Guião à Companhia no dia 15 de setembro de 1972, seguido de um desfile das tropas, na parada do Regimento.

Às 2h00 do dia 19 desse mesmo mês, a Companhia embarcou em autocarros, em Tomar, dirigindo-se para o aeroporto de Lisboa, onde o pessoal transitou para um avião dos TAM (cerca das 09h00), após o que levantamos voo rumo aos céus da África Ocidental.

Após quatro horas de voo bastante confortável, durante as quais imperou a boa disposição, já que a quase totalidade do pessoal realizava a sua primeira viagem aérea, aterramos no Aeroporto de Bissalanca. Procedeu-se então ao desembarque, perante um calor tórrido e sufocante, próprio das regiões tropicais.

Terminadas as formalidades habituais destas rotinas, procedeu-se ao transporte dos militares e respectivas bagagens, numa coluna de viaturas com destino ao Cumeré onde ficamos instalados. No dia 22 de setembro de 1972, de manhã, fomos chamados para uma formatura geral, a que se seguiu o desfile da Companhia recém-chegada, perante o Brigadeiro Alberto Silva Banazol [, comandante do CTIG, ] que proferiu algumas palavras de boas-vindas. Nesse mesmo dia segui para Bissau, com destino ao Regimento de Transmissões, onde estive cerca de 15 dias a fazer o chamado IAO.

Terminado o IAO, houve lugar a nova formatura geral no dia 17 de outubro de 1972, desta vez frente ao General António Spínola, Governador e Comandante-Chefe das Força Armadas do CTIG. No dia seguinte, a 18 a Companhia partiu do Cumeré com destino ao porto de Bissau, onde se procedeu ao nosso embarque na LDG Bombarda, rumando à "terra prometida”, Bigene, junto à fronteira com o Senegal.

E assim, lá fomos rio acima (Cacheu), desembarcando numa localidade chamada Ganturé, onde nos esperavam os camaradas da CART 3329, que iríamos substituir. Era notável a alegria com que nos receberam, tendo-nos em seguida transportado para Bigene (cerca de 6 ou 7 km), onde deparamos com vários dísticos e cartazes alusivos à chegada da nova Companhia de periquitos, espalhados pelas paredes e pela rua principal, cheios de humor e ironia......

Bigene era bastante povoada, com gentes de várias etnias, predominando os Fulas e os Balantas, havendo ainda bastantes Mandingas. A população europeia, além dos militares e do administrador de Posto, era praticamente inexistente, havendo apenas 1 português que era proprietário de uma casa comercial. Havia mais 3 casas comerciais, propriedades de 3 libaneses.

No posto sanitário de Bigene acontecia algo que eu considerava surpreendente, que era receber e tratar populares do Senegal, que atravessavam a fronteira para receberem tratamento médico. Ao mesmo tempo, esta gente aproveitava para comercializar os seus produtos no mercado local.

No dia seguinte, começou o treino operacional em conjunto com a CART 3329, cuja finalidade era adaptar e capacitar o pessoal em situações operacionais semelhantes às que iria encontrar nas suas futuras actividades dentro do sector atribuído à Companhia. É de salientar que, ainda no período de treino operacional a 23 de outubro de 1972, se ter verificado o 1º contacto de fogo com o IN, mesmo junto ao marco fronteiriço que separava a Guiné e o Senegal.

Só me apercebi que a palavra guerra fazia aqui todo o sentido, quando saí pela primeira vez para o mato e assisti à implantação de um campo de minas, e algumas armadilhas, na zona Samoge-Sambuía [dv. mapa, abaixo].O primeiro baptismo de fogo aconteceu a 24 de outubro de 1972, próximo de Nenecó, sem consequências. O PAIGC pelas informações que tínhamos, não tinha estruturas dentro do subsector de Bigene, nem se encontrava implantado no mesmo.

Partiam de bases situadas no Senegal, principalmente em Kumbamori, crê-se que utilizando as variantes do corredor de Sambuiá, para “cambar” o rio Cacheu, transportando material e mantimentos até ás margens do rio Cacheu, que procuravam atravessar em canoas e botes de borracha, para o interior do território, sendo, por vezes, surpreendidos pelos fuzileiros que se encontravam em Ganturé.

Terminado o período de sobreposição com a CART 3329, foi transferida por esta Companhia, para a nossa, toda a responsabilidade administrativa e operacional. No dia 15 de novembro de 1972, a CART 3329 terminou a sua comissão e despediu-se de Bigene.

Foi com muita emoção que os vimos partir, após um convívio comum de quase um mês, passado naquela localidade. Passou, desde então, a nossa Companhia a dar cumprimento às missões que lhe foram atribuídas, executando as directivas do COP 3.

Uma semana depois recebemos a noticia que iríamos ser transferidos para Sul, sendo substituídos pela CCAÇ 3 e, de novo, lá fomos na LDG Bombarda...

Estávamos no dia 9 de dezembro de 1972, rio Cacheu abaixo... Destino: Cadique, Cantanhez, região de Tombali... (***)



Planta topográfica de Bigene (parte superior) > Escala aproximada 1:5000. A norte, fronteira do Senegal (Nenecó, Sindina); a nordeste, corredor de Samoge-Sambuiá); a leste da pista de aviação, Binta; a oeste,  Barro (a 13 km); a sudeste, Ganturé (e rio Cacheu) (a 6/7 km). Havia 3 obuses 14 (140 mm) e 4 ou 5 morteiros 81 (mm). (***)

Legendas:

6 - Estação dos Correios
7 - Chefe de posto
8 - 3º Gr Comb
9 - Espaldão da metralhadora Breda
10 - 1º Gr Comb
11 - Espaldão da metralhadora Breda
12 - Capela [, ao lado esquerdo, o campo de futebol]
13 - Enfermaria civil
14 - Quartos de sargentos
15 - Secretaria
16 - Arrecadação da Casa Gouveia
17 - Casa Gouveia
17A - Quarto do major e capitão do COP3
18 - Casa Issufo (?) [nome ilegível; provável aportuguesamento de Youssouf]
19 - Arrecadação de material de guerra
20 - 2º Gr Comb
21 - Escola missionária
22 - COP 3
23 - Casa Rei (?) Mané [, nome ilegível]
24 - Casa Hilário
25 - Padaria
26 - Casa Assad
27 - Quartos de oficiais
28 - Depósito de géneros, enfermaria e cozinha.




Planta topográfica de Bigene (parte inferior) > Escala aproximada 1:5000

Legendas:

1 - Central elétrica
2 - Vacaria
3 - 4º Gr Comb
4 - Arrecadação
5 - Oficinas
29 - Escola civil
30 - Mercado civil



Mapa topográfico de Bigene > Escala 1:5000.  S/d. Cópia do documento original, cortesia do nosso camarada Eduardo Campos. O original será da autoria do major Vinhas, do COP 3, na altura sob o comando do ten cor cav Correia de Campos.
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