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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Guiné 61/74 - P24047: (In)citações (230): Nunca digas adeus, até sempre! (José Belo, Key West, Flórida)


Em Key West, lá na Florida do furacões, no Sloppy Joe's Bar, haverá sempre alguém, com uma alma lusitana, a qualquer hora do dia ou  da noite, a beber uma ginginha (ou um daiquiri bem geladinho), o mesmo é dizer a dar de beber à dor... e à saudade. Quem sabe, se o nosso leitor passar  um dia por lá,  se não dá de caras com o nosso Zé Belo... Que  os bons irãs do poilão da Tabanca Grande, mesmo à distância, lhe deem longa vida e saúde agora lá nos States e mantenham fluídas as nossas comunicações.

José Belo, jurista, gestor de conflitos, mediador cultural... o nosso luso-sueco-lapão, cidadão do mundo, efectivou-se como membro (registado) da Tabanca Grande em 8 de março de 2009 mas ele já estava desde 6/6/2007, entrada pela mão do Zé Teixeira, também ele "Maioral" (*)

(i) tem repartido a sua vida até agora entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e os EUA (Key West, Florida, conforme as estações do ano e os quatro humores;

(ii) foi nomeado por nós régulo (jubilado e vitalício) da Tabanca da Lapónia: recusamo-nos a aceitar que ele se despeça do cargo: afinal todos os anos pela primavera, corria o boato de que a Tabanca da Lapónia ia morrer para logo a seguir ressuscitar, como a Fénix Renascida (*); 

(iii) na outra vida (todos temos mais do que uma), foi alf mil inf, CCAÇ 2381, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70): também ele participou numa guerra, como todas as guerras, "absurda e inútil";

(iv) é, legalmente, cap inf ref (mas poderia e deveria ser coronel) do exército português;

 (v) durante anos alimentou, no nosso blogue, a série "Da Suécia com Saudade"; 

(vi) tem 240  referências no nosso blogue.


1. Mensagem do Joseph Belo:

Data - domingo, 5/02/2023, 22:58

Assunto - Na boa companhia da fadista clássica (!) Hermínia Silva

Caro Luís

Os anos passam, as idades aumentam, as adaptações cómodas tornam-se… saudáveis!

Depois de ter ressuscitado pelo menos quatro vezes (o que, mesmo usando os parâmetros da Bíblia Sagrada,  é inaceitável!) é tempo da quase mítica Tabanca da Lapónia encerrar definitivamente o portão voltado à imensidão Árctica. (**)

As tentações e decadências da floridiana Key West acabam por sobrepor-se na vida deste hermita lusitano. O tal luso-lapão factualmente único, dentro do espírito épico (!) do que… se mais terra houvera lá chegáramos!

Quanto às fronteiras extremas da Tabanca Grande, 
substitui-se simplesmente o extremo do extremo
norte europeu pelo extremo do extremo sul norte-americano. (Certamente que isto dos “extremos” saltitantes terá algo a ver com um capitão extremista de um impossível de esquecer… PREC!)

Foi numa procura de comunicação com Amigos e Camaradas da Guiné que procurei levar até aí alguns dos exotismos do dia a dia dentro do Círculo Polar Árctico. Sentindo orgulho em amizades que hoje não existiriam sem o meio de ligações que tem sido a Tabanca Grande.

Se julgam que neste momento de despedida se ouve na Lapónia sueca um clássico e triste hino fúnebre,  enganam-se. Ecoa nesta escura imensidão gelada o... Fado da Mariquinhas, cantado na versão clássica da tão nossa Hermínia Silva!

Um grande abraço do JBelo



2. Nova mensagem do Joseph Belo:

Data - terça, 7/02/2023, 05:43  
Assunto - Pare! Escute! Olhe!

Caro Luís

Por vezes a saudade e as distâncias acabam por nos colocar o… ”carro à frente dos bois “! O texto que te enviei está demasiado pessoal ao referir uma mudança, importante para mim e para alguns amigos próximos, mas que acaba por se tornar o tal “conversar com o meu umbigo”.

Texto escrito sobre o joelho, surgido ao constatar uma mudança radical de um “marco geodésico” nos “limes” da Tabanca. Mas, mais não se trata do que… subjectivismos!

Os sentimentos e avaliações de fora para dentro são por vezes bem díspares dos efectuados de dentro para fora. É uma das lições de “tarimba” para os que estão mais de quatro décadas totalmente afastados do… ”dentro”!

Ficará portanto o texto ao critério editorial.

Um grande abraço, JBelo


3. Resposta do Luís Graça  

Data - terça, 7/02/2023, 11:48  

Querido amigo e camarada:

Fico, às vezes, na dúvida sobre o que é pessoal, reservado e intransmissível, de circulação e partilha mais restrita (entre familiares, amigos...). Ía-te pôr essa questão... Mas, se me dás luz verde ou amarela intermitente, terei todo o gosto em publicar no nosso blogue as tuas mensagens sempre originiais e com o seu quê de sabedoria e mistério (como, aliás, acabo de o fazer, às tuas duas últimas).

Sei que estás, há uns tempos a esta parte, a fazer o luto desse lugar, mágico, onde foste feliz, a tua (e também já um bocadinho nossa) Tabanca da Lapónia... Confesso que, por minha parte, vou ter saudades... Só conheço a Suécia até Kalmar (aliás, da Suécia só conheço Kalmar)... 

Mas deixa-me dizer-te que todos passamos um dia por isso: há que dizer adeus à casa onde nascemos,  à terra onde vivemos parte da nossa vida, ao nosso local de trabalho, aos velhos amores que não voltam mais, aos amigos que morreram, etc. Mas, não, nunca digas adeus, até sempre!... ("Até sempre": é uma expressão portuguesa que se usa para uma despedida quando se prevê uma separação definitiva, como a causada pela morte, ou muito longa e dolorosa.)

Eu, por exemplo, eu e a Alice, sabemos que um dia destes vamos ter que dizer adeus a Candoz... onde investimos tempo, dinheiro, sobretudo afetos... Até fizemos um blogue!... A nossa sociedade (e família), pela lei natural da vida, vai perdendo vigor e liberdade de ação: surgem as doenças, as incapacidades, a morte, etc. Os nossos filhos têm outros sonhos, interesses, preocupações, limitações, lugares... Candoz está a 400 km de Lisboa e a 80 do Porto... Acontece o mesmo noutras famílias, como a tua, a minha, as dos nossos camaradas...

Pessoalmente, não tenho o sentido de propriedade, mas valorizo o pouco que tenho, dividido por Alfragide, Lourinhã e Candoz... Há decisões dolorosas, a da alienação, sobretudo das coisas que são "animadas", as nossas geografias emocionais, as nossas relações... Mas será que essas se perdem? Podemos cultivá-las no jardim da memória (a única coisa que não nos podem tirar...). 

Enfim, talvez o teu texto nos ajude também a saber lidar com a(s) "perda(s)"... 

De qualquer modo, para onde quer que vás (e vais, felizmente,  para mais perto dos teus filhos e netos), sabes que tens sempre aqui alguém que te sabe ouvir e até compreender. Ou pelo menos que faz por isso. Afinal, a Guiné e Portugal, a nossa terra natal, aproximaram-nos. E, além de camaradas, ficámos amigos. Um abração. Luis






"A minha alegre casinha"... A Tabanca da Lapónia (ou pelo menos o casarão)  continua a lá estar, em Abisko, Kiruna, bem perto da terra do Pai Natal... Um poeta deixou lá este escrito à porta: 

É uma casa... portuguesa ? 
Sim, dizem uns, outros, não, 
Não se tem bem a certeza, 
O dono é luso-lapão...

É Belo, não Ruy, José,
E de renas, criador, 
E agora blogador, 
Mas fala pouco... da Guiné...

Diz que o mar o despejou. 
E não é nenhuma facécia, 
Neste reino da Suécia, 
Ele só por amor ficou.

Teve pelo menos 3 blogues. Foram, infelizmente, removidos... E, com muita pena nossa, não foram capturados em tempo útil pelo nosso Arquivo.pt...
Fotos (e legendas): © José Belo (2034). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


4. Nova mensagem do José Belo:
 
Data - terça, 7/02/2023, 16:11  

Assunto - Trovas ao vento que passa

Caro Amigo

Grato pelo teu E-mail. Nele apercebe-se teres compreendido o difícil que é, nas nossas idades, o fecharem-se definitivamente certas portas.

O termo “definitivamente” tem hoje um significado que não é o mesmo de quando tínhamos vinte anos. Alguém terá escrito: “Para se sentir a falta de algo, há que perdê-lo primeiro“.

E lá se cai nas tais subjetividades valorativas quanto ao viver-se (sem um único vizinho!) num círculo de trezentos quilómetros em volta da casa. Para uns assustador pelo total isolamento. Para outros indiscritível na sensação de independência.

Mas quanto aos “fechar de portas”,  o mesmo clássico acima referido terá escrito mais ou menos isto: “Ao atravessar esta porta não estou só saindo de um local mas simplesmente entrando noutros”

Como já te escrevi, a publicação destes subjectivismos (!) fica ao inteiro critério editorial (***).
__________

Notas do editor:


(**) Vd. postes de:

 

28 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22146: Tabancas da Tabanca Grande (3): Morreu a Tabanca da Lapónia, viva a Tabanca da Lapónia!... A notícia da sua morte foi manifestamente exagerada.


16 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20655: Da Suécia com saudade (63): reabrindo a Tabanca da Lapónia, agora ao povo... (José Belo)

(***) Último poste da série > 2 de fevereiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24030: (In)citações (229): A matança do porco... do nosso contentamento (Francisco Baptista / Alberto Branquinho / Joaquim Costa / José Belo / Luís Graça / Valdemar Queiroz)

sábado, 17 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22111: Da Suécia com saudade (90): o fim da picada... ou um certo fim desta picada!... Morreu a Tabanca da Lapónia, viva a Tabanca de Key West, Flórida, EUA (José Belo)



Una especialidade do Norte da Escandinávia: caviar de ovas de salmäo "löjrom", servido com cebola crua e natas ácidas... Vai bem com um vinho branco Bucelas Velho, diz o José Belo, o nosso "exigrado", como ele próprio se intitula: misto de exilado e de emigrado...

Fotos (e legenda): J. Belo (2021)


I. Mensagem de José Belo, o nosso luso-sueco, cidadão-do-mundo, membro da Tabanca Grande, que reparte a sua vida entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e Key-West (Flórida, EUA). Foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia (. Na outra vida, foi alf mil inf, CCAÇ 2391, "Os Maiorais", Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70).

 
 Date: sexta, 16/04/2021 à(s) 21:13
Subject: Um certo...fim d'esta picada!
 

Meu Caro Luís

(1) Também se come sável por aqui (*), apesar de actualmente muito difícil de pescar por estar quase extinto.

O preco de um prato de sável grelhado nos restaurantes do norte da Suécia (quando há) varia entre o equivalente a 50 até 60 euros. Paga-se pela qualidade que realmente tem mas também pela dificuldade em o encontrar.

Uma maneira típica local é fritá-lo em gordura de bacon fumado, posteriormente misturado com cerefolho, endro e cantarelo (uma espécie de cogumelo amarelo).

De qualquer modo aqui segue uma especialidade muito típica do Norte Escandinavo: Caviar de ovas de salmäo "löjrom", servido com cebola crua e natas ácidas.

Acompanha-se com vodka e cerveja, mas... um José Maria da Fonseca BSE, ou um Bucelas Velho,  seria verdadeiramente "pôr oponto nos ii". (Se é que ainda  existem, estas marcas de vinhos,  depois de mais de 40 anos de,,,"exigrado" !)

(2) Aproveito este texto para informar os Camaradas que a já muito longa série "Da Suécia com Saudade" chegou ao fim da picada. (**) Mudo-me com "armas e bagagens" para a minha casa de Key West [, Flórida, EUA], apesar de manter casa também em Estocolmo para viagens nostálgicas às...raìzes.

Espero ter de algum modo contribuído para um maior conhecimento entre Lusitanos desta realidade exótica situada no extremo de extremo norte europeu que é a Lapónia.

Um abraço, J. Belo

 II. Comentário do editor LG:

Meu querido amigo e camarada:

Percebo que queiras estar mais próximo dos teus filhos e netos...E só posso desejar-te muita saúde e longa vida em Key West onde resto tens casa há muito...

Vamos mesmo pôr um ponto final na série "Da Suécia com saudade" ? Se sim, temos que pensar numa nova série...Porque tu vais continuar a escrever no nosso blogue... E quanto à Tabanca da Lapónia ? Para nós, continuarás a ser o 
régulo da Tabanca Lapónia, não de pedra e cal, mas de madeira e gelo. Por outras palavras, és insubstituível, inamovível, vitalício... Claro que vamos ter saudades das tuas saudades.

Obrigado por mais estas tuas sugestões gastronómicas... E um dia destes posso mandar-te uma listagem com todos os teus postes... incluindo os da série "Da Suécia com saudade" (que são noventa).

Mas deixa-me acrescentar: 

Morreu a Tabanca da Lapónia,  viva a Tabanca de Key West!

Fica bem e que lá sejas feliz, pararaseando um poema do noss Ruy Belo. Que a felicidade é onde a gente a põe, mas a maior parte de nós nunca a põe onde está... Venho de almoçar da Tabanca do Atira-te ao Mar e de deleitar-me com as nossas musiquinhas (com cavaquinho, bandolim, viola, voz...), celebrando a vida, a saúde, o desconfinamento, a amizade, a camaradagem...

Se um dia voltares à Pátria / Mátria / Fátria que te foi Madrasta, seja em viagem de  negócios ou simplesmente para rever as tuas raízes lusitanas, tens já uma convite para vir aqui comer uns marisquinhos do Mar do Cerro e beber uns vinhinhos brancos com aromes atlânticos da regão  da tua avó...

Um abraço fraterno, LG

PS - Lê e ouve aqui o poema "O Portugal Futuro", de Ruy Belo, dito por cantora Lula Pena



O Portugal Futuro

0 portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo (1933-1978)

sábado, 13 de março de 2021

Guiné 61/74 - P22002: Da Suécia com saudade (88): Filhos de portugueses mas... desconhecidos em Portugal - Parte II: John Philip Sousa (1854-1932), o rei das marchas militares


John Philip Sousa, c. 1900

Fonte: Crédito: "[John Philip Sousa, retrato cabeça e ombros, virado ligeiramente para a direita]." C1900. Divisão de Impressos e Fotografias da Biblioteca do Congresso.  
American Library   | Cortesia de Wikipedia


1. Mensagem de José Belo, o nosso luso-sueco, cidadão-do-mundo, membro da Tabanca Grande, que reparte a sua vida entre a Lapónia (sueca), Estocolmo e Key-West  (Florida, EUA). Foi nomeado por nós régulo (vitalício) da Tabanca da Lapónia...

Data: sexta, 19/02/2021 à(s) 18:38

Assunto: E...mais um português famoso nos States ... quase desconhecido em Portugal.


John Philip Sousa (1854-1932)


Nasceu em 1854 em Washington, DC,  EUA, filho de pai português, de origem açoriana,  e mãe alemã. E faleceu  em 1932 em Reading, Pennsylvania, aos
77 anos. Foi sepultado com honras oficiais em Washington, no Cemitério do Congresso.

Era o terceiro filho de uma família de dez crianças. O pai, João António de Sousa (John Anthony Sousa) (1824 – 1892), nasceu em Sevillha, Espanha, de pais portugueses. A mãe, Maria Elisabeth Trinkhaus (1826-1908) era alemã da Baviera.

John Philip Sousa foi maestro e compositor de inúmeras e célebres marchas militares. Entre outras o actual Hino dos Fuzileiros Navais Norte Americanos (Marines),  intitulado "Semper Fidelis" [, Sempre fiel ou leal], que pode ser ouvido aqui, no You Tube.

Foi, no entanto,  a marcha "Stars and Stripes Forever " que o colocou no lugar de rei das marchas e bandas norte-americanas, lugar que ainda hoje ocupa. É também o autor da marcha "Washington Post", entre muitas outras.

"Stars and Stripes Forever" foi designada em 1987 como a marcha oficial dos Estados Unidos sendo tocada em cerimónias tanto civis como militares. (Não confundir com o Hino Nacional dos EUA.)

Tendo recebido na juventude uma muito boa educação musical,  foi violinista em orquestras clássicas e posteriormente maestro

Prestou serviço nos fuzileiros navais, e depois na Marinha, cuja banda elevou então, como maestro (1880-1892),  ao mais elevado escalão de virtuosismo e execução em todos os Estados Unidos.

Fez tanbém uma notável carreira de compositor tendo entre 1879 e 1915 escrito 11 operetas,70 canções célebres,11valsas,12 peças musicais,11 suites, etc., etc.

Compôs também 136 marchas militares, célebres não só pelo ritmo como também pelos efeitos instrumentais.

Formou então a sua própria orquestra, em 1892, a "Sousa Band",  tendo criteriosamente escolhido músicos de alta competência em música clássica e também militar. Entre 1900-1905 efectuou concertos em todos os Estados Unidos,Europa, seguindo-se um Tour Mundial.

Em 1890 desenvolveu um tipo de trombone chamado "helicon" que,  fabricado então a partir das suas instruções,  passou a ser conhecido como o "Sousaphone ". É usado nas bandas militares e civis Norte Americanas chamando à atenção pelo seu tamanho e,não menos, forte som.

O nosso John Philip Sousa é famoso nos Estados Unidos como.....John Philip SUZA! 

Mas de qualquer modo é mais um famoso anericano, descendente de portugueses,  Famoso e ainda hije acarinhado. Mas o mesmo não se pode dizer do seu reconhecimento em...Portugal!

J.Belo.

__________

Nota do editor:

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21946: Da Suécia com saudade (87): Filhos de portugueses mas... desconhecidos em Portugal - Parte I: o grande romancista John dos Passos, com costela madeirense (1896-1970) (José Belo)





John [Rodrigo] Dos Passos, o grande escritor norte-americano, com costela madeirense (1896 - 1970), autor da clássica trilogua "USA", escrita entre 1930 e 1936 (, mais tarde,traduzida para português por Hélder de Macedo, e publicada, em Portugal, pela Portugal Editora em 1946: Paralelo 42 (413 pp.),1919 (463 pp) e Dinheiro Graúdo (574 pp.)... A trilogia "USA" foi consuderada como um dos 100 melhores romances, escritos em inglês, do séc. XX. (LG)

Imagens cedidas por José Belo (2021)


1. Mensagem de José Belo (, o  representante da Tabanca Grandenno Círculo Polar Ártico):

Data:  19 feb. 2021 kl 13:29
Assunto: Filhos de portugueses mas...desconhecidos em Portugal!
 

Quando estudei nos States fui surpreendido pelo desconhecimento em Portugal de alguns descendentes de portugueses por lá famosos.

A um nível intelectual muito elevado existiu, por exemplo ,o JOHN RODRIGO DOS PASSOS, conhecido nos meios culturais Norte-Americanos como John D'os Passos.

Nasceu em 14 Janeiro de 1896 em Chicago/Illinois e faleceu a 28 de Setembro de 1970 em Baltimore/Maryland.

Filho de um rico advogado,  de origem portuguesa,graduou-se na Universidade de Harvard em 1916.

Serviu como condutor de ambulâncias na Primeira Guerra Mundial e, em resultado das suas experiências,  escreveu em 1921 um amargo romance contra a guerra intitulado"Os 3 Soldados".

No pós-guerra viajou,como correspondente de imprensa. Esteve em Espanha e outros países europeus adquirindo entäo um forte sentido histórico de observacäo social. Foi um período que acentuou algumas das suas simpatias radicais.

Com o passar dos anos, gradualmente,o seu subjectivismo tornou-se num realismo objectivo mais vasto e abrangedor.

Considerado um dos maiores novelistas da "Geracäo Perdida" do pós guerra norte-americano, a sua reputacäo como historiador social e crítico da "qualidade da vida" americana surge com o best-seller que foi a sua trilogia -"U.S.A".

Nesta trilogia é posto em destaque a imagem dos Estados Unidos como sendo realmente duas nacöes. Uma de ricos e privilegiados, e outra ,a dos pobres, sem qualquer poder e representacäo política.

Foi uma muito importante e divulgada obra literária que espelhava toda uma época.

Depois de alguns outros romances e intervencöes em acontecimentos políticos da época,  escreveu uma nova trilogia em 1939, 1943 e 1949  "District of Columbia",ainda que menos ambiciosa que a anterior.

Nesta verifica-se a sua desilusäo com os movimentos laborais norte-americanos, com as políticas radicais na generalidade, e o liberalismo característico do modelo político do "New Deal".

Näo será de estranhar que o governo da ditadura portuguesa não se sentísse "confortável" em divulgar este intelectual que era um forte crítico das ditaduras Ibéricas.

É, no entanto, de lamentar que o Portugal democrático posterior não tenha divulgado a trilogia "USA", como seria merecido.
____________

Notas do editor:

Último poste da série > 18 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21917: Da Suécia com saudade (86): Portugueses ilustres que aqui viveram...antes de mim: 1º Visconde Soto Maior (Rio de Janeiro, 1813 -Estocolmo, 1893) (José Belo)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21917: Da Suécia com saudade (86): Portugueses ilustres que aqui viveram...antes de mim: 1º Visconde Soto Maior (Rio de Janeiro, 1813 -Estocolmo, 1893) (José Belo)







Suécia > Estocolmo > Um dos mais luxuosos e famosos restaurantes locais, o Salão Berns, Berns Asiatiska, onde o diplomata português Soto Maior tinha mesa privativa...

Fotos enviados pelo José Belo. Fonte: Berns Asiatiska  (2021), com a devia vénia

António da Cunha Sotomaior Gomes Ribeiro de Azevedo e Melo (Rio de Janeiro, 18 de Novembro de 1813 - Estocolmo, 19 de Janeiro de 1893), 1.º Visconde de Sotomaior, foi um diplomata português.O título de 1.º Visconde de Sotomaior foi-lhe concedido por Decreto de D. Luís I de Portugal de 12 de Maio de 1865.   Foi encarreado português de negócios na Suécia entre 1869 e 1892. Afeiçou-se tanto à Suécia que recusou nomeações para postos diplomáticos de maior importância. Morreu em Estocolmo, em 1893.(Fontes: Wikipedia e  Portugal > Portal Diplomático)


1. Texto e fotos enviados pelo José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:

Date: terça, 9/02/2021 à(s) 00:58
Subject: Soto Maior

José Belo


A tabanca da Lapónia


Filho de um diplomata português da família Soto Maior no Brasil, foi primeiro militar e posteriormente político, membro da Câmara do Reino.

Tanto pelo temperamento como pelo espírito boémico,  tornou-se menos "conveniente" tanto para a família como para a alta sociedade portuguesa. Falou-se em aventuras amorosas com senhoras casadas pertencentes a famílias do mais alto nível no Reino. De qualquer modo, foi enviado como embaixador para a convenientemente distante Suécia.  

Dispondo a sua família em Portugal de avultados bens,  ele depressa se tornou uma figura de referência na boémia da mais alta sociedade sueca da época. Para além da impecável elegância com que sempre vestia, era também célebre pela sua generosidade económica tanto em festas como nos locais mais exclusivos das Noites de Estocolmo. Depressa as meninas da alta sociedade local lhe arranjaram um apelido exclusivo,  fazendo um trocadilho de Soto Maior para....."Söta Majorn"....ou seja : "Doce Major " em sueco. 

Frequentador assíduo de um dos ainda hoje mais luxuosos e renomados restaurantes de Estocolmo, o Salão Berns, Berns Asiatiska,  a sua mesa favorita ainda lá se encontra,agora adornada com elegante placa de prata com as suas referências pessoais.

Como uma das figuras centrais da sociedade local em fins do séc. XIX, acabou por vir a ser ainda hoje recordado nas ementas de restaurantes conhecidos em toda a Suécia que servem o seu, então, prato favorito, "Gös file Soto Maior" (Fileé de perca ou Lúcio, à Soto Maior).

Como elegante modelo do mais exclusivo vestuário da aristocracia inglesa,  fazia inveja com a sua infindável coleção das típicas gravatas de  1800,  sempre decoradas com alfinetes de peito feitos de jóias célebres pelo seu preço e trabalho de ourivesaria.

Nos numerosos jantares e festas na sua residência particular fazia sempre questão de se ausentar da mesa em cada intervalo dos inúmeros pratos servidos . Fazia-o para então mudar de gravata e respectivo alfinete de peito na busca de surpreender os convidados. Isto sucedia cinco vezes, ou mais, em cada banquete!

O seu temperamento não aceitava atitudes menos correctas e, apesar  da sua frágil estatura, com facilidade acabava em duelos.

Cita-se como exemplo um tal Sr. Baker, diplomata inglês, que se referiu de modo menos correcto quanto falava de uma amiga de Soto Maior. O Sr. Baker sobreviveu ao duelo mas.....sem uma orelha!

Acabou por falecer com 81 anos, só,  na sua residência de Estocolmo, sem qualquer família ou contactos próximos em Portugal.

J. Belo
________

Nota do editor:

Último poste da série > 2 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21602: Da Suécia com Saudade (85): A base aérea de Beja e o apoio alemão ao esforço de guerra de Portugal em África (José Belo)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21768: Da Suécia com Saudade (88): Tudo sobre as renas, as suas adaptações fisiológicas ao meio ambiente, etc.... mas renas só há umas, as do Joseph Belo e mais nenhumas! (... Por favor, não lhe perguntem quantas tem, porque é uma indelicadeza)






Tabanca da Lapónia > As renas são mais do que um simples postal ilustrado que o régulo manda, pelo Natal, aos seus amigo de todo o mundo...

Fotos (e legenda): © José Belo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampaté e Empada, 1968/70); cap inf ref, jurista, autor da série "Da Suécia com Saudade; vive na Suécia há mais de 4 décadas; régulo da Tabanca da Lapónia; tem cerca de 190 referências no nosso blogue: membro da nossa Tabanca Grande desde 8 de março de 2009]


1. Mensagem, de 14 do corrente, de José Belo, régulo da Lapónia, que só agora, por motivos óbvios, é que volta a pisar as terras do Tio Sam...

Caro Luís

Espero que aí tenham chegado os E-mails sobre as renas e fotos ambientais. Talvez sirvam de "intermezzo" entre textos mais sérios e isolamentos "virais" desgastantes.

Em 2021 vou estar bastante afastado da Lapónia e dos seus infindáveis "tempos de pausa". Muito a fazer nos States à volta de negócios familiares irá tornar os tempos recreacionais no computador bastante mais limitados.

Reformado? O que quer isso dizer?

Abraço, J. Belo
 

As renas e as adaptações fisiológicas 
ao meio ambiente 

por José Belo

 
As renas são o único animal da família dos cervídeos que tem todo o corpo coberto de pêlo, incluindo o nariz (!).

O pêlo mais próximo da carne é como que cerzido entre si, e a segunda camada (exterior) é formada por pêlos com um tubo interior cheio de ar. Este ar aumenta o isolamento ao mesmo tempo que faz o animal flutuar mais facilmente, de grande utilidade nas muitas travessias de rios, lagos e braços de mar locais.
Ao passar-se a mão pelo lombo de uma rena que acaba de atravessar um rio fica-se sempre surpreendido pelo mesmo dar a impressão de não estar minimamente molhado.

Os cascos estão separados em duas partes e têm diferente consistência ao longo do ano, dependendo do período em que há, ou não, neve no solo.

No período sem neve os cascos estão mais moles, proporcionando uma melhor tracção.

Um tendão na perna, imediatamente acima dos cascos, provoca pequenos estalidos quase "plásticos", quando a rena se desloca. Estes pequenos estalidos servem para manter os animais juntos nas manadas aquando das travessias das escuras e densas florestas, ou nevões e neblinas que aqui tiram totalmente a visibilidade para além de um escasso meio metro.

Tendo as pernas quase continuamente enterradas na neve, o sangue venoso local é aquecido pelo sangue arterial em vasos sanguíneos especiais, fazendo-o chegar ao coração à mesma temperatura que este órgão.

Dispõe também de inúmeros vasos sanguíneos no interior das narinas que fazem com que o ar frio respirado chegue aos pulmões à temperatura normal do animal. Muito importante quando as temperaturas envolventes podem atingir os quarenta e tal graus negativos. (No caso humano torna-se perigoso para os pulmões o esquiar com temperaturas inferiores a vinte graus negativos.)

Quanto aos olhos, têm uma visão que abrange a luz ultravioleta, o que lhes é muito útil para distinguir à distância animais de pelagem branca como os lobos árcticos, entre outros.

Este tipo de visão permite-lhes também observar as marcas de urina colocadas na neve como marcação por parte de outros predadores como linces, e os muito abundantes ursos.

É o único animal da família dos cervídeos em que tanto o macho como a fêmea  têm cornos, e estes são iguais em forma e tamanho, variando unicamente com a idade. Os machos mudam de cornos no Inverno e Primavera, enquanto as fêmeas o fazem no Verão.

A razão desta discrepância tem a ver com o nascimento dos vitelos na Primavera, altura em que os machos estão extremamente agressivos. As fêmeas, mantendo os seus cornos neste período, podem mais facilmente defender as suas crias da agressividade dos machos adultos, então sem cornos.

Estes animais têm também um olfacto muito desenvolvido que lhes é útil na busca de alimento sob profundas camadas de neve.

Outra característica única destes animais é o facto de a fêmea, se atacada e perseguida por um predador quando grávida, poder em última instância provocar um aborto imediato, distraindo deste modo o atacante, tendo tempo para se afastar.

As renas têm uma média de vida de vinte anos. Têm entre 90 centímetros a metro e meio de altura, 1,20 a 2,3 metros de comprimento, e 60 a 170 quilos de peso.

Os seus maiores inimigos são os lobos, ursos, linces, e volvorinos. (Estes últimos só existem no extremo norte da Euro-Ásia e América. Assemelha-se a um pequeno urso com uma dentição e agressividade incríveis.) A águia real, também abundante, ataca adultos doentes ou enfraquecidos, e concentra-se na Primavera no ataque às crias das renas.

Sapmi, a Lapónia (que integra 4 países:
Noruega,Suécia, Finlândia e Rússia)
Segundo cálculos actuais existem na Escandinávia 800.000 renas "domesticadas" e cerca de um milhão em estado selvagem.

Existem dois sub-tipos escandinavos:
 (i) Renas florestais (de menor tamanho que as "domesticadas");
(ii) Renas das montanhas
 (mais ou menos do tamanho do Caribu/rena Americana).
 
Renas "domesticadas" säo os animais que vivem a maioria do ano em total liberdade, sendo reagrupadas na Primavera para contagem de adultos e vitelos, marcação dos vitelos, escolha dos animais a serem abatidos para consumo.




A marcação tradicional feita pelos proprietários dos animais é constituída por 
diferentes pequenos cortes nas orelhas destes. 

Por muito incrível que possa parecer não existem duas marcações idênticas, e os donos reconhecem os seus animais, mesmo que misturados em vastas manadas em movimento.

Como estes animais passam cerca de nove meses em total liberdade só nos reagrupamentos na Primavera se pode saber quantos animais morreram por doença ou vítimas dos predadores.

O Estado paga uma boa soma por cada animal morto por predadores perante a apresentação de carcaças quando possível. Em princípio confia nos números que lhe são apresentados. Existem estatísticas desde há muitos decénios que permitem estabelecer médias aceitáveis por ambas as partes.

Para mais, e importante, paga-se imposto por cada uma das renas da manada. (Felizmente que, andando elas à solta por florestas, estepes e montanhas, torna-se muitas das vezes impossível uma contagem "exacta" das mesmas !!!)

Perguntar ao criador lapão, como o fazem todos os turistas, qual o número das renas da manada... não é recomendável! Responde, em geral,  que... nada perguntou quanto à conta bancária do turista!

A carne de rena é extremamente saudável por ser a carne de consumo com menor teor de gordura. (O que é mais uma característica interessante deste animal, contrariamente à maioria dos animais que sobrevivem a climas extremamente frios.)

Carne  consumida e paga (nas cidades) a quantias elevadas por quilo, ou exportada para a Alemanha em grandes quantidades ainda a preço mais elevado.

Como sucede com os porcos lá para o Sul, tudo na rena é aproveitado para consumo: carne, enchidos, fumados, peles, ossos e cornos para artesanato.

Um "chico-esperto" local resolveu, há um bom par de anos, moer cornos de rena em fino pó branco e vendê-lo aos turistas em bonitos frascos de cristal ou em pequenos sacos de pele de rena bordados a prata. Invoca (falsamente!) tradições locais "milenárias" dos efeitos deste pó quanto à potência sexual masculina. O pó vende-se em quantidades elevadas e a preços ainda mais elevados! Curiosamente está também a ser exportado para o Japão.

Mas... Renas, só há umas!
As do J. Belo e mais nenhumas!
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21602: Da Suécia com Saudade (85): A base aérea de Beja e o apoio alemão ao esforço de guerra de Portugal em África (José Belo)



José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampaté e Empada, 
1968/70); cap inf ref, jurista,  autor da série "Da Suécia com Saudade;  vive na Suécia 
há mais de 4 décadas; régulo da Tabanca da Lapónia; tem 180 referências no nosso blogue: 


1. Mensagem de José Belo:

Date: terça, 10/11/2020 à(s) 01:39
Subject: A base aérea de Beja e o apoio alemão

A localizacão estratégica da planície alentejana, longe de um possível teatro de guerra, foi decisiva para a instalação de uma estrutura militar de grandes dimensões que deveria funcionar como plataforma entre a Europa e os Estados Unidos no caso de uma ofensiva militar soviética sobre a Alemanha.

A instalação desta base teve papel preponderante no auxílio alemão a Portugal, destacando-se o fornecimento de equipamentos militares,sem os quais seria muito difícil a Portugal enfrentar as guerras em África. "garantindo ao mesmo tempo o tratamento em hospitais alemães de militares portugueses gravemente feridos em combate!.

Quando foi conhecido o teor do acordo entre os dois países de imediato surgiram críticas por parte dos governos africanos, obrigando o governo alemäo a "prestar mais atençã à sua posicäo externa de solidariedade com os justos anseios dos povos africanos".

A partir de 1964 assistiu-se a um progressivo arrefecimento nas relacöes luso-alemãs,  designadamente no campo militar, com reflexos na utilização prevista para a base de Beja.

Dá-se ento uma alteraÇÃo no conceito estratégico de defesa da NATO.

A obtenção de paridade nuclear entre as duas superpotências em 1966 relegava para segundo plano a rede de apoio logístico na retaguarda que tinha sido concebido para Beja.  (Será detalhe interessante o facto de o governo espanhol só autorizar a passagem de aeronaves alemãs pelo seu espaco aéreo com destino a Beja desde que os pedidos fossem solicitados com uma semana de antecedência e "caso a caso").

Foi programado alojar em Beja 5.250 cidadãos da RFA [República Federal Allemã],entre militares,funcionários,e respectivas famílias.

Näo era possível antecipar do ponto de vista humano as consequências resultantes deste súbito acréscimo de população estrangeira com um "nível de vida e culturalmente superior ao da grande maioria dos residentes da cidade".

Esperavam-se profundas transformações na ordem sócio-económica local.

E, quase espelhando problemas com as bajudas-lavadeiras na Guiné..., uma das preocupações residia no relacionamento dos militares estrangeiros com as... mulheres de Beja!

A comissäo luso-alemã que presidia à instalação do projeto militar, reclamava um código de conduta que "deveria servir de guia aos forasteiros quanto aos costumes locais". Principalmente quanto às relações com as mulheres, pois "seriam mais susceptíveis de causar conflitos com a população masculina". (G'anda alentejanos!)

As famílias abastadas de Beja foram confrontadas com o alastramento do "fenómeno militar alemão".
Não estavam a conseguir garantir a continuidade do "pessoal para servicos domésticos do sexo feminino a que habitualmente se dá a designação de...criadas de servir". (E o ditador lá voltou a "meter água" junto dos seus amigos do latifúndio. )

Os alemães ofereciam um salário mensal de 1.500 escudos que contrastava com os 300 escudos pagos pelas famílias abastadas.[em 1965, equivaleriam, a preços de hoje a cerca de 590 euros, e 118 euros, respectivamente, ou seja, os alemãs pagavam cinco vezes mais].

Por outro lado as instalacöes destinadas ao pessoal alemäo "näo deveriam incluir instalações para as criadas de servir." Estas exigências locais, entre outras, foram recusadas.

Em 1966 chegou à Base o primeiro contingente militar alemäo. Ali se mantiveram até 1993.

A estrutura militar que os alemães ergueram em Beja estava preparada para receber aeronaves de grande porte.

A própria NASA selecionou a pista como alternativa de aterragem para o Space Shuttle. Foram pistas classificadas como as de maior extensão a nível europeu.

Com uma área de mais de 800 hectares, tem condições para receber aeronaves de grande porte para além de 60 aviões tipo C-130 e mais de 300 aviões F-16.

Esta capacidade de acolher grandes meios aéreos é de importäncia extrema como base de retaguarda.
Concluídas muitas décadas desde o arranque de um projecto dimensionado para fazer face a um determinado contexto geoestratégico, cresceram as dificuldades com a manutencäo desta estrutura de grande dimensão pelos elevados custos envolvidos.

As restrições orcamentais impostas pelo governo reduziram a actividade militar na FAP e vieram a reflectir-se na manutenção e funcionamento desta Base.

Mas, e à distância no tempo, talvez seja melhor concentrarmo-nos no sério problema então surgido com as...criadas de servir!

Adaptação / condensação: J. Belo

Fontes: "Folha de S. Paulo", jornal "Público", Ana Mónica Fonseca, historiadora ("Política Externa Portuguesa/Dez anos de relaçöes luso-alemäs 1958-1968").
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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de novembro de  2020 > Guiné 61/74 - P21524: Da Suécia com Saudade (84): Ainda as “anedotas” do outro lado da “Cortina de Ferro”: recordações da Deutsche Demokratische Republik (José Belo)

sábado, 7 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21524: Da Suécia com Saudade (84): Ainda as “anedotas” do outro lado da “Cortina de Ferro”: recordações da Deutsche Demokratische Republik (José Belo)


José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia; de tempos a tempos,  dá um salto 
a Key West, Florida, EUA [ onde frequenta e às vezes pode ser visto 
 


1. Mensagem de José Belo José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampaté e Empada, 1968/70); cap inf ref, jurista, criador de renas, autor da série "Da Suécia com Saudadr"; vive na Suécia há mais de 4 décadas; régulo da Tabanca da Lapónia; tem c. 180 referências no nosso blogue: entrou "de jure" na nossa Tabanca Grande em 8 de março de 2009]

 
Date: segunda, 2/11/2020 à(s) 15:01
Subject: Ainda as "anedotas"do outro lado da "Cortina de Ferro"
 
Caro Luís 

Em conjunto com a "história" da Praça Vermelha de Moscovo (*) e a propósito do texto e comentários quanto à DDR (Deutsche Demokratische Republik) (**),  aqui segue um texto que confirma um "certo estado de espírito " existente um pouco por toda a parte do outro lado da ....Cortina.

O ano seria 1981. Encontrava-me de férias na costa Báltica da Alemanha e decidi dar uma saltada até Berlin, então ainda bem dividido pelo muro [, derrubado em 1989].

As autoestradas alemãs ocidentais, então praticamente sem limites de velocidade, eram boas pistas para experimentar o meu novo Saab. Ao entrar na autoestrada alemã oriental desconhecia haver na sua quase totalidade um limite de 90 quilómetros/hora.

Frente a um desvio fui obrigado a parar por um polícia de trânsito. Uniforme impecável.Atitudes também impecáveis num distinto porte militar. No entanto a comunicação verbal não era a melhor.
O polícia falava um alemão com forte pronúncia do nordeste e eu um alemão demasiadamente assuecado
´
Depois de muita mímica lá apontou para o conta quilómetros do meu carro.Acabámos por  nos entender quanto ao excesso de velocidade 

Tirando do bolso um papel com multas impressas escreveu à margem: "100 Deutsche Mark".[100n Marcos Alemães]

Perguntei-lhe se referia a moeda alemã oriental.

- Nein! Nein! Nein!...

... Marco alemão ocidental e... a "el contado"!

Mostrei-lhe a carteira,  ao mesmo tempo que explicava tudo pagar com cartão bancário. Manifestamente contrariado,  ordenou-me que o acompanhasse até uma pequena casa construída à entrada do desvio.

Com a minha mulher, sueca e "patrioteira", a gargalhar ao mesmo tempo que cantarolava o hino nacional sueco, lá conduzi o carro até à agência policial.

Lá dentro, o polícia apontou uma cadeira frente a uma secretária com imponente máquina de escrever de "outros tempos". Tendo ele compreendido a impossibilidade de meter ao bolso os 100 marcos ocidentais, ,agora  tudo deveria ser feito para salvar as aparências,  tornando a situação o mais "oficializada" possível .

Rapidamente escreveu os meus dados pessoais, matrícula do automóvel, etc., etc.

Pediu-me então o cartão de crédito bancário para escrever o número. Entre outros, tinha no bolso lateral do meu casaco o cartão bancário e o cartão hospitalar sueco,em tamanho e material idêntico ao bancário, só variando na sua cor branca.

Sem olhar, entrego o cartão ao polícia que, de imediato,  escreve o seu número no impresso da multa.
Só então verifiquei que o cartão por ele empunhando era o cartão hospitalar sueco.

Confesso que o pensamento foi: "Agora é que vou mesmo dentro! Acusado de estar a gozar com tão importante autoridade como a policial."

Não tive tempo para mais divagações pois o senhor polícia limitou-se a apontar a porta da rua, dando por terminado o encontro.

E é uma das muitas recordações da Deutsche Demokratische Republik [, RDA, em português].

Um abraço, J. Belo.

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Notas do editor:


terça-feira, 3 de novembro de 2020

Guiné 61/74 - P21513: Da Suécia com Saudade (83): Velhinhos a recordar no Sloppy Joe’s Bar, Key West, Florida, EUA... (José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)


José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia


1. Mensagem de José Belo [ ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); cap inf ref; jurista; autor da série "Da Suécia com Saudade"; vive na Suécia há mais de 4 décadas; régulo da Tabanca da Lapónia; tem c. 180 referências no nosso blogue]


Date: quinta, 22/10/2020 à(s) 23:18

Subject: Velhinhos a recordar no Sloppy Joe's Bar [Key West, Florida, EUA] 

Ou,,, da Florida com quase...saudade.


Uma inocente história que leva à mistura militares de Abril e Novembro  à a Praça Vermelha de Moscovo, no âmbito da Conferência do Conselho Mundial da Paz, somada ao Conselho Superior de Disciplina do Exércit[, português..]o , duas meninas com tanto de bonitas como de voluntariosas, noites de luar, enfim, uma verdadeira caldeirada de Peniche.

Estaríamos em 1977 ou 1978...

Enquanto aguardava (em casa) a decisão do Conselho Superior de Disciplina do Exército quanto à minha futura situação militar, continuava a receber mensalmente o meu soldo de Capitão de Infantaria.

Com pouco que fazer decidi contribuir nas  actividades do Conselho Português para a Paz e Cooperação então presidido pelo Senhor General Costa Gomes.

Dele faziam parte intelectuais representativos, socialistas politicamente activos e com importantes cargos públicos, independentes, comunistas ,jornalista, escritores, sacerdotes,etc, etc.

As Conferências Internacionais multiplicavam-se um pouco por toda a parte: Europa Ocidental e Oriental,África,Medio Oriente,Ásia e América do Sul.

Tive oportunidade de participar em algumas delas em países então bem exóticos e bem fora das rotas turísticas do Portugal de então.

No regresso de uma destas Conferências realizada na Índia, e acompanhado por um outro então Capitão de Infantaria, fomos obrigados a passar quatro dias em Moscovo enquanto aguardávamos ligação aérea para Lisboa.

A viagem aérea tinha sido longa,cansativa e monótona. Chegámos ao hotel por volta das onze, de uma noite de verão em Moscovo,com temperatura agradável e uma incrível lua cheia.
Depois de demasiadas horas sentado em cadeira de avião apetecia-me "esticar as pernas".
O hotel, de seu nome Rússia, ficava a umas escassas centenas de metros da Praça Vermelha ,do Kremlin e do mausoléu de Lenine.

Um silêncio total nas ruas e Praça Vermelha. Completamente desertas,exceptuando as sentinelas na entrada do Kremlin e junto ao túmulo de Lenine.

Vestido à "menino fino",  lisboeta, de blazer e bem engravatado,(uniforme muito útil em tais Conferências) encetei o meu passeio solitário pela Praça Vermelha.

As enormes e bem polidas pedras da calçada que a cobria como que brilhavam à luz dos monumentos. Com as mãos displicentemente nos bolsos considerava quantas tragédias e acontecimentos históricos aquelas pedras teriam presenciado ao longo dos séculos.

Sinto inesperadamente uma mão firme em cada braço. Tendo em conta a hora,o local histórico e completamente deserto,de imediato pensei.....o que é que terei feito?

Depois de Custóias e outros presídios militares,  lá vou agora parar à Sibéria?!

Olhando por cima do ombro verifiquei ter por de traz de mim duas jovens,tão bonitas que "faziam doer"!

Num inglês primitivo e com fortíssima pronúncia russa uma delas disse:

- A hora tão tardia,sozinho,tão pensativo....certamente que tens problemas!

Para mim pensei.... problemas não tinha mas, aparentemente, vou tê-los!

Com um sorriso quente a outra menina afirmou convincente:

-Vamos ajudar-te quanto à tua solidão. Custa 40 dólares! Vinte para mim e vinte para a minha amiga. Amanhã acordas mais feliz!

Tendo em conta que as "meninas" eram mesmo lindas, tais propostas feitas na madrugada a um pobre macho ibérico deviam ser... proibidas!

Na Praça Vermelha deserta na madrugada? A 200 metros do mausoléu de Lenine? Frente às sentinelas do Kremlin?

Como era esta situação minimamente possível? Para mais, nesse ano , o dono do Kremlin ainda era o Senhor Leonid Brejnev [1906-1982], dirigente de "barba rija", se comparado com os que lhe sucederam no cargo.

Olhando em volta,e quase instintivamente,resolvi regressar ao hotel... sozinho! Acabando por ter que enfrentar as infindáveis gargalhadas do outro Capitão sentado no Bar do hotel.

Hoje,quase meio século depois desta história?

Pois...

Um abraço do J.Belo
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Nota do editor:

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21451: Da Suécia com Saudade (82): A Reforma Agrária no Reino da Suécia... e Palácios e Casas Senhoriais (José Belo, ex-alf mil, CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)


José Belo 

1. Mensagem de  
José Belo [ ex-alf mil, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); cap inf ref;  jurista;  autor da série "Da Suécia com Saudade";  vive na Suécia há mais de 4 décadas; régulo da  Tabanca da Lapónia; tem 175 referências no nosso blogue]

Enviado: 14 de outubro de 2020 11:10
 Assunto: Palácios e Casas Senhoriais suecas

Caro Luís

Tenho exagerado nos "protagonismos" quanto aos últimos comentários (*) porque, em verdade, são estes que nos permitem comunicar... à distância.

Infelizmente para alguns funciona como capa de toureiro frente à cabeça da alimária.

Nas crónicas desde a Suécia mais não tenho que procurado esclarecer certas ideias espalhadas pela Europa do Sul.

É sempre interessante verificar que as opiniões sobre este país são sempre extremadas. Os que odeiam e criticam, ao mesmo tempo que outros olham o tal paraíso mitológico feito de socialismos permeantes.

Os progressos sociais, económicos, falta de corrupcão (não menos política!), e principalmente educacionais, não necessitam de mitos cor-de-rosa para efectivamente terem significado real.

A Suécia vive no seu dia a dia uma situação que em outras sociedades ainda se não antevê em... futuros distantes.

Os exemplos citados no texto sobre "A Reforma Agrária e as Famílias Senhoriais Suecas" que enviei, vêm mostrar claramente que a tal governação socialista permeante (de quase um século) tem sabido muito pragmaticamente se adaptar às realidades sociais.

Não menos, às realidades "histórico-sociais".

Aqui, neste extremo do extremo Norte Europeu, já existe muita neve no solo, é noite escura às duas da tarde, e as temperaturas noturnas são bem negativas.

Altura de mais uma estadia no outro lado do pequeno charco que é o Atlântico, na solarenga Key West, [Flórida, EUA].

Agora já com o Sloppy Joe's Bar reaberto, com as novas regras locais da pseudo pós-pandemia.

(Há semanas, quando lá estava, recebi na caixa do correio da minha casa um papel de propaganda política relativo às eleições próximas que dizia mais ou menos isto: "Quem vota num palhaco... gosta de Circo".

Um grande abraço, J. Belo.


2. Mensagem do José Belo, enviada a 6/10/2020 à(s) 19:09:


Data -  
terça, 6/10/2020, 17:15 

Assunto - A Reforma Agrária no reino da Suécia (**)


Meu Caro:

Não sei se terá qualquer interesse para os seguidores dos blogues de ex-combatentes mas de qualquer modo mostra outras facetas da tão mitológica Suécia, talvez inesperadas para muitos.

Consultando-se as estatísticas oficiais, registos prediais e arquivos agrários actuais, verifica-se que um grande número de proprietários agrícolas de origem aristocrática vivem ainda em palácios e administram as vastas propriedades dos seus antepassados, a maioria das quais adquiridas nos séculos XVII e XVIII.

Propriedades então adquiridas livres de impostos ou resultantes de convenientes casamentos entre ricas famílias nobres.

Ao contrário das ideias hoje existentes de que as grandes propriedades agrícolas não são rentáveis ou se encontram em inexorável decadência, verifica-se que, na Suécia, formam um importante grupo, resistente, activo, inteligente tanto administrativamente como na área jurídica.

Estes aristocratas da lavoura constituem um fortíssimo grupo de influência junto dos centros políticos de decisão.

Nas áreas geográficas com melhores condições agrícolas, centro e sul, estão bem no topo das listas quanto às extensões das suas propriedades. Na zona centro-norte possuem mais de 400.000 hectares, e no total estão registados mais de 750.000 hectares.

Estes números são ainda mais significativos se tivermos em conta que a classe nobre não representa hoje mais que 2,5 (não por cento mas por mil !) da população sueca.

Equivalente às antigas leis do “Morgadio” em Portugal, tem na Suécia o nome de “Fideicomisso”. 
Segundo a qual, e de acordo com tradição importada das tradições germânicas por altura da guerra dos trinta anos, as propriedades deverão ser unicamente herdadas pelo filho varão mais velho.

Estas leis terminaram em França aquando da Revolução em 1792. Um século depois a Holanda, Bélgica, Espanha e Portugal terminaram também com as mesmas (1830-1840).

Em 1810 legislou-se na Suécia o fim dos “Morgadios"... mas mantiveram-se (!) todos os até então existentes.

Depois de inúmeras voltas e reviravoltas parlamentares sem resultados radicais chega-se a 1930 e à política social-democrata quanto às modernas formas agrícolas.
Mas em 1959 continuam a existir cento e onze famílias nobres abrangidas pelas leis dos “Morgadios”.

No início dos anos sessenta volta ao Parlamento uma moção segundo a qual estas leis deveriam deixar de existir, por privilegiarem uma classe social em contradição com os direitos de todos os cidadãos de igualdade perante a lei.

Em 1964 (!) foi decidido no Parlamento que estes direitos dos morgados terminarão quando do falecimento dos actuais detentores.

O morgado passa a ter direito a metade da herança total, enquanto a outra metade fica sujeita às regras relativas às heranças.

No entanto, o morgado além do direito à metade tem também direito à sua parte quanto à divisão da outra metade.

A lei é específica nestas regras.
Diz textualmente que deverá ser levado em conta o facto de o “morgado” ter sido até então "preparado"  para uma vida tradicional como herdeiro único. (Quase incrível!)

Em 1994 surge nova oportunidade para os “Morgados” circundarem as novas leis.
Surgem as directivas sobre as garantias de preservação da Herança Cultural ligada aos palácios de famílias nobres, obras de arte e propriedades familiares históricas.

Baseando-se na SOU-1995:128, comissões culturais a nível estatal passam a analisar os requisitos necessários para que estas famílias continuem a dispor dos privilégios anteriormente estabelecidos.

Surge então, não uma nova legislação, mas antes uma nova... interpretação da mesma! O resultado é uma nova legitimação que vai inteiramente ao encontro dos interesses deste grupo.

Nos tempos de hoje, esta continuada procura de afastamento dos herdeiros “femininos” destas muito consideráveis fortunas mais não é que uma reminiscência feudal que, mais de 40 anos depois das moções dos anos sessenta, continua a existir ao longo de sucessivos governos social-democratas. 
Pragmatismos.

Os mesmos pragmatismos que levam a que os mesmos sucessivos (!) governos não cumpram o estabelecido no seu programa partidário, onde está escrito como objetivo a eliminação da monarquia.

Inquéritos à opinião pública em anos sucessivos mostram claramente que a percentagem de cidadãos que desejam manter a Casa Real é sempre superior a 80%.

Comparada com as percentagens de votos partidários de cerca de 30% no máximo, compreendem-se os... pragmatismos !

Um abraço do J.Belo

PS - Boas e interessantes fotos de palácios suecos em:

(i) Svenska Slott. (Boa variedade)

(ii) Svenska Hergard och Slott



3. Comentário do editor LG:

Meu caro José, vem mesmo a propósito... Afinal, estamos a comemorar os 200 anos da revolução liberal que pôs fim, progressivamente,  ao "Antigo Regime" ou "sociedade senhorial"...

Uma história muito mal conhecida dos portugueses, até porque em 1828-1834 tivemos umas das mais sangrentas guerras civis... (Deve ser lembrada para descontruir o mito do "povo de brandos costumes"...). 

Vou arranjar maneira de referir e comemorar essa efeméride, até porque em 1821 a "joia da Coroa", o Brasil tornou-se independente.

Um "abracelo" (abraço com cotovelo)...

PS - Tens de explicitar melhor o que entendes por "socialismo permeante"... Do verbo "permear" ?
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permear | v. tr. | v. intr.

per·me·ar 
(latim permeo, -are, atravessar, penetrar)

verbo transitivo

1. Fazer passar pelo meio. = ATRAVESSAR

verbo intransitivo

2. Estar ou meter-se de permeio. = INTERPOR-SE, INTERVIR, MEDIAR