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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19148: Ser solidário (220): Festa para ajudar a Construir uma Escola em Candamã, Guiné-Bissau: Leiria, Teatro Miguel Franco, 3 de novembro, 21h00 ( Luís Branquinho Crespo, Associação Resgatar Sorrisos)



Cartaz do espetáculo
RESGATAR SORRISOS – Associação Humanitária para a Cooperação e Desenvolvimento (ONGD) – Largo da Infantaria 7, n.º 19 – 1.º Andar – 2410-111 Leiria, NPC: 513 914 897

e-mail: resgatarsorrisos@gmail.com;
Facebook: resgatar sorrisos;


1. Mensagem do nosso camaradaLuís Branquinho Crespo (ex-alfmil,  CART 2413, Xitole e Saltinho, 1968/70),

Data: segunda, 29/10/2018 à(s) 19:14

Assunto: Festa de Solidariedade para ajudar a Construir uma Escola na Guiné-Bissau

Caro(a) Amigo(a)

A Associação Humanitária para a Cooperação e Desenvolvimento Resgatar Sorrisos (ONGD), com sede em Leiria,  é uma associação que actua nos sectores da educação, formação, assistência social e sanitária nos países em vias de desenvolvimento, sobretudo na Guiné-Bissau.

No âmbito e desenvolvimento da sua actividade tem em vista a conclusão da construção de uma Escola em Candamã, cujos trabalhos foram iniciados em Março passado por 12 associados que aí se deslocaram e que estão a ser continuados por uma equipa de 4 locais.

Com vista à angariação de fundos para conclusão das obras, a associação, entre outras actividades, irá promover a realização de espectáculo no Teatro Miguel Franco em Leiria, no dia 3 de Novembro pelas 21.00 horas, ao qual gostaríamos que assistisse, ajudando assim aqueles que necessitam. Com 10 sorrisos já pode assistir à Festa.

Desejando assistir ao espectáculo, onde actuará o CANTO ONDO e a ACADEMIA DE BALLET ANNARELLA poderá comprar o bilhete de uma das seguintes maneiras:

1) Dirigir-se à bilheteira do Teatro José Lúcio da Silva entre as 18.00 horas e as 20.00 horas;

2) Através da compra on-line. Para tal deverá ir à internet: www.teatrojlsilva.pt e usar os seguintes procedimentos/passos:

Programação – dia 3 de Novembro – concerto de solidariedade – Teatro Miguel Franco; Comprar bilhete; Escolher o lugar do Bilhete na sala; Avançar; Seleccionar o meio de pagamento e continuar; Seleccionar "sem registo" avançar (tem 12 horas para fazer o pagamento);

Após o pagamento, receberá no e-mail os bilhetes (colocar também nome e telefone).

3) Pode também colaborar fazendo chegar o  v/ donativo à conta da Resgatar Sorrisos cujo IBAN é o seguinte: PT50 5180 0001 0000 0119 1437 2 e remetendo-nos por e-mail a informação do valor depositado, do v/ nome, contacto e número de contribuinte. Pois com o recibo terá benefícios fiscais, porque somos uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento.

VEM. AJUDA TAMBÉM A CONSTRUIR UMA ESCOLA NA GUINÉ-BISSAU

Resgatar Sorrisos (ONGD)

Luís Branquinho Crespo

RESGATAR SORRISOS – Associação Humanitária para a Cooperação e Desenvolvimento (ONGD) – Largo da Infantaria 7, n.º 19 – 1.º Andar – 2410-111 Leiria, NPC: 513 914 897

e-mail: resgatarsorrisos@gmail.com;
Facebook: resgatar sorrisos;
contactos: luismanuelcrespo22@gmail.com; l.branquinhocrespo-1430c@adv.oa,pt; e joseferbapt@gmail.com;
e os telemóveis 918 353 265; 964 396 573
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 11 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19090: Ser solidário (219): "Nô pintcha tabanka Tabatô"!... Vamos dar um empurrão à construção da escola de música de Tabatô!... Hoje, no B.Leza Clube, Lisboa, Cais da Ribeira Nova, a partir das 22h30, com os nossos grã-tabanqueiros Mamadu Baio, Braima Galissá e outros músicos guineenses

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18719: Ser solidário (212): Gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas em Candamã e quando é que costumam celebrar o convívio anual (Luís Branquinho Crespo)



1. Mensagem do nosso camarada Luís Branquinho Crespo (ex-Alf Mil da CART 2413, Xitole e Saltinho, 1968/70), com data de 26 de Maio de 2018:

Meus Caros Amigos

A associação a que pertenço com alguns amigos e amigas e que constituí chamada de Associação Humanitária Para a Cooperação e Desenvolvimento, Resgatar Sorrisos, e já constituída em ONGD, iniciou em Março a construção de uma Escola para a 5.ª e 6.ª Classes em Candamã[1], junto a Bambadinca e entre esta localidade e o Xitole.

Com uma equipa de vários homens fizemos as fundações, colocámos ferro, depositámos brita, cimentámos as fundações, fizemos subir pilares e com a ajuda da população a escola vai crescendo.

Sei, porque no local ainda existem restos físicos da passagem de militares nossos pela zona (há registos gravados em pedra de por lá terem passado em 1969 os Viriatos), gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas nessa tabanca e quando é que costumam celebrar o convívio anual e com quem posso contactar, indicando-me o nome e telemóvel ou modo de os obter.

Estou convicto e convencido que tinham todo o interesse em saber do nosso projecto e talvez até queiram colaborar.

Será que os meus amigos podem ajudar e responder informando-me do nome e dos possíveis contactos?

Aguardo pelas v/ informações.
Desde já o meu agradecimento.

Um abraço meu e o reconhecimento da
RESGATAR SORRISOS (ONGD)[2]

Atentamente
Luís Branquinho Crespo

Infografia: Projeto da escola de Candamã, Bambadinca, Bafatá, Guiné-Bissau. 
Luís Branquinho Crespo (2018)

********************

2. Ontem mesmo, dia 6, recebemos do camarada José Martins, nosso consultor para assuntos militares, a seguinte mensagem:

Boa noite 
Nas minhas notas só tenho com passagem por Candamã:

CCAÇ 1551 de Maio a Novembro de 1966
CCAÇ 1550 de Janeiro de 1967 a Janeiro de 1968
CART 2339 de Setembro de 1968 a Novembro de 1969
CCAÇ 2404 de Novembro de 1969 a Março de 1970

Sendo Candamã um destacamento de nível pelotão/pelotão reforçado, há "espaços de tempo" entre a saída e entrada de nova unidade, o que pode não ter acontecido na realidade. As minhas notas são baseadas nas informações do Volume VII da CECA, pelo que pode haver omissões. 

Nota:
Sábado é apresentado no Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes (15h30), mais um "Caderno de Estudos Leirienses", sobre a Grande Guerra, em que existem textos de, pelo menos, dois tabanqueiros, que têm ligações afectivas a Leiria. 

Abraço 
Zé Martins
____________

Notas do editor:

[1] - Vd. poste de 22 de janeiro de 2018 Guiné 61/74 - P18240: Ser solidário (209): Construção de Escola em Candamã, iniciativa da Associação Humanitária Resgatar Sorrisos (Mário Beja Santos / Luís Branquinho Crespo)

[2] - Vd. poste de 24 de fevereiro de 2018 Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Mansambo) (Luís Branquinho Crespo)

Último poste da série de 14 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18414: Ser solidário (211): Concentração cívica (hoje, 4ª feira, às 18h00, no antigo Hospital Militar Principal, Estrela, Lisboa) e petição pública a favor do apoio social e clínico aos militares e seus agregados familiares, incluindo os antigos combatentes da Guerra em África

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18357: Efemérides (269): 30 de julho de 1969, quando o famigerado comandante Mamadu Indjai (, um dos carrascos de Amílcar Cabral), quis pôr Candamã, a última das duas tabancas do regulado do Corubal, a ferro e fogo... Recordando um raro e precioso vídeo sobre uma tabanca fula em autodefesa, da autoria de Henrique Cardoso, ex-alf mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), que vive hoje na Senhora da Hora, Matosinhos


Vídeo (13' 55'') > You Tube / Luís Graça... Há um trecho sobre Candamã, a chegada do pelotão do alf mil Henrique Cardoso (na vésepra do ataque...) e o reforço do sistema de autodefesa da tabanca, a vida na  aldeia depois do ataque, o quotidiano da tropa e da população, as chuvas de agosto... (de 1' 11' a 7' 09''). (Ligar o som, o vídeo tem um fundo musical)


1. A CART 2339, Os Viriatos, foi uma subunidade que esteve na zona leste da Guiné, região de Bafatá, setor L1 (Bambadinca), ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70) e da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71), subunidade de intervenção ao serviço daquele batalhão.

Os Viriatos, unidade de quadrícula, construíram de raiz o aquartelamento de Mansambo, entre Bambadinca e o Xitole. E participaram em grandes operações como a Lança Afiada (Março de 1969). 

Esta sequência de cenas (a história da CART 2339, e em especial do pelotão do Henrique Cardoso) foi originalmente filmada em 8mm. O filme foi depois convertido para o formato digital. O vídeo é do ex-alf mil Henrique J. F. Cardoso  (que era o 2º comandante da CART 2339):  vive hoje em Custóias, Matosinhos, e gostaríamos muito que se juntasse à nossa Tabanca Grande. Reforço aqui o convite que já lhe fiz em 2012.

Uma cópia do vídeo foi gentilmente cedida pelo seu camarada Torcato Mendonça para divulgação no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Mais uma vez, fica aqui o nosso reconhecimento ao autor (e ao seu camarada e nosso colaborador permanente Torcato Mendonça).

Trata-se de um documento, raro e precioso, sobre o quotidiano de uma unidade de quadrícula no TO da Guiné. O vídeo está dividido em duas partes (*), com a duração de cerca de 50 minutos, abarcando toda a comissão da CART 2339 no CTIG. O nosso leitor tem aqui a Parte I (35´33'').

Na Parte II (13' 44'') interessa-nos sobretudo destacar  a  estadia do pelotão do Henrique Cardoso em Candamã, em uljho e agosto de 1969, resumida em cerca de 6 minutos.

Diz-me agora o Henrique Cardoso que as NT esgotaram as munições na resposta ao ataque de 30/7/1969,  a sorte foi o clarear do dia e a retirada da força atacantes com os seus mortos e feridos. No vídeo, mostram-se alguns sinais do ataque (incluindo cápsulas de munições espalhadas pelo chão e algumas granadas por utilizar). É na sequência deste  ataque que é feita a reparação do arame farpado, que já existia. Como s rádios não funcionaram, não foi possível pedir o apoio da artilharia de Mansambo (obus 10.5). O Henrique Cardoso lembra-se ainda de lá estar vários a comer conversas de cavala, que era os únicos mantimentos que possuíam.


 2. O nosso camarada Luís Branquinho Crespo, presidente da ONGD Resgatar Sorrisos, quer erguer   uma escola em Candamã (**).

Este topónimo obrigou-me logo a relembrar factos passados, há quase 50 anos, no TO da Guiné, que ainda estão bem presentes na minha memória, associados às primeiras idas para o mato e ao contacto com a brutalidade da guerra, logo nos primeiros dias da minha chegada a Bambadinca, em julho de 1969.

Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal, é atacada durante mais de duas horas até ao amanhecer do 30 de julho desse ano. Esse brutal ataque (o PAIGC utilizou dois bigrupos, reforçados, e armamento pesado) surgiu na sequência do recrudescimento da actividade IN no tradicional triângulo Xime-Bambadinca-Xitole, após a Op Lança Afiada (8 a 18 de março de 1969).

Não resisto a "repescar" o vídeo,  já aqui publicado, do Henrique Cardoso (*), que, segundo informação que ele me transmitiu ao telefone, tinha acabado de chegar de véspera, a Candamã. Um dos objetivos do pelotão era, para além do reforço do sistema de autodefesa, construir mais uns abrigos para a população.

Constato, pela história do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), que já em dezembro de 1968, Candamã, no subsetor de Mansambo, tinha um pelotão destacado, pertencente à CCAÇ 2401, pelo menos até março de 1969 (***).

A partir de junho, a CART 2339 destaca um pelotão para Candamã (duas secções) e Afiá (uma secção). O vídeo do Henrique do Cardoso não é de junho, como eu pensava,mas sim de julho e agosto..

A partir de 18 de julho, a minha CCAÇ 2590/CCAÇ 12, entra em cena, como subunidade de intervenção no subsetor L1 (e outros), tendo logo o seu batismo de fogo em 24 desse mês (em Madina Xaquili)... Foi um mês alucinante, o de julho de 1969, para as NT e as populações sobre a nossa proteção no setor L1,

Recordo-me de ter chegada a Candamã, nessa madrugada de 30 de julho de 1969, vindo de Afiá (op Guita), quando as  armas dos defensores da tabanca ainda fumegavam... (****).

A tabanca em audodefesa de Candamã (, já no limite leste da ZA da unidade de quadrícula de Mansambo, entre Mansambo e Galomaro,)  tinha acabado de conhecer o inferno: às 3h40, um numeroso grupo IN (80 a 100 elementos) ataca a tabanca, até de madrugada, durante 2 horas e 20 minutos, utilizando 2 Canhões s/r, Mort 82, 3 Mort 60, LGFog, Metralhadora Pesada, Pistolas-Metralhadoras e Granadas de Mão Defensivas.

O ataque  causou 5 feridos às NT (dos quais 1 grave) e 2 mortos, 3 feridos graves e vários ligeiros à população civil, além da destruição de moranças e outros bens da população. O arame farpado foi cortado em vários pontos.

Valeu o comportamento heróico da população da tabanca e dos homens de Mansambo  (o 1º Gr Comb da CART 2339, comandado pelo alf mil Henrique Cardoso) - menos de um pelotão (já que uma secção estava na vizinha Afiá)!... Homens, que eu conheci e abracei, nessa mesma madrugada, quando a aldeia ainda fumegava, na sequência de incêndio de várias moranças.

Saberíamos mais tarde que: (i) as forças do PAIGC eram comandadas pelo tristemente célebre  Mamadu Indjai (*****); e (ii) tiveram 2 mortos e 6 feridos (relatório apreendido na Op Nada Consta).




Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (1968/69) > Reconstrução de moranças, presumivelmente em Candamã, depois do ataque de 30/7/1969. Fotogramas de "slides", do Henrique Cardoso, retiradas, com a devida cortesia,  do seu vídeo, disponível aqui, no You Tube / Henrique Cardoso.

Fotos: © Henrique Cardoso (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:


6 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10124: Vídeos da guerra (9): Vida e obra dos Viriatos - CART 2339 (Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69) (Parte I) (Henrique Cardoso)

(**) Vd. poste de  24 de fevereiro de  2018 > Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Masambo) (Luís Granquinho Crespo)

(***) Vd.  poste de  22 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13431: Memória dos lugares (271): Candamã, 19-9-69... Subsetor de Mansambo, setor L1 (Bambadinca): por lá passaram a CART 2339, a CCAÇ 2404, a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, etc.

(****) Último poste da série > 24 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18248: Efemérides (268): Faz 51 anos que chegámos a Bissau, no T/T Uíge, partindo depois numa LDM e num Batelão BM-1 para Gadamael (Mário Gaspar, ex-fur mil, CART 1659, Gadamael, 1967/68) - Parte II

(*****) Vd. poste de 4 de setembro de 2016 >  Guiné 63/74 - P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça) (95): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível

(...) Saberei apenas,
muito anos depois,
que, julgado e condenado em Conacri,
fuzilaram o Mamadu Indjai,
no Boé,
que diziam ser região libertada da Guiné…

O mesmo Mamadu Indjai,
acrescente-se,
fero e bravo comandante,
que ferimos gravemente
no decurso da operação Nada Consta,
o mesmo Mamadu Indjai,
que, três anos e meio depois,
chefe das "secretas",
será o Judas de Amílcar Cabral. (...)


Vd. também poste de 7 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6686: A minha CCAÇ 12 (5): Baptismo de fogo em farda nº 3, em Madina Xaquili, e os primeiros feridos graves: Sori Jau, Braima Bá, Uri Baldé... (Julho de 1969) (Luís Graça)

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Mansambo) (Luís Branquinho Crespo)


Logo da ONGD Resgatar Sorrisos


Infografia: Projeto da escola de Candamã, Bambadinca, Bafatá, Guiné-Bissau. Luís Branquinho Crespo (2018)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor de Mansambo > Candamã > 1969 > CART 2339 (1968/69) > Fotos Falantes III > A escolinha da tabanca em autodefesa de Candamã. O 2º Gr Comb, comandado pelo alf mil Torcato Mendonça, vindo de Mansambo, foi destacado em Julho/Agosto de 1969, para o reforço do subsector de Galomaro, incluindo as tabancas em autodefesa de Cansamba e Candamã. O Gr Comb do Torcato Mendonça voltaria a Candamã, já no final da Comissão, em outubro de 1969, no mês em que se realizaram as eleições para a Assembleia Nacional...

Fotos: © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Mensagem, de 7 do corrente, enviada pelo nosso grã-tabanqueiro Luís Branquinho Crespo [ex-alf mil CART 2413 (Xitole e Saltinho, 1968/70), membro nº 740 da nossa Tabanca Grande, advogado em Leiria e autor do livro "Guiné: Um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017)]:

Meu Caro Luís Graça

(...) Eu e outros homens vamos já no princípio do mês de Março à Guiné-Bissau, pois constituímos uma ONGD chamada RESGATAR SORRISOS, Associação Humanitária Para a Cooperação e Desenvolvimento e vamos fazer uma escola (primeira fase) na zona de Candamã, próximo de Bambadinca. Por tal envio uma pequena nota da nossa Associação que vai em anexo.

Seria possível divulgá-la através do blogue e obter apoios para a construção da escola, já que passamos recibo para poder ser descontado com efeitos fiscais no IRS?

Por tal solicito a tua ajuda.

Aguardo resposta.

Um abraço do
Luís Branquinho Crespo (...)


II. ONGD Resgatar Sorrisos > ENQUADRAMENTO DA RESGATAR SORRISOS

1. A
SSOCIAÇÃO "RESGATAR SORRISOS"  (*) 

A Resgatar Sorrisos - Associação Humanitária para a Cooperação e Desenvolvimento é  uma pessoa coletiva portuguesa de direito privado, com personalidade jurídica e sem fins lucrativos, reconhecida e registada como ONGD.

Criada em 31 de Maio de 2016, cabe-lhe, principalmente, executar e dar apoio a programas de cariz social, ambiental e educacional, atuando nos setores da educação, formação, assistência social e sanitária e ajuda humanitária nos países em vias de desenvolvimento.

2. M
ISSÃO, VISÃO E VALORES


A Resgatar Sorrisos visa alcançar uma missão, tem uma visão e rege-se por valores, fundamentais para ter êxito na execução das atividades que pretende executar e apoiar.

2.1. Missão

A missão consiste em concretizar a atividade da Associação, no sentido de dar resposta à questão de saber para que existe ou serve e de estabelecer uma finalidade duradoura na sua atividade.

É missão da Resgatar Sorrisos, enquanto pessoa coletiva sem fins lucrativos, explicitamente referida nos respetivos Estatutos, a ajuda humanitária em países em vias de desenvolvimento, nas áreas da educação, da formação e da assistência social e sanitária, podendo ser sintetizada na seguinte frase:

"Ajudar as pessoas mais pobres, sobretudo, em países em vias de desenvolvimento”

2.2. Visão

A visão da Resgatar Sorrisos é o modo como ela se pretende projetar no futuro, partindo da missão, formulada em termos de previsão ou antecipação da evolução da envolvente interna e externa e da forma como pretende colocar-se face às mesmas.

Assim, a visão que pretendemos para a Resgatar Sorrisos resume-se na seguinte frase:

“Prossecução exclusiva de atividades de solidariedade social e humanitária”

2.3. Valores

Face à missão e visão, os valores pelos quais se deve reger a Resgatar Sorrisos, ou seja, quais as crenças enraizadas na associação que influenciam as atitudes, as ações, as escolhas que se devem fazer, assim como as decisões que se devem tomar.

Assim, enquanto pessoa coletiva sem fins lucrativos, a Resgatar Sorrisos deverá orientar-se, entre outros, pelos seguintes valores:

 A Defesa dos Direitos Humanos

A Paz

A Solidariedade

A Tolerância

A Cooperação

A Legalidade

A Transparência



3. PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM 2017

3.1. Atividade realizada

A Resgatar Sorrisos, ano de 2017, desenvolveu vasta atividade, consubstanciada, sobretudo, em diligências, deslocações e reuniões por parte dos elementos da direção (#),  muitas das quais, por serem exploratórias e outras por não terem tido os efeitos desejados, não merecem registo.

Análise com mais detalhe de algumas das atividades desenvolvidas

3.1.1. Reconhecimento e registo como ONGD

Os procedimentos conducentes ao reconhecimento e registo da Resgatar Sorrisos como ONGD (Organização Não Governamental para o Desenvolvimento), junto do Instituto Camões, foram levados a cabo durante o mês de Fevereiro, tendo o respetivo pedido sido deferido em 17.03.2017.

Esta concessão, a partir desta data, e por um período de 2 anos, tem primordial importância para a Resgatar Sorrisos, na medida em que o estatuto de pessoa coletiva de utilidade pública adquirido acarreta benefícios de fiscalidade.

Este estatuto foi de fundamental importância, na medida em que a maioria dos donativos em espécie (materiais de construção) obtidos pela Associação ficaram a dever-se ao facto de os doadores poderem usufruir dos benefícios fiscais que tal estatuto concede.

3.1.2. Pedido à AT para a consignação de impostos

Em 2/05/2017, a associação requereu à Administração Tributária, nos termos da alínea b) do art.º 1.º da Portaria n.º 298/2013, de 4 de Outubro, o benefício previsto no n.º 6 do artigo 32 da Lei 16/2001, de 22 de Junho, ou seja, a consignação fiscal de uma quota equivalente a 0,5% do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) respeitante à coleta do ano de 2017, bem como da consignação do benefício de 15% do IVA suportado“ em sede de IRS.

3.1.3. Angariação de associados e de fundos financeiros

A sua atividade nesta área ficou circunscrita, sobretudo:

(i) à solicitação por parte de alguns associados junto de particulares de bens em espécie, sobretudo de roupa usada, material hospitalar e outros bens;

(ii) ao envio, ao longo de todo o ano, de e-mails a um número elevado de empresas com vista à obtenção de donativos em espécie;

(iii) à deslocação pessoal de associados, sobretudo de elementos dos corpos sociais, a empresas solicitando o fornecimento de bens em espécie, que permitiu à Associação obter material para a construção e recheio da Escola (como, por exemplo, ferramentas, mosaicos, louças para casas de banho e cadeiras e mesas).

Capa do livro de Luís Branquinho Crespo
3.1.4. Parceria com o Dr. Luís Branquinho

O presidente da Resgatar Sorrisos escreveu um livro, intitulado 
"Guiné_ um rio de memórias", cuja temática recai sobre memórias suas relacionadas com a Guiné-Bissau.

Em 10 de abril, celebrou um contrato de parceria com a associação no qual, entre outras cláusulas, se obrigava a doar metade (50%) dos lucros que viesse a auferir com essa publicação.

Fruto desta parceria, a associação obteve donativos no montante de 760 euros.

3.1.5. Elaboração de projeto para escola na Guiné-Bissau

A Resgatar Sorrisos pretende construir uma escola de ensino primário na Guiné-Bissau. Para tal, iniciou os trabalhos, através de conversações junto de um arquiteto,que forneceu o desenho.

3.1.6. Recolha de material para a realização das obras

Ao longo do ano, a Resgatar Sorrisos encetou muitíssimos contactos junto de empresas com a finalidade de obtenção de materiais para construção da escola. Tendo “batido a muitas portas”, em muitas delas nada conseguiu, sendo que, no entanto, em algumas delas conseguiu material relevante (ferramentas, louça para casas de banho, mosaicos e azulejos, cadeiras, secretárias …) ou foi-lhe prometido, mas ainda não entregue (v.g., sanwiche para cobertura).

3.1.7. Apoio humanitário nas áreas social e cultural


Este projeto abrange várias vertentes. Em 2017, por que a deslocação estava prevista apenas para março de 2018, as diligências direcionaram-se sobretudo para a obtenção de materiais de construção, sendo que os bens alimentares perecíveis (arroz e água) ficaram para serem solicitados próximo da ida.

Outrossim, continuaram a ser feitas diligências conducentes à recolha de bens de índole diversa (materiais escolares, roupas e brinquedos; material para construção de um parque de crianças; e material de apoio para hospital - batas, frascos de vidro para a realização de análises e cirúrgico), os quais se encontram arrumado em cerca de 40 caixas de papelão (a maioria de dimensão 54 x 29 cms).

3.1.8. Diligências para obtenção do terreno para a escola

A primeira tarefa relevante foi o desenvolvimento de diligências na Guiné-Bissau, tendo aí enviado em Abril, para as diligências iniciais e exploratórias, como emissário, o professor Amadeu Ceiça, presidente da Associação Santa Maria da Vitória (ONGD), que conhece bem o terreno (onde, entre muitas outras ações, construiu uma escola em Quinhamel), com o objetivo de tirar o maior proveito desta deslocação.

No âmbito da mesma, contactou as autoridades governamentais (entregando ofícios, dando conhecimento da nossa pretensão, ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República, ao primeiro Ministro, aos Ministros da Educação e da Cooperação, e ao Embaixador de Portugal) e conseguiu junto da autoridade local um terreno com 10.000 m2 em Candamã / Bafatá. (**)

Mais tarde, em Outubro, o mesmo emissário foi novamente à Guiné-Bissau, onde, entre outras diligências efetuadas (nomeadamente, recolha de informação relevante e preparação da ida que se realizou no passado mês de março), orientou os trabalhos de demarcação do perímetro da escola.

3.1.9. Construção da 1.ª fase da escola

Em de março de 2018, dez associados ou apoiantes da associação deslocar-se-ão à Guiné-Bissau (7 por terra, utilizando 2 jeeps e uma ambulância) e 3 por avião, a fim de iniciar e concluir a 1.ª fase de construção da escola (paredes e lintel) para no próximo ano concluir a 2.ª fase (cobertura e interiores), conforme desenho abaixo (2 salas de aulas, 2 wc e 1 cozinha).

Para o efeito, sobretudo para compra de blocos, areia, cimento e ferro, a associação necessita de meios financeiros, razão pela qual solicita o apoio dessa entidade, sendo que a associação passará recibo com majoração de 30 % nos custos por se tratar de ONGD.

Caso contribua, deverá depositar / transferir o dinheiro para a conta com o seguinte IBAN:

PT50 5180 0001 0000 0119 1437 2

Para contacto com a associação indico os seguintes endereços:

luismanuelcrespo22@gmail.com;
joseferbapt@gmail.com

e os telefones:

918 353 265 e 964 396 573.

Bem haja pela vossa ajuda.

O presidente da Direção
Luís Manuel da Mota Branquinho Crespo

(#) Realizadas sempre a expensas de cada um, com exceção da ida de mandatário à Guiné-Bissau.
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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18240: Ser solidário (209): Construção de Escola em Candamã, iniciativa da Associação Humanitária Resgatar Sorrisos (Mário Beja Santos / Luís Branquinho Crespo)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Janeiro de 2018:

Meus estimados, 

Sou de opinião que se devia publicitar este pedido sobre os "Diferentes" e os "Viriatos", é nestas coisas que sinto imenso orgulho em ser português. 
Mário

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2. Mensagem de Luís Branquinho

Enviada a 19 de Janeiro
Para: Beja Santos
Assunto: Envio do desenho da Escola da Guiné

Dr Beja Santos
Primeiro que tudo a sua saúde e a dos seus e um Bom ano de 2018.
Suponho que se lembra de mim (escrevi o livro “Guiné - Um Rio de Memórias”) e dou-lhe a conhecer a escola que a Associação Humanitária Resgatar Sorrisos (ONGD) vai começar a construir em Candamá, próximo de Bambadinca: duas salas de aula, casas de banho e cozinha).
Iremos em, Março próximo oito homens em Missão Humanitária concluir a primeira fase da obra que já está marcada no terreno com as fundações já efectuadas.

Como sei que andou por esses sítios (eu andei mais abaixo pelo Xitole e Saltinho) pode informar-me quem esteve nessa zona para além da companhia dos Diferentes e dos Viriatos? Gostaria de os contactar e talvez possa deles obter apoio para a Obra Humanitária que a Resgatar Sorrisos leva a efeito.
Aguardo as suas informações.

Um abraço e ao dispor
Atentamente
Luís Branquinho Crespo








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3. Aqui fica o apelo do nosso camarada Luís Branquinho Crespo (ex-Alf Mil Art da CART 2413, Xitole e Saltinho, 1968/70), sensibilizando os "Diferentes"(?) e os "Viriatos" (CART 2339 dos nossos camaradas Carlos Marques Santos, Ernesto Ribeiro e Torcato Mendonça), assim como outros camaradas que passaram por aquele sector, para ajudarem nesta acção humanitária com origem na ONGD Associação Humanitária Resgatar Sorrisos.
CV
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18053: Ser solidário (208): Tabanca de Porto Dinheiro: unidos pela educação em Timor: convívio com o João e a Vilma Crisóstomo, o Rui Chamusco, o Gaspar e a Maria da Glória Sobral, o Eduardo Jorge Ferreira, a Alice Carneiro e o nosso editor Luís Graça...Vem aí um novo projeto, o LAMET - Luso American Movement for Education in Timor Leste...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16986: Inquérito 'online' (102): resultados definitivos: num total de 89 respostas, mais de 76% nunca votou antes do 25 de Abril


Marcelo Caetano (Lisboa, 17 de agosto de 1906 — Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1980) > Últmo governante do Estado Novo,  foi presidente do conselho de ministros, substituindo Salazar, entre 27 de setembro de 1968 e 25 de abrill de 1974.

No seu "consulado", houve duas eleições legistaltivas para a Assembleia Nacional, em 26 de outubro de 1969 e 28 de outubro de 1973. Nessa época estavam recenseados cerca de 1,8 milhões de eleitores. Estas foram as únicas eleições em que  a nossa geração de antigos combatentes da guerra do ultramar puderam, teoricamente votar, além das duas anteriores, na época de Salzar: as eleições legislativas de 1965, e eventualmente,  as eleições para a Presidência da República de 1958  a que concorreu o "general sem medo", Humberto Delgado (1906-1965). Nenhuma  destas eleições eram "livres", no sentido que damos hoje ao termo... Os nossos filhos e netos que nasceram com a democracia têm dificuldade em perceber o que era isto de "eleições que não eram livres"... Em 1958 e depois em 1969, foi a única vez em que o regime abriu um bocadinho de anad a "tarraxa"... Ficou tão escaldado com a mobilização popular, conseguida por Humberto Delgadom, que nunca mais quis repetir a brincadeira... Em 1965 e em 1973, o regime foi às urnas a falar sozinho, como se tratasse de uma partida de futebol em que o campo, a bola, os jogadores e o árbitro vestiam todos a mesma camisola...

 (Foto: cortesia da Wikipedia).

I. INQUÉRITO DE OPINIÃO:

"ALGUMA VEZ VOTASTE
EM ELEIÇÕES LEGISLATIVAS,
ANTES DO 25 DE ABRIL DE 1974?"


Resultados definitivos (n=89)


1. Não estava recenseado, pelo que nunca votei  > 61 (68,5%)

2. Estava recenseado, mas nunca votei  > 7 (7,9%)



3. Estava recenseado e votei, pelo menos uma vez  > 16 (18,0%)



4, Não sei / não me lembro  > 5 (5,6%)

Total de respostas  > 89 (100,0%)


A votação terminou ontem às 11h34.


II. Comentários (*):

(i) João Sacôto:

[aqui, em 1965, em Ganjola, Catió]

O primeiro ano em que votei,  foi em 1958, e votei  no General Humberto Delgado. Daí até hoje, exerci sempre esse direito (que também considero dever de cidadania). Essas eleições estão muito na minha memória por terem correspondido ao meu primeiro acto eleitoral. Foram em 8 de junho de 1958, dia em que eu comemorei os meus 20 anos e pude votar, por ter sido emancipado em 1956, aos 18 anos.


(ii) Torcato Mendonça


Eu, obviamente, não tinha direito a votar. Razões de ordem pessoal fazem-me ser lacónico.

Recordo esse "acontecimento eleitoral" [, o de 1969,] pois recebia a Vida Mundial e, quando havia colagem recebia a Time ou NewsWeeek (se não erro), a "alertar" qualquer envio. Bons tempos e, mesmo lá sabia alguma novidade.

Quando das Eleições estava destacado em Candamã e Áfia [, subsetor de Mansambo, foto à direita]. Substituíram-me a meia dúzia de homens do meu Grupo que iam votar. Eles sempre me perguntaram quem era o sr James Pinto Bull... eu dizia que era bom eles saírem dali por dois ou três dias. Era lugar quente. Estiveste lá depois do ataque de fins de julho de 69 e viste a brutalidade... creio que tenho isto em escrito publicado no blog.

Recordo agora e estou a sorrir. Quando fomos para lá, creio que em finais de setembro de 69 fizemos 5 ou 6 fornilhos a rodearem cerca de metade de Candamã. Disparo eléctrico e os 5 ou 6, numerados, vinham para o meu abrigo e três iam também para o Furriel Rei. Foi carga demais e um raio de forte trovoada accionou aquela marmelada em simultâneo... nunca tinha ouvido tamanho estrondo...

À cautela agarramos em armas etc. Felizmente só o rádio ficou preto, as granadas da bazuca estavam demasiado encharcadas e não rebentaram. Ficaram dois ou três militares atordoados e, o mais grave, era o "cozinheiro". Depois de duas colheradas de azeite e um forte apertão estomacal vomitou bastante chispe de porco holandês e recuperou... Enfim, vidas...

Só votei em 1975 e estava bastante nervoso. Votei no mesmo Partido onde hoje voto. Infelizmente este Mundo ainda está uma trampa e custa a "endireitar"... um dia melhora.
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sábado, 1 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13832: Postos escolares militares (1): Alunos, mestres e manuais... (Jorge Araújo / Hélder Sousa / J. C. Mussá Biai / Cherno Baldé / José Câmara)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 > Galomaro > CSS/BCAÇ 3872 (1972/74) > "O mestre-escola [, o Joaquim Guimarães, ] mais o burro [, o Augusto, ] e o Mamadu Djaló, em 1972, em Galomaro, sede do batalhão. (*)...Burro, asno, jumento, jerico, cujo berço foi a nossa África Mãe, Equus africanus asinus, segundo a nomencolatura trinomial de Lineu (1758)... Mas também "besta de carga", desde há pelo menos 5 mil anos a.C. quando o seu ancestral selvagem foi domesticado, tal como o cavalo... Mas na escolinha do nosso tempo punham-se "orelhas de burro" aos mais atrasados  da classe... Pobre bicho, hoje em perigo de extinção...



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 (Galomaro) > Saltinho > CCAÇ 3490 (1972/74) > "Os professores dos Postos Escolares do Saltinho". [O Joaquim Guimarães é o terceiro a contar da esquerda; de seu nome completo, Joaquim Fernando da Silva Guimarães. ex-soldado nº 108261-7, pertenceu ao BCAÇ 3872 e vive hoje nos EUA; já há muito que não temos notícias dele].

Fotos (e legendas): © Joaquim Guimarães (2007). Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 (1972/74) Posto Escolar Militar (PEM) nº 14  (***) > 1972 > Alunos da Escola Primária. (**)


Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados [Edição de LG]




Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, aldeia (tabamca) em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Um improvisado Posto Escolar Militar ?. Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil Torcato Mendonça > Fotos Falantes IV. (***)

Foto: © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; LG]



Guiné > Zona leste > região de Bafatá > Fajonquito > "O meu irmão Carlos (2 anos mais velho, hoje farmacêutico, formado pela Faculdade de Farmácia da Universidade Técnica de Lisboa), durante a alocução por ocasião do dia 10 de Junho de 1971, Dia de Portugal e de Camões, na escola primária de Fajonquito. Na imagem estão dois oficiais da companhia do Cap Figueiredo (CART 2742), um dos quais, o Alferes Félix encontrou a morte no mesmo dia que o seu Capitão". Foto do álbum do Cherno Baldé.(****)

[Meu caro Cherno: durante o Estado Novo, e até ao 25 de abril, era o feriado nacional do 10 de junho, o "Dia de Portugal, de Camões e da Raça"... Depois substituímos o politica e cientificamente incorreto termo "Raça" por "Comunidades Portuguesas"...Hoje é o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas"... LG]

Foto: © Cherno Baldé  (2012). Todos os direitos reservados [Edição; LG]



Guiné > Região de Tombali > Gadamael >  Posto Escolar Militar n.º 23 (PEM nº 23, Gadamael)  > Frequentaram as aulas da instrução primária algumas dezenas de jovens alunos (também alguns adultos da população). Não era fácil dar aulas a muitos que não falavam português (nem em crioulo se exprimiam), mas registaram-se muitos casos de bom aproveitamento, com conclusão da 4.ª classe . Foto do álbum do nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011) que foi fur mil,  CCaç 3518, Gadamael, 1971/74). (*****)

Foto (e legenda):  © Daniel Matos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição ; LG]


1. Vamos iniciar uma  nova série ("Postos Escolares Militares"), com a publicação de cinco comentários ao poste P13812, subscrito pelo Jorge Araújo (*). Esperamos os contributos de todos os camaradas que foram professores ou monitores nas PEM... Afinal, mais do que a espada e a cruz, preocupamo-nos com a transmissão da língua portuguesa, veículo de identidade nacional da Guiné-Bissau... 

A língua do Padre António Vieira, de Fernando Pessoa, de Amílcar Cabral, de Carlos Lopes, de Siza Vieira, de Paula Rego, de Mia Couto, de Paulina Chiziane, de Ondjaki, de Ana Paula Tavares, de António Houaiss, de Cecília Meireles, de Xanana Gusmão, de Cesária Évora e de mais 255 milhões de homens e mulheres lusófonos espalhados pelo mundo, incluindo a malta da Tabanca Grande, o Hélder, o Jorge, o Cherno, o Zé Carlos, o Luís, o José Câmara, o Torcato, o Daniel, o Guimarães... Temos em comum um "poilão" sob o qual nos abrigamos, e à volta do qual comunicamos, e que é a língua... portuguesa. (LG)


 
Helder Sousa
(i) Hélder Sousa
 

Caro Jorge Araújo

Já estou habituado ao rigor e seriedade com que costumas pautar os teus trabalhos. Sejam eles os mais dramáticos como os que relataste das emboscadas sofridas, sejam alguns aspectos mais ligeiros.

Desta vez a 'pancada' deu-te forte ao descobrires uma ponta de ligação ao teu passado. Sim, porque isso é história, faz parte de ti, do todo que és e foste.

Esta dupla homenagem que fazes, ao José Carlos [Mussá Biai] e ao Carvalhido da Ponte, é fruto dessa tua sensibilidade para perceberes o que é verdadeiramente importante, a amizade, o reconhecimento, a vitória daquilo que dizes que te aconteceu quando percebeste que mais do que o "EU" o que era realmente duradouro seria a partilha com o "OUTRO".

Está aqui um bom trabalho. Oxalá, e acredito que sim, que se atinja o objectivo.

Abraço, Hélder S.

 (ii) Luís Graça
Luís Graça, em Candoz, 2011


 Aqueles de nós que foram professores primários, nos postos militares escolares, como o Carvalhido da Ponte (Xime), o Manuel Amaro (Aldeia Formosa) ou o Manuel Joaquim (Bissorã), podem falar, com propriedade e autoridade, sobre as dificuldades, perplexidades mas também sobre o prazer de ensinar, com o eventual apoio dos nossos velhos manuais escolares ou de outros textos (que eu desconheço se havia outros manuais na Guiné), a língua, a cultura e a história portuguesa aos putos das tabancas guineenses... É que nos nossos manuais bem sequer havia uma simples imagem com a cara do "pretinho da Guiné"...

Imagino que não fosse fácil ao Carvalhido da Ponte explicar ao José Carlos Mussá Biai, mandinga e muçulmano, do Xime, que nunca tinha sido da sua tabanca, o que era a pátria, ou significado da bandeira nacional, ou letra do nosso hino, ou a diferença entre um minhoto e um algarvio...

Ou ainda explicar as lendas das mouras encantadas do nosso romanceiro popular. Ou a conquista de Lisboa aos mouros. Ou ainda a lenda do Infante Santo... Muito menos as guerras de religião, no passado, entre cristãos e mouros...

Em todo o caso, o mais importante é que o José Carlos Mussá tenha aprendido a ler escrever, graças ao posta escolar militar do Xime, e a tenha chegado à universidade, sendo engenheiro florestal, se não erro. E trabalhando e vivendo em Portugal, como português e sem nunca esquecer as sua raízes guineenses.


Xime, PEM 14, 1972
(iii) José Carlos Mussá Biai

Olá. Luís,

Ao contrário que possa imaginar, quando andava na primária, sabiamos mais da metrópole, Angola e Moçambique do que da Guiné.

Os nomes dos rios, linhas de caminho de ferro, regiões e conquistas portuguesas, não havia nada que não era ensinado. O hino e a bandeira que era hasteada todos os dias não podiam faltar.

Quanto aos manuais, não me recordo bem, mas acho que nos de 1973 já vinham, como disse com o "pretinho da Guiné" (risos...).

Tenho uma vaga ideia de ter visto o Capitão João Bacar Djaló bem fardado. Mas o curioso é que nunca esqueci as letras do hino da metrópole sem nunca ter aprendido o hino da Guiné "independente".

Mas, são coisas de mininos. Quando acabou a guerra,  eu já tinha a 4ª classe feita e no preparatório não se ensinava o hino...

Um abraço, José C. Mussá Biai



Portugal. Ministério da Educação Nacional. Ensino Primário Elementar  - Livro de Leitura Segunda Classe. 5ª edição. Porto:  Editora Educação Nacional, de Adolfo Machado, 1958, 140 pp, capa dura. Dimensões: 17 x 22 x 1,5 cm. [Cortesia de Loja A Vida Portuguesa].... [Adorei este livrinho: foi ele que me ensinou a ler, escrever e contar... LG]. 


Guiné > PAIGC > Manual escolar, O Nosso Livro - 2ª Classe, editado em 1970 (Upsala, Suécia). Exemplar cedido pelo Paulo Santiago, Águeda (ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53,
Saltinho , 1970/72)... [Afinal, em português nos entende(re)mos,,, LG].



Cherno Baldé, estudante

Kichinev, Moldavia, 
dezembro de 1985
(iv) Cherno Baldé:

Caro Luís Graça e amigos,

O Carlos Mussa diz "...Hino da Metropole...", errado.

O Hino a que se refere não era da metrópole, mas sim de Portugal e, na altura, éramos todos portugueses, de facto ou de jure.

Ainda em 1972 o meu irmão mais velho que veio a Bissau para prosseguir os seus estudos, já tinha o seu Bilhete de Identidade de cidadão português.

Acho que os manuais do ensino primário, na altura, eram iguais para as Provincias ultramarinas e não me recordo de ter visto a cara de nenhum "pretinho da Guiné".

Tal como o Carlos Mussá refere, tambem sabia entoar o Hino de Portugal da mesma forma que a partir de Setembro 1974 já entoava o novo Hino da Guiné-Bissau, cada qual o mais aguerrido e heróico que o outro, umas tretas.

Com abraço, amigos, Cherno Baldé

José Câmara
(,hoje, nos EUA)

(v) José Câmara:

Meus amigos,

Nós, os meninos açorianos e madeirenses, aprendemos por cartilhas iguais aqui referenciadas pelo Luís Graça. Até deu para não nos perdermos durante a nossa descoberta do caminho marítimo para a Guiné. Bem bom!

O que importa é que o José Carlos aprendeu connosco e depois, por si, conseguiu ir mais longe nos seus estudos. Hoje põe o que aprendeu ao serviço das populações em que está inserido. E nós fazemos parte dessa comunidade.

Cumprimentos, José Câmara,
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2019: Álbum das Glórias (23): O mestre-escola do Saltinho (Joaquim Guimarães, CCAÇ 3490, 1972/74)

terça-feira, 22 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13431: Memória dos lugares (271): Candamã, 19-9-69... Subsetor de Mansambo, setor L1 (Bambadinca): por lá passaram a CART 2339, a CCAÇ 2404, a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, etc.



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > BCAÇ 2852 (1968/70) > Subsetor de Mansambo > Candamã, tabanca fula em autodefesa, do regulado do Corubal > Marcas da passagem das NT pela povoção, em reforço do sistema defensivo:

 (i) CART 2339, Viriatos [, Mansambo, 1968/69];
(ii) Candamã, 19-9-.69;
(iii) CCAÇ 2404 [Mansambo, 1968/70];
(iv) 3º Pelotão "Comandos", Audaces Gloria Juvat; [O lema deve estar errado: o original é Audaces Fortuna Juvat, a sorte protege (ou sorri a) os audazes];
(v) 4º Pelotão, (?) Diferentes;
(vi) Guiné 68-70, CCAÇ 2404, Alf mil Barbosa, 1º Pelotão, Sempre Unidos...

Dois anos e meio depois, no 1º trimestre de 1972, ao tempo do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74), Candamã era um destacamento, guarnecido por 1 secção da CART 3493 (Mansambo) +  Companhia de Milícias do Corubal (-). Duas secções da CMIL Corubal estavam a reforçar Afiá, juntamente com mais uma seção da CART 2339... Se não erro, o regulado do Corubal estava então  reduzido, já em 1969,  a estas duas tabancas, Candamã e Afiá. O nosso camarada Torcato Mendonça, da CART 2339, pode  confirmar...

Na foto acima,. o fur mil at inf Arlindo Roda, 3º Gr Comb, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71). Foto presumivelmente do 2º sesmestre de 1969.

Fotos: © Arlindo T. Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados

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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11891: De regresso, com o fotojornalista Daniel Rodrigues... As fotos que eu gostaria de poder voltar a tirar (1): Os putos de Candamã, regulado do Corubal (Torcato Mendonça, Fundão, ex-alf mil, Cart 2339, Mansambo, 1968/69)










Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor de Mansambo >  Camdamã > 1969 > Fotos Falantes III > Aspectos da tabanca em autodefesa de Candamã. O 2º Gr Comb, comandado pelo alf mil Torcato Mendonça, vindo de Mansambo, foi destacado em Julho/Agosto de 1969, para o reforço do subsector de Galomaro, incluindo as tabancas em autodefesa de Cansamba e Candamã. O Gr Comb do Torcato Mendonça voltaria a Candamã, já no final da Comissão, em Outubro de 1969, no mês em que se realizaram as eleições para a Assembleia Nacional... 

Fotos:  © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Comentário de Torcato Mendonça ao poste P11888 (*)

Olá,  Luís Graça,

Ainda não estou ON...estou a sair do OFF. Foi quase um mês fora do "circuito". Ontem já falei com o Carlos Vinhal e tento arrumar, além dos obrigatórios, os "postes" do Blogue, comentários e e-mails. Os do Blogue são uma resma e os restantes estão seleccionados...por alto. Vai com calma e não esqueci a tal Lança Afiada.

Quanto *a foto do Daniel Rodrigues,  já falei nela com o Luìs Dias, se me não engano, ou com outro "Dulombi". Além disso tenho o Blogue do Daniel na minha "Pasta Fotografia". Acho a ideia gira, como giro seria fotografar os meninos de Candamâ e outros das Fotos Falantes e outras que nem sei aonde estão (disco externo? Talvez.), São do Blogue,  claro,  e tiradas por mim.

Escrevi porque estas fotos do Dolombi me impressionaram e trouxeram-me, com emoção, outras aqui saídas e a questão é: quantos meninos a que demos aulas, alguma comida, ensinamentos etc., estarão vivos ? Agora vou fechar isto e tentarei ver da varanda as estrelas...Abraço,  Camarada T. .....Ainda doi, não é?...Vidas!!!

2. Nós da memória > Os putos de Candamã (**)
por Torcato Mendonça 

Parecem bandos de pardais os Putos… os Putos…Não, estes não eram esses putos. Estes viviam nas Tabancas de Candamã e Afiá, como em muitas outras por essa Guiné fora. Alegres, brincalhões, bem dispostos, sorrisos francos e abertos os destes putos. Felizes? Penso que sim, dentro das limitações impostas.

Tinham pouco, tão pouco e, mesmo assim, nada pediam talvez pela sua timidez e educação. Os olhos,  esses,  tudo diziam, olhares iguais a de outros miúdos, aos dos putos do fado ou dos putos de nossas vilas e aldeias que nesse tempo, a maioria, pouco mais tinham que esses putos de Candamã ou das Tabancas.

Aos poucos fomos conquistando a sua confiança. Dava-se algo, tratava-se de uma ferida infectada, pedia-se para executarem uma simples tarefa. A sua curiosidade, a alegria espontânea,  levava-os a de pronto ajudar. Para eles éramos pessoas diferentes, não só na cor, mas no vestir, nos hábitos, na comida. As armas eram o poder da força que parecíamos ter.

Andavam à nossa volta timidamente e sem incomodar, aproximando-se mais na hora das refeições mas sem nada pedir. Fomos nós a oferecer do pouco que tínhamos. Talvez pareça estranho mas não abundava a nossa comida e, de quando em vez, havia “rotura de stock”.

Acabamos, não recordo de quem foi a ideia, por fazer uma Escola para os putos. Não privilegiámos o ensino do 1, 2, 3…ou do a, e, i, o, u. Procurámos, dentro das nossas possibilidades, transmitir conhecimentos diversos como regras de higiene, tratar dos pequenos problemas de saúde e outros, onde também se inseriam o ensino das letras e números e, talvez mais importante, fazendo deles os elos de ligação entre nós e a comunidade onde nos inseríamos. Seria fundamental esta interligação entre as duas culturas. Já tínhamos algum tempo de Guiné e sabíamos quanto isso era importante. A Escola foi o local onde eles iam aprendendo e apreendendo muito bem tudo o que lhes ensinado e, ao mesmo tempo, o local de integração mutuo.

Eram outros saberes e procurávamos nunca violentar os deles antes apreende-los e assim melhor entender como ali se devia viver. Desse modo creio, mesmo hoje, que todos beneficiaram. Pouco podíamos fazer pela melhoria da saúde ou higiene deles. Os nossos recursos e conhecimentos eram muito limitados. Pedíamos à sede da Companhia e geralmente apareciam. A sarna era debelada com Thiosan, a pele era melhorada com sabonetes Lifeboy (seriam estes os nomes?) e as pomadas e líquidos LM . [, Laboratório Militar,] para tudo davam.

Depois das “aulas”, pouco tempo sentados para não aborrecer, tínhamos a ginástica, o jogo com a bola de trapos e outros jogos simples. Tudo a passar-se no largo das moranças do Régulo e com a bandeira de Portugal no mastro. Era diariamente hasteada e arreada pelos homens das Tabancas. Muitas vezes assistíamos. Afazeres diversos, que se prendiam com a nossa vida militar, não permitiam a assiduidade que devíamos ter. Era uma vida em que as horas, e muito mais, eram limitativas dessa e de outras disponibilidades. Eram sempre os homens da tabanca a tratar daquela sua bandeira. O Régulo, quando estava, assistia sempre. Um homem extraordinário o António Bonco Baldé.

Voltando aos putos, depois das aulas e dos jogos vinha o banho, os saltos para a água, a lavagem com o sabão e sabonete.  Ressalvo um ponto: nas Tabancas era praticada a higiene. As famílias tinham instalações próprias. Não falamos dela pois sairíamos do tema: - os putos.

Os risos deles, a alegria eram contagiantes para nós, talvez, porque não, sentíssemos, nesses curtos momentos, estar num mundo diferente. Depois cada um ia à sua vida. À hora do almoço, muitos deles apareciam e da parte da tarde iam para a bolanha tentar apanhar uns pequenos peixes que nós comíamos depois de fritos e polvilhados com piri-piri. Esta troca, - este “partir” – estes peixes minúsculos por comida e outros géneros, eram o gesto da troca, da não dádiva, da dignidade da permuta. Dou e recebo.

Eram felizes os putos? Eram!

Além disso faziam de nós mais humanos, mais despreocupados e a guerra naqueles momentos devia parar. Os putos parecíamos nós. Por pouco tempo,  é certo. Não eram permitidos descuidos ou desatenções, imperdoáveis quaisquer desatenções.

Desdramatizemos e pensemos antes que todos, nós e os putos eram, naqueles momentos, bandos de pardais à solta… como os do fado…  A guerra, essa besta, estava logo ali. Mesmo hoje, ao escrever isto, sinto-a ao alcance da mão.

Esqueçamo-la e desaparece.

O que será feito dos putos? Cinquentões hoje ou a caminho disso.

Sinto saudades daquela gente. Das gentes das Tabancas, dos que comigo andavam no mato, dos que connosco combatiam ou, como dizia alguém, talvez tenha também saudades da juventude que passou…
De tudo e tanto há para recordar.

Dou-vos as fotos. Elas dizem mais do que as palavras de um velho e ex-soldado. Recordem. Vidas… lá ou cá… Adeus!
Torcato Mendonça



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Subsetor de Mansambo > Mansambo (sede da CART 2339, 1968/69) e Candamã, tabanca fula em autodefesa do regulado do Corubal > Carta do Xime (1961) > Escala 1/50 mil. Pormenor > A distância em linha reta entre Mansambo e Candamã era de 10 km... pela picada seria 15 km.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)

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Notas do editor:

(*) vd. poste de 30 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11888: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (13): Fotojornalista famoso, Daniel Rodrigues, prémio 'World Press Photo 2013', quer fotografar alguns de nós, antigos combatentes, nos sítios originais onde tirámos as nossas melhores fotos no tempo da guerra