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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11464: Tabanca Grande (396 ): Novo membro, o nº 615: Mário Vasconcelos (ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro; COT 9, Mansoa, CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973/74)

1. Mensagem de 20 do corrente, Mário Vasconcelos [,. foto atual à direita]

Identificação

Ex Alf. Mil. Trms de Inf  nº 06070666

Percurso

(i) Incorporado na EPI (Mafra) em 25/04/72;

(ii) Colocado no RAP3 (Fig. da Foz) em 16/10/72;

(iii) Embarque no UÍGE com destino à Guiné em 01/03/73;

(iv) Colocado na CCS do BCAÇ 3872 (Galomaro) em 02/03/73 sob o comando do Ten Cor Inf José Castro e Lemos (rendição individual do ex Alf Mil Trms Mota, falecido por doença);

(v) Após fim de comissão do BCAÇ 3872 (Março 73), colocado no COT 9 (Mansoa) sob o comando do Ten Cor Inf Pedro Henriques, nas transmissões e adjunto na secção de informações, na direcção do Maj Inf Eurico César Moreno;

(vi) Desactivado o COT9, adido à CCS/BCAÇ 4612/72 (Mansoa) sob o comando do Ten Cor Inf Eurico Simões Mateus;

(vii) Colocado no Cumeré em 13/08/74, sob o comando do Ten Cor Inf António Cândido de Lucena Gaya, funções de conferência e entrega de material de guerra, em Bissau;

(viii) Passagem à disponibilidade em 01/10/74.


Apenas uma breve nota:

No período de 1972 a 1974, meus pais tiveram três dos seus actuais filhos, no serviço militar obrigatório, em territórios africanos distintos. Assim, para além do meu caso pessoal:

- José Manuel Lage Sampaio Vasconcelos, Fur Mil Sapador:  teve por unidade mobilizadora o Regimento de Infantaria nº 1 (Amadora); pertenceu ao Batalhão de Caçadores nº 3885 (CCS/CCAÇ 3550/51/52) colocado na Região militar de Moçambique e aquartelado em Fingoé, Zambué e Muze no período (Abril72/Julho74); Passagem à disponibilidade em Julho de 1974;

- Fernando António Lage Sampaio Vasconcelos, Alf Mil: foi incorporado em Jan/72 nas Caldas da Rainha para o curso de Sargentos Milicianos; Em Abril/72 frequentou em Mafra o curso de oficiais milicianos e em Ago/72, o de operações especiais em Lamego (CIOE); embarque em Mar/73, em Companhia de Intervenção Independente instalada no Quartel do Grafanil (RI 20) em Luanda; regressou em 11 de Dezembro de 1974 com passagem à disponibilidade.


Mafra, EPI- Escola Prática de Infantaria,  Abril de 1972, 3º pelotão, da 3ª CI.


Nas botas, da parada donde vim,
Ecoa o som da marcha compassada
Fustigando em louco frenesim
Minh ’alma caminhando destroçada.

Vale-me a força do querer,
No tempo d´hoje ou já distante;
Ter a sorte de entender,
Que o tempo cai, em cada instante.



Saí quando, praticamente, se foram fechando as portas de armas na Guiné. Seja…, fui um “pira “de todos vós. Contudo, para o não ser sempre, desejaria, após esta minha entrada na Tabanca, ver novas entradas firmadas, dando-me alguma velhice.

Não se trata de hierarquia ou recriação de estatuto, apenas ver aumentar o usufruir desta encetada abertura, a todos os títulos digna de nota.

Ainda não li todo o correio criado, coisa que demora o seu tempo. Apesar disso, e com o que já observei, sente-se todo um fluir num percurso bem agilizado. De lápis nas mãos, que as armas foram já recolhidas, senti ao longo de todas as picadas, percorridas nos mapas mentais de nossas recordações, atiradores perfeitamente fixados nos objectivos, sapadores levantando minas e armadilhas das nossas vivências, artilheiros centrados nos trilhos das nossas memórias, marinheiros percorrendo em botes águas pessoais ou de grupo, gentes da manutenção e transmissões mantendo de pé esta estrutura, e pessoal de todos os ramos, que, sem notarem, são autênticos aviadores de mentes, quando chegam nas asas da poesia.

São muitas as descrições pessoais e colectivas narradas, traduzidas em desabafos libertadores e abraços de amizade que a escrita permite trocar. Vai-se fazendo história contando estórias.


Recordando um pouco:

Uma das primeiras missões, algum tempo depois da minha integração na CCS do BCAÇ3872, fui chamado ao comando para diligenciar um auto de averiguações. Tinha por base, a disputa havida entre um soldado da CCS e um milícia local.

Como é normal, procedi à audição separada dos intervenientes. Não foi difícil entender as respostas, verdadeiras ou falsas, prestadas pelo nosso tropa. O problema surgiu quando chegou a vez do milícia. Como não tinha experiência suficiente sobre o dialecto local, fiquei baralhado de todo. É que, para mim, ambos se incriminavam ou inocentavam do mesmo modo. Nessa altura “cá quero”, “cá tem”, “cá bai”, ainda significavam, quero, tem ou vai, e não o contrário como seria esperado.

Fechei o auto. Fui ao comando e informei, dadas as circunstâncias, que era de todo impossível especificar qual o réu ou o inocente, no que às partes dizia respeito. Claro, levei a minha primeira estocada, verbal por ora, na condição de me apurar linguisticamente para o futuro. Por sorte, ou não, o certo é que não tive para esse futuro qualquer outro auto.

Deste desaguisado, havido entre os contendores, o milícia ficou com o relógio de pulso avariado. Como boa alma, predispus-me a tentar compor-lhe a máquina e que assim sendo, me procurasse dias depois. Acedeu. E não é que, com uma pancada aqui, o espevitar da mola acolá e uns toques no volante, o referido bicho retornou à vida diária.

O assustador foi, dias depois da entrega, ser chamado à porta de armas para atender alguns africanos com outros relógios para consertar.

A tempo larguei a tarefa na base de que para cada galho o seu macaco. Hoje, face à crise de trabalho que no país grassa e nos desgraça, fico-me a pensar em como nessa altura se conseguiria ser empreendedor.

2. Comentário de L.G.:

Camarada Mário: O teu pedido de ingresso nesta comunidade virtual a que chamamos Tabanca Grande honra-nos a todos, a nós, a ti,  à tua familia. Não importa o posto, a arma, a especialidade, a antiguidade: qualquer camarada da Guiné tem, por direito próprio, um lugar à sombra do nosso mágico e fraterno poilão!

Gostei da originalidade da tua apresentação ao nosso coletivo: penso que apanhaste e descreveste muito bem o espírito e o propósito que nos anima.  Parafraseando o teu poema  Vale-nos a força do querer,
No tempo d´hoje ou já distante; /Ter a sorte de entender, / Que o tempo cai, em cada instante. Somos um blogue também contra o esquecimento, mesmo sabendo que temos o tempo, inexorável, a contar contra nós...

Tens já aqui muita malta das unidades por onde passaste. Já vi que conheces os cantos da Tabanca Grande. Põe-te, por isso,  à vontade. Para memória futura dos muitos tabanqueiros que cá estão e dos demais que ainda hão de vir, tu és o nº 615. Ficas agora com a responsabilidade de arranjar um "pira" para continuar a manter viva e ativa a nossa Tabanca Grande. Gostaria de te conhecer  pessoalmente no nosso próximo encontro, em Monte Real, 8 de junho de 2013.
Um Alfa Bravo caloroso.
Luis Graça.
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11460: Tabanca Grande (395): Francisco Alberto Cardoso Santiago, ex-1.º Cabo TRMS da CCS/BART 3873 (Nhabijões, 1972/74)