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terça-feira, 18 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11722: Os nossos médicos (49): O BART 733 tinha 4 médicos (Artur Conceição, 1965/67)


Guiné > Região do Oio > CART 730 (1965/67) > Jumbembem > Missa celebrada no refeitório de Jumbembem. Nela podemos ver o (i) Senhor Capitão Amaro Rodrigues Garcia, cmdt da 730; (ii) o Senhor Enfermeiro Fernando Teixeira Picão, do seu lado esquerdo também em calção, e de mãos cruzadas; (iii) o médico [, ten mil  Jaime Heitor Afonso,] também está presente mas já não o identifico.

Foto (e legenda): © Artur Conceição (2013). Direitos reservados.

1. Mensagem do nosso camarada Artur Conceição, ex-sold trms,  CART 730, Bissorã, Farim e Jumbembem (1965/67):


Data: 17 de Junho de 2013 às 19:39

Assunto: Serviço de saúde em tempo de guerra (Era bastante bom)

Caríssimos... Este é o meu contributo.

O Batalhão de Artilharia 733.

Médico da CCS/733 - Tenente, Fernando Henrique de Lemos [, que se formou em Coimbra];

Médico da Cart 730 - Tenente, Jaime Heitor Afonso

Médico da Cart 731 - Alferes, António Augusto Galvão Coelho

Médico da Cart 732 - Alferes, Manuel Guimarães da Rocha [, hoje médico ortopedista, nascido em São Pedro do Sul, em 1936; era presidente do Centro Hospitalar de Lisboa, em 2004]


Como se pode verificar, havia um médico para cada uma das quatro Companhias do Batalhão.

Havia para o Batalhão um só Capelão. Alferes, Felisberto Moreira Maia, e que era mais conhecido por Senhor Padre Maia. Penso que era natural do Distrito de Braga ou Viana do Castelo.

A seguir uma foto de uma missa realizada no refeitório de Jumbembem. Nela podemos ver o Senhor Capitão Amaro Rodrigues Garcia, cmdt da 730, o Senhor Enfermeiro Fernando Teixeira Picão, do seu lado esquerdo também em calção, e de mãos cruzadas. O médico também está presente mas já não o identifico.


Respondendo agora às questões que são colocadas (**):


(i) Quantos médicos seguiam com o vosso Batalhão no Barco?

Não posso responder a esta questão uma vez que eu só cheguei ao Batalhão em Fevereiro de 1965 e o Batalhão tinha embarcado em Outubro de 1964. Sei apenas que o Dr Afonso,  da Cart 730,  também não seguiu com o Batalhão.

Para resposta às questões  (ii) e (iii) também não tenho elementos nem me recordo de nada.


(iv)  Precisaram alguma vez de alguma consulta médica?

Por ordem do cmdt da Cart 730, face ao meu estado emocional após o ataque a Bissorã, ocorrido em 2 de Março de 1965, fui a uma consulta do Médico da Unidade que me enviou para Bissau em
consulta externa no HM 241.

Nessa consulta externa fui atendido pelo médico de Neuropsiquiatria, Dr Pimenta. O Dr Pimenta era de Coimbra e era um excelente médico dentro da sua especialidade.

Após aproximadamente dois meses, com consulta semanal, e depois me ter encontrado a dar sangue numa transfusão directa terá pensado que eu já estaria bom e deu-me alta.

Vi recentemente um documento publicado no blogue onde estava a sua assinatura.

(v) Estiveram alguma vez internados na enfermeria do aquartelamento (se é que existia) ?

Nunca estive internado em nenhuma enfermaria do aquartelamento. Não existia mas pela minha parte também nunca foi necessária.

(vi) Foram a alguma consulta de especialidade no HM 241?

A cerca de 2 meses antes do regresso, e por alturas do Natal de 1966, estava nessa altura no QG. Um dia a meio da tarde,  depois de sair debaixo do chuveiro, tive um ataque de comichão na sola dos pés, que fui esfregando até onde aguentei. Quando já não aguentava mais comecei a esfregar na gravilha do chão até ficar a sangrar. Fui levado por colegas para a enfermaria e daí para o Hospital.

No hospital fizeram-me o tratamento adequado, ligaram-me os pés e mandaram-me regressar à meia noite e meia hora para fazer análises ao sangue, análises essas que só poderiam ser feitas depois da meia noite que era quando o bicharoco actuava.

O que aconteceu, quando cerca meia noite fui ter com o Senhor Oficial de Dia para lhe pedir que mandasse uma viatura levar-me ao Hospital para fazer uma análise ao sangue fica para outra ocasião. Só quando o Senhor Oficial de Dia recebeu um telefonema do Hospital dizendo que estavam à minha espera é que ficou convencido, porque até aí a minha doença era outra.

(vii) Foram evacuados para a metrópole, para o HMP ?

Evacuado nunca fui. Foram 24 meses sem intervalo.

(viii) Tiveram algum problema de saúde que o médico ou o enfermeiro conseguiu resolver sem evacuação ?

Eu não queria chamar a este episódio um problema de saúde, embora tenha havido intervenção do enfermeiro e depois do médico, mas não houve evacuação.

Eu tinha por hábito não encher o meu cantil para levar para perto da cama, no caso de haver sede durante a noite. Uma noite acordei cheio de sede, espreitei em volta e vi uma garrafa branca que tinha dentro um liquido transparente.

Pensando que era água, bebi até ficar satisfeito, só no fim me apercebi que tinha bebido petróleo. O petróleo enviado para a Guiné não tinha corante. Fiquei aflito e fui de imediato acordar o enfermeiro que sem saber o que fazer foi chamar o médico. Eu estava aflito mas nem sequer estava mal disposto, pelo que decidiram que ia tudo dormir, se ficasse mal disposto voltava a acordá-los e pela manhã logo se fazia o ponto da situação. Tudo passou em bem mas o cabelo continuou em
queda.

(ix) O vosso posto sanitário também atendia a população civil?

Fazia parte da [acção] psicossocial.

(x) (E se sim, o que é mais que provável:) Há alguma estimativa da população que recorria aos serviços de saúde da tropa ?...

A população em Jumbembem deveria rondar entre 100 a 150 pessoas, salvo melhor opinião, e a afluência ao posto clínico era bastante. Recordo-me de uma mocinha que ensinada pelos enfermeiros fazia umas quantas tarefas mais relacionadas com a higiene intima das mulheres.

Finalmente quero deixar uma palavra de louvor para os nossos camaradas da saúde, em especial para os da Cart 730. O Pessoal da saúde na 730 era um grupo liderado por um "oficial", que era o 1º Cabo Enfermeiro Picão. Cabeleireiro de profissão na vida civil e enfermeiro militar, não se limitava a distribuir comprimidos para o paludismo e outras mazelas, mas andava atento para não haver fugas. Sempre disponível para pedir à Metrópole produtos que não sendo de primeira necessidade nos davam algum conforto.

Mesmo não havendo enfermaria não quer dizer que não havia doentes, a que o pessoal da saúde estava sempre atento para dar um conforto, e em muitas situações alguma alimentação.

Um grande abraço

Artur António da Conceição
Damaia / Amadora

_______

Notas do editor:

Último poste da série > 15 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11706: Os nossos médicos (48): O BCAÇ 1887 (1966/68) tinham três médicos, mas a minha CCAÇ 1546 não chegou a ter nenhum em permanência... Um deles era o dr.João Gomes Pedro, mais tarde ilustre pediatra no Hospital de Santa Maria e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (Domingos Gonçalves)

Poste anterior:

14 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11704: Os nossos médicos (47): Qual era a dotação médica de um batalhão ? Três médicos por batalhão, diz-nos o ex-alf mil méd J. Pardete Ferreira (CAOP1, Teixeira Pinto; HM 241, Bissau, 1969/71)

(...) Questões:

(i) Quantos médicos seguiram com o vosso batalhão, no barco ?

(ii) Quantos médicos é que o vosso batalhão teve e por quanto tempo ?

(iii) Lembram-se dos nomes de alguns ? Idades ? Especiallidades ?

(iv) Precisaram de alguma consulta médica ?

(v) Estiveram alguma vez internados na enfermeria do aquartelamento (se é que existia) ?

(vi) Foram a alguma consulta de especialidade no HM 241 ?

(vii) Foram evacuados para a metrópole, para o HMP ?

(viii) Tiveram alguma problema de saúde que o vosso médico ou o enfermeiro conseguiu resolver sem evacuação?

(ix) O vosso posto sanitário também atendia a população local ?

(x) (E se sim, o que é mais que provável:) Há alguma estimativa da população que recorria aos serviços de saúde da tropa ?...