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terça-feira, 26 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25308: O Spínola que eu conheci (36): A história do Mário, da CART 2478, contada pelo Manuel Mesquita, da CCAÇ 2614 ("Os Resistentes de Nhala: 1969/71", ed. autor, 2005)

1. No tempo em que fazíamos inquéritos "on line" (funcionalidade que já não está disponível no Blogger), pusemos um dia à votação a seguinte questão:  "Dos 3 últimos Com-Chefes da Guiné, aquele de quem tenho melhor opinião é...". 

Os três nomes apresentados eram, por ordem de antiguidade no CTIG, Arnaldo Schulz, António de Spínola e Bettencourt Rodrigues.

O número total de votos apurados foi de  166. E a "sondagem" encerrou em 15/10/2015, às 15h32. Os resultados não nos supreenderam. 

O general Spínola apareceu destacadíssmo, reunindo mais de 70% dos votos:

  • António de Spínola (1968/73) > 119 (71,7%)
  • Bettencourt Rodrigues (1973/74) > 14 (8,4%)
  • Arnaldo Schulz (1964/68) > 10 (6,0%)
  • Nenhum deles > 16 (9,6%)
  • Não sei / não tenho opinião > 7 (4,2%)

2. Era inegável a "popularidade" de Spínola, no seu tempo, enquanto Com-chefe e Governador-Geral da Guiné (funções que acumulou tal como o seu antecessor, Arnaldo Schulz, e o seu sucessor, Bettencourt Rodrigues), se bem que as opiniões aqui expressas também  possam estar "enviesadas" pela época em que os respondentes estiveram na Guiné (e no pressuposto de que  todos eram antigos combatentes na Guiné). 

A história do Mário,  que se reproduz a seguir,  vem ajudar a perceber melhor o porquê da "popularidade" do general.  Era um comandante-chefe que fazia questão de estar próximo dos seus homens e que os visitava amiudadas vezes, nomedamente no mato (que era a "frente de batalha")... E resolvia no momento problemas do quotidiano da tropa e dos militares, muitas vezes à revelia da máquina burocrática do exército.

Como lembrou, aqui, em comentário ao poste P25238, o cor art ref Morais Silva, "a  sua severidade e exigência perante as falhas dos seus militares era proporcional ao grau de responsabilidade e ao posto do infrator. Apreciava quem cumpria e é obrigatório lembrar o especial cuidado que tinha com os feridos em combate que diariamente visitava no HM 241"

São estas e outras "pequenas histórias" que faltam na biografia deste cabo de guerra, escrita pelo historiador Luís Nuno Rodrigues (apesar de volumosa) (Spínola: Biografia". Lisboa. A Esfera do Livro, 2010, 748 pp.. il.)

2. Com a devida vénia, fomos repescar a história do Mário, ao livro do Manuel Mesquita “ Os resistentes de Nhala: 1969/71” (Ed. de autor, s/l, 2005, pp. 121/123) (**).
 
O autor pertenceu à CCAÇ 2614 / BCAÇ 2892 (Bissau, Nhala e Aldeia Formosa, 1969/71) . E o Mário  à CART  2478, que esteve em Gadamael.

O Mário

por Manuel Mesquita

Apareceu-me lá em Aldeia Formosa, em determinada ocasião, e sem que nada o fizesse prever, um moço que conheci na nossa adolescência. Nunca houvera grande amizade entre nós, mas somos conterrâneos. Foi uma alegria encontrarmo-nos na mesma guerra em terras tão longínquas. [Era] o Mário de Fontelas [. concelho de Peso da Régua]  .

Contou-me um pouco da sua vida, convidei-o a ir viver para o meu quarto. Visitou as instalações, agradaram-lhe as condições e aceitou, era por pouco tempo.

Veio de outra companhia, a [CART] 2478 , instalada em [Gadamael] Porto, onde cumpriu 21 meses em rendição individual. Foi bem comportado. O capitão sempre lhe prometeu vir com a companhia no final, apesar de ter menos um mês e meio que eles. Acompanhou a companhia até Bissau, convencido de que vinha.

A [CART] 2478 embarcou [em 23 de dezembro de 1970, juntamente com o resto do BART 2865], o Mário ficou no cais a ver os companheiros embarcar e seguir.

Do barco acenavam-lhe [com] a alegria de partir. No cais o Mário chorava o desgosto da promessa por cumprir. (…) Naquela hora, uns com o coração recheado de alegria e o Mário com o coração apertado pelo desgosto.

Ficou quase dois meses no quartel dos Adidos e, quando contava vir para Lisboa, mandaram-no para a CCAÇ 2614 [em Aldeia Formosa]. Nós com mais de 21 meses, ele com 23. Nós vínhamos em breve, ele não poderia vir connosco, era candidato a ficar lá depois de nós.

− É uma injustiça –digo eu.

− É um castigo, sem nunca ter merecido uma punição. É ter a certeza duma missão cumprida, sem saber quando termina a minha comissão. Já servi a Pátria!

− É uma dor de alma, que só não a sente quem tem um coração de pedra.

O Mário estava no segundo pelotão. Com o pelotão desfalcado há tanto tempo, mandam agora um soldado preencher um vaga. Integrou-se, e a tudo obedecia e cumpria naturalmente (nem poderia ser de outra forma).

Somos [, entretanto,] informados que o Com-Chefe nos iria visitar para provavelmente nos entregar as medalhas de missão cumprida. Tentei a todo o custo convencer o Mário de que se devia dirigir ao Com-Chefe, falar e expor o seu caso, ainda que [ele]fosse o nosso general.

Era um domingo de tarde, nós estávamos [dispensados] de serviço. Uniformizados a rigor, estávamos na parada antes da hora prevista. Não revelámos o nosso plano a ninguém.

Chegou a avioneta e logo o clarim convida-nos à formatura. (…)

É, sem dúvida, sua Excia. o gen Spínola, fiquei contente. Começa o seu discurso, dizendo que tinha as medalhas de comissão cumprida para nos dar. Saudou-nos por tal e informou que ficaríamos ali mais algumas semanas até chegar a companhia que nos [iria substituir, a CCAÇ 3399, em 27 de agosto de 1971].

Eu tinha vontade de tocar o meu amigo para se apresentar, mas estávamos em sentido e o grupo é outro. Uma voz forte e determinada se levanta, lá da outra zona e…

− Sua Excelència, meu general, dá-me licença ?

A admiração foi geral, toda a gente queria olhar, mas… Eu tremia.

O general António Spínola interrompe a conversa com o comando do batalhão [BCAÇ 2892, Aldeia Formosa, 1969/71] , e [diz]:

− Avance e apresente-se.

O Mário conhece os cânones militares, cumpre e diz porque está ali, donde veio, o tempo cumprido, este batalhão não lhe podia prometer que o levava, poderia ver partir mais um companhia, era de rendição individual, não poderia saber quando teria a missão cumprida, depois de já ter naquele momento mais de 24 meses de zona de guerra na Guiné…

Aquele frente a rente não foi longo mas toda a gente o ouviu. O general mandou que o seu ajudante de campo (um capitão ‘comando’) tudo registasse e disse:

− Fizeste bem em falar, meu rapaz. Ainda não é hoje que recebes a tua medalha. Ficarias cá depois desta companhia embarcar. Não vais hoje comigo, porque é impossível, mas embarcarás daqui [a] esta semana para Bissau, vais para Lisboa no primeiro barco.

Deu ordens ao comando para deixarem descansar até ao fim, que lhe [tratassem] do espólio, sairia dali dentro de dias para Bissau para aguardar transporte para Lisboa.

O general partiu, nós ficámos com as medalhas de missão cumprida e o Mário estava agora feliz. Parabéns, justiça finalmente [fora] feita, justiça estava a fazer-se.

Todos os militares sabiam que a comissão na Guiné era de 22 a 23 meses no total. E de 22 a 24 no máximo para os de rendição individual.

Passados três dias, o soldado Mário estava a tomar a avioneta na pista de Aldeia,com todo o espólio feito.

Fonte: Excertos de Manuel Mesquita, “ Os resistentes de Nhala: 1969/71”. (Ed. de autor, s/l, 2005, pp. 121/123) (Com a devida vénia...)

(Seleção, revisão / fixação de texto, parenteses retos, correção de gralhas: LG)

__________

Nota do editor:

Último poste da série > 3 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23225: O Spínola que eu conheci (35): um militar de caracter reservado, com quem me cruzei várias vezes em Bissau no desmepenho das minhas funções na Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica (Ernestino Caniço)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9936: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (9): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar - Anexo IV



1. Em mensagem do dia 19 de Maio de 2012, o nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviou-nos o anexo IV referente à VII Parte das Memórias da sua Companhia.







MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (9)
De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné
Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (VII Parte) > Anexo IV

Gadamael Porto fica situado na Fronteira Sul da Guiné-Bissau, num território que, na era colonial, pertenceu à França e que, através da Convenção Franco-Portuguesa de 1886 a “França cedia a Portugal a Zona de Cacine por troca com Casamança . . . “ (P3070),  dividindo o Reino Nalu sediado em Boké [, no território da Guiné-Conacri) . Assim, o território entre o Rio Cacine e a fronteira passou (na altura) a ser português, enquanto Casamança encravado entre a Gâmbia e Guiné-Bissau, continua a reclamar a independência.




Mais precisamente, Gadamael Porto, como se pode ver no recorte da carta anterior, situa-se na margem direita de um dos braços do Rio Cacine, onde desagua o Rio Queruene. Ao contrário do que se poderia pensar, Gadamael não era inicialmente um aglomerado populacional. A Carta Militar de 1954 [, de Cacoca,] dá ideia quanto à concentração da população. O maior aglomerado populacional, da etnia Biafada, situava-se na Tabanca de Ganturé, sede do Regulado, a cerca de 3 Km de Gadamael Porto. A tabanca mais próxima, digna desse nome, era a de Viana. Em toda a faixa compreendida entre os diversos braços do Rio Cacine e a fronteira, a zona mais povoada era para Sul, na estrada para Sangonhá.

Foi a sua localização, junto do braço do rio, associado à existência de um desembarcadouro que lhe deu a importância que tinha. Numa região com poucas e fracas estradas que na época das chuvas se tornam intransitáveis, a navegabilidade dos rios e a possibilidade do transporte fluvial para pessoas e mercadorias ganha uma importância vital. 

Foram estas condições naturais que determinaram o interesse das grandes Companhias que controlavam o Comércio, para instalarem ali um entreposto comercial. É disso prova a existência de duas casas de construção europeia, uma delas bem próxima do rio, exibindo a sigla ASCO que já fez correr muita tinta a propósito do seu significado, mas que, qual “ovo de colombo”, pode significar apenas, Associação Comercial [AsCo].

Foram estas casas abandonadas que a CART 494 encontrou, quando em 17DEZ63 ocupou Gadamael Porto, incorporando-as no Aquartelamento. Mas as NT já tinham estado anteriormente em Gadamael Porto. 

O Cap Blasco Gonçalves que foi o OInfOp do BCAÇ 1861, sediado em Buba (1965/67) dizia que já tinha comandado uma Companhia dispersa pelas localidades de Aldeia Formosa, Cacine e entre outras também Gadamael, onde teria estado uma Secção. Ora esta Secção deve ter estado instalada em Gadamael Porto, por volta dos anos 1961/62, tendo-se posteriormente deslocado para Buba, onde se fez o reagrupamento da Companhia.

Quando a CART 494 chegou a Gadamael, teve desde início de resistir às flagelações e emboscadas do PAIGC, ao mesmo tempo que construía as primeiras defesas do Aquartelamento e instalava um Destacamento em Ganturé (02FEV64) com apoio do Pel Rec Fox 42 que aí permaneceu até 20MAI64 (P7877). 

Seguiu-se o início das primeiras construções de apoio que se continuaram com a Companhia seguinte. Nesta fase, a margem direita do braço do Rio Queruane, a montante do desembarcadouro, com um piso plano constituído de uma pedra “esponjosa” de aparência vulcânica, serviu de pista de emergência, até ser construída a pista representada de amarelo, no recorte da Carta Militar, isto ainda no tempo da CART 494.

Aquartelamento de Gadamael Porto em Meados de 1969, no tempo da CART 2410.
O croquis faz a síntese do acolhimento das Populações: do lado direito, ao longo da Paliçada, as casas da Tabanca de Gadamael; do lado esquerdo as casas de colmo construídas para albergar a população vinda de Sangonhá/Cacoca (1ª fase do reordenamento da população); as casas com cobertura de zinco construídas pela CART 2410 para albergar a população de Ganturé. (2ª fase do reordenamento)

Foi com estes meios que a CCAÇ 798 encontrou o Aquartelamento de Gadamael Porto a 08MAI65. Durante a sua permanência continuaram as construções de apoio, incluindo a oficina auto, acolheram-se as primeiras populações no interior do perímetro defensivo, o que determinou o seu alargamento e a reorganização defensiva com a construção de novos abrigos e paliçadas. (P9329). 

A pista de aviação,  que na época das chuvas fora interdita, sofreu obras de ampliação e manutenção. A Engenharia Militar procedeu à eletrificação do Aquartelamento, o que permitiu a substituição do “velho petromax” e iniciou o projeto do Cais que viria a ser construído durante a Companhia seguinte, a CART 1659

Foi durante esta Companhia que se iniciaram as primeiras construções (reordenamento da população - P3013) ainda com cobertura de colmo, ao lado do Aquartelamento, para albergar as populações vindas de Sangonhá/Cacoca, entretanto extintos (29JUL68).



Fotografia aérea de finais de 1971 (CCAÇ 2796) gentilmente cedida pelo ©  Cor Morais da Silva
Desapareceram todas as casas de colmo, bem como os últimos troços de Paliçada. O perímetro do Aquartelamento alargou-se, incluindo mais construções militares sobretudo do lado oposto à Tabanca. 


Mas o Aquartelamento de Gadamael, com o perímetro deixado pela CCAÇ 798, deve-se ter mantido, sem grandes alterações, até à instalação dos primeiros Obuses, no tempo da CART 2410 (1968/69).



Fotografia aérea de 1972/73 (CCAÇ 3518), gentilmente cedida pelo ©  ex-Alf Mil L. Monteiro
Há mais construções militares do lado esquerdo. O Reordenamento da População está concluído e pode ver-se o braço do Rio Cacine, onde desagua o Rio Queruane, com o Cais de Acostagem.
 

A partir de agora, o Aquartelamento passa a ser uma base de Apoio de Fogos e de Reabastecimentos, através de um Pel Art e de um Pel AM para o qual houve necessidade de construir instalações. Esta Companhia continuou a construção da Tabanca (36 casas com telhado de zinco,  destinadas aos nativos de Ganturé=, alterou o Aquartelamento do lado da população pela eliminação da paliçada e procedeu à revisão do sistema defensivo daquele. O croquis anterior dá uma ideia do Aquartelamento nesses tempos, onde se pode ver ainda, a Tabanca inicial e os dois tipos de casas correspondendo às duas fases do ordenamento da população. 

A CART 2410 foi rendida a 21JUN69, por troca com a CCAÇ 2316, vinda de Guileje,  que apenas permaneceu em Gadamael, cerca de 4 meses. 

Seguiu-se a CART 2478 que começou por se instalar em Ganturé a 11OUT69, onde manteve dois Pelotões até à sua extinção, a 13MAI70. Foi no tempo desta Companhia que se iniciou a construção de Valas, como sistema defensivo.



Aquartelamento de Gadamael Porto nos primeiros meses de 1973, no tempo da CCAÇ 3518.
O Aquartelamento, tal como se representa no croquis, deve ter-se mantido sem grandes alterações, até ao ataque do PAIGC de MAI/JUN/73, apenas reforçado com um Pel CAN S/R com 5 armas, chegado a Gadamael na primeira quinzena de Maio, no tempo da CCAÇ 4743.


A 29DEZ70 a Companhia anterior era rendida pela CCAÇ 2796 que, nos primeiros tempos em Gadamael, foi severamente atacada pelo PAIGC, tendo sofrido várias baixas, entre os quais, o próprio Comandante da Companhia. O esforço operacional não a impediu de se dedicar à população, construindo 80 casas no Setor Norte do Aldeamento, uma Escola e um Posto Sanitário, na zona de ligação entre os dois setores do Ordenamento, para além de um Heliporto, Casernas e uma nova Reorganização do Terreno. A 1ª foto aérea dá uma ideia do Aquartelamento e das zonas limítrofes, no tempo desta Companhia.

A 24JAN72 a CCAÇ 3518 rende a Companhia anterior. Apesar dos constantes patrulhamentos numa extensa ZA, com uma fronteira de muitos quilómetros, nunca teve qualquer contacto com o IN. O PAIGC utilizava as frequentes flagelações sobre o Aquartelamento como forma de manifestar a sua presença e pressionar as NT, normalmente à noite, retirando durante esta todo o Armamento Pesado. 

Durante a presença desta Companhia foram feitas novas construções, entre elas um novo Paiol, e recuperadas as Casas de construção europeia. Foi anda concluído definitivamente o Aldeamento. É ainda de salientar a atividade do Posto Escolar nº 23, frequentado por 40 crianças e uma dúzia de adultos nativos. Desta ação beneficiaram ainda 30 praças que obtiveram o exame de 4ª classe em Bissau. (P6283)

A 04MAR73 abandonam Gadamael os últimos efetivos da CCAÇ 3518, dando lugar à CCAÇ 4743 que estava em sobreposição desde 08FEV73. Foi efémera a presença desta Companhia, interrompida pelo ataque a Gadamael de consequências dramáticas para toda a guarnição e população, ocorrido a partir da retirada de Guileje a 22MAI73. O que se passou a seguir, não é objeto deste anexo.

E agora um simples “clique” sobre a fotografia seguinte, permite-nos uma visita, em ecrã inteiro, a Gadamael Porto, nos finais do ano de 1971. Podemos ver a Escola e o Posto Médico ligando os dois Setores do Reordenamento da População, a Pista, o Heliporto, o Aquartelamento, bem como o envolvimento da floresta e do braço do rio Cacine.

Gadamael Porto nos finais do ano de 1971.  Fotografia gentilmente cedida pelo © Cor Morais da Silva.


Finalmente, aproveito para agradecer a possibilidade de divulgação das fotografias, ao Cor Morais da Silva (foto 1 e 3) e ao ex-Alf Mil L Monteiro (foto 2), bem como a intensa colaboração na elaboração dos Croquis, ao ex-Fur Mil L Guerreiro da CART 2410 e ao ex-Alf Mil L Monteiro da CCAÇ 3518, sem a qual não seria possível a sua apresentação.






Fontes:
Principal – Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, através das Apresentações, correções e Comentários.

Fontes Adicionais:
A necessidade de elementos concretos, obrigou ao contacto direto de vários camaradas que fazem parte da Tertúlia - Cor. Morais da Silva; ex-Alf Mil Vasco Pires; ex-Fur Mil Luís Guerreiro - e ainda do ex-Alf Mil Lopes Monteiro que não faz parte de mesma.

Manuel Vaz
Ex-Alf Mil
CCAÇ 798
____________

Nota de CV:  

Vd. último poste da série de 13 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9740: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (8): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar - Anexos I, II e III

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7186: Memória dos lugares (105): Gadamael e as suas unidades de quadrícula (Luís Graça / Daniel Matos)


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 3518 (1970/74) > Album fotográfico de Daniel Matos >  Foto 44 > "Cais de Gadamael, num momento de descarga do batelão (BM3), que nos abastecia e que ali deixava os produtos que transportaríamos nas colunas para Guileje"




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 3518 (1970/74) > Album fotográfico de Daniel Matos >  Foto 12 > "O autor, junto às águas do Rio Sapo, afluente do Rio Cacine, que banhava Gadamael Porto"




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 3518 (1970/74) > Album fotográfico de Daniel Matos >  Foto 67A  > "Fevereiro  de 1973, Messe"




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 3518 (1970/74) > Album fotográfico de Daniel Matos >  Foto 65 > Secretaria




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 3518 (1970/74) > Album fotográfico de Daniel Matos >  Foto 58 > Caixa de correio




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 3518 (1970/74) > Album fotográfico de Daniel Matos  > Foto 23 > "O autor, à entrada dos quartos de Sargentos em Gadamael; já quando lá chegámos se chamava "Cozinha Económica" ao edifício, e nós, com intensa actividade a condizer no átrio de entrada, soubemos conservar a tradição... O edifício seria completamente destruído nos primeiros dias de Junho de 1973".




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 3518 (1970/74) > Album fotográfico de Daniel Matos  > Foto 23 > Foto 69a > "A entrada de Gadamael, junto ao cais; a seta lembra implacavelmente a distância a que estamos de casa: 3600 km!"... (O edifício em frente parece-me ser o tal que  ostenta, na parede lateral, o enigmático acrónimo A.S.C.O... Faz todo o sentido ficar junto ao cais, tratando-se de um edifício comercial . Em 1968/69, no tempo da CArt 2410, era messe e quartos de sargentos, segundo informação do Luís Guerreiro).


Fotos (e legendas): © Daniel Matos (2010)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


Não sei se foi a primeira unidade de quadrícula, mas em 1967/68, esteve em Gadamael (todo o tempo da comissão) a CART 1659; mobilizada pelo RAC, saiu da metrópole em 11/1/1967 e regressou a 30/10/1968. O Comandante era o Cap Mil Art Manuel Francisco Fernandes de Mansilha. Não está representada no nosso blogue, tnato quanto sei ou pude apurar.

A seguir esteve lá o BCAÇ 2834, que era comandado pelo Ten Cor Inf Carlos Barroso Hipólito. Este batalhão (a que pertenciam as CCAÇ 2312, 2313 e 2314), ou melhor o respectivo comando e a CCS passaram por vários sítios (Bissau, Buba, Aldeia Formosa e por fim Gadamael, possivelmente no final da comissão).  Mobilizado pelo RI 15, o batalhão embarcou a 10/1/1968 e regressou a casa 23/11/1969. Parece-me também não termos cá ninguém, desse batalhão,  que tenha passado por Gadamael.

A CCAÇ 2316 / BCAÇ 2835, da mesma época, também passou por Gadamael (Bissau, Bula, Mejo, Guileje, Gadamael, Bissau, por esta ordem). Teve quatro capitães, incluindo o Barbosa Henriques, natural de Cabo Verde, que eu conheci, como instrutor da 1ª Companhia de Comandos Africanos, em Fá Mandinga, terra do Jorge Cabral (de quem, de resto, ficou amigo, até morrer).

Temos a seguir a CART 2410: mobilizada pelo GACA 2, embarcou em 11/8/1968 e regressou a casa a 18/4/1970. Esteve em Gadamael e Guileje. Comandante: Cap Mil Art Amílcar Cardigos Pereira. A CART 2410, Os Dráculas,  está representada no nosso blogue pelo ex-Fur Mil do 4.º Gr Comb,  Luís Guerreiro (que vive hoje na Canadá).

Outra companhia que passa, no final da sua comissão , por Gadamael, é a CART 2478: mobliizada pelo RAP 2, tem partida a 5/2/1969, e regresso a 23/12/1970. Comandante: Cap Art João Baptista Rodrigues Videira. Passou por Farim, Jumbembém,  Cuntima, Bissau, Ganturé e Gadamael. Pertecencia ao BART 2865 (Catió). A CART 2478 também não  está representada no nosso blogue.

Temos a seguir, a CCAÇ 2796 (RI 2; data de embarque: partida a 31/10/1970; regresso a 5/10/1972). Esteve em Bissau, Gadamael e Quinhámel, por esta ordem.  Comandante(s): Cap Inf Fernando Assunção Silva, e Cap Art António Carlos Morais da Silva, hoje coronel reformado, colaborador do nosso blogue.

O Morais da Silva escreveu no nosso blogue:

 “Avancei no fim de Janeiro de 1971 para o comando da CCaç 2796,  em Gadamael,  quando da morte em combate do seu comandante, meu camarada de curso e amigo Capitão de Infantaria Assunção Silva. Fiquei, a meu pedido, no comando desta companhia até ao final da comissão em Outubro de 72” (Poste P6690).

Também passou por Gadamael (e depois por Brá e Bafatá), a madeirense CCAÇ 3518 (BII 19; partida a 20/12/1970; regresso a 28/3/1974), comandada pelo Cap Mil Inf  Manuel Nunes de Sousa.

O Daniel Matos que tem um valioso álbum sobre Gadamael é o digno representante da CCAÇ 3518 na nossa Tabanca Grande. Diz que eles ficaram lá até Abril de 1974.

Mais ainda há mais unidades de quadrícula que por lá passaram no final da guerra. 

Temos a 3ª C/BCAÇ 4612/72, do RI 16 (partida a 5/10/1972; regresso a 26/8/1974). Esteve primeiro em Mansoa, depois foi colocada em Gadamael, para regressar de novo a Mansoa. Teve 3 comandantes, dois dos quais milicianos.

Outra companhia que passou por lá foi a CART 6252/72 (RAP 2; partida: 23/10/72; regresso: 25/8/1974). Esteve em Bissássema, Tite, Gadamael, Bissau e Bafatá, por esta ordem. Teve dois capitães, milicianos.

Há ainda a referir, das unidades de 1972, a nossa conhecida CCAV 8350/72 (RC 3; partida a 25/10/1972; regresso a 27/8/1974). Esteve em Guileje, como é sabido, até à sua retirada em 22 de Maio de 1973. Apanhou a batalha de Gadamael, e depois andou por Cumeré, Quinhamel, Cumbijã e Colibuía. Teve 4 capitães, sendo o primeiro o Cap Mil Art Abel dos Santos Quelhas Quintas, justamente ferido em Gadamael em finais de Maio ou princípios de Junho de 1973. Esta companhia - Os Piratas de Guileje -  tem diversos representantes no nosso blogue, sendo o mais antigo o José Casimiro Carvalho.

Também esteve em Gadamael (e depois foi para Tite) a CCAÇ 4743/72 (BII 17; partida a 27/12/1972; regresso a 31/8/1974). Teve 3 capitães. 

Outra foi foi CCAÇ 4152/73. O José Gonçalves,  ex-Alferes Mil Op Esp, membro do nosso blogue, a viver no Canadá,  esteve nesta companhia de  Jan a Jul 74. Estava lá no 25 de Abril. Esta unidade, mobilizada pelo RI 1, embarcou a a 29/12/1973 e regressou a casa em 12/9/1974. Esteve em Gadamael e depois em Cufar. Comandante: Cap Mil Inf Rodrigo Belo de Serpa Pimentel.

Antes tinha passado por Gadamael  (e depois Cacine, Cumeré e Brá) a CCAV 8452/72, comandada pelo Cap Mil Cav José Ferreira Rodrigues Peixoto. Mobilizada pelo RC 4, embarcou para a Guiné a 29/5/1973 e regressou a 6/9/1974.

2. Comentários / Rectificações / Notas adicionais dos nossos leitores (LG):

2.1. Luís Dias:

Apenas duas notas no que respeita à CCAÇ 3518. Embarcaram no Funchal, no navio Angra do Heroísmo, onde seguia também o meu batalhão (BCAÇ3872, embarcado em Lisboa dois dias antes)e m 20/12/de 1971 e não 70. Como referes,  e bem regressaram a 28 de Março de 74, no navio Niassa, também com o meu batalhão e, portanto, já não estavam em Gadamael em Abril de 74. (...)

2..2. Carlos Cordeiro:

Segundo o P6710, In Memoriam Adelino da Silva Sineiro, a CCaç 798 esteve em Gadamael Porto entre Abril de 65 e Fevereiro de 67 (...).

2.3. José Gonçalves:

 Só uma clarificação sobre a CCAV 8452, comandada pelo capitão Peixoto que já estava em Gadamael quando a minha companhia CCaç 4152 foi render a CCaç 4743 em Jan-Fev 1974. Eu não tenho bem a certeza quando a CCAV 8452 foi para Gadamael mas acho que foi substituir os Gringos de Guileje quando estes saíram. No meu tempo também lá havia uma companhia de milícias. (...)

2.4. Carlos Cordeiro: 

Os Gringos estiveram em Guileje e Nacra e não em Gadamael. Deve haver confusão com os Piratas de Guileje. (...)


2.5. Luís Guerreiro:

Uma pequena retificação: A CArt 1659 foi rendida pela CArt 2410, que por sua vez rendeu e trocou com com a CCaç 2316, que se encontava em Guileje. Quanto ao BCaç 2834 era o batalhão a que estavamos adidos, encontrava-se em Buba, e não esteve em Gadamael. (...)