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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21816: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXXIV: Memórias de São Domingos, região do Cacheu


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / fev 1969 >  Foto com dois miúdos na praia fluvial na maré baixa. O miúdo branco possivelmente seria o filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração.

 

Foto  nº 9 >  –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >Jan / fev  1969 > Caminho que conduz do centro da Vila e do Comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. 
 


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / feve 1969 > Vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja, a pouco mais de mil metros do nosso quartel. 
  


Foto nº 5 –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Primeiros dias de abril de 1968  > O edifício do meu quarto, partilhado com mais... 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos.   Pode ler-se ainda num didão, a inscrição da CCAÇ 622 [que esteve em S. Domingos em 1965]. 



Foto nº 4 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Último trimestre de 1968  > Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. 
 

Foto nº 3 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 25 de agosto de 1968 >  Banho no rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil local. 



Foto nº 1 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 11 de dezembro de 1968 >  > Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o hipopótamo, já morto.  Ao meu lado,  o meu amigo ‘O Maneta’.
 
 


Foto nº 2 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 15 de dezembro de 1968 >Antiga estrada, agora picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra; depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada.  

 


Foto nº 6  > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >  1 de setembro de 1968 > No  jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente da viatura, ainda com a capota, pois estávamos  na época das chuvas. 



Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Fim de setembro de 1968 > Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  

Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem já perto  de  160 referências no nosso blogue. (*)

 
Mensagem do Virgílio Teixeira, com data de 21 do corrente;:

Caro Luís:

(...) Agora, e em resposta ao teu pedido, vou enviar um dos temas do meu álbum fotográfico, que já estavam prontos há mais de um ano, dos quais tenho ainda tantos.   São fotos da minha galeria, tirados ao acaso de centenas delas, não há assunto em especial, apenas 'recordações de São Domingos'.

Se achares de interesse, para intercalar em tantos temas de grande valor, podes meter lá isto, que é aquilo que tenho.

Já vi muita coisa que me passou muito à frente, mas também a maioria são mais recentes, onde já havia tecnologia e pessoas mais interessadas na fotografia, e com olho para a frente, para memória futura, que não era essa a minha perspectiva.

Um abracelo, com desejos de muita saúde para todos, e que se safem desta maldita pandemia, que não vai embora tão cedo!

Virgilio Teixeira


CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: 
T217 – MEMÓRIAS DE SÃO DOMINGOS  > PARTE VII 


I - Introdução do tema: 

A continuação do Tema – As minhas memórias de São Domingos, uma terra esquecida no fim do mundo onde passei quase 12 meses da minha vida. 

Os Temas começam com os números e títulos de T211, em diante, até acabar. 

As fotos, imagens e considerações vão sair sem qualquer prioridade, selecção ou assunto, será conforme as for encontrando no meu tão grande Álbum Fotográfico, em especial deste período entre Abril/68  e Março/69. 

Espero que sejam apreciadas, como documentos de uma época, e comentadas com criticas, mas sem "juízos de valor" [, como, de resto, mandam as regras do nosso blogue].


II - Legendas das fotos: 


Foto nº 1 – Junto do meu grande amigo, com a mão na cabeça dele, já não me recorda o seu nome, mas que me procurava sempre quando queria alguma ajuda de mim. Chamava-lhe carinhosamente, ‘O Maneta’ porque lhe falta parte do braço. Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o Hipopótamo, já morto. Essas cordas que se vêm, foi para arrastar o ‘bicho’ morto, com um camião para ser sepultado, algures na mata.   Captada em São Domingos, no dia 11 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 2 – Caminho, estrada ou picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra, depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada. Uma foto tipo selfie, com a minha câmara, no tripé e era eu que a tirava.  Captada em São Domingos, no dia 15 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 3 – Banho no Rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil da zona.  Captada em São Domingos, no dia 25 de Agosto do ano de 1968. 

Foto nº 4 – Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. Captada em São Domingos, possivelmente no 3º Trimestre do ano de 1968. 

Foto nº 5 – O edifício do meu quarto, partilhado com mais 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos, depois transformada ou adaptada a dormitório de oficiais onde chegamos a estar no máximo 10 a 12 companheiros. No início era um antro de baratas nojentas, mas eu depois consegui que fossem feitas desinfestações fortes, e quase acabamos com elas. Tinha camas de ferro e colchões de espuma, bem como dois lençóis e uma fronha, depois fomos melhorando aquilo, porque era previsto para muitos meses. 

A titulo de curiosidade, no outro extremo deste edifício, paredes meias com o nosso quarto, ficavam as instalações do agente residente da PIDE.

Por outro lado, pode ler-se ainda num bidão, à direita, a inscrição da CCAÇ 622 [, Binar, São Domingos, Bula, 1964/66].   Foto captada em São Domingos, no dia em que lá cheguei, nos primeiros dias de Abril de 1968. 

Foto nº 6 – No jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente, ainda com a capota, pois estava-se na época das chuvas.  Captada em São Domingos, no dia 1 de Setembro do ano de 1968. 

Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  O local era um abrigo contíguo ao quarto, tinha os bidões de areia e lama para protecção, havia também outros bidões que forneciam água para a casa de banho.  Tinha uma mesa para escrever, e cabides para a roupa, não faltava nada.  Captada em São Domingos, no fim de Setembro de 1968. 

Foto nº 8 – Uma vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja a pouco mais de 1000 metros do nosso quartel. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 9 – Caminho que conduz do centro da vila e do comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 10 –  Foto com dois  miúdos na praia fluvial na maré baixa. Um branco, que possivelmente será filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração. O outro, um menino, um  ‘djubi’, amigo do rapaz branco.  Captada em São Domingos, num dia qualquer dos meses de Janeiro a Fevereiro de 1969. 


Direitos de Autor:  «Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM, Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI15, Tomar, 
CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,». 


Acabadas de legendar, em, 2019-03-25  | Texto revisto e modificado, em 2021-01-23 .

Virgílio Teixeira

2. Ficha de unidade > CCAÇ 622

Companhia de Caçadores nº 622
Identificação: CCaç 622
Unidade Mob: RI 16 - Évora
Crndt: Cap Inf José Bento Guimarães Figueiral
Divisa: -
Partida: Embarque em 25Fev64; desembarque em 03Mar64 | Regresso: Embarque em 27Jan66

Síntese da Actividade Operacional

A partir de 8Mar64, substituindo dois pelotões da CCav 567, assumiu a
responsabilidade do subsector de Binar, então criado na zona de acção do
BCaç 507, e depois do BCav 790, com vista a impedir o alastramento da luta de
guerrilha para a região de Bula-Teixeira Pinto.

Em 7Dez64, iniciou a rendição, por troca, com a CCaç 618, no mesmo
sector, começando pelos destacamentos de Varela e Susana e assumindo a
responsabilidade total do subsector de S. Domingos, a partir de 30Jan65,
orientando o seu esforço para o patrulhamento e interdição da zona de fronteira
naquele subsector. 

De 5Dez65 a 15Abr66, por agravamento da situação, a zona de acção do destacamento de Susana passou a subsector temporário, com a instalação da CCav 1485.

Em 18Jan66, foi completada a rendição, por troca, no subsector de S. Domingos pela CCav 1483 e seguiu para Bula, onde assumiu transitoriamente a função de subunidade de reserva do BCav 790.

Em 26Jan66, foi substituída pela CArt 1526 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações: Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 330.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19392: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LIX: O estado de coma... alcoólico no passagem de ano de 1968/69, e as crises de paludismo...


Foto nº 1 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 1 de janeiro de 1969 > O meu estado de coma, durante as primeiras horas do dia de Ano Novo de 1969. Furriéís da CART 1744, meus amigos e camaradas, "fazendo-se pensar por enfermeiros"...



Foto nº 2 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > Messe de sargentos >  1 de janeiro de 1969 >  A farra ou a tainada  continua


Foto nº 3 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > Messe de sargentos >  1 de janeiro de 1969 > Os mesmos da parelha anterior, agora com mais dois furriéis, o 1º Sargento Godinho, e o Alferes Gatinho, o careca.



Foto nº 11 >   Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 26 de outubro de 1968,  na minha cama, no meu quarto,com um ataque de paludismo.


Foto nº 12 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 27 de outubro de 1968 >  Na minha cama, no meu quarto, já e fase de recuperação do paludismo.


Foto nº 13 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 28 de outubro de 1968 >  Na minha cama, já com evidentes melhoras, e já a ler uma revista.


Foto nº 14 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 28 de outubro de 1968 >  Na  minha cama, a convalescer, lendo uma revista, pronto para o próximo combate. 


Foto nº 21 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > Janeiro de 1969 >  Já com a braçadeira de ‘oficial de dia’ num local a que chamavam ‘Casa do Anis’. 


Foto nº 22 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > Fevereiro  de 1969 > Cserna dos soldados > Uma festa de aniversário de alguém, onde já se nota o cheiro a álcool.


Guiné > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >  São Domingos, 1968/69

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alfmil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


[Foto à acima , o Virgílio e a esposa Manuela, o grande amor da sua vida, na Tabanca de Matosinhos, Restaurante Espigueiro (ex-Milho Rei), 5 de setembro de 2018. O casal vive em Vila do Conde.  (Foto: LG, 2018)]



CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:
T091 – O ESTADO DE COMA ALCOÓLICO
UMA SITUAÇÃO REAL DA QUAL NÃO ME ORGULHO
- O COMA PROFUNDO, OS CONVIVIOS, AS FESTAS, OS COPOS E A PERDA DE CONSCIÊNCIA.
- OUTRO TEMA DA PERDA DA CONSCIÊNCIA:
AS DUAS TERRIVEIS CRISES DE PALUDISMO




I - Anotações e Introdução ao tema:


Deixo estas peças – coma, copos e malária – para este fim de ano de 2018.

NOTA PRÉVIA:

Para além de ressalvar os erros e omissões que remeto para final, este tema pode não ser tal como o descrevo, pela razão evidente que o vivi, sem ter consciência do mesmo. 

1 - O tema principal é o ‘estado de coma’ porque passei, na noite de 31 de Dezembro de 1968, para 1 de Janeiro de 1969. Não me agrada, mas nem por isso vou deixar de me lembrar deste episódio e partilhar com outros.

Estamos no final do ano de 1968, com jantar melhorado, antes e depois, muitos copos de bebidas variadas, começa na messe de oficiais, depois na messe de sargentos, acabando junto daqueles com quem mais convivi, os nossos soldados, em especial os condutores. Não sedi se foi esta a ordem mas vamos passando por todas as ‘capelinhas’ como é normal.

Sempre a beber, sempre a misturar, tudo o que tivesse álcool, e rapidamente a mente está toldada, com tantos aromas e tanta mistura, todos querem partilhar um pouco e os copos vão sucedendo uns atrás de outros.

Não sei bem contar esta história, porque na realidade e na prática eu ‘não a vivi’, foi algo que me toldou o cérebro, e já não era eu.

Por volta da meia-noite, os oficiais do Batalhão foram convidados para o fim de ano na Casa do Administrador local, que passa inevitavelmente à meia-noite, pelo champanhe, que não me lembro se era nacional, mas presumo que era Francês.

Esta é a machadada final, pois pouco depois já era o ‘Novo Ano de 1969’, e a partir daqui não posso contar mais nada, pois perdi natural e vergonhosamente todos os sentidos, e assim entrei em estado de ‘coma alcoólico’. Não é bonito, nem feio, foi assim, não fui o único, nem serei o último.

Acordei já a meio da manhã desse primeiro dia de Janeiro de 1969, na minha cama, vestido com um pijama, que quase nunca o vestia, era em Terylene, nylon ou polyester azul-escuro. 

Procurei saber onde estava e o que me tinha acontecido, lentamente acordo e tento procurar todos os meus bens pessoais, que não tinha – o meu relógio Omega, a minha Câmara Konica, os meus documentos, a minha carteira, o meu dinheiro, a minha lanterna, o meu cordão e medalha em ouro, enfim as minhas coisas pessoais. Nada vejo, nem tenho a quem perguntar. 

Levanto-me tomo o duche com o recurso habitual à lata e o bidão de água, visto-me e vou tomar águas da Perrier, nem pensava em comer. A nossa capacidade de sobrevivência é enorme, os nossos anos ainda de jovem têm uma grande vantagem, pois rápido recupero.

Sei que me observavam, muita gente sabia o que se tinha passado, mas eu não. 

Passaram-se muitas horas desde que perdi a consciência, não fazia a mínima ideia do que aconteceu, e nem hoje sei ao certo, talvez me ocultassem por razões de ética e camaradagem. Mas constou-me que estaria deitado numa berma, e já a ser rodeado por população local, Felupes e outros.

Acabo por saber que foi um grupo de Furriéis milicianos, da CART 1744, com os quais eu convivia numa constante camaradagem e brincadeira, nunca tinha vivido assim antes, foram eles que me conduziram para o meu quarto e a minha cama, despiram-me a roupa e vestiram aquele pijama que raramente usava. Devem ter preparado uma grande brincadeira com esta situação. Contaram-me, eles e outros do meu Batalhão, mais ou menos, não quis mais saber. Entregaram-me tudo, pois tiveram a preocupação que nada ficasse perdido ou fosse roubado.

Não almocei, bebi sempre águas, e à noite já estava novamente com eles, bem fresco e com aquela pedalada que hoje já não tenho, onde se fizeram algumas cenas hilariantes, era afinal dia de ano novo. Tudo na messe de sargentos, onde se juntaram praças e oficiais.

Mais tarde com a revelação do rolo que estava na minha máquina fotográfica, venho a encontrar, entre outras, esta que apresento – Foto Nº 1.

Eles, neste período de tempo, á vontade, durante a noite, vestiram-se como se fossem médicos e enfermeiros, simulando e bem, uma transfusão de sangue, acho que é isso que aparece na fotografia, que eles com a minha máquina me tiraram, e assim ficou na minha história, da qual muito se falou depois, mas já não me lembro de nada, porque não ‘assisti’ ao vivo a este momento único.

Não deixo de agradecer a todos por aquilo que me fizeram, se ninguém me socorresse, o que ara quase impossível, pois naquela meio tão pequeno ninguém passava despercebido, talvez as coisas levassem outro rumo, mas foi assim e tudo correu bem, talvez agora a figadeira se vai queixando de tanta barbaridade, que não me orgulho, mas também não me lamento de nada.

Faz agora – 1 de Janeiro de 2019 - 50 anos que tudo aconteceu, e continuo vivo, e nessa noite já estava em novas brincadeiras, com aqueles que eu mais apreciava, eram os operacionais da CART 1744, a Companhia de Intervenção. Sempre achei aquela Companhia do Capitão Serrão como um exemplo a seguir, levavam aquela vida como se fosse uma brincadeira, mas quando era para trabalhar e intervir, não faltaram nunca. 

Tudo começou mal mas acabou em bem, mas poderia ter tido outro desfecho.

2 – Meti aqui neste tema, mais umas fotos e passagens. Ou seja por que razões aconteciam estas coisas, esta a mais grave, começava tudo em festas de aniversários e petiscada, e depois acabava tudo com os copos. 

Tenho mais de uma centena de fotos que não tenciono publicar, pois não são cenas que me dignifiquem, são demasiado ultrajantes para o meu posto e para a minha função, como para qualquer um dos outros camaradas, pois estamos todos à molhada nas mesmas fotos.

3 – Aproveitei também para anexar algumas fotos daqueles terríveis momentos em que estamos a ferver a mais de 42º, com a Malária, a doença do mosquito, o Paludismo. 

Para muitos que sabem o que isto é, não preciso de explicar muito, mas entramos em delírio nos primeiros dois dias, até que a célebre ‘Terramicina’ comece a fazer o seu efeito e a temperatura comece a baixar. Numa situação de temperatura ambiente acima de 35º e mais, temos tanto frio como se estivéssemos na neve, as ajudas eram poucas, o Médico não sei bem o que fazia, mas o nosso Enfermeiro, o já falecido Furriel Veiga, estava ali para ajudar no que podia e era com certeza orientado pelo nosso Médico, posto que ele atingiu já na vida civil, acabou por cursar medicina.

Apanhei por duas vezes esta peste, uma vez em Nova Lamego, outra em São Domingos.

II – Legendagem das fotos:

F01 – O meu estado de coma, durante as primeiras horas do dia de Ano Novo de 1969.

A simulação bem-feita dos dois Furriéis, meus amigos e camaradas da CART 1744, que infelizmente não me recordo dos seus nomes, fazendo passar-se por enfermeiros, numa missão de transfusão de sangue, de soro, ou mais vinho e álcool...

Foto captada em São Domingos, na minha cama, no meu quarto, durante a madrugada do dia 1 de Janeiro de 1969.

F02 – Na messe de Sargentos a brincadeira continuou, com fantasias de ano novo. A mesma ‘parelha’ que me socorreu com a transfusão de ‘soro alcoólico’ agora com novas vestes e cenas que não era normal ver na classe e messe de oficiais. Só gostavam de jogar.

Foto captada em São Domingos, na messe de sargentos, na noite do dia 1 de Janeiro de 1969.


F03 – Na messe de Sargentos, em cima da mesa, uma cena qualquer que não distingo. Os mesmos da parelha anterior, agora com mais dois furriéis, o 1º Sargento Godinho, e o Alferes Gatinho, o careca.

Foto captada em São Domingos, na messe de sargentos, na noite do dia 1 de Janeiro de 1969.

F11 – Na minha cama, no início de um ataque de Paludismo, talvez a delirar.

As fotos podem ter sido tiradas por qualquer camarada meu no nosso quarto, mas não sei.

Pode ver-se um balde com água e talvez gelo, para molhar a toalha e colocar na cabeça, as dores eram terríveis, e afectavam-me bastante.

E lá estão os comprimidos – LM  [, Labortório Militar,] – para todos os males.

Foto captada em São Domingos, na minha cama, no meu quarto, no dia 26 de Outubro de 1968.

F12 – Na minha cama, na cura do Paludismo, já com evidentes melhoras.

As fotos podem ter sido tiradas por qualquer camarada meu no nosso quarto, mas não sei.

Pode ver-se já as garrafas de água Perrier, com as quais combatia a desidratação.

Foto captada em São Domingos, na minha cama, no meu quarto, no dia 27 de Outubro de 1968.


F13 – Na minha cama, já com evidentes melhoras, e já a ler uma revista.

As fotos foram tiradas por um camarada a meu pedido.

De salientar, agora que estou a apreciar, as paredes estavam repletas de fotos, de mulheres que faziam capas nas revistas internacionais da época. Sem entrar em cenas ousadas, uma simples figura feminina, com roupa interior ou de praia, era uma delícia para a malta toda.

Não sei se cá na metrópole desse tempo, existiam revistas destas, não me lembro. 

Apenas sabemos que não haveria ‘motorista’ de pesados, que não tivesse na sua cabina do camião, algumas capas destas revistas, mais tarde bem ousadas.

Foto captada em São Domingos, na minha cama, no meu quarto, no dia 28 de Outubro de 1968.


F14 – Na minha cama, a convalescer, lendo uma revista, pronto para o próximo combate. 

As fotos foram tiradas por um camarada a meu pedido.

Foto captada em São Domingos, na minha cama, no meu quarto, no dia 28 de Outubro de 1968.


F21 – Já com a braçadeira de ‘oficial de dia’ num local a que chamavam ‘Casa do Anis’. 

Esta e outras tantas fotos, representam a razão por que poderiam aparecer situações extremas, incluindo o Coma.

Na companhia de alguns soldados do meu Batalhão, uns à civil, outros fardados. E sempre com o copo na mão, que não era água de certeza. Não sei se a Casa do Anis, era o nome de alguém, ou se era um sítio onde se bebia ‘anis’!

Não percebo também os olhares arregalados de todos os presentes, mas sei que todos me respeitavam. Este era um serviço de 24 horas sempre presente e atento.

Foto captada em São Domingos, na Casa do Anis, tomando uma qualquer bebida em Janeiro de 1969.


F22 – Uma festa de aniversário de alguém, onde já se nota o cheiro a álcool.

Era neste ambiente que nasciam os exageros, aos quais nunca faltava à chamada.

Pode notar-se sempre de copo na mão, na maioria são soldados condutores, dois furriéis, o Carvalho, e o outro atrás de um copo que pode ser o Camolas. Lembro os nomes dos soldados condutores, o Ermesinde, o Bourbon, o Pita e outros.

Terá sido uma das últimas fotos e convívios com o meu pessoal em São Domingos, pois de seguida, antes do fim do mês, já estava em fuga para mais umas férias no Porto.

Foto captada em São Domingos, numa Caserna de Soldados, em meados de Fevereiro de 1969.

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».


NOTA FINAL DO AUTOR:


# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #


Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-12-30
Virgílio Teixeira

___________

sábado, 10 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19180: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte L: Viagens pelo rio Cacheu em sintex: abril de 1968 e janeiro de 1969


Foto nº 55 > Viagem de sintex, no rio Cacheu, janeiro de 1969 > O piloto, e à esquerda o Alferes Gatinho, da CART 1744 que estava em São Domingos.


Foto nº 53 > O barco deixando um rasto para trás de água remexida, o nosso Cabo Piloto (não sei o nome dele, mesmo viajando várias vezes com ele).  


Foto nº 54 > Fomos Rio Cacheu abaixo até à sua Foz.


Foto nº 52 > Eu, Virgílio Teixeira, bebendo uma cerveja Sagres, possivelmente bem quente.


Foto nº 51 A > Vista parcial da cidade de Cacheu


Foto nº 51 B > Vista parcial da cidade de Cacheu


Foto nº 51 C > Vista parcial da cidade de Cacheu


Foto nº 51 > Vistas do Cacheu na saída da cidade, é visível que já tem algumas infra-estruturas, como o cais acostável para barcos de pequeno e médio porte, equipado com guindastes e armazéns.


Foto nº 4 > Continuando a viagem e numa posição de eventual fogo...Viagem de sintex de São Domingos - Cacheu, abril de 1968.


Foto nº 6 > Outra perspectiva do rio mais largo, mas ao fundo vai afunilar.


Foto nº 5 > Uma vista do rio que vai entrar numa faixa muito estreita.


Foto nº 2 > O piloto do sintex a descobrir as passagens dos rios. Eu, em primeiro plano, fumando um cigarro.


Foto nº 1 > O sintex  a caminho do Cacheu. Eu, no meio, entre dois soldados operacionais.


Foto nº 3 > Eu, sentado na beira do barco, já de calções de banho.


Foto nº 7 > Aproximação cais da cidade do Cacheu

Foto nº 7A > Aproximação cais da cidade do Cacheu


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

VIAGENS PELO RIO NOS PEQUENOS BARCOS SINTEX

T803 – DE SÃO DOMINGOS AO CACHEU NO SINTEX



ADVERTÊNCIA:

Foi editado neste Blogue, em Janeiro de 2018, um tema controverso, e também dúbio para mim, sob a designação: “Perdidos no Rio”. (**)

Havia algo que não batia certo, comparando as fotos, umas a preto e branco e outras que eram slides a cores, bem como as pessoas envolvidas, as datas, pelo que procurei nas minhas escrituras o que se passava, falei com outros camaradas, e a estória estava mal contada, com uma grande baralhada.

Por isso chamo a atenção que algumas das fotos aqui presentes, podem já ter sido editadas no Poste original, por isso as minhas desculpas pela repetição, mas agora o Tema já está organizado.

Fiz um trabalho de reorganização de todas as fotos e slides, pois afinal tinha fotos de viagens ao Cacheu, uma viagem a Varela e outra viagem a Susana, que foi nesta última que nos perdemos dois dias nos rios, braços de rios, e aldeias perdidas no cú de judas.

Vou reproduzir neste Tema – Viagens pelo rio, nos pequenos barcos Sintex - duas de várias viagens efectuadas ao “Aquartelamento” do Cacheu, sendo uma em Abril de 68 e outra em Janeiro de 1969.

O conjunto total dos 3 Temas é:

T801 – De São Domingos a Varela no Sintex

T802 – De São Domingos a Susana no Sintex

T803 – De São Domingos ao Quartel do Cacheu no Sintex


I - Anotações e Introdução ao tema:

Estas viagens eram autorizadas sempre pelo 1º Comandante do Batalhão, quando a iniciativa partia da minha parte, para tratar de assuntos relativos à minha especialidade.

Outras vezes, era nomeado pelo Comando, para comandar a operação, muitas vezes era apenas levantar mantimentos aos outros aquartelamentos, que nos faltavam devido às chuvas, ou ao atraso sistemático dos barcos de reabastecimentos. Era sempre uma operação de ‘Potencial’ risco, e tinha de levar sempre um graduado – normalmente um alferes miliciano.

O barco-banheira, fornecido pela Engenharia denominado Sintex, era em fibra, talvez de vidro, nunca soube, em forma de uma banheira doméstica, em ponto grande, 4 a 5 vezes maior. Era equipada com 2 motores fora de borda, de 50 cavalos cada, funcionando a gasolina.

Não tendo quase equipamentos nenhuns, era de um grande desconforto, tinha umas tábuas de lado a lado para o pessoal se sentar, e que raramente era usado, pois os utentes ou se sentavam na borda do barco, ou deitavam-se no fundo do mesmo, do casco interior, em cima de nada, e dormitando quando era possível. O responsável pelo barco era um Piloto, 1º Cabo de Engenharia, e penso que existiam à volta de 3 a 4 elementos desta especialidade, apesar e só haver um único barco Sintex, que eu me lembre.

Depois tinha de se levar, além de todo o equipamento individual e normal de uma operação, as armas, G3 e carregadores, bem como algumas coisas pessoais, pois podia levar 1,2 e 3 dias ou mais. Fazia parte da guarnição um soldado ou cabo atirador de infantaria, que carregava normalmente uma arma de carregamento de fita, uma MG 60 por exemplo, mais um outro operacional, soldado ou cabo, no total era normalmente uma expedição com 4 homens. Por norma nunca vi qualquer meio de comunicação ou de transmissões, o que era uma chatice quando o piloto se perdia, o que aconteceu pelo menos uma vez comigo.

Os ocupantes levavam a respectiva ração de combate, como era usual nas saídas.

Depois ficava o resto do espaço livre do barco, para carregar os mantimentos e afins, nos regressos da expedição.

Os rios e braços de rio eram muitos, altamente perigosos por natureza, não só devido à Fauna existente nos seus leitos, mas também pelos circuitos de braços de rio facilmente de perder de vista, além do normal perigo de aparecimento de elementos do Inimigo, as suas margens muitas vezes ao alcance de uma granada de mão, e em caso de necessidade de encostar o barco, não era possível, o ‘tarrafo’ das margens não davam possibilidade para desembarcar, só mesmo nos locais já abertos e preparados para esse efeito.

Eram momentos fantásticos, de paisagens e vistas de perder o fôlego, em particular o inesquecível ‘estuário do Rio Cacheu’ ao entrar dentro do Oceano Atlântico. Muito mais largo e imponente do que o existente, o estuário do Tejo em Lisboa.


II – Legendagem das fotos:

A – Viagem feita em Abril de 1968, não tendo possibilidades de saber o dia certo. Este conjunto de fotos foi feito no mesmo dia “Em Abril de 1968, sem data precisa”.

Era uma missão que me agradava imenso, pois ia mudar de ares, conhecer mais e melhor os rios e terreno, os aquartelamentos, os camaradas, as condições de vida da nossa tropa, era um dia entre muitos, diferente dos restantes.

Muitas vezes regressava já de noite, pois às 18 horas era noite cerrada.

As fotos F01 a F07, dizem respeito a uma, de várias vezes, que fiz viagens ao aquartelamento do Cacheu, sendo necessárias julgo que duas horas, para cada sentido.

F01 – Depois de preparado, o barco já está a caminho do Cacheu. Estou no meio de dois homens, soldados operacionais, e todos descontraídos.

F02 – O piloto do barco a descobrir as passagens dos rios. Com algum tempo de viagem, já dá para deitar e fumar um cigarro.

F03 – Sentado na beira do barco, já de calções de banho. Esta era uma situação recorrente, para apanhar sol no corpo todo, fazia-se esta asneira, pois o sol queimava a pele, que o diga o Furriel Pinto, que lhe saiu a pele toda do corpo, porque era muito sensível, com pele muito branca.

F04 – Continuando a viagem e numa posição de eventual fogo. Isto são fotos só para guardar de recordação, pois nenhum perigo se avistava.

F05 – Uma vista do rio que vai entrar numa faixa muito estreita. Pode ver-se nitidamente que vamos entrar em zona já de algum perigo eventual.

F06 – Outra perspectiva de um rio mais largo, mas ao fundo vai afunilar. As imagens são praticamente iguais, mas sempre diferentes a cada curva do rio.

F07 – Finalmente o barco chega ao cais da cidade do Cacheu. É uma cidade do interior já de algum luxo e conforto, comparada com outras bem piores. A cidade do Cacheu é uma das mais importantes da Guiné, tem uma fortificação com alguns canhões apenas para decoração, já não funcionam. Aqui era a sede de agrupamento.

B – Viagem feita em finais de Janeiro de 1969, não tendo possibilidades de saber o dia certo.

Este conjunto de fotos foi feito no mesmo dia “Em finais de Janeiro de 1969, sem data precisa”.

As fotos F51 a F55 respeitam a uma das minhas últimas viagens ao Cacheu, pelo meu ainda algum conhecimento, é a viagem já de regresso, de Cacheu para São Domingos.

F51 – Vistas do Cacheu na saída da cidade, é visível que já tem algumas infra-estruturas, como o cais acostável para barcos de pequeno e médio porte, equipado com guindastes e armazéns.

F52 – O autor, Virgílio Teixeira, bebendo uma cerveja Sagres, possivelmente bem quente.

F53 – O barco deixando um rasto para trás de água remexida, o nosso Cabo Piloto (não sei o nome dele, mesmo viajando várias vezes com ele).

A paisagem é um misto de ‘beleza e o desconhecido’ nunca se sabe quando pode aparecer fogo de um lado ou outro, ou ser levantado por um enorme Hipopótamo ou levar uma pancada da cauda de um enorme crocodilo.

F54 – Fomos Rio Cacheu abaixo até à sua Foz, foi o melhor cruzeiro da minha vida, pois por um lado já apanhávamos o ‘clima’ Atlântico, e depois um enorme Estuário que não foi possível ‘meter’ nesta foto, ver as suas margens de um lado ao outro, inesquecível e impressionante.

O Piloto deve ter tirado a foto, e quem vai a conduzir o barco é outro elemento da guarnição. O estuário já está para trás, já demos a volta e vamos a caminho de São Domingos.

F55 – A última foto da viagem, está o Piloto a pilotar, e o Alferes Gatinho, da CART 1744 que estava em São Domingos. Acabou de dormir uma sesta, e agora apareceu. Fiz algumas viagens com ele, segundo se consta, era o menino bonito do nosso Comandante Saraiva, que nesta data já não estava connosco. Jogavam muito à Lerpa à noite.

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ1933 / RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir. Nada mais. #

Acabadas de legendar, hoje,

Em, 2018-11-06
Virgílio Teixeira
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Notas do editor:



6 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18180: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte VII: Perdidos no rio Cacheu, em maio de 1968 (2)

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18960: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XLI: Efeméride: a maior flagelação ao quartel de São Domingos foi há 50 anos...


Foto nº 1A > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >  16 de abril de 1968 > 18h00 > Cerimónia do arrear da bandeira


Foto nº 1B  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 16 de abril de 1968 > 18h00 > Cerimónia do arrear da bandeira > Do lado esquerdo,  o edifício do Administrador Local.


 Foto nº 2 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 16 de abril de 1968 > 18h00 >  Após os primeiros ruídos de saída dos Morteiros- início de mais uma flagelação do IN, todo o pessoal vai a correr para os seus postos, abrigos ou espaldões. 


Foto nº  3 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 16 de abril de 1968 >  O ataque vem do Norte – Senegal – e por este caminho vai o pessoal a correr para o Quartel de Cima – Companhia de Artilharia 1744, do Capitão Mil Serrão.


Foto nº 4 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 16 de abril de 1968 > Neste ponto o pessoal já está no fim da linha, junto à paliçada que separava o nosso aquartelamento, da terra de ninguém, a 2 ou 3 km do Senegal.



 Foto nº 11 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 1º semestre de 1968 > Vindos do lado leste um Grupo de Combate (CCAÇ 3 ou Companhia de Milícias  24) acaba de chegar de uma operação de rotina ou de reconhecimento dos arredores.



Foto nº 11A > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 1º semestre de 1968 >Saída de dois Gr Comb, do aquartelamento para operações de rotina ou reconhecimento, levadas a efeito pelo CCAÇ 3 ou  CM 24.


Foto nº 12 > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >1º semestre de 1968 > Saída de dois Gr Comb, do aquartelamento para operações de rotina ou reconhecimento..



Foto nº 12A  > Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > 1º semestre de 1968 > Saída de dois Gr Comb, do aquartelamento para operações de rotina ou reconhecimento.


Foto nº 13 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/ BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) >1º semestre de 1969 >Chegada ao aquartelamento de um Gr Comb  da CART 1744, após uma operação de rotina ou de reconhecimento.


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 80 referências no nosso blogue.



 Guiné - Portugal 67/69 - Álbum de Temas:

T023 – A  MAIOR  FLAGELAÇÃO AO QUARTEL DE SÃO DOMINGOS ACONTECEU ÀS 24 HORAS DE 27, OU 00:00 HORAS DE 28 AGOSTO 1968
OUTRAS IMAGENS DE FLAGELAÇÕES AOS QUARTEL EM SÃO DOMINGOS
IMAGENS DE GRUPOS DE COMBATE NA SAÍDA E NA CHEGADA DE OPERAÇÕES


I - Anotações e Introdução ao tema:


1 – O MAIOR ATAQUE A SÃO DOMINGOS


Este Tema tem por finalidade dar conta de uma Efeméride – Os 50 anos, ou Meio século - que neste dia 27 e inícios de 28 de Agosto de 1968, se deu o maior ataque/flagelação ao aquartelamento e povoação de São Domingos.

Iniciou ao cair das 24 horas do dia 27 de agosto de 1968, e início de 28 do mesmo mês.

Sendo o maior de sempre, pela hora, o tempo de duração – 30 minutos, e a intensidade de fogo com todo o tipo de armas – Morteiros 82, Canhão Sem Recuo, Lança Granadas RPG e Lança Roquetes, Armas Pesadas e Ligeiras modernas,

Partiu da fronteira Norte com o Senegal, tendo sido devidamente respondido com as nossas armas, contudo o tempo foi interminável, longo e assustador. Era Noite.

Não sei explicar os contornos militares, pois não foi minha preocupação perceber isso, mas sim apanhar os invólucros que caíram perto da minha residência/dormitório.

Não houve mortes, feridos alguns e em especial das populações, socorridas prontamente.

O IN felizmente não apontava as armas como deve ser, pois num pequeno espaço em que nos encontramos, se meia dúzias de ameixas caíssem nas instalações haveria certamente muita coisa a lamentar, embora tínhamos sempre os abrigos, que não estando ao alcance imediato sempre serviam para meia protecção das tropas.

Não há fotos como é óbvio, nem dessa hora nem do dia seguinte, mas poderia ter algumas dos buracos que as bombas fizeram.

Fica aqui a história para quem esteve lá se lembrar, mas não vejo muita gente do meu Batalhão a comentar nada.


2 – IMAGENS DE UMA FLAGELAÇÃO ÀS 6 HORAS DA TARDE


Aproveitei este Poste para colocar então outro acontecimento, que por acaso eu estava a fotografar nos primeiros tempos em São Domingos. Era a cerimónia diária de Hastear a bandeira de manhã, e o arrear da bandeira ao fim do dia – 18 horas da tarde, inicio da noite.

Estava então uma secção comandada pelo Oficial de Dia, na cerimónia de arrear a bandeira, 10 militares, 2 a começar a arrear a bandeira Nacional em frente do Posto do Administrador Local, e além dos nossos militares estava sempre presente uma quantidade representativa da Mocidade Portuguesa de São Domingos.

Às 18 horas quando se inicia o arrear da bandeira, tinha eu feito a primeira foto, houve-se o ‘baque'  da saída de morteiros, então gera-se logo a confusão total e todos correm para os seus abrigos e os responsáveis pelos armamentos vão para os seus postos.

Eu fico ali com a máquina na mão, a tentar fazer as imagens da minha vida, isto é fotografando tudo. Claro que não era nenhum bravo nem herói, era a juventude e ingenuidade a juntar à minha ideia de fazer as fotos, não ligando nada ao que acontecia à volta. Quando elas começam a cair, eu também não era alheio a isso, e fiquei também descontrolado, as fotografias que deviam sair acabam por não acontecer.

A máquina não era como agora uma automática, após uma foto tinha de ir ao carregador e passar para a seguinte, mas com a normal atrapalhação, não metia nova foto, e assim vou carregando umas atrás das outras, e de vez em quando lá passando mais uma foto.

A verdade é que de quase um rolo se aproveitam umas 5 fotos, as outras ficaram todas em branco ou em cima das anteriores, foi uma desgraça total, e com a agravante de não encontrar uma quinta, só me aparecem 4 para representar este inédito e inolvidável acontecimento.

Acabo a última já na Companhia de Cima – onde estava a CART 1744, do Capitão Serrão, a qual fazia a segurança ao aquartelamento, a Companhia de Intervenção.

Nunca fiz publicidade disto, guardei e numerei-as e datei, dia 16 de Abril de 1968. Não durou muito tempo, pois conseguimos pôr os Turras a fugir com a nossa pronta resposta, mas nunca me escondi nem me deitei ao chão, estava obcecado pelas fotos, nada mais.


3 – PARTIDAS E CHEGADAS DE GRUPOS DE COMBATE AO AQUARTELAMENTO


Ainda dentro do mesmo princípio, para aproveitar este Poste, juntei algumas fotos – 3 – dos Grupos de Combate, quando saiam e quando chegavam de operações diárias.

Duas delas são com militares nativos, ou da CCAÇ 3, ou Companhia de Milícias 24, que integravam as nossas tropas. Na terceira,  em 1969, são militares da CART 1744.

São um pequeno testemunho de como se passavam as operações militares rotineiras, numa das quais eu próprio fui nomeado para uma operação, não de combate, mas apenas de um reconhecimento normal à volta do nosso aquartelamento de São Domingos, quando não devia ter feito, não era essa a minha especialidade.


II – As Legendas das fotos:


F1 – Cerimónia normal em qualquer Unidade em qualquer sitio. De manhã o hastear da bandeira, e ao fim da tarde, 18 horas, o arrear da bandeira. Aqui era mais uma vez, em frente do edifício do Administrador Local. São Domingos, 16Abr68

Pode ver-se um militar a puxar o fio da nossa bandeira, uma secção militar a prestar honras com as armas, atrás um grupo grande da Mocidade Portuguesa, e nessa hora e ao toque da corneta, toda a gente, civil e militar,  ficava parada e em sentido. Velhos tempos em que havia respeito à bandeira de Portugal.

F2 – Após os primeiros ruídos de saída dos Morteiros- início de mais uma flagelação do IN, todo o pessoal vai a correr para os seus postos, ou abrigos ou de armas. SD, 16Abr68.

Existiam outras fotos com a guarda de honra em debandada, mas falharam os disparos na máquina, muitas fotos se perderam.

F3 – O ataque vem do Norte – Senegal – e por este caminho vai o pessoal a correr para o Quartel de Cima – Companhia de Artilharia 1744, do Capitão Mil Serrão e outros. SD, 16Abr68.

Estas deslocações eram frequentes, o pessoal andava por outros sítios, e na hora de mais uma flagelação, teriam de correr para os seus abrigos e ninhos das nossas armas.

F4 – Neste ponto o pessoal já está no fim da linha, junta à paliçada que separa o nosso aquartelamento, da terra de ninguém e logo a cerca de 2 a 3 km tínhamos a Republica do Senegal, e os Santuários dos Turras, que eram autorizados por aquele país.

F11 – Vindos do lado Leste um Grupo de Combate acaba de chegar de uma operação de rotina ou de reconhecimento dos arredores. SD, 1º Semestre de 68.

Estes Gr Comb eram formados por militares de maioria negra, pertencentes à Companhia de Caçadores Nativos nº 3 ou Companhia de Milícias nº 24, comandadas normalmente por Furriéis ou Alferes miliciano.s

F12 – Saída de dois Gr Comb, do aquartelamento para operações de rotina ou reconhecimento, levadas a efeito por Nativos da CCAÇ 3 ou CM 24, comandadas por graduados brancos, Furriel miliciano ou Alferes Miliciano. SD, 1º Semestre de 68.

F13 – Chegada ao aquartelamento de um GC da CART 1744, após uma operação de rotina ou de reconhecimento, como chegam a pé, conclui-se que não seria de uma grande dimensão a área percorrida. SD, 1º Semestre de 69.

Pode ver-se bem o armamento que levava, e o cansaço com que chegaram. Em pé e sem boné, está o nosso Capitão Martins, da Secção de Pessoal e reabastecimentos, a ver a chegada das tropas.


Em, 2018-08-27

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

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