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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17077: Convívios (779): Convívio do pessoal do BART 1913 (Guiné, 1967/69), a levar a efeito no próximo dia 27 de Maio de 2017, em Viana do Castelo (Fernando Cepa)



Pede o nosso camarada Fernando Cepa, (ex-Fur Mil Art da CART 1689/BART 1913, Catió, Cabedú, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), para divulgarmos o Convívio do seu Batalhão, a levar a efeito no próximo dia 27 de Maio de 2017 em Viana do Castelo, este ano coincidente com o 50.º aniversário da partida para a Guiné.


CONVÍVIO DO PESSOAL DO
BART 1913 
 CCS, CART 1687, CART 1688 e CART 1689

27 DE MAIO DE 2017 - VIANA DO CASTELO 

CINQUENTENÁRIO DA PARTIDA PARA A GUINÉ EM 25.04.1967 

PROGRAMA:

10.00 H - Recepção no Forte de S. Julião da Barra 
11.00 H - Missa na Igreja de S. Domingos 
13.00 H - Almoço no Restaurante Camelo em Santa Marta de Portuzelo 
16.00 H - Queimada Galega 
Animação - Música, Baile e Folclore 

Presenças já confirmadas. 
Senhor General Manuel Moreira Maia 
Senhor Tenente Coronel Alves da Silva 

Contactos:
Teotónio Barreto (Ex-Alf Mil da CCS) - 963 037 234 
Fernando Cepa (Ex-Fur Mil da Cart 1689) - 964 056 889 
____________

Nota do editor

Último poste da série de 21 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17070: Convívios (778): XI Encontro dos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Matosinhos, a realizar-se no próximo dia 11 de Março de 2017, em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)

sábado, 24 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13189: Memória dos lugares (267): Cachil, na ilha de Caiar, a sudoeste de Catió, na margem esquerda do Rio Cobade



Guiné > Mapa da província > 1961 > Escala 1/500 mil > Pormenor > Posição de Cachil, na ilha de Caiar, a sudoeste de Catió... As ilhas de Caiar, Como e Catunco, estavam separadas do continente, a norte pelo Rio Cobade, a oeste pelo Rio Tombali, a leste pelo Rio Cumbijã, e a sul pelo oceano Atlântico... A ligação de Cachil (na margem esquerda do Rio Cobade)  a Catió fazia-se de barco, pelo Rio Cobade e depois pelo seu afluente, o Rio Cagopère (em cuja margem direita se  situava o porto exterior de Catió).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)



Guiné > Ilha do Como > 1964 > Op Tridente (de 14 de Janeiro a 24 de Março de 1964)

Infografia: © Mário Dias (2005). Todos os direitos reservados


"A designada Ilha do Como é, na realidade, constituída por 3 ilhas: Caiar, Como e Catunco mas que formam na prática um todo, já que a separação entre elas é feita por canais relativamente estreitos e apenas na maré-cheia essa separação é notória.

"Na ilha não existia qualquer autoridade administrativa nem força militar pelo que o PAIGC a ocupou (não conquistou) sem qualquer dificuldade em 1963. As tabancas existentes são relativamente pequenas e muito dispersas. Possui numerosos arrozais, o que convinha aos guerrilheiros pois aí tinham uma bela fonte de abastecimento, acrescido do factor estratégico da proximidade com a fronteira marítima Sul e o estabelecimento de uma base num local que facilitava a penetração na península de Tombali e daí poderia ir progredindo para Norte.

"Não tinha estradas. Apenas existia uma picada que ligava as instalações do comerciante de arroz, Manuel Pinho Brandão (na prática, o dono da ilha) a Cachil. A partir desta localidade o acesso ao continente (Catió) era feito de canoa ou por outra qualquer embarcação. A casa deste comerciante era, se não estou em erro, a única construída de cimento e coberta a telha.

"Portugal não exercia, de facto, qualquer espécie de soberania sobre a ilha. Tornava-se imperioso a recuperação do Como. Foi então planeada pelo Com-Chefe a Operação Tridente na qual foram envolvidos numerosos efectivos, divididos em 4 Agrupamentos (...), num total de cerca de 1200/1300 homens"


Fonte: Mário Dias > Guiné 63/74 - CCCLXXII: Op Tridente (Ilha do Como, 1964): Parte I (Mário Dias) (15 de Dezembro de 2005)


Guiné > Região de Tombali > Carta de Catió > 1956 > Escala 1/50 mil >  Posição relativa da Catió, com os seus portos, interior (no Rio Cadime, afluente do Rio Capère) e exterior (no Rio Cagopère, afluente do Rio Cobade, que por sua vez liga(va) o Rio Tombali ao Rio Cumbijã).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).





Guiné > Região de Tombali > Ilha de Caiar > Cachil > CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil (1964/66) > Desembarque no Cachil,  a norte da iha de Caiar,  princípio de Dezembro de 1965


Guiné > Região de Tombali > Ilha de Caiar > Cachil > CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil (1964/66) >  O cais de abicagem, feito de troncos de palmeira... Na foto,  a mascote da companhia, o Toby, de raça boxer, ferido em combate. .  Fotos do álbum do ex-alf mil João Sacôto).

Foto: © João Sacôto (2011). Todos os direitos reservados



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto interior (no Rio Cadime, afluente do Rio Cagopère) > Álbum fotográfico do nosso saudoso camarada Victor Condeço (1943-2010) > Foto 1 > " Aproximação ao porto interior de Catió no rio Cadime da lancha de transporte LP2, que fazia o reabastecimento diário do pão e da água ao Cachil na Ilha do Como [1967/1968]. ".



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Porto interior (no Rio Cadime, e não Cadima, afluente do Rio Cagopère) > Álbum fotográfico do Victor Condeço> Foto 2 > "- Lancha do Cachil LP2, em manobra de atracação ao cais do porto interior de Catió no rio Cadime. Neste dia [11 de Julho de 1967] os passageiros eram um pelotão da CArt 1687 em trânsito do Cachil para Cufar, onde renderia por troca outro pelotão da CCaç 1621, concluindo-se assim a troca das companhias".

Fotos (e legendas): © Victor Condeço (2010). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13188: Memória dos lugares (266): Cachil, o meu suplício de Sísifo durante 30 dias (Benito Neves, ex-fur mil, CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67)

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10515: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (8): Cufar, 1970 (Parte II)


Foto nº 62





Foto nº 56



Foto nº 64



Foto nº 65



Foto nº 66


Foto nº 57


Foto nº 60


Foto nº 63


Guiné > Região de Tombali > Cufar > Pel Caç Nat 51 > 1970 > Álbum fotográfico do Armindo Batata, ex-alf mil, que esteve em Guileje de janeiro de 1969 a janeiro de 1970, e depois em Cufar... De cima para baixo: fotos nºs 52, 56,  57, 60, 63, 64, 65, 66. 


1. Segunda parte da publicação das fotos de Cufar. Estas fotos, tal como as restantes que foram cedidas pelo Armindo Batata ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje, não têm legendas. O Armindo já nos prometeu que, com tempo e vagar, vai legendá-las e enviar outras, do seu álbum. O nosso camarada,  de rendição individual, esteve em Cufar, depois de Guileje, a comandar o Pel Caç Nat 51, possivelmente ainda durante uns bons 9 meses, até acabar a sua comissão...

Nas fotos nº 56 e 64 vê-se o pau da bandeira e, na sua base, um pequeno monumento de homenagem à CART 1687 (1967/69). 

Os camaradas que passaram por Cufar (desde os mais antigos como o Mário Fitas aos mais novos, como António Graça de Abreu) e que ainda sabem reconhecer e descrever  os sítios, podem ajudar-nos a completar a legendagem. Os editores (e os leitores) agradecem.

Fotos: © Armindo Batata (2007). / AD - Acção para o Desenvolvimento Todos os direitos reservados [Fotos editadas por L.G.]





Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART 2477 (1969/71) > O Jorge Simão junto ao edifício da secretaria (?)... Várias companhias por aqui passaram, além da CART 2477: CCAÇ 763, CCAÇ 1621, CART 1687... Temos alguns camaradas pertencentes a duas destas unidades de quadrícula: Hugo Ferreira Moura (CCAÇ 1621) e Mário Fitas (CCAÇ 763)... O Jorge Simão, residente em São João da Madeira,  foi 1º Cabo Escriturário, CART 2477, Cufar, 1969/71. 

Foto: © Jorge Simão (2010). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:


Último poste da série > 7 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10494: Álbum fotográfico de Armindo Batata, ex- comandante do Pel Caç Nat 51 (Guileje e Cufar, 1969/70) (7): Cufar, 1970 (Parte I)

domingo, 13 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9038: O nosso blogue em números (15): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Felismina Costa, Manuel Moreira e Carlos Pinheiro... Fotos de Cufar, de Victor Condeço (1943-2010)


Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART1687 (1967/1969) > Setembro de 1967 > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Foto 07  > Interior da messe e bar de Sargentos.


Guiné> Região de Tombali > Cufar > CART1687 (1967/1969) > Setembro de 1967 > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Foto 10 > "Outro interior da messe de Sargentos. Vejam-se os cadeirões feitos dos barris do vinho, a necessidade aguçava o engenho".

Fotos do nosso saudoso camarada, membro da Tabanca Grande, Victor Condeço (1943-2010), que era natural do Entroncamento, e foi Fur Mil Mecânico de Armamento na CCS / BART 1913 (1967/69) (1967/69), além de notável fotógrafo. É mais que justo recordar a sua memória nesta data. Falámos os dois, emocionados, ao telefone, antes da sua dolorosa partida desta vida. (LG)

 Fotos (e legendas):  © Victor Condeço (2007). Direitos reservados.



A. Mais comentários de membros da nossa Tabanca Grande: Felismina Costa (com data de 7 do corrente), Manuel Moreira e Carlos Pinheiro (12 do corrente), a propósito do passado, do presente e do futuro do nosso blogue (*):


1. Felismina Costa (a nossa amiga de Agualva, Sintra, antiga madrinha de guerra):

(...) 
Caro Luís Graça, administrador e editor do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné,
 Caro co-editor e administrador Carlos Vinhal,
Co-editor Magalhães Ribeiro,
Co-editor Virgínio Briote,
Cartógrafo mor Humberto Reis
e colaboradores permanentes Hélder Sousa, Joaquim Mexia Alves, Jorge Cabral, José Manuel Diniz, José Marcelino Martins Miguel Pessoa e Torcato Mendonça:



A todos, os meus sinceros Parabéns!

Parabéns sobretudo, pela vossa persistência, pelo vosso trabalho, pelo vosso altruísmo, que dá voz a todos e a cada um, dos que viveram e sofreram os efeitos de uma guerra que marcou a vossa/nossa Juventude, permitindo que se conheça em pormenor a vivência de cada um no referido conflito, suas recordações mais marcantes, visto que acontece num tempo em que todos eram Jovens, ávidos de conhecimento e descoberta e até de aventura.

Hoje, a várias décadas de distância, o conflito é por vós analisado e revivido neste Blogue, que se tornou o meu Jornal diário, onde procuro entender motivos e encontrar justificação para o que então se viveu, sabendo de antemão que nenhuma Guerra se justifica, muito embora se diga que elas são necessárias.
Parabéns, pelo número de aderentes, pelo interesse manifestado a nível de visitantes, pela quantidade de trabalhos apresentados e pela quantidade de comentários que suscitam.

Parabéns,  igualmente, pelo número de camaradas que fez aproximar, que permitiu reencontrar, formando uma gigantesca família, que se vai encontrando, revivendo o passado e falando do presente, quer no encontro anual da Tabanca Grande, quer nas reuniões semanais ou mais ou menos esporádicas das Tabancas mais pequenas.

Permitam-me que fique a um cantinho, observando a vossa alegria quando se encontram.

Permitam-me que seja uma espectadora e uma admiradora das vossas recordações.

Desejo que todos continuem unidos e que o Blogue continue a ser a expressão da vossa vivência passada, nua e crua, para que possa ser avaliada correctamente:

Saúdo-vos a todos num abraço fraterno.





2. Manuel Moreira (ex. 1.º Cabo Mec Auto, CART 1746,Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967 a 1969)



(...) O nosso blogue está muito bom e deve continuar com os moldes existentes, a menos que os seus editores tenham ideias superiores em alterar, para melhor.


Apetece-me dizer, como " velha " Portuguesa: P'ra melhor está bem, está bem ; p´ra pior já basta assim.


Bom S. Martinho no Reguengo Grande, terra do meu camarada da CART 1746,  António Daniel Ferreira, na Rua da Boiça nº 7. (...)



3. Carlos Pinheiro (ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70),


(...) Não podia deixar de corresponder ao desafio para dar a minha humilde e modesta opinião acerca do "nosso" blogue.


Independentemente de muitos outros que vão aparecendo, e que são sempre importantes, o facto é que o "nosso" blogue já tem uma história alargada e os seus "postes" poderão um dia, diria até vão,  contribuir decisivamente para que possas reescrever a história daquele período conturbado da vida das nossas gentes. 


Quando digo nossas gentes, quero incluir todos os que fomos obrigados a combater e também os que foram obrigados a combater-nos. Será um trabalho importante e interessante pelo que não será preciso desafiar-te porque penso também terás isso em mente desde que tenhas vida e saúde, como todos desejamos.


Quanto às estatísticas elas são sempre importantes mas não serão decisivas para o êxito que está a ser alcançado. O que é necessário é que cada um, à sua maneira, independentemente dos juízos de outrem, queira colaborar, desde que possa, a engrossar o próprio blogue contando as suas histórias uma vez que cada caso é um caso, por ventura sempre diferente de outros, dependendo do momento, do local e das circunstâncias onde nos pudéssemos ter encontrado e, convenhamos, há ainda muita coisa para contar.


Cada um de nós deve ser o mensageiro para que outros digam de sua justiça e que venha tudo cá para fora de muita gente que continua calada pelas mais variadas razões. Eu também tive dificuldades em começar a reviver aqueles 25 meses, e hoje vou participando como posso e sei. É pena poder pouco e o saber também não ser muito. Mas cada pode o que sabe e sabe o que pode. É tudo uma questão de se começar.


Estás de parabéns, caro Luís Graça, pela ideia inicial da criação do blogue, como também estão de parabéns todos os editores, especialmente o Carlos Vinhal, que é uma peça importante para o êxito que tem vindo a ser consolidado.


Vida e saúde é o que desejo para ti, para todos os colaboradores e para os muitos camaradas e amigos que participam pelo menos a ler, o que já é importante. O resto virá por acrescento. (...)


______________


Nota do editor:


(*) Último poste da série > 12 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9029: O nosso blogue em números (14): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Manuel Marinho e Raul Albino

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6736: Memórias boas da minha guerra (José Ferreira da Silva) (2): Sexualmente falando, tudo continua normal

1. Mensagem do nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 30 de Junho de 2010:


Camarada Vinhal
Antes do mais, um especial agradecimento, pela forma como me apoiou.
E, registando as "Memórias boas da minha guerra", cá estou a enviar a segunda história: - "Sexualmente falando, tudo continua normal".


Junto uma foto do cais de Cufar. Uma mulher semeando cereal, indiferente ao movimento militar integrado na Op Diabo Negro (23.02.68). Publique, se julgar oportuno.


Espero que o meu tipo de linguagem (básica/popular/nortenha) não agrida ninguém, porque desejo exactamente o contrário.


Um abraço do
Silva da Cart 1689




Memórias boas da minha guerra (2)

Sexualmente falando, tudo continua normal

Cufar é no sul da Guiné, perto do rio Tombali, e fica a uns 12Km de Catió. Apesar de se encontrar assim perto, estava isolado e a ligação entre Cufar e Catió, fazia-se só em colunas militares, com periodicidade mais ou menos mensal, para seu abastecimento.

De vez em quando servia de base de operações, sempre com muita tropa, por ser zona perigosa. Só para montarmos a segurança às colunas, nuns 8Km, até ao cruzamento de Camaiupa, gastava-se um dia, desde o amanhecer até ao anoitecer. Os que lá estavam aquartelados eram poucos para as necessidades operacionais e de defesa (não passavam de uns 170 homens, incluídos os africanos da milícia) e a sua actividade limitava-se praticamente ao movimento diário no espaço do aquartelamento e à defesa de violentos ataques nocturnos.

Sempre que por lá passávamos, era festa e bebedeira certa. Estavam lá aquartelados desde o início de Maio de 67 os militares da Companhia 1687, que pertencia ao nosso Batalhão 1913, sediado em Catió e de onde saíram só 2 anos depois.

Entre militares, falar de actividade sexual naquela zona era uma utopia, aliás como na maioria da Guiné, porque os guerrilheiros levavam as mulheres logo na sua baixa adolescência (Bajuda com cabaço). As poucas mulheres que lá ficavam eram velhas (mulher grande) e parte delas eram companheiras dos milícias que também viviam dentro do arame farpado, mas com vida independente.

As necessidades sexuais (tesão, rebarba, apetite ou lá o que lhe queiram chamar), eram o dia a dia dos militares e não só em Cufar. Recordo que era vulgar verem-se alguns militares dirigirem-se para o chuveiro improvisado, feitos pavões, com a toalha pendurada no pénis.

Mas em Cufar, havia uma solução curiosa. A Fati, que era mulher do milícia Jaramba, satisfazia toda a gente, graças às suas capacidades manuais. E então, quando a tropa recebia o seu pré, aquilo era um movimento contínuo, fazendo bicha, para a palhota (tabanca) da Fati.

Ao contrário dos outros indígenas ligados à nossa tropa, este casal pertencia a uma etnia diferente, visto que o Jaramba bebia álcool e os outros não. E era grande o interesse deste africano em seguir o modelo português. Frequentava o Bar, falava razoavelmente o português crioulo, e gostava de saber coisas de Lisboa, do Salazar e de Portugal (afinal éramos todos portugueses).

São mais de 11 horas da manhã, o sol é abrasador, e não há árvores junto da tabanca da Fati, que se situa na orla da parada. A fila dos militares estende-se pela parada dentro. Do outro lado, mesmo de frente, é o Bar e lá de dentro, avista-se a fila dos que fazem bicha de mãos nos bolsos, a assar ao sol. O Jaramba bebe cerveja. Parece um homem orgulhoso e feliz. A tropa vai sendo (patrioticamente) aliviada, ganhando a mulher do Jaramba algum dinheirito e com ele lá vai o Jaramba governando a sua vida e bebendo mais alguma cerveja.

Entretanto, o Furriel Belarmino, um católico fervoroso e bastante militante, não via com bons olhos a actividade constante da mulher do Jaramba e tratou de catequisá-lo. E, ao deparar-se com mais uma fila (militar) para a palhota do Jaramba, entrou pelo Bar adentro e com ar zangado e modos menos amistosos, atirou-lhe:
– Jaramba, não tens vergonha deste espectáculo? – E continuava: – Não sabes que Deus não quer estas vergonhas e que um dia serás castigado? Tu que até pareces evoluído, não vês que os brancos não fazem coisas destas? Como podes dizer que somos todos iguais?  Mulher branca que faz isto é prostituta e está condenada pela Igreja e pela sociedade.
 – Ma Furiel, mim mulher inhcá puta, inhcá parte catota, és bom pessoal  – dizia o Jaramba que acrescentava:
– Fati faz bom no tropa, és brincadera, tudo ficar contente e Fati vai ganha patacão.

O Furriel, que bebia um sumo, ofereceu-lhe mais uma cerveja e lá insistiu de novo nos seus conselhos cristãos e modos europeus.

No dia seguinte, mais ou menos à mesma hora, o Bar estava mais movimentado. A fila dos carentes fora desmobilizada, porque a Fati não estava a trabalhar e a porta da tabanca fechada.

Interrogavam-se uns, preocupavam-se outros.
 – Que se terá passado?

Ninguém sabia. Apareceu, então, o Cabo Enfermeiro Alijó que informou o pessoal que o Jaramba partiu o braço direito à Fati, depois de uma grande discussão. Tinha estado a ligar-lhe o braço e não podia fazer esforços com ele.
– Ora foda-se lá a taça, logo hoje que estava com os colhões cheios – observou o Gondomar.

Ao que prontamente lhe respondeu o Matosinhos:
– E os outros, não?
– E o Jaramba, onde está?  – perguntou o Nogueira.
– Estava ali há bocado com o beato do Furriel Belarmino, junto ao embondeiro grande – testemunhou o Costa de Vila Real.
– Então foi-se confessar, o filho da puta – observou logo o Guimarães.

Os dias passavam, o fim do mês ainda vinha longe, e o Jaramba foi rareando as suas visitas ao Bar. E agora, quando se aproximava não havia ninguém que lhe oferecesse uma cerveja. Por seu turno, o Belarmino, o guia espiritual, que não era homem de Bar, também não via necessidade de passar por lá, para compensá-lo da sua nobre atitude.

Mais uns dias depois, o Jaramba atravessa a parada, com o filhito pela mão. Entra no Bar, pede uma cerveja e um Sumol. O Cantineiro admira-se, olha para a parada e volta a ver os militares a formar fila. Pergunta, então, ao Jaramba:
– Tua mulher já está bem?
E ele:
– Sim, tudo bem na mão squerda.

Silva da Cart 1689





Guiné > Postais ilustrados da "Guiné Portuguesa" > "2A. Bajuda balanta no arrozal, Mansoa" >  Edição Casa Mendes, Bissau > Execução Foto Lisboa > Feito em Portugal...  Cortesia do Agostinho Gaspar
(ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), natural do concelho de Leiria... Ainda não descobri o making of, a história da produção desta série de beldades guineenses, em poses usadas para a época, e que fazia as delícias dos tugas... Quem não tinha (e não trouxe para a metrópole) a colecçãozinha completa ?... Um pormenor curioso é que alguns dos modelos (belíssimos, a pedir meças às louras suecas que afixávamos nas paredes dos bunkers...) que se deixaram fotografar em trajes muito reduzidos, trazem ao peito fios com crucifixos, sugerindo serem raparigas cristãs... 

Qualquer semelhança com a genial, divertida e pícara história contada pelo Silva, tendo como heroína a Fati e o azeiteiro (termo do calão nortenho) do Jaramba, fica por aqui, até por que não queremos ferir as susceptibilidades de ninguém, nem muito menos ofender os seus valores morais... O texto do Silva vai já para  a futura antologia do blogue, para a secção do... humor em tempo de guerra. Anima-te, Jorge Cabral, que já não estás sozinho!

 Só um reparo sócio-linguístico: "Partir punho" era uma expressão que faz(ia) parte do nosso calão de caserna, pelo menos no "chão fula", na zona leste... Aparentemente, não se usava em Cufar, o termo, claro, não a prática...  (LG)


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Nota de CV:

Vd. primeira história da série no poste de 8 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6696: Tabanca Grande (227): José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913 (Guiné, 1967/69)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5977: Tabanca Grande (207): Jorge Simão, de S. João da Madeira, ex-1º Cabo Escriturário, CART 2477, Cufar, 1969/71



Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART 2477 (1969/71) > Vista aérea de Cufar...

Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART 2477 (1969/71) > O 1º Cabo Escriturário Jorge Simão


Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART 2477 (1969/71) >  O Jorge Simão junto ao edifício da secretaria (?)... Várias companhias por aqui passaram, além da CART 2477:  CCAÇ 763, CCAÇ 1621, CART 1687... Temos alguns camaradas pertencentes a duas destas unidades de quadrícula: Hugo Ferreira Moura (CCAÇ 1621) e  Mário Fitas (CCAÇ 763)...

Fotos: ©  Jorge Simão (2010). Direitos reservados



1. Mensagem do novo membro da nossa Tabanca Grande (*), Jorge Simão, residente em São João da Madeira, ex-1º Cabo Escriturário, CART 2477, Cufar, 1969/71:

 Assunto: pela primeira vez o meu contacto

S.João da Madeira, 5 de Março de 2010

Amigos e companheiros de Guerra, depois de algum tempo que ando aqui a "espreitar" o vosso blogue, sempre resolvi escrever para vocês, mas antes de mais vou-me apresentar:

Sou Jorge Augusto Simão, da Rua dos Viajantes, 214,  1º-Esq., 3700 - 303 S. João da Madeira, fiz parte da CART 2477 do BART 2865 e foi colocado em Cufar e o Batalhão em Catió (foi para a Guiné em Fev / 69 até Dez /70, mas eu ainda aguentei em Bissau até Fev 71, era 1º Cabo Escriturário).

Vou enviar umas fotos em Cufar, mas como é a primeira vez que escrevo, fico-me por aqui, espero umas dicas do Luis Graça, porque espero que este contacto seja o mais correcto. Numa próxima vez escreverei mais em pormenor alguns acontecimentos passados na Guerra.

Um abraço grande deste camarada e combatente da guerra da guiné.

Jorge Simão

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Jorge:  Em primeiro lugar, põe-te à vontade. Uma vez que já nos "espreitas" há uns tempos, sabes bem que aqui, na nossa Tabanca Grande, ninguém bate a pala a ninguém, respeitamo-nos uns aos outros, é certo, mas tratamo-nos por tu como camaradas que fomos e continuamos a ser...

Não tenho nenhumas dicas especiais para te dar, as nossas regras de convívio são públicas (e respeitadas...), e o que me resta para te dizer é apenas isto: Sê bem vindo, Jorge. Abanca aí, debaixo do nosso poilão, respira fundo, gere as tuas emoções, conta-nos as tuas histórias de Cufar, manda-nos as fotos que achares terem algum valor documental...

Obrigado por teres "ousado" contactar-nos. És, slavo erro, o primeiro camarada da tua companhia a ingressar na nossa Tabanca Grande, o que muito nos honra e te honra a ti, também... O próximo qu entrar já é periquito à tua beira...

Espero poder vir a conhecer-te pessoalmente em breve (por que não, no dia 19 ou 26 de Junho próximo, em Monte Real, no nosso V Encontro Nacional ?). Até lá, vai escrevendo.

Um Alfa Bravo. Luís Graça

PS - Sobre Cufar tens cerca de 110 referências no nosso blogue (II Série)... Clica aqui.

___________

Nota de L.G.:

(*) Último poste da série > 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5898: Tabanca Grande (206): Agostinho Gaspar, de Alqueidão, Boavista, Leiria, ex-1-º Cabo Mec Auto, 3ª C/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74)

sábado, 19 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2453: O que fazia um militar da ferrugem como eu ? (Victor Condeço, ex- Fur Mil Mec Armamento, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69)

Guiné > Região de Tombali > Cufar > CART 1687 (1967/1969) > 21 de Setembro de 1967 > Álbum fotográfico de Vitor Condeço > Foto 10 > "O Fur Mil Victor Condeço numa das suas inspecções ao armamento, verificando uma G3 no aquartelamento de Cufar em Setembro de 1967, veja-se a improvisação da mesa com o tampo feito de um cunhete de munições 7,62 e os pés feitos de aduelas de barril".


Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS/ BART Álbum fotográfico de Victor Condeço > F05 > 1 de Agosto de 1967 > GMC reconstruída em Catió a partir de duas outras que estavam na sucata e abatidas. Repare-se na falta da matrícula que oficialmente e por motivos óbvios não podia existir.

Com tanto pessoal civil e militar na pista, algo de importante se deveria passar... não recordo o quê. Recordo no entanto alguns dos aqui presentes, em cima da esquerda para a direita o Fur Mil Arménio, ?, o Sold Poupinha, o Fur Mil Pires; ao volante o madeirense Fur Mil Freitas, a seu lado o condutor auto ?, e em baixo o Fur Mil Cabrita.

Fotos e legendas: © Victor Condeço (2008). Direitos reservados.

1. Texto do Victor Condeço (1), com data de 13 de Janeiro

Meu caro Luis,

Saúde e boa disposição.

Não querendo tomar muito do teu precioso tempo, venho apenas dizer-te que li o post P2431, fiquei admirado pela publicação do mesmo, pois que não era esse o propósito ao tentar dar uma ajuda ao Nuno Rubim.

Gentileza tua aproveitar uma coisa sem importância, mas já que entendeste assim, obrigado pelo que escreveste, gostei da tua prosa sobre o pessoal da ferrugem.

É verdade! O pessoal do Serviço de Material era tido como uns sortudos e olhados com algum sobranceirismo, por estarem dispensados de actividades operacionais e até fora de algumas escalas de serviços, por isso também ouvíamos umas bocas.

Mas havia excepções, dependendo dos comandantes das unidades onde estávamos inseridos, isso motivou a Nota-Circular 10347/A de 16JUN67 da 1º REP do QG do CTIG, com recomendações para o escrupuloso cumprimento das disposições constantes de O.E. nº 6, 3ª Série de 28FEV58 e da Circular nº7994 de 14ABR65 da Rep. Of. /DSP.

No meu caso particular, fiz de tudo um pouco, só nunca alinhei no mato.

O tempo que me sobrava não era muito, pois tínhamos por todo o sector mais de um milhar de armas ligeiras e pesadas para dar assistência.

Só em Catió chegámos a ter além da CCS, duas Companhias de Intervenção, uma Companhia e mais dois Pelotões de Milícia e ainda 4 pelotões (Morteiros, Canhões S/R, Rec Daimler e Artilharia).

No sector existiam ainda mais 4 Companhias, em Cachil, Cufar, Bedanda e Cabedu, respectivamente, com uns quantos pelotões de Milícia, Morteiros e Canhões S/R...

Para além das funções próprias da especialidade e em que era coadjuvado pelos 1º Cabos Neves e Camarinha, fui encarregado de tratar de toda a papelada relacionada com o armamento da CCS, folhas de carga, notas e requisições, autos de ruína prematura, de extravio e de incapacidade.

Como se isso não fosse suficiente fui nomeado escrivão da Secção de Justiça e mais tarde por falta de pessoal fui integrado na secção de Reabastecimentos e Pessoal, cujo chefe era também um homem da ferrugem, o Alferes Garcia do Pelotão de Manutenção do S.M., onde fiquei com a missão de elaborar os SITMUN, os SITARM, etc. e receber os meios aéreos na pista de aviação.

Para culminar acabei por ser integrado na escala de Sarg Dia.

Valeram-me as normas que acima citei, para nunca ter participado em acções operacionais, embora vontade não faltasse ao Capitão Botelho, que era dos tais comandantes que achavam que os especialistas do S.M. deviam estar disponíveis para tudo.

Aqui para nós acho que até estávamos, pelo menos aqueles com quem convivi naqueles quase 22 meses de comissão.

Embora estivesse instituído um horário de trabalho para as diversas secções, era comum encontrar pessoas a trabalhar noite adentro: no meu caso ultimando papelada que deveria seguir no avião da manhã seguinte, o Pires, Fur Mil Radiomontador, que na sua tabanca com o seu adjunto labutava de volta dos rádios que deveriam estar operacionais para a próxima saída, que poderia ser nessa madrugada.

Também o Sargento Dias Mecânico Auto e o seu pessoal merecem aqui ser referidos, pois apesar de todas a dificuldades na obtenção de sobressalentes para as viaturas, conseguiram com arte, engenho e dedicação, recuperar e manter operacional um parque de viaturas que estavam inoperacionais aquando da nossa chegada, a maioria já abatidas e consideradas sucata.

Naquela guerra todos demos o nosso contributo, uns lutando de arma na mão e arriscando a vida no mato, outros nos quartéis cuidando dos meios e das condições para que aquela luta fosse menos arriscada e bem sucedida para todos nós.

Acabei por me alongar, mas como diz o provérbio “no comer e no falar a demora é no começar”, desculpa.

Luís, um dia chegará que nos havemos de conhecer pessoalmente e dar um abraço de quebra costelas...

Enquanto esse dia não chega, vai mais um abraço virtual muito forte.

Victor Condeço
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Nota dos editores:

(1) Vd. poste de 3 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1335: Um mecânico de armamento para a nossa companhia (Victor Condeço, CCS/BART 1913, Catió)