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quarta-feira, 5 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24451: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (37): A batatada de peixe seco... da Marquiteira, Lourinhã


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

  

 Vídeo (0' 46''). Alojado em You Tube > Luís Graça

Lourinhã > Marquiteira > Festa em Honra do Senhor Bom Jesus do Carvalhal  > 3 de julho de 2023 > A tradicional batatada que já atrai muitos forasteiros, além dos habitantes locais... É um prato como a lampreia: ou se adora ou se odeia...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Não, não é nenhum batalha campal. Há terras que fazem festas mais aguerridas, coloridas e concorridas, com a tomatada... Toneladas de tomate são destruídos, por pura diversão, nas ruas de Buñol, na província de Valência, na Comunidade Valenciana, na vizinha Espanha. É a célebre "tomatina".

Aqui, não, o povo é mais pacífico, ninguém anda a guerrear-se com tomates nem muito menos com batatas... Aqui dá-se ao dente... A batatada (de peixe seco) é um prato tradicional, rústico, pantagruélico, primitivo, dos povos da beira-mar do concelho da Lourinhã, muito apreciado ainda hoje em terras como Atalaia, Marquiteira, Ribamar, Ventosa... Era comida do inverno, quando faltava o peixe fresco. Mas também se cozia e servia no "campo",  quando os trabalhos agrícolae exigiam mais mão  de obra.  É  pena que ainda não haja, na Lourinhã, uma confraria da batatada de peixe seco (*). 

A Marquiteira (sede da freguesia de Santa Bárbara, com pouco mais de 2 mil habitantes) celebra  a sua festa anual no primeiro fim de semana do mês de julho (Fotos nº  1 e 2). O santo da devoção dos fregueses de Santa Bárbara é o Senhor Jesus do Carvalhal.  Um dos pontos altos da festa é o círio da Marquiteira ao Santuário do Senhor Jersus do Carvalhal, no Carvalhal, Bombarral (cerca de 25 km). Não faltam os comes & bebes, os gaiteiros e os fogueteiros.  Que o círio é devoção e folguedo. E que a vida são dois dias e a festa são três. ..

O outro ponto alto foi,  anteontem, segunda feira, dia 3, a tradicional batatada de peixe seco: batata cozida (Ãgria), cebola inteira e peixe seco, muito peixe a transbordar da travessa (raia, sapata, cação, safio, etc.) (Fotos nº 3 e 4). A comezaina juntou centenas de comensais, que a batatada da Marquiteira tem fama e tradição, sendo inclusive considerada a melhor do concelho, rivalizando com a da Ventosa...

Fui lá com a Alice, com um grupo de amigos e um camarada, o Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72). A jantarada (devia ser almoçarada, por causa dos problemas de digestão...) foi abundante e animada, com gaiteiros e tudo... 

Confesso que já tinha saudades, que a pandemia de Covid-19 privou-nos destas coisas boas que não há no céu... e sobretudo do convívio que proporciona a batatada da Marquiteira (bem como a da Ventosa). Já não ia lá há uns anos... (**)



Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar... e Não Tenhas Medo (Porto das Barcas, Lourinhã) >  Altar campal no sítio das antigas cocheiras > Painel  da Marquiteira (Lourinhã), Adão Lobo (Cadaval), Campelos (Torres Vedras), Cabeça Gorda (Lourinhã e Torres Vedras)
___________


(**) Último poste da série > 7 de junho de 2023 > 7 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - 24376: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (36): As ostras do nosso (des)contentamento (Hélder Sousa / Luís Graça / José João Domingos / Valdemar Queiroz)

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22343: Memória dos lugares (423): Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal, que visitei em 2011, numa festa de família (Manuel Caldeira Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589/BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68; natural de Reguengos de Monsaraz, vive em Paço d'Arcos, Oeiras)













Bombarral > Carvalhal > Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 2011 >


Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem do Manuel Caldeira Coelho (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1589/BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68), alentejano de Reguengos de Monsaraz, com mais de 4 dezenas de referências no nosso blogue, vive em Paço d' Arcos, Oeiras:

Data - quinta, 1/07/2021, 14:11


Assunto -  Achega ao Santuário Senhor Jesus do Carvalhal
 

Caro Luís, estive em 2011 neste local mas não em peregrinação. Aconteceu um encontro de familiares com mais de 40 pessoas, e obtive estas fotos (, 11, que te envio emanexo). (*)
.
Estes painéis de azulejos foram feitos por "Oficina Brito" de Caldas da Raínha, aparentemente ainda em laboração, mas não tenho as datas. (**)

Abraço


2. Comentário do editor LG:

Obrigado Manuel Coelho, pelas tuas achegas. Selecionei algumas das tuas fotos, que  vêm completar a reportagem. Limitado em termos de mobilidade, agarrado a dois canadinas e a máquina fotográfica a tiracolo, eu nem sequer entrei no santuário, onde estava a decorrer uma cerimónia (, era dia de São Pedro e São Paulo). E a reportagem que fiz, foi a possível. O meu interesse centrou-se no núcleo museológico e nos painés de azulejo do altar campal.

Vejo que vieste do Alentejo, Reguengos de Monsaraz, para um convívio familiar aqui, no Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal. É de facto também um belo sítio para se realizar um encontro de familiares, amigos e até antigos combatentes. Tem um parque de merendasd, frondoso e com bastantes meses. Achei-o um pouco mais degradado ou mal cuidado, talvez por efeito da pandemia de Covid-19. 

A aldeia de Carvalhal merece, e não é pelo facto de a série da RTP, "Bem-Vindos a Beirais", lá ter sido gravada. Tem hisória e património que merecem ser comnhecidos, com destaque para a Capela do Santíssimo Sacramento, a magnífica Quinta dos Loridos e o espantoso o Budda Edhen, e ainda a Torre do Carvalhal (ou Torre dos Lafetás).

Carvalhal é sede de freguesia que outrora pertenceu a Óbidos, a opulenta "casa das Rainhas". O concelho do Bombarral só foi criado em 1914, com a República.

Obrigado, Manuel Coelho, pela informação sobre a Oficina Brito, que eu desconhecia.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22331: Tabanca do Atira-te ao Mar (5): O "círio" ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal - Parte III: Os painéis de azulejos com os nomes dos círios

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22331: Tabanca do Atira-te ao Mar (5): O "círio" ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal - Parte III: Os painéis de azulejos com os nomes dos círios


Foto nº 1 > Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > Altar campal no sítio das antigas cocheiras > Painel com os nomes das terras da região (Bombarral, Cadaval, Lourinhã, Peniche e Torres Vedras) que, historicamente, realizam os círios ao Santuário



Foto nº 2 > Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > Altar campal no sítio das antigas cocheiras >  Painel do Merendeito (Lourinhã), Carvalhal (Bombarral), Papagovas (Lourinhã)  e Seixal (Lourinhã)



Foto nº 3 > Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) >  Altar campal no sítio das antigas cocheiras > Painel  de Ribeira de Palheiros (Lourinhã), Maxial  (Torres Vedras), Ferrel (Peniche), Atouguia da Baleia (Peniche) e Bolhos (Peniche)



Foto nº 4 > Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) > 
 Altar campal no sítio das antigas cocheiras > Painel de Casais do Rijo e das Campaínhas (Lourinhã), Carrasqueira (Torres Vedras), Sobral do Parelhão (Bombarral) e Casalinho das Oliveiras (Lourinhã)
 


Foto nº 5 > Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã) >  Altar campal no sítio das antigas cocheiras > Painel  da Marquiteira (Lourinhã), Adão Lobo (Cadaval), Campelos (Torres Vedras), Cabeça Gorda (Lourinhã e Torres Vedras)


 1. Azulejos, pintados à mão, do altar campal, construído no sítio das antigas cocheiras. Não sabemos a data nem conseguimos identificar o autor e a fábrica. Mas devem ser relativamente recentes. Talvez de finais do séc. XX. (Talvez sejam da Oficina Brito, Caldas da Rainha.)

Para além do eventual valor estético e documental, têm inegável interesse socioantropológico, para o estudo daquele santuário e da história dos seus círios. Não resisti a fotografá-los, por ocasião do 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã).(*)

A Lourinhã, com 8 círios, é o concelho que mais vezes aflui a este Santuário ao longo do ano. Segue-se Torres Verdas (com 4), Peniche (com 3), Bombarral (com 2) e Cadaval (com 1). Mas parece que fica aqui o círio da Bufarda (Peniche), que se realiza a 29 de junho. (De qualquer modo, este ano não vimos lá ninguém, talvez devido à pandemia; e a verdade é que o da Bufrada não consta do registo da página oficial do Santuário.)

Para o ano, a Tabanca do Atira-te ao Mar vai oficializar a sua candidatura a Círio do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal. Os tabanqueiros gostaram e já apontaram a data nas agendas: 29 de junho de 2022... 

O próximo "círio" será ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche. Em data a anunciar.... Aceitam-se inscrições. Almoço: Restaurante Toca do Texugo.

terça-feira, 29 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22325: Tabancas da Tabanca Grande (7): O "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal parte hoje, às 7h00 da manhã...


Igreja do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal... Cortesia da página do Facebook do Santuário.


1. Hoje, dia 29 de junho, dia de São Pedro, um dos três santos populares juninos, alguns dos mais valentes tabanqueiros da Tabanca do Atira-te ao Mar (Porto das Barcas, Lourinhã), vão fazer um "círio" ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal. A partida está marcada paras as 7h00. Na Lourinhã... Uns vão a pé (cerca de cinco de horas); outros vão de carro.

O Santuário localiza-se na freguesia do Carvalhal, no concelho de Bombarral, distrito de Leiria, diocese de Lisboa, em Portugal, a c.. 25 km da Lourinhã.

Este santuário é, desde há séculos, um  local de peregrinações, círios, feiras e romarias, vindas das mais diversas partes da região (Bombarral, Cadaval, Lourinhã, Peniche, Torres Vedras). Os círios realizam-se sobetudo no verão, indo de maio a outubro. E têm datas fixas.

(...) "Os Círios são outra manifestação religiosa presente neste Santuário com características populares onde algumas comunidades cristãs, desde tempos antigos, organizam peregrinações ao Santuário do Senhor Jesus para louvar e dar graças em cumprimento de promessas. Nestas celebrações mantêm-se as tradições antigas como o Canto da Loas e a Gaita de Foles; depois das três voltas em redor do templo fazem as ofertas dos frutos da terra." (Fonte: Santuário Senhor Jesus)

A motivação dos tabanqueiros da Tabanca do Atira-te ao Mar é  a mais diversa diversa: uns vão para matar saudades do tempo de infância e adolescência em que iam integrados em peregrinação de família ou no círio da sua terra, sendo esta uma festa sacro-profana;  outros vão por simples curiosidade etnogáfica; outros  por devoção; e outros ainda  pelo lado lúdico... Fazer uma caminhada, a pé, de cinco / seis horas horas é obra na nossa idade...Mesmo com o apoio do "carro vassoura"...

No adro do santuário, sob frondosas árvores seculares, fazer-se-à depois um piquenique: a "chef" Alice fez uma tachada de "dobrada à moda da Lourinhã" (ou "tripas à moda do Porto", conforme lhe quiserem chamar)...Cada "peregrino"  ou "romeiro" acrescenta mais qualquer coisinha ao farnel coletivo: o pão, o vinho, as azeitinas, o queijo, as pataniscas, os pastelinhos de bacalhau, a sericaia, etc... que "o santo é pobre mas bem agradecido"... 

O que importa, afinal,  é o convívio e o melhor conhecimento das tradições populares da nossa região estremenha. E, nos tempos que correm, exorcizar os fantasmas, reais e imaginários, desta pandemia que teima em não deixar-nos em paz...

A escassas centenas de metros do Santuário fica a Quinta dos Lorigos, Bacalhôa Budda Eden, que tabém vale uma visita...


2. Sobre o a história do Santuário, lemos na Wikipedia:


(...) Remonta a uma primitiva ermida sob a invocação de São Pedro, padroeiro da freguesia desde o século XIV.

A atual igreja remonta ao século XVI, tendo ruído a primitiva, provavelmente, no grande terramoto de 1531. Pelas descrições feitas nos assentos de óbito, pode verificar-se que no início do século XVII a igreja já tinha as feições que tem hoje. As memórias paroquiais de 1758 não referem qualquer dano causado pelo terramoto de 1755, facto que a ter acontecido deveria ter sido referido, uma vez que era uma das questões colocadas.

Nas aludidas memórias paroquiais, de 1758, é referida a existência dos altares colaterais (um deles já é referido em 1607, num assento de óbito, dedicado a Nossa Senhora da Graça) e a capela-mor já é descrita com as características que tem hoje, nomeadamente o facto de o altar-mor estar separado da tribuna, sem santos na banqueta, com duas imagens a ladear a tribuna, e no vão da tribuna a imagem do Senhor Jesus. Esta descrição da igreja, assim como os assentos de óbito, e as características das cantarias do arco do cruzeiro e dos altares colaterais e da talha dourada do camarim da imagem do senhor Jesus, contrariam a lenda de que a construção da igreja é do século XIX.

Dos finais do século XIX e inícios do século XX, será a capela do Senhor dos Passos, as tribunas da capela-mor, os braços laterais do coro alto e alguns elementos decorativos, como estuques, azulejos e talha dourada. (...)




 3. Lenda da imagem do Senhor Jesus:

Segundo o nosso camarada Joaquim da Silva Jorge, natural de Ferrel, ex-alf mil, CCAÇ 616, Empada, 1964/66, BCAÇ 619, Catió, 1964/66), de "Ferrel através dos tempos" (edição de autor, junho de 2019, 388 pp.),, há várias versões da lenda, mas é esta que se cont na sua terra:

(...) "Vinha um almocreve de Ferrel como seu burro,  carregado de peixe para vender, e viu um grande caixa  que as ondas tinham arrojado à praia. Pegou na caixa  sem grande esforço, apesar das dimensões, e  pô-la em cima do burro, continuando o seu caminho até ao local  da venda do peixe. Depois de ter andado muito tempo, a caixa começar a ficar cada vez mais pesada até que, chegando a um ponto mais alto com árvores, onde existia uma pequena capela em honra de  São Pedro, o burro não conseguia aguentar nem andar mais. Então o homem  descarregou a caixa  e foi chamar   o prior, que a abriu. Depararam-se então com a imagem de Jesus crucificado, que foi recolhida e exposta à veneração pública.  A história depressa de espalhou  e deu origem ao início da devocção dos círios" (pp. 125/126).

4. O círio de Ferrel, uma festa sacro-profana

O círio de Ferrel é, historicamente,  "o maior, em duração de tempo e em número de pessoas, que visita o Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal" (p. 127). Nas páginas 127/133, o Joaquim Jorge descreve, com detalhe, o ritual do círio da sua terra, dos anos 60, e as loas que se cantavam durante três dias (sábado, domingo e segunda-feira). Este círio realiza-se sempre no 4º domingo de setembro. Já o do Seixal da Louirinhã é em dia fixo, o dia 7 de Setembro, integrado nas festas anuais da terra.

Vale a pena voltar a reproduzir aqui o supracitado autor, com a reconstituição da memória do Círio de Ferrel:

(...) "Começava sexta-feira, com o gaiteiro a tocar pelas ruas da povoação, anunciando o início da festa. A partida era no dia seguinte, sábado, depois do almoço, Um pouco antes tocava o sino da igreja para lembrar que estava próxima a hora da partida.  No Largo  de Nossa Senhora da Guia juntavam-se os que iam e também os que ficavam. Estes iam ver a partida do Círio. O Juiz da festa  levava o Guião com a cruz a abrir e a seguir o Anjo  com a bandeira do Senhor Jesus e atrás uma grande multidão. Iniciavam-se assim três voltas à igreja, findas as quais o Anjo dava o sinal de partida cantando as loas da despedida da nossa aldeia" (pág. 127).

(...) Apareceu o belo dia / Por nós todos desejado / Dia de gozo e prazer / A Jesus dedicado (...) (pág. 128).

(...) "O sino tocava a repique e começava a partida em galeras, trens, carroças, burros e alguns a pé, talvez cumprindo alguma promessa. Todos levavam enxergas e mantas, galinhas e coelhos e, no princípio da semana, já tinha partido a galera do João Maltez, carregada de lenha para todos. Seguiam pela Atouguia, Serra d'El-Rei, Olho Marinho, Pó, Roliça e São Mamede e costumavam parar e saudar as igrejas destas localidades.

(...) "Finalmente chegava-se ao Santuário. Ao portão do recinto esperam aqueles que partiram nas vésperas. Formava-se a procissão com o guião, o pendão, os mordomos,  o Anjo e o povo e iniciavam-se as três voltas à igreja em louvor da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, no fim das quais o Anjo cantava as Loas da chegada que rezavam assim:

(...) Vinde ó povo desta terra / O Senhor Jesus venerar / Dia em que o Círio de Ferrel / O vem aqui visitar (...) (pág. 129)

(...) "Logo após, entrava-se na igreja para uma primeira visita ao Senhor Jesus, deixando o Guião e o pemdão junto do altar. Entretanto ocupavam-se as casas dos romeiros; acomodavam-se. As mulheres fazaim o jantar enquanto  os homens iam  arrecadar os animais nas cocheiras e tratar deles. Depois do jantar. já noite dentro,  começava o bailarico. Os povos das aldeias vizinhas eram avisados pelo foguetório. Os rapazes eram livers de dançarem com todas as raparigas, os homens com todas as mulheres, os habitantes das aldeias vizinhas com as nossas raparigas e os nossos rapazes  com as raparigas de lá; trocavam-se pares durannte a dança. O folguedo prolongava-se até  de madrugada.

"Chegava o domingo com a 'Festa de Igreja' ou Missa que era celebrada pelas quinze horas. A manhã era aproveitada para visitar a imagem do Senhor  Jesus, beijar-lhe os pés, deixar uma esmola, colocar uma vela ou pagar alguma promessa. Entretanto as mulheres iam preparando o almoço que era ao ar livre. (...) 

"A festa da igreja começava com a saudação solene ao Senhor Jesus cantada pelo Anjo:

(...) Bendita é a cruz / Do Senhor Sagrado / Em que o Bom Jesus / Foi por nós pregado  (pág. 130) (...)

(...) "Depois da missa começavam as arrumações  dos apetrechos levados e a aparelhar os animais e por volta das 17 horas formava-se a procissão para dar três voltas à igreja (...) Na despedida o Anjo cantava assim: 

(...) Adeus Senhor Jesus do Carvalhal / Adeus ditoso lugar / Agora na retirada / Deve-nos acompanhar. (...) (pág. 131).

(...) Deitava-se um foguete e era a  partida.À entrada da Atouguia da Baleia faz-se uma paragem para esperar pelos mais atrasados a fim de que a caravana se recompanha  e para impressionar os nossos vizinhos. (...) O gaiteiro não parava de tocar. A entrada  no largo da igreja [ de Ferrel] era triunfal. Seguiam-se as três voltas à igreja e no fim ouvia-se o Anjo cantar os últimos versos das loas:

(...) Aqui  chegámos enfim /  Em alegre romaria /  Trazendo nossos corações /  Cheios de prazer e alegria (...)

(...) Terminva assim a parte religiosa do nosso Círio, mas a festa  ia continuar à noite e no dia seguinte com animados bailes. A festa tinha três dias: sábado, domingo e  segunda-feira" (pág. 132).

...Claro que hoje a tradição já é não o que era, conclui o nosso Joaqyim Jorge... Mas os nossos amigos ferralejos continuam a ir lá,  todos os anos,  ao Santuário do Bom Jesus do Carvalhal, no 4º domingo de setembro.

O nosso editor promete lá ir ter depois, finda a sessão de fisioterapia, às 11h20...Alguém tem que fazer a  reportagem e provar o rancho... LG
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Nota do editor:

Último poste da série >26 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22317: Tabancas da Tabanca Grande (6): O régulo vitalício, José Belo, da sempre saudosa Tabanda da Lapónia, de regresso de Key West, traz-nos uma história da espionagem russa e sueca durante a guerra fria, em 1982, ao tempo ainda de Olof Palm

sábado, 25 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20900: Tabanca Grande (493): José Carvalho, natural do Bombarral, com amigos na Lourinhã, ex-alf mil inf, CCAÇ 2753, "Os Barões do K3" (Bissau, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim / K3 e Mansába, 1970/72): senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 807


O alf mil inf José Carvalho, CCAÇ 2753, Os Barões do K3,  (Bissau, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim / K3 e Mansába,  1970/72)
 

O médico veterinário José Carvalho, natural do Bombarral, com amigos na Lourinhã; novo membro da Tabanca Grande com o nº 807. . Fotos (e legendas): © José Carvalho  (2029). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Pimentel de Carvalho, médico veterinário e novo membro da Tabanca Grande, que passa a sentar-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 807:

Data: 14/04, 18:40 (há 10 dias)

Assunto: Inscrição como membro da Tabanca Grande

Boa tarde Luís Graça,

Depois de há bastante tempo visitar regularmente o blogue, que considero ser uma obra notória e importante para a história recente de Portugal, por isso felicito os seus obreiros, neste período de confinamento, em que até consigo ter tempo…, concretizo a decisão de apresentar a minha inscrição para membro da Tabanca Grande.

Sou oriundo do concelho do Bombarral, vizinho da Lourinhã, em cujo concelho iniciei a minha actividade profissional, na industria avícola, quando a mesma começava a ser uma das principais actividades económicas da região.

Teremos até amigos comuns, um dos quais que recordo com saudade, o Álvaro Carvalho, condiscípulo no Liceu de Leiria, nos anos sessenta, ambos com o mesmo encarregado de educação local, e irmão do meu colega e amigo homónimo José Carvalho.

Nasci em 1948, no Bombarral, José Júlio Faria Pimentel de Carvalho, fui incorporado no Exército Português em Julho de 1969, na EPI Mafra, passei pelo BI 17, Angra do Heroísmo, onde se formou a CCaç  2753, "Barões do K3",  e chegámos à Guiné em Agosto de 1970. 

A companhia finalizou a comissão em Junho de 1972 e eu com a incumbência da comissão liquidatária, em inicio de Agosto.  

Fui Alf Mil Inf tendo passado, entre 1970 e 1972 por Bissau, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim / K3 e Mansabá.

Junto-me a mais dois ”Barões”, que são membros veteranos da Tabanca Grande, o grande Amigo Vítor Junqueira, com quem ultimamente tenho convivido nos almoços da Tabanca do Centro,  e o Francisco Godinho.

Profissionalmente desenvolvi a minha actividade de Médico Veterinário, predominantemente na área da avicultura e na industria farmacêutica (saúde animal).

Em ficheiro anexo envio as duas fotografias requeridas, uma de 1972, outra desta semana e proponho no futuro enviar outras da Guiné, que porventura os distintos editores, avaliarão do interesse ou não da sua publicação.

Termino felicitando e agradecendo o notável esforço de todos Tertulianos, que ao longo destes anos, têm contribuído para o enorme sucesso do blogue.

Um abraço do
José Pimentel de Carvalho


2. Comentário do editor LG:

Caro José Carvalho: os amigos dos meus amigos meus amigos são... Além disso, como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, o que esbate logo eventuais distâncias... Seguramente que já nos encontrámos por aqui, na Lourinhã, e, como soi dizer-se nestas circunstâncias, "a tua cara não me é estranha"... 

E começas logo por citar dois grandes amigos de infância, o Álvaro Carvalho, médico psiquiatra (Lourinhã,  1948 - Lisboa,  2018) (e meu colega de escola primária, um amigo de toda a vida: tem aqui, neste blogue, pelo menos 3 referências, textos meus de apreço, saudade e homenagem) e o José Andrade de Carvalho, seu mano, também médico veterinário como tu. Em suma, sempre fui amigo da família, incluindo a Hermínia.

Quanto ao Vitor Junqueira, há muito que nos honra com a sua presença na Tabanca Grande, organizou o nosso II Encontro Nacional, em Pombal, em 2007, Tem cerca de 7 dezenas de referências no nosso blogue e dele já publicámos algumas das nossas melhores histórias. Há uns anos a esta parte deixou de ser tão assíduo, o que é humanamente compreensível: andamos para aqui a blogar desde 2004...

O Francisco Godinho ainda há pouco tempo o encontrei na Casa do Alentejo. Também nos honra com a sua presença, contando com quase 3 dezenas de referências no nosso blogue.

Naturalmente, não precisas de cartas de recomendação: estás aqui de pleno direito, como ex-combatente no TO da Guiné,  e já te sentei no lugar n.º 807, à sombra do nosso secular, mágico, protetor e fraterno poilão... Como sabes, não havia tabanca sem poilões, e a nossa tem um muito grande, justamente para poder caber, sob a sua frondosa copa, todos os nossos camaradas... (e alguns amigos/as, que, não tendo sido militares, têm uma relação especial com a Guiné).

É caso, de  resto, para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. E, no teu caso, não preciso de lembrar que a nossa Tabanca é Grande, justamente porque nela cabemos todos nós, com tudo aquilo que nos une e até com aquilo que nos pode separar. E uma vez, que não há mais nenhum José Carvalho, ficas com o nome por que  foste batizado e és conhecido, e que passa, a partir de agora, a figurar na nossa lista alfabética, de A a Z, na coluna estática do lado esquerdo do blogue. (Se preferires, podes ficar como José Pimentel de Carvalho, como és conhecido profissionalmente.)

Sendo tu já um leitor de longa data do nosso blogue, sabes quais são as nossas regras editoriais e o nosso "modus faciendi": textos e fotos para publicação mandas, como fizeste agora, para um dos editores. Tratamos depois do resto.

És naturalmente bem vindo e seguramente recebido de braços abertos por todos/as. Não tenho, assim de cor, a certeza de ter algum bombarralense como grã-tabanqueiro... Conheço o Patuleia, mas ele foi combatente em Angola, embora tenha cá bons amigos e camaradas, como o António Marques, da  minha CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71): estiveram muito juntos, no Hospital Militar Principal, em recuperação, em 1971/72.

Desculpa só agora responder-te: poderia desculpar-me com a situação atual criada pela pandemia de COBID-19 e  com  o "teletrabalho" (, que, de resto,  já existe há muito entre nós,  editores, em boa verdade desde o início do blogue, em 23/4/2004)... Mas não, precisava apenas de ter uma horinha para te dar bom andamento ao teu pedido e apresentar-te aos demais camaradas e amigos.

Vejo, por outro lado, que somos também da saúde pública, e portanto com mais afinidades, para além da Guiné e dos nossos comuns amigos da Lourinhã.  Estás apresentado, desejo-te boa saúde e longa vida, e aguardo as tuas próximas histórias.

A tua CCAÇ 2753 tem 27 referências no nosso blogue. Vão aumentar, seguramente, com a tua partilha de memórias (e afetos).
Luís Graça

PS - O nosso coeditor Carlos Vinhal é teu contemporâneo, esteve  em Mansabá,  entre abril de 1970 e março de 1972. Foi Fur Mil At Art, com a especialidade de minas e armadilhas da CART 2732.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Guiné 61/74 - P17171: Convívios (789): 40.º Encontro do pessoal da CCAÇ 3547 - "Os Répteis de Contuboel", dia 27 de Maio de 2017 na Vila do Bombarral (Manuel Oliveira Pereira)




1. Mensagem do nosso camarada Manuel Oliveira Pereira (ex-Fur Mil da CCAÇ 3547 - "Os Répteis de Contuboel", Contuboel, 1972/74), com data de 16 de Março de 2017, solicitando a divulgação do 40.º Encontro/Convívio da sua Unidade, coincidente com o 43.º aniversário do regresso da Guiné.

Amigos, ex-camaradas,
Solicito a divulgação do Encontro/Convívio da CCaç 3547 "Os Répteis de Contuboel"´, a ter lugar na Vila do Bombarral próximo dia 27 de Maio.
Se estiver por cá, penso também fazer-vos companhia a 29 de Abril; Amieira já vai longe.
Logo que tenha definida a minha agenda de "obrigações familiares", informar-vos-ei.

Continuo a procurar nos meus arquivos - um pouco espalhados - mas também a encetar contatos com elementos da CCS (Bafatá), C.Caç. 3547 (Contuboel), CCaç 3548 (Geba) e CCaç 3549 (Fajonquito), todas do BCaç 3884, a fim de "arranjar" a fotografia do nosso Comandante de Batalhão, Ten. Cor. Correia de Campos.

Abraço,
Manuel OLIVEIRA PEREIRA,
ex-Fur. Mil.
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17165: Convívios (788): XX Encontro do pessoal da CCAÇ 4150 - "Os Apaches do Norte", dia 14 de Maio de 2017, na Senhora da Aparecida, Lousada (Albano Costa)

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16533: Convívios (771): III Encontro de Paraquedistas, Bombarral, 2 de outubro de 2016, comemorativo dos 60 anos da criação das tropas paraquedistas em Portugal (1956-2016).


III Encontro de Paraquedistas, Bombarral, 2 de outubro de 2016, comemorativo dos 60 anos da criação das tropas paraquedistas em Portugal (1956-2016).

Inciativa com apoio da AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste,l com sede na Lourinhã, e Associação de Pára-quedistas Tejo Norte, com sede em Oeiras, além do município do Bombaral.

Prazo para inscrições: até 28 de setembro de 2016
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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de setembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16515: Convívios (770): Encontro do pessoal da CCAÇ 2797 e Pel Canh S/R 2199 (Cufar, 1970/72), dia 8 de Outubro de 2016, no Porto (Luís de Sousa)

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16373: Os nossos seres, saberes e lazeres (167): Rapazes (e raparigas), bebam vinho português, comam pêra rocha portugesa e cantem o fado português, porque no céu... não há disto!













33º Festival do Vinho Português e 23º Feira Nacional da Pêra Rocha > Bombarral, 2 a 7 de agosto de 2016 >  4º de agosto > 22h00 > Espetáculo com a fadista Carminho, um grande presença, corpo, alma e voz em palco... E boa continuação das férias para os felizardos que podem dar-se ao luxo de ter férias... (As imagens dos "outdoors" foram tiradas no recinto do festival e da feira, na magnífica mata municipal do Bombarral).


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados . [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

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