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domingo, 28 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25117: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (16): Excertos do Diário de um 'Bate-chapas'


Guiné > Zona leste > Região de Gabú > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Coluna logística, vinda de Piche, a chegar à Ponte Caium... À frente uma Chaimite,  seguida de uma White...  

Foto do álbum fotográfico do nosso camarada Jacinto Cristina (natural de Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo), o mais famoso padeiro do CTIG, esteve mais de um ano no destacamento da Ponte de Caium.

Foto: © Jacinto Cristina (2010) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].





Imagem da parada de Bajocunda, em dia de chuva... Foto cedida por Amílcar Ventura, ex-fur mil mec auto, 1ª CCAV / BCAV 8323 (Pirada, Bajocunda, Copá, 1973/74).  

Foto: © Amílcar Ventura (2010) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Contos com mural ao fundo (16): Excertos do Diário de um 'Bate-chapas'

por Luís Graça


Excertos do Diário de um 'Bate-chapas'...Trata-se de uma alcunha, "Bate-chapas", o que era vulgar na tropa e na guerra. A começar pelo Spínola, toda a gente tinha alcunhas. E algumas bem brejeiras, se não mesmo pornográficas. Dizem os entendidos que a palavra vem do árabe al-kunia, sobrenome... (Significa: epíteto, geralmente fundado nalguma particularidade física, moral ou comportamental do indivíduo ao qual ele se atribui.) 

Neste caso, o indivíduo és tu, fotógrafo amador que, nas horas vagas, fazias retratos dos teus camaradas, na Guiné, tendo um pequeno laboratório de fotografia, a preto e branco, onde revelavas os negativos. Frequentemente usavas a expressão  "Vamos bater uma chapa"... Daí a alcunha...

Estes excertos fazem parte de um texto que, se um dia passar no crivo da crítica,   talvez  ainda possa vir s ser publicado como livro de memórias de um ex-combatente, numa  singela edição de autor.  (
Só tens dúvidas sobre o eventual interesse que as tuas memórias poderão ter para a posteridade.)


2/3/2018

Dia de inverno. Não admira, estás em março. E a primavera é só daqui a três semanas. E parece que vai continuar assim nos próximos dias. Partidas da meteorologia. Ou nem por isso. Se há algo que é previsível (ou devia sê-lo) é o tempo. Razão por que há as previsões meteorológicas e os meteorologistas. Ciência matemática, garantem-te, o que não quer dizer exata. Como a ciência militar, que é arte e engenho...

Dantes, qando eras miúdo,  pensavas que era o São Pedro quem mandava nos céus e arredores. Metiam-te medo com o dilúvio e a arca de Noé na catequese. Santa ignorância, quando se é puto. Quem te metei isso na tua cabeça,  essas patranhas ?  O senhor abade, a catequista, a professora (cresceste na aldeia)... 

Agora parece que já destronaram o santo, não havendo ninguém de respeito que mande nesta... "merda" cá em baixo. Anda tudo desregulado: o tempo, o clima, a economia, os quatros humores, a saúde, a cabeça dos humanos… Até as estações do ano andam trocadas.

Quando eras puto, havia quatro estações, e o Natal era no inverno, e fazia frio, e caía neve. Ou, pelo menos, a água gelava no fontanário da aldeia da tua mãe. 
Na Guiné, no teu tempo, havia duas estações, dividindo o ano ao meio: a das chuvas (de maio a outubro), e a do tempo seco (de novembro a abril). 

E quando as primeiras chuvas caíam era uma explosão de vida e de alegria. Lembras-te dos milhões de insetos que caíam no chão (e no prato da sopa, se era à hora do rancho). É das imagens de rara beleza que tu guardas de África, a alegria de miúdos e graúdos que vêm para a rua "embebedar-se de água". Literalmente, "embebedar-se de água". Tens pena de nunca ter tirado uma "chapa" a cenas "bíblicas",  como esta.

Até tu, ó "Bate-chapas", pé de chumbo, vinhas para a rua, no meio da tabanca, dançar com os "djubis", as bajudas e as mulheres grandes. Grande tonto!... Mas, de facto,  nunca te lembraste de tirar umas "chapas" desses momentos que, afinal, eram dos mais felizes da vida na Guiné, os primeiros dias de chuva!... E o cheiro que  a terra molhada recendia!...

Reflexão amarga, quando pensas nesse tempos, de há 50 anos atrás: hoje o deserto avança, e
stás a dar cabo da tua casa, do teu chão, do teu teto, da tua terra, dos teus rios, dos teus mares. Aqui  e na  Guine, pelo que te têm  contado, a malta que lá voltou..  A fauna e a flora, as criaturas de Deus, sofrem sem terem culpa, à exceção do bícho  homem.

Pintem-no de todas as cores, para que ele apareça ainda mais feio, fero e mau, neste caso o "diabo branco" que metia medo aos "djubis" na "festa do fanado"!… O povo precisa, em todas as culturas, da figura de um diabo, ora branco, ora preto, ora vermelho,  que simbolize o mal absoluto, que aterrorize, mas que também brinque com a gente. Como os caretos transmontanos da tua infância.

Em dias assim, o que te resta é meter-te num centro comercial, o mais perto de casa, com estacionamento à borla, luzes, lojas, ar condicionado, ... e o formigueiro humano, 
gente tão solitária como tu,   cada um no seu carreiro, co a formiga,  subindo e descendo escadas rolantes...

Enfias-te num cinema, dantes ia-se para a tasca, o homem, ou a igreja, a mulher. A oferta é muita mas a maior parte é lixo. Puxas dos cartões, à cata de descontos. Sempre dão para as pipocas. Afinal, ser velho  é um "privilégio"  nesta ociedade!....  Sénior, se faz favor
 Veterano!....

Não sejas intelectualmente arrogante. Se o lixo está em cartaz, é porque há clientes, há público para consumir o lixo. Ainda por cima pagam para comer lixo. 

Não sejas mau, da tua parte também és um consumidor de lixo, seja cinema, sejam salmões da Noruega,  ou douradas da Grécia, ou nozes da Califórnia,  ou as mensagens de gente megalómana ou mesquinha  nas redes sociais. (Felizmente, e para bem da tua saúde mental, eliminaste a tua conta no Facebook.)... Sem esquecer  o  futebol ou as pregações evangélicas ou os "sites" pornográficos. Ou os "best-sellers" de Natal. O último romance do...  "Ah!, Ainda não o leste, bolas, não sabes o que estás a perder ?!... Devias ter lido, está no 'top ten'.... É o máximo!"...

Em suma, o que se vende é o que é badalado, o que é visto na televisão.   Claro, há uns gajos de fato completo e gravata que gozam à brava com isto tudo, e vão aumentando as suas contas bancárias e fortalecendo as suas redes de poder e de influência. As lojas e as redes sociais estão cheias de lixo, barato, a preço de saldo, que tu compras. E "a malta não olha a preços, quer é descontos"… e viver, freneticamente, o cagagésimo de segundo do presente... que amanhã já será passado. E pesado.

"O último a morrer que feche a tampa do caixão!", lembras-te do sacana do quarteleiro que nunca saia do quartel, era a função dele,  ficava a guardar as armas e as bagagens, quando a gente saía....  Mas  tinha um medo do caraças de  um eventual ataque ao quartel com foguetões 122 mm. (Não o dizia nem o confessava, mas percebia-se.)

Lembras-te, ó "Bate-chapas"?!... Foi a frase publicitária de maior sucesso que tu criaste lá no quartel: "A malta não olha a preços, quer é descontos"… Tão atual, hoje em dia, cinquenta anos depois!... Eh, pá, tu devias ter ido para o marketing criativo!...e nunca para fotógrafo de casamentos e batizados!... E será que hoje serias mais rico e feliz ?

Houve "chapas" ao preço da chuva, no primeiro Natal que lá passaste. A malta mal ganhava para a cerveja. Mas um luxo era a fotografia para mandar para casa... Não perdeste dinheiro, até ganhaste algum. Foi uma operação de "marketing", para lançar a marca do "Bate-chapas". E o sucesso foi de tal ordem que vendeste logo umas largas dezenas de fotos da malta vestida de pai Natal tropical, ladeado de bajudas de "mama firme"... Fizeram sucesso, os gajos da CCS do batalhão  também se juntaram à festa, a clientela foi aumentando...

Com esse  "patacão" começaste a  investir em máquinas fotográficas e outro  material  para o laboratório. No final da comissão, tinhas três máquinas compradas em Bissau, lá na loja dos libaneses, o tal Taufik Saad...  E compraste peças de artesanato em prata, feitas pelo ourives de Bafatá... E mais quinquilharia asiática, louça chinesa, etc. , que chegava a Bissau, oriunda de Macau.  Ainda chegaste a embalar tudo, até que um incêndio reduziu os teus "recuerdos" da Guiné a cinzas...

Havias gajos que arriscavam,  faziam chegar algum contrabando, como as bebidas alcoólicas da Intendência, através desse truque dos caixotes feitos com tábuas de madeira preciosa, que valiam ouro na metrópole, nessa época.

"Bate-chapas"!!!... A princípio, não achaste piada nenhuma à alcunha... "Bate-chapas" era uma especialidade dos gajos da ferrujem. Havia bate-chapas,  estofadores e até correeir
os.  Afinal, a tua arma era a cavalaria. 
Mas não te lembras de ver por lá alimárias, a não ser uma ou outra besta humana... , coisa que, de resto existe em todo o lado.

"Bate-chapas!"... Que insulto!.... Era desvalorizar o teu talento e a tua arte de fotógrafo. Mas toda gente tinha uma alcunha. E tu acabaste por assumir a tua. Até a mulher do capitão, era a "Capitoa". E o alferes "Casanova", do esquadrão,  era o... "Picha d'Aço". E o cozinheiro, o "Merda Seca"... E o impedido do capitão  o "Meia-Leca"...

As lojas aqui, no centro comercial, também tresandam a "merda seca", "made in" China, Indonesia, Bangladesh. Dantes, tinhas "scotch whisky", marca branca, que vinha diretamente da Escócia em barris para a malta da tropa. O mais baratinho. E depois engarrafado no Beato com água do Tejo, dizia-se. Chamavam-lhe "uísque de Sacavém". Para os bravos que se batiam para sobreviver à tona de água do Geba!... Nunca foi coisa que apreciasses, tinhas os teus problemas de estômago...

"Beber a água do Geba"...  Lembras-te da expressão ?!... Bebeste algumas vezes a água do Geba, mas nunca tiveste saudades da Guiné nem muito menos vontade de lá voltar. Mas quem recorda, não desdenha, é isso ?!

E nos saldos saldam a roupa de inverno e os sapatos de inverno, porque já vem aí a primavera e logo a seguir o verão do contentamento da malta. "Ainda vamos ser felizes, meu amor, com casa à beira da praia no reino de Portugal e dos Algarves", diz a chavala para o gajo, ali ao teu lado, comendo pipocas. (Não percebes esta mania, horrorosa, de as miúdas de agora se tatuarem de alto a baixo, parecem umas osgas, todas pintalgadas!)

Compra-se a crédito, barato, a casa de praia, pré-fabricada. E a mobília. E os electrodomésticos. E o amor. E a moda é quem mais ordena. Consumir é bom para a economia, que acelera e às vezes desacelera, para desespero do senhor ministro das Finanças… Mas nem tudo o que é bom para a economia é bom para o balanta, o felupe, o fula,  o mandinga ou o bijagó... Ou o morador do Bairro da Bela Vista em Setúbal onde vivia um dos teus antigos camaradas do esquadrão,  de quem não sabes noticias há já uns largos anos.  Era de Cabo Verde, chamavam-lhe o "Turra", na brincadeira. (HoJe acusavam-te de racista!)
 
10/3/2018

Foste à praia do Guincho, "levaste o carro a passear", gostas de lá ir no inverno. O mar está sujo, escuro e bravo como um touro. Espuma de raiva. Às vezes apetecia-te ter a raiva do mar. "Vamos ter forte temporal esta noite", dizem os metereologistas da Antena Um, os novos profetas da desgraça. Aviso amarelo a passar para o vermelho daqui a umas horas. Tempestade Félix. 

Não percebes nada de meteorologia, meu estúpido. O que é o anticiclone dos Açores ? E o que é uma tempestade ? E um furacão ? Há uma escala para medir estas fúrias dos elementos da natureza. Devias saber mais sobre estas merdas de que agora tanto se fala, as alterações climáticas, a subida da água dos oceanos, os fogos florestais....

Há gajos que são pagos para saber.  Tivestes 22 meses na Guiné, na puta da guerra, a defender a Pátria, nunca te explicaram quem era a Pátria, essa entidade nebulosa, hermafrodita, simultaneamento macho e fêmea. Nem nunca te disseram quem eram os pais da Pátria... Nunca te explicaram isso, nem na recruta nem na guerra. O teu capitão de cavalaria.  que até era um gajo fixe, afável, católico, não tinha jeito nenhum para as tiradas patrióticas. (Tinham má fama, não sabes porquê,  os oficiais e sargentos de cavalaria.) Nunca o ouviste falar da Pátria. Mas os camaradas que morreram na estrada de Piche, esses, "morreram em nome da Pátria"... Viste cópia do telegrama, "tipo chapa um", que se mandava para a família, da malta que morreu, calcinada na Chaimite. na estrada de Piche-Buruntma.

15/3/2018

Fazes horas… Meu estúpido, que raio de expressão?!... Se tu soubesses em que ano, mês, semana, dia ou hora a morte te vinha bater à porta, já tinhas dado um salto mortal no sofá, no "hall" do cinema, e programado os últimos dias ou meses que te sobravam para viver… Ninguém entra em pânico com esta hipótese felizmente teórica, a não ser quando ouve o verídico final do médico, do juiz ou do carrasco. Os médicos agora já não estão com paninhos quentes, olham-te, olhos nos olhos, e fuzilam-te:  "Dois ou três meses de vida, trate de fazer as malas"...

A sacana da tua médica de família mandou-te ir ter com os gajos do ACP, o Automóvel Clube de Portugal, para te passarem o atestado médico a enviar ao IMT – Instituto da Mobilidade e Transportes. Está de greve, a gaja! Ah!, querias revalidar a carta de condução ?!...Ela diz que não pode atestar a tua validade (e, muito menos, a virilidade, a acuidade auditiva, a sanidade mental, a integridade da rede neuronal, a verticalidade da coluna vertebral, e por aí fora)…

"Estamos todos a prazo, doutora… Quem me diz que não apanho uma macacoa ou não sou atropelado à porta do centro de saúde ?!... Ainda há dias, um velhote com 90 anos, sem carta (há mais de cinco anos!), me iam passando a ferro na passadeira… Velhote de 90 anos, um  piloto, medalhado!... Um histórico da TAP, que ainda pilotara os Super Contellation nos anos 60 e tinha saudades de Lourenço Marques do Kanimambo!"...

E tu que vais fazer setenta em 2020, se lá chegares ?!.. 20 anos de distância ainda é muito ano… Não é nada, idiota, é já daqui a 20 anos!... E a guerra já acabou há 50!...

Fazes horas!... em vez de estares a viver intensamente o resto dos dias que te faltam para cumprir calendário… Agora vives para cumprir calendário, para não dar cabo da estatística da esperança média de vida… Por patriotismo, para que o teu país não fique "mal na fotografia", como ficava nos anos em que lá andaste, na Guiné, apontador de Chaimite!...E, nas horas vagas, a tirar o retrato à malta... Toda a gente queria tirar o retrato para mandar para casa, no aerograma do dia seguinte, como "prova de vida"... "Estou bem, meus amores, até ao meu regresso!... Rezem por mim"... (Não se podia mandar fotografias nos aerogramas, mas a malta queria lá saber!)

Até tu, lembras-te ?!, ias fazendo um tracinho na parede, em cada semana que passava… 4 eram um mês, 48 um ano, mais coisa menos coisa… Que um gajo queria era cavar daquele campo de concentração!... E "a Pátria deles, que se fodesse"!...

Quando um gajo trabalhava, tinha horas para tudo, estava tudo planeado, regulamentado, havia normas e leis, livro de ponto,  usavas agenda e gravata, saías de casa de manhã, entravas à noite, metias-te no comboio de Sintra a caminho de Lisboa, com regresso a Rio de Mouro, a tua gaiola dourada com vista sobre o Palácio da Pena, a serra de Sintra, o pavoroso cimento à volta!...

 Um mouro de trabalho, isso sim, uma besta de carga, foi o que tu foste!... Sem sábados nem domingos, que eram dias de casórios e batizados... Para quê ?, para quem ?... E sobretudo porquê ?

Agora não já precisas da puta da agenda, nem de apontar o nome e o número de telefone dos clientes e fornecedores, a não ser para marcar a consulta do dentista e registares o dia e a hora da última vez em que deste uma queca! Fazes as palavras cruzadas e a sopa de letras que é para prevenir o Alzheimer, a recomendação da tua vizinha, ainda boazona, que vive sozinha com o cão, e que trabalha lá na clínica manhosa do teu bairro…(Deve pensar que ainda és um bom partido, com umas pequenas recauchutagens! )

Agora és um cinéfilo compulsivo, vais ao cinema todas as semanas...As sempre adoraste cinema. Foste ver opp filme "Três cartazes à beira da estrada"… Passa-se num cidadezinha ronceira do Missouri e há uma mãe justiceira que quer vingar a violação e a morte da filha, um lugarzinho do mundo onde nunca foste, nem onde nunca irás, porque é sítio que não interessa nem ao menino Jesus, tal como o Rio de Mouro, ou a puta da aldeia da tua mãe, Mazouco, lá em Freixo de Espada à Cinta onde nasceu também a tua avó e a tua bisavó (que nunca conheceste).  Tal como não conheceste o filho ilustre da terra, o almirante Sarmento Rodrigues que foi governador da Guiné, nos anos 40 (coisa que não sabias, imagina!).  Nem muito menos o poeta Guerra Junqueiro. (Nunca te falaram dele na escola.)

Morrerá de parto, a tua mãe, do teu mano mais novo, uns anos depois,  ainda andavas na escola, contava-te a chorar o sacana do teu velho, que voltou logo a casar, sem chegar a fazer o luto...

Cresceste sem mãe a partir dos 10 anos. A outra foi sempre madrasta… Mãe é mãe e só há uma... Também lá está a fazer tijolo, a tua madrasta, ela e o teu velho, morreram, há mais de dez anos, os dois num acidente de carro, na autoestrada a caminho do Norte… Um estúpido acidente com a gaja a conduzir com a mão direita, com o telemóvel na mão esquerda… Infelizmente, o teu velho morreu sem teres resolvido o contencioso que tinhas com ele… Nunca gostaste da gaja dele, que afinal o acabou por matar... Há anos que não falavas com ele e muito menos com ela...E estás com essa atravessada na tua consciência, acusa-te o teu irmão mais novo, que aparava o golpe. Sentes culpa por o teu velho ter morrido, nas circunstâncias trágicas em que morreu, sem nunca teres tido uma conversa séria com ele, nem que fosse de despedida, de filho para pai, de pai para filho...

E lá no Missouri, no sul, na América profunda onde nada acontece, o raio do realizador fez um filme que é um misto de tragédia, comédia, "western" e "thriller" policial. (Eh!, pá, andas a pensar fino e a falar grosso, ainda acabas em crítico de cinema… E já tens "nick name", o "Bate-Chapas", registado na Sociedade Portuguesa de Autores, para quando acabares de escrever e publicar o teu livro, "Memórias de um 'Bate-chapas' que queria ser fotocine na Guiné")…

Ea propósito, achas que é um bom título, camarada ?... Não é, não, senhor, vão-te confundir com os gajos da ferrugem… E depois é comprido demais!...."Bate-chapas", essa, sim, era uma especialidade dos gajos da ferrugem... Havia uma 1º cabo bate-chapas, na CCS do batalhão, que estava em Nova Lamego, mas a malta chamava-lhe o "Penedo Durão", era teu conterrâneo de Poiares, imagina como o mundo era pequeno!... (Chegaste a beber uns copos com ele, quando lá ficavas!... Perdeste-lhe o rasto,  nem sequer voltaste mais a Mazouca. )

E alguém sabe lá o que é um fotocine!… Estes gajos de agora não foram à tropa, esta geração do pós-25 de Abril… "Bate-chapas"… que raio de alcunha que te puseram!.. Tu nunca foste mecânico, eras operacional, 1º cabo apontador de cavalaria…   E fotógrafo nas horas vagas.

Chamavam-te "Bate-chapas", tamubém na reinação, os "djubis" e as bajudas, por que andavas sempre a tirar fotografias, no quartel, na tabanca, nas colunas, era o teu biscate, o teu "vício", para arredondar o pré ao fim do mês, e fazer um pé de meia para as férias… Eras um fotógrafo compulsivo, rconheces hoje. Revelavas e expunhas as provas, numeradas, num placard que servia de mostruário.

A Arminda e a garota, que tu mal conhecias (tinha escassos meses, a tua filha, quando partiste para a Guiné), ansiavam por ti, ainda faltavam dois ou três meses para vires de férias… Quem eram os cabos que vinham de licença de férias à metrópole nesse tempo? Só tu, que tinhas dois ordenados, e o cabo cripto, que era um gajo evoluído, com estudos como tu (por sinal,  chumbaram os dois no CSM), e o "escritas" que também comia da gamela com o "nosso primeiro"… E, claro, os graduados, os f urriéis, os sargentos, os alferes, e o capitão no 1º ano (no segundo ano levou para lá a esposa, a "Capitoa", uma valentões que aguentou com um ataque de foguetões 12mm ao).

Podias ter sido fotocine, se tivesses tido uma boa cunha, se tivesses tido sorte na puta da vida, era uma rica especialidade, não saías de Bissau, quando muito terias que fazer uma ou outra sessão de projeção de cinema no mato… Ias de avião até Bafatá ou Nova Lamego, depois apanhavas uma coluna… Na outra semana, descansavas e ias beber umas "bazucas" no Pelicano ou na 5ª Rep (o Café Bento!).

Lembras-te quando a malta do esquadrão esteve de prevenção em Bafatá?!... Mesmo assim, furava-se o esquema, ia-se à noite ao Bataclã ( uma espécie de clube noturno lá  do bairro), no dia dos teus anos, armaste-te em rico, até convidaste as gajas todas que fodiam com a tropa, para ir ao cinema, ver uma cagada de um filme cómico italiano do tempo da Maria Cachuca ?!… Foste que tu pagaste os bilhetes, foi bodo geral aos pobres... Os "djubis", as bajudas e as mulheres grandes, riam-se que nem uns perdidos, mesmo não percebendo patavina que os gajos e as gajas do filme diziam, em italiano, e muito menos as legendas… E o sacana do Lopes, trocista e racista, a mandar as suas bocas: "Ó Barrote Queimado, quem não sabe ler, vê os bonecos"…

O cinema de Bafatá, a grande obra de civilização que lá deixou o "tuga" no leste… Mais a piscina, e a mesquita, e a catedral… Nunca mais viste um filme quando a guerra começou a sério para o esquadrão, e os índios e os cobóis deixaram de ter tempo para limpar as armas…


16/3/2018

Rica vida de reformado, dirás tu, a gozar contigo próprio. Dias de inverno, a escassos dias da primavera que há-de vir (ou não). Foi um mês em que choveu sem parar. E vai continuar a chover , pelo menos até ao dia 22, segundo viste na Net. Afinal, do que seria de ti sem o raio da Net, mesmo já não tendo os teus amigos virtuais do Facebook... Aliás, não tens um   amigo verdadeiro, do peito, daqueles  que te possam dar um ombro para chorar, se um dia vieres a precisar. ("Que um homem não chora, muito menos os camaradas da Guiné", dizia o "Casanova", armado em durão...)

Voltas a enfiar-te no "porto de abrigo" do teu centro comercial. O que dá para ver a meio da tarde, ó cinéfilo ? O filme "Post", de SpielBerg, com o Tom Hanks e a Merry Streep. É sobre quê ?, perguntas. O papel do jornalismo nas democracias modernas. O braço de ferro do "Whashington Post" e do poder político-militar na América que queria cortar o bico aos jornalistas.

Não é nada de empolgante, mas é importante pelo episódio (histórico) que recria: publicação, pelo "New York Times" e pelo "Washington Post", dois jornais de referência, dos papéis do Pentágono, um documento ultrassecreto feito por académicos sobre o envolvimento americano no Vietname, desde o presidente Eisenhower. Os governos americanos foram-se atolando no Vietname e as perspetivas eram claramente as de uma crescente escalada e quiçá desastre a nível militar.

O estudo encomendado pelo Robert McNamara estava guardado a sete chaves até que uma cópia foi parar aos jornais… Mas há lá chaves e cofres que guardem um segredo ?!... Só a malta na Guiné é que foi apanhada de surpresa pelo Strela!... E antes pela notícia da morte do Amílcar Cabral, "teu vizinho de Bafatá" (dizia-se que a mãe vivia lá!), e depois pela declaração unilateral da indepência em 24 de setembro de 1973. Mas o que é que os "pides" andavam a fazer nessa época ? E os craques da Força Aérea… não sabiam que já havia uma arma dessas, o Strela, a ser utilizada no Vietname ?... E a golpada dos capitães, não se estava mesmo a ver que um dia haveria de estoirar a bernarda ?!... E os generais e os  almirantes do Caetano  ? Onde andavam ? A arear o bronze das cruzes de guerra?... Andavam todos, afinal,  a brincar ao faz-de-conta!...  Por isso o Império caiu sem honra nem glória!  ( Confesso que não dei conta do estrondo.)

Não te quiseram para fotocine, os sacanas  da tropa, tu que já eras fotógrafo, amador, na vida civil!... Amador, uma ova!, profissional, com cartão passado pelo sindicato corporativo!... Eras um fotógrafo encartado, fazias casamentos e batizados, tinhas um patrão, já velhote, que não podia a ir a festas, que se enfrascava todo, cortava a cabeça aos noivos com a bezana e dava cabo dos rolos… Valia-lhe o genro, que acabou por tomar conta do negócio...  

Mas, olha, safaste-te, a biscatagem deu-te para montar o teu negócio próprio, quando regressaste de vez, são e salvo, graças a Deus, benzia-se o teu velhote, amarrado a uma gaja vinte anos mais nova do que ele, e que o chupava até ao tutano… Pobre do velho que podia ter tido mais sorte na puta da vida!... Polícia da Brigada de Trânsito, com uma boa reforma e um bom pé de meia.  Também transmontano como a tua mãe, ali de Mogadouro.

Mais tarde, com as tuas economias todas, deixaste Lisboa e abriste uma papelaria e livraria com secção de fotografia, lá no teu bairro, em Rio de Mouro. Tal como na tropa, em matéria de fotografia, fazias tudo menos a revelação de diapositivos. Uma merda, veio depois a fotografia digital, a revelação automática, os computadores, os computadores,  as impressores, o "self-service",  os centros comerciais...  

O negócio foi por água a baixo!... Os livros vendiam-se pouco, a não ser o material escolar... E a fotografia deixou de ter procura...

Vendeste a baiuca, ainda antes da crise de 2008, 2009… Que tristeza, hoje recusas-te a passar por lá… Já passou por mais mãos. Agora deve ser uma loja de um chinês ou um templo evangélico. Valeu-te ao menos o dinheiro do trespasse, compraste títulos da dívida pública, que sempre te dão algum rendimento, no banco não vale a pena teres dinheiro, ainda tens que pagar por cima.

−Ó "Bate-chapas", tira-me aqui um chapa, e faz-me um postal com dois corações que é para mandar para a minha Maria  que vai fazer 21 anos e já pode casar comigo quando eu voltar!...

− Ó "Bate-chapas", arranja-me umas fotos das putas do Bataclã que é para eu mandar para o meu mano mais novo que vai às sortes, e que nunca viu uma gaja nua…

E a alcunha ficou mesmo, para o resto da vida, "Bate-chapas"... Não levas a mal. Já faz parte da tua identidade... Afinal, foste um "Bate-chapas" toda a vida... Ainda hoje te fazem uma festa quando vais aos convívios anuais do esquadrão:

− Ó "Bate-chapas", bate-me aqui uma!...

Eras um gajo popularucho. Tinhas centenas, milhares,  de provas e negativos, no teu estaminé, improvisado, por detrás da caserna grande... Tinha lá a tua "morança", de paredes de adobe, barrotes de cibe e cobertura de colmo,  com a devida autorização do capitão, a quem não levavas nada dos trabalhos fotográficos (nem a ele nem ao "nosso primeiro", como não podia deixar de ser)...  

Ficou tudo reduzido a cinzas quando houve aquela pavoroso incêndio, que até parecia um ataque dos gajos do PAIGC ao arame farpado… *Ninguém soube como aconteceu, contaram-te depois.)

Foram muitos os palpites, mas tudo indica que tenha sido um raio numa aquelas frequentes trovoadas tropicais… Houve quem dissesse que foi sabotagem, gajos civis que trabalhavam no quartel e que eram "turras", e que terão deitado o fogo à tua palhota, quando estavas fora, a fazer segurança a uma coluna logística até Piche ou Buruntima. Em boa verade, não te lembras de ter inimigos..., a não ser os gajos a quem apontavas o canhão  da Chaimite. ..

Estavas já perto do final da comissão, felizmente tinhas depositado um mês antes a guita, o teu pé de meia, no BNU, uma semana em que te desenfiaste até Bissau, com a devida  licença do capitão… Ficaste de tanga, sem máquinas, sem rolos, sem laboratório, sem arquivo, sem as bugigangas que querias trazer para a família, sem trocos, sem peúgas nem cuecas… Até a lista dos calotes ardeu!... 

 Não havia bombeiros no esquadrão!... E muito menos água e mangueiras e bocas de incêndio!... "Deixa arder, que o meu pai é bombeiro!", diziam alguns gajos, cínicos, que já estavam com a cabeça feita, a pensar no avião que os levaria de regresso a casa... 

E hoje aqui estás, viúvo, reformado, fechado numa sala de cinema de um centro comercial, comendo pipocas para aliviar a angústia do fim de tarde… Antes de ires para casa, e aqueceres a sopa requentada que a tua empregada, guineense do Biombo ou Binar (vê lá tu!),  faz-te para toda a semana… Trabalha como segurança, de segunda a sexta, e o serviço doméstico é uma biscatagem. Ela tem um bom físico, é de origem balanta. Mas já nascida em Portugal.  (O avô morreu numa  mina nossa, no corredor de Guileje, em 1973.)

De tempos a tempos, meia dúzia de vezes se tanto por ano, falas pelo Skype com a tua filha que está na Austrália, casada com um grego... E mal conheces os teus netos que não falam português. Porra, tens uma filha com 50 anos!... Foste pai aos 20, grande irresponsável!...

E lá vais escrevinhando o teu diário, falando em voz alta com o teu "alter ego", o mesmo é dizer, falando para as paredes do teu T2 em Rio de Mouro, agora grande demais para um homem só.

Podias ter sido um grande fotocine, um grande fotógrafo, até um grande cineasta, quem sabe ?!... Foste apenas uma "Bate-chapas"… 

Consola-te: levaste um pouco do calor da amizade e da camaradagem da Guiné a muitos lares portugueses, mães e pais, esposas, namoradas, madrinhas de guerra…, arrancaste muitos sorrisos a "djubis", bajudas de "mama firme" e mulheres grandes de teta caída… E até a homens grandes, régulos, milícias, guerreiros que habitualmente nunca sorriam... Foste à guerra, deste e levaste… Tiveste mulheres que gostaram de ti. E tiveste sorte de não ter ficado esturricado dentro de uma caixão blindado como era a Chaimite.

E hoje ? Nem amigos e amigas tens, do Facebook, tristes e empedernidos corações solitários… E olhas-te para o espelho e vês um gajo velho, como ó caraças!,… e pegas no teu bilhete de identidade, que é vitalício, e a foto que lá está não condiz com a puta da imagem que vês no espelho da casa de banho … O São Pedro não te vai deixar entrar no Paraíso, quando chegar a tua vez… 

Mal por mal, vais ficando por aqui, esquecido (e oxalá que ainda por uns bons aninhos!), no Limbo da Terra, depois de teres conhecido o Inferno da Guiné.  Gostavas, em todo o caso, que na tua lápide, alguém escrevesse por ti:

"Não adianta reclamar, ó 'Bate-chapas', ninguém te vai devolver o dinheiro... Nâo há livro de reclamações no Céu, no Paraíso ou no Olimpo dos deuses e dos heróis, como lhe queiras chamar: tu é que compraste o bilhete errado para a sessão de cinema errada… Trocaste o filme… da tua vida, ó 'Bate-chapas'! "...

© Luís Graça (2018). Revisto em 28/1/2024.
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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de janeiro de  2024 > Guiné 61/74 - P25101: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (15): A vida é curta e a arte é longa: memórias de um médico que também passou pelo Hospital Militar de Bissau

sábado, 2 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P24908: As nossas geografias emocionais (18): Boma ou a fonte de Bafatá do meu tempo da Mocidade Portuguesa (em 1973) e depois de estudante liceal (1975) (Cherno Baldé, Bissau)



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 2010> A antiga fonte de Bafatá. "(...) em 1968/69 estava num grau de conservação normal, quando fui lá em 2010 o terreno, por força das chuvas, tinha subido mais de um metro subterrando o tanque. Também em 2010 já tinha desaparecido a placa com a data da construção." (...)

Foto (e legenda): © Fernando Gouveia (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > "Fonte Pública de Bafatá, 1918". Na foto, o Manuel Mata, que vive no Crato,  ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 do Esq Rec Fox 2640. Esta belíssima fonte, na zona da "Mãe de Água", também conhecida na época colonial como "Sintra de Bafatá", é portanto do início do desenvolvimento urbano de Batafá, ainda no tempo da República. Ainda chegou aos tempos do Cherno Baldé, quando, depois da independência, ele foi para Bafatá estudar.

Foto (e legenda): © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Fajonquito > 10 de junho de 1971 >  "O meu irmão Carlos (2 anos mais velho, hoje Farmacêutico, formado pela Faculdade de Farmácia da Universidade Técnica de Lisboa), durante a alocução por ocasião do dia 10 de Junho de 1971, Dia de Portugal e de Camões, na escola primária de Fajonquito. Na imagem estão dois oficiais da companhia do cap Figueiredo (CART 2742), um dos quais, o alferes Félix encontrou a morte no mesmo dia que o seu capitão."

Foto (e legenda): © Cherno Baldé (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário de Cherno Baldé ao poste P24805 (*):


Cherno Baldé, quadro superior
com formação em  economia e gestão,
vive e trabalha em Bissau;
colaborador permanente do nosso blogue:
 integra a Tabanca Grande
desde 19/6/2009; tem cerca de 290
referências no blogue.

Caros amigos,

A fonte (nascente) de Bafatá que conheci desde a minha primeira viagem a esta cidade na qualidade de "infante" da Mocidade Portuguesa ou mocidade "treco" (ou "tareco"), como nos apelidaram os colegas de Bafatá em 1973, praticamente serviu-nos de residência durante alguns dias, pois vindos do interior não conhecíamos ninguém na cidade, mas só durante o dia, porque à noite, por força do arvoredo, da escuridão e isolamento, o pequeno vale se transfigurava num local sinistro de que poucos se atreviam a atravessar. 

As pessoas que vinham ou saíam do Hospital para o Bairro de Ponte-Nova seguiam pelo trajecto que levava ao quartel da cavalaria (?), passando à frente da sua porta d'armas, antes de descer para o Bairro junto da entrada do Cemitério local.

Um ano depois, em 1975, já na qualidade de estudante do primeiro ciclo, voltaria a serviu-nos de local aprazível para estudos e passatempo, sempre no período diurno, pois ainda prevalecia o medo do local e durante a noite predominava a escuridão e o silêncio, nesse período, entre a malta jovem já era mais conhecido por Boma.

Em alguma parte das minhas memórias, falando da guerra de Bissau (junho de 1998-maio de 1999) nossa fuga de Bissau para Fajonquito, faço referência a minha passagem por Bafatá e ao Boma (fonte Bafatá) nosso local predilecto de estudos e brincadeiras.

Um abraço amigo,
Cherno Baldé (Bissau) (**)

(Seleção, revisão e fixação de texto, negritos: LG)
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Notas do editor:

(*) V.d poste de 29 de outubro de  2023 > Guiné 61/74 - P24805: As nossas geografias emocionais (12): A fonte pública de Bafatá, construída em 1918, na zona conhecida como a "Mãe de Água" ou "Sintra de Bafatá", local aprazível e romântico onde chegou a haver almoços dançantes ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71)

(**) Último poste da série > 25 de novembro e 2023 > Guiné 6mbro de 1/74 - P24885: As nossas geografias emocionais (17): Empada: a Fonte Frondosa (1946): uma foto tirada à minha mulher, no dia 25 de dezembro de 1969, dia de Natal (Eduardo Moutinho Santos, ex-cap mil grad, cmdt, CCAÇ 2381, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Guiné 61/74 - P24811: Facebook...ando (44): Bafatá no dia 22 de agosto de 1974: a fonte pública de 1918 e a mesquita, de 1968, duas obras da arquitetura colonial (Amilcar Ventura, ex-fur mil mec auto, 1ª CCAV / BCAV 8323, Pirada, Bajocunda, Copá, 1973/74)

Foto Foto nº 1


Foto nº 2

Guiné > Região de  Bafatá > Bafatá > 22 de agosto de 1974 > Fonte pública de 1918, e mesquita.

Fotos (e legendas): © Amílcar Ventura (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Duas belas recordações de Bafatá, relativas à  presença histórica portugesa: 

(i) de um lado a fonte pública construída em 1918, ao tempo da I República,  no sítio da "Mãe de Água" ou "Sintra de Bafatá" (mais conhecido por "Boma", pelos guineenses da geração do Cherno Baldé, que estudou no liceu de Bafatá, a seguir à independência); 

(ii) do outro, a mesquita, inaugurada em abril de 1968, aquando da isita, à "princesa do Geba", do governador geral da Guiné, gen Arnaldo Schulz.

As duas fotos forma tiradas pelo Amílcar Ventura (ou pertencem ao seu álbum).

Comentários e legendas:

Foto nº 1:  "22 Agosto de 74, no  regresso a Bissau da minha Companhia que estava em Bajocunda, com passagem por Bafatá. Foto tirada no Fontanário de Bafatá. São os Furriéis da Companhia."

Foto nº 2: "No mesmo dia, mesquita de Bafatá" (percebe-se pelas poças de água, que estamos na época das chuvas)

O Amílcar Ventura foi fur mil mec auto, 1ª CCAV / BCAV 8323 (Pirada, Bajocunda, Copá, 1973/74); é natural de (e residente em) Silves; membro da nossa Tabanca Grande desde 9 de maio de 2009; publicou as fotos acima na nossa  na página do Facebook da Tabanca Grande Luís Graça, no passado dia 30 de 0utubro de 2023.


2. Sobre a mesquita de Bafatá, sugerimos o visionamento da reportagem da RTP sobre a visita do Governador Geral, gen Arnaldo Schulz, a Bafatá, num dos seus últimos atos públicos (abril de 1968). Apesar do vídeo não ter som, as suas imagens falam por si. Leia-se primeiro o resumo analítico disponível aqui, em RTP Arquivos. O vídeo tem a duração de 05' 34''. E passou no noticiário nacional da RTP de abril de 1968.

  • Aeródromo: esposa do Governador Geral cumprimenta individualidade militar, multidão nativa caminha na pista, guarda de honra da Mocidade Portuguesa, Arnaldo Schultz caminha no recinto;
  • caravana automóvel na estrada e a entrar em Bafatá
  • esposa do Governador Geral descerra lápide do Bairro Social Arnaldo Schultz, a construir; placa; Arnaldo Schultz, individualidades e populares assistem;
  • missa na igreja paroquial: Arnaldo Schultz dirige-se para o edifício e assiste à celebração, fiéis, crianças nativas e esposa do Governador assistem, celebração;
  • inauguração de instalação industrial: bênção, Arnaldo Schultz acciona manivela; comitiva na estrada.
(Resumo analítico: Revisão / fixação de texto / negritos: LG)
 
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Nota do editor:

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24809: As nossas geografias emocionais (14): Na fonte de Bafatá, nos anos 60, os almoços dançantes eram promovidos pela esposa do CMDT do Esq Rec Cav (Fernando Gouveia)


Fonte de Bafatá, 2010. Foto: © Fernando Gouveia

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf do Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70, com data de 29 de Outubro de 2022:

Olá Carlos,
Espero que esteja tudo bem convosco.
Sobre a fonte de Bafata, num comentário, já esclareci algumas coisas. Para completar o assunto mando-te uma foto de 2010 que seria bom ser publicada.
Desde já te agradeço.

Um grande abraço.
Fernando

2. Comentário de Fernando Gouveia no P24805:

Camaradas,
Passo a esclarecer:

1 - Os ditos "almoços dançantes" eram promovidos pela esposa do Capitão do Esq. de Cav, Capitão Campos[1] do Esq. que esteve antes do que é mencionado, penso que de 1967 a 1969.
2 - Quanto à fonte, que em 1968/69 estava num grau de conservação normal, quando fui lá em 2010 o terreno, por força das chuvas, tinha subido mais de um metro subterrando o tanque.
Também em 2010 já tinha desaparecido a placa com a data da construção.
3 - Tenho uma foto da fonte que tirei em 2010 e que vou fazer chegar ao Carlos Vinhal para publicação.

Abraços.
Fernando Gouveia

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Notas do editor:

[1] - O camarada Fernando Gouveia estará a refereir-se ao Cap Cav Carlos Fernando Valente de Ascenção Campos, CMDT do ERec 2350 que esteve em Bafatá e Piche entre Janeiro de 1968 e Novembro de 1969

Último poste da série de 30 de Outubro de 2023 > Guiné 61/74 - P24806: As nossas geografias emocionais (13): A fonte da Colina de Madina, 1945 (Manuel Coelho / Cherno Baldé / António Murta)

domingo, 29 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24805: As nossas geografias emocionais (12): A fonte pública de Bafatá, construída em 1918, na zona conhecida como a "Mãe de Água" ou "Sintra de Bafatá", local aprazível e romântico onde chegou a haver almoços dançantes ao tempo do Esq Rec Fox 2640 (1969/71)

Foto nº 1 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá : A zona da "Mãe de Água" ou "Sintra de Bafatá" > c. 1969/70 > Um piquenique


Foto nº 2 > Guiné > Região de Bafatá > Bafatá : A zona da "Mãe deÁgua" ou "Sintra de Bafatá" > c. 1968/70 > Na foto, o Fernando Gouveia [ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; arquiteto, transmomntano, residente no Porto]

Fotos (e legendas): © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legednagem complementar: Blogue Luís Graça & Caamaradas da Guiné]



Fotos nº 3 e 4A : Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > "Fonte Pública de Bafatá, 1918" (e não 1948, como por lapso indicámos no poste P24803). Na foto, o Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 do Esq Rec Fox 2640.



Fotos nºs 4 e 4A : Guiné > Região de Bafatá > Bafatá > 1959 > "A fonte pública de Bafatá, 1918"  (e não 1948, como por lapso legendámos inicialmente no poste P24803 (*),

Esta belíssima fonte (Fotos nºs 3 e 4) , na zona da "Mãe de Água",  também conhecida na época colonial como "Sintra de Bafatá", é portanto do início do desenvolvimento urbano de Batafá, ainda no tempo da República. 

Segundo a entrada na Wikipedia, em "1906, o território guineense foi dividido num concelho (Bolama) e seis residências: Bissau, Cacheu, Farim, Geba, Cacine e Buba. (...) Cacheu continuava como capital do distrito de Cacheu, porém perdeu mais da metade de suas terras para a formação dos distritos de Farim (actual Oio) e Geba (actual Bafatá). Geba torna-se capital do distrito de mesmo nome.

"Em 4 de agosto de 1913 'Bafatá'  (primeiro registro com este nome) recebe o título de vila." (...). Foi elevada a cidade 67 anos depois  (em cerimónia que decorreu a 12 e 13 de março de 1970, com a presença do Ministro do Ultramar) (**), segundo o Manuel Mata.
  
Outro guia e especialista de Bafatá dos anos1968/70, o arquiteto Fernando Gouveia, que lá viveu em como alferes miliciano, com a sua esposa,  Regina, descreve esta zona num dos seus postes do roteiro de Bafatá (***), como  sendo a "Mãe d'Água" ou a "Sintra de Bafatá", local aprazível e romântico onde havia umas mesas para piqueniques e que, de vez em quando, "a esposa do comandante do Esquadrão organizava uns almoços dançantes em que eram convidados, além dos alferes, e alguns furriéis, "todas as meninas casadoiras de Bafatá, libanesas e não só"... 

 O Fernando Gouveia não quis identificar o Esquadrão, mas o último do seu tempo, foi o Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71, cujo comandante era o cap cav Fernando da Costa Monteiro Vouga; reformou-se como coronel, e é autor de diversos livros sob o nome de Costa Monteiro.
 
A foto nº 4 foi-nos disponibilizada pelo nosso camarada Leopoldo Correia (ex-fur mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65); esta e outras fotos otos de Bafatá, de 1959, foram tiradas por um familiar do nosso camarada. "ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Heneni".
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(***) Vd. poste de 12 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12434: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (10): A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras

sábado, 28 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24803: As nossas geografias emocionais (11): Ainda a nascente de água e o fontenário de Bambadinca, inaugurados em 1948 pelo governmador Sarmento Rodrigues

Foto nº 1 


Foto nº 2

Foto nº 3

Guiné-Bissau _ Região de Bafatá > Bambadinca >2023 > A nascente e depósito de águia (em "Agua Verde", presumimoS) (Fotos nºs 1 e 2) e o fontenário que desde 1948 abastece a antiga tabanca de Bambadinca (Foto nº 3). Fotogramas capturados do vídeo de Paulo Cacela (2023), "Dentro da Maior Tabanca da Guiné-Bissua" (*)

 Fotos © Paulo Cacela (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Foto nº 4>   Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70)  e Pel Rec Daimler 2046 (1968/70) > A zona ribeirinha de Bambadinca, na margem esquerda do Rio Geba (Estreito), alagada no tempo das chuvas... Foto provavelmente de meados de 1968 ou 1969...  

Nesta foto, mostrando uma coluna a chegar a Bambadinca, vinda de Bafatá,  são visíveis o fontenário (assinalado a vermelho) e o depósito de água do quartel e posto adminmistrativo (assinalado a azul).  Julgamos que o quartel era abastecido pela mesma nascente ou depósito de água existente no sítio da Água Verde.

Foto © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Carta de Bambadinca (1955) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bambadinca, Nhabijões, Rio Geba, Finete e Fá, e estradas para Xime  (sudoeste) e Xitole e Saltinhp (sul). E ainda, nas imediações de Bambadinca, Água Verde e Bambadincazinho (cotas entre 45 e 42). O pequeno planalto ou morro onde se situava o quartel do nosso tempo devia estar a uma cota de 27.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaaradas da Guiné (2023)


Guiné > Região de Zona  Leste >  Região de  Gabu > Ñova Lamego > Fonte de Nova Lamego... Aspeto parcial com ornamentação de azulejo português, pintado à mão, com a seguinte inscrição: «Fonte da Várzea CABO (sic) 1945». Obra do tempo do governador Sarmento Rodrigues (1945-1949), como diversas outras.
 
Foto (parcial) de postal ilustrada: "Nova Lamego, Guiné Portuguesa".  Colecção "Guiné Portuguesa, nº 153". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte, SARL). 

A partir de exemplar da colecção do nosso camarada Agostinho Gaspar (ex-1.º cabo mec auto rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), natural do concelho de Leiria.

Digitalização e edição de imagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).


1.  O  recente vídeo, já aqui mostrado,  do "youtuber" Paulo Cacela, sobre Bambadinca ("Dentro da maior tabanca da Guiné-Bissau") revelou-nos a existència do "depósito de água", nascente ou  "mãe de água" que abastecia a  Bambadinca do nosso tempo. E que continua a funcionar, desde a sua inauguração, em 1948, com a presença do governador Sarmento Rodrigues (Freixo de Espada à Cinta, 1899-Lisboa, 1979)  (de acordo com fotos do seu arquivo particular, disponíveis no Arquivo Histórico de Marinha)

Na altura não conseguimos apurar a localização exata. E nunca visitámos esta nascente ou depósito de água, nas imediaçóes de Bambadinca,  no tempo em que lá estivemos (1969/71).

A paisagem (onde se localiza esta captação de água, do tempo colonial) é luxuriante,a  avaliar pelo vídeo. O "poço " ou "mina" ou "depósito" está muma cota mais elevada, numa zona de rocha. A água sabia a ferro (no nosso tempo). O Paulo Cacela também não a achou particularmente saborosa. A existència e a captação  de água potável na Guiné  sempre foram um velho problema.

Explorando a carta de Bambadinca (vd. infografia acima), e verificando as diversas cotas, achamos que o sítio deve chamar-se "Água Verde", perto de Bambadinzinho (um reordenamento no nosso tempo)  e estar a uma cota de 35/42.   

O fontanário, por sua vez, estará à cota 5, na baixa de Bambadinca, a escassos 100 metros da margem esquerda do rio Geba Estreito, do destacamento de Intendència e do antigo porto fluvial (um troço de rio que deixou há muito de ser navegável devido ao assoreamento; no nosso tempo, os barcos civis ou "barcos turras" iam inclusive até Bafatá; e até 1968/69, as LGD da nossa Marinha chegavam a Bambadinca).

Não sabemos também a exata distància entre a nascente e o fontenário. Mas pelos nossos cálculos deve ser, no máximo, de 2 km. Tudo indica que a água corre, por gravidade, em tubos (ou manilhas), da cota 35/42 até ao destino final (na cota 5)... 

Mas abastecia também, quanto julgamos, o posto administrativo de Bambadinca e demais instalações civis (incluindo a escola primária e a casa da professora, cabo-verdiana), sitas num morro, que estaria à cota 20 e tal. (No nosso tempo havia um depósito de água no quartel, perto do arame farpado, donde se avistava a tabanca de Bambadinca e o rio Geba (Foto nº 4, tirada de norte para sul, ou seja, da zona fluvial para o quartel, cujo acesso era feito por uma rampa relativamente íngreme). 

A possível referência ao BART 3873, gravada no cimento, aparece ao minuto 53, já quase para o fim do vídeo (*). (Foto nº 2). Á direita do número (3873) percebem-se as letras "...IRES". Com um pouco de boa vontade, pode ser um apelido de um militar "PIRES" que terá feito um trabalho de reparação no depósito, ao tempo em que aquela unidade, ou a respetiva CCS  (Companhia de Comandos e Serviços) esteve em Bambadinca e no Sector L1 (Xime, Mansambo e Xitole) (1972/74). Esta nascente ou depósito de água também foi inaugurada em 1948 pelo governador Sarmento Rodrigues.

 O fontenário de Bambadinca, de 1948  já pouca gente se lembrava dele (**)... Mas temos fotos que documentam a sua existência, ao longo do tempo, de camaradas nossos como o Libério Lopes (1964), o José Carlos Lopes (c. 1968/70), o  Jaime Machado (c. 1968/69), o Humberto Reis (c. 1969/71 e depois 1996).... 

Está agora pintado de branco e azul (não devia sera  cor originalI) (foto nº 3), conforme fotograma do vídeo do Paulo Cacela: continua a funcionar e  dar água aos bambadinquenses, desde há 75 anos!  


Guiné > Reegião de Bafatá > Bafatá > 1959 >  "A fonte pública de Bafatá, 1918" [ Esta belíssima fonte, na "Mãe de Água", na zona conhecida como "Nova Sintra",  de Bafatá, também aparece no filme de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube" (***), mas já muto degradada, bem, como aliás todo o seu meio envolvente... 

O nosso especialista, o arquiteto Fernando Gouveia, que esteve em Bafatá como alferes miliciano nos anos de 1968/70, descreve esta zona nestes termos, num dos seus postes do roteiro de Bafatá: "A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras".

Foto disponibilizada pelo nosso camarada Leopoldo Correia (ex-fur mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65); e e outras fotos otos de Bafatá, de 1959, foram tiradas por um familiar do nosso camaraada.  "ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Heneni",


2. Durante a governação de Sarmento Rodrigues (1945-1949) construiram-se pelo menos três dezenas de fontes, fontanários, nascentes  e depósitos de água, de acordo com registos (fotográficos) constantes do Arquivo Particular do Almirante Manuel Maria Sarmento Rodrigues, que integra o Arquivo Histórico de Marinha (as fotos ainda não foram digitalizadas, o que é uma pena) ... O desenho destas fontes ou fontanários deve ter sido da responsabilidade do GAC - Gabinete de Arquitetura Colonial, em Liusbvo

01 Fonte de Maussim, Jabicunda
02 Fonte de Dandum, Bafatá.
03 Uma Fonte em Fulacunda
04 Fonte de Lenquetó, Gabu.
05 Uma Fonte em Fulacunda
06 Fonte de Várzea do Cabo, Nova Lamego.
07 Fonte de Várzea do Cabo, Nova Lamego.
08 Fonte de Madina, Gabu.
09 Fonte de Quinlandi. 1945-05/1945-05
010 Fonte da Horta de Sónaco, Gabu.
011 Fonte do caminho de Biambe ,Mansôa.
010 Fonte da Horta de Sónaco, Gabu.
011 Fonte do caminho de Biambe ,Mansôa.
012 Fonte Frondosa de Empada, Fulacunda
013 Nascente nº 1, Bafatá. 1946-04/1946-04
014 Depósito nº 1, em Bafatá. 1946-04/1946-04
015 Fonte de Sónaco (circunscrição de Gabu). 1946-05/1946-05
016 Fonte de Madina. 1946-05/1946-05
017 Fonte de Madina no Boé. 1946-05/1946-05
018 Obras de Captação da Nascente nº 2, Bafatá. 1946-05/1946-05
019 Fonte de Nhacra, em Construção. 1946-06/1946-06
020 Poço de Enchudé, Acabado de Reparar. 1946-06/1946-06
021 Fonte de Safim, em Construção. 1946-06/1946-06
022 Fonte de Biambi. 1946-08/1946-08
023 Fonte de Contubel. 1946-09/1946-09
024 Fontanário de Fulacunda. 1947/1947
025 Fonte das Mocinhas. 1948/1948
026 Fonte de Timbó. 1948/1948
027 Fonte de Lenquerim. 1948/1948
028 Fontanário de Bambadinca. 1948/1948
029 Fontanário de Bambadinca. 1948/1948
030 Fontanário de Bambadinca. 1948/1948
031 Fontanário de Bafatá. 1945-05/1945-05
032 Fontes de S. João. 1946-09/1946-09
033 Fontes e Miradouro de S. João. 1946-09/1946-09
034 Fonte de Binar. 1946-08/1946-08
035 Fonte de Tór. 1946-06/1946-06
036 Fonte de Tór. 1946-06/1946-06
037 Fonte de Gam Grande. 1946-08/1946-08
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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 27 de outubro de  2023 > Guiné 61/74 - P24798: As nossas geografias emocionais (10): O fontenário de Bambadinca de 1948, de que quase ninguém... já se lembra(va)!

(***) Vd. poste de 5 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14120: Manuscrito(s) (Luís Graça) (43): Notas à margem do documentário de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube", com direção de fotografia da Marta Pessoa (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78')