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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11127: Memória dos lugares (214): Cameconde, no subsetor de Cacine, o destacamento mais a sul do CTIG... (José Vermelho / Augusto Vilaça / Juvenal Candeias)



Guiné > Mapa geral da província ( 1961) > Escala 1/500 mil > Posição relativa de Cameconde, a guarnição militar portuguesa mais a sul, na região de Quitafine, na estrada fronteiriça Quebo-Cacine... Em 1968 era o batalhão que estava em Buba (BART 1896, 1966/68) quem defendia esta importante linha de fronteira...


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

1. Há mais de duas dezenas de referências a Cameconde, no nosso blogue, mas há informação este destacamento, que dependia de Cacine (*). Fomos recolher alguns apontamentos:




Guiné  > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > c. maio de 72/abril 73) > O José Vermelho, quando passou pela CCAÇ 6, as "Onças Negras".

Foto: © Vasco Santos (2010). Todos os direitos reservados.


(i) José Vermelho, nosso grã-tabanaqueiro nº 471, fur mil, CCAÇ 3520 - Cacine, CCAÇ 6 - Bedanda, CIM - Bolama, 1972/74):

(...) Cameconde era um destacamento de Cacine, distando 6/7 Kms entre si.

Tinha uma forma mais ou menos rectangular, talvez aí de uns 50 por 70 mts., encravado no meio da mata, completamente isolado, sem qualquer população civil.

Era o destacamento das N/T situado mais a sul da Guiné.

Tinha em permanência 1 Pelotão de Artilharia + 1 Grupo de Combate de Cacine, sendo este substituído mensalmente por outro, em regime rotativo.

Era feita uma coluna diária Cacine - Cameconde (com picagem) e volta.

Nos primeiros meses de 1972, também fui um dos "turistas voluntários à força", convidado a visitar Cacoca...isto é...o pouco ou nada que restava dela!

Um abraço para todos os camaradas

José Vermelho [ Comentário ao poste P11109]


(ii) Augusto Vilaça [ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914, Sangonhá e Cacoca, 1967/69]

Quando viemos para Cacine, tínhamos o destacamento, Cameconde, onde tínhamos de estar 15 dias. Quando haviam flagelações, bastava uma "obussada " para que os turras desistissem. Eu tirei a especialidade em artilharia, mais concretamente em armas pesadas, como bazuca, morteiros de 60 ou 120 mm. Chefiava uma secção de 5 homens.

Pergunta do J. Casimiro Carvalho:

Ó Gusto, isso aí deve ser um 10,5  [,. referência a foto, a seguir,  do Augusto Vilaça junto a um obus que me parece ser 8.8] ?! Cameconde era com abrigos, casamatas ? Eu estive aí em 73.

Resposta de Augusto Vilaça:

Olá. Quando lá estive, o nosso refúgio eram os abrigos, um em cada quadrado. Como sabes, esses abrigos eram muito frágeis. Felizmente nunca caíu um morteiro neles, senão.....

Comentário de Silvério Lobo:

Amigo augusto estive lá, em 2008, com o Luís Graça, vi um abrigo bem forte, com alguns frases do vosso tempo [Eu e o Silvério Lobo, estivemos em Cacine, não em Cameconde]

Comentário de J. Casimiro Carvalho:

Eu estive de passagem em Cacine. Cameconde tinha casamatas fortificadas e estava desativado. Ou estou enganado ?

[Fonte: Página do Facebook da Tabanca Grande, Grupo Antigos Combatentes da Guiné, 30/7/2012]


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Setor de Cacine > Cacine, na margem esquerda do Rio Cacine > 2 de Março de 2008 > Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Visita dos participantes ao sul > Por aqui passou a CART 1692... Esta tosca placa em cimento, delicioso vestígio arqueológico dos "tugas", diz-nos que em dois dias, de 16 a 18 de Abril de 1968, foi construído este abrigo, em tempo seguramente recorde, a avaliar pelas "60 bebedeiras neste 'priúdo'... TRABALHO RÁPIDO". Estão também gravados dois topónimos portugueses, Nisa e Alenquer.



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cacine > 2 de março de 2008 > Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 março de 2008) > O Silvério Lobo junto a uma "bunker", construído pelas NT em cimento armado (, seguramente pelo BENG...).

Fotos: © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados


(iii) Quem tem estórias, deliciosas, de Cameconde (e de Cacine) é  o Juvenal  Candeias (, ex-alf mil, CCAÇ 3520,  Estrelas do Sul, Cacine e Cameconde e Guileje, 1971/74]  [, foto à esquerda]

Reproduzo aqui, a do Viente Piu (**)

(...) Vicente era o Furriel de Minas e Armadilhas do 2º Grupo de Combate da CCaç 3520! Popularmente era conhecido por Piu, alcunha que nada tinha a ver com um temperamento piedoso, mas simplesmente com o seu vício de caçador de passarada!

Era ele, provavelmente, quem mais contribuía para o moral elevado das nossas tropas. Embora não fosse aquilo a que habitualmente chamamos uma figura carismática, o Vicente era a boa disposição permanente e contagiante, que nos permitia rir com gosto e facilidade!

Era o homem sempre pronto a pregar partidas aos camaradas!

O Vasconcelos, Furriel de Artilharia em Cameconde, homem dos obuses 14, era uma das suas principais vítimas! Pequenino e bom de bola, fazia inveja ao Garrincha, de tal modo as suas pernas eram arqueadas, e, segundo o Piu, bastante feias! Por essa razão, andava sempre de calças e só tomava banho à noite e sozinho! Salvo quando o Vicente lhe colocava baldes de água em cima das portas por onde ele ia passar!

O Vasconcelos veio à Metrópole de férias e terá conhecido, numa festa, uma miúda por quem se apaixonou! Quem escolheu para confessar a sua paixão? Exactamente o Piu, que explorou exaustivamente a situação, obtendo informação detalhada! Estava em marcha mais uma partida!

O correio enviado diariamente por Cameconde aguardava transporte em Cacine. A correspondência chegava e partia de Cacine, na melhor das hipóteses uma vez por semana, em avioneta Dornier 27. O pessoal que estava destacado em Cameconde recebia o correio no dia seguinte, através da coluna auto que todas as manhãs ligava os dois aquartelamentos.

Com alguém em Cacine feito com o Piu, o Vasconcelos começou a receber correspondência da sua paixão, aerogramas que eram escritos e falsificados em Cameconde pelo Piu, vinham a Cacine e voltavam a Cameconde, sempre que havia correio geral a distribuir. Naturalmente que as respostas do Vasconcelos nunca passavam de Cacine, voltando a Cameconde, onde eram entregues ao Piu.

O detalhe da tramóia incluía carimbos e restantes pormenores que faziam acreditar no realismo da correspondência! O conteúdo, inicialmente erótico, posteriormente pornográfico, com inclusão de sexo virtual, era do conhecimento de todos, apenas o Vasconcelos desconhecia a partida! Estava cada vez mais apaixonado… e continuava a confessá-lo ao Piu com quem, ainda por cima, comentava o correio que recebia da sua paixão!

A partida durou as semanas que o Piu entendeu e quando se fartou… escreveu uma última missiva, identificando-se, descompondo o Vasconcelos e chamando-lhe alguns nomes que pouco abonavam a sua masculinidade!

Acabou, assim, deste modo abrupto, um passatempo que animou, durante algum tempo, o destacamento de Cameconde, buraco do… cú do mundo, onde nada existia e nada acontecia, para além de umas bazucadas com maior frequência que a desejada! (...)

(iv) Sobre esta região, o Quitafine, leia-se o excelente enquadramento feito pelo Juvenal Candeias  [, foto à direita, então alf mil da CCAÇ 3520] (***):
(...) A região do Quitáfine, a Sul de Cacine, era considerada o santuário do PAIGC, que aí estava fortemente instalado e provido de dispositivos de segurança, que tornavam os nossos movimentos impossíveis, salvo com utilização de meios excepcionais. Trilhos minados e sentinelas avançadas, permitiam-lhes uma tranquilidade apenas quebrada pelos obuses de 14 cm, disparados do nosso destacamento de Cameconde!

Os efectivos de que dispunham com um grupo especial de 20 lança-granadas, responsável pelas constantes flagelações a Cameconde, apoiado por um bigrupo disperso pela zona de Cassacá e Banir (onde se supunha estar o comando), eram reforçados por uma vasta população armada em auto-defesa, distribuída, entre outras, pelas tabancas de Ponta Nova, Bijine, Dameol, Cassacá, Banir, Campo, Cassebexe e Caboxanque.

O PAIGC furtava-se sistematicamente ao contacto, optando por uma estratégia defensiva de protecção às populações que controlava, privilegiando as flagelações e a colocação de engenhos explosivos! Quem circulava a Sul de Cambaque (que distava cerca de 3 Km de Cameconde) tinha como certo algumas surpresas no trilho! Provavelmente um campo de minas e a seguir (algum humor-negro), munições de Kalash espetadas no chão formando a palavra PAIGC!

O Quitáfine permitia ainda,  ao PAIGC,  um reabastecimento regular e seguro, processado a partir da República da Guiné, através de vários rios, em especial o Caraxe e o Camexibó! Ao dispositivo militar juntava-se uma mata densa intransponível!

Os pára-quedistas, após uma operação no Quitáfine, só à noite conseguiram chegar a Cameconde, com grande dificuldade e orientados pelo clarão da queima de cargas de obus, em cima dos abrigos!  O grupo de Marcelino da Mata, largado de helicóptero, fez um golpe de mão a Cabonepo, a base do PAIGC mais a Norte do Quitáfine, onde estaria instalado um posto transmissor. Quando chegou, após lenta progressão através da mata… não havia lá nada… a base tinha sido abandonada momentos antes!

O Quitáfine era, efectivamente, o santuário do PAIGC, desde o início da guerra! Foi ali que se realizou, na tabanca de Cassacá – a 15 Km de Cacine e a 8 Km de Cameconde -, em meados de Fevereiro de 1964, o 1º Congresso do PAIGC, com a presença de Amílcar Cabral, Luís Cabral, Aristides Pereira e outras individualidades do Partido!

A CCaç 3520 tinha chegado ao porto de Cacine, a bordo da LDG Montante, em 24 de Janeiro de 1972, para render a CCaç 2726 – companhia açoriana comandada pelo Capitão Magalhães -, o homem que retorcia as pontas do bigode com cera e a quem o tabaco nunca faltava! Dizia-se mesmo, à boca pequena, que, quando o tabaco acabava em Cacine, o PAIGC deixava, no mato, uns macitos para o Capitão! Rumor ou realidade… ninguém sabe! Ficou por provar!

Decorria ainda o período de sobreposição, que se prolongou até 22 de Fevereiro, quando foram recebidas instruções de Bissau, para ser preparada uma operação ao Quitáfine – Cabonepo e… Cassacá! (...)



Plano de retração das guarnições militares portuguesas, no pós-25 de abril. Região sul. Cameconde e Gadamael foram desativados no mesmo dia,  19 de julho de 1974. Cacinbe, uns dias mais tarde, a 12 de agosto.  Nesta lista há 3 aquartelamentos que pertenciam ao leste, não ao sul: Bambadinca, Mansambo e Xime. Reprodução (parcial) da página 54 (de um total de 74) do relatório da 2ª rep/CC/FAG, publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".

Sangonhá e Cacoca já tinham sido abandonados no início do consulado de Spínola, no 2º semester de 1968, como conta aqui o António J. Pereira da Costa, numa das histórias da sua "guerra a petróleo", e quando ele foi alferes QP da CART 1692.

Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012) ]
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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11109: O Nosso Livro de Visitas (162): João Vaz, natural de Teixoso, Covilhã, naturalizado francês, vive em Pau, perto de Lurdes... Foi 1.º cabo apontador de obus, esteve na BAC 1, entre 1968 e 1970, e passou por Bissau, Cameconde, Buba e Cuntima



Guiné > Região de Tombali > Mapa de Cacoca / Gadamael (1960) (Escala 1/50 mil). Posição relativa de Cameconde. Se não erro, depois da  retirada de Sangonnhá e Cacoca,  Cameconde, a sul de Gadamael,  era a nossa única guarnição do regulado de Cacine na região abrangida pela carta de Cacoca.

 Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Telefonou-me, este fim de semana, um camarada da diáspora, João Vaz, hoje naturalizado francês, Jean Vaz. Vive na cidade de Pau, perto de Lurdes, no departamento dos Pirinéus Atlânticos.

O João é natural de Teixoso, Covilhã. Foi 1º cabo apontador de obus, de rendição individual, tendo estado na BAC (Bateria de Artilharia de Campanha), entre 1968 e 1970. Passou seis meses em Cameconde. Voltou a Bissau, e foi de novo colocado no mato, em Buba. Acabou a comissão em Cuntima. Ainda chegou a estar escalado para Gandembel, mas safou-se.

Era tradição na BAC passar-se um ano no mato e outro em Bissau.

O João Vaz vem a Portugal todos os anos. É assíduo e apaixonado visitante do nosso blogue. Gostaria de encontrar malta do seu tempo, e nomeadamente da BAC. Convidei-o para integrar a nossa Tabanca Grande e participar no nosso próximo VIII Encontro Nacional, que se vai realizar em Monte Real, em 22 de junho próximo. Vamos ficar em contacto. Aqui fica o seu mail: jean.vaz@sfr.fr

Eis aqui alguns camaradas que estiveram em (ou passaram por) Cameconde (que, tanto quanto sei, seria um destacamento de Cacine, pelo menos no tempo do Augusto Vilaça):

Tony Grilo, ex-sold apontador de obús 8,8 cm, BAC 1,  Cabedu, Cacine e Cameconde, 1966/68(, vive no Canadá);

Júlio Dias, Pel Rec Daimler 2049 (Cacine e Cameconde, 1968/70) /, vive em Sidney, Austrália);

Juvenal Candeias, ex-alf mil, CCAÇ 3520, Cameconde, 1971/74;
Augusto José Saraiva Vilaça, ex-fur mil da CART 1692/BART 1914 (Sangonhá e Cacoca, 1967/69):

António José Pereira da Costa (Cor art ref, ex-alferes de art na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69;  e ex-cap  e cmdt  das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74).
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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9014: O nosso blogue em números (12): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de Domingos Gonçalves /Augusto Vilaça/José Carlos Gabriel





Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (Abril de 1968/Janeiro de 1969) > 1968 > Início da construção do aquartelamento > Os homens que fizeram das tripas coração, a G3 numa mão, a pá e a pica noutra...

Foto: © Idálio Reis (2007). Todos os direitos reservados.



A. Mais três comentário de membros da nossa Tabanca Grande , com data de 4 do corrente, a propósito do nosso blogue e do seu futuro (*):


1. Domingos Gonçalves:

(...) Antes de mais, votos de boa saúde. Depois, referindo-me ao blogue, apenas tenho a referir que se trata de um trabalho meritório, que contém imensa informação interessante, sobre a guerra da Guiné, que, penso, a generalidade dos ex-combatentes, e não só, aprecia, e louva.


Como em tudo na vida, é uma obra humana, neste caso informação escrita, disponível para um enorme  universo de pessoas interessadas, susceptível, portanto, de eventuais reparos. Coisa normal. Mau seria que, sobre toda a informação que vai sendo disponibiliza existisse absoluta uniformidade de opiniões.

Pessoalmente, entendo que é um trabalho de mérito, que merece ser continuado. Defeitos? Quem os não tem?
Parabéns aos autores, e editores. Continuem. (...)

2. Augusto Vilaça

(...) Luís Graça e Carlos Vinhal são o coração da Tabanca Grande. Sem eles passaríamos desconhecidos, quiçá, esquecidos de expôr as nossas vidas ao serviço da Patria que muitos pretendem esquecer!

Só quem passar por lá saberá dar o real valor a esse tempo de incertezas.

Não quero deixar passar este feliz momento para, especialmente, dar um forte abraço aos nossos camaradas deficientes que defenderam a nossa Pátria. E, logicamente, dar um abração ao Luís e Carlos pelo sua espontaneidade, vontade, sacrificio, de sempre atualizar o nosso blogue. Muitos parabéns e felicidades. Abraço do Augusto Vilaça.




3. José Carlos Gabriel

Começaria por agradecer a todos os camaradas os votos de felicitações que me foram endereçados na data do meu 60º aniversário e, como castigo,  que o façam por mais uns anos largos pois será um bom sinal para todos.



Respondendo agora a esta solicitação vou tecer alguns comentários que não têm a pretensão de ser mais que isso.~


Começo precisamente pelos votos de Parabéns a Você  que para mim deveria de ser Parabéns, Camarada.


No meu entender este Blogue não pretende trazer para a ribalta as hierarquias militares pelo que o tratamento entre os camaradas deveria ser tão simplesmente o mesmo com se trata um amigo (eu não trato um amigo por você).


No cumprimento do dever militar aceitei esse tratamento diferenciado pois o mesmo impunha-se para que cada um desempenha-se a sua função e existi-se respeito pelo seu superior para o cumprimento das ações necessárias (alguém teria que comandar e ser respeitado) mas agora para mim não faz qualquer sentido.


Neste Blog (penso eu) pretende-se encontrar ex-camaradas e contar alguns episódios que se passaram naquela época.


Dos textos editados não posso e nem quero acreditar que algum camarada conte alguma história que não tenha sido verídica (provavelmente com algumas falhas pois os anos não perdoam) mas ainda somos muito novos.


Os acontecimentos da época terão para cada um o valor que se lhe pretenda atribuir e um pequeno episódio pode para quem o conta representar muito.


Sobre o Blogue não deixo de dizer que inicialmente tive alguma dificuldade em encontrar o que pretendia até perceber de como deveria fazer as pesquisas mas depois de me familiarizar não tenho qualquer dificuldade pelo que nada tenho a apontar.


Quanto ao muitos se "inscrevem" mas poucos "escrevem" , talvez seja motivado pelo que referi inicialmente além de já ter lido alguns comentários aos trabalhos publicados que tocam um pouco à filosofia e talvez não tenha agradado aos seus autores da mesma forma que não me agradaram porque este Blogue está aberto a todas as classes sociais e eram muito diferenciadas á época.


Também por ter conhecimento de quem não pretenda sequer recordar essa época talvez com medo de sentir o peso da idade ou achar que não teve qualquer importância na sua vida.


Existe uma proliferação de Blogues sobre a guerra colonial/guerra do ultramar mas na sua maioria só são utilizados para marcação de almoços comemorativos e em nada falam sobre os acontecimentos vividos por cada um de nós.


Para mim este Blogue desde o meu primeiro comentário editado já fez com que tenha encontrado alguns ex-camaradas mas só um deles que eu saiba publicou algo no mesmo. ´


Continuem com o mesmo empenho enquanto vos for possível que as melhorias nas intervenções irão aparecer com o tempo.Um abraço a todos os camaradas.


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Nota do editor:


(*) Último poste da série > 7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9007: O nosso blogue em números (11): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários de F. Palma, H. Sousa, F. Costa e T. Mendonça

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8227: Em busca de ... (160): Camaradas do Pel Rec Daimler 2049 (Cacine e Cameconde, Maio de 1968/Abril de 1970) (Júlio Dias, Sydney, Austrália)


Guine > Região de Tombali > Cacine > CCAÇ 3520, Estrelas do Sul (Cacine, Cameconde, Guileje, 1971/74) > "Hospital Central de Cacine”: todas as especialidades (incluindo partos)...



Foto: © Juvenal Candeias (2010). Direitos reservados.


1. Mensagem de Júlio Dias, com data de 5 do corrente:
 Assunto: Julio Dias - em Sydney

Camarada, Luís Graça 

Aqui vai o meu email - mais um ex-combatente da Guiné, Pelotão Daimler 2049 (Cacine Cameconde, 1968/70).

Procuro fervorosamente os meus antigos camaradas de pelotão. Vivo na Austrália e - deves recordar-te - falámos recentemente ao telefone. Sou mais um Camarada, ex-combatente da Guiné que quer ligar-se ao Blogue

Brevemente, mando-vos um mail com o meu pagamento de ingresso (mínimo): (i) duas fotos tipo passe (uma antiga e outra actual); (ii) + 1 história...

Sei que é importante registar-me, para me poder sentar à sombra do frondoso 
e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande e poder participar no blogue, partilhando fotos e outras memórias.

Aqui fica a minha gratidão para com os autores e colaboradores deste Blogue. Bem hajam!

De Sydney, um grande abraço do,
Júlio Dias - ex-combatente da Guiné Bissau
Telemóvel: 0402216072

2. Comentário de L.G.:

Meu caro Júlio: Obrigado pelo teu e-mail. Falámos ao telefone durante mais de meia hora... Eram 9h15 da noite aí em Sydney... Deixa-me ver o que eu anotei a teu respeito:

(i) És natural de Arganil, um concelho que eu conheço, como turista, e que tem paisagens de cortar a respiração;

(ii) Fizeste 65 anos;

(iii) Estás na Austrália há 30; antes, estavas na Suiça, como emigrante...

(iv) És mecânico de automóveis... E foram os automóveis que te levaram à Austrália... Eras fã de Niki Lauda... Hoje coleccionas carros antigos.

(v) Antes disso, moraste perto de mim, em Benfica, junto ao Parque Florestal de Monsanto...

(vi)  A aventura da Guiné começou, segundo nem percebi em Maio de 1968... Eras condutor de uma autometralhadora Daimler... Pertencias ao Pel Rec 2049 (Cacine, Cameconde, Guileje, Gadamael, Maio de 1968/Abril de 1970). Julgo que também te conheciam por Jau. TTinhas, além disso, um irmão, Luciano Dias que também estava ou tinha estado na Guiné (em Catió).

(vii) Foste ferido em Novembro de 1968, numa emboscada, em Cacine... Nessa emboscada,  morreu o Fur Mil Isidro (segundo percebi, na explosão de uma mina).

(viii) O nosso Com-Chefe, na altura ainda brigadeiro, António Spínola foi-te visitar ao HM 241... E ter-te-á prometido: "Rapaz, já não vais mais para o mato"...

(ix) O resto é história para tu contares, aqui no blogue...

(x) E enquanto não chegam as fotos da praxe que estão prometidos, reforçamos aqui o teu pedido: "procuro camaradas do meu tempo, e se possível do meu Pel Rec Daimler 2049"...

Sê bem vindo a bordo, camarada!...

PS - Infelizmente não temos ninguém do teu Pel Rec 2049... Temos do Pel Rec 2046 que é da mesma altura (1968/70) mas estava sediado na Zona Leste, mais exactamente em Bambadinca [, vd. foto com o brasão, à esquerda], comandadado pelo nosso camarada e amigo Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav (mora em Matosinhos). Pode ser que entretanto conheças alguém, sendo malta de cavalaria: clica aqui.

Sobre os sítios por on andaste, temos muitas referências... Clica aqui:

Cacine  (mais de 50)
Cameconde (cerca de 20)
Guileje (mais de 315)
Gadamael (mais de 130)

[Procura também no Google > Imagens > Cacine]

Pelas rápidas pesquisas que fiz, no teu tempo, em Cacine, estava a CART 1692/BART 1914 (Esteve lá como Alferes QP, e portanto contigo, o nosso camarada António J.P. Costa).

O Fur Mil MA Isidro, que morreu, em 17 de Novembro de 1968, terá sido o Manuel Joaquim Mesquita Isidro dos Santos, natural de Benavente, e que pertencia justamente à CART 1692, segundo informação do portal Ultramar Terraweb.

Outro membro da nossa Tabanca Grande que pertenceu á CART 1692 e que esteve contigo em Cacine é o Augusto Vilaça. Contacta com ele.

______________

Nota do editor:

Último poste da série > 4 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8218: Em busca de ... (159): Camaradas da CCAÇ 4544 (Cafal Balanta, 1973/74) (Manuel Santos Antunes / Catarina Antunes)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8132: Parabéns a você (249): Augusto José Saraiva Vilaça, ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

19 DE ABRIL DE 2011

AUGUSTO VILAÇA

Caro camarada Augusto Vilaça*, embora desconheçamos oficialmente a data do teu aniversário, fomos alertados pelo facebook.

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia, desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos mais próximos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
____________

Notas de CV:

(*) Augusto José Saraiva Vilaça foi Fur Mil na CART 1692/BART 1914 que esteve em Sangonhá e Cacoca nos anos de 1967/69.

Vd. último poste da série de 19 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8130: Parabéns a você (248): Victor Barata, ex-Especialista da FAP, DO 27, BA 12, 1971/73 (Tertúlia / Editores)

sábado, 6 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7235: Blogpoesia (84): P'ra frente... marche (Augusto Vilaça)

1. Mensagem de Augusto José Saraiva Vilaça* (ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914, Sangonhá e Cacoca, 1967/69), com data de 3 de Novembro de 2010:

Amigo Carlos,
Segue desta vez um poema dedicado aos Instruendos, de 1966, do CISMI de Tavira.


BLOGPOESIA

P´RA  FRENTE... MARCHE

Eu quero andar neste barco
que nunca naufragará.
Eu quero andar neste barco
onde a alegria reinará.
Senhoras e senhores
olham p´ra esta malta gira,
aqueles grandes sonhadores
os militares de Tavira.
Há 44 anos entrando
p´ra uma vida militar,
hoje, aqui, recordando
aquele ambiente familiar,
lá vai a nau Catrineta
cheinha de militares,
ó Barnabé toca a corneta,
ó pas junto os calcanhares.
Agora sois militares
acabaram as brincadeiras,
ireis até mim rastejar
e ouvir dizer asneiras.
Fizemos de tudo com fé
naquele lugar tão distante.
Recordemos o nobre Canine
que foi um grande comandante.
Borges da Costa também
e todos os oficiais;
sargentos, gente de bem
oh Tavira, quantos ais.
Pórtico, galho, parada,
caserna, cantina, espingarda.
Hoje, quanta gargalhada
quando vestimos a farda...
Companhia... direita..volver,
cagança.... milicianos.
precisamos de viver
todos aqueles anos.
Agora, de pé, camaradas,
respeitosamente comovidos,
aplaudamos os audazes,
os milicianos falecidos.

A. Vilaça
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 31 de Outubro de 2010 Guiné 63/74 - P7202: Blogpoesia (81): Quem não se lembra?... (Augusto Vilaça)

Vd. último poste da série de 3 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7219: Blogpoesia (83): Respeito, esse pau da bandeira foi colocado pelos Lassas de Cufar (Mário Fitas)

domingo, 31 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7202: Blogpoesia (81): Quem não se lembra?... (Augusto Vilaça)

1. Mensagem de Augusto José Saraiva Vilaça (ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914, Sangonhá e Cacoca, 1967/69), com data de 10 de Outubro de 2010:

Amigo Carlos,
passo-te um poema relacionado com a Guiné.


BLOGPOESIA

Quem não se lembra?...

Augusto Vilaça

Quarenta e quatro anos passados
continuamos irmanados
relembrando ousadias.
Foi um tempo particular
de uma era militar
arriscando nossas vidas.


Bolanhas, fulas, biafadas,
capim e morteiradas,
abrigos... flagelações...
Foram muitas caminhadas
e algumas emboscadas
sustos... palpitações.


Mas hoje estamos de pé
sem esquecermos até
aqueles que aqui não estão.
Camaradas da Guiné
vamos mostrar como é
com um abraço do coração.


O camarada
A. Vilaça
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 20 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7147: Tabanca Grande (248): Augusto José Saraiva Vilaça, ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914 (Sangonhá e Cacoca, 1967/69)

Vd. último poste da série de 18 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6868: Blogpoesia (80): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (7) (Manuel Maia)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7147: Tabanca Grande (248): Augusto José Saraiva Vilaça, ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914 (Sangonhá e Cacoca, 1967/69)

1. Mensagem de Augusto José Saraiva Vilaça (ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914, Sangonhá e Cacoca, 1967/69), com data de 10 de Outubro de 2010:

Olá, Luís.

Não sei quem és, mas só por seres ex-combatente na Guiné já diz tudo.
Também lá estive e gostava de fazer parte da tua espectacular exposição. Todos não seremos muitos, mais um será positivo.

Diz-me só o que devo fazer para contribuir para essa nobre página que abriste e colaborarei com fotos e acontecimentos pois sou DFA.

Quem me informou foi o nosso camarada Pimentel. É que só agora optei por ter um computador para me entreter.

Abraço, Luís. Bem hajas.


2. Segunda mensagem de Augusto Vilaça com data de 17 de Outubro de 2010:

Meu caro companheiro, tenho muito gosto em poder participar no historial daqueles que estiveram na Guiné.

Aqui vai resumidamente essa passagem:

Sou: Augusto José Saraiva Vilaça, 66 anos, natural do Porto.
Entrei para a vida militar em 10 de janeiro 1966 para o CISMI - Curso Instrução Sargentos Milicianos Infantaria.

Em Abril, por escolha minha, optando por artilharia, fui tirar a especialidade na EPA - Escola Pratica Artilharia.

Fui destacado para a Guiné, e em 8 Abril 1967 embarquei no Uíge chegando a Bissau em 14 Abril 1967.

Começou aqui a minha história do Ultramar. O nosso capitão Veiga da Fonseca chamou os furriéis, sargentos e oficiais para dar uma lição de ética e de patriotismo.

Saídos de noite do Uige para uma barcaça... sem qualquer tipo de armamento. A meio da noite a barcaça parou devido à bolanha não ter condições para prosseguir! Que ansiedade no meio daquela escuridão toda.

Recomeçámos o andamento até que aportámos em Gadamael. Daí, a Companhia foi dividida, isto é, metade para o aquartelamento, Sangonhá, metade para o acampamento, Cacoca. Isto funcionou como uma adaptação ao terreno. Apanhei o primeiro susto aqui, em Cacoca quando um informador foi dizer ao oficial destacado que se previa uma invasão de turras nessa noite!!! Ficamos todos a tremer e há que tomar posições. Os vigias, de quando em vez, disparavam um tiro de G3 ao ouvirem um ruído no mato!! Isto durante toda a noite.

Clareou. Exaustos, sem saber o que se tinha passado...

O general Schultz, na altura, envia uma mensagem ao nosso capitão com ordem para transferir a Companhia para Cacine, aquartelamento, e Cameconde, destacamento. Calhou-me Cacine.

As primeiras saídas do aquartelamento foram inesquecíveis dado que, aqui nesta zona, havia fortes probabilidades de ataques dos turras.

No próprio dia da chegada a Cacine, ainda não tínhamos tomado conhecimento fisico do quartel quando começaram a "chover" os primeiros rockets... Oh minha mãe, que confusão, que "medo", só os rebentamentos eram temerários. Consegui chegar ao meu abrigo e aí comecei a ripostar com morteiro 120. Passados 10 longos minutos, os turras pararam.

Os principais receios eram: a picada do aquartelamento, em coluna, com segurança de Daimlers para o destacamento e volta; o ir buscar água; as flagelações; as picadas no mato; as emboscadas, etc., etc.

O meu baptismo de fogo real, frente a frente,  foi numa emboscada que montámos no famoso corredor da morte em Guileje. Foi "espectacular" a troca de tiros, os rockets.

A minha secção de morteiro mandou algumas "bojardas". O nosso capitão abriu o fogo. Fizemos 4 mortes e recuperámos armas, bazucas e munições. Fizemos "ronco". Fomos aplaudidos em Guileje pelos companheiros que lá estavam.

Muitos soldados, mal chegaram a Guileje, tiveram de mudar de fardamento pois não aguentaram a pressão e ansiedade vividos após a montagem da emboscada até à passagem dos turras.

Infelizmente fui evacuado, em Fevereiro 1968 para o Hospital Militar de Bissau. Fiz os exames normais e foi-me detectada uma úlcera no estômago tendo regressado a Lisboa num Skymaster da Força Aérea.
Esta enfermidade foi devida ao desgaste, não só emocional como também ao desgaste físico. Podeis ver a foto que envio tirada em Sangonhá.

Só um elogio a um Homem que soube comandar disciplinarmente e ao mesmo tempo amigavelmente uma Companhia. Esse Homem foi o nosso capitão VEIGA DA FONSECA.




2. Comentário de CV

Caro Vilaça, bem-vindo à Tabanca.
Pela tua apresentação verificamos que estiveste na Guiné menos de um ano por motivos de doença. Como se costuma dizer, há males que vêm por bem. Esperamos que não tenham ficado sequelas para o resto da vida.

Apesar da tua saída airosa, antes do tempo regulamentar, não te dispensamos da obrigação de nos contares as tuas recordações daqueles meses de luta e privações de toda a ordem.

Se tiveres fotos que julgavas que jamais veriam a luz do dia, manda-as para nós que serão publicadas como novas.

Não nos dizes qual foi a tua Unidade, mas pelas minhas pesquisas pertenceste à CART 1692/BART 1914. No teu próximo contacto esperamos a confirmação.

Na quase certeza de teres pertencido ao BART 1914, deves ter conhecido na tua Companhia o então Alferes António José Pereira da Costa, actualmente Coronel Reformado, nosso tertuliano.

Para saberes como somos e o que queremos com este trabalho, lê o lado esquerdo da nossa página. Podes pesquisar no Blogue utilizando os marcadores disponíveis por locais, autores, Unidades, assuntos, séries, etc. Tens um manancial de informação disponível à tua disposição.

Quero enviar-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.


O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7085: Tabanca Grande (247): Alberto José dos Santos Antunes, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 2402 (Olossato) e CCAÇ 5 (Canjadude) (1970/72)