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sábado, 8 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19265: E as nossas palmas vão para... (18): O Arquivo Geral do Exército pela excecional colaboração prestada na pesquisa, de 5 anos, para o meu Livro dos Heróis Limianos... apesar das tremendas dificuldades em instalações e pessoal: 10 milhões de fichas individuais e 20 quilómetros de prateleiras todos os dias em risco, está lá toda a Guerra do Ultramar! (Mário Leitão)


Mário Leitão e o Director do Arquivo-Geral do Exército, tenente-coronel Fernando Felício



Capa do livro "Heróis Limianos da Guerra do Ultramar", de Mário Leitão (Ponta de Lima, ed. autor, 2018, 272 pp.) (*)

[O Mário Leitão, hoje farmacêutico reformado, foi fur mil, na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF), no período de 1971 a 1973; é natural de (e residente em) em Ponte de Lima, é membro da nossa Tabanca Grande, e já tem 3 livros publicados: "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012), "História do Dia do Combatente Limiano" (2017) e, agora, "Heróis Limianos da Guerra do Ultramar" (2018)].


Fotos: © Mário Leitão  (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do nosso amigo e camarada limiano, António Mário Leitão: 

Data: sexta, 7/12/2018 à(s) 12:23
Assunto: Livro dos Heróis Limianos

Caro Luís, um grande abraço!

Como não podia deixar de o fazer, entreguei pessoalmente um livro ao Sr. Director do Arquivo-Geral do Exército, tenente-coronel Fernando Felício, a quem devo a minha gratidão pelos serviços extraordinários que a sua instituição me prestou durante 5 anos de pesquisa.

É claro que na ocasião também agradeci ao seu adjunto, major dr. Marcelo Borges, e ao sargento-ajudante Fonseca, que foram incansáveis no fornecimento de processos para análise!

A propósito deste meu agradecimento devo denunciar as tremendas dificuldades de pessoal e de instalações com que esta unidade militar se debate, as quais tardam a ser solucionadas pelos governantes da nossa praça!

Aqueles 10 milhões de fichas individuais e os 20 quilómetros de prateleiras não podem continuar a correr os riscos actuais! A Guerra do Ultramar está lá toda, à espera de digitalização e de tectos seguros, e as calamidades dos incêndios não acontecem só em Terras de Santa Cruz! (Que o diabo seja surdo!)

Agradeço a publicação no nosso blogue!

Outro abraço e até breve! 
Mário Leitão 

2. Poste publicado, em 5 do corrente, na página do Facebook de António Mário Leitão:

Missão cumprida!

As biografias dos 53 Rapazes da minha terra que morreram na tropa durante a Guerra Colonial só puderam ficar registadas para a História porque este cidadão, tenente-coronel Fernando Felício, compreendeu, logo que iniciei as minhas pesquisas, a grande importância dessa missão de cinco anos.

Como Director e Comandante do Arquivo Geral do Exército (**), e no estrito cumprimento da sua missão, facultou-me todo o apoio e todas as facilidades para escrever este livro, o qual, sem disso eu ter consciência, catapultou Ponte de Lima para o primeiro dos concelhos a escrever a história da vida de cada um dos seus filhos mortos ao serviço da Pátria naquele conflito.

A par desta figura, uma outra se destaca como grande destinatário da minha gratidão: o forjanense coronel dr. Luís Coutinho de Almeida, que partilhou comigo muitos dias de pesquisa no Convento de Chelas.

Aqui deixo, com garantia de perenidade, um grande abraço de amizade e gratidão para esses dois senhores Oficiais Superiores!

Não vos admireis, pois, por no dia de hoje me sentir particularmente feliz. (***)
_____________


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Guiné 63/74 - P15680: Consultório militar do José Martins (16): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Geral do Exército

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 16 de Janeiro de 2016:

Caros editores
Há dias o Luís pediu que se enviasse uma "prova de vida".
Aqui vai a minha prova "de vida" e "devida".

Abraço e bom fim de semana.
Zé Martins




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 Em Tempo:

Mensagem do nosso camarada José Martins, com data de 5 de Fevereiro de 2015:

ADENDA

Quando em 15 de Janeiro passado escrevemos sobre o Arquivo Geral do Exército, cujo texto foi publicado no post P15680 “Consultório militar do José Martins (16): Arquivos, Bibliotecas e Centros de Documentação - Arquivo Geral do Exército” com data de 28 de Janeiro de 2016, permiti-me sugerir que para Patrono do mesmo arquivo Fernão Lopes, cronista e primeiro Guarda-Mor da Torre do Tombo. Porém, e disso me penitencio, a Direcção de História e Cultura Militar tem essa figura das nossa história como seu Patrono, aliás, nas minhas notas existe esta mesma informação.
Como entretanto me tornei visita, mais ou menos assídua, do AGE, em conversa com alguns elementos do mesmo, nomeadamente o seu Subchefe, “veio à baila”, o nome de S. Félix e/ou Santo Adrião. Na realidade a Igreja do Convento de Chelas é de invocação destes dois santos.
Foi a esta igreja que, cerca do ano de 665, durante o reinado do Visigodo Recesvinto, foram confiadas as relíquias de S. Félix. De igual modo, foram entregues à mesma Igreja as relíquias de Santo Adrião e de sua mulher Santa Natália, no século IX, por Afonso III (O Magno), Rei de Leão e das Astúrias, quando tomou Lisboa aos mouros, notas que constam na Página do Exército, que me serviu de guia, com o endereço “http://www.exercito.pt/sites/ArqGEx/Infra-Estruturas/Paginas/2.aspx”.
No que respeita a S. Félix, constatei que existem vários santos com este nome, em várias épocas, mas a literatura consultada é muito sucinta sobre cada um dos santos visados.
Quanto a Santo Adrião, recolhi informação de que foi militar romano, que se converteu ao cristianismo, tendo sido martirizado e executado por decapitação.
Como figura militar, elevada posteriormente pelo exemplo, conversão e martírio à dignidade de santo, é apontado como o patrono dos “velhos militares”.
Ora, sendo o Arquivo Geral do Exército a Unidade em que são colocados os militares quando atingem a idade e completam a obrigação de serviço militar, talvez seja de ter estes factos em consideração.
Espero em breve escrever mais um texto para a série “Patronos e Padroeiros das Forças Armadas e de Segurança”, revelando o Patrono do Arquivo Geral do Exército que, após proposta a apresentar por quem de direito, o Chefe do Estado-Maior do Exercito não deixará de aprovar e mandar publicar em Ordem do Exército.

José Marcelino Martins
5 de Fevereiro de 2016
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Nota do editor

Último poste da série de30 de outubro de 2015 Guiné 63/74 - P15306: Consultório militar do José Martins (15): Tabela de vencimentos auferidos (em 1963 e em 1965) pelos militares que cumpriam a sua comissão de serviço mas províncias ultramarinas

terça-feira, 21 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14908: Consultório militar de José Martins (14): Restrições à consulta dos processos de casos disciplinares / justiça militar


O nosso colaborador permanente José Martins no seu escritório em 2006. É um homem organizado, metódico, persistente e um camarada generoso... Foi revisor oficial de contas noutra encarnação. Perguntem-lhe qualquer coisa sobre a vossa história militar, que ele responde... Responde sempre, mesmo que não seja logo, porque são ínvios os caminhos dos arquivos... (LG)


1. Pedido, com data de 17/6/2015 (*):

Zé Martins: Será que os processos de justiça militar existem em arquivo, e nomeadamente no Arquico Histórico-Militar ? E será que podem ser consultados, mesmo com restrições ? Haverá estatísticas sobre a justiça militar no tempo da guerra colonial ?

Vê se me sabes responder... É um pedido para o teu "consultório militar"... 

Um alfabravo. Luis

2. Resposta:

Enviado: terça-feira, 14 de Julho de 2015 23:23

 Viva,  Luis

Só hoje fui ao AHM para consultar alguns documentos:

(i) o pedido do Ley Garcia (**), que tentei aprofundar mais, mas sem resultado;
(ii) uma pesquisa sobre um Cirurgião Militar, que esteve em Leiria no inicio do século XX, no Hospital Militar;

(iii) pesquisa sobre um tia-avô da minha mulher;

(iv) caso dos Processos Disciplinares.

Conclusão: estão no AHM, mas não podem ser consultados se:

(i) se tiverem matéria criminal ou que ponha em causa o bom nome do indivíduo;

(ii) que ainda não tenham decorridos 50 anos após a morte do réu;

(iii) que sejam descendentes do próprio.

Eu próprio deixei, à condição, um pedido para consultar um processo transitado em julgado em Maio de 1923, dum tio. Após de me perguntarem se o réu ainda era vivo (foi há 92 anos), se a esposa era viva ou se tinha filhos, aceitaram o pedido porque, na prática, lhes disse a data do julgamento, o tribunal, o "crime" de que era acusado e a sentença aplicada, assim como a data de execução da mesma.

Resultado: Ainda é TABU.
Abraço
Zé Martins

Guiné 63/74 - P14907: Consultório militar de José Martins (13): Quem procura sempre alcança: aqui vai, camarada Ley Garcia, presidente do Núcleo de Leiria da LC: o camarada que o Manuel da Conceição Neves, que vive em França, procura, é o ex-1º cabo radiomontador Manuel Avelino Marques Ferreira, EREC 693 (Bafatá, 1964/66)

I. Mensagem de ontem do nosso camarada e colaborador permanente José Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Camarigos:

É com grato prazer que respondo a questão formulada pelo nosso camarada Ley Garcia, a quem é enviada também, através da resposta hoje recebida do Arquivo Geral do Exército.

O Manuel Neves já pode tentar encontar o seu amigo.

Numa pesquisa efectuada na Net não encontrei qualquer referência ao "procurado".

Abraço para todos,
Zé Martins

PS - Mais um "caso" resolvido. Que venham mais. Estamos cá para isso. Tenho que revelar que, quer o AGE [Arquivo Geral do Exército] quer o AHM [Arquivo Histórico Militar], me têm ajudado a resolver muitas questões e, sobretudo, pedidos. (*)


II.  Historial (abreviado) da consulta:

(i) Pedido do Ley Garcia [, Presidente do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes ]:

Liga Leiria <leiriliga@gmail.com>
Data: 2 de junho de 2015 às 15:28
Assunto: Procura camarada da Guiné

Bom dia caro Luís Graça e camaradas da Guiné,

Um sócio nosso, Manuel Conceição Neves, nº 1049/64, procura um camarada do tempo da Guiné que esteve nos anos 1964 a 1966 em Bafatá, no Esquadrão de Cavalaria 8 - 693.

Não se recorda do nome, mas trata-se do 1º Cabo 1048/64, Rádio Montador que era da Anadia ou de Cantanhede (Ourives). Se por acaso conseguir identificá-lo e obter o contacto, agradecemos.

Um abraço
Ley Garcia
(Presidente do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes e participo nalguns convívios da Tabanca do Centro) 


(ii) Mail do Zé Martins de 12 do corrente:

Caríssimos

Conforme prometido, estive ontem do Arquivo Histórico Militar, para analisar a História do Esquadrão de Cavalaria nº 693. a que pertenceu o nosso camarada Manuel da Conceição Neves.

Esperava encontrar a listagem de todos os elementos que a compunham, o que não sucedeu, visto na pasta estarem apenas: 9 (nove) páginas sobre situação de material, instalações e informações variadas; 4 (quatro) páginas sobre Baixas, Punições, Louvores e Condecorações; 2 (duas) páginas de operações, mas da autoria do Agrupamento 24.

Não havendo listagens dos elementos ou a listagem de atribuição da Medalha das Campanhas, que seria a alternativa, solicitamos o processo do BCaç 506, Batalhão a que o Esquadrão ficou adido operacionalmente.

Poderia ser que no processo, caso houvesse, que tivesse transcrito o nome dos elementos. Infelizmente não existe História da Unidade. Apenas existe correspondência do Batalhão com outras entidades.

Resta solicitar aos editores a publicação de um apelo, para ver se aparece alguém desta Unidade ou, de um dos batalhões a que esteve ligado operacionalmente, já que, é muito provável que o Rádiomontador do EREC 693, prestasse serviço nas oficinas rádio do mesmo.

Infelizmente são as noticias que tenho.

Abraço
Zé Martins


(iii) Pedido do Zé Martins, de 14 do corrente,  ao Arquivo Geral do Exército (AGE):

Data: 14 Jul 2015 22:37:21 +0100

De: JOSEsmmartins@sapo.pt
Assunto: Consulta de identidade
Para: arqgex@mail.exercito.pt

Exmº Senhor Director

Um conterrâneo meu, residente em França, e combatente na Guiné integrado no Esquadrão de Reconhecimento nº 693, de nome Manuel Conceição Neves e com o número de identificação 1049/64.

O meu amigo pretendia saber o nome do seu camarada de Esquadrão, 1º Cabo Rádio Montador com o nº 1048/64, pois não se recorda do nome, e gostava de o visitar na próxima vinda a Portugal.

Consultei a História da Unidade no Arquivo Histórico Militar, mas a mesma não tem qualquer relação nominal dos militares que a constituíram, assim como não há referências à relação do pessoal deste Esquadrão, nas HU dos batalhões de que esteve dependente.

Suponho que a hipótese que se coloca é a de consultar as Ordens de Serviço do Esquadrão de Reconhecimento nº 693, pois lá deverá constar a listagem de militares apresentados e a passagem à disponibilidade, pelo que solicito o obséquio de mandar proceder a esta pesquisa ou, em alternativa, autorizar-me a consultar as referidas ordens de serviço.

Aguardando as v/ notícias, apresento os meus cumprimentos
José da Silva Marcelino Martins


(iv) Resposta do Arquivo Geral do Exército:

N/Referência: E-mail N.º 066@/P165/SDG/AGE de 20 de julho de 2015.
S/Referência: E-mail de 14 de julho de 2015.

Exmo. Sr. José da Silva Marcelino Martins (JOSEsmmartins@sapo.pt)

1. Através do Sr.º José da Silva Marcelino Martins foi pedido para o Sr. Manuel da Conceição Neves o nome de um seu camarada que tinha o número 1048/64, o qual foi identificado como sendo o 1.º CABO MANUEL AVELINO MARQUES FERREIRA.

2. Mais informa este Arquivo que não dispomos de moradas de antigos combatentes e que a informação aqui prestada tenha como destino, unicamente e exclusivamente, o Sr. Manuel da Conceição Neves que fez parte da Esquadrão de Reconhecimento N.º 693.

Com os melhores cumprimentos,
O Chefe em Exercício de Funções
Marcelo Hernâni de Teves Borges
Maj SGE
__________________

Notas do editor:

Último poste da série > 10 de dezembro de 2014 >  Guiné 63/74 - P14000: Consultório militar de José Martins (12): Resenhas da CCAÇ 4150/73, COMBIS e Companhia de Terminal

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14100: In Memoriam (216): Rui Romero (1934-1966), cap mil inf, 1º cmdt da CCAÇ 1565 (1966/68)... Finalmente... a Verdade (Ana Romero)

1. Mensagem da nossa amiga Ana Romero, membro da nossa Tabanca Grande, com o nº 669 [, foto atual à esquerda]:


Data: 30 de dezembro de 2014 às 19:57

Assunto: Finalmente... a VERDADE

Caros amigos,

Em primeiro lugar desejo-vos uma Boas Festas com tudo de bom.

Tal como tinha comunicado a alguns de vós, ontem desloquei-me ao Arquivo Geral de Exército, a fim de consultar o processo do meu pai. (*)

Confesso que fiquei surpresa, pois nem o meu Cartão de Cidadão
Cap mil inf Rui Romero
((Portalegre, 1934- Jumbebem,1966)
me foi pedido para verificarem quem eu era; apenas no fim da minha visita, solicitaram o meu NIF e a minha morada para envio do recibo relativo as fotocópias que solicitei.

Para surpresa das surpresas, no processo encontrava-se a seguinte documentação:

(i) processo por acidente com arma de fogo, com croqui anexo;

(ii) relatório médico;

(iii) certidão de óbito;

(iv) relatório de autópsia.

Apesar de ser omissa  a palavra suicídio, talvez por proteção da família (para atribuição de pensão!), as descrições parecem-me bastante claras e esclarecedoras.

Com todas as informações que todos vocês me foram facultando, pelas quais vos ficarei eternamente grata, e com a leitura deste processo, neste momento estou esclarecida das circunstâncias que envolveram a morte do meu pai.

Infelizmente não foi possível crescer na sua companhia, não deixando por isso, de estar sempre no meu pensamento.

Talvez um dia, em "outras vidas", nos encontremos!

Uma vez mais, um muito obrigada, do fundo do meu coração, por todo o vosso apoio.

É com muito orgulho que recebi a inscrição de membro nº 669 da Tabanca Grande, blogue que passei a seguir.(**)

Espero que nos possamos encontrar num futuro próximo. (***)

Um grande bem haja para todos e votos de umas excelentes entradas em 2015.

Beijo grande,
Ana Romero
_______________


(**) Vd. poste de 14 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13734: Tabanca Grande (448): Ana Romero, filha do cap mil inf Rui Romero (Portalegre, 1934 - Jumbembem, 1966)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6474: Casamento dos oficiais do Exército discutido, em 1941, na Assembleia Nacional (Carlos Cordeiro)

1. O Carlos Cordeiro, que é membro da nossa Tabanca Grande e professor de história (*), mandou-nos este texto, que agradecemos e  publicamos:

Data: 24 de Maio de 2010 03:19

Assunto: Casamento dos oficiais do Exército discutido, em 1941, na Assembleia Nacional

Caro Luís,

Na sequência do e-mail em que me falaste na possibilidade de mandar um poste sobre o casamento dos oficiais do Exército, envio-te este texto. Sei que está grande, mas fiz o mais pequeno que pude. É só para dar um certo tom da situação.

Propositadamente não entrei em análises críticas (à excepção de uma ou outra expressão). Parece-me que as transcrições falam por si. Estás, como não podia deixar de ser, à vontade para fazeres do texto o que achares melhor, até porque não sei se se trata de um trabalho adequado à natureza do blogue.

Um abraço (também para ti, Carlos)

2.Texto de Carlos Cordeiro:


 Caros camaradas:

O poste de José Belo sobre o casamento dos oficiais do Exército (P. 6440, de 20 de Maio) fez-me pensar e querer saber um pouco mais sobre o assunto. Nos comentários que fiz ao poste forneci as indicações das páginas da Internet que podiam ser consultadas para nos elucidar sobre a questão. Aí vai um pequeno resumo dos postes que consultei.

O Decreto-Lei 31107, publicado no Diário do Governo de 18 de Janeiro de 1941, que regulamentava o casamento dos militares, foi submetido à Assembleia Nacional para ratificação. A discussão prolongou-se por duas sessões (5/2/41 e 6/2/41) e gerou grande celeuma.

Note-se que a legislação em vigor para o Exército datava de 1851 (Decreto de 10 de Dezembro de 1851), que exigia, para os oficiais, a idade mínima de casamento de 30 anos, excepto se o requerente provasse que o casal tinha um rendimento líquido anual de 300.000 réis de bens do carácter dotal.

A legislação para a Armada constava do Decreto 16349, de 1929. Era exigida a idade mínima de 25 anos, ou de 21, caso o militar provasse que, além dos respectivos vencimentos, o casal tinha um rendimento anual mínimo de 6000$00 resultantes de bens próprios.

As questões suscitadas nas intervenções na Assembleia Nacional são, fundamentalmente, as seguintes:

(i) A exigência da idade mínima de 25 anos e o posto de tenente.

(ii) A obrigatoriedade de prova de que ambos os membros do casal possuíam rendimentos condizentes com o respectivo posto.

(iii) A proibição do casamento do oficial com divorciada, sendo, porém, permitido ao oficial casar-se, mesmo que fosse divorciado.

(iv) A demonstração de que a noiva era “portuguesa originária”, “filha de pais europeus”.

(v) A consideração, para que o casamento fosse autorizado, da “situação social da mulher, do seu passado e de sua família”.

Um primeiro grupo de deputados é fortemente crítico ao articulado, mas note-se que nem sempre numa perspectiva “progressista”, se assim se pode dizer. Alguns, por exemplo, ao abordarem o divórcio, referiam-se à “igualdade”, mas não entre os sexos, mas sim entre os oficiais da Armada (que podiam casar­‑se com divorciadas) e do Exército, ainda que outros deputados levantassem o problema na perspectiva da igualdade perante a lei.

Relativamente à exigência de a noiva ser filha de pais europeus, o deputado Belfort Cerqueira afirma mesmo que tal lhe parecia “conter um sabor pronunciadamente racista, e por isso mesmo divergente da ortodoxia mais corrente das nossas tradições cristãs”, ou, como dizia o deputado Botto de Carvalho, porque iria “de encontro a toda a política de unidade do Império”.

Quanto ao facto de a noiva ter de possuir meios de subsistência compatíveis com o posto do futuro marido, isto significaria, como salientaram alguns deputados, que os tenentes, no caso, não tinham um salário compatível com a constituição de família e, portanto, a solução seria outra.

Nesta mesma sessão interveio o deputado Padre Abel Varzim que fez uma importante intervenção em defesa da família e da dignidade da mulher:

“[…] A minha discordância não provém deste ou daquele ponto de regulamentação do casamento dos militares. Aquilo que me repugna, a mim, à minha consciência de católico, e à consciência dos católicos é, fundamentalmente, a regulamentação das condições económicas ou sociais do casamento […].

Durante dezassete ou dezoito séculos a consciência dos católicos travou uma batalha e conseguiu, vencê-la ainda há bem pouco tempo; e neste ponto operou a revolução mais igualitária que se fez em toda a história: perante o casamento não há distinções de classes, de idades, de condições, de raças, de sangue; todos têm o direito fundamental de contrair matrimónio. Esse direito foi-lhes dado pela natureza, ou, melhor, por Deus, e não pode o Estado ou qualquer poder do Estado restringi-lo. E é nesse sentido que me repugna aceitar este ou qualquer outro decreto que venha dificultar a constituição da família segundo aquele princípio da liberdade fundamental da pessoa humana […].

O problema deveria ser posto de uma maneira diferente. A dignificação da família faz­‑se pela dignificação da mulher, pela recondução da mulher ao seu lar. E é universalmente aceite que é o homem quem deve granjear o sustento da família […].

Se queremos dignificar a família não devemos exigir, para que ela se possa constituir, que ambos os esposos, ou um só deles, tenham meios financeiros para a sustentar; o que é necessário - e é por isso que este movimento humano que se chama catolicismo luta há dois mil anos - é que sejam dados ao homem os meios suficientes para o sustento da família que o seu trabalho, a sua profissão, lhe garantam o poder de acudir aos encargos normais do seu lar. O nosso pensamento é o de que o Estado e a economia devem garantir a todos os trabalhadores intelectuais e manuais um salário suficiente para as suas necessidades familiares. E, portanto, para salvaguarda da família para dignificação da vida militar ou de outra qualquer para prestígio e garantia da categoria social dos militares, parece-me que uma só medida seria de aconselhar: a de que eles começassem a ter soldo maior medida que iam aumentando os seus encargos familiares […]”.

A contraposição a estas e outras críticas acérrimas ao Decreto-Lei iria estar a cargo de vários deputados, principalmente, de Carlos Borges, interrompido constantemente com comentários e apartes. Trata-se de uma intervenção que me abstenho de classificar, bastando, para que se conheça o seu teor, transcrever uma ou outra passagem.

Referindo­‑se à questão do racismo aflorada pelo deputado Belfort Cerqueira, diz Carlos Borges:

“O legislador não pôs no decreto, relativamente à ascendência europeia, aquilo que porventura queria exprimir. O que se quis foi evitar aquilo que não quero dizer […]. Mas não se trata de um vago (Cerqueira falara em “pronunciado”) sabor de racismo, mas de manter um certo número de preconceitos, chamemos-lhe assim, que não são inteiramente vãos. Foi isto decerto o que o legislador pretendeu. Não está assim no decreto? Estes ‘pais europeus’ podem significar outra coisa? Nós podíamos emendar o que cá está, traduzindo-o por outras palavras. A forma pode mudar, mas a essência fica a mesma”.

E, para terminar, veja-se esta “pérola argumentativa” relativamente à impossibilidade de casamento de oficiais com divorciadas:

“O legislador viu e pensou que se a mulher foi a ré na acção do divórcio e mostrou que não possuía a honorabilidade e as qualidades morais necessárias para constituir família não está indicado que possa casar com um oficial do exército. Há agora o caso da mulher honrada, da mulher que teve uma conduta irrepreensível, mas que pediu o divórcio contra o marido, e então o legislador pensou: esta mulher é impecável no seu passado, mas não teve a resignação necessária não soube suportar as vicissitudes e tormentas do lar, isto é, não soube manter-se; embora com sacrifício. […]

Neste caso o legislador pode pensar que se a mulher não teve resignação para aturar o primeiro marido é de supor que igualmente o não tenha com relação ao segundo, e é por isso que não distingue um caso do outro e é talvez esta a razão por que vem tal disposição no decreto”.

O problema é que isto se passou em 1941 na Assembleia Nacional de Portugal e o Decreto­‑Lei foi aprovado com 30 votos a favor e 28 contra!

Fonte: http://debates.parlamento.pt/page.aspx?cid=r2.dan

Um abraço,

Carlos Cordeiro

PS - Em próxima oportunidade enviarei algumas citações do Decreto de 1960 sobre o mesmo assunto.

_______

Nota de L.G.:

(*) Resposta ao meu pedido para o Carlos Cordeiro abordar aqui este tema, com o rigor, a competência e a seriedade que são seu apanágio:


Ok, Luís. Irei trabalhar o assunto, com calma, pois estamos no fim do ano lectivo e há toda a questão de avaliações, exames e o diabo a quatro. Por deformação profissional, mandei só as indicações dos documentos. A minha posição enquanto professor de história é a de possibilitar aos alunos o prazer da descoberta - o contacto directo (quando possível) com os documentos. Digo-lhes sempre que eles têm tanto direito de interpretar um documento como os grandes intelectuais.


Mas, tens razão: o melhor será mesmo apresentar (com citações abundantes) todo o processo (talvez em "episódios"). Os debates na Assembleia Nacional são mesmo impressionantes: absolutamente elucidativos e mesmo chocantes. Não propriamente pelas implicações directas na vida dos militares, mas, sobretudo, pelas "mensagens" ideológicas subjacentes ou mesmo expressas. Trabalho bastante com os debates parlamentares, mas sobretudo nos períodos da monarquia constitucional e da I República.


Quanto à legislação anterior, irei tentar ver. Nos debates citam sempre um lei de 1850 (ou por aí) que tinha caído em desuso. Os militares da marinha tinham legislação de 1936 (julgo), diferente dos do exército.


Só mais uma questão: o decreto-lei de 1960 amnistiou os militares que tinham sido condenados com base na lei de 1941. Assim, um oficial pediu ao Supremo Tribunal Administrativo (há pouco tempo) que lhe contasse como de serviço o período em que tinha sido demitido e depois reintegrado pela lei de 1960 e o tribunal não aceitou!!!


É a vida, como diria o outro.


Um abraço,


Carlos

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Guiné 63/74 - P2717: Exército Português: Manual do Oficial Miliciano (1): A Selva, perigos, demónios e manhas (A. Marques Lopes)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez , algures entre Iemberém e Cananime, na margem direita do Rio Cacine > Simpósio Internacional de Guiledje > 2 de Março de 2008 > Visita, da parte da manhã, ao Acampamanto (Baraca) Osvaldo Vieira... O típico tarrafe (ou mangal) da Guiné, que nos infernalizava a vida, em patrulhamentos junto aos cursos de água... Nas fotos pode ver-se um das escapatórias dos guerrilheiros, em caso de ataque... Havia também pirogas, camufladas, que permitiam também a fuga organizada...

Fotos e legendas: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.


Cópia do Manual do Oficial Miliciano de que o A. Marques Lopes nos mandou uns excertos, como sugestão de leitura... natalícia. Edição do Ministério do Exército (!), Estado Maior do Exército, Rep Instrução... Não deixa de ser irónico: este manual do oficial miliciano foi um presente envenenado para muitos jovens portugueses que passaram pelo TO da Guiné e das outras frentes de guerra, com responsabilidades de comando de homens, mal preparados e mal equipados para uma guerra de contraguerrilha num meio - físico, simbólico e cultural - hostil para qualquer europeu... Basta só reparar num pormenor (hilariante) deste manual: o equipamento com que se partia inicialmente para o TO da Guiné (e antes disso Angola, e depois Moçambique) incluía o capacete de aço... Há, na nossa tertúlia, gente desse tempo... Mas também podíamos falar na total inadequação das nossas rações de combate, de grande parte do nosso armamento, etc. Tudo indica que este manual, editado em 1965, seja uma tradução, apressada e manhosa, de algum manual da infantaria americana da II Guerra Mundial... (LG)

Foto: ©
A. Marques Lopes (2008). Direitos reservados


1. Texto enviado pelo A. Marques Lopes, com data de 11 de dezembro de 2007, como sugestão de leitura para a época natalícia...

Caros camaradas

Envio-vos o que vem no Manual do Oficial Miliciano, no seu 1.º Volume, Parte Geral, sobre o 'Combate na Selva'. Foi escrito em 1965 e foi-me dado quando estive no COM (Curso de Oficiais Milicianos) em 1966. Este texto vem nas páginas 300 a 331 desse volume. Dá para ler nas férias de Natal... A. Marques Lopes


CAPÍTULO VII > O COMBATE NA SELVA

146. A GUERRA NA SELVA

a) Considerações gerais:

O termo «selva» a que nos queremos referir é aquela zona de terreno com densa vegetação tropical, com arbustos, árvores acácias, trepadeiras e fetos gigantes que se estende desde as praias e desde as baixas regiões das montanhas até aos cumes.

A vegetação varia em densidade de acordo com a quantidade de luz de sol que penetra através do emaranhado dos ramos das árvores. Nos locais onde a vegetação é espessa, a progressão é excessivamente vagarosa e laboriosa; em muitos casos as colunas de tropas estarão em grande perigo de serem atacadas de flanco ou isoladas e cercadas, pois somente cortando o mato com enorme dificuldade se consegue abrir um caminho.

Cursos de água, quer correndo à superfície quer encaixados, gargantas apertadas e ravinas estreitas, aumentam dificuldades àquelas que a selva já por si apresenta. Em terrenos montanhosos, ribeiros que têm normalmente pequeno volume de água podem tornar-se torrentes perigosas dentro de uma hora, depois de uma chuva abundante.

O terreno é quente e húmido e caracterizado por mudanças bruscas. Num período de alguns minutos o tempo claro e quente pode tornar-se numa chuva torrencial. Com igual rapidez a chuva pode cessar e o sol, incidindo na massa espessa da vegetação, produzirá uma humidade relativa máxima.

A vida desenvolve-se num ambiente de calor e humidade. O perigo dos animais ferozes que existem na selva é em grande parte uma criação da imaginação. Os animais são bastante abundantes nuns lugares e raros noutros, mas mesmo quando são abundantes, só raramente são vistos pelo homem. Muitos animais têm medo natural do homem e o seu instinto de conservação obriga-os a manterem-se escondidos. As cobras pouco se vêem na selva, embora possam ser abundantes. As cobras venenosas, embora muitas vezes não representem uma ameaça fatal, implicam a necessidade de precauções especiais.

Nalgumas regiões, os crocodilos são uma ameaça e habitam nos pântanos, lagoas, rios e ainda nas praias próximas da foz dos rios.

A importância militar da vida animal reside no facto de o movimento rápido de animais e aves poder alertar os exploradores, indicando-lhes a presença do homem. A identificação apropriada das plantas e animais é de um valor incalculável para as unidades e indivíduos que tenham os seus abastecimentos cortados e estejam na dependência das plantas e aniais que possam apanhar para a sua alimentação. Contudo é tão difícil entrar dentro da distância de tiro dos animais da selva que é melhor não contar com a caça como meio de obter alimentos; os frutos carnudos e as plantas são mais fáceis de obter.

Na guerra, na selva, o soldado combate dois Inimigos: o homem e a natureza. O soldado deve ser instruído não só para combater na selva, mas para ser capaz de viver nela e de a aproveitar no combate. A selva é todavia bastante exigente.

Se um indivíduo não se adaptar às condições que ela impõe não será capaz de viver nela muito tempo, mesmo que não exista mimigo humano.

b) Factores característicos da selva:

(1) Visão limitada

A visão é limitadíssima, resultando daí um limitado campo de tiro e alvos que desaparecem rapidamente—aspectos que têm as seguintes consequências:

(a) O constante uso de vários tipos de armas portáteis (a espingarda, a baioneta, a pistola, a pistola-metralhadora, a granada e o lança-chamas) pelo que o combatente deve estar apto a manejar todas igualmente e no momento mais apropriado, devendo sobretudo ser intenso o treino de granada de mão, em virtude de seu notável emprego.

(b) Falta de apoio das armas pesadas e muitas vezes tam bém dos morteiros, devido à dificuldade de observação.

(c) Dificuldades de sinalização à vista, de qualquer tipo, e consequentemente necessidade de nos servirmos do telefone, telefonia sem fios e dos estafetas para fins de intercomunicação.

(d) Necessidade de tomar especiais precauções .contra a surpresa numa emboscada ou várias formas de assalto imprevisto. Quer no ataque, na defensiva, ou na marcha, para qualquer lado que se "caminhe, há flancos descobertos que se podem atingir por caminhos perfeitamente cobertos ou cuja aproximação pode ser obtida a coberto, sofrendo no entanto, como é óbvio, o inimigo as mesmas dificuldades.

(e) Facilidade de envolvimento e infiltração, com notável vantagem para o assaltante.

(f) Necessidade de limpeza dos terrenos próximos quando se ocupa uma posição defensiva no interior da selva com o inconveniente de denunciar a posição à observaçâo aérea inimiga.


(2) Informação pelo som

Ainda que a visão seja má podemos utilizar o ouvido. Consequentemente:

(a) Os homens devem ser treinados para a escuta Devem conhecer todos os ruídos normais da selva, para que possam ser postos em alerta por um som não usual ou pela ausência de ruído. Devem compreender que o silêncio raramente reina na selva e quando a quietude prevalece, deve ser em regra causado pelo receio, despertado pelo homem ou pelo vaguear das feras. O homem deve mover-se silenciosamente.

(b) Devem do mesmo modo, ser treinados para cuidarem dos seus ouvidos. Devem procurar desenvolver o seu poder de audição para tirarem partido dele, no mais alto grau.

(c) Para as sentinelas e patrulhas a protecção é grande- mente facilitada, pois podem permanecer estacionadas e escondidas. Quanto ao inimigo, se avança, move-se ruidosamente, através de pequenos arbustos, sendo a sua presença prontamente assinalada e denunciada; as veredas que possam existir deverão ser guardadas e atravessadas com pequenos arames, minas, armadilhas ou emboscadas, para evitar que o inimigo se sirva delas de modo a obter a aproximação silenciosa.

(d) Quando um homem, individualmente, tenha de se apro- ximar de outro, o assaltante, se avança, não deve rastejar porque agindo assim faz pelo menos mais barulho do que se fosse caminhando direito, e, o que é importante, perde de vista, porventura para sempre, o seu inimigo. Por outro lado, num ataque por uma força militar, em que a direcção geral é fácil de manter, a acção de rastejar é recomendável nos terrenos desen fiados e também porque a tendência do defensor na luta da selva é fazer fogo alto.

(e) E, não somente devemos fazer o maior uso dos nossos ouvidos, mas- devemos também procurar interferir ou reduzir a capacidade inimiga para ouvir e distinguir

(3) Mobilidade restrita

O movimento é difícil e é principalmente limitado às veadas. Por consequência:

(a) Homens e animais têm de marchar, a menos que me- lhores caminhos tenham sido abertos e completados por eles, ao longo de caminhos estreitos e sinuosos, frequentemente em coluna por um. Desta restrição, resulta a marcha ou em colunas multo longas ou em formações de um grande número de pequenas colunas.

No primeiro caso, duas exigências são feitas; primeira, uma severa disciplina de marcha pois que, como tudo o que se estende, resultará num interminável e desalinhado alongamento; a segunda, é que a reparação dos caminhos tem que ser executada em cada sector, à medida que for necessário; de outro modo as tropas da retaguarda encontrarão o caminho impraticável. No caso de numerosas colunas, como os caminhos são raramente paralelos e os impedimentos ao movimento são abundantes e severos, o estabelecimento de ligações laterais apresenta problemas espinhosos. Por esta razão, os altos com o fim de ajustar a marcha têm de ser feitos a horas estabelecidas e feitas correcções, calculadas com grande meticulosidade, para que não haja avanço nem atraso.

(b) Com tais restrições, os movimentos nocturnos são de uma dificuldade extraordinária. Devem raramente ser feitos, porque como principal razão para o seu uso na guerra em campo aberto, é essencialmente, o perigo dum ataque aéreo a tropas marchando de dia, esse perigo dificilmente existe na selva.

(c) Como as reservas quer na sustentação dum avanço ou retirada, quer para apoiar um ataque ou defesa, são incapazes de se moverem livremente de um lado para outro, têm usualmente, ao invés de serem concentratradas, de serem distribuídas em grupos, próximo dos vários núcleos de tropas em primeiro escalão, que elas tenham necessidade de apoiar. Este procedimento acarreta uma indesejável dispersão das forças.

(d) Como os caminhos, raramente têm uma direcção que convém e como correm, no caso de serem para animais para as águas mais próximas e no caso de serem para homens para as aldeias ou terrenos de cultura mais próximos, por toda a parte serpenteando para adear os obstáculos, torna-se difícil manter a direcção que se pretenda e a avaliação das distâncias per- corridas.

(e) A facilidade de movimento depende do vestuário usado. E se alguém tiver alguma dúvida acerca desta verdade, percorra 25 km em calções e botas altas e repita a aventura em «Shorts» e sapatos e compare o resultado.

(4) Dificuldade de Reabastecimento

O reabastecimento dum exército moderno numa floresta tropical é o mais difícil dos problemas.

Quando as colunas estejam distribuídas em profundidade, ao longo de caminhos estreitos não se pode prover ao reabastecimento regular e periódico de grupos numerosos tais como unidades inteiras. Em primeiro lugar, os mantimentos tinham de ser transportados à retaguarda das tropas combatentes, caso contrário interferiam no dispositivo e nos movimentos tácticos. Em segundo lugar, se a testa da co luna chegasse ao acampamento escolhido ao escurecer, como sucede muitas vezes, os escalões de abastecimento teriam ainda uma longa caminhada para chegar às tropas. Em terceiro lugar, o piso, excepto em períodos muito secos, estraga-se devido à marcha dos elementos que seguem na frente, dificultando assim o movimento dos elementos da retaguarda. Finalmente, quando a perspectiva da luta é eminente, é aconselhável cessar o transporta de mantimentos, construir um abrigo e montar-lhe uma guarda, operação que mais uma vez contribuiria para a perda de tempo. Ainda, quando uma força considerada esteja em movimento, não há a certeza se as rações chegarão muito tarde ou mesmo no dia seguinte. Por estas razões e porque uma grande parte do trabalho da floresta é feito por homens aos pares, ou em pequenos grupos, será normalmente necessário entregar as rações individualmente.

A água é o requisito mais importante; porque, apesar de abundar nas florestas é facilmente expelida do corpo humano, devido à alta temperatura e humidade, tendo que ser substituida para o soldado se conservar activo. Deve, portanto, haver muito cuidado. A água deve ser servida purificada ou fervida.

Altemadamente deve-se misturá-la com pastilhas esterilizadoras que são fáceis de se transportar.

A seguir, em ordem de importância vêm as munições e o seu transporte. Condensado e pesado é um fardo considerável, especialmente quando., o que é frequente, as tropas têm de ser empregadas no seu transporte. Para isso as munições devem ser empregadas com muita economia.

Finalmente, porque no caso de emergência o homem pode viver sem comer durante alguns dias, vêm os alimentos.

A dificuldade de fornecimento de abastecimento e a irregularidade da sua distribuição, sugere que o soldado deve ser encorajado a ser frugal e a viver como for possível em qualquer região.

No reabastecimento de alimentos e munições, e, particularmente, em tempo oportuno, no de armas de fogo e outros materiais, as forças aéreas podem prestar incalculáveis auxílios. Para facilitar o lançamento de tais abastecimentos as colunas têm usualmente que fazer consideráveis clareiras. No entanto, as tropas, no terreno, devem estar sempre prontas para cobrir falhas ocasionais, cultivando a sua capacidade para viver da região.

(5) Perigos para a saúde

A selva é insalubre, quente e húmida e é, nas estações das chuvas, umaq região de chuva torrencial. Está impestada de cobras, sanguessugas, aranhas, mosquitos e muitas outras espécies peçonhentas. É o inimigo número dois, e na verdade, para tropas inexperientes, é muitas vezes nais perigosa do que o homem, que é o inimigo número um.

Os médicos e os enfermeiros nem sempre podem estar presentes num lugar onde as tropas marcham e às vezes não existem comunicações. Portanto, se quisermos reduzir as pesadas baixas por motivo de doença, o soldado deve saber alguma coisa de higiene pessoal. Ele deverá compreender, principalmente, a necessidade do banho, se não for possível todo o corpo, pelo menos os sovacos, as articulações e os pés. Ê absolutamente necessário que o soldado considere isto tão importante como o treino militar. Quase tão necessário é a noção do uso de antídotos e o tratamento de mordeduras.

Outros pontos principais são: o uso de latrinas à prova de moscas e pulverização nos pântanos próximos com matérias desinfectantes, a limpeza completa dos recipientes de alimentação antes e depois das refeições, enterrar os restos das cozinhas e latas de conservas vazias e a construção de chuveiros improvisados.

(6) Dificuldade de observação aérea

As acções na selva estão ao abrigo da observação aérea, por conseguinte uma superior força aérea pode prestar relativamente pequeno apoio às tropas por acção directa.

Pelas considerações atrás escritas vê-se perfeitamente que a guerra na selva é intensamente individual. Muitas vezes o soldado tem de atacar ou defender-se contando só consigo. Muitas vezes caminha isolado e se se, perde é o próprio provisor, cozinheiro, médico, carregando ele próprio as munições.

Tudo isto se impõe o sacrifício de um grande número de horas de treino individual com o fim de os princípios fundamentais, por constante repetição, se tornarem hábitos.

147. O SERVIÇO NA SELVA

a) A instrução para o serviço na selva

(1) Condições físicas


Durante a instrução para as operações na selva, deve ser dada especial importância às condições físicas. Nos períodos finais da instrução todo o trabalho deve ser no campo. Devem-se realizar frequentemente marchas difíceis e os exercícios tácticos devem ter lugar nos piores terrenos.

(2) Aclimatação

Antes de entrar nas áreas de combate da selva, as tropas oriundas dos climas temperados devem ser submetidas a um período especial de instrução, que irá aumentando gradual- mente em rudeza e dificuldades, numa zona de selva de clima e terreno semelhantes àqueles onde futuramente vão combater. Para as tropas experimentadas, um período de quatro semanas é suficiente. Períodos mais longos resultam em cansaço e diminuição de eficiência.

Nos trabalhos, de início, a exposição ao calor deve ser progressiva. O homem aclimatado mostra-se alegre e executa o seu trabalho energicamente e sem esforço. Em contraste, o homem não aclimatado, trabalhando ao calor, torna-se estúpido e apático, executa o trabalho em más condições e pode manifestar, em vários graus, os sintomas e sinais de exaustaçâo pelo calor.

(3) Necessidade de água

Na selva, onde a humidade é elevada, o suor não evapora mas corre pela pele, por isso o arrefecimento é menos eficiente e as perdas de água são elevadas.

Quando a temperatura é elevada, um homem em descanso pode perder, pelo suor, cerca de melo litro de água por hora; se trabalhar, as suas perdas de água aumentarão na razão directa da quantidade de trabalho realizado. O pessoal que executa trabalhos pesados, como os Sapadores, homens marchando a pé, necessitam cerca de 10 litros de água por dia. Qualquer restrição de água abaixo do nível necessário para um homem resultará numa rápida perda de eficiência, redução nas possibilidades de trabalho e abaixamento de moral. Os melhores resultados obtêm-se tomando a água em pequenas quantidades sempre que haja sede.

(4) Necessidade de sal

Em todas as circunstâncias, a perda pelo suor de um grande volume de água é associada a uma perda de sal. A quantidade de sal ingerido com a comida normal é o suficiente para restabelecer e recompletar o perdido, quando o total da água ingerida é inferior a 5 litros por dia. Acima desta quantidade é necessário adicionar sal, e a melhor forma de o ingerir é em solução na água que se bebe. Ë absolutamente necessário que se tome sal nos primeiros dias de exposição ao calor, uma vez que as perdas de sal são então maiores que depois da aclimatação.

Não é recomendável o consumo de tabletes ou comprimidos de sal sem serem dissolvidos em água.

(5) Insolação, exaustação e cãibras

As tropas em instrução ou em operações nos climas quentes podem sofrer efeitos de doenças devido à exposição a altas temperaturas. Este facto aumentará se houver, também, grande humidade. Três estados bem definidos se podem apresentar e que devem ser conhecidos de todos. São eles: a insolação, a exaustaçâo e as cãibras. As causas e os métodos de evitar estas doenças são semelhantes. Contudo produzem sinais distintos, e qualquer deve ser capaz de reconhecer imediatamente, por forma a ministrar os cuidados e atenções necessárias às vitimas:

— Insolação

Este estado, muitas vezes, aparece repentinamente. Dá dores de cabeça, tonturas, muitas vezes com náuseas e vómitos, dando então colapso, delírio e inconsciência. O primeiro sinal pode ser o colapso. É importante lembrar que a pele estará quente e seca. É devido a este facto que na insolação a temperatura sobe bastante (41 "C ou superior).

Tratamento de emergência: Fazer baixar rapidamente a temperatura do paciente. Quando no campo, não esperar por tratamento médico ou por ambulância, mas tirar imediatamente a roupa do paciente, excepto os calções, e, quanto possível, espargir o corpo com água. Ter alguns ajudantes friccionando energicamente os braços, pernas e tronco para aumentar a circulação do sangue na pele, enquanto outros o vão abanando (arejando) continuamente, a fim de aumentar a velocidade de evaporação da água e o seu correspondente efeito de refrigeração. Os cuidados médicos devem ser assegurados logo que possível e o paciente deve ser hospitalizado. Contudo, as medidas de arrefecimento do corpo devem continuar durante a transferência do paciente para o hospital.

— Exaustação

Este estado manifesta-se por dores de cabeça, adormecimento, extrema fraqueza, tonturas e incapacidade para andar. Poderá também ter cãibras. É importante lembrar que na exaustação a pele está húmida, fria e viscosa. Apesar de este estado se verificar com frequência, a percentagem de mortes é baixa.

Tratamento de emergência: Colocar o paciente num lugar fresco, onde possa descansar e tomar grandes quantidades de água salgada. Isto, normalmente, bastará para a recuperação. Contudo, não se deve tentar a sorte, mas sim assegurar os cuidados médicos ou hospitalizar o paciente.

— Cãibras

As cãibras são manifestadas por espasmos dolorosos dos músculos, com mais frequência nas pernas, braços e parede intestinal. Variam de simples aborrecimentos a severa e completa incapacidade.

Tratamento de emergência: Estes sintomas são directamente devidos à perda de sal do corpo. Desaparecem quando a perda do sal é recuperada. O tratamento consiste em beber livremente água salgada. Os casos graves devem ser hospitalizados e possivelmente tratados com Injecções de solução de sal, intravenosas.

(6) Instrução mental e psicológica

Os efeitos psicológicos da selva só podem ser totalmente vencidos pela experiência, se bem que as palestras sobre moral também sejam vantajosas. A instrução em áreas da selva é o melhor meio para os vencer. No combate da selva, como aliás em toda a espécie de combate, o treino mental e psicológico, a fim de acostumar a mente dos homens aos rigores do campo de batalha, é essencial. Exercícios de fogos reais, de explosivos, tiro por cima das nossas tropas e outros exercícios tendentes a darem a ideia real do campo da batalha, são de grande importância, porque a própria selva, só por si, é mais uma dificuldade a juntar às das outras áreas de combate.

b) Necessidades do serviço na selva

(1) Disciplina

Para o sucesso das operações na selva é absolutamente essencial um invulgar estado de disciplina—disciplina mental, disciplina de camuflagem, disciplina de fogo, disciplina de marcha, disciplina de luz. Todas as fases do combate devem ser norteadas por um estrito senso dos efeitos que uma acção individual possa ter na acção do conjunto. A disciplina, em todas as suas formas, deve ser inculcada na mente de todos, de forma que não só cada um se conduza convenientemente, como também saiba que os outros homens da unidade farão o mesmo sob as mesmas condições de incerteza e desânimo. Na selva, em todas as fases do combate, é essencial que os comandantes das unidades tenham uma grande noção da disciplina.

(2) Desconfiança

O combatente na selva deve desconfiar de tudo. O grau de ocultação que a selva oferece requer vagarosa e cuidada pesquisa do inimigo. Os elementos destacados em missão de segurança devem pesquisar todos os lugares de possível ocuitacão, a fim de evitar ultrapassar qualquer grupo de inimigos, que os poderão atacar de flanco ou pela retaguarda. Há sempre a possibilidade de observadores Inimigos estarem abrigados nas proximidades para descobrirem e relatarem os preparativos da nossa próxima operação. É preferível, pois, pensar que o inimigo está sempre próximo, observando e escutando. Na selva, a visibilidade limitada facilita a táctica da surpresa; uma surpresa engenhosa pode frequentemente permitir que uma pequena unidade vença outra de maior efectivo. Podem aplicar-se estratagemas de várias espécies. Demonstrações de força numa área, enquanto se ataca noutra; emboscadas e infiltrações para atacar postos de comando, postos de reabastecimentos ou comunicações; largo uso de atiradores especiais são formas de tácticas de surpresa que flagelam o inimigo e que se adaptam bem aos terrenos da selva. B preciso não esquecer que o inimigo também utiliza estratagemas e devemos estar prevenidos para não cairmos vitimas da surpresa.

(3) Paciência

Um dos principais requisitos das operações na selva é o segredo. Os movimentos furtivos requerem paciência. Da mesma forma é preciso paciência para deter os movimentos furtivos do inimigo. A paciência, embora não seja característica de todos os homens, pode ser aprendida e desenvolvida com a prática. E essencial no sucesso das operações na selva.

(4) Vedetas e patrulhas

As pequenas patrulhas de atiradores, quando bem treinadas, poderão mover-se através da selva, evitar os postos avançados nimigos, deslizar através das defesas inimigas e penetrar nas áreaa inimigas da retaguarda. Tais patrulhas, muitas vezes, constituem um dos mais importantes meios à disposição do comando para obter informações do inimigo.

A instrução especial dos elementos de tais patrulhas deve incluir grande número de conhecimentos sobre a selva, treino de ocultação, movimento, observação, conhecimentos característicos e hábitos do inimigo e ainda identificação das armas pelo som.

(5) Arte de comandar

As privações das operações da selva reclamam um bom comando. As dificuldades de controle obrigam a uma descentralização que resulta num importante aumento de acções elementares. Assim, os oficiais subalternos e os sargentos devem possuir extraordinária Iniciativa, bravura e decisão. Um importante objectivo da instrução é o desenvolvimento da confiança própria em todos os indivíduos.

c) Armamento, fardamento e equipamento

(1) Armamento

O armamento tem muitas vezes de- ser reduzido, tal como as munições, ao que possa ser transportado pelas próprias tropás ou nos limitados transportes capazes de as acompanharem. Isto, frequentemente, reduz o número de armas de apoio, requer que os planos tácticos sejam baseados fundamentalmente no uso de armas que possam ser transportadas à mão, que se não utilizem muitas munições e que estas não sejam muito pesadas. As ordens referentes à quantidade de munições, espécie de munições e armas que devem ser transportadas são decisões do comando, depois de cuidadosas considerações sobre as dificuldades de transporte e dos tipos de armas necessárias para cumprir a missão.

As armas mais convenientes para serem usadas na guerra da selva, onde a observação e o campo de tiro são muito limitados, são armas de curto alcance, de fácil remuniciamento e fácil transporte sobre terreno difícil. As armas que reúnem melhores condições são a espingarda, a baioneta, a espingarda-metralhadora, a pistola-metralhadora, a carabina, granadas de mão e de espingarda, a catana e a faca de mato.

Metralhadoras ligeiras, metralhadoras pesadas, os morteiros ligeiros e médios são armas menos manobráveis, menos convenientes para o emprego momentâneo e necessitam de munições mais difíceis de transportar; contudo, são de muito valor e podem ser transportadas em pequenos carros ou às costas dos homens. Os morteiros de 60 e 81 transportam-se mais facilmente e a sua eficiência na guerra da selva é igual à dos modelos mais pesados. Os lança-foguetes, utilizando munições carregadas com explosivos ou fósforo branco, são esplêndidas armas contra tropas abrigadas, em cavernas ou contra posições defensivas bem construídas; os lança-chamas são também eficientes contra tais posições.

(2) Fardamento e equipamento

Na selva, cada artigo de fardamento e equipamento deve ser considerado em função da sua necessidade e utilidade. A leveza é fundamental devido às dificuldades de transporte. Devem fazer-se todos os esforços para reduzir ao mínimo o equipamento, mas deve haver o máximo cuidado em não omitir equipamento essencial.

O fardamento justo e apertado não é conveniente pois torna-se quente e reduz os movimentos.
O calçado com sola, fornecido para a campanha, satisfaz em geral.

O capacete de aço pode ser facilmente camuflado, usando folhas e ramos que se seguram com a rede de camuflagem do capacete.

(Continua)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2497: O dossiê António da Silva Batista: um caso de indignidade humana (Torcato Mendonça)

1. Mensagem do Torcato Mendonça, comentando o último poste do Paulo Santiago (1):

Paulo:

li e nem dá para acreditar. Defines, numa palavra, numa simples palavra, o que se está a passar – uma merda!

Qual Simplex ou Duplex, talvez Durex que, se não me engano, era marca de preservativo…

Então não há quem ponha cobro a esta indignidade? Creio que o V. Briote ou o Luis Graça levantaram, quanto a mim bem, a hipótese de o Camarada enterrado, como sendo o Batista, ser o Militar dado como desaparecido no relatório da Companhia. Mas isso compete ao Exército averiguar e esclarecer. É uma indignidade. Quando devolvem a paz àquele homem? Não vou reler o muito que se escreveu, mas:

(i) era bom que antes do dia 9 se obtivessem mais informações;

(ii) caso fosse necessário alguém devia acompanhar o Batista;

(iii) fazer um dossiê com tudo o que se escreveu, e interesse tenha, para apresentar se necessário a quem venha a ser chamado a tratar do assunto. Refiro-me a Militar ou a advogado. Tem que haver um processo e o Estado, o nosso Estado, é responsável;

(iv) além de ser assunto a ser tratado dentro da esfera militar, tem, caso se protele no tempo ou seja tratado de modo considerado menos correcto, uma decisão politica e nisso é responsável o Secretário de Estado e o Ministro da Defesa.

BASTA! Aquele homem merece um reparo. Tem direito, ele e muitos que se arrastam…não vale a pena continuar. Sentes ainda mais forte que eu este problema.

Um abraço a todos, neste caso, especialmente aos que têm tentado ajudar o Batista e a todos os que como ele tão injustiçados ainda estão…

Tenho uma fixação pelo Quirafo e só lá passei uma vez, duas…? Naquelas colunas malucas, antes da estrada Bambadinca/ Xitole ou Mansambo/Xitole ser reaberta.

Para ti, Camarada, um forte abraço do,

Torcato Mendonça

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Nota dos editores:

(1) Vd. poste de 1 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2494: Sr. Ministro da Defesa, parece que não há Simplex que valha ao António da Silva Batista! (Paulo Santiago)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2494: Sr. Ministro da Defesa, parece que não há Simplex que valha ao António da Silva Batista! (Paulo Santiago)

1. Mensagem do Paulo Santiago, ex-Alf Mil, Cmdt do Pel Caç Nat 53 (Saltinho, 1970/72):
Camaradas

Parece-me, contrariamente ao que julgava, a história do Batista está para durar. O Simplex [Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa] lembrado num excelente post, em 23/07/07, escrito pelo João Tunes (1), onde falava sobre o drama daquele camarada, não consegue destruir a santa burocracia.

Em Setembro passado, o Batista fez um requerimento ao Chefe do Arquivo Geral do Exército, solicitando uma Certidão onde constasse a sua condição de ex-prisioneiro de guerra. A minuta do requerimento foi-me transmitida por um amigo meu, Coronel reformado que, juntamente com outro que faz parte do blogue, tinham andado a procurar solução para o caso.

Na mesma altura o meu amigo transmitiu-me outra minuta de requerimento, este para ser enviado ao Ministro da Defesa e ao qual juntaria uma fotocópia da Certidão,vinda do Arquivo, fotocópias do BI e do IRS, e onde solicitava uma pensão ao abrigo do Decreto Lei ... (número que agora não tenho à mão).

Passados dias devolvem o requerimento, pedindo-lhe para enviar outro com o paleio igual ao que era para ser enviado ao ministro, mas agora dirigido ao Chefe do Arquivo, e ao qual juntaria as fotocópias mencionadas acima (BI e IRS).

Pensei que esta merda se iria resolver sem ter que ir ao Ministério. Pura ilusão. Mais uns dias , telefona-me o Álvaro Basto , dizendo-me que o Batista recebera um ofício informando-o que o processo fora enviado para ... (seguiam-se umas iniciais que não nos diziam nada).

Telefonei ao Briote que conseguiu saber, através de um amigo no Arquivo, que aquelas letras indicavam uma Repartição no antigo QG do Porto, onde o processo aguardaria pela decisão de um General.

Hoje, telefonou-me o Batista, informando-me ter recebido um ofício para ir, penso que dia 9, prestar declarações ao Regimento de Transmissões, sobre os acontecimentos passados entre Abril/72 e Set/74 (3).

Claro que não lhe fiz qualquer comentário, até por ele andar animado com estes ofícios que vai recebendo, mas para mim isto começa a ser uma grande treta. Sabem muito bem o que se passou, sabem que foi prisioneiro de guerra, que mais quererão saber ?

Só uma coisa me ocorre, apesar de mórbida, será que querem descobrir, através dele, quem será o infeliz que repousa naquele caixão que tinha o nome de António Silva Batista ?

Abraço para todos

Paulo Santiago
Aguada de Cima - Águeda
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Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 24 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1991: O Simplex, o Kafka e o Batista ou a Estória do Vivo que a Burocracia Quer como Morto (João Tunes)

(2) Vd. o já vasto dossiê sobre o nosso camarada e amigo António da Silva Batista, que vive hoje na Maia, faz parte da nossa Tabanca Grande e aguarda, com legítima ansiedade e expectativa, o fim deste terrível pesadelo que tem já 36 anos:

8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2422: Quem terá sido o Camarada que ficou na campa do António Baptista? (Prisioneiros de Guerra) (Virgínio Briote)

25 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2381: Diana Andringa, com o teu apoio, podemos ajudar o António Batista, o morto-vivo do Quirafo (Álvaro Basto)

21 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2371: O Sold António Baptista não constava das listas de PG (Prisioneiros de Guerra) (Virgínio Briote)

28 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2140: Tabanca Grande (35): Notícias do Tony Tavares (CCAÇ 2701) e do António Batista (CCAÇ 3490) (Ayala Botto)

9 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2040: No almoço da tertúlia de Matosinhos com o António Batista, o nosso morto-vivo do Quirafo (Paulo Santiago)

30 de Julho de 2007 >Guiné 63/74 - P2011: Vamos ajudar o António Batista, ex-Soldado da CCAÇ 3490/BART 3872 (Júlio César / Paulo Santiago / Álvaro Basto / Carlos Vinhal)

26 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1999: Vamos arranjar uma caderneta militar nova para o António Batista (Rui Ferreira / Paulo Santiago)

24 de Jullho de 2007 > Guiné 63/74 - P1990: Carta aberta ao Cor Ayala Botto: O caso Batista: O que fazer para salvar a sua honra militar ? (Paulo Santiago)

23 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1986: António da Silva Batista, o morto-vivo do Quirafo: um processo kafkiano que envergonha o Exército Português (Luís Graça)

22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1985: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (2) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

22 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1983: Prisioneiro do PAIGC: António da Silva Batista, ex-Sold At Inf, CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 (1) (Álvaro Basto / João e Paulo Santiago)

21 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1980: Blogoterapia (26): Os nossos fantasmas, os nossos Quirafos (Virgínio Briote / Torcato Mendonça/Luís Graça)

17 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1959: Em busca de... (2): António da Silva Batista, de Crestins-Maia, o morto-vivo do Quirafo (Álvaro Basto / Paulo Santiago)

(2) Soibre a tragédia do Quirafo, Vd. posts de:

21 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1980: Blogoterapia (26): Os nossos fantasmas, os nossos Quirafos (Virgínio Briote / Torcato Mendonça/Luís Graça)

17 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1962: Blogoterapia (25): Os Quirafos do nosso Passado (Torcato Mendonça / Virgínio Briote)

12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago)

15 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1077: A tragédia do Quirafo (Parte V): eles comem tudo! (Paulo Santiago)

28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago)

26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)

25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P986: A tragédia do Quirafo (Parte II): a ida premonitória à foz do Rio Cantoro (Paulo Santiago)

23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P980: A tragédia do Quirafo (Parte I): o capitão-proveta Lourenço (Paulo Santiago)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Guiné 63/74 - P2288: Também não possuo a minha Caderneta Militar (José Martins)

José Martins
ex-Fur Mil Trms
CCAÇ 5
Canjadude
1968/70



1. Oportuníssima mensagem, de hoje, do nosso camarada José Martins:

Caros Camaradas:

Também não possuo a minha Caderneta Militar.

Soube que ela chegou à minha Unidade, Guarnição Normal da Guiné, porque o Furriel Amanuense falou nisso, mas não cheguei a vê-la e, sinceramente, nunca me importou.

Porém, quando tive necessidade de tirar a carta de condução (1970) era documento obrigatório, pelo que contactei o Depósito de Adidos, em Lisboa (já extinto), que me remeteu para a Unidade à qual, naquela data e após passagem à disponibilidade, passei a pertencer: Regimento de Infantaria n.º 6, no Porto, já extinto.

No momento presente, todos os elementos pertencentes aos militares, nomeadamente Sargentos e Praças do Exército a partir dos meados do século XIX, estão no Arquivo Geral do Exército, sito na Estrada de Chelas - 1900-159 Lisboa.

Assim, creio que os interessados poderão solicitar ao Director do Arquivo que lhes mande passar uma Certidão Narrativa Completa, do que constar nos arquivos.

Neste momento não sei como funciona. Parece-me que está muito burocratizado. Em tempos consegui as fotocópias das Notas de Assento do meu avô materno e de um tio paterno, ambos militares de carreira e presentes em França durante a I Grande Guerra.

Espero que esta mensagem dê os resultados que se pretendem.

Um abraço
José Martins


2. Comentário de CV:

Aqui ficam umas dicas importantes para quem queira obter documentos ou dados dos seus tempos de campanha.

CV