João Crisóstomo, fotografado em 17 de janeiro de 2018, quarta feira, para o jornal Luso-Americano, junto à Sinagoga Luso-Espanhola, de Nova Iorque, por ocasião da homenagem que os Correios de Israel lhe fizeram, com a emissão de um selo com a sua efígie, na sequência da sua campanha pelo reconhecimento de Aristides Sousa Mendes.
Prémio Tágides 2023, na categoria "Portugal no Mundo", atribuído na segunda feira, 11 de dezembro de 2023, na Fundação Calouste Gulkenkian. O Prémio (que tem diversas categorias) é uma iniciativa da associação All4Integrity:
"A Edição de 2023 pretende dar continuidade à missão desenvolvida nas edições anteriores, com uma renovada vontade de apelar à sociedade civil para que se envolva no combate à corrupção em Portugal."...
A candidatura de João Crisóstomo foi apresentada por amigos e admiradores luso-americanos. Dos elementos que chegaram às nossas mãos, selecionámos este material informativo com dados biográficos e um resumo das actividades que o nosso camarada tem desenvolvido nos últimos três decénios na defesa de causas nobres, relevantes para Portugal e os portugueses no mundo.
Recorde-se que o nosso amigo e camarada João Crisóstomo é membro da nossa Tabanca Grande desde 26 de julho de 2010, sentando-se à sombra do nosso poilão sob o nº 432 (somos já 881, entre vivos e mortos); régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, foi alf mil inf, CCAÇ CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)] vive em Nova Iorque desde 1975, mas vem cá com frequência à santa terrinha.(E agora passará a vir cá mais vezes, como membro do júri do Prémio Tágides, edição 2024.)
JOÃO CRISÓSTOMO,
UMA VIDA, MUITAS CAUSAS
Vilma e João, "just married": Nova Iorque, 21 de abril de 2o13.
Para ambos, foi o segundo casamento. Vilma, de origem eslovena (nascida na antiga Jugoslávia) vivia em França desde 1979. Profissão; enfermeira. O João, nascido em Portugal, Torres Vedras, vive em Nova Iorque desde 1975, exercendo a profissão de mordomo e empresário (*). Reformou-se, entretanto. há Conhecia a Vilma, de Londres, desde o início dos anos 70. Mas estiveram 40 anos sem saberem do paradeiro um do outro. O casamento, interreligioso, concelebrado com um rabino judeu e um padre católico, teve na altura o devido destaque na coluna social do New York Times e no LusoAmericano.
Quando em 28 de Abril de 2013, o New York Times dedicou uma das suas páginas ao casamento do activista luso-americano João Crisóstomo com Vilma Kracun não o fez por causa de uma proeminência social de excepção dos noivos mas pela força do importante contributo dado por João Crisóstomo a tantas causas que viu concluídas com grande sucesso. (Doc 1, em anexo).
Também não passou sem causa o facto de a cerimónia ter
sido presidida pelo rabino Elie Abadie.
No último quarto de século, João Crisóstomo não esteve
ausente de nenhuma das grandes causas que atrairam o interesse geral das
comunidades luso-americanas da costa leste dos Estados Unidos e que, de um modo
ou de outro, também se situavam dentro do círculo alargado dos direitos
humanos ou dos interesses – declarados ou não - do país onde nasceu,
Portugal.
Em resultado da elevada dedicação a causas justas recebeu já as seguintes distinções:
- 1998 - International Rock Art Congress Award (USA)
- 2001 - Angelo Roncalli Medal, International Raoul Wallenberg Foundation;
- 2001 - Outstanding Service to Society Award, Edison State College;
- 2002 - Visas for Life Award;
- 2004 - “Aristides Sousa Mendes Medal” da International Raoul Wallenberg Foundation (IRWF);
- 2005 - Luis Martins de Sousa Dantas Medal, IRWF;
- 2005 - Recognition Certificate, Government of Canada.
O seu envolvimento cívico tem tido estas etapas
principais:
1. GRAVURAS DE FOZCOA – 1995 (Doc. 2)
Mercê dos contactos
que soube construir no âmbito da sua actividade profissional de serviços à
alta sociedade nova-iorquina (foi despenseiro de milionários da sociedade
americana, incluindo Jacqueline Kennedy Onassis), João Crisóstomo foi
determinante, através do "Times" de Londres, na internacionalização da
questão das gravuras pre- históricas de Foz Coa e na suspensão, em 1995, da
construção da barragem que as iria submergir.
Pôde contactar pessoalmente
Rupert Murdoch, durante um acontecimento social em Nova Iorque, e este
encaminhou-o para os editores do seu "Times" londrino, começando aí a pressão
internacional para salvar as gravuras de Fozcoa.
Hoje,
o espaço ocupado pelas gravuras está declarado pela UNESCO como Património
Mundial da Humanidade e, como sempre acontece,
esquecido o papel inicial de João Crisóstomo.
Ainda no âmbito deste movimento criou em 1995 o “SAVE THE
COA SITE MOVEMENT, USA” e promoveu demonstrações em Nova Iorque e
sensibilizou diversos meios de informação internacionais e figuras da
política e cultura da Europa, nomedamente a Unesco, e dos Estados Unidos
obtendo apoio para a salvaguarda das gravuras de Foz Coa através de artigos
publicados na imprensa internacional, sendo os seus esforços creditados pelo "Times", de Londres, o "Le Monde" e outros como o coordenador internacional deste
movimento.
2. ARISTIDES SOUSA MENDES - 1996
A acção filantrópica de diplomatas portugueses em
relação aos judeus residentes na Europa durante a segunda guerra mundial,
muito desconhecida nos Estados Unidos, mereceu-lhe atenção desde 1996, causa
que conhecera através da advogada californiana Anne Treseder.
Mesmo nos meios
judeus que contactou, o único que conhecia bem a história do cônsul
português em Bordeus era o Nobel e sobrevivente do holocausto Professor Elie Wiesel.
Depois de se
elucidar sobre o assunto, esteve em 1999
directamente envolvido na preparação da exposição aberta na sede da ONU em
Nova Iorque em 3 de Abril (data da morte de Sousa Mendes em 1954) de 2000 e
que, entre 52 diplomatas de 18 países, referiria o papel desempenhado na
concessão de vistos a judeus pelos diplomatas portugueses Aristides de Sousa
Mendes, Carlos Almeida Sampaio Garrido, Carlos Teixeira Branquinho e Carvalho
da Silva.
Esta exposição “Visas for Life”, promovida pelo activista judeu
Eric Saul e patrocinada por cinco das maiores organizações judaicas nos
Estados Unidos, abriu deliberadamente no dia em que passavam 45 anos sobre a
morte do diplomata português Aristides de Sousa Mendes que poupou a vida a
pelo menos 10 mil judeus incluídos nos 30.000 livres trânsitos passados a
partir de Bordéus, onde era cônsul de Portugal durante a segunda guerra
mundial.
A acção de Sousa Mendes seria aquela que lhe mereceria mais
atenção. Em 2004, no quinquagésimo aniversário da morte do ex-cônsul
português em Bordéus, em colaboração com a Raoul Wallenberg Foundation
International, da qual era vice- presidente, esteve na organização de mais de
80 acontecimentos em 22 países.
Assinale-se que, com acções que nunca foram além dos
gabinetes e notas diplomáticas, os congressistas americanos Tony Coelho,
Barney Frank e outros enviaram carta a Mário Soares em 1 de Agosto de 1986, pedindo reconhecimento da acção de Sousa Mendes.
O Portuguese-American
Congress od New Jersey promoveu jantar de homenagem a Sousa Mendes no antigo
Portuguese Pavilion da Monroe St., Newark, em Maio de 1987. João Crisóstomo,
associando-se a organizações judias, elevou o patamar da campanha com
acontecimentos na ONU e exposições lembrando a acção do cônsul Sousa
Mendes.
Neste âmbito e enquanto o movimento de reconhecimento não
se universalizava, João Crisóstomo esteve envolvido em:
- 1996 (e seguintes): Publicação de vários artigos ( português e inglês) com a finalidade de dar a conhecer e promover o reconhecimento nos USA e no mundo em geral de Aristides de Sousa Mendes:
- 2000, Abril: Coordenador da exposição “Visas for Life Exhibit” que abriu nas Nações Unidas em 3 Abril de 2000 em honra de Aristides Sousa Mendes; diligências para a inclusão de Aristides Sousa Mendes no filme- documentário “Diplomats for the Damned" do “History Channel”;
- 2000: Nomeado vice-presidente da International Raoul Wallenberg Foundation;
- 2000, Setembro: Grande cerimónia na sede do “Permanent Observer of Vatican to UN” em honra de João XXIII, com a presença do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano;
- 2001: Abril 3: lançamento do livro “A good Man in Evil Times”, na Sede da ICEP, em Nova Iorque;
- 2002: April : Museu de Newark, NJ: Sessão em honra de Aristides Sousa Mendes;
- 2003 Junho 17: diligências para a exibição do filme sobre Aristides Sousa Mendes no National Arts Club “ em Nova Iorque “;
- 2004, Abril 4: Homenagem a Sousa Mendes com a Exposição In Time of War e palestras , em colaboração com a Câmara de Cascais na Jewish Federation of Greater Metrowest (Whippany, NJ ), na Seton Hall University (West Orange, NJ) e, depois, no Sport Clube Português, em Newark;
- 2004 Setembro: Primeira intervenção/reparação no telhado da Casa de Aristides Sousa Mendes (juntamente com António Rodrigues, outro antogo mordomo de origem portuguesa) consequente descoberta de muitos documentos aí soterrados desde os tempos em que o consul aí habitava;
- 2005: Homenagem a Aristides Sousa Mendes no “Museum of Jewish Heritage”, Nova Iorque, com a introdução do “Livro de Registos de Bordéus”, cerimónia que foi motivo de um artigo editorial ( OPED) no New York Times;
- 2006, Abril 5: Visita de estudo de alunos de várias escolas portuguesas à “Galeria dos Heróis” ( i.e. ASM) do "Museum of Jewish Heritage”;
- Abril 2006: Exposição e Conferência no Consulado Brasileiro sobre os diplomatas de língua portuguesa: os portugueses Aristides Sousa Mendes, Sampaio Garrido, Branquinho, e os brasileiros Sousa Dantas e Rosa Guimarães;
- 2007, Fevereiro: Participação, com a inclusão das acções de Aristides Sousa Mendes e Sousa Dantas, na exposição “Diplomats of Mercy” no Holocaust Center, Queensborough Community College ( Bayside, New york);
- 2007, Abril: Sensibiliza e acompanha familiares de Aristides Sousa Mendes a participar no Boston Festival, organizado naquela cidade pela então cônsul geral de Portugal Manuela Bairos;
- 2010; participação na criação da Aristides Sousa Mendes Foundation nos Estados Unidos e mais tarde membro da direcção.
SELO HOMENAGEIA CRISÓSTOMO (Doc. 8)
- 2017, 20 Novembro. Sob proposta da International Raoul Wallenberg Foundation (IRWF), a Autoridade Postal israelita emitiu em 20 de Novembro de 2017 um selo que consagra o papel do activista luso- americano João Crisóstomo na divulgação da acção humanitária do cônsul português em Bordéus Sousa Mendes e outros diplomatas na defesa da vida de refugiados judeus durante a segunda guerra mundial.
A IRWF quis também salientar o contributo do activista para o diálogo inter-religioso na área metropolitana de Nova Iorque.
A emissão é feita em 5 folhas de 12 selos, tendo cada um
o valor facial de 2.40 NIS (New Israeli Sheqel), o custo de uma carta normal
dentro do território israelita. O valor facial de 2.40 NIS corresponde a $0.70
em moeda americana, mas estes selos comemorativos de pequena circulação têm
um valor superior no mercado filatélico. A International Raoul Wallenberg
Foundation é uma organização não governamental que advoga o reconhecimento de
todos os que contribuiram para a protecção dos judeus durante a segunda
guerra mundial. Foi criada por Baruch Tenembaum e tem escritórios em Nova
Iorque, Buenos Aires, Berlim, Roma, Londres, Rio de Janeiro e Jerusalém.
O nome de João Crisóstomo juntou- se assim ao de outras figuras que o estado de Israel já homenageou com a emissão de selo comemorativo das suas acções de apoio ao povo judeu, sobretudo, durante a segunda guerra mundial. ~
Estão entre essas figuras o Papa João XXIII (quando delegado apostólico em Istambul); Mischa e Knar Aznavour, pais do cantor Charles Asnavour (recolheram judeus vítimas de perseguição nazi); e os diplomatas Raoul Wallenberg (embaixador sueco em Budapeste); Aristides Sousa Mendes (cônsul de Portugal em Bordéus); e Luiz Martins de Sousa Dantas (embaixador brasileiro em França), entre outros.(Continua)
Anexos:
Doc 1 - Recorte do "New York Times", 26 de abril de 2013 (Notícia
sobre o seu casamento, em segundas núpcias,
com Vilma Kracun, em 21/4/2013).
Doc 2 - Recorte do New York Times, de 27 de dezembro de 1994,
sobre a o caso de Foz Coa
Doc 8 - Sob proposta da International Raoul Wallenberg Foundation (IRWF), a Autoridade Postal israelita emitiu em 20 de Novembro de 2017 um selo que consagra o papel do activista luso- americano João Crisóstomo na divulgação da acção humanitária do cônsul português em Bordéus Sousa Mendes e outros diplomatas na defesa da vida de refugiados judeus durante a segunda guerra mundial. Graças ao João, temos mais de 3 dezenas de referências no nosso blogue à figura do nosso compatriota. durante muitos anos esquecida (antes e depois do 25 de Abril), Aristides Sousa Mendes
(Adaptação, revisão, fixação de texto, links, fotos no texto, negritos: LG)
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Nota do editor LG:
(*) Vd. poste de 4 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24915: (In)citações (261): João Crisóstomo, já que chegaste a finalista do Prémio Tágides (edição 2023), na categoria "Iniciativa Portugal no Mundo", esperamos que no dia 11 deste mês, na cerimónia de revelação dos vencedores, os nossos bons irãs estejam contigo e com as causas que tens defendido, com o empenho e a competência também de muita outra gente da diáspora lusófona e de outros cidadãos do mundo