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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Guiné 61/74 - P24530: Efemérides (404): Foi há 60 anos que o padre missionário italiano Antonio Grillo (1925-2014), do PIME, foi preso (em 23/2/1963), "sob a acusação de atividades subversivas", e depois expulso de Portugal (libertado, em 4/6/1963, em homenagem ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI)


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > 23 de fevereiro de 2008 > Visita a Bambadin5ca > Pe. Antonio Grillo com o tradicional barrete balanta




Guiné > Zona leste < Setor L1 (Bambadinca)  Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > Ruinas da casa onde nasceu o guerrilheiro referido por A. M. Sucena Rodrigues (1951-2018) ( no poste P14055).  Ao fundo, à direita, devidamente sinalizada a vermelho, pode ver-se a cruz que, segundo esse guerrilheiro, foi erigida antes da guerra [nos anos 50], por um tal missionário que lá viveu e que ele chamava padre António [Grillo, acrescentamos nós]. (Foto do álbum do A. M. Sucena Rodrigues,  ex-fur mil da CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74).

Foto (e legenda): © A. M. Sucena Rodrigues  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem cvomplementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Carta manuscrita, enviada pelo Padre António Grillo ao Amílocar Cabral, datada de Acerenza (Potenza, Itália), 20 de julho de 1963. Foi recebida em 5 de agosto de 1963.

Citação:
(1963), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36402 (2023-8-2)

Transcrição da carta manuscrita (revisão / fixação de texto: LG)

20-VII-63 

Exmo. Sr. Engenheiro Cabral:  Também jornais africanos têm publicado [a notícia de ] a minha prisão. Penso que o senhor [estará ] bem imformado do meu caso do qual lhe falarei com pormenores quendo o senhor me [anviar] o seu endereço.

Mais dois padres italianos foram expulsos mas somente eu passei [pelas ] prisões de Bissau e de Lisboa. Agora me encontro em Itália.

Não calhará ao senhor de vir  [a] Itália ? Saiba qeu estou aqui e me faria uma grande prazer avisar-me da sua vinda.

Cumprimentos e desejo [de sucessos ] para o seu partido. Padre António Grillo, Itália - (Potenza) Acerenza.



Carta (datilografada) do Padre Antonio Grillo, dirigida ao Secretário Geral do PAIGC, engº Amílcar Cabral, com data de 18 de outubro d3 1970. Cabarl responde-lhe de imediato, a 27 desse mês e ano.

Citação:

(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34635 (2023-8-2)

Citação:
(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34633 (2023-8-2)

Fonte: Casa Comum | Fundação Mário Soares | Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia...)


1. Alguns dos missionários italianos do PIME - Pontifício Instituto para as Missões Exteriores, no território da Guiné,   tiveram problemas com as "autoridades portuguesas" durante a guerra colonial: o primeiro caso terá sido  o padre Antonio Grillo (1925-2014), que esteve na missão católica de Bambadinca e que era particularmente acarinhado pelos balantas de Samba Silate, uma enorme tabanca, com quase duas mil almas, que terá sido destruídas pelas NT no princípio da guerra, no subsetor do Xime, obrigando a população a procurar refúgio noutras zonas (e nomeadamente ao longo da margem direita do rio Corubal, entre a Ponta do Inglês e a mata do Fiofioli) (segundo a versão do nosso camarada Alberto Nascimento, contemporâneo e testemunha dos acontecimentos, ex-sold cond auto, CCAÇ 84,  1961/63).


Recorde-se: 

(i) chegou à Guiné no início da década de 1950, integrado no PIME, na mnissão católica de Bambadinca;

(ii) foi detido pela então polícia política portuguesa, a PIDE, a 23 fevereiro de 1963, sob a acusação de atividades subversivas; 

(iii) esteve preso em Bissau e depois em Lisboa;

(iv) acabou por ser libertado em 4 de julho de 1963 em homenagem, de Portugal, ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI (1898-1978), que em 21 de junho de 1963 tinha sucedido a João XXIII, na cátedra de São Pedro;

(v) com a independência da Guiné-Bissau, o padre Grillo voltou  a Bambadinca, onde trabalhou, de 1975 a 1986, associado ao PIME, regressando depois à Itália;

(vi) visitou Bambadinca em 2010, quatro anos antes de morrer;

(vii) foi dado o seu nome ao liceu de Bambadinca, criado em 2008, numa iniciativa conjunta da comunidade local, da Missão Católica de Bafatá e do Ministério da Educação, e com o apoio de benfeitores portugueses e italianos.


2. No Arquivo Amílcar Cabral, há pelo menos duas cartas do padre Antonio Grillo, dirigidas ao secretário-geral do PAIGC,  que reproduzimos acima, datadas respetivamente de 20/7/1963 (manuscrita) e de 18/10/1970 (datilografada), a par de uma outra, de resposta,  do Amílcar Cabral  (datilografada, com data de 27/10/1970).

Na segunda carta, Grillo faz alusão  ao encontro de Amílcar Cabral com o Papa Paulo VI (no Vaticano, em 1 de julho de 1970) e evoca, com saudade, os "meus balantas",  de Samba Silate, Enxalé, Bambadinca ("de cuja missão fui afastado à força"), Finete, Ponta do Inglès, Ponta Luís Dias, Nhabijões ou Nha Bidjon, etc. (provavelmente também Mero, Santa Helena, Fá Balanta...).
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Notas do editor:

Último poste da série > 2 de agosto de 2023 > Guiné 51/74 - P24528: Efemérides (403): Foi há 53 anos, em 1 de julho de 1970, que o papa Paulo VI teve um breve encontro, "no final da audiência geral semanal", com Agostinho Neto (MPLA), Amílcar Cabral (PAIGC) e Marcelino dos Santos (FRELIMO)... A notícia só foi dada no dia 5, na imprensa portuguesa, e originou uma dura nota de protesto do governo de Marcello Caetano que "chama a Lisboa o seu embaixador, um gesto diplomático de forte desagrado, geralmente antecedendo o corte de relações diplomáticas".

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P23011: Fotos à procura de... uma legenda (160): Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?






Guiné > Bissau > s/d [1971/73 ] > Um autocarro dos transportes colectivos de Bissau, carreira Bissau/Bissalanca!... Uma verdadeira peça de museu... Parece ser um autocarro com desenho dos anos 30, a avaliar pela carroçaria, uma estrutura em madeira chapeada (?!)... Tinha tejadilho,  onde se levava a "bagagem" dos passageiros, desde cabras a  produtos agrícolas... As portas e as janelas parecem "abertas"... Matrícula G-620... Empresa: ABP (?)... Foto do nosso saudoso Victor Barata (1951-2021), o "Vitinho".

Foto (e legenda): © Victor Barata (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementa: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70), a quem pedimos ajuda para identificar a empresa que operava os transportes publicos de Bissau no início dos anos 70.

Data - 19/02/2022, 19:19 
Assunto - Transportes públicos de Bissau: ABP, que sigla seria esta ?

Boa tarde, Luís

De facto não me lembro desta empresa, mas lembro-me bem de outra, a do Costa, que também tinha alguns autocarros(?) que a malta até dizia :  "Camionetas do Costa 'suma' a cachorro de rabo de lado"...

Um abraço, Luis, CP.

2. Comentários ao poste P23005 (*)

António J. Pereira da Costa:

A foto do autocarro é importantíssima, pois prova aquilo que muitas vezes se diz, um tanto jocosamente, que naquele autocarro até as cabras eram transportadas.

Havia um outro percurso (Bissau - Biombo) onde a viatura, talvez um pouco mais moderna do que esta, andava um pouco de lado, por ter uma mola dianteira partida.

O "serviço de peças"(?) das mais conhecidas marcas era mais do que incipiente e as "firmas importadoras" (Gouveia e similares) não se dedicavam a fazer importações tão complicadas. E oficinas para a manutenção do autocarro?

Enfim coisas boas de antanho...

Virgílio Teixeira:

No meu tempo (1967/69) nunca andei nem vi qualquer transporte público, mas eu não precisava, tinha as minhas motorizadas, e por outro lado havia o transporte militar de Santa Luzia - Bissau e Bra - Bissau. É possivel que houvesse táxis!

Quando lá estive em 1984 e 1985, havia um deficit de transportes públicos modernos. Pois o que existiam eram as carrinhas Toyota de caixa aberta, onde cabia de tudo, pessoas, gado, mercadorias de tudo. E muitos acidentes pois eles andavam a grande velocidade e com o pessoal sentado nos taipais, era uma desgraça.

Conheci e colaborei num projecto , uma empresa portuguesa, que colocou 3 autocarros Volvo, do mais moderno, onde cabia também tudo. Passado um ano, acabou por fechar, por falta de peças, oficinas etc. Ainda viajei de Bissau até Nova Lamego e regresso, num desses percursos, ocorreu um óbito de um homem local, mesmo ao meu lado.

Por isso ABP não me diz nada.

António J. Pereira da Costa:

Tenho notícias muito vagas e remontando a 1975 de que a União Soviética teria fornecido à Guiné viaturas de transporte de pessoal do exército. Eram viaturas mais do que obsoletas, de grandes dimensões, pesadíssimas, com uma invulgar largura de eixo, o que as tornava proibitivas na Guiné por não se puderem cruzar numa estrada. Tinham um consumo astronómico e tentaram constituir com elas uma empresa de transportes sob orientação de um português, ex-empresário na Guiné,  de nome Vilela. Falhou em poucos meses...

Mas não tenho confirmação.

João Rodrigues Lobo:

Quando estive em Brá, nos anos completos de 1969 e 1970 praticamente todos os dias fazia várias vezes o trajecto Brá / Bissau, conduzindo o meu jeep, para acompanhar as cargas e descargas nos portos, principal e Pijiquiti, e não me recordo destes autocarros. Presumo que, se me tivesse cruzado com eles, me lembraria. Mas a memória por vezes pode atraiçoar embora julgue que só teriam surgido depois de 1970.

3. Comentário do editor LG:

Perguntei ao Carlos PInheiro (com conhecimento a outros camaradas que conheceram Bissau nessa época):

Carlos, tu que és de longe o nosso melhor cicerone de Bissau do nosso tempo, vê lá se reconheces o patusco autocarro de que aqui se publica uma foto, com uma sigla ABP, na parte de trás, que nos parece ser a da empresa proprietária... Fazia o percurso Bissau - Bissalanca no princípio dos anos 70... Chegaste a andar de transportes públicos no teu tempo ? Lembras-te do nome da empresa ? E será que se manteve depois da independência ? Pode ter acontecido, se bem que improvável... E já agora havia no teu tempo autocarros mais modernos... e confortáveis ?

Dou conhecimento a alguns dos nossos grã-tabanqueiros que também conheceram Bissau como tu, e nomeadamente alguns camaradas da FAP, incluindo os que voltaram a Bissau depois da independência.


Mais comentários dos nossos leitores serão bem vindos (**).


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22963: Efemérides (362): Faz hoje 49 anos que a CCAÇ 12 e a CART 3494 sofreram uma emboscada em Ponta Varela, Xime, sofrendo um ferido ligeiro e o IN 2 mortos e 1 ferido... E para mim foi o batismo de fogo (António Duarte)



Excerto da história do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74) (*)


[António Duarte, foto à esquerda: [ex-fur mil da CART 3493, a companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974; economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; tem mais de meia centena de referências no nosso blogue]

1. Mensagem do António Duarte

Data - 3 fev 2022, 18:59 
Assunto - Emboscadas de 3/2/1973 e 25/2/1973

Boa tarde Camaradas e Amigos.

Faz hoje 49 anos que a CCAÇ  12 e a CART  3494 tiveram uma emboscada perto de Ponta Varela. (**)

Segundo o livro do Batalhão de Artilharia 3873, o IN  teve 2 mortos e 1 ferido. As nossas tropas 1 ferido ligeiro.
 
Para a terceira geração da CCAÇ 12 foi o primeiro contacto com o IN e jâ com o ca
pitão Simão, o cap mil inf  José António de Campos Simão.

Participámos neste "evento" três membros da nossa Tabanca:  eu, o António Sucena Rodrigues, infelizmente já falecido,  e o Jorge Araújo,  da "subtabanca" de Abu Dhabi (Emiratos Árabes Unidos).
.
O João Candeias da Silva e o Emílio Costa (os dois da CCAÇ 12) com os quais mantenho contacto, pessoalmente com o Candeias e por mensagem com o Emílio, também foram recordados deste acontecimento.

De salientar que o Jorge Araújo da CART 3494, já tinha tido outros contactos, um deles com 1 morto do nosso lado (fur Bento em 22 de abril de 1972).

Daquilo que me recordo no regresso ao Xime, o Araújo relatou que teve mesmo num frente a frente com um homem do PAIGC (à época a  CCAÇ12, ainda estava em Bambadinca).

Fica a curiosidade que um dos nossos, na troca de carregador vazio por um segundo, cheio, perdeu o primeiro e acaba por chegar ao quartel com menos um carregador de G3. Consequência, teve de o pagar. Rídiculo. Penso que foram 5 escudos, mas o nosso primeiro não perdoou.
 
Assim era, um guerra poupadinha e com contas certas.

Na foto junto vai evidenciada uma nova emboscada a 25 do mesmo mês, que fica para depois, mas onde não estive, por ter vindo de férias.

E pronto, por hoje é tudo.

Estranho, passado tantos anos ainda recordamos estes temas. A experiência foi mesmo traumatizante.

Abraço,
António Duarte
Cart 3493 (Mansambo)  e Ccaç 12 (Bambadinca e Xime( (1971/74)
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Notas do editor:



terça-feira, 2 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19064: In Memoriam (327): António Manuel Sucena Rodrigues (1951-2018): até sempre, camarada ! (António Duarte, Jorge Araújo, Luís Graça)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel de Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Dois camaradas da 3.ª geração de graduados, metropolitanos, da CCAÇ 12, o António Duarte e António Manuel Sucena Rodrigues (1950-2018). Foi a última vez que eu vi o Sucena Rodrigues, meu "neto": sou da 1.ª geração, a dos pais-fundadores da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969-71).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



Vagos > 13 de janeiro de 2018 > Tomada de posse dos corpos sociais  da Confraria dos Rojões da Bairrada com Grelo e Batata a Racha (biénio de 2018-2019). O António Manuel Sucena Rodrigues, já doente, é o segundo a contar da direita... Sabemos pouco sobre a sua vida pessoal, a não ser que era professor reformado, tendo-se formado em engenharia; e era um apaixonado pela gastronomia da sua região natal, a Bairrada, pertencendo nomeadamente  esta confraria bairradina e à sua direção, exercendo o cargo de vice-presidente mordomo.

"A Missão da Confraria dos Rojões da Bairrada com Grelo e Batata à Racha é preservar, promover e divulgar os rojões da Bairrada, assim como outras iguarias, genuinamente locais e tradicionais, que sejam produtos diferenciadores das demais regiões, podendo constituir uma alavanca para o desenvolvimento socioeconómico local."

 (Fonte: página do Facebook da  Confraria dos Rojões da Bairrada com Grelo e Batata à Racha.  Com a devida vénia, a foto aqui reproduzida foi editada pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné).


1. Em Samba Silate, Xime, Setor L1, no pós 25 de abril, fazendo a paz depois da guerra

por A. M. Sucena Rodrigues

[ex-fur mil inf, CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1972-1974]

Cumpri a minha comissão de serviço na Guiné de 23 de junho de 72 a 30 de julho de 74. Apanhei lá o 25 de Abril, como se pode concluir, e por isso tive oportunidade de viver a transição da guerra para a paz. Guardo disso algumas recordações (...).

Estive na CCaç 12 (, pertenci à 3.ª geração de militares europeus da companhia), inicialmente em Bambadinca e posteriormente no Xime [, a partir de março de 73]. A vida neste local era certamente igual à que se vivia no resto do teatro de operações da Guiné (salvo alguns casos pontuais, quiçá mais complicados): actividade operacional quanta baste, incluindo as habituais flagelações ao quartel, normalmente de curta duração, que ocorriam aproximadamente de duas em duas semanas e que de resto nunca deixaram mossa grave, com excepção de duas delas, sendo que uma dessas foi a última, e aconteceu poucas semanas depois do 25 de Abril.

Foi um ataque ao cair da noite como normalmente acontecia, com características algo diferentes daquilo que era habitual. Durou mais tempo, com disparos da artilharia inimiga (ou RPG),  mais espaçados. Curiosamente uma dessas granadas atingiu uma árvore de grande porte por cima da tabanca,  tendo os estilhaços ferido alguma população. Foram de imediato tratadas na enfermaria (às escuras). Lembro-me, pelo menos,  de duas mulheres, uma delas grávida já quase no fim do tempo, e de algumas crianças. É de realçar que nem as mulheres nem as crianças disseram um 'ai' que fosse, antes, durante ou depois dos tratamentos. Isto mostra um conformismo com o sofrimento e uma capacidade impressionante de suportar a dor, certamente adquirida pelo 'calo' da guerra. Imaginem se fosse cá. (...)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) >  Subsetor do Xime > CCAÇ 12 (Xime, 1973/74) >  Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > "Para a posteridade aqui ficou uma foto tirada em Samba Silate, a única vez que lá fui,  em que me apresento com as barbas que mantenho há 40 anos. Apenas mudaram de cor"... Ao centro, um guerrilheiro do PAIGC e à esquerda, na ponta, um soldado.


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) >  Subsetor do Xime > CCAÇ 12 (Xime, 1973/74) >  Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > Visita do guerrilheiro à tabanca de Samba Silate, sua terra natal. De pé, pode ver-se o guerrilheiro (segundo a contar da esquerda), o Jamil (de braços cruzados) e o capitão Simão (de camisola branca e com a mão no cinturão).


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) >  Subsetor do Xime > CCAÇ 12 (Xime, 1973/74) >   Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > Continuação da visita à tabanca de Samba Silate. É curioso observar, pela imagem, que a população não era certamente de etnia Fula nem Mandinga, muçulmana, mas sim Balanta, devida à prática da suinicultura...


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) >  Subsetor do Xime > CCAÇ 12 (Xime, 1973/74) > Samba Silate >  Pós 25 de abril de 1974 > Ruinas da casa onde nasceu o guerrilheiro acima referido (vd. o poste P14055).... Ao fundo, à direita, devidamente sinalizada a vermelho, pode ver-se a cruz que, segundo o guerrilheiro, foi erigida antes da guerra,  nos anos 50, pelo  missionário católico italiano que lá viveu e que ele chamava padre António Grillo. (Nasceu em 1925, em Acerenza, Itália, foi preso pela PIDE em 23/2/1963; faleceu em 18/6/2014, com 89 anos
de idade, na sua terra natal, depois de ter voltado à Guiné-Bissau e aos seus "balantas de Samba  Silate", a seguir à independência.)

Fotos, legendas e texto : © António Manuel Sucena Rodrigues (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Não foi por acaso que se tratou de um ataque diferente dos habituais. Enquanto estávamos debaixo de fogo, verificámos que havia disparos de RPG tracejantes nas nossas costas e algo distantes, o que nunca tinha acontecido. É que ao mesmo tempo foi atacada a tabanca de Samba Silate (...)

Esta tabanca recebia população refugiada, vinda das chamadas zonas libertadas. Era colocada ali porque, dada a sua localização, tornava-se muito difícil sofrer um ataque de retaliação por parte da guerrilha. De um lado,  tinha a estrada [, alcatroadA,] Bambadinca-Xime e, do outro,  a bolanha e o rio Geba. Pode-se dizer que executaram uma operação bem planeada. Impediram-nos de sair do quartel, atacando-nos durante o tempo necessário, enquanto outro grupo destruía parte da tabanca de Samba Silate.

Mas a história não acaba aqui. Não nos podemos esquecer que já tinha acontecido o 25 de Abril. Porém a paz oficialmente ainda não tinha sido acordada entre as novas autoridades portuguesas e a direcção do PAIGC. Ainda não tinham começado as primeiras conversações em Londres, com Mário Soares do lado de Portugal e Pedro Pires do lado do PAIGC. Passaram mais umas duas ou três semanas e apareceu na tabanca do Xime, pela primeira vez, um guerrilheiro fardado e desarmado. (...)

Foi ter à tabanca de um africano, homem magro e alto, salvo erro de etnia balanta, que se chamava Jamil (talvez algum camarada me possa confirmar o nome),  mas que era pouco falador e bem conhecido entre nós porque sempre suspeitámos que se tratava de um informador do PAIGC (...).  Foi ele que levou o guerrilheiro à presença do nosso capitão Simão.

Houve naturalmente cumprimentos cordiais de parte a parte e lembro-me que esse guerrilheiro ofereceu um galhardete com a bandeira do PAIGC ao capitão (...). Por sua vez, este ofereceu-lhe uma garrafa de whisky (ou brandy, valha a verdade). Esta garrafa trouxe consequências, como veremos mais adiante.

No dia seguinte, a pedido do guerrilheiro, fomos visitar a tabanca de Samba Silate, pouco antes atacada (...). Aproveitei para ir na comitiva e tirar as fotos que agora recordo. Foi a primeira vez e única que lá fui, e estava ali tão perto...

Esse guerrilheiro contou-nos um pouco da sua história: era de lá, e mostrou-nos, com alguma emoção, as ruinas da tabanca onde tinha nascido e vivido enquanto jovem. Falou-nos também numa cruz em cimento,  ainda intacta, a qual, segundo ele, havia sido construída, por um tal padre António [Grillo], missionário que lá viveu antes da guerra (...).  Também mostrou as ruinas da tabanca onde viveu esse missionário (...). Cumprimentou várias pessoas da tabanca, sem grande euforia, mas sempre com respeito. (...). 

Foi uma visita simples mas significativa que durou toda a manhã. Foi a oportunidade de reencontrar um passado que a guerra quase fez esquecer mas que na verdade estava bem presente. A vontade de acabar com a guerra não era exclusiva de uma das partes em conflito. Foi uma manhã emocionante. Todos os que, no mato, pegaram em armas, quer de um lado da barricada quer do outro, eram pessoas de corpo e alma, com sentimentos. Só os mandantes supremos é que não sabiam isso. Isto ficou demonstrado neste episódio simples mas significativo. (...)

Após a visita regressámos ao Xime e o guerrilheiro, não me lembro se nesse dia ou num dos seguintes, regressou ao mato tal como de lá veio, sem que dessemos por isso. Nos encontros amigáveis e de reconciliação que posteriormente realizámos no mato, em Madina Colhido, ele não esteve presente por razões que nos foram explicadas pelo comandante máximo do PAIGC na zona. É que a tal garrafa de uísque que o capitão Simão lhe entregou, era para oferecer ao dito comandante que, com os seus homens,  deveriam festejar a paz. Acontece que, no auge das emoções, ele bebeu-a só, logo 'enfrascou-se', e por isso foi castigado com prisão. Quem havia de dizer?! (...)

[Seleção, revisão e fixação de texto: LG]


2. Reações de alguns camaradas após a notícia da sua morte (**)

(i) António Duarte:

(...) Já depois de regressar da Guiné, fez em Coimbra o curso de Engenharia Electrotécnica, tendo sido professor do ensino secundário até à reforma, que ocorreu em 2016.

Casado com a Rosa Pato, professora do ensino básico, sua namorada dos tempos da Guiné, tem dois filhos e 3 netos.

Vivia em Oliveira do Bairro, tendo sido operado em Coimbra no início do ano, aquando da deteção da doença.

Era habitual estar presente nos almoços da nossa Tabanca Grande, em Monte Real. Este ano já não foi por não estar bem.

Que permaneça vivo nas nossas memórias, já que se trata de um bom Homem, com participação em causas para ajuda dos mais desfavorecidos, estando sempre pronto a ajudar o próximo de forma desinteressada. Era voluntário do Banco Alimentar e de mais algumas organizações locais de ajuda a terceiros.

À família e amigos mais chegados, presto os meus sentidos pêsames, com a certeza que sempre recordarei os momentos vividos com ele na CCAÇ 12 e, mais recentemente,  em encontros em Oliveira do Bairro e Lisboa, em conjunto com as nossas Companheiras de uma vida. (...)



(ii) Jorge Araújo:

(...) Camarada António Duarte, foi, de facto, uma má notícia aquela que acabas de me/nos dar - a morte do camarada António Rodrigues. Com ele partilhei missões conjuntas nas matas do Fiofioli, durante os anos de 1972/1973, eu, na CART 3494,  ele (e tu) na CCAÇ 12.

O que se pode fazer agora? Nada! É que a natureza do tempo aliada à natureza humana comportam-se, lamentavelmente, de forma impiedosa. (...)


(iii) Tabanca Grande Luís Graça:

António: que tão má e tão triste notícia nos trouxeste, ontem, ao fim da tarde, vinha eu em viagem do Norte. E só hoje, de manhã, a li. Obrigado, mensageiro, alguém tem que nos dar a notícia da morte dos nossos camaradas que não resistem à usura do tempo... E às vezes até parece que os camaradas da Guiné são os mais vulneráveis... Já tivemos 8 mortes, comhecidas, este ano... A nossa Tabanca Grande está cada vez mais pobre!

Eu sabia que o camarada Sucena Rodrigues estava doente, não tendo já vindo ao nosso último encontro, em Monte Real. Vem agora o desfecho, inelutável. Um duro golpe para todos nós, família (esposa, filhos, netos), amigos e camaradas...

Faço aqui um primeiro comentário, já que se tratava de um camarada da minha CCAÇ 12, da 3ª geração, um "neto", como eu gostava de lhe dizer, a brincar, a ele e ao António Duarte...

Já pedi ao António Duarte que transmita à família as condolências dos camaradas da Guiné, reunidos sob o poilão da Tabanca Grande.

O Sucena Rodrigues tem 12 referências no nosso blogue, com informações notáveis sobre o Xime e Samba Silate, do tempo em que a CCAÇ 12 passou a unidade de quadrícula, com sede no Xime, por volta do 1º trimestre de 1973 (...)

Até sempre, camarada Sucena Rodrigues! (...) (***)
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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Guiné 61/74 - P19060: In Memoriam (324): António Manuel Sucena Rodrigues (1950-2018), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 (1972/74)

IN MEMORIAM



ANTÓNIO MANUEL SUCENA RODRIGUES (1950-2018)
Ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 - 1972/74


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1. Mensagem de António Duarte [ex-Fur Mil da CART 3493/BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; e CCAC 12 (em Novembro de 1972/74), com data de ontem, 30 de Setembro:

Boa tarde Camaradas
Uma má notícia tenho para vos dar. 
Hoje durante a noite, faleceu o nosso camarada de armas António Manuel Sucena Rodrigues, nascido em 1950, que esteve comigo na CCAÇ 12.

Prestou serviço nessa unidade de meados de 1972 a julho de 1974, tendo curiosamente, participado nos primeiros contactos com o PAIGC, em Madina Colhido, mas sem que antes não tivesse vivido vários contactos, não amigáveis, nas matas do Xime e ataques diversos ao dito aquartelamento.

Era Furriel Miliciano Atirador de Infantaria, do 3.º turno de 1971.

Já depois de regressar da Guiné, fez em Coimbra o curso de Engenharia Electrotécnica, tendo sido professor do ensino secundário até à reforma, que ocorreu em 2016.

Casado com a Rosa Pato, professora do ensino básico, sua namorada dos tempos da Guiné, tem dois filhos e 3 netos.

Vivia em Oliveira do Bairro, tendo sido operado em Coimbra no início do ano, aquando da deteção da doença.

Era habitual estar presente nos almoços da nossa Tabanca em Monte Real. Este ano já não foi por não estar bem.

Que permaneça vivo nas nossas memórias, já que se trata de um bom Homem, com participação em causas para ajuda dos mais desfavorecidos, estando sempre pronto a ajudar o próximo de forma desinteressada. Era voluntário do Banco Alimentar e de mais algumas organizações locais de ajuda a terceiros.

À família e amigos mais chegados, presto os meus sentidos pêsames, com a certeza que sempre recordarei os momentos vividos com ele na CCAÇ 12 e mais recentemente em encontros em Oliveira do Bairro e Lisboa, em conjunto com as nossas Companheiras de uma vida.

Abraços a todos
António Duarte
Cart 3493 e Ccaç 12 - dez 71 a jan de 74


Palace Hotel de Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Dois camaradas da "3.ª geração" de graduados da CCAÇ 12, o António Duarte e António Manuel Sucena Rodrigues

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Nota do editor:

À família do nosso camarada Sucena Rodrigues enviamos as nossas mais sentidas condolências pela perda do seu ente querido. 

A família dos combatentes, a cada dia que passa, fica mais reduzida.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19027: In Memoriam (323): Carlos Cordeiro (1946-2018), ex-Fur Mil Inf do Centro de Instrução de Comandos (Angola, 1969/71), Professor Aposentado da Universidade dos Açores

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18140: Feliz Natal 2017 e Melhor Bom Ano Novo 2018 (12): mensagens de Adolfo Cruz, Jorge Cabral, A. Marques Lopes, José Pinela, Mário Leitão, António Manuel Sucena Rodrigues, Carlos Alberto e Irene Cruz



O presépio em 2017... Um diorama muito original de que desconhecemos a autoria, mas que nos chegou pelo correio do Adolfo Cruz... [Com a devida vénia ao autor desconhecido]´



1. Mensagem de Adolfo Cruz

[ex-fur mil at inf, CCAç 2796 (Gadamael, Vicente da Mata, Ome (Bijemita), Quinhamel, Biombo e Bissau, 1970/72)]:

Meus Amigos,
Renovo os meus votos de Boas Festas, com Saúde e Felicidade.

Se tudo correr bem, como planeado, beberemos um copo em 18 de janeiro 2018 [, na Tabanca da Linha].
Abç





2. Mensagem de Jorge Cabral

[ex-af mil art, Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71] (foto da esquerda, ao centro, de pé];

[tem 200 referências no blogue];

[é mais conhecido como "alfero Cabral"]

 Para ti.  Luís,  e para todos os Camaradas, 

desejo que encontrem o Natal dentro de vós 
e o partilhem na Amizade, no Amor e na Solidariedade. 

Abraço Todos. Alfero Cabral


 3. Mensagem de A. Marques Lopes:

[coronel DFA, na reforma, ex-alf mil, CART 1690, Geba, e CCAÇ 3, Barro (1967/68)];


[tem 230 referências no nosso blogue];

[lisboeta, vive em Matosinhos]:

Tchim, tchim, boas festas!

4. Mensagem de José Maria Pinela 

[DFA, ex-1.º  cabo trms, CCS/BCAV 3846, 
 Ingoré , 1971/1973]

Feliz Natal, próspero Ano Novo!


5. Mensagem de Mário Leitão:

[ hoje farmacêutico reformado, ex- Fur Mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e 
Farmacêuticos (LMPQF), 1971 a 1973];


[ natural de Ponte de Lima, autor do livro "História do Dia do Combatente Limiano"]Ao quinto dia de cama [, a 24,], aguentando heroicamente os tremeliques da febre, aqui vos desejo um Natal Feliz e um Ano Novo muito promissor! 
Com um abraço, sem contágio!




6. Mensagem de António Manuel Sucena Rodrigues

[ex-fur mil, CCAÇ 12,
Bambadinca e Xime, 1972/74;

[hoje, engenheiro, vive em Oliveira do Bairro]


Um Feliz Natal para todos os amigos e um Ano de 2018 que, quando chegar ao fim, vos traga a satisfação de terem atingido todos os objetivos.



[Carlos Alberto Rodrigues Cruz [foto à direita, na Tabanca da Linha, com a esposa Irene, em 19/3/2015;

[ex-fur mil, CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió e Cachil, 1964/66]

Não precisamos de presentes de Natal, porque vocês, nossos amigos, são o melhor que algum dia recebemos.


Feliz Natal e Bom Ano de 2018.

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Nota do editor:

 Último poste da série > 23 de dezembro de 2017 > Guiné  61/74 - P18130: Feliz Natal 2017 e Melhor Ano Novo 2018 (11): Ex-Cap Mil Jorge Picado; ex-Fur Mil TRMS Luís Fonseca; 1.º Ten RN Manuel Lema Santos; ex-Fur Mil Carlos Vieira; ex-Sold At Art Jaime Mnendes; ex-Alf Mil Op Esp Joaquim Mexia Alves; ex-Fur Mil Cav Benito Neves e ex-Alf Mil Inf Domingos Gonçalves

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17304: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (12): O mundo continua a ser pequeno e a nossa Tabanca... Grande! (fotos de Luís Graça)


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Aspeto da mesa com as entradas, servidas entre as 134h00 e as 14h00, na esplanada da sala Dom Diniz... É sempre agradável tomar os aperitivos ao ar livre enquanto se dá dois dedos de conversa com todo o mundo.... Nas edições anteriores, nem sempre foi possível montar as mesas cá fora, devido à instabilidade do tempo...


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Momento dos aperitivos: a seção de bebidas. Os "brancos" (maduro e verde) tiveram boa saída... mas ainda há quem prefira a "água suja do imperialismo" (como alguns de nós chamavam a um dado refrigerante que, antes do 25 de abril de 1974, não se comercializava no "continente", mas tinha saída no "ultramar"; enfim, contradições do Portugal de antigamente)...


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 >  Dois tabanqueiros da Linha: da direita para a esquerda, o Jorge Pinto (Sintra) e o António Fernando Marques (Cascais)


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Gente do leste, setor L1:  da esquerda para a direita, Manuel Soares (, do meu tempo de Caldas da Rainha, Tavira e Guiné, CART 2520, Xime, 1969/70), o Fernando Andrade Sousa, meu querido camarada da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) (e que vive na Trofa),  e o casal David Guimarães (CART 2716, Xitole, 1970/72) e Lígia (Espinho). O Manuel Viçoso Soares, hoje empresário, já não o via desde 1970... Vive no Porto, onde a empresa (Sosoares - Caixilharias e Vidros SA) tem a sede, na Rua do Campo Alegre, 474, telef. + 3151 226 096 709).

Falámos ao telefone com o José Nascimento, também da CART 2520, e  nosso prezado grã-tabanqueiro algarvio. O Soares não precisa de convite para entrar para a Tabanca Grande. Fizemos diversas operações em conjunto, os dois éramos de armas pesadas de infantaria, eu, na CCAÇ 12,  e ele na CART 2520. Ficámos os cinco (comigo) à mesma mesa, ao almoço: eu, o Soares, o Sousa (e a esposa), o Guimarães... O Soares recordou-me, entre outras operações que fizemos juntos, a Op Pato Rufia ("o meu batismo de fogo"). Esteva na equipa de reordenamento dos Nhabijões, juntamente com elementos  da CCAÇ 12.


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > O José Miguel Louro ("outro menino da Linha", a quem eu convido para integrar a Tabanca Grande... ) e o lourinhanense Eduardo Jorge Ferreira.


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > Dois camaradas da "3ª geração" de graduados da CCAÇ 12, o António Duarte (Linda a Velha / Oeiras) e António Manuel Sucena Rodrigues (Oliveira do Bairro).


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > O Francisco Silva, o "nosso ortopedista", e o Arménio Santos, ex-deputado à Assembleia da República e dirigente sindical, nosso grã-tabanqueiro desde 5/11/2009(Foi-Fur Mil de Rec Inf, Aldeia Formosa, 1968/70).


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > O "periquito" Urbano Martins Oliveira, que veio da Figueira da Foz, ladeado à sua esquerda pelo Armando Pires e à sua direita pelo Luís Paulino (, membros ilustres da Tabanca da Linha).


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > A "freima" do fotógrafo de serviço, o J. Casimiro Carvalho (Maia).

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
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Nota do editor:

Último poste da série > 1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17302: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (11): novos e velhos amigos e camaradas (Fotos de Luís Graça)

Vd. também:

1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17300: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (10): as primeiras fotos da nossa festa (Jorge Canhão)

1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17298: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (9): as primeiras fotos da nossa festa (Miguel Pessoa)

sábado, 4 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14832: (De)caras (23): O mistério dos autocarros no Xime... Para mim, este "slide" é de março/abril de 1974... (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74)

1. Mensagem, de 3 do corrente,  enviada pelo António Manuel Sucena Rodrigues, em complemento da informação prestada no poste P14810 (*)

Assunto: Os autocarros no Xime

Olá,  Luís,

Voltando à carga com a data da foto que mostra os autocarros, pareceu-me que fazes depender a presença destes na Zona Leste, da passagem do 25 de abril. Ora,  embora eu não possa garantir absolutamente nada, quero, no entanto, dar a seguinte explicação:

(i) estivemos (a CCaç 12) no Xime bem mais de um ano [, desde março de 1973]; não me lembro de ter alguma vez assistido ou sequer ouvido comentar algo acerca da descarga, no cais do Xime, de quaisquer autocarros civis (muito menos militares) destinados à Zona Leste e aí largados de uma LDG; suponho que seria um acontecimento que não passaria despercebido;

(ii) o cais do Xime, conforme já referi antes, era a única ligação terrestre com o resto do mundo; concluo daí que já lá existiam estes autocarros há bem mais de um ano; tenho ideia de ter visto algum em Bafatá; logo, não dependeu  (???) do 25 de abril a sua existência na Zona Leste, se algum camarada me poder esclarecer ou comentar, eu ficaria muito agradecido;

(iii) a estrada entre Xime e Bafatá e mesmo Nova Lamego (Gabu) era toda alcatroada em 1972/74 (e recentemente, a julgar pelo bom estado do piso), daí que os camaradas que estiveram lá pouco antes, estranhem a facilidade com que se viajava nessa estrada;

(iv) em termos de segurança, o único ponto vulnerável era a Ponta Coli (entre Xime e a tabanca de Amedalai); mas, para ultrapassar esse problema, estava lá todos os dias do ano, quer houvesse barco ou não, um pelotão da CCaç 12 (ou da milícia de Amedalai, no caso de impedimento desta) desde manhã (8 ou 9 horas ???) até ao fim da tarde;

(v) além disso, para mim, e certamente para todos os camaradas que estiveram comigo nessa época, não me lembro que a presença destes autocarros tenha alguma vez sido uma surpresa, isto leva-me a concluir que se tratava de um cenário algo habitual, embora admita que fosse relativamente recente.

Por tudo isto continuo a manter a data provável da foto para março ou abril de 74, embora sem poder dar uma garantia absoluta.

Estas fotos foram digitaizadas a partir de slides.Os slides da Agfa vinham encaixilhados com caixilhos de plástico e esses não têm data da revelação marcada, Os slides da Kodak vinham encaixilhados com caixilhos de papelão e esses trazem as datas da revelação, que ainda são visíveis. Logo por azar este, de onde foi retirada a foto, era da Agfa.

Fico a aguardar esclarecimentos de algum camarada que possa trazer luz nesta matéria.

Um abraço
Sucena Rodrigues

[ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74]


2. Comentário de L.G.:

Como comentei (ª), "estas fotos são preciosas e deliciosas", daí eu ter-te pedido  um "esforço de memória"... Obrigado pelo teu esforço... A verdade é que não tens "elementos objetivos" para conmfirmar a data... Continuo a pensar que podem não ser de março de 1974... "E mesmo abril de 1974 parece-me cedo"... 

Como sabes, em Bissau, os primeiros vivas ao 25 de Abril, ao MFA, ao Spínola, os primeiros abaixo a PIDE/DGS, as primeiras manifestações de regozijo "popular" (e já de contestação....) são de 27 de abril de 1974, depois da prisão de Bettencourt Rodrigues em 26... O Carlos Matos Gomes, que era do MFA da Guiné, e com quem falei ao telefone, diz-me que os autocarros podem ter vindo do Senegal... Se sim, eu apontaria mais para maio/junho de 1974 o seu aparecimento no TO da Guiné... Mas tu ainda não me disseste quando saiste do Xime... Pergunto-te se tu aguentaste até ao fim, até à extinção da CCAÇ 12, em agosto de 1974 ?  Ou se acabaste mais cedo a comissão, já que eras de rendição individual  ? Essa data pode ser a chave para esclarecer este pequeno mistério dos autocarros... 

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Nota do editor:

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14810: (De)caras (22): Quando os autocarros (de Bafatá e de Gabu) chegavam ao porto fluvial do Xime com população e até com provocadores, simpatizantes do PAIGC... Um dia, já depois do 25 de abril, ía havendo uma tragédia: estava eu a montar segurança na Ponta Coli e os meus homens, fulas, quiseram fazer fogo de bazuca, em resposta às provocações da malta do autocarro (António Manuel Sucena Rodrgues, um dos últimos guerreiros do império, ex-fur mil, CCAÇ 12, Xime, 1973/74)


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Pós-25 de abril de 1974 > Até aqui chegavam autocarros de passageiros!... Não dá para acreditar, diz o Valdemar Queirós, um rapaz do leste de 1969/70!... Mas com a com a nova "autoestrada", Xime-Piche (não sei se chegou mesmo a Buruntuma e a Pirada em 1974!), era já possível recorrer a autocarros de passageiros para transportar populção civil (, não tropa).

Foto ( e legenda): © António Manuel Sucena Rodrigues (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]



I. Mail que enviei ao António Manuel Sucena Rodrigues, em 26 do corrente:

António: Explica lá direitinho o que é que tu fotografaste no cais do Xime em "dia de barco"... Autocarros no Xime ? Bate certo  a bota com a perdigota ?  Não estamos a delirar ?... A verdade é que a tua foto, ampliada, não engana...

Tens a data da foto ?... Fico a aguardar o teu precioso esclarecimento. As fotos do macaréu são para outro poste..

Ab do camarada da CCAÇ 12, Luís Graça

II. Sobre a foto acima, também comentou o Valdemar Queiroz, ex-fur mil art, CART 2479 /CART 11 (Contuboel, Gabu e Piche, 1969/70) (*);

Que confusão, que grande confusão ver estas fotografias do cais do Xime.
Gente que vinha em autocarros de passageiros até ao cais para, depois, seguir de barco para Bissau ??? Em que ano foram tiradas estas fotos? 

Lembro-me, em 1969/70, como era perigoso ir de Bambadinca ao Xime. Só com grande segurança se ia ao Xime buscar frescos vindos de Bissau. Reparavamos como o Xime tinha 'embrulhado', se calhar na noite anterior.
Mas ver agora autocarro de passageiros, nem dá para acreditar. Extraordinário!


III. Resposta, pronta, no mesmo dia, do António Manuel Sucena Rodrigues  [ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972-74]

 Assunto: Autocarros no Xime

Luís,

1. Bate certíssimo. Nos dia de barcos destinados à população, por exemplo a Bor e mesmo a LDG (também havia barcos destinados prioritariamente a transporte de manadas de gado) havia autocarros que vinham de Bafatá (e não sei mesmo se vinham de Gabu), carregados de população (só população).

Tanto quanto pude observar, havia destes autocarros em Bafatá. Como sabes,  o cais do Xime era a única ligação da zona leste com o "resto do mundo". 

Este dia foi um dos dias de grande afluxo de população, Não era sempre assim mas quase sempre havia pelo menos um ou mesmo dois autocarros. Nunca andei em nenhum, eram civis e não tinham nada a ver com a tropa.

Esta foto deve ter sido tirada em março ou abril de 74.

Tínhamos um pelotão permanente, durante o dia,  montando  segurança na Ponta Coli, entre o Xime e Amedalai, daí ser possível viajar com alguma segurança na estrada [alcatroada].

Conheci a estrada Xime, Bambadinca, Bafatá sempre alcatroada e certamente havia pouco tempo, uma vez que ainda não tinha "remendos" e estava em bom estado. Já bem depois do 25 de abril, fomos um dia a Pirada (???) apenas passear (os capitães conheciam-se). A estrada era toda alcatroada até Gabu.

2. Tenho um pequeno episódio passado na Ponta Coli depois de 25 de abril, com um destes autocarros carragados de "revolucionários de ocasião" e em que me vi perdido para evitar um catástrofe humana. 

Foram nitidamente ao Xime apenas para provocar os militares da CCaç 12, que eram fulas e anti-PAIGC. Eu estava de serviço na Ponta Coli, de segurança à estrada, com cerca de 10 homens. Não havia barco nesse dia, logo não havia justificação para o autocarro estar ali. O autocarro aproximou-se, reduziu a velocidade sem parar (felizmente), e a rapaziada "revolucionária" irrompeu das janelas com os maiores insultos e provocações aos militares da CCaç 12. Estes ficaram indignados e quiseram mesmo abrir fogo. 

O autocarro seguiu até ao Xime enquanto eu os tentei acalmar. Passado cerca de 15 a 20 minutos regressaram com os mesmos insultos e provocações. Passei por dificuldades ainda maiores, pois os meus homens quiseram abrir fogo de bazuca. Eu era o único branco que estava ali e por isso indiferente às rivalidades políticas dessa ocasião. Não sei como consegui acalmá-los. O autocarro aumentou de novo a velocidade. Tinham ido ao Xime apenas para provocar desordem. Estávamos em plena época revolucionária.

Foi por muito pouco que a situação não descambou para uma catástrofe.

Tenho mais fotos do Xime que em breve enviarei.

Um abraço, Sucena Rodrigues (**)

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 Notas do editor:

(*) Vd, poste de 25 de junho de  2015 > Guiné 63/74 - P14797: Memória dos lugares (294): O porto fluvial do Xime, no final da guerra (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74)