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domingo, 8 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16065: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (10): Republicando o poste P5807, de 13/2/2010: O 6.º aniversário do nosso Blogue (1): Homenagem ao Fundador Luís Graça e a toda a tertúlia (Jorge Félix/Carlos Vinhal)


1. Trinta e cinco anos depois.

No 25 de Abril de 2004 presto a minha homenagem às mulheres portuguesas,
Que se vestiam de luto enquanto os maridos ou noivos andavam no ultramar;
Às que rastejavam no chão de Fátima, implorando à Virgem o regresso dos seus filhos, sãos e salvos;
Às que continuavam, silenciosas e inquietas, ao lado dos homens nos campos, nas fábricas e nos escritórios;
Às que ficavam em casa, rezando o terço à noite;
Às que aguardavam com angústia a hora matinal do correio;
Às que, poucas, subscreviam abaixo-assinados contra o regime e contra a guerra;
Às que, poucas, liam e divulgavam folhetos clandestinos ou sintonizavam altas horas da madrugada as vozes que vinham de longe e que falavam de resistência em tempo de solidão;
Às que, muitas, carinhosamente tiravam do fumeiro (e da barriga) as chouriças e os salpicões que iriam levar até junto dos seus filhos, no outro lado do mundo, um pouco do amor de mãe, das saudades da terra, dos sabores da comida e da alegria da festa;
E sobretudo às, muitas, e em geral adolescentes e jovens solteiras, que se correspondiam com os soldados mobilizados para a guerra colonial, na qualidade de madrinhas de guerra.

A maioria dos soldados correspondia-se, em média, com uma meia dúzia de madrinhas, para além dos seus familiares e amigos. Em treze anos de guerra, cerca de um milhão de soldados terá escrito mais de 500 milhões de cartas e aerogramas. E recebido outros tantos. Como este que aqui se reproduz.
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Guiné, 24 de Dezembro de 1969

Exma menina e saudosa madrinha:

Em primeiro de tudo, a sua saúde que eu por cá de momento fico bem, graças a Deus.

Estava um dia em que meditava e lamentava a triste sorte que Deus me deu até que toquei na necessidade de arranjar uma menina que fosse competente e digna de desempenhar tão honroso e delicado cargo de madrinha de guerra. Peço-lhe desculpa pelo atrevimento que tive em lhe dedicar estas simples letras. Mas valeu a pena e é com muita alegria que recebo o seu aero (1).

Vejo que também está triste por mor (2) da mobilização do seu mano mais novo para o Ultramar. Não sei como consolá-la, mas olhe: não desanime, tenha coragem e fé em Deus. Eu sei que custa muito, mas é o destino e, se é que ele existe, a ele ninguém foge. Nós, homens, temos esta difícil e nobre missão a cumprir.

Nós, militares, que suportamos o flagelo desta estadia aqui no Ultramar, não temos outro auxílio, quer material quer espiritual, que não seja o que nos dão os nossos amigos e entes queridos. E sobretudo as nossas saudosas madrinhas de guerra.

Sendo assim para nós o correio é a coisa mais sagrada que há no mundo. Porque nos traz notícias da nossa querida terra e nos faz esquecer, ainda que por pouco tempo, a situação de guerra em que vivemos e os dias que custam tanto a passar.

As notícias aqui são sempre tristes, nestas terras de Cristo, habitadas por povos conhecidos e desconhecidos. Não lhe posso adiantar pormenores, mas como deve imaginar uma pessoa anda triste e desanimanada sempre que há uma baixa de um camarada.

Lá na metrópole há gente que pensa que isto é bonito. Que a África é bonita. Eu digo-lhe que isto é bonito mas é para os bichos. São matas e bolanhas (3) que metem medo, cobertas de capim alto, e onde se escondem esses turras (4) que nos querem acabar com a vida. E mais triste ainda quando se aproxima o dia e a hora em que era pressuposto estarmos todos em família, juntos à mesa na noite da Consoada. Vai ser a primeira noite de Natal que aqui passo. Com a canhota (5) numa mão e uma garrafa de Vat 69 (6) na outra.

São duas horas da noite e vou botar este aero na caixa do correio. Daqui a um pouco saio em missão mais os meus camaradas. Reze por nós todos. Espero voltar são e salvo para poder ler, com alegria, as próximas notícias suas. Queira receber, Exma. Menina e saudosa madrinha, os meus mais respeitosos cumprimentos. Desejo-lhe um Santo e Feliz Natal.

O soldado-atirador da Companhia de Caçadores (...)
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Notas de LG:

(1) Aerograma. Também conhecido por corta-capim (o correio era, muitas vezes distribuído em cima de uma viatura, e o aerograma lançado por cima das cabeças dos soldados, à maneira de um boomerang). Os aerogramas foram uma criação do Movimento Nacional Feminino, dirigida pela célebre Cecília Supico Pinto desde 1961, e o seu transporte era assegurado pela TAP ("uma oferta da TAP aos soldados de Portugal"). Os aerogramas também foram usados na guerra da propaganda do regime, ostentando carimbos de correio com dizeres como "Povo unido, paz e progresso", "Povo português, povo africano", "Os inimigos da Pátria renunciarão" ou "Muitas raças, uma Nação, Portugal" (vd. Graça, L. - Memória da guerra colonial: querida madrinha. O Jornal. 15 de Maio de 1981).

(2) Por mor de = por causa de (expressão usada no norte).

(3) Terras alagadiças da Guiné onde tradicionalmente se cultivava o arroz (... e se pescava). Durante a guerra colonial, foram praticamente abandonadas como terras de cultivo, devido à deslocação de muitas das populações ribeirinhas e à escalada das operações militares. A Guiné, que chegou a exportar arroz, passou a importá-lo.

(4) Corruptela de terroristas. Termo depreciativo que era usado para referir os combatentes do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde). Os soldados portugueses eram, por sua vez, conhecidos como tugas (diminuitivo de Portugal, português ou portuga).

(5) Espingarda automática G-3, de calibre 7.62, de origem alemã, que passou a equipar as forças armadas portuguesas no Ultramar. Em 1961 o exército português ainda estava equipado com a velha Mauser (!).

(6) Marca de uísque escocês, muito popular na época entre os militares (Havia uma generosa distribuição de bebidas alcoólicas nas frentes de guerra, com destaque para o uísque, "from Scotland for the exclusive use of the Portuguese Armed Forces"). Na época o salário de um soldado-atirador (cerca de 1500 a 1800 escudos, parte dos quais depositado na metrópole) dava para comprar mais de uma garrafa de uísque (novo) no serviço de aprivisionamento militar (cerca de 40 pesos ou escudos por unidade). No entanto, a bebida mais popular entre os soldados era cerveja. Uma garrafa de cerveja de 0,6 litros chamava-se bazuca.

# posted by Luís Graça @ 15:33
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2. Comentário de CV:

Assim começou, no já longínquo dia 23 de Abril de 2004, este Blogue a dedicar-se às memórias daqueles que por serem profissionais, ou por imposição, participaram na guerra colonial em território da Guiné.

Publicados que foram 825 postes, no dia 1 de Junho de 2006, Luís Graça dá por encerrada a I Série e inaugura a II que se mantém em actividade apesar de já ter em arquivo mais de 5800.

Com as sucessivas entradas de novos tertuianos, a disponibilidade de tempo do Editor e fundador do Blogue começou a não chegar para dar resposta ao trabalho de edição que exigia já muitas horas de dedicação por dia.

Em 2007, num almoço na Tabanca de Matosinhos, Luís Graça convida-me a assumir o papel de co-editor. Não fui capaz de dizer não, e desde então aqui me têm. Porque trabalho é coisa que não falta, passado pouco tempo pedimos ao camarada Virgínio Briote para colaborar também na edição e publicação dos imensos textos e fotografias que cada vez mais camaradas faziam chegar ao Blogue.

A última e proveitosa entrada para a equipa editorial foi a de Eduardo Magalhães Ribeiro. Em boa hora, porque o camarada Virgínio por motivos particulares praticamente deixou de colaborar. Estamos já a pensar em arranjar mais um camarada que possa dispôr de algum do seu tempo para nos dar uma ajuda.

Temos que dizer que há tertulianos que de uma forma quase anónima nos ajudam, de sobremaneira, pesquisando registos de acontecimentos, Histórias de Unidades, elaborando textos que encomendamos, localização de camaradas, etc.
Neste âmbito, justíssimo salientar o nosso investigador-mor José Martins que tem sido inexcedível para connosco. Outros camaradas espontaneamente nos ajudam e/ou ajudam quem nos procura na busca de antigos companheiros de luta dos quais perderam referência há muito tempo.
A todos quantos de alguma forma trabalham connosco, o nosso muito obrigado.

Falar do Blogue e não falar dos Encontros da Tertúlia é uma falta imperdoável.

Não me lembro já quem lançou a ideia do primeiro Encontro ocorrido ma Ameira em 2006, o Luís por certo, onde aconteceu aquilo que eu chamo de magia, pois não tenho uma palavra para descrever o que todos sentimos quando cada um tentava ligar o seu interlocutor à foto existente no Blogue, atirando: - Tu és o "..." , eh pá dá cá um abraço...

Gerou-se uma empatia colectiva, fizeram-se amizades indestrutíveis e viveram-se momentos irrepetíveis.

Ameira > 2006 > Alguns dos camaradas participantes no I Encontro Nacional da Tertúlia

As nossas companheiras de uma vida, por vezes difícil pelos maus momentos psicológicos que todos nós, mais ou menos, atravessámos.

Cada ano, novo Encontro, novo renascer de amizades pois há sempre gente que aparece pela primeira vez, se deixa contagiar e não mais falta, salvo motivos pessoais imponderáveis, como é normal.

O nosso Blogue tem na blogosfera um lugar importante. Sendo um Blogue que se dedica a um assunto específico que quase só interessa a quem tem sessenta anos ou mais, que seja ex-combatente da guerra colonial, e da Guiné especificamente, tem um número de visitas que o destaca entre os demais. Sabemos hoje que serve de base de consulta a estudantes e professores de História, e tema de tese nas Universidades.

É natural que tenhamos muita vaidade no nosso trabalho, quando digo nosso, refiro-me ao dos editores e camaradas que enviam as suas memórias e fotos para publicar.

Exemplo de alguma vaidade, no bom sentido, foi a iniciativa do nosso camarada Jorge Félix, que resolveu abrir as hostilidades e lançar aquilo que se pode considerar como a primeira iniciativa para começarmos desde já a comemorar o 6.º aniversário do nosso Blogue.

O Jorge Félix já nos habituou aos seus filmes com uma montagem exemplar, mas este excede todas as espectativas.

Parabéns, Jorge, pelo teu trabalho. Recebe o nosso abraço e um agradecimento por esta homenagem ao Luís Graça e à tertúlia.


3. Mensagem de Jorge Félix com data de 10 de Fevereiro de 2010:

Caro Carlos,

Já podes ver o video no endereço, http://www.youtube.com/watch?v=QpMTCApxl2s.

Se achares que vale a pena avisa o pessoal e que comecem os festejos. Estamos todos de parabéns.

Pessoalmente agradeço ao Luís pela ideia de pôr esta "malta" toda a recordar e a encontrar-se.

A ti, Carlos, pelo trabalho que diáriamente tens em editar os textos que vamos mais ou menos lendo. Ao resto do pessoal, todos, obrigado por virem aparecendo na Blogosfera, cada qual á sua maneira, mas sempre com o espirito dos tempos da Guiné.

Abraço
Jorge Félix



Vídeo 4' 18'': © Jorge Felix (2009). Direitos reservados>

__________

Nota do editor CV:

Peço desculpa aos meus camaradas editores por ter feito este poste sem lhes dar conhecimento. A ideia era fazer uma surpresa ao Luís e a toda a tertúlia, com a cumplicidade do Jorge Félix. A ele se deve esta iniciativa.

Últino poste da série > 7 de maio de  2016 > Guiné 63/74 - P16060: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (9): De quantas tabancas é feita a Tabanca Grande ?... Relembrando o feliz acaso do reencontro, 40 anos depois, do Zé Manel Matos Dinis com "o senhor Rosales", na Quinta do Paul, Ortigosa, em 20 de junho de 2009, por ocasião do nosso IV Encontro Nacional, e que esteve na origem da criação da Magnífica Tabanca da Linha...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6313: O 6º aniversário do nosso blogue (31): Tiraram-me a G3, mas fiquei com uma caneta (Joaquim Mexia Alves)

1. Sem outro comentário, aqui este deixado pelo nosso camarada Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, no Poste 6312

A minha homenagem à Tabanca Grande na pessoa do Luís Graça

 Tiraram-me a G3
mas fiquei com uma caneta…

Mas não foi só a mim que a tiraram,
foi também àqueles lá estiveram.

Àqueles que comigo estavam
e àqueles que haviam de estar…

Mas não tem mal,
porque continuamos a disparar,
as balas da recordação,
as granadas da memória,
os fornilhos da indignação…

Mas não tem mal,
porque continuamos a cruzar
as picadas da camaradagem,
os rios da amizade,
os encontros da camarigagem….

Mas não tem mal,
porque nos continuamos a encontrar,
à sombra do imbondeiro,
que nos traz sombra do passado
e nos reconstrói no encontro
o nosso corpo inteiro…

Mas não tem mal,
porque continuamos
sós como sempre fomos,
abandonados daqueles
que nos deviam honrar…

Mas não tem mal
porque aprendemos,
a contar apenas connosco,
no ter, no haver e no ser,
porque aqueles que nos governam,
apenas nos querem esquecer…

Mas não tem mal,
porque somos,
muito mais que uma centena,
muito mais do que um milhar,
ou mesmo de um milhão,
somos tão só e simplesmente
uma grande multidão,
que não esquece,
nem se envergonha,
e grita aos sete ventos,
que afinal somos gente
que tem vida e coração…

Que não se arrependa ninguém,
de contar o que viveu,
de escrever tudo o que viu,
de revelar a realidade…
Para que não haja outros agora,
que, sem nada conhecer,
venham contar uma história,
que nunca aconteceu,
que em tempo algum existiu,
dando-lhe foros de verdade….

Tiraram-me a G3
mas fiquei com uma caneta…


Monte Real, 4 de Maio de 2010
Um abraço camarigo para todos
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 – P6291: Memória dos lugares (71): No Xitole: Francisco Silva, Lima Rodrigues, António Barroso e... (Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 29 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6279: O 6º aniversário do nosso blogue (30): Parabéns Rapazote (José da Câmara)

Guiné 63/74 - P6312: O nosso blogue em números (4): 6300 postes, 1,7 milhões de páginas visitadas, 6 postes e 37 comentários por dia, 411 membros (500 no final do ano ?) (Luís Graça)


Figueira da Foz > Praia da Cova > 31 de Março de 2010 > "Já não me embalam as ondas / do mar, e as ondas do mar / eu guardei. / Pus na gaveta onde escondo / coisas que não ouso mostrar a ninguém" ... Letra de uma canção dos Deolinda, "Uma ilha", do último CD, "Dois selos e um carimbo" (2010)... Ah!, e obrigado ao camarada António Pimentel por me ter ensinado o caminho para o restaurante Carrossel, na Cova - Gala, Figueira da Foz...

Foto: © Luís Graça (2010). Direitos reservados.


1. Amigos e camaradas: acabámos de atingir a cifra dos 1,7 milhões de páginas visitadas, o que quer dizer mais 400 mil desde o início do ano e, portanto, um média de 75 mil por mês / 2500 por dia de Janeiro a Abril. (*).

É de referir que a evolução deste indicador tem sido favorável, com um crescimento sustentado ao longo do tempo: partimos das 22, 5 mil visitas... em finais de Maio de 2006 (fim da I Série, e abertura do actual blogue), para atingir as 400 mil em Outubro de 2007, as 800 mil em Outubro de 2008, o milhão em Fevereiro de 2009, o 1,4 milhões em Dezembro de 2009 e agora os 1,7 milhões.

Em 23 de Abril passado, perfizemos seis anos, o que já é uma bonita (e quase improvável) idade na blogosfera. A efeméride foi celebrada com discrição, como é nosso timbre. Mesmo assim, fomos tema de secção Sociedade da revista Visão, na sua edição dessa semana (22 de Abril de 2010).

No final da I Série, em Maio de 2006, o número de tertulianos (como então designávamos os membros da nossa Tabanca Grande, antes, Tertúlia) era cerca de 110 (**). Em final de 2009, éramos 390, hoje somos 411 (mais 21 em 4 meses) e o desafio, proposto por alguns de nós (Manuel Maia, mais concretamente), é chegar à difícil (mas não impossível) cifra dos 500 até ao fim do ano. É uma meta ambiciosa mas exequível, com maior militância... bloguística: basta passar de 5 para 10, por mês, o número de entradas na Tabanca Grande...

O ano transacto foi o mais produtivo em número de postes publicados: cerca de 1900, mais 600 do que em relação ao ano anterior (2008). Mas este ano, só nos primeiros quatro meses, já publicámos cerca de 720, o que dá em média 180 por mês / 6 por dia.

Quanto aos comentários, nem já os conto (em Abril ultrapassaram os 1100, ou seja, 37 por dia em média), constatando apenas o facto de se manter, e de maneira sustentada, o bom nível de participação dos nossos leitores (e a boa qualidade de muitas intervenções). Parabéns a eles, comentadores!

No próximo dia 26 de Junho vamos realizar o nosso V Encontro Nacional, em Monte Real, e a menos de dois meses já quase atingimos uma centena de inscrições... Mas queremos não só igualar como até ultrapassar o número de participantes do ano passado, em Ortigosa, que andou nos 120/130 (com os retardatários...). É um estímulo para a equipa que está a organizar o encontro: Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves, Miguel Pessoa, Jero e Belarmino Sardinha... Uma bela equipa!

Os meus votos de parabéns extensivos a todos: leitores, autores, comentadores, editores... Esperemos poder continuar por aqui, eu e todos vocês, mais os periquitos que hão-de chegar ao longo deste ano (até aos 500 ?!) , enquanto nos aprouver e nos sentirmos úteis, activos, confortáveis, produtivos, saudáveis, entre amigos e camaradas da Guiné... Até lá, precisamos de recrutar dois editores, um júnior e outro sénior (para substituir o Virgínio Briote, que vai entrar na idade de oiro...).

Voluntários, precisam-se para dar continuidade àquela que já é - dizem - a maior comunidade virtual de veteranos de guerra (ou melhor, de ex-combatentes de uma guerra, de um TO específico)... Seguramente, a da Guiné (1963/74). Provavelmente a maior, do género, na blogosfera, ou no mínino a maior da minha rua...

Um chicoração a todos/as.
Luís Graça

PSA - E, por favor favor, amigos e camaradas, parafraseando os Deolinda (uma revelação recente da nossa música popular portuguesa!), não se percam na problemática (da) colocação do mastro!

A problemática colocação de um mastro
para efeitos de enfeitar a avenida,
com balões dependurados,
papelinhos coloridos,
trouxe um insólito sarilho à autarquia.
É que esta edilidade
agiu em conformidade
com o gosto colosssal de dois ou três
e anunciou com muito orgulho,
muita pompa e barulho,
que o maior mastro do mundo é português (...)

Deolinda - Dois selos e um carimbo (2010) (Com a devida vénia...)
______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 4 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5589: O blogue em números (3): 390 tabanqueiros, 5590 postes, um milhão e 400 mil páginas visitadas, 50 mil por mês, 30 comentários por dia...

(**) O primeiro poste publicado foi em 23 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

Lista dos dez primeiros postes do nosso blogue (1ª série):

23 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

25 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (Luís Graça)

28 de Abril de 2004 > Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (Luís Graça

7 de Dezembro de 2004 > Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (Luís Graça)

20 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)

22 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro)

25 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970) (Luís Graça)

28 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - VIII: O sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole): Caracterização (1) (Luís Graça)

29 de Abril de 2005 > Guiné 69/71 - IX: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (1) (Luís Graça)


(***) Por mera curiosidade (histórica...), vd. lista, por ordem alfabética, dos membros do nosso blogue, no final da I Série, em 1 de Junho de 2006. Alguns deles andam por aí sem dar notícia(s) à malta... Espero, ao menos, que todos estejam ao menos de boa saúde... que nós, por cá, estamos todos bem, graças a Deus.

A. Marques Lopes
A. Mendes
Abel Maria Rodrigues
Afonso M.F. Sousa
Aires Ferreira
Albano Costa
Amaro Samúdio
Américo Marques
Ana Ferreira
Antero F. C. Santos
António Baia
António Duarte
António J. Serradas Pereira
António (ou Tony) Levezinho
António Rosinha
António Santos
António Santos Almeida
Armindo Batata
Artur Ramos
Belmiro Vaqueiro
Carlos Fortunato
Carlos Marques dos Santos
Carlos Schwarz (Pepito)
Carlos Vinhal
Carvalhido da Ponte
David Guimarães
Eduardo Magalhães Ribeiro
Ernesto Ribeiro
Fernando Chapouto
Fernando Franco
Fernando Gomes de Carvalho
Hernani Acácio Figueiredo
Hugo Costa
Hugo Moura Ferreira
Humberto Reis
Idálio Reis
J. C. Mussá Biai
J. L. Mendes Gomes
J. L. Vacas de Carvalho
João Carvalho
João S. Parreira
João Santiago
João Tunes
João Varanda
Joaquim Fernandes
Joaquim Guimarães
Joaquim Mexia Alves
Jorge Cabral
Jorge Rijo
Jorge Rosmaninho
Jorge Santos
Jorge Tavares
José Barreto Pires
José Bastos
José Casimiro Caravalho
José Luís de Sousa
José Manuel Samouco
José Martins
José (ou Zé) Neto
José (ou Zé) Teixeira
Júlio Benavente
Leopoldo Amado
Luis Carvalhido
Luís Graça
Luís Moreira (V. Castelo)
Luís Moreira (Lisboa)
Manuel Carvalhido
Manuel Castro
Manuel Correia Bastos
Manuel Cruz
Manuel Domingues
Manuel G. Ferreira
Manuel Lema Santos
Manuel Mata
Manuel Melo
Manuel Oliveira Pereira
Manuel Rebocho
Manuela Gonçalves (Nela)
Mário Armas de Sousa
Mário Beja Santos
Mário Cruz
Mário de Oliveira (Padre)
Mário Dias (ou Mário Roseira Dias)
Mário Migueis
Martins Julião
Maurício Nunes Vieira
Nuno Rubim
Orlando Figueiredo
Paula Salgado
Paulo Lage Raposo
Paulo & Conceição Salgado
Paulo Santiago
Pedro Lauret
Raul Albino
Renato Monteiro
Rogério Freire
Rui Esteves
Rui Felício
Sadibo Dabo
Sérgio Pereira
Sousa de Castro
Tino (ou Constantino) Neves
Tomás Oliveira
Torcato Mendonça
Victor David
Victor Tavares
Virgínio Briote
Vitor Junqueira
Xico Allen
Zélia Neno.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6279: O 6º aniversário do nosso blogue (30): Parabéns Rapazote (José da Câmara)

1. Mensagem de José da Câmara* (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73), com data de 24 de Abril de 2010:

Caro Carlos,
Afazeres profissionais e familiares têm-me mantido bastante ocupado nos últimos dias. Daí chegar tarde com o meu contribuito para o aniversário do Blogue. Mesmo tarde faço-o com gosto e do fundo do coração.[...]

Sem mais, desejo-te muita saúde e aos teus entes queridos, aqui vai um abraço tão amigo como o tempo que se faz szentir por estes lados.
José Câmara


Parabéns Rapazote
Quando em Janeiro de 1973 deixei a Guiné pensei que fechara uma porta que nunca mais abriria.
Sabia, é certo, que as recordações estariam sempre presentes quando encontrasse um protagonista da mesma luta, camarada das boas e más horas da luta indómita nas matas selvagens daquela terra mártir.

Um dia, ainda não muito distante, encontrei este blogue.

Reparei que ele não era mais que a porta aberta que eu julgara ter fechado há tantos anos. Atravessei-a e apresentei-me. Ninguém me ofereceu uma cadeira e tão pouco me pediram para tirar o chapéu. Lembro-me que disseram para eu ficar à vontade. Foi-me dito, e eu acreditei, que estava entre amigos e camaradas que compreenderiam a minha linguagem.

Tamanha credibilidade só podia tirar-me um sorriso. Por muitos anos de ausência em terras de estranja, estava para ver como iriam compreender o “mai poruguige” que, como diz a minha esposa, foi-se e o meu “inglishe” que nunca chegou. Apesar das minhas deficiências, tenho feito os possíveis para não dar “tomates trábulas” com as minhas histórias.

A forma como me receberam foi importante, mas não conta a história toda.

Aqui, no meio de todos vós, aprendi a chorar e a rir com as vossas histórias. Também aprendi que a Guiné que eu vivi e aprendi a amar não era só minha. Era um bocadinho de todos. E isso, sim, foi e é importante. É bom saber que não estou só.

Nos úlimos dias muitos têm sido os artigos dedicados a este aniversário do blogue. Perguntas pertinentes do Alberto Branquinho, passando pelas antologias reflectivas do Hélder Valério de Sousa e do António Garcia Matos, não faltando um ranchinho melhorado balanta-Torcato, cozinhado à Chef Mexia Alves e que o Luís Faria, em substituição do oficial de dia, se encarregou de meter o garfo lá para os lados do Chão Manjaco, com a ajuda sempre grandiosa do sargento-mor Juvenal e outros mais, tudo bem regadinho com versos e prosas de senhoras que também por aqui andavam e eu desconhecia, mas que passei a conhecer, trouxeram ao vivo um reanimar das forças à volta deste projecto.

Para os nossos editores isso é um alento e um incentivo ao seu trabalho. E, disso, são merecedores... Não os invejo.

Não é fácil gerir um blogue desta natureza. Nós somos, quase sempre, os culpados das dificuldades criadas. Esquecemo-nos muitas vezes que o objectivo principal do blogue é um contar as nossas experiências no TO da Guiné. Todos os outros contornos, sejam comentários ou opiniões, têm que ser abordados com honestidade moral e cultural, e a correcção própria de uma sã vivência democrática. Nunca deveríamos esquecer que o que mais nos une é a amizade derivativa de sermos ex-combatentes naquela província, com toda a responsabilidade que isso acarreta.

Neste blogue estão honrosamente representados todos os ramos das Forças Armadas. Uns mais que outros! Todavia, seria bom reconhecer que são poucos os representantes do QP e das patentes superiores. E esses também têm uma história para contar. Sem o seu testemunho, muito da nossa história colectiva ficará perdida para sempre. A nós compete-nos fazer com que esses indivíduos se possam sentir à vontade e bem-vindos. A quantificação e a qualificação serão tão mais importantes, quanto maior for o nosso sucesso em trazê-los ao nosso seio.

Nesse aspecto, a grandeza do blogue passa, necessariamente, pelo contributo que cada um possa dar. “Tudo é possível, se a alma não for pequena” como disse o grande poeta Pessoa.

Sim, tudo é possível neste blogue, um rapazote de seis anos, que mantém a porta aberta às recordações, às histórias, às estórias e às amizades.

Por tudo isso obrigado camaradas.

Parabéns rapazote!

José Câmara


2. Comentário de CV:

Prepositadamente espacei, no tempo, a publicação deste texto do camarada José da Câmara, relativo ao nosso aniversário, cujos festejos não terminaram obrigatoriamente no dia 23.

Assim, os camaradas que tenham algum texto alusivo ao acontecimento e o queiram enviar, estão sempre a tempo de o fazer.

CV
__________

Notas de CV:

(*) vd. poste de 24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6237: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (18): Estados de alma, aerograma de 20 de Abril de 1971

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6243: O 6º aniversário do nosso blogue (29): Aqui vamos adquirindo conhecimentos sobre outras culturas e tradições (Filomena Sampaio)

sábado, 24 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6243: O 6º aniversário do nosso blogue (29): Aqui vamos adquirindo conhecimentos sobre outras culturas e tradições (Filomena Sampaio)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Filomena Sampaio com data de 22 de Abril de 2010 com a sua contribuição para a comemoração do 6.º aniversário do nosso Blogue:

Amigo Carlos,
Motivos não me faltam para deixar uma mensagem de parabéns pelo 6º aniversário do Blogue.

Como leitora do Blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, que leio quase diariamente, quero dar os parabéns ao comandante Luís Graça e aos seus co-editores, pelo sucesso deste distinto espaço de leitura e informação. Para além de ficarmos com uma ideia do que foi a vida dos Nossos Militares em Guerra no Ultramar, também vamos adquirindo conhecimento sobre outras culturas e tradições, algumas que nos levam a reflectir e a querer saber mais.

Frequento o Clube de “Cidadania é Cultura” e decidi levar para discussão do grupo o tema “Mutilação Genital Feminina”. Foi através deste Blogue que tomei conhecimento desta tradição, e com base no que li e pesquisei escrevi um texto e fiz uma apresentação em Power Point.
Foi interessante, levantou muitas questões.
Obrigada a todos.

O livro que li – “Pami Na Dondo, A Guerrilheira” que me foi oferecido pelo autor Mário Fitas, (ex-Furriel Miliciano Operações Especiais, Guiné 1965/1966), um homem de palavra sentida, com uma vivência fortemente marcada pela guerra geradora de brutalidade e simultaneamente de forte amizade entre camaradas.

Esta obra varia entre a ficção e a realidade, somos transportados desde a vivência dos militantes do P.A.I.G.C. (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde) até à acção e forma de viver dos soldados que compõem a companhia, uma Unidade do Exército Português, onde o autor esteve integrado, numa comissão de serviço militar na Guiné.
Nesta obra, o autor retrata a vida duma jovem guerreira que luta pela Independência do seu país, a Guiné.

É uma história interessante, pois relata a vida de Pami em várias fases, fazendo referência entre muitos outros aspectos, ao facto de Pami não ter sido sujeita à mutilação genital feminina, o que na comunidade guineense muçulmana à qual pertencia, era prática tradicional.
Conta a maneira como Pami se transformou numa guerrilheira do P.A.I.G.C. que para ela seguia a prossecução dos objectivos que ela também visava.

Alistada nas hostes da guerrilha, sofre um acidente que lhe incapacita um dos braços e acaba professora do P.A.I.G.C., devido à sua formação escolar, (quarta classe de alfabetização) e pelo facto de falar correctamente o português.
Muito do que sabe, aprendeu sozinha lendo e interpretando um dicionário que um padre lhe ofereceu.

É na escola que ela mentaliza e doutrina os futuros guerrilheiros.
Numa emboscada das N.T. (Nossas Tropas), à tabanca (povoação) Pami e outros guerrilheiros são feitos prisioneiros, são interrogados pelas N.T., uns são mortos outros são libertados, mas Pami, continua prisioneira das N.T. pois não conta a verdade sobre a sua condição, afirma que só responde em balanta, (dialecto da tribo com o mesmo nome, uma etnia muçulmana existentes na Guiné), fazendo-se ignorante a qualquer outra língua.

Pami fica retida no Interior do Aquartelamento, é vigiada e interrogada várias vezes, mas não confessa a sua condição de guerrilheira.
Quando é descoberta, pensa que o comandante das N.T., a vai matar da mesma forma que matou os seus companheiros de luta, mas contrariamente ao que aconteceu com os seus companheiros, foi libertada e deixada livre para seguir o seu caminho.

Não sendo a mutilação genital feminina o tema de maior relevo na história contada neste livro, despertou-me uma certa curiosidade e talvez pelo facto de ser mulher me tenha levado a pesquisar sobre o assunto.

O que li não é de forma alguma agradável, muito pelo contrário.

A mutilação genital feminina praticada em certas partes da África, na Península Arábica e em zonas da Ásia, tem uma origem de ordem cultural.

É rejeitada pela civilização ocidental, considerada um dos grandes horrores do continente africano que pensa que a forma de mudar esta mentalidade é educar as mulheres mais velhas que perpetuam este costume, bem como os homens mostrando os danos físicos e psicológicos causados nas meninas que têm de se sujeitar a esta prática.

Não fundamentada religiosamente, acredita-se que esta prática seja muçulmana e que a mutilação genital feminina está certa. Os pais, mais propriamente a mãe e a avó têm voto na matéria, eles acreditam que se a jovem não for "cortada" nunca irá arranjar um marido, isso é a pior coisa que pode acontecer a uma jovem. Se a jovem se sujeitar à MGF (Mutilação Genital Feminina) é uma condição prévia do casamento. Se uma mulher não for mutilada pensa-se que ela não é pura sendo vista como prostituta e excluída da sua própria sociedade.

Algumas razões apontadas para a realização da MGF são assegurar a castidade da mulher, a preservação da virgindade até ao casamento e a fertilidade da mulher. Por razões de higiene, estéticas ou de saúde, também se pensa que uma mulher não circuncidada não será capaz de dar à luz, ou que o contacto com o clítoris é fatal ao bebe.

A mutilação genital feminina elimina o prazer sexual. A sua prática está cercada de silêncios e é vivida em segredo, acarreta sérios riscos de saúde para a mulher, é muito dolorosa, por vezes de forma permanente, causa danos físicos e psicológicos irreversíveis sendo responsável pela morte de muitas meninas.

A remoção do órgão genital pode ser feito com instrumentos de corte impróprios (faca, caco de vidro ou navalha) não esterilizados e raramente com anestesia.

Um dos motivos para a continuidade deste ritual é a fonte de rendimento para os que a realizam. Mesmo para os médicos que a realizam em algumas clínicas, na tentativa de evitar que as meninas sofram os riscos e traumas resultantes de ablações anti-higiénicas e sem anestesia.

Normalmente é o pai que paga a “cirurgia”, para poder casar as filhas com homens que não aceitam mulheres não circuncidadas.

Têm-se promulgado leis para ilegalizar e criminalizar este costume. Embora muitos códigos penais não mencionem directamente os termos Circuncisão Feminina ou Mutilação Genital Feminina, é perfeitamente enquadrado como uma forma de "abuso grave de criança e de lesão corporal qualificada".

Vários organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), tem envidado esforços para desencorajar a prática da mutilação genital feminina. A ''Convenção sobre os Direitos da Criança'', assinada em Setembro de 1990, considera-a um acto de tortura e abuso sexual.

Em 2003 o Comité Inter-Africano de Práticas Tradicionais que Afectam Mulheres e Crianças, uma rede não-governamental, já levou à adopção de legislação contra as excisões em alguns países, iniciativa patrocinada pela ONU.


Reflexão:

Reconheço que em algumas situações devem ser mantidos os usos, costumes e tradições. Não se deve pôr em causa os valores nem as tradições dos povos. São símbolos de identidade, dentro ou fora do país. No entanto, considero que manter a tradição duma prática que causa um enorme sofrimento, é um atentado à saúde das mulheres e jovens, que as leva frequentemente à morte. É um desrespeito inaceitável pelos direitos humano.

Todos os países deviam adoptar uma legislação contra a mutilação genital.

Bibliografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mutilação
http://www.acidi.gov.pt
Blogue de: Luís Graça & Camaradas da Guiné (marcadores: Mutilação Genital)

Filomena







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Nota de CV:

Vd. poste de 24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6242: O 6º aniversário do nosso blogue (28): O meu bem haja com o vozeirão maior que se possa conceber (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P6242: O 6º aniversário do nosso blogue (28): O meu bem haja com o vozeirão maior que se possa conceber (Manuel Maia)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), enviada hoje mesmo ao nosso Blogue:

Camaradas
Sendo impossível deixar de cair em lugares comuns quando se pretende expressar o nosso regozijo e especialmente agradecimento, ao comandante e seus "cabos d`ordens", limitar-me-ei a dar o meu bem haja com o vozeirão maior que se possa conceber .

Hoje é também dia de aniversário de um irmão meu e por isso mesmo tenho estado noutras guerras...

Se a capacidade criativa do Luís é por demais conhecida e merecedora dos maiores encómios, a quem saúdo daqui com um abraço forte de parabéns pela ideia e pela máquina tão bem oleada que gerou, os mosqueteiros de que se fez acompanhar, têm, eles também, uma enorme responsabilidade, nesta coisa fantástica de falarmos, tu cá tu lá, evidenciando um espírito de abertura extremamente saudável e sobretudo prenhe de amizade, pese embora o surgimento aqui ou ali de pequenos atritos motivados pela poeira que uma vez por outra se cola à engrenagem...

Esta vivência que já vai no sexto ano de existência, ( "malheureusement" só a descobri o ano passado...) será provavelmente, um "caso sério" a este nível, quer pela quantidade de "atabancados" quer ainda pelos posts e comentários em número verdadeiramente estrondoso...

Estou certo que cimentado que está, já só tem um caminho a seguir... crescer, crescer exponencialmente por forma a transformar as quatro centenas de "escribas" que somos em meio milhar já neste 2010, e ir por aí fora...

Amigo, avisa amigo, amigo traz outro amigo...

Parabéns, uma vez mais, ao Luís, e "sus muchachos", mas também a todos os que com as suas histórias vão enriquecendo e solidificando esta amizade que tem como base de sustentação, a vivência naquela terra que amamos mau grado os sacrificios lá passados...

Abraço a todos os tabanqueiros
Manuel Maia
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5798: Agenda cultural (57): Apresentação da História de Portugal Em Sextilhas, dia 26 de Fevereiro em Moreira da Maia (Manuel Maia)

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6240: O 6º aniversário do nosso blogue (27): Parabéns

Guiné 63/74 - P6240: O 6º aniversário do nosso blogue (27): Parabéns

Neste poste vamos publicar algumas curtas mensagens enviadas por Camaradas nossos, a propósito do 6º Aniversário do blogue:

1. Mensagem do Carlos Coutinho:

Então 6 anos - Bué de mata-bicho!

6 anos é mesmo bué de mata-bicho.
De alguém das sanzalas p’rá malta das tabancas um grande MOIO, MUATAS.
Que o ZAMBI vos continue a dar saúde e inspiração para continuar até ao Zaire.
A votre santé.
CC

2. Mensagem do Mário Fitas:

Guião da CCAÇ 763

Que o 6º aniversário seja apenas uma etapa de uma longa caminhada desejada como o tamanho do Cumbijã!
Guião CCAÇ 763
"OS LASSAS" de CUFAR

3. Mensagem do Pedro Neves:

6º Aniversário da Tabanca Grande

Caros Editores da Tabanca Grande, Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e Magalhães Ribeiro;

Bom dia, Caros Camaradas e Amigos (Camarigos).

Passa um dia do aniversário do Blogue, mas mesmo assim (e vale mais tarde que nunca), gostaria de vos agradecer, as horas que me proporcionam, com a leitura dos postes e comentários aos mesmos, só possível graças à iniciativa do Luís Graça e "sus muchachos", (com a devida vénia) e sem esquecer o "mecenas" Humberto Reis, que deram origem a este fenómeno de adesão, desde o Soldado ao General (ao tempo, porque no Blogue não existem patentes) e que dá pelo nome de "blogueforanadaevaotres".

Em meu nome e estou convencido que dos restantes Tertulianos, os meus Parabéns pelo Aniversário do Blogue e que para o ano possamos todos, estar a festejar o 7º aniversário.

Com um GRANDE a todos e até ao dia 26-06-10, em Monte Real, sou:

Pedro Neves
Ex-Furriel Mil. Op. Especiais
C.Caç. 4745 - Águias de Binta
Guiné 73/74

4. Mensagem do Amílcar Ventura:
PARABÉNS,
Quero dar os parabéns ao blogue e em especial ao Luís Graça, por ter criado este ponto de encontro.
Claro que também apresento os meus parabéns aos Editores que nos aturam com os nossos e-mails.
Quero dizer que tenho pena de não ter descoberto este espaço de amizade mais cedo, pois permitiu que a minha vida desse uma volta de cento e oitenta graus.
Desde que entrei em contacto com o blogue:
- Fui obrigado a aprender a mexer num computador (foi fácil porque tenho um especialista em casa);
- E me apresentei à tabanca tenho feito grandes amigos e, engraçado, não conheço nenhum pessoalmente, a não ser alguns pelas fotos e por vários e-mails que tenho trocado todos os dias com eles.
Vejo nas suas palavras que são de grande sinceridade e pura amizade.
Quero aqui, pessoalmente, agradecer a todos eles.
Alguns houve em que a minha primeira avaliação foi negativa, talvez pela minha ajuda, em tempos, ao PAIGC e a diversos comentários proferidos por outros.
Logo percebi que as opiniões dos outros, mesmo não nos agradando, têm que ser respeitadas, para que as minhas o possam ser também.
Tudo passou e hoje nutro uma grande amizade por todos eles, pois trocamos e-mails quase todos os dias, alguns com pps que até servem para me levantar o moral quando estou em baixo.
E é tudo!
Mais uma vez quero agradecer ao Luís Graça pela criação deste blogue, e aos seus co-Editores.
Parabéns para todos vocês.
Um abraço do tamanho da Guiné para toda a Tabanca Grande!

5. Mensagem do Carlos Marques Santos:

6º Aniversário
Vinhal:
Não queria deixar de parte esta data de 23 de Abril, por isso através de ti, insuspeito amigo, um ABRAÇO para toda a TERTÚLIA.
Tenho andado às voltas com o convívio da minha CART.
Já falta menos de um mês!!!!!!!!!
Até breve,
CMSantos
Fá Mandinga/ Mansambo 68-69
CART 2339
6. Mensagem do Rogério Cardoso
6º ANIVERSÁRIO DA TABANCA GRANDE
Amigos,
Só há 5 meses conheci o blogue e que pena eu andar de cabeça no ar estes anos passados.
Não tenho desculpa, por ser dos mais velhos camaradas de armas, mas nunca é tarde para receber ou transmitir a amizade que nos une, mesmo sem haver conhecimento directo em alguns casos.
Estou feliz, neste curto espaço de tempo voltei à Guiné.
Obrigado Luis Graça, Carlos Vinhal e restante companhia, desejo muitos e muitos anos de vida para todos.
Rogério Cardoso
Fur Mil
CART 643 / BART 645 "Aguias Negras"
Mansoa, Bissorã, Mansabá
1964/1965
7. Mensagem José Nunes:

Comandante Graça,
A Engenharia apresenta os parabéns pelo Aniversário da Tabanca, e já sabem sempre disponíveis prás engenhocas e dar-vos luz onde e sempre que seja necessário.
Foi bom ter encontrado por acaso este espaço de fraterna e sã camaradagem,
Todos os dias por aqui dou as minhas voltas, lendo e relendo os textos dos camaradas operacionais que verteram sangue, suor e lágrimas pelas bolanhas e picadas da Guiné. Apesar de estar grande parte da Comissão em Bissau, no tempo em que fiz assistências ao mato, aprendi a respeitar e a ter admiração por aquela "malta". Eu tive mais sorte.
Grato para sempre.
Aos Camaradas Editores vai também o meu agradecimento.
José Nunes
1º Cabo Mec Elect Centrais do BENG 447
Brá-68/70

8. Mensagem do Torcato Mendonça:

Caros Editores e Camaradas,

Dizem-me ser o sexto aniversário do Blogue, Luís Graça e Camaradas da Guiné, e eu folgo com isso. Mas questiono-me o que é o blogue? Quem faz anos?
O blogue de sexto aniversário é o do Luís.
Então faz ele anos e mando-lhe um abraço e uns eteceteras; se o blogue é este espaço, espaço com quatro centenas de pessoas, milhares de escritos onde, porque fica gravado, vêm ler e saber de assuntos ou novas centenas de milhar de visitantes.
Ainda por este espaço ser global e as gentes, quer as que a ele pertencem quer as que o visitam, espalham-se mundo fora. Espaço de afectos, espaço de discussão plural, espaço de controvérsia ou só espaço de terapia colectiva de uns quantos.
Ou todos?
Penso que é isso tudo. Mais, penso ser um espaço a contribuir para o tratamento futuro da nossa memória colectiva. Da memória de outros Povos que connosco conviveram por séculos.
Os de bilege? Também porque só prova a necessidade de nos conhecermos melhor como Povo.
Trabalho para historiadores, não para cronistas do reino...

Mas então para quem são os parabéns? Eu escrevi uma ou outra vez, comentei aqui e acolá... e vou dar parabéns a mim? Eu, além disso só para aqui vim em Maio de 2006 e fiquei.

Penso que os parabéns são para o fundador, para os editores, para todos os que pertencem e se identificam e acreditam na validade deste projecto.

Mas, se me o permitem envio os meus PARABÉNS e os meus agradecimentos aos Editores pelo excelente trabalho. São muitas horas roubadas sabe-se lá a quê e a quem...

Meus Camaradas Amigos para vocês o meu bem haja e, através de vós felicito toda esta Tertúlia de homens e mulheres de cá, do nosso País, ou da Guiné e os da Diáspora mundo fora como é sina nossa... partilhando o Mundo... não dando novos... já lá estava...
Abraços
TM
9. Mensagem do José Martins:
Camaradas,
Não foi há 6 anos, porque ainda não conhecia o blogue.
Mas há cerca de 5 anos, descobri-o por acaso, e tratando do tema que me é mais caro da Guiné: o desastre do Cheche.
Nessa altura trabalhava já na história dos GATOS PRETOS, tentando fazer a catarse. Inflecti um pouco o rumo e aderi à tertúlia, hoje Tabanca Grande. Não me dei mal.
Criaram-se novos laços (é preciso criar laços - Saint Exupéry) e foi possível manter dois caminhos, concorrentes mas não incompatíveis: manter a busca sobre a companhia e aumentar os conhecimentos sobre a Guiné e, sobretudo partilhá-los.
Afinal, parece, que a prenda do aniversário foi para mim: já aconteceu o encontro dos Gatos Pretos e, como já referi noutro local, todos "miavam de saudades".
Foi uma festa bonita! A nossa, a da Tabanca, também vai ser bonita. Onde há amizade, há beleza.
Bem hajam aqueles que começaram e os outros que se lhe juntaram.
José Martins
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
23 de Abril de 2010 >
Guiné 63/74 - P6231: O 6º aniversário do nosso blogue (26): Parabéns Luís Graça por este Espaço de Memória Futura (Luís Faria)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6231: O 6º aniversário do nosso blogue (26): Parabéns Luís Graça por este Espaço de Memória Futura (Luís Faria)

1. Texto de Luís Faria* (ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72) chagado até nós, alusivo ao nosso aniversário:

6.º Aniversário do Blogue
23-ABR-2010


Talvez saudoso(?) de uma mocidade que tantos e tantos Camaradas de Armas “formatou” como homens para toda uma vida de Esperança, mas desiludido e apreensivo por continuar a constatar que ao longo de todos estes anos, para muitos se foi dissipando essa Esperança.

A meu ver ficaram e continuam perdidos e abandonados à insensibilidade de uma Sociedade em que fomos esquecidos, maltratados, vilipendiados pela Política, pelos Governos e pela maioria dos nossos Políticos!

Continuamos e continuaremos a sê-lo, enquanto a vida se nos vai esgotando, a menos que consigamos uma chamada de consciência colectiva!

A própria Instituição Militar pouco fez/faz por nós (Milicianos, em especial), por aqueles que a serviram abnegadamente, com tamanha escassez de meios e condições tantas vezes infra-humanas, em Teatros tão exigentes e fatídicos como os do ex-Ultramar Português, esquecendo-os, abandonando-os, não procurando assegurar ou que assegurem, a tantos e tantos, um mínimo de dignidade Humana mais que merecida e devida, deixando-os à deriva com todas as mazelas físicas e psíquicas, que os têm levado à degradação espiritual e física - com consequências tantas vezes funestas - “medalhas” ganhas no cumprimento do dever, em defesa do que à altura, não esqueçamos, também era a nossa Pátria Una e Indivisível, PORTUGAL.

Tudo isto… com a complacência doentia e egoísta da maioria dos Cidadãos (onde os ex - Combatentes se incluem) que, salvo honrosas excepções, individualmente ou em Associação, cumprem com o seu dever de Cidadãos, tentando minorar ao menos um pouco todo esse sofrimento que continua e continuará a grassar pelo nosso País, cada vez mais alienado de uma realidade Histórica passada, que parecem continuar a CONSIDERAR VERGONHOSA, devendo como tal ser esquecida… apagada até, votando ao esquecimento os seus intervenientes “anónimos”, quer os já infelizmente falecidos quer os ainda vivos, esperando talvez que estes últimos acabem por desaparecer e que a cal branca “coma” definitivamente a ”NÓDOA INCÓMODA“!?

Pela parte que me toca, TENHO ORGULHO, MUITO ORGULHO em pertencer a esse Grande Grupo de Portuguesas e Portugueses que ajudaram a escrever uma Página da nossa História, como outros o fizeram outrora.

Incluo Mães, Pais, Esposas, Filhos - que sofreram e choraram (ainda hoje o fazem!), que viveram de outro modo mas à mesma intensamente, esse pedaço da nossa História.

A meu ver, por norma somos na grande maioria demasiado individualistas, acomodatícios, egoístas até, olhando para o lado e assobiando se pressentimos que algo que devamos assumir nos vai tirar do nosso “não é nada comigo… que se cosa!!”

E nós, Ex-Combatentes ainda vivos da guerra do Ultramar, temos o País que não merecemos mas que “aceitamos”, já que também pouco ou nada fizemos ou fazemos para alterar esta e outras realidades.

É neste contexto e talvez a esta luz, que há meia dúzia de anos atrás surge a “CHAMA” de uma vela acesa pelo Luís Graça que, com a complementaridade do Vinhal, Briote e M. Ribeiro, foi evoluindo até se transformar no que é já hoje, um FAROL sinalizador de um espaço de excepção, de Ex-Combatentes que na sua diversidade humana e sociocultural o alimentam com os seus escritos.

Espaço de convivência na pluralidade de opiniões, de transversalidade de vivências havidas, de reabilitação de afectos e emoções, de expurgo de “fantasmas e demónios“.

Espaço de afectos, de amizades, de encontros e reencontros.
Espaço de conhecimento, de saber, de ideias e por vezes de controvérsia.
Espaço (quer-se), de verdade, de autenticidade, de humildade, de tolerância.
Espaço de vida, de “terapia”, de esperança ainda.
Espaço de consulta.

Espaço de “Memória Futura”

Espaço que começa a “prender” a atenção desta nossa Sociedade “amorfa e instalada”, abanando-a podendo vir a ser o início da tal chamada de consciência colectiva, quem sabe ?!

Espaço NOSSO, dos Ex-COMBATENTES!

Parabéns “Luís Graça & Camaradas da Guiné”

Parabéns Mulheres e Homens que mantêm este espaço vivo.

Luís Faria
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6156: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria) (28): Teixeira Pinto - O Bolo

Vd. último poste de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6230: O 6º aniversário do nosso blogue (25): Sonho inverosímil (Mário G. R. Pinto)

Guiné 63/74 - P6230: O 6º aniversário do nosso blogue (25): Sonho inverosímil (Mário G. R. Pinto)


1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), também escreveu sobre os 6 aninhos do blogue:

SONHO INVEROSÍMIL

Esta noite sonhei com a minha juventude, já longínqua, especialmente nos dois longos anos esforçados nas matas da Guiné.
No sonho revivi todo aquele tempo e nas terríveis e aguerridas sequelas, manchadas pelo sangue desperdiçado em ambos os lados numa contenda, e no seu fim, para mim previsível.
Vi-me transportado num sonho par junto das gentes daquela terra, que me habituei a conhecer e a conviver por força das circunstâncias.
Vi os sorrisos das crianças, deambulando á nossa volta, saltitando sorridentes, alegres e solicitando-me algo para o conforto das suas meninices.
Vi as bajudas do meu tempo, em Mampatá, de peitinhos firmes, provocando pura e ingenuamente os mais profundos e íntimos desejos lascivos dos nossos jovens militares.
Sonhei com os homens e mulheres grandes da tabanca, que já cá não estão para nos contarem histórias e “partirem” conversa como era um dos seus costumes e daqueles que eu mais apreciava.
Revivi na minha memória toda aquela tabanca, mata, trilhos, carreiros, estradas, bolanhas, rios, povoações e, enfim, tudo que por lá calcorreei.
De repente o sonho mudou de cenário e surgiram-me imagens de uma terra florescente, onde os putos que outrora conheci viviam hoje, já homens feitos, uma vida diferente, plena de prosperidade, saudável e com elevados graus de instrução.
Uma comunidade aberta ao pluralismo, onde os grupos étnicos se entendiam em franca, profícua e amena convivência.
Sonhei com uma Guiné-Bissau, explorando bem e cuidadamente os seus fracos recursos territoriais. Com os seus naturais trabalhando activamente as terras e bolanhas, semeando os produtos necessários à sua sobrevivência.
Vi os Guineenses pescando naquele mar rico, arrancando das suas águas o proveito do seu labor.
Vi as paradisíacas praias dos Bijagós tornarem-se em centros turísticos convidativos, atractivos e maravilhosos.
Estava extasiado neste meu sonho, com um sorriso enorme de felicidade, flutuando neste irreal e inverosímil sonho.
Acordei e olhei para um, e outro lado, e logo constatei que não me encontrava na Guiné. Nem a realidade, infelizmente, era aquela que eu tinha acabado sonhado. Antes pelo contrário está muito longe de se aproximar sequer do meu lindo sonho.
Um povo que, acabada a luta contra os portugueses, acreditou num seu futuro bem melhor e com um destino final mais feliz e realizador que o seu grave estado actual.


Ainda a matutar no sonho abri o meu computador, como o faço habitualmente, e, foi neste espaço cibernético, que em boa hora encontrei o blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, que nos tem permitido descarregar as nossas memórias e conviver com Camaradas, que nos vão contando as suas histórias e experiências, sempre com o sonho que é possível, que é o de um dia verem uma "GUINÉ MELHOR".

Parabéns aos Editores, Camaradas e Amigo desta grande obra do Luís Graça e que este 6º Aniversário se converta num hino de Fraternidade e Amizade, proliferando pelas várias tabancas de Norte a Sul do nosso país.

Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art da CART 2519

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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6229: O 6º aniversário do nosso blogue (24): No aniversário do Blogue, homenagem à Guiné (Conceição Salgado)

Guiné 63/74 - P6229: O 6º aniversário do nosso blogue (24): No aniversário do Blogue, homenagem à Guiné (Conceição Salgado)

1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), de hoje:

Luís, Carlos,
Parece que toda a família Salgado despertou – é este bichinho da Guiné, que ficou, que marcou…

A Conceição quis dar o seu contributo a partir de Luanda…

Mantenhas pa tudus.
Paulo Salgado


A nossa tertuliana Conceição Salgado em Uaque


No Aniversário do Blog

Homenagem à Guiné



Guiné,
Como adolescente trouxeste-me:
Sofrimento
Temor
Ansiedade
Também me ensinaste
Reflexão sobre o sentido:
Da vida
Da guerra
Da paz
Da amizade

Aprendizagem e ressentimento
Nunca te queria conhecer!

Anos 90
Já adulta
Finalmente conheci-te
Fiquei cativa
Pelo teu bafo quente
Teu cheiro a bolanha
Tuas ilhas
Teu mar
Tuas florestas
Teus rios
Tuas picadas

Tuas cidades esventradas
Teu povo sofrido
Fizeram-me compreender
Melhor o Mundo

Ao conhecer-te
Descobri-me
Outra pessoa

Por tudo que me deste
Estarás sempre em mim
Obrigada.


Conceição Salgado
23 de Abril de 2010
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Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6228: O 6º aniversário do nosso blogue (23): Obrigada a todos, em meu nome e da Cidália, por nos terem permitido entrar nas vossas vidas (Cátia Félix)

Guiné 63/74 - P6227: O 6º aniversário do nosso blogue (21): Pequena homenagem ao nosso Blogue (Jaime Machado)

1. Mensagem do nosso camarada, Jaime Machado*, ex-Alf Mil Cav, Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70, de hoje:

Caro Luis, Caro Carlos
Chegado, como sabem, há muito poucos dias da "nossa" Guiné não tive ainda tempo de escrever nada para homenagear o Blogue que me "obrigou" a voltar à Guiné.

Fi-lo, naturalmente com todo o gosto e emoção!

À guiza de pequena homenagem envio para vós com pedido excepcional de publicação urgente duas fotos que anexo.

Ambas da mesma mulher: uma tirada em Bambadinca em 1968 outra tirada em Bissau em 19 de Abril de 2010.

Repito nas duas fotos está a mesma mulher: com 18 e com 58 anos!

Bem hajam por terem criado este Blogue.

O meu mais sincero agradecimento.
Jaime



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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6032: Os nossos seres, saberes e lazeres (18): Conversa com o meu neto (Jaime Machado)

Vd. último poste da série de23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6226: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns de um emigrado (José Belo)

Guiné 63/74 - P6226: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns de um emigrado (José Belo)

1. Mensagem do José Belo (também conhecido, na Lapónia e agora na Flórida, como Joseph Beo)



Data: 23 de Abril de 2010 15:33

Assunto: Parabéns de um emigrado (*)


Caros Amigos, Camaradas, Editores:

Para milhares de portugueses pelo mundo espalhados,com triângulos de quatro cantos como histórias de vida,o nosso querido Portugal,em maldição de emigrante, vai-se tornando mais presente com o passar das décadas. Nos seus limites, nas suas pequenas/grandes quezílias, nas suas frustrações, nos egos desproporcionados em relação aos mundos que o rodeiam......mas também nas suas qualidades únicas de verdadeiro calor humano, nas suas solidariedades ,voluntarismos,  coragem nas adversidades,e capacidade de resistir a tudo...ou quase. 

Tudo, a seu modo, está espelhado na nossa Tabanca Grande. Com o passar dos anos tornou-se um porto seguro de encontros para os felizardos (mesmo os que desconhecem sê-lo!) que vivem "em casa" junto dos familiares,camaradas e amigos.........junto das PEDRAS da infância. 

Para nós, os que de tão longe olhamos o nosso querido Portugal com ,como tão bem alguém escreveu,"Os telescópios da alma", o blogue  torna-se, subtilmente, uma referência a raízes bem profundas. 

Parabéns pelo Aniversário! 

Key-West
José Belo

__________________

Nota de L.G.:

Guiné 63/74 - P6225: O 6º aniversário do nosso blogue (20): Parabéns editores, participantes e denunciantes do medo, do horror... (Felismina Costa)

1. Mensagem de Felismina Costa*, a partir de hoje mais uma amiga e tertuliana do nosso Blogue, com um poema que nos dedica e que vai sensibilizar todos os nossos camaradas, tenho a certeza.


6º ANIVERSÁRIO DO BLOGUE

Parabéns Srs Editores!
Parabéns a todos os participantes
A todos os denunciantes
Do medo, do horror, do degredo...
Em terra linda, que vos encantou.
Parabéns, porque sois capazes de denunciar!
De gritar a vossa revolta.
A vossa digna revolta.
Parabéns, porque sois vós, a vóz com razão
Que não teme a repressão,
Que não bajula, que não pactua,
Que não se acobarda.
Parabéns, porque... sobrevivesteis!
Porque fizesteis questão de contar, de relatar,
De registar os horrores, que presensiasteis,
quando ainda meninos, vos mandaram matar...
Terrível realidade, que em vossos peitos se instalou
e que em muitos, deixou marcas físicas, psíquicas,
continuamente revividas...
Mas ditas!
Mas... que eles não apagam.
Haja ao menos o blogue, o vosso amado blogue, onde despejam alegrias e tristezas.
Onde contam, como ninguém, as vossas certezas e incertezas.
Comungo convosco desta festa, desta festa, onde celebram, a vossa...
Sobrevivência!


Parabéns
Felismina Costa
__________

Notas de CV:

(*) Felismina Costa, recorreu ao nosso Blogue em Fevereiro passado, para tentar encontrar o seu afilhado de guerra dos tempos de 1963/64, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário do BENG 447.

No tempo em que ainda era menina, mas sensibilizada para a nobre missão de apoiar moralmente, quem longe do seio meio familiar, não tinha junto de si: mãe, irmã, esposa, namorada ou amiga que lhe dedicasse um pouco de afecto, adoptou como afilhado um camarada, que como nós, combatia na Guiné.

Dele nunca mais teve notícias, até que se lembrou de o procurar, vd. poste de 27 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5894: Em busca de... (119): Afilhado de guerra, Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64 (Felismina Costa).

Vd. último poste da série de 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6224: O 6º aniversário do nosso blogue (19): Um povo e uma terra que estão no meu coração (Paula Salgado, Londres)

Guiné 63/74 - P6224: O 6º aniversário do nosso blogue (19): Um povo e uma terra que estão no meu coração (Paula Salgado, Londres)



Londres > A nossa Doutora Paula Salgado, membro da nossa Tabanca Grande, desde Outubro de 2005... Filha do Paulo e da Conceição, logo nossa filha também, porque os filhos dos nossos camaradas... nossos filhos são!


1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (a viver em Angola):


Data: 23 de Abril de 2010 14:41
Assunto: Paula Salgado

Luís e Carlos

A Paula está em Londres. Pediu-me que vos mandasse a mensagem e a foto, que nos remeteu. Eu fiquei muito emocionado por ela "estar" connosco.

É que ela estava com o computador ocupado nas estrutura das proteínas…

Um abraço tertuliano, Paulo Salgado

Segue o endereço dela: aula.salgado@btopenworld.com






Guiné > Região Oio > Olossato > CCAV 2712 (1970/72) > Um patrulhamento 'à maneira', segundo o Paulo Salgado, ex-Alf Mil Cav.

Foto: © Paulo Salgado (2005). Direitos reservados

2. Mensagem da Paula Salgada, membro da nossa Tabanca Grande, juntamente com os seus pais, Paulo e Conceição Salgado:

Amigos do Blogue (*),

O meu pai (
Paulo Salgado) esteve na guerra. O meu pai sempre nos falava, a seu jeito – a mim e ao meu irmão – das suas experiências. Recordo-me dos almoços-convívio em que nós, miúdos, brincávamos ao sol, enquanto os nossos pais (re) viviam as emoções e as recordações. Conforme crescíamos, fomos ouvindo as outras histórias – as do medo, da incerteza, do perigo.

O meu pai regressou à Guiné-Bissau como cooperante, em 1990 (**). "Arrastou" a minha mãe e a mim também. Tinha dezasseis anos. Lembro-me da primeira vez que saímos de Bissau, num inadequado Fiat Punto, e regressávamos já de noite, pelas picadas. Lembro-me de pensar como teria sido para o meu pai, para todos vós, com poucos mais anos do que eu tinha, "cair de pára-quedas" no meio daquele mato. Pela primeira vez, comecei a entender o que ficava por dizer nas histórias que ouvi em criança.


Para uma adolescente, viver num país como a Guiné-Bissau dos anos 90 foi uma experiência emocionante, rica. Convivi com os meus colegas guineenses no Colégio, tive aulas com professores de Matemática, Física e Biologia que tinham vindo do Leste, e com o Padre Macedo – um herói com mais de 50 anos de Guiné que me ensinou muito sobre o que é a língua Portuguesa e como a influência dos povos além-Europa que a falam só a enriquece e enaltece.





Guiné-Bissau > Rio Farim > 2006 > Cambança do rio... Observação do barqueiro: "A bos portuguisis? Pai di nôs".[ Vocês, portugueses ? Então, pais de nós!]


Foto: © Paulo & Conceição Salgado (2006).



E fui ao Olossato, e fui a Farim e fui ao Saltinho, a Bambadinca, Bafatá, corremos a Guiné toda… e fui…ao Morés, o célebre Morés! Ali, a conversa entre um professor do internato, um ex-combatente do PAIGC e o meu pai, partilhando as suas histórias, de lados opostos das barricadas, foi tão mágica que eu e a minha mãe ficámos em silêncio, apreciando o simples facto de presenciarmos um momento tão único, tão fraterno.


A Guiné tinha-me conquistado. O regresso, em 2001, um prémio que pedi aos meus Pais pelo doutoramento, foi doloroso, como são dolorosas as notícias do sofrimento pelo qual aquele povo, que é da nossa família também, passou e passa.

Pode ser que eu traga aqui, a esta tertúlia tão interessante e onde vós, de alguma forma, fazeis a catarse, outras historias desta vivência.

Para todos vós, valentes (ainda que com medos que ainda guardais no vosso subconsciente) eu envio daqui, de Londres, um abraço de admiração e parabéns pelo aniversário do vosso blogue.

Paula Salgado
Doutora em Bioquímica / Investigadora

Londres, 23/04/2010



[ Revisão / fixação de texto / bold / título: L.G.]
________________



Notas de L.G.:



(*) Vd. último poste da série > 23 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6223: O 6º aniversário do nosso blogue (18): Ensinamento de vida (Joaquim Mexia Alves)

(**) Vd. poste, da I Série > 13 de Outubro de 2005 >
Guiné 63/74 - CCXL: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (2)



(...) Texto do Paulo Salgado que vive em Bissau (...) e que submete à aprovação da tertúlia a admissão da Paula Salgado, sua filha, mais guineia que muito guinéu...

Eu cá, por mim, terei muita honra em apadrinhar a nova tertuliana, a nossa doutoranda Paula, mas aqui quem mais ordena é o colectivo dos tertulianos: no nosso tempo as mulheres não entravam nas casernas, mas isso foi no século passado... Bom, não quero influenciar o resultado da consulta tertuliana. Limito-me a dar a minha opinião. E já agora, cá para mim não entrava só uma camariga, entravam duas, a filha e a mãe, neste caso a Maria da Conceição, a mulher do Paulo... Mais: respeito o silêncio (ou o pudor) do Paulo que tem uma cópia da história da companhia dele mas que não quer escarrapachá-la aqui no blogue, assim, sem mais nem menos, as folhas todas abertas... Respeito e concordo, desde que o bombolom do Paulo vá trazendo notícias e estórias da Guiné-Bissau de ontem e de hoje. Hoje publica-se, a seguir, "mais uma parte do Capítulo I". Até à próxima Paulo e Maria, gente de cepa rija, que não desanima facilmente com o macaréu da desgraça... LG

(...) Camaradas e Amigos (aqui incluo a minha filha Paula Salgado – a camariga que vive em Oxford e que adora ouvir as histórias e as estórias do velhote - camariga que só o será com a licença de vossas mercês, pois ela fez aqui o 11.º ano e papia kriolo diritu i tene amigus manga deli).

Ele é a sina de conduzir os periquitos (designação que se dava às companhias que chegavam da metróple à Guiné – e os velhinhos até cantavam: Periquito vai pró mato, a velhice vai pra Bissau; bem se compreende o desaforo: os novos que gramassem!). E vai-se a Quinhamel, a Uaque, ao Saltinho, conhece-se o rio no cais do Pidjiguiti, são os colegas que chegam do Porto para colaborar no Projecto.

Ele é o corre-corre no campus hospitalar à procura não sei de que solução para tantos problemas, tantos que as gentes já passam indiferentes ao sofrimento, tenha ele a feição e a forma e a dimensão que tiverem: a cólera, a malária, a elevada taxa de mortalidade infantil e maternal… E coisas mais simples como o gerador que avariou e … não há luz nem água para enfermarias, nem PC que registe, nem a fresquidão de ventoínhas e de ares condicionados onde os há, e lá se vão, estragados, os parcos reagentes do laboratório de análises clínicas (35 horas sem luz é muita hora!), e as intervenções marcadas que ficaram no papel (até foi necessário transportar de longe água para desinfecção e dar ao doentes da cólera). Isto só visto, camarigos!

No Olossato, os frigoríficos a petróleo ou a electricidade do geradorzinho aguentavam lindamente… Alguns camaradas até tinham ventoínhas que colocavam no cimo da cabeceira, seguras na parede, para refresco de suores quentes - adivinham-se quais - ou frios, estes devidos a saída iminente para o mato, ali para Manacá, ou Amina Dala, ou Iracunda, esta tabanca bem perto do Morès, ver foto de saída bem cedinho e dizei lá se não era à maneira correcta!!!...

Ah!, aquelas ventoinhas pequeninas que nos batiam no corpo sedento de amor, e que, rodopiando, serviam para afastar os insistentes mosquitos que teimosamente zumbiam aos nossos ouvidos – porra, a mim não me deixavam nem sequer fechar os olhos. Aquele geradorzinho até dava para alumiar os campos até 100 metros, e encandeavam as tropas quando regressavam de sortidas nocturnas.

Acho que estas coisas todos vivemos…! Até se conta a estória de um capitão, de que não digo o nome, que se lembrou de apagar os holofotes em momento de ataque e, pasme-se, quando o IN estava a tentar entrar no aquartelamento, foi uma razia nos guerrilheiros ao acenderem-se as luzes. Se tal foi verdade, como ouvi, foi uma emboscada nocturna a preceito...

Mas a sério: quem não se lembra de uma patrulhamento, bem feito? – segue foto (...)

Nota bem: Eu devo confessar-vos uma coisa – tenho a história da companhia [CCAV 2712, comandada pelo capitão Mário Tomé, entre 1970 e 1972]. Parece-me pouco correcto que a traga a terreiro. Mas tentarei traduzi-la, sem romancear, mas recontando-a à minha maneira.

Que me desculpem os historiadores, que me perdoem os puros… mas há coisas que eu não acho oportuno contar, por escrito.

A todos os Camaradas e Amigos muitas mantenhas e com a promessa de que podeis contar comigo porque eu tenho, também, a segurança à retaguarda – ou não é, Humberto?

Bissau, 13 de Outubro de 2005


Vd. os restantes postes da série:






5 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXX: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (1)


(...) "Vou tentar relatar (narrar, contar, ficcionar quanto baste) as minhas vivências nesta terceira (ou quarta?) comissão / presença demorada... (Agora estamos numa Missão que é um termo muito divulgado por quem passa aqui curtas ou mais longas estadias em nome de alguém a fazer qualquer coisa – confesso-vos que tenho visto muita coisa mal feitinha)"(...).




13 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXL: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (2)


19 de utubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLVII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (3)


(...) "Hoje, sábado, fomos até ao Saltinho, com os cooperantes da Saúde que chegaram ontem no avião (já agora: a Dra. Adelaide, ginecologista; o Dr. Justiça, hematologista e que também fez a guerra em Angola) e ainda o João Faria, engenheiro hospitalar (que já cá está há oito dias… Manga di tempu! , que esteve em Angola, e que se está a aguentar com brio e companheirismo nas lides do Hospital Civil... Todos eles emprestaram à viagem de 350 km um sabor especial)" (...).


5 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXI: Crónicas de Bissau ou o 'bombolom' do Paulo Salgado (4)


29 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (5): para onde ?


3 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXIII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (6): HN Simão Mendes


5 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCXXXVIII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' de Paulo Salgado) (7): Suleiman Seidi


30 de Dezembro 2005 > Guiné 63/74 - CDIII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (8): novos tertulianos


18 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLVII: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (9): História e estórias


30 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLXXXV: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (10): ontem e hoje em Uaque


1 de Fevereiro 2006 > Guiné 63/74 -CDXC: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado)(11): Beethoven e batuque no Olossato


2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCI: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (12): reviver o passado em Olossato


13 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1069: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (13): Para quando África ?


(...) "Quem está aqui em trabalho intenso, meses a fio, deixa coisas para contar num amanhã, escrevinha outras para uma memória que há-de ser escrita, agora e sempre falando da Guiné sob outros ângulos e com outras visões e tu perguntarás e os camaradas perguntarão:- Por que razão não bombolaste?


(...) Lá no Hospital há traumatizados há meses à espera de intervenção. Era isto que eu ia contar? Mas hoje apeteceu-me. 10 de Setembro de 2006. (Ouvi passar uma ambulância uivando - o que irá fazer ao Hospital com o doente?)" (...).