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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Guiné 61/74 - P21629: Agenda cultural (765): Lançamento, em Alcácer do Sal, no sábado, dia 12,do livro de Isabel Castro Henriques, Os «Pretos do Sado»: História e memória de uma comunidade alentejana de origem Africana (Séculos XV-XX)

 





1, Convite da Câmara Municipal de Alcácer do Sal e das  Edições Colibri (, página do Facebook aqui,) para o lançamento do livro Os 'Pretos do Sado', da autoria de Isabel Castro Henriques, em Alcácer do Sal, na Biblioteca Municipal, Rua Rui Salema, nº 23, no próximo sábado, dia 12 de dezembro, às 10h30. (*)

Apresentação de Manuel Macaísta Malheiros, jurista, magistrado, natural de Álcácer do Sal, e nosso camarada, tendo feito uma comissão de serviço no TO da Guiné em 1966/68. (Uso de máscara obrigatório.)

FICHA TÉCNICA;

Título: Os «Pretos do Sado»
Autores: Isabel Castro Henriques e João Moreira da Silva 
ISBN: 9789896899967
Edição: 09-2020
Editor: Edições Colibri
Idioma: Português
Dimensões: 161 x 229 x 19 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 314
Tipo de Produto: Livro
 Preço de capa: 16€

SINOPSE:

Nos finais do século XIX, José Leite de Vasconcelos registava a presença de uma comunidade de origem africana instalada na região alentejana do Vale do rio Sado. Retomando a questão em 1920, Vasconcelos chamou a atenção para as múltiplas fórmulas que eram utilizadas para designar esses homens e mulheres de pele escura que seriam descendentes de africanos escravos ou livres, ali instalados há séculos, sem que se conhecesse a origem dessa instalação: Pretos do Sado, Carapinhas do Sado, Atravessadiços, Mulatos do Sado. (**)

Constituindo um grupo singular pela sua permanência secular e pela sua especificidade física no espaço alentejano, os «Pretos do Sado» definiam-se igualmente pelo desinteresse da comunidade científica perante a necessidade de esclarecer a sua existência histórica. Este estudo pretende dar a conhecer a história de homens e de mulheres oriundos do continente africano, trazidos como escravos e que foram instalados durante séculos no território do Vale do Sado, provavelmente a partir de finais do século XV.

Mas o espaço temporal deste trabalho estende-se através dos séculos seguintes, procurando nas dinâmicas económicas, sociais e políticas da história de Portugal, os elementos que permitem compreender a sua presença ligada a culturas extensivas como a do arroz a partir do século XVIII e a sua consolidação como comunidade estabelecida, afirmando uma identidade alentejana e portuguesa, que exclui hoje quaisquer marcas culturais significativas de um passado africano.

1º AUTOR: ISABEL CASTRO HENRIQUES

(i) nasceu em Lisboa em 1946;

(ii) licenciou-se o em História em 1974, na Universidade de Paris I – Panthéon-Sorbonne;

(iii)  em 1993, doutorou-se em História de África na mesma universidade francesa, com uma tese consagrada ao estudo da Angola oitocentista, numa perspetiva de longa duração;

(iv)  Professora Associada com Agregação do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa;

(v)  introduziu os estudos de História de África em 1974, orientou teses de mestrado e doutoramento e ensinou durante quase 40 anos História de África, História do Colonialismo e História das Relações Afro-Portuguesas;

(vi)  desenvolve hoje a sua investigação histórica sobre África e sobre os Africanos no CEsA/ISEG-Universidade de Lisboa;

(vii) além de trabalhos científicos de natureza diversa, como projetos de investigação, programas museológicos, exposições, documentos fílmicos, colóquios e congressos, seminários, conferências, publicou dezenas de artigos e livros centrados nas temáticas históricas africanas.

Fonte: Adapt de portal Wook, com a devida vénia,

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(**) Vd. postes de:

1 de outubro de  2019 > Guiné 61/74 - P20194: Blogues da nossa blogosfera (111): os alentejanos de pele escura: "Ribeira do Sado, / Ó Sado, Sadeta, / Meus olhos não viram / Tanta gente preta." (Blogue Comporta - Opina, 2/1/2010)

1 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18275: Manuscrito(s) (Luís Graça) (137): aprendiz de ornitólogo ao km 71 da autoestrada da vida... Obrigado, amigos e camaradas, pelos "vivas" que me deram no passado dia 29...

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20196: Dando a mão à palmatória (32): O texto sobre os "Alentejanos de pele escura" é do nosso camarada Fernando de Sousa Ribeiro, é de 2008 e tem sido sistematicamente "pirateado" na Internet... O interesse pelo tema surgiu quando o autor conheceu, em Mafra, na EPI, no COM, um soldado-cadete que era um "mulato de Alcácer" e que, na recruta, foi vítima de "bullying" racista...


Alcácer do Sal > 28 de janeiro de 2018 > A frente ribeirinha, ao pôr do sol, vista da moderna ponte pedonal que faz a "cambança" do rio Sado...

Foto (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário do Fernando de Sousa Ribeiro:

Luís, o texto intitulado "Alentejanos de pele escura" é meu! Fui eu que o escrevi! Juro que fui eu! O texto é meu, desde as quadras populares (exclusive, claro) até ao fim. [. Ou seja, excluimdo os três primeiros parágrafos.]

O que o blogue "Comporta - Opina" fez foi transcrever ipsis verbis o conteúdo de um post publicado em 2009 num fórum neonazi (!!!), chamado Stormfront, por um membro do dito fórum que usa o nick "Looking for a fight", que talvez seja um antirracista infiltrado no fórum. O poste está neste endereço: https://www.stormfront.org/forum/t592627/.

O membro do fórum "Looking for a fight" indicou os endereços de onde retirou os textos que transcreveu, mas o blog "Comporta - Opina" omitiu-os.

O texto "Alentejanos de pele escura" foi publicado pela primeira vez em 2008 no blogue "Da Kappo" (escrito propositadamente com K), da angolana Paula Santana, que é economista, vive em Londres e usa o nick Koluki. 

Um dia, Koluki convidou-me a escrever um poste destinado  a ser publicado no seu blogue, sobre um tema que eu muito bem entendesse. Como Koluki é negra, lembrei-me de falar sobre os negros que deram origem aos "mulatos de Alcácer".

"Como é que um gajo do Porto se atreveu a escrever sobre pessoas de Alcácer do Sal?", poderás perguntar. Por incrível que pareça, tudo começou na tropa!

Em Mafra, numa das casernas destinadas aos cadetes do 1.º ciclo do COM [, Curso de Oficiais Milicianos], eu partilhei um beliche com um "mulato de Alcácer". Ele dormia na cama de cima e eu na de baixo. 

Não consigo lembrar-me do nome dele, por mais que me esforce. Do que eu me lembro (bem demais) é do seu aspeto nitidamente mestiço, da sua inconfundível pronúncia alentejana, assim como do racismo de que ele era vítima por parte de alguns outros cadetes instalados na caserna. Este "mulato" era troçado e gozado por eles de todas as formas e feitios, naquilo que agora se chama "bullying". 

Como eu não o gozava, e além disso partilhava o beliche com ele, esse "mulato" deu-se bem comigo e contou-me as suas origens e a razão de ser do seu aspeto físico. Ele foi um excelente companheiro, que sofria muitíssimo com as manifestações de racismo de que era alvo, apesar de ser um português da Metrópole como os restantes cadetes.

Mais tarde, no meu pelotão em Angola, houve um soldado que era de Grândola, chamado Nunes. De vez em quando, este soldado fazia referências aos "mulatos de Alcácer", nas conversas que tinha comigo e com o resto do pelotão.

Depois de ter passado à disponibilidade e ao longo dos anos que se seguiram, continuei a ter uma certa curiosidade pelos "mulatos de Alcácer". Fui a Alcácer do Sal várias vezes, assim como a Grândola e ao Torrão, além de ter percorrido a Ribeira do Sado. Fui, nomeadamente, a S. Romão, que é, aliás, uma aldeia muito pequena.

Quando a angolana Koluki me convidou a escrever um artigo para o seu blog, fui à Biblioteca Pública Municipal do Porto consultar a bibliografia que lá existisse sobre os "mulatos de Alcácer" (escassíssima, para minha grande surpresa), no sentido de refrescar a memória e completar a informação que eu próprio tinha sobre o tema. 

Finalmente escrevi o pequeno texto que a blogger Koluki publicou em 2008 e eu próprio reproduzi no meu blog pessoal em 2012.

A concluir, lembro-me de uma canção que foi um grande êxito há uns quantos anos, chamada As Meninas da Ribeira do Sado. Em parte nenhuma da canção é referida a cor da pele das ditas meninas, e por isso toda a gente pensa que elas são tão brancas como as outras alentejanas. Mesmo assim, pergunto-me se não haverá algum racismo nesta canção, que troça das meninas da Ribeira do Sado, assim como foi troçado o cadete de Alcácer do Sal com quem partilhei o meu beliche em Mafra.

Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alferes miliciano, CCAÇ 3535 do BCAÇ 3880, Angola 1972-74

2. Comentário do editor Luís Graça:

Fernando, o seu a seu dono... Eu tinha visto o teu texto, "Alentejanos de pele escura", no blogue A Matéria do Tempo", de Fernando Ribeiro [ 18 de abril de 2012 > Alentejanos de pele escura],  nome que só agora relaciono com a tua pessoa...

Fernando Ribeiro, engenheiro, do Porto, só podias ser tu... Pelo nome, e sobretudo  pelos conteúdos... Aliás, o blogue já era meu conhecido e seguido por mim, ocasionalmente... Reparo agora, com mais atenção, que já existe desde dezembro de 2005, e tem entre os seus "companheiros de jornada" o nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné.). Obrigado, e sobretudo parabéns,  o teu é um blogue de grande qualidade, temática e literária...   Por que é que nunca me falaste dele antes ?

Mas vi que este teu  texto, com maiores ou menores acrescentos (e sobretudo imagens) estava "espalhado" pela Net, desde 2010 a 2019... Tendo tido dúvidas sobre a fonte original, e sobretudo o autor, acabei por "encalhar" no blogue "Comporta-Opina", para mais tinha umas belas gravuras que me convinha reproduzir. Enfim, devia ter apurado a minha pesquisa...

O poste da "Comporta-Opina" é de 2010, mas afinal de contas o texto original é teu, e é mais antigo, é de 2008: como dizes, foi publicado pela primeira vez em 2008, sob pseudónimo ("Denudado", o teu "nickname"), no blogue "Da Kappo", da angolana Paula Santana ("Koluki"). E eu confirmo, acabei por descobrir aqui o link, que reproduzo:https://koluki.blogspot.com/2008/07/be-my-guest-ii-denudado.html.

O lapso foi involuntário, mas aqui fica o meu/nosso  pedido de desculpa... Nestes casos, costumo/costumamos dar a mão à palmatória. (**)

Deixa-me acrescentar que lamento a "praga" do plágio e de outras práticas desonestas,  de violação da propriedade intelectual... O mínimo que temos que é é dar o seu a seu dono, citado as fontes...  Enquanto professor na Escola Nacional de Saúde Pública, apanhei para aí uma dúzia de casos de "pirataria" em trabalhos académicos (em cursos de pós-graduação, mestrado e até doutoramento)... Nunca humilhei ninguém por isso, tinha sempre uma "conversa particular" com o/a prevaricador/a, e dava-lhe uma segunda oportunidade para refazer o trabalho... 

A nota final, naturalmente, ressentia-se. Mas cheguei a dar zero a um grupo de médicos estrangeiros que copiaram um trabalho uns pelos outros... Uma coisa "tosca", "grosseira"... Nos outros casos, havia sempre uma história pelo meio: gente com dificuldades (, a começar pelos estrangeiros que são admitidos em Portugal como médicos e não dominam o português escrito e falado), mas também de alunos, mães e pais, profissionais de saúde, para mais, que tinham dificuldade em lidar com o stress conjugado da vida académica, familiar e profissional...

"Copiar" é sempre mais fácil do que  "criar", mas é um "crime" que acaba por dar nas vistas, mais tarde ou mais cedo, e por não compensar... Eu costumava avisar os meus alunos, logo de início: "A cometerem um crime, que seja um crime perfeito"...

Obviamente, há aqui problemas éticos e deontológicos graves, mas também disciplinares e legais... A Academia só há pouco anos começou a levar estes casos a sério... Mas fico-me por aqui... LG
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terça-feira, 1 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20194: Blogues da nossa blogosfera (111): os alentejanos de pele escura: "Ribeira do Sado, / Ó Sado, Sadeta, / Meus olhos não viram / Tanta gente preta." (Blogue Comporta - Opina, 2/1/2010)





Imagens, sem data, documentando a presença de descendentes de escravos negros na lezíria e ribeira do Sado



Fonte: Blogue Comporta-Opina (2010), com a devida vénia..



1. Com a devina vénia, transcreve-se do blogue Comporta-Opina, este texto interessante sobre a colonização do vale do Sado por escravos oriundos da Senegâmbia, já provavelmente a partir do séc. XVI (*).




Comporta-OPinia > 2 de janeiro de 2010 > 




Durante séculos a Lezíria e Ribeira do Sado foram um território desabitado, com fama de insalubridade, rodeado de charnecas e gândaras. Apenas a exploração das salinas implicava a deslocação de trabalhadores temporários, funcionando o rio como via de comunicação e escoamento de diversos produtos regionais e locais, de onde avultava o sal, produto que, pelo menos desde o século XVI a meados do século XX, constituiu a principal actividade económica das regiões ribeirinhas entre Alcácer e Setúbal.


O paludismo, localmente conhecido por febre terçã ou sezões, era um mal endémico, correndo ainda hoje a versão que a pouca população existente em períodos anteriores ao século XX era constituída por africanos - supostamente imunes à doença - aí fixados pela Coroa como forma de assegurar alguma agricultura.


Lenda ou não, o certo é que Leite de Vasconcelos na sua monumental "Etnologia Portuguesa", refere e descreve os chamados pretos de Alcácer ou mulatos da Ribeira do Sado, correspondentes a habitantes desta região que apresentavam nítidos traços africanos.


Alentejanos de pele escura

Ribeira do Sado,
Ó Sado, Sadeta,
Meus olhos não viram
Tanta gente preta.

Quem quiser ver moças
Da cor do carvão,
Vá dar um passeio
Até São Romão
.

(do cancioneiro popular de Alcácer do Sal,
Alentejo, sul de Portugal)
Ribeira do Sado é o nome de uma região que se estende ao longo do vale do Rio Sado, no sul de Portugal, a partir de Alcácer do Sal e para montante, não longe de Grândola, a Vila Morena. São Romão do Sado é uma das aldeias existentes na referida região.

Quem agora for passear pela Ribeira do Sado, já não verá gente verdadeiramente preta diante dos seus olhos, nem encontrará moças da cor do carvão propriamente dito na aldeia de São Romão. A mestiçagem já se consumou por completo. Mas são por demais evidentes os traços fisionómicos observáveis em muitos dos habitantes da região, assim como a cor mais escura da sua pele, que nos remetem imediatamente para a África a Sul do Sahara.

Nem sequer é preciso percorrer a Ribeira do Sado. Se nos limitarmos a dar uma ou duas voltas pelas ruas de Alcácer do Sal, por certo nos cruzaremos com uma ou mais pessoas que apresentam as características físicas referidas. São os chamados mulatos de Alcácer, por vezes também designados carapinhas do Sado. O seu aspecto é semelhante ao de muitos cabo-verdianos, mas eles não têm quaisquer laços com as ilhas crioulas. São filhos de portugueses, netos de portugueses, bisnetos de portugueses e assim sucessivamente, ao longo de muitas gerações. Quando falam, fazem-no com a característica pronúncia local. São alentejanos.

É frequente atribuir-se ao Marquês de Pombal a iniciativa de promover a fixação de populações negras no vale do Rio Sado. Mas não é verdade. Existem registos paroquiais e do Santo Ofício que referem a existência de uma elevada percentagem de negros e de mestiços em épocas muito anteriores a Pombal. Segundo tais registos, já no séc. XVI havia pessoas de cor negra vivendo nas terras de Alcácer.


O vale do Rio Sado, no troço indicado, é um vale alagadiço onde hoje se cultiva arroz. Até há menos de cem anos, havia muitos casos de paludismo nesse troço. A mortalidade causada pelas febres palustres fazia com que as pessoas evitassem fixar-se naquela região.


No séc. XVI, muitos portugueses embarcavam nas naus, o que agravava ainda mais o défice demográfico existente. Terá sido esta a razão por que, naquela época, os proprietários das férteis terras banhadas pelo Sado terão resolvido povoá-las com negros, comprados nos mercados de escravos. Os mulatos do Sado dos nossos dias são, portanto, descendentes desses antigos escravos negros. (**)


[Nota, a posteriori: a autoria deste texto, não das imagens, deve ser atribuído ao nosso camarada Fernando de Sousa Ribeiro, que o publicou aqui, originalmente, sob pseudónimo ("DEnudadp"), no blogue "Da Kappo", da angolana Paula Santana ("Koluki"). 

Link: https://koluki.blogspot.com/2008/07/be-my-guest-ii-denudado.html ]

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Notas do editor:

(*) Últino poste da série > 7 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19756: Blogues da nossa blogosfera (110): O livro "Imagens e Quadras Soltas", de JERO e Manuel Maia, no Blogue da Tabanca do Centro (José Eduardo Reis Oliveira)

(**) Vd. poste de 30 de setembro de 2019 > Guiné 63/74 – P20192: Agenda cultural (703): Livro do nosso camarada ranger António Chaínho "A escrava Domingas". (José Saúde)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18275: Manuscrito(s) (Luís Graça) (137): aprendiz de ornitólogo ao km 71 da autoestrada da vida... Obrigado, amigos e camaradas, pelos "vivas" que me deram no passado dia 29...


Alcácer do Sal > Rio Sado > 28 de janeiro de 2018 > Pôr do sol

Alcácer do Sal > 28 de janeiro de 2018 > A  frente ribeirinha, ao pôr do sol, vista da moderna ponte pedonal que faz a "cambança" do rio Sado... 



Alcácer do Sal > 28 de janeiro de 2018 > A icónica igreja de Santiago, ao pôr do sol, vista da moderna ponte pedonal que faz a "cambança" do rio Sado...



Alcácer do Sal > Barragem  de Vale de Gaio > 28 de janeiro de 2018 > A barragem de Vale do Gaio é uma obra do Estado Novo, tendo entrado em funcionamento em 1949. Localizada próxima do Torrão, na linha de água do rio Xarrama, ocupa uma área de mais de 500 km2. Está em seca severíssima... mas pode receber água do Alqueva... Fui lá encontrar, ao fim da tarde, uma colónia de corvos marinhos de faces brancas  (Phalacrocorax carbo).


Alcácer do Sal > Arrozais nos arredores > 28 de janeiro de 2018 > Cegonhas brancas (Ciconia ciconia)


Alcácer do Sal > 28 de janeiro de 2018 > O ornitólogo amador, num só dia, pode observar, em certos locais da reserva natural do estuário do Sado, 80 ou até 100 espécies diferentes de aves,  dizem os ornitólogos profissionais...O aprendiz de ornitólogo terá que se contentar com muito menos...e começar por aprender que não há flamingos... vermelhos, contrariamente ao seu nome científico (Phoenicopterus ruber,  ave com asas vernelhas).





Alcácer do Sal > 29 de janeiro de 2018 > Vista interior da pousada Dom Afonso II e vista panorâmica da zona ribeirinha de Alcácer.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Manuscrito(s):

Aprendiz de ornitólogo

por Luís Graça


Fiz 71 anos
e vim até Alcácer do Sal
ver os flamingos,
vermelhos.

Fiz 71 anos
e não vi em Alcácer os flamingos,
muito menos vermelhos.

Pensava que os flamingos
vinham retemperar forças, como eu,
nas bolanhas do Sado,
na sua rota a caminho do sul,
da África dos últimos grandes lagos.

Pensava que os flamingos eram vermelhos,

e por isso reservei um quarto
no castelo de Alcácer do Sal
para os ver desfilar,
em barroca parada celestial.

Mas não vi o céu tingido da cor do sangue,

como o estuário do Geba ao pôr do sol,
vi outras aves pernaltas,
vi as garças brancas,
vi as cegonhas brancas e pretas,
vi os mergulhões pretos,

... vi até algumas mulatas da Ribeira do Sado,
sobreviventes do esclavagismo e do sezonismo,
só não vi os flamingos, vermelhos.

Fiquei prisioneiro no meu quarto,
aos 71 anos,
com vista para as traseiras da vida,

os bastidores da história,
as muralhas,
o casario branco,

a cripta das memórias doridas dos nossos antepassados;
e no Torrão entrevi, em porta manuelina,
a menina e moça do Bernardim Ribeiro
que cedo foi levada da casa de seus pais.

Parti mantenhas com o Pedro Nunes,
que, por ser segunda-feira, estava de mau humor
e não me explicou a relação entre o nónio
e o voo dos flamingos, vermelhos.

Aprendiz de ornitólogo,
ou nem sequer isso,
aos 71 anos.
Não é bom dia, a segunda-feira,

meus amigos,
para se fazer anos

e muito menos ver os flamingos, vermelhos,
que afinal já tinham partido
ou que talvez nunca aqui tenham chegado.
(... Ou então fui que cheguei tarde,
mais uma vez, 
à festa da vida!).

Luís Graça

Alcácer do Sal, 29 de janeiro de 2018


2. A
qui vai uma seleção, de A a Z, de comentários de amigos e camaradas que  se dignaram tirar um minutinho das suas vidas  para me escrever uma "gracinha", em dia de aniversário natalício: nasci, na Lourinhã, no dia 29 de janeiro de 1947, às 10h30 (*).


Seria fastidioso, se não mesmo pretensioso e até deselegante,  listá-los a todos, mas também seria uma prova de ingratidão (e de insensibilidade), da minha parte, não lhes agradecer,  a todos,  e não destacar aqui alguns desses comentários que, eu sei, foram ditados por genuíno apreço pelo trabalho realizado por mim, pelo Carlos Vinhal e demais editores, colaboradores, autores e leitores que fazem este blogue desde há 14 anos...

Eu sou eu e o blogue é muito mais do que eu. E esse é o melhor elogio que eu poderia ouvir em dia de anos, neste blogue (ou no facebook da Tabanca Grande). O blogue é nosso e eu sou apenas um dos seus editores.

Os nossos amigos e camaradas são sempre generosos porque têm corações grandes e naturalmente exageram quando homenageiam alguém de entre eles, como foi  o meu caso, em dia de anos. Felizmente que não exageram tanto como.... na morte! Aí temos a certeza que eles fazem tábua rasa de todos os nossos defeitos e hipervalorizam as nossas virtudes... Mas, nessa altura, já não estaremos cá para lhes puxar as orelhas...ou protestar a nossa modéstia!

Em suma, aceito de bom grado  os votos de parabéns natalícios que vocês (e muitos mais)  tiveram a gentileza de me dar, no blogue, no Facebook, por email, por telemóvel e até ao vivo, interpretando-os como um desejo, um desafios e sobretudo um incentivo, qualquer coisa parecida como  uma "luz verde" para continuar,  até que o dedo me/nos doa... a teclar!... (Não digo um "desígnio", porque não sou nem quero ser um homem "providencial").

Enfim, recusando qualquer "culto da personalidade", acrescento apenas que selecionei alguns comentários "mais originais", valorizando o sentido de humor, a hipérbole, a caricatura, a ternura, a ingenuidade, a poesia, a melancolia, a cumplicidade, a espontaneidade, a originalidade... Os demais, muitos mais, que ficam "de fora", não me levam a mal...

Antero Santos > O Homem Grande da Tabanca Nacional, o Special One, o Luís Graça, celebra hoje o seu aniversário. Parabéns, Luís Graça,  e longa vida. E, na tua pessoa, parabéns a todos os combatentes e familiares, especialmente aos que estiveram na nossa Guiné.

António Murta > Em especial ao comandante Luís Graça recomendo que se agarre bem ao leme porque vão continuar a chegar novos embarcadiços e esta nau magnífica não pode parar...

 Cherno Baldé > Caro amigo Luis, de nós dois, não sei quem será o mais privilegiado. Tu conheces o dia e o ano certo do teu nascimento, mas não sabes ou não tens a grande sorte de saber de antemão o ano em que vais fazer a "cambanca" para o outro lado. Eu, ao contrário, festejo aniversarios fictícios, mas sei de antemão que a minha "cambanpça" está marcada (provisoriamente) para o ano de 2037. O Marabú de Sumbundo assim o ditou na sua consulta aos astros, desde 1974, portanto vai fazer 44 anos. Disse provisoriamente,  porque se a minha reforma for muito má, vou tentar renegociar e antecipar a minha partida. Não serei como o Jorge Cabral, o Alfero de Missirá, que todos os anos adia a sua partida para mais tarde.

Fernando Chapouto > Agora para o meu, nosso,  comandante,  pelo extraordinário trabalho em prol dos ex-combatentes.. sim, eu continuava com um enorme stresse do qual não era capaz de dar a volta. Bem hajas, Luís, muitas felicidades pela tua vida fora e que este dia se repita por muitos anos.

Joaquim Peixoto > Amigo Luís: Quis o destino, que num convívio de ex-combarentes da Guiné, te tivesse conhecido. Empenhado em reunir e unir os camarigos, recordando as vivências em cenários de guerra, estreitando laços de amizade e fraternidade, és, sem sombra de duvida, o protagonista deste cenário. Um grande abraço de parabéns e que continues a desfrutar de toda essa energia e empenho que faz de ti uma pessoa especial.

José Teixeira > Meu bom e grande amigo Luís Graça. O tempo perde-se na estrada que tens vindo a construir. Espero que o projeto se concretize com todos os teus sonhos, com muita saúde e bem estar.

A estrada do tempo

Céleres, vão morrendo
Os dias, à sombra delicada do poente,
E, lentamente, eu caminho subindo pela tarde,
Seguindo pela estrada do tempo.
Levo comigo um corpo já cansado,
E deixo para trás o caminho do passado,
Perdido no campo árido da saudade.

A estrada do tempo caminha
A passo largo à minha frente,
Marcando-me na face a vida
Que me resta em forma de rugas,
E empurra-me para a grelha de partida
Que me levará a outra vida,
E não me permite quaisquer fugas.

E assim me foge o tempo de viver,
Esse regaço de ditosos dias,
Que Deus me concedeu ao nascer
Do ventre de minha mãe,
Alegremente.
São dias que vão morrendo,
Um a um, e velozmente,
À frágil sombra do poente.

 José Paradela > Parabéns, grande Luis. Não desanimes que ainda me alcanças! A minha pedalada torna-se mais lenta… e já cá cantam oitenta. Com flamingos e tudo!

Manuel Luís Lomba > Parabéns, Luís Graça, com votos de muitos e felizes. Graças por teres nascido e por teres criado e ascendido a "Jarga" da Tabanca Grande e deste blogue - qual "Guiné Monumenta Histórica".

Manuel Resende / Magnífica Tabanca da Linha > Hoje, 29 de Janeiro, está de parabéns o nosso Magnífico Luis Graça. Em nome de todos os Magníficos desejamos-te felicidades e um dia bem passado. Amigo, muita saúde. Um grande abraço e até ao próximo convívio.

Mario Beja Santos > Meu estimado Luís, Saúde e fraternidade. Desejo-te do coração mil alegrias no dia de hoje, com a Alice e os filhos. Os anos são os que sentimos e, se bem interpreto tudo quanto fizeste por este blogue e continuarás a fazer, és um longevo com plena realização. E devo-te esta satisfação de estar em permanência a teu lado nesta sala de conversa,

Valdemar Queiroz > Parabéns Luís Graça. Desejo-te muitos anos de vida para manteres a chama bem acesa desta nossa nova 'comissão de serviço'.

Virgílio Teixeira > Meu caríssimo Luís Graça, Como te disse, é a primeira vez que envio parabéns a alguém neste dia. Já tenho este compromisso de agora para diante, espero mantê-lo por mais 25 anos pelo menos. Desejo um dia feliz cheio de saúde e até está um dia de sol neste Janeiro tão frio.
Mais logo vou telefonar-te lá para meio da tarde, e falamos um pouco. E os meus Parabéns também, para ti e para mim.

Zé Manuel Cancela >  Para o nosso timoneiro Luis, pai do nosso blogue, um abração com o tamanho do Geba.E mais uma vez obrigado,pelos amigos que granjeei,através da Tabanca Grande...
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Vd. também:

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Guiné 61/74 - P18267: Fotos à procura de... uma legenda (99): Porque é que este(s) barco(s) nunca poderia(m) chamar-se Luís Graça? Ou Virgílio Teixeira? Ou Carlos Vinhal? Ou outro nome de grã-tabanqueiro, macho?








Alcácer do Sal > Carrasqueira > Cais palafítico > 28 de janeiro de 2018 > Nomes de barcos ancorados...  Dizem que é a maior "aldeia palafítica" da Europa... Homens e mulheres trabalham juntos na faina da pesca no estuário do Sado... A aldeia encontra-se dentro da Reserva Natural do Estuário do Sado... E é um belo sítio para se observar aves (de dezenas e dezenas de espécies diferentes) como para comer o famoso choquinho de coentrada e outras coisas boas que há por aqui, do camarão à enguia, da ostra às ameijoas... Fica a 3 km da praia da Comporta...

Vale uma visita, a Carrasqueira e não só... até por que todo o concelho de Alcácer do Sal (, o segundo maior do país em superfície) nos faz lembrar algumas coisas da Guiné-Bissau, não só a paisagem física (as "bolanhas"; aqui é a "Catió" de Portugal, produzindo um 1/3 do nosso arroz, com destaque para o nosso carolino...mas também o grande produtor do pinhão!), como a fauna (com destaque para as aves pernaltas..) e até as gentes (uma parte da população será de origem subsariana, antigos escravos que trabalhavam nos arrozais)...


1. Pergunto: porque é que aquele barco, "Graça Luis(a)" nunca se poderia chamar "Luis Graça"?  Ou "Virgílio Teixeira", que também faz anos hoje (e que me confessou: "até que enfim!, nunca tinha dado os parabéns a ninguém neste dia!"...).  Ou "Carlos Vinhal", que é o nome do nosso querido editor que que nunca se esquece de nós, e nos dá os "parabéns"...no dia certo!

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18209: Fotos à procura de...uma legenda (98): Adivinhem quem vem almoçar à Tabanca da Linha, 5ª feira, dia 18?... Será um grupo coral alentejano? Alguns "meninos da Linha" já se começaram a queixar, ao régulo e seu adjunto, que a Tabanca está-se a tornar numa grande "bandalheira"...