sábado, 27 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17402: Efemérides (254): Ponte de Lima homenageia, no próximo 10 de junho, os seus bravos, mortos pela pátria, na I Grande Guerra (n=27) e na Guerra do Ultramar (n=52)... Será apresentado igualmente o livro "História do Dia do Combatente Limiano" (Mário Leitão)


Capa do livro "História do Dia do Combatente Limiano", da autoria de Mário Leitão



1. Mensagem do nosso camarada [António] Mário Leitão, com data de ontem, 23h15



Caro Amigo, aqui envio o meu convite pessoal para me dar o prazer de estar presente no lançamento do livro História do Dia do Combatente Limiano, que relata um pouco das cinco cerimónias já realizadas em homenagem aos Militares Limianos caídos pela Pátria.

Recordo que estas homenagens remontam a 1986, quando o Presidente da Câmaram  Dr. Francisco Abreu Lima,  tornou Ponte de Lima no primeiro concelho do Pais a homenagear os seus Heróis Combatentes do Ultramar.

Lembro também que, apesar dos seus 27 Mortos na I Grande Guerra, decorreram 100 anos sem que Ponte de Lima perpetuasse, nem que fosse numa simples lápide, os seus nomes para a posteridade.
Com o meu abraço de Amizade!
Mário Leitão


Convite 

Estimado Amigo:

Além das celebrações programadas pelo Lions Clube de Ponte de Lima, entidade promotora dessa 6ª Homenagem Concelhia, irei apresentar nesse dia um livro que descreve como foi criado o Dia do Combatente Limiano, cuja génese remonta a 1986.

O Programa geral é o seguinte:

10 horas – Apresentação do livro História do Dia do Combatente Limiano, no Consistório da Santa Casa da Misericórdia.

11 horas – Missa na Igreja da Misericórdia.

12 horas – Romagem até ao Memorial dos Heróis da Guerra do Ultramar.

Devido ao elevado significado desta Homenagem e considerando a minha elevada estima e consideração para com V. Exª, convido-o vivamente a assistir a estas cerimónias.

Agradeço antecipadamente a sua presença e apresento os meus melhores cumprimentos.

Mário Leitão


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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17400: Efemérides (253): No passado dia 20 de Maio de 2017 comemorou-se, em Matosinhos e Leça da Palmeira, o Dia do Combatente e o VIII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (2) (Carlos Vinhal)

Guiné 61/74 - P17401: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte V (e última)





Mário Leitão,  farmacêutico reformado, 
residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de Farmácia, Luanda, 1971/73. 



(Continuação)









Total = 52

1. Última parte artigo publicado na Revista Limiana (I Série, 2007-2014, nº 37, abril de 2014, director: José Pereira Fernandes), da autoria do nosso camarada e grã-tabanqueiro Mário Leitão (*).

Proprietário da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo, farmacêutico reformado, residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de farmácia, Luanda, 1971/73, o Mário Leitão merece o nosso apreço e gratudão pela tarefa a que se tem dedicado,  com abnegação, de há uns a esta parte, da da recolha e tratamento da informação relativa aos limianos,  os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra  colonial (1961/74).

A lista, agora completa, compreende 52 nomes no total,  e é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas.

Acabamos de saber, hoje mesmo, que no próximo 10 de Junho, Ponte de Lima irá  mais uma vez prestar homenagem aos seus  bravos, 75 ao todo, que deram a vida pela Pátria na I Grande Guerra e na Guerra do Ultramar. Oportunamente divulgaremos o programa e o convite que nos foi enviado.

Além das celebrações programadas pelo Lions Clube de Ponte de Lima, entidade promotora dessa 6ª Homenagem Concelhia, o nosso camarada Mário Leitão irá apresentar nesse dia um livro que descreve como foi criado o Dia do Combatente Limiano, cuja génese remonta a 1986 ("História do Dia do Combatente Limiano").
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Guiné 61/74 - P17400: Efemérides (253): No passado dia 20 de Maio de 2017 comemorou-se, em Matosinhos e Leça da Palmeira, o Dia do Combatente e o VIII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (2) (Carlos Vinhal)



No passado dia 20 de Maio de 2017 comemorou-se, em Matosinhos e Leça da Palmeira, o Dia do Combatente e o VIII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes.

Esta segunda parte faz o reporte fotográfico da sessão solene, com imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas, entrega de Testemunhos de Apreço, e almoço/convívio, que decorreu no Tryp Expo Porto Hotel, em Leça da Palmeira


A Sala Nau I, disponibilizada pelo Tryp Expo Porto Hotel, apresentava este aspecto, quando se esperava pelas individualidades que iriam presidir à Sessão Solene.

Em primeiro plano o Presidente da Câmara e o Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes

O meu velho amigo Joaquim Maganinho recebe a Medalha Comemorativa das Campanhas, imposta pelo senhor TGen Chito Rodrigues.

Neste grupo de camaradas, dos 15 que acabaram de receber as suas Medalhas Comemorativas das Campanhas, destaco: o segundo a partir da esquerda, o amigo de há quase 60 anos, Fernando Jorge Rocha dos Santos, ex-Alf Mil Eng.ª em Angola e, na ponta direita, o camarada, amigo e vizinho, Francisco Taveira, ex-Alf Mil Cav e CMDT do Pel Rec Daimler 2209, na Guiné.

A D. Fernanda Oliveira recebe das mãos do TGen Chito Rodrigues o Testemunho de Apreço pelos 50 anos de associada.

Outro velho amigo, o Carlos Cardoso, ex-Fur Mil na Guiné, após receber das mãos do TGen Chito Rodrigues o Testemunho de Apreço pelos seus 40 anos de associado da LC

Integrado no "Programa dos Avós aos Netos", tornou-se Sócio Extraordinário da Liga o pequeno Leonardo Costa, neto do Presidente da Direcção do Núcleo de Matosinhos, TCor Armando Costa e de sua esposa, Dra. Ana Paula...

...que na ausência do neto no estrangeiro, recebeu das mãos do TGen Chito Rodrigues o Diploma de Compromisso de Honra e o respectivo cartão de sócio.

Entregues as Medalhas Comemorativas das Campanhas e os Testemunhos de Apreço, chegou o momento das alocuções. O primeiro orador foi o Presidente da Direcção do Núcleo de Matosinhos da LC, TCor Armando Costa, que agradeceu a presença do Presidente da Direcção Central e dos Convidados. A certa altura da sua intervenção, surpreendeu o Secretário da Direcção, o SAj Joaquim Oliveira, com a leitura de um Louvor Público pela sua dedicação ao Núcleo e aos associados. Cabe aqui dizer que quem o conhece, achou esta homenagem inteiramente justa. O Testemunho foi entregue pelo Presidente da Direcção Central da LC.

O TCor Armando Costa, Presidente da Direcção do Núcleo de Matosinhos da LC, durante a sua intervenção

O homenageado, e surpreendido, SAj Joaquim Oliveira, recebe o seu justo Diploma de Louvor.

Este o momento da intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Eduardo Pinheiro.

Finalmente foi dada a palavra ao Presidente da Direcção Central da LC que enalteceu a actividade do nosso Núcleo, ainda tão recente mas com muita obra já realizada.

A tarde começava e o almoço esperava-nos.
Participaram quase uma centena de sócios e seus familiares, assim como as autoridades civis e militares convidadas.

Uma vista da Sala Caravela onde decorreu o almoço/convívio, no dia dedicado aos Combatentes de Matosinhos

O ambiente era propício à descontracção e até à quebra do protocolo. Às tantas começaram a "chover", ali mesmo, novas inscrições de sócios no Núcleo, e o Presidente da Direcção Central foi convidado a "impor" aos novos sócios o "pin" que normalmente é oferecido no acto da inscrição.

O nosso Edil, que também se fez sócio ali, deixa que o Presidente lhe coloque na lapela do casaco o seu pin.

De referir que algumas das senhoras presentes se fizeram sócias extraordinárias, tendo recebido também o respectivo pin da mão do TGeneral Chito Rodrigues.

E chegou a hora da troca de lembranças.

Permito-me destacar esta obra literária, "O Rosto Verdadeiro do Senhor de Matosinhos", da autoria de Alexandre Maniés, oferecida pelo Dr. Eduardo Pinheiro ao Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes.

Havia ainda que proceder ao corte do Bolo Comemorativo do VIII Aniversário do Núcleo


Com estilo, e espada, o TGen Chito Rodrigues e o TCor Armando Costa fazem as honras da casa

Um agradável dia tinha chegado ao fim. Breves palavras de agradecimento do Presidente da Direcção Central da LC pelo acolhimento dos combatentes matosinhenses e a promessa de que voltará em breve.

Fotos: © José Trindade e Carlos Vinhal
Selecção, edição e legendagem das fotos: Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17398: Efemérides (252): No passado dia 20 de Maio de 2017 comemorou-se, em Matosinhos e Leça da Palmeira, o Dia do Combatente e o VIII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (1) (Carlos Vinhal)

Guiné 61/74 - P17399: Parabéns a você (1260): António Manuel Salvador, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 4740 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 26 de Maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17395: Parabéns a você (1259): Carlos Alberto Cruz, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 617 (Guiné, 1964/66); Carlos Nery, ex-Cap Mil, CMDT da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70); Gabriel Gonçalves, ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71); Jorge Narciso, ex-1.º Cabo MMA da BA 12 (Guiné, 1970/72) e João Santiago, Amigo Grã-Tabanqueiro

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17398: Efemérides (252): No passado dia 20 de Maio de 2017 comemorou-se, em Matosinhos e Leça da Palmeira, o Dia do Combatente e o VIII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (1) (Carlos Vinhal)



No passado dia 20 de Maio de 2017 comemorou-se, em Matosinhos e Leça da Palmeira, o Dia do Combatente e o VIII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes.

As cerimónias do dia estavam divididas em duas áreas distintas, a primeira, em Matosinhos, junto ao Memorial aos Combatentes do Concelho caídos em campanha, erigido no Cemitério de Sendim, e a segunda, em Leça da Palmeira, no Tryp Expo Porto Hotel, com a cerimónia de imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas a Combatentes, e entrega de Testemunhos de Apresso a sócios com 40 e 50 anos de associados da Liga dos Combatentes.

Programa:

- 10h50 – Recepção às entidades convidadas e concentração dos participantes em frente ao Memorial de homenagem aos 70 combatentes do concelho de Matosinhos mortos na Guerra do Ultramar, no Cemitério de Sendim.

- 11h00 - Chegada do Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente General Chito Rodrigues e do Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Eduardo Pinheiro e início da cerimónia:

- Toque de Sentido; Deposição de coroas de flores; Toque de Silêncio; Toque de Homenagem aos Mortos; Minuto de Silêncio com cântico de salmo pelo Grupo Coral do Núcleo; Evocação religiosa pelo Pároco de Matosinhos, Rev. Padre Manuel Mendes; Toque de Alvorada; Toque a Descansar; Grupo Coral do Núcleo canta o Hino da Liga dos Combatentes; Fim da cerimónia.

- 12h00 – Convívio VIII Aniversário do Núcleo, no Hotel Tryp Expo em Leça da Palmeira:

- Na Sala Galera: Condecoração de combatentes com a Medalha Comemorativa das Campanhas; Entrega de Testemunhos de Apreço aos sócios que completam quarenta e cinquenta anos de inscrição; Alocuções alusivas ao ato.

- Almoço e animação musical.

Das cerimónias no Cemitério ficam estas fotos:

Estiveram representados pelos seus Porta-Guiões, além do Núcleo de Matosinhos, os Núcleos de Penafiel e do Porto

Autoridades presentes ao acto: Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, Tenente General Chito Rodrigues; Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Eduardo Pinheiro; Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC, Tenente Coronel Armando Costa; representantes do Comando da Zona Marítima do Norte, da GNR, da PSP,  dos Bombeiros Voluntários de Leixões e da União das Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira.

Momento em que o Tenente General Chito Rodrigues, o TCor Armando Costa e o Combatente Ribeiro Agostinho procediam à deposição da terceira coroa de flores, homenagem da LC aos 70 Combatentes de Matosinhos caídos em campanha.

Junto aos nomes dos 70 combatentes matosinhenses caídos em campanha, foram depositadas três coroas de flores a cargo, respectivamente, do Comando da Zona Marítima do Norte, Câmara Municipal de Matosinhos e Liga dos Combatentes.

Aqui, o Combatente Daniel Folha declama o poema de sua autoria, "Mãe".

No cemitério o programa terminou com a interpretação do Hino da Liga dos Combatentes pelo Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos.

Fotos: © José Eduardo Trindade

E o dia teria continuidade, em Leça da Palmeira, no Tryp Expo Porto Hotel.
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17368: Efemérides (251): ... em abril de 2017: o 13º aniversário do nosso blogue, o XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, os 43 anos do regresso da minha CART 3494, o 25 de Abril e o fim da guerra, o meu batismo de fogo há 45 anos em emboscada comandada pelo Mário Mendes (que viria a ser abatido um mês depois)...enfim, os nossos encontros e desencontros (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P17397: Meu pai, meu velho, meu camarada (55): Artilharia de defesa de costa e antiaérea no Mindelo, na II Guerra Mundial: fotos do álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo at inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943


Foto nº 1 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo >"As peças anti-aéreas do Monte Sossego; fotografia oferecida pelo meu amigo [e conterrâneo, da Lourinhã] Boaventura [Horta] em 21/3/43."

Foto nº 2 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Oficiais do Exército e da Marinha nas peças do Monte Sossego. Ao fundo a linda Baía com o [NPR] Pedro Nunes à vista. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura em 21/3/43. Mindelo. [O Monte Sossego fica a nordeste da cidade do Mindelo, sobranceiro à Ponta de João Ribeiro].


Foto nº 3 >  Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo  >"Oficiais do Exército e da Marinha nas posições da Anti-Aérea no Monte Sossego, S. Vicente. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura, em Mindelo, 21/3/43". [O Monte Sossego fica a nordeste da cidade do Mindelo, sobranceiro à Ponta de João Ribeiro].



Foto nº 4 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo  > "Posição das peças anti-áereas no Monte Sossego, São Vicente, Cabo Verde. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura em 21/3/43." [O José Boaventura  Horta, natural da Lourinhã, já falecido, era pai dos meus amigos de infância Carlos, Olga e Elisa. Éramos vizinhos da mesma rua ] 


Foto nº 4  > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "4 metralhadoras pesadas fazendo fogo anti-aéreo para balões de papel. No dia da festa de aniversário [da chegada do batalhão]. 23 de Julho de 1942. No Lazareto, S. Vicente, Cabo Verde" [O 1º Batalhão Expedicionário do R.I. 5 tinha chegado ao Mindelo há precisamente um ano, e estava aquartelado no Lazareto ]


Foto nº 5 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Aspeto da cidade do Mindelo tirada do Oeste. Vê-se os importantes depósitos de óleos da Shell. Outubro de 1941" [A II Guerra Mundial, com a drástica redução do trâfego marítimo da Europa para a África e a América Latina, teve dramáticas consequências no movimento do Porto Grande e na socioeconomia da ilha,]



Fotos (e legendas): © Luís Henriques (1920-2014) / Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].





1. Fotos do álbum de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo at inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, Mindelo, no Lazareto, entre julho de 1941 e setembro de 1943, em missão de soberania; este e outros batalhões foram entretanto integrados mais tarde no RI 23].  (*)


[Foto  à direita, Luís Henriques > 19 de agosto de 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques ".]



Escreveu o nosso camarada, natural do Mindelo (1943), Adriano Miranda Lima (cor inf ref, com duas comissões de serviço em Angola e Moçambique, no tempo da guerra colonial), e que tem escrito sobre as tropas expedicionárias portuguesas em Cabo Verde durante  a II Guerrra Mundial

(...) "As unidades desembarcaram e rumaram logo para os locais de destino previstos. No que respeita ao dispositivo da ilha de São Vicente, o Batalhão de Infantaria 5 (proveniente das Caldas da Rainha) ficou sediado na zona do Lazareto, o Batalhão de Infantaria 7 (proveniente de Leiria) na zona de Chã de Alecrim, e o Batalhão de Infantaria 15 (proveniente de Tomar) foi logo para [a ilha de] Santo Antão, sediando-se no Porto Novo, com excepção da 3.ª Companhia de Atiradores e de um pelotão da Companhia de Acompanhamento, que ficaram em São Vicente, mesmo dentro da área urbana do Mindelo.

"A artilharia de defesa de costa ficou instalada no Morro Branco e em João Ribeiro, enquanto a artilharia antiaérea não poderia ter encontrado posição tecnicamente mais adequada que o cimo do Monte de Sossego, que lhe conferia visão simultânea sobre o Porto Grande e sobre os pontos críticos da cidade do Mindelo."

(...) "Sei que, tanto quanto as possibilidades locais o permitiram, recorreu-se ao aboletamento (...) de oficiais e sargentos em casas particulares e pensões, pelo menos em parte e numa fase inicial, ao mesmo tempo que se utilizaram instalações de campanha (tendas e barracas), enquanto não eram construídos aquartelamentos!. (...) (**)
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Notas do editor;



(**) Blog Praia de Bote > 15 de outubro de 2012 > [0264] Adriano Miranda Lima: a continuação (ver posts 256, 257 e 259): Tropas expedicionárias portuguesas a Cabo Verde no período da segunda Guerra  Mundial: 4 - A Actividade Militar e o Meio Físico Envolvente 

Vd. postes anteriores:

29 de setembro de 2012 > [0256] Adriano Miranda Lima:  Tropas expedicionárias portuguesas a Cabo Verde no período da Segunda Guerra Mundial: 1- Introdução

(...) as Tropas Expedicionárias que no período da II Guerra Mundial encheram o Mindelo foram grandes protagonistas da história da ilha naquele preciso contexto, e de uma forma tão mutuamente partilhada que na memória das populações e na dos próprios militares ficaram para sempre impregnadas as mais gratas recordações. Neste e em alguns posts subsequentes falarei do envolvimento dos militares com as gentes locais e de acções de tocante solidariedade humana numa altura em que a fome ceifava vidas nas nossas ilhas porque as carências eram gritantes. (...)


30 de setembro de 2012 > [0257] Adriano Miranda Lima:  Tropas expedicionárias portuguesas a Cabo Verde, no período da Segunda Guerra Mundial: 2 Totalidade de forças mobilizadas

(...) em Julho de 1941 encontravam-se prontos a embarcar em Inglaterra com destino a Cabo Verde, 3 peças de artilharia 4,7", 3 jogos para plataformas e 450 munições. (este material diz respeito à artilharia de costa). As autoridades inglesas ofereceram ainda pessoal para instruir e montar estas peças.

Em 1941, foi criada na cidade do Mindelo, em S. Vicente, uma Bateria de Artilharia de Costa. Em fins de Agosto de 1941, era transferida a título provisório, da cidade da Praia, em Santiago, para a cidade do Mindelo, em S. Vicente, a sede da Repartição Militar.

A evolução da guerra mostrou a urgência de criar um dispositivo defensivo na ilha de S. Vicente, pelo que foi ordenada a mobilização das seguintes forças:

Para a Ilha de S. Vicente:

- Comando Militar de Cabo Verde, sendo comandante o brigadeiro Augusto Martins Nogueira Soares, desde Agosto de 1941 até Dezembro de 1944;
- Comando do Regimento de Infantaria 23, integrando os batalhões seguintes;
- 1.º Batalhão expedicionário do Regimento de Infantaria 5 (Caldas da Rainha);
- 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 7 (Leiria);
- 1.º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria 15 (Tomar);
- Bataria de Artilharia de Costa 1;
- Bataria de Artilharia de Costa 2;
- Bataria de Artilharia Contra Aeronaves 9,4 cm;
- Bataria de Artilharia Contra Aeronaves 4 cm;
- Bataria de Referenciação;
- 2.ª Companhia de Sapadores Mineiros do Regimento de Engenharia 2;

Apoiavam estas unidades as formações dos serviços militares seguintes:
- Parque de Engenharia;
- Tribunal Militar;
- Hospital Militar Principal de Cabo Verde;
- Depósito de Subsistência e Material;
- Laboratório de Análise de Águas;
- Depósito Sanitário;
- Secção de Padaria.

O conceito de defesa da ilha de S. Vicente consistia essencialmente numa sólida ocupação e, em caso de emergência, manter a posse a todo o custo das regiões de João Ribeiro e de Morro Branco e a cidade do Mindelo. Para tal, 2 batalhões ocupavam posições de defesa e 1 batalhão, reduzido, encontrava-se em posição de reserva. (...)


(...) As razões de ordem sentimental prendem-se, como referi em post anterior, com o facto de o Batalhão de Infantaria 15 (BI 15) ter sido mobilizado para a minha ilha natal (S. Vicente) precisamente pelo Regimento de Infantaria 15 (RI 15), onde servi largos anos da minha vida. E o sentimento reforça-se com o facto de eu residir em Tomar, sede daquele regimento, e cidade onde viveram e conheci muitos militares expedicionários e entre eles um oficial (capitão) que marcou indelevelmente a memória do povo do Mindelo, como terei oportunidade de vir a relatar. (...) 

Ver ainda:


1 de novembro de 2012 > [0274] Adriano Miranda Lima: Tropas expedicionárias portuguesas a Cabo Verde, no período da Segunda Guerra Mundial:6 - A actividade militar e as suas múltiplas contingências (2.ª parte)



E ainda:

20 de março de 2014 >  [0782]  Adriano Miranda Lima: Tropas expedicionárias portuguesas a Cabo Verde, no período da Segunda Guerra Mundial:  Convivência entre militares e população civil

Guiné 61/74 - P17396: Notas de leitura (961): “Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011 (2) (Mário Beja Santos)




1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Maio de 2017:

Queridos amigos,
Não se devem poupar encómios a processos literários que ganharam por mérito próprio lugar ao sol, direito à intemporalidade da leitura e da consulta. São crónicas avulsas de um septuagenário, com lago e diversificado currículo, até com pergaminhos de escritor, que desvia as suas memórias de acontecimentos que experimentou em Angola. Usa habilmente a terceira pessoa do singular, o que provoca uma agradável aproximação, ele encarrega-se de animar tudo quanto viu e sentiu com uma prosa vivacíssima, sem enxúndia, ali se vão encruzilhar muitas dores, muito rocambolesco, muito tédio, até medo - estão ali os sentidos, as matas, os gritos medonhos de tudo quanto vivemos e jamais esqueceremos.
É um livro excecional, de leitura obrigatória.

Um abraço do
Mário


Arcanjos e bons demónios: histórias de cuidado, de fraternidade e horror (2)

Beja Santos

“Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011, é um livro notável, seja qual o prisma com que encararmos estas crónicas em que um alferes descobre um continente, novas dimensões da solicitude, impensáveis usos e costumes, mas também o medo, a camaradagem e o amor ao próximo. Digamos que são memórias a partir da senectude de alguém que se temperou em múltiplos ofícios, desde velejador oceânico, passando por gestor comercial à tradução e edição de livros. Percebe-se que houve uma laboriosa congeminação para ter chegado a este documento ímpar. É timbre da melhor literatura de guerra pôr o homem perante os seus desafios, por caminhos em que se vê que ele está a crescer e que pela vida fora nada superará o que ali aconteceu, de armas na mão ou a ajudar os outros. Daniel Gouveia concebe as suas crónicas naquele saboroso estilo da narrativa das mil e uma noites, do tipo na sequência do capítulo anterior até chegarmos a um derradeiro episódio que nos deixa com vontade de saber mais.

O talento da escrita, em literatura da guerra, é pôr de forma compreensiva e impressiva os homens no meio, meio que significa populações amigas ou colaboradoras com inimigo, um inimigo à espreita, uma natureza tropical, o recurso a guias para explorar a imensidão das matas e procurar as bases de guerrilha… E embevecer-se com os prodígios dessa mesma natureza, estar de olhar atento às singularidades e vicissitudes do meio que podem ser os diamantes; apurar as insuficiências e até as pesporrências de oficiais mais graduados que teciam as suas guerras em gabinetes climatizados em frente a mapas onde se marcavam posicionamentos das nossas tropas e dos nossos inimigos. Naquele vastíssimo teatro de guerra angolano, algo se passava um tanto comum aos outros teatros, como Daniel Gouveia observa:
“Mandava-se combater sem a noção de como estava instalado e armado o inimigo. Essa era a origem da velha querela entre a infantaria de linha e os comandos ou os paraquedistas. Os infantes viviam abarracados em destacamentos infectos no meio do sertão, andavam em pelotões de 20 e poucos indivíduos. Os comandos e paraquedistas aquartelavam-se nas grandes cidades, no ar condicionado e a rancho melhorado, eram chamados por rádio, transportados de helicóptero, e à chegada eram informados de onde estava o inimigo, quantos eram e de que armamento dispunha”. O que podia dar fiascos, quando os infantes desconheciam na íntegra o contingente que tinham pela frente.

Raras vezes se encontra um texto tão acutilante sobre a delicadeza e a atividade nevrálgica do guia, sobre o qual espirravam todas as acusações, tantas vezes descabidas, quando não se atingia o objetivo. Quem era este homem? “O guia era uma entidade curiosa, simultaneamente respeitada e marginalizada. Era um civil, sujeito à disciplina militar porque integrado na tropa, no entanto, liberto de outros serviços, a não ser o de a conduzir. Era natural dali, ali tinha a família, casa, filhos. Os batalhões iam e vinham, no remoinho das rendições, o guia ficava. O comandante de pelotão dava-lhe ordens, objetivos de percurso, mas na prática subordinava-se-lhe, na medida em que o pelotão ia por onde o guia quisesse. A soldadesca tratava-o com à-vontade, sentindo-se acima como militares de linha, pois o guia não tinha posto ou, quando muito, teria o de soldado raso. Contudo, nem sobre o mais humilde dos soldados tinha o guia qualquer autoridade, ficando muitas vezes impunes as piadas a ele dirigidas, por muito que se irritasse”.

E há aquela operação em que toda a tropa do nosso alferes conheceu o inferno da sede, com todas as suas chamas. É este o condão do autor, ir compassando uma dor que cresce e se enovela, os corpos exaustos, as passadas cada vez mais lentas, os carros que vêm buscar os homens extenuados e desidratados, então, o animalesco da sobrevivência impôs-se:
“Quando o pó, elevando-se do horizonte, anunciou a coluna, o pessoal começou a movimentar-se. Mas não da forma habitual, preparando o material para o embarque. Puseram-se de pé, espreitando a estrada, deixando a arma encostada à mochila. No pelotão guarnecendo as viaturas, ninguém trazia cantil, dado a viagem ser curta. E ficaram admirados de ver os camaradas precipitarem-se de mãos nuas estendidas, deixando o equipamento no chão, rostos ansiosos, olhar desvairado, correndo de carro para carro, pedindo água insistentemente. À frente de um dos veículos, gerou-se um tumulto estranho. O condutor e quem vinha ao lado saltaram dos lugares e atiraram-se a um soldado, derrubando-o.
Foi ver o que se passava. Já era um magote agitado, aglomerando-se à frente do carro, os que queriam ver não deixando ver o que se não via. O alferes comandante da coluna estava lá. Quando avistou o seu congénere, desabafou: 
- Eh pá, eu nunca vi uma coisa assim! Um dos teus gajos atirou-se ao radiador para beber água. Está com as mãos todas queimadas.
Sentado no chão, olhando as mãos cheias de bolhas, o soldado chorava convulsivamente, na mais completa confusão mental. O condutor explicou-se, também ele aturdido: 
- Tivemos de o tirar dali à força! É que ele era bem capaz de beber água a ferver, se lá chegasse…”.

Daniel Gouveia parece ter tido o dom de encontrar capelães caçadores, participar na construção de novas povoações para onde foi arrastada a população à força, assistiu a atos heróicos de pilotos da Força Aérea que não se escusavam, mesmo face a enormes riscos, a ir buscar feridos. Também lhe coube na rifa um soldado doente que de G3 em punho queria matar tudo e todos. É um retrato espantoso, de humanidade e de transe num quase salve-se quem puder, o que se passou com o “Panóias”:
“Soldado raso, ensimesmado e tristonho, sofria de epilepsia e crises de nervos. A reclusão no arame farpado, alternada com o atabafo da mata e a angústia das minas e emboscadas na picada, opunham-se à largueza plácida do seu Alentejo natal, de onde trouxera a alcunha e a misantropia. Várias vezes recambiado para o hospital do setor, como lá nunca tinha ataques, regressava com pareceres vagos de que talvez não fosse nada de cuidado”.

Sofre porque lhe tiraram a arma, uma inútil medida de precaução, armas é o que não falta nas casernas. No regresso de uma coluna, o capitão descobre que o quartel vive em estado de sítio. Ninguém sabe como descalçar a bota até que um amigo do Panóias se oferece para evitar desastres. “Também alentejano, pegador de toiros, possuía um arcaboiço invejável e o destemor gerado nas lides da arena”. Lá se foi aproximando do Panóias, contou-lhe umas lérias e convenceu-o a irem até ao Paiol, disse-lhe que era ali que estava o capitão. “Colocou-se atrás do amigo, marchando a passo certo com ele. Tirou as mãos dos bolsos. Juntou uma à outra. Levantou-as, como num gesto de triunfo, mas foi com a força bruta de quem assenta o batoque num tonel que as descarregou na cabeça do conterrâneo”. O Panóias foi metido num avião, a evacuação era inescapável. “O piloto estupefacto viu meterem-lhe no aparelho um homem de olhar parado, sem uma gota de sangue, amarrado como um salpicão porque, à falta de colete-de-forças, usou-se a corda suficiente para embalar o Panóias como encomenda garantidamente inofensiva a bordo de um avião, na viagem que foi, para ele, o adeus às armas”.

(Continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 22 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17387: Notas de leitura (960): “Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011 (1) (Mário Beja Santos)