sábado, 6 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17324: Manuscrito(s) (Luís Graça) (116): Nada disto é fado...ou o encantatório "Fado Saltério", 2º teledisco dos "Melech Mechaya", tema fortíssimo que assinala o lançamento do novo disco "Aurora"



Com a devida vénia... You Tube > Melech Mechaya 

Vídeo 5' 02''


1. "Fado Saltério" ?... Felicíssima combinação... O saltério era um instrumento antigo de cordas, muito popular na peninsula ibérica nos tempos modernos, dando origem a um instrumento triangular moderno com 13 ordens de cordas....Mesmo assim pouco comum, nas nossas bandas de hoje...

 Confesso que é um tema que me fascinou desde que o ouvi há uns tempos atrás, ainda em "laboratório"... Agora no teledisco é encantatório, que é algo mais do que fascinante... É um tema poderoso, para se ouvir "ao romper da bela aurora" ou ao "pôr do sol", ou a qualquer hora do dia ou da noite, em que a gente precise de um sopro de vida...

O grupo, os "Melech Mechaya",  continua a escancarar portas, a fazer fusões, a dar-nos novas sonoridades... e neste caso dá um contributo espantoso para a reinvenção / renovação / reconstrução  do fado... E o teledisco, realizado pelo talentoso Miguel Veríssimo, também merece nota "5 estrelas". Está lá tudo, o humor e o amor, a nossa humanidade, a alegria e a tristeza, a sedução e o pudor, a exaltação e a melancolia!.. Está lá a vida, na sua bipolaridade, estamos lá  todos, está a nossa idiossincrasia portuguesa!...

Meus amigos, isto é música da boa, portuguesa, universal, feita por gente nossa, talentosa! (... Não me posso alargar em adjectivos, porque sou fã do grupo, de há muito, logo um pouco suspeito)... Boa sorte para o novo disco, uma boa e bela "Aurora"... Muitas, boas e belas "Auroras"...

Para saber mais sobre o novo disco "Aurora", o 4º do grupo, a ser lançado no dia 12/5/2017, clicar aqui.


2. Em tempos escrevi esta letra para os Melech Mechaya... Não passou no "crivo", mas agora penso que podia ser cantada, e que era apropriada para este "Fado Saltério"... Sem imodéstia... 


nada disto é fado

nada disto é fado, é apenas história, indevida, 
ruas do ouro e da prata, de outrora, querida. 

colina acima, rua abaixo, no metro de lisboa, 
ou no amarelo da carris, é a vida, à toa. 

a vida é um assalto à caixa de pandora, meu amor, 
beware of pickpockets, avisa o revisor. 

alcântara, a ponte de fogo, suspensa
sobre a tua cabeça,  e a nossa raiva, tensa. 

em almada, a teus pés, tens o estuário do tejo, 
mas é na solidão do terreiro do paço que eu mais te desejo. 

compro castanhas, quentes e boas, com ternura,
enquanto a vida segue pelas ruas, sujas, da amargura. 

nada disto é fado, é apenas história, indevida, 
ruas do ouro e da prata, de outrora, querida. 

lisboa, 21/3/2011

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17248: Manuscristo(s) (Luís Graça) (115): O compasso pascal

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17323: Efemérides (249): Dia 7, domingo, dia da mãe... O Museu da Marinha oferece bilhetes às mães para a exposição "Vikings - Guerreiros do Mar", composta por 600 peças originais provenientes do Museu Nacional da Dinamarca... A não perder.


O cartaz e o convite é do Museu da Marinha, em Lisboa


A TUA MÃE É UMA GUERREIRA! SERÁ QUE TAMBÉM É VIKING? VENHAM AMBOS DESCOBRIR…

A Marinha Portuguesa irá oferecer bilhetes para o Museu de Marinha no próximo dia 7 de maio a todas as mães.
O Museu de Marinha apresenta ao público a exposição “Vikings - Guerreiros do Mar”, composta por mais de 600 peças originais provenientes do Museu Nacional da Dinamarca.

O termo Viking é habitualmente usado para se referir aos exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas nórdicos que invadiram, exploraram e colonizaram grandes áreas da Europa e ilhas do Atlântico Norte entre o final do século VIII e o século XI.

A cultura viking tinha um carácter essencialmente guerreiro, pelo que estes “homens do norte” eram conhecidos pelas suas espadas, sendo que os mais ricos e poderosos tinham as melhores e mais belas.

Mas ficaram também conhecidos pelos seus longos e característicos navios, que também utilizaram para estabelecer rotas de comércio que perduraram durante séculos. 

Traga a sua mãe e venha celebrar o dia da Mãe connosco, venha viajar nesta Aventura Épica, no Museu de Marinha.

Oferta válida para a mãe, na compra do bilhete para o/a descendente. Deverão ser portadores de BI/CC. Os bilhetes apenas poderão ser adquiridos na Bilheteira do Museu de Marinha, não sendo possível a sua compra Online.
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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17283: Efemérides (248): 25 de Abril: Um regime em conspiração (Carlos Matos Gomes, Cor Cav)

Guiné 61/74 - P17322: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte IV





Mário Leitão,  farmacêutico reformado, 
residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de Farmácia, Luanda, 1971/73. 



(Continuação)








De José da Silva Sousa a  Manuel Fiúza Parente Bouças  (n=14)
.

1. Continuação da divulgação do artigo publicado na Revista Limiana (I Série, 2007-2014, nº 37, abril de 2014, director: José Pereira Fernandes), da autoria do nosso camarada e grã-tabanqueiro Mário Leitão.

Proprietário da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo, farmacêutico reformado, residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de farmácia, Luanda, 1971/73, o Mário Leitão tem-se dedicado, de alma e coração, à recolha e tratamento da informação relativa aos limianos,  os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra  colonial (1961/74).

Júlio de Lemos Martins Pereira, ex-fur mil, CCAÇ 779,
morto no TO  Guiné em  2/8/1965, por afogamento.  
A lista (52 nomes no total) é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas. Depois dos 24 primeiros nomes (*), publicam-se os 14 seguintes. Os camaradas mortos no TO da Guiné vão assinalados por nós a vermelho (sublinhado). São 4 nesta lista, tendo pertencido às seguintes subunidades/unidades:

DInt 707;
CART 3359 / BART 3844;
CCAÇ 797 / BCAÇ 559,

Não há indicação da unidade a que pertenceu o José da Silva Sousa.

Um dos nossos camaradas limianos que não voltou à sua terra natal foi o Júlio de Lemos, cuja memória já tinha aqui evocada pelo Mário Leitão (**). 


Guiné 61/74 - P17321: Notas de leitura (953): "Buruntuma - Algum Dia Serás Grande - Guiné-Gabú - 1961-63", por Jorge Ferreira (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Abril de 2017:

Queridos amigos,
Num futuro não muito longínquo, os investigadores e todos aqueles que pretendam fazer a historiografia da nossa guerra, terão de se implicar no visionamento destas imagens e nas que se seguiram. Nas que primorosamente Jorge Ferreira organizou temos uma Buruntuma que antevê a guerra, que se fortifica, que vigia as fronteiras. São imagens de encontro, de descoberta, não há ali uma só ruga ou vinco de hostilidade, naquele ponto ermo onde em breve vai troar a artilharia e instalar-se o desassossego permanente. E temos que ter orgulho sabendo de antemão que esses historiadores terão no nosso blogue um fonte documental e imagística ímpar, sem rival. Sim, temos que ter muito orgulho no peso desta memória e no permanente cuidado em dar-lhe acrescento, luminosidade e compreensão.

Um abraço do
Mário


Buruntuma e uma leve reflexão sobre as imagens na História

Beja Santos

Ando há largos meses para ir entregar no Arquivo Histórico-Militar uma resma de fotografias de uma Companhia que andou pela Guiné entre 1959 e 1961, as fotos já estão reproduzidas no nosso blogue, registam a amenidade de uma vida militar que surpreende usos e costumes, com soldados a pescar na bolanha, até se mostra uma ponte em Teixeira Pinto que ficou inacabada, sabe-se lá porquê. Têm estas imagens importância para o estudo da História? Indubitavelmente. Era aquela a paz que havia, uma placidez que se traduzia em percorrer todos os percursos sem os bofes de fora ou o coração contrito, não se anteviam perigos, nem explosões, nem intimidações. Vejamos agora o álbum Burutuma, publicado pelo nosso confrade, com data de Dezembro de 2016, e aqui já referido. São a recuperação de memórias de alguém que viveu na região do Gabu e foi colocado em Buruntuma em 1961, integrado na 3.ª Companhia de Caçadores a comandar 20 militares metropolitanos pertencentes ao Esquadrão de Cavalaria n.º 252 e 20 soldados nativos a quem tinha dado instrução em Bolama. Vamos conhecer a Buruntuma de uma Guiné que dá sinais de efervescência, os Manjacos do Movimento de Libertação da Guiné, procurando antecipar-se ao PAIGC, flagelam S. Domingos e vandalizam Susana e Varela, em meados do ano. Afluem mais contingentes que são disseminados pela província.

As memórias de Jorge Ferreira não estão associadas a nenhuma tragédia, em Buruntuma e arredores vive-se numa relativa acalmia. Jorge Ferreira percorre Pirada, Sonaco, Bajocunda, Piche, Cabuca e outros lugares, envolve-se em ações de vigilância e abastecimento. E parte para Buruntuma, junto da fronteira com a República da Guiné. Regista o património imobiliário existente: casa do régulo, armazém de mancarra, casas comerciais, escola primária, instalações da PIDE. Só existe uma cerca de arame farpado e uns bidões cheios de areia que protegiam a única estrada, saída do armazém de mancarra que lhes servia de aquartelamento. Concebeu-se uma solução que consistiu na abertura de um “poço” no centro do aquartelamento por onde os militares acediam a um túnel que desembocava num sistema de trincheiras que circundava todo o perímetro de defesa, nos cantos puseram-se as armas pesadas. Fizeram-se postos de observação, cavalos de frisa, construiu-se refeitório e cozinha. Com uma pitada de humor fala de um problema insanável, a localização de Buruntuma. “Com efeito, estando a povoação contígua à fronteira, em caso de ataque que não pudesse ser rechaçado, a retirada estava fora de questão. Com efeito, a única que a permitiria, a estrada Buruntuma-Piche corria paralela à fronteira natural – um afluente do rio Corubal, e portanto essa retirada seria facilmente anulada através de emboscadas de guerrilheiros acantonados na margem do rio”. Dito de outro modo, Buruntuma estava entregue à sua sorte.

As ações de nomadização abrangiam o triângulo Buruntuma-Canquelifá-Bajocunda. Contava-se com a inequívoca fidelidade dos Fulas, neste caso com a colaboração do régulo de Canquelifá, instalado em Buruntuma, Sene Sane. O contingente militar fora bem acolhido, integrava vários Fulas. Buruntuma mudou de forma, ganhou outra natureza, não se descuraram as populações locais, deu-se professor à escola, melhorou-se a enfermaria, apareceu médico. Jorge Ferreira concluiu a sua comissão em Junho de 1963, altura em que a guerrilha ganhara alento no Sul, consolidara posições no Corubal e no Morés. O PAIGC terá sérios revezes junto das populações nesta primeira fase, tudo se alterará em 1969 com a retirada de Madina do Boé, de Beli e de Chéche, começarão então a exercer-se pressões sobre o Cossé, e entretanto Buruntuma passará a ser seriamente fustigada a partir da República da Guiné. Como escreve Jorge Ferreira logo em 1964 em vez do seu escasso efetivo vão aparecer 250 homens. Naquele fim de mundo deixava de haver paz.

A paz e os preparativos para a guerra dominam este álbum que tão carinhosamente Jorge Ferreira organizou: a majestade do régulo Sene Sane, a Buruntuma tal como foi encontrada à chegada, a construção das trincheiras, os marcos da fronteira, as ações de nomadização, a preparação de refeições, as viaturas atascadas, os jogos de futebol, os batuques, o fascínio das bajudas, os veneráveis homens grandes, as crianças de sorriso aberto, tecelões, djilas, tocadores de Korá, caçadores, dançarinos, rapazes Papéis, lavadeiras, bajudas Balantas com saia Bijagó.

Não há uma só crispação nestas imagens, a guerra é uma possibilidade mas ainda não se experimentou, daí a expressão de leveza em todos os rostos metropolitanos, à cautela, Jorge Ferreira leu uma obra estimulante “Os Fulas do Gabu”, de Mendes Moreira, ainda hoje uma referência obrigatória para o estudo dos Fulas, anota que há um islamismo impregnado de práticas animistas e feiticistas, descreve a sua habitação, vestuário, enfeites, atividades produtivas. É um lugar ermo, uma fronteira recente, porosa, se bem que exista aquela fronteira natural, um afluente do Corubal que Jorge Ferreira captou em dia de bruma. Estamos perante uma Buruntuma que ainda não viu o ferro e fogo, um punhado de homens, brancos e pretos, ali vivem amistosamente e deixaram o seu largo sorriso para uma posteridade em que os contemplamos com o mesmo agradecimento que endereçamos a Jorge Ferreira que lega este álbum aos seus entes queridos, aos seus camaradas da Guiné, lembrando a todos que naquele terrunho se moldou o seu caráter e se fez homem.

Também enternecidos, agradecemos-lhe a ampla riqueza que é o tesouro destas imagens.


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Nota do editor

Último poste da série de 1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17301: Notas de leitura (952): Guerra da Guiné: Os atores, a evolução político-militar do conflito, as revelações surpreendentes - Apresentação dos três volumes alusivos aos aspetos operacionais na Guiné, da responsabilidade da Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17320: Agenda cultural (557): Lançamento do livro "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo. Sábado, 6 de maio, às 15h30, em Leiria, no Celeiro da Casa do Terreiro. Apresentação do nosso camarada António Graça de Abreu. O autor fez parte do Grupo dos Amigos da Capela de Guileje.



O convite chega-nos pela mão atenta e solícita do nosso camarada e colaborador permanente José Martins, que tem uma relação especial com Leiria, terra dos seus antepassados. A Textiverso é uma editora com sede em Leiria. O Luís Brnaquinho Crespo deve ter sido alfeeres miliciano num companhia que estve no Xitole / Saltinho, entre 1968 e 1970, é portanto contemporâneo de alguns de nós (BCAÇ 2852, CCAÇ 12...).


Sinopse do livro

Assombrados por lembranças passadas, três homens, entre vários, regressam ao ponto de partida de há muitos anos.

Num percurso atravessado por bolanhas e tarrafos da terra verde de floresta e do chão vermelho e amarelo da Guiné-Bissau, confronta-se esse rio de lembranças e de memórias mais recentes com os registos da solidão e de abandono como os sofridos por Braima Bá e pelo António Pouca Sorte. A que não é alheia uma descolonização pouco exemplar.

É este derramamento doloroso de memórias que percorre o livro e as elas são tão permanentes que nem o regresso pelo deserto afasta aqueles homens daquelas vidas que ficaram para sempre desacompanhadas.

O livro “Guiné - Um Rio de Memórias” é, também, além do mais, uma viagem íntima por um país de inacreditabilidades


Luís Branquinho Crespo - Nota biográfica 
(i) nasceu em 22 de dezembro de 1944 na localidade de Portelas da Reixida, freguesia de Cortes, concelho de Leiria:

(ii) fez os seus estudos no antigo Colégio Correia Mateus e, em seguida, no antigo Liceu de Leiria;

(iii) ingressou depois na Faculdade de Direito de Coimbra, interrompendo o curso por ter sido mobilizado para a guerra colonial na Guiné-Bissau;

(iv) de regresso, ainda frequentou a Faculdade de Direito de Lisboa, mas acabaria por se licenciar na Faculdade de Direito de Coimbra;

(v) exerce a profissão de Advogado em Leiria desde meados dos anos 70 do século XX;

(vi) publicou em Leiria, em 1963, o livro de poemas “Cidade Sem Fim” (70 p., colec. Almagre, n.º 2, capa de Augusto Mota);

(vii) em 1966, ainda em Leiria, foi co-autor da antologia “Almagre 3”, com Levi Condinho, Jaime Fernandes, António Maria de Sousa e Alberto Costa;

(viii) urante o seu percurso liceal, ganhou um 1.º Prémio de Poesia, e, durante mais de um ano, foi o editor da página cultural “Madrugada”,  no jornal “A Voz do Domingo”, também de Leiria;

(ix) tem colaboração dispersa por vários periódicos.

Fonte: Cortesia de Tinta Fresca - Jornal de Arte, Cultura e Cidadania


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > 2010 > "A Nossa Senhora de Fátima de Guileje"... A última doação à Capela de Guileje, uma imagem de N. Sra. de Fátima, trazida de Portugal por António Camilo e Luís Branquinho Crespo. Recordamos aqui uma mensagem do nosso saudoso amigo Pepito (1947-2014),  com data de 16/3/2010: 

"Luís: Mais uma importante contribuição dos nossos amigos da Capela de Guiledje, o António Camilo e o Dr. Luis Branquinho Crespo (na foto), que fizeram questão de se deslocarem a Guiledje para doarem a imagem da Nossa Senhora de Fátima à Capela. Este gesto tão bonito, foi acompanhado pelos votos de que esta oferta ajude a Guiné-Bissau a encontrar rapidamente os caminhos da Paz. Abraço. Pepito."

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné Todos os direitos reservados.
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Guiné 61/74 - P17319: Parabéns a você (1250): Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 2317 (Guiné, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 4 de Maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17315: Parabéns a você (1249): José Martins Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf da CART 2716 (Guiné, 1970/72)

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17318: Historiografia da presença portuguesa em África (75): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte IV: No chão fula, Bafatá e Gabu, 6 de fevereiro de 1947...


Guiné > Bafatá > 1958 > Equipa do SCB [Sporting Clube de Bafatá], onde não há um "negro da Guiné"...  Em 6/2/1947, na sua sede,  foi servido um "porto de honra" ao ilustre representante do governo de Salazar, a que "assistiu toda a população branca" (, segundo a notícia da agência "Lusitânia", que a seguir se reproduz...).

Era filial do Sporting Clube de Portugal que, nesta época (1946/49),  era o patrão do futebol português e, de resto,m conotado com as elites... Foi  a época de ouro dos "cinco violinos" (Jesus Correia, Vasques, Albano, Peyroteo e José Travassos).

Foto (e legenda): © Leopoldo Correia (2013) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]











Recorte do Diário de Lisboa, nº 8692 , ano: 26, edição de sábado, 8 de fevereiro de 1947 (Director: Joaquim Manso)


(Cortesia do portal Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos >  Pasta: 05780.044.11043


Citação:

(1947), "Diário de Lisboa", nº 8692, Ano 26, Sábado, 8 de Fevereiro de 1947, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_22334 (2017-5-4)



1. Depois do Cacheu e do Oio, prosseguia, em 6 de fevereiro de 1947, a visita, à Guiné, do subsecretário de Estado das Colónias, engº Sá Carneiro, sendo então governador-geral   Manuel Sarmento Rodrigues.

Já aqui sublinhámos a importância política de que se revestia esta demorada visita, de quase um mês, quer para o governo de Salazar, na conjuntura do pós-guerra e no início do movimento de descolonização, quer para o governador geral Sarmento Rodrigues, um prestigiado oficial da marinha, considerado com um "conservador liberal", com "ligações à Maçonaria" e que apoiava o Estado Novo... Transmontano de Freixo Espada à Cinta, era considerado um  homem "à esquerda" do regime, com afinidades político-ideológicas com Marcelo Caetano, o então ministro das Colónias . Foi governador geral da Guiné entre 1945 e 1949 e será o preferido de Salazar para o lugar de Ministro das Colónias, em 1950, e depois do Ultramar, em 1951.


Manuel Sarmento Rodrigues (cortesia da revista da Revista Militar)

Em diversos postes publicados ao longo da existência de 13 anos deste blogue, temos chamado a atenção dos nossos leitores para o trabalho que Sarmento Rodrigues desenvolveu na modernização de Bissau e outras cidades, e na organização do território,sem esquecer a criação do Centro de Estudos da Guiné, com a excecional colaboração de Avelino Teixeira da Mota, então 2º tenente da marinha,  responsável pelo "Boletim Cultural da Guiné Portuguesa" (que irá dedicar um nº especial, em outubro de 1947, a esta efeméride, o V Centenário).

O engº Rui Sá Carneiro tinha chegado ao território no dia 27 de janeiro de 1947, justamente com a missão de, em representação do governo central, encerrar as comemorações do descobrimento da Guiné, em 1446.

Fonte: Wikipedia
2. Da leitura da notícia da agência "Lusitânia", publicada no "Diário de Lisboa", na sua edição  de 8/2/1947  (pp. 1 e 11), constata-se: 

(i) a tendência para o reforço da aliança das autoridades portugueses as da colónia com o grupo étnico semi-feudal fula;

(ii) a valorização do "chão fula", em especial da região do Gabu, "habitada pelas raças mais civilizadas da colónia" (sic), no dizer do administrador da circunscrição, Luís Correia Garcia;

(iii) a visita protocolar à tabanca do "grande chefe fula" Madiu Embaló";

 (iv) a existência de cavalos, ainda na época, montados pelos régulos fulas e mandingas;

(v) o esforço das autoridades coloniais para combater e erradicar doenças tropicais como a doença do sono;

(vi) o peso relativo da comunidade sírio-libanesa no leste da Guiné;

(vii) a existência de um  campo de aviação no Gabu (e não, ainda, Nova Lamego...) e a inauguração  da nova capela;

(viii) o progresso de Bafatá e o prestígio do clube desportivo local, o Sporting Clube de Bafatá. em cuja sede foi servido um "porto de honra" ao ilustre representante da metrópole, a que "assistiu toda a população branca"...

e, por fim e não menos significativa, (ix) a importância que os seres humanos atribuem às "encenações do poder", em todos os sítios e épocas, tanto os súbditos como os governantes.... A colónia da Guiné, em 19947,  não escapava à regra da ciência política...(LG).
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19 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17155: Historiografia da presença portuguesa em África (72): Subsecretário de Estado das Colónias em visita triunfal à Guiné, de 27/1 a 24/2/1947 - Parte I: A consagração do governador geral, o comandante Sarmento Rodrigues, como homem reformador e empreendedor (Reportagem de Norberto Lopes, "Diário de Lisboa", 27/1/1947)

Guiné 61/74 - P17317: Inquérito 'online' (110): as primeiras 25 respostas: dois terços dos participantes estão globalmente satisfeitos com o hotel escolhido como local para o nosso encontro anual


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > "Foto de família": este ano juntámos 134 camaradas e amigos/as. Mas, para o ano há mais, se Deus, Alá e os bons irãs nos derem vida e saúde.

Foto: © Abel Santos / J. Casimiro Carvalho   (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


I. Questionário (escolher uma das 7 hipóteses de resposta):

"ESTOU SATISFEITO COM O HOTEL ESCOLHIDO COMO LOCAL PARA O NOSSO ENCONTRO ANUAL"



Respostas preliminares (n=25) (até ao meio dia de hoje)



1. Totalmente satisfeito  > 10 (40%)
\
2. Em grande parte satisfeito  > 3 (12%)

3. Satisfeito  > 3 (12%)

4. Assim-assim  > 6 (24%)

5. Não satisfeito  > 0 (0%)

6. Em grande parte não satisfeito  > 3 (12%)

7. Totalmente não satisfeito  > 0 (0%)

II. Camarada, amigo, camarigo:

Prazo de resposta: até 9 do corrente, 3ª feira, às 13h45.

Se participaste este ano ou em anos anteriores (desde 2010), no nosso encontro nacional anual, em Monte Real, responde ao nosso inquérito (diretamente no canto superior esquerdo). 

A tua opinião é muito importante para nós. Queremos chegar às 100 respostas.

Estamos já a preparar o próximo, o XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, que deverá realizar-se  na 1ª quinzena de abril de 2018.

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Guiné 61/74 - P17316: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (17): e lá vamos caminhando pela "picada da vida fora", sempre atentos às "minas & armadilhas", e prometendo voltar para o ano, se Deus, Alá e os bons irãs nos protegerem... Este ano ficámos pela média, dos doze anos (n=137), em termos de participantes.


Foto nº 1 >  Manuel Viçoso Soares (Porto) e Fernando Sousa (Trofa)... O Manuel Soares vai ter o encontro da sua Companhia, CART  2520 (Xime e Quinhamel, 1969/71) em 20 de maio, em Almeirim.


Foto nº 2 > Luís Paulino (Álgés / Oeiras)  e Urbano Martins Oliveira (Figueira da Foz)


Foto nº 3 > Manuel Luís Lomba (Barcelos) e António Acílio Azevedo (Leça da Palmeira  / Matosinhos)


Foto nº  4 > Da esquerda para a direita: Ernestino Caniço, médico (Tomar), Teresa Maria e marido, António Dias Pereira, também eles de Tomar


Foto nº 5 > Mais um casal por identificar


Foto nº 6 > José Fernando Delgado Mendonça e Maria Luís


Foto nº 7 > Dina Vinhal (Leça da Palmeira / Matosinhos) e Maria Arminda, esposa do Manuel Luís Lomba (Barcelos)


 Foto nº 8 > Margarida Peixoto (Penafiel) e Júlia, esposa de Isolino Gomes (Porto)


Foto nº 9 > Maria Irene, esposa do ex-Cap Mil Acílio Azevedo


Foto nº 10 > Mário Magalhães (que veio com a família, a Fernada e o Afonso) (Sintra) e Jorge Ferreira (Linda a Velha / Oeiras)


Foto nº 11 > Os nossos dois médicos, presentes no encontro (para além do Ernestino Caniço): C. Martins (Penamacor) e Francisco Silva (Porto Salvo /Oeiras)


Foto nº 12 > Carlos Silva (Massamá / Sintra) e C. Martins (Penamacor)


Foto nº 13 > Idálio Reis (Sete Fontes / Cantanhede) e Mário Vitorino Gaspar  (Lisboa)


Foto nº 14 > Agostinho Gaspar (Leiria)


Foto nº 15 > Almiro Gonçalves e esposa Amélia

Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017

Fotos: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17312: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (16): Em jeito de balanço... (Joaquim Mexia Alves, da comissão organizadora)

Vd. postes anteriores com a cobertura fotográfica do encontro:

3 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17311: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (15): Nem só de pão vive o homem... mas também de livros

3 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17310: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (14): mais caras lindas...
2 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17305: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (13): o evento, aos olhos de um 'camarada angolano', o Manuel 'Kambuta' Lopes, da Tabanca do Centro

1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17304: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (12): O mundo continua a ser pequeno e a nossa Tabanca... Grande! (fotos de Luís Graça)

1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17302: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (11): novos e velhos amigos e camaradas (Fotos de Luís Graça)

1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17300: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (10): as primeiras fotos da nossa festa (Jorge Canhão)

1 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17298: XII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 29 de Abril de 2017 (9): as primeiras fotos da nossa festa (Miguel Pessoa)

Guiné 61/74 - P17315: Parabéns a você (1249): José Martins Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf da CART 2716 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17308: Parabéns a você (1248): António Estácio, Escritor, Amigo Grã-Tabanqueiro natural da Guiné-Bissau e Delfim Ridrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAV 3366 (Guiné, 1971/73)

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17314: Os nossos seres, saberes e lazeres (210): Tavira fenícia, árabe, portuguesa; a cidade e a água (3) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 22 de Março de 2017:

Queridos amigos,
Fora, até então, uma relação espúria, estar ou passar por Tavira. Encontrar um lugar é conhecer-lhe o ambiente, o seu passado, é preciso ter tempo para saborear os seus patrimónios, falar com as gentes, entrar em lojas, e tudo o mais. Tavira tem uma massa líquida que caminha para a Ria Formosa, guarda a senhorilidade de que já foi ponto de passagem para as praças do Norte de África. A sua história tem múltiplos certificados e atestados: estão nos museus, na sua arquitetura, na imponência do seu aquartelamento, no forte que a defendia, na presença árabe, inconfundível.
Tudo para dizer que foi uma bela descoberta aqui ter ficado vários dias e feito enamoramento com Tavira e as suas bandas.

Um abraço do
Mário


Tavira vetusta e a ria mais Formosa de Portugal (3)

Beja Santos

O viandante já se desincumbiu do plano inicialmente traçado para igrejas, ermidas, palácios e mercados, até castelos e jardins, o fio histórico já está esclarecido pela arqueologia, pelo gótico e pelo manuelino, pelas marcas do renascimento, entrou-se, por diversas razões, na pousada do Convento da Graça, demorou-se o olhar frente à casa de André Pilarte, e esta primeira imagem tem a ver com a Igreja Matriz de Santiago, bem atingida pelo terramoto de 1755, o que empolga são as misturas de linhas e o encastelado das igrejas. Até no Largo do Carmo se entrou à pressa na igreja, com teto rococó, fenomenal.




Chegou a hora de saciar a vista sobre a arquitetura civil, o que ainda sobra dos alvores do século XX, a teimosa conservação destes telhados de quatro águas, um dos cânones da arquitetura algarvia.



Cada um tem as suas obsessões, o culto do pormenor, o viandante gosta de meditar diante de portas, sejam de palácios ou igrejas, solares ou simples moradas de gente comum. Tocaram-lhe estas portas pela singela razão de que têm proprietários orgulhosos pela boa manutenção, pelo registo de que possui charme, pelo toque de identidade. Tenho dito.



É a despedida da Ria Formosa, e sabe-se lá porquê o viandante lembrou-se de um combate político que deu brado e laivos de demagogia quando Carlos Pimenta, então secretário de Estado do Ambiente mandou deitar abaixo as construções clandestinas da ria. O pôr-do-sol não foi ofuscante, eram um dia com muitos riscos cinzentos, até parecia prenúncio de chuva, o que não aconteceu. Não se deve viajar no Algarve sem vir aqui saborear esta paz de espírito, a ausência de tumulto que vai pelas praias, passar pelas salinas e muita terra lamacenta e aqui desembarcar, e poder ouvir as catapultas de água do oceano, ali bem perto.




Há um local em Santa Luzia onde o viandante gosta de comer peixe, choco ou polvo ou caldeirada. Pediu fatias de choco, debicou polvo e de um outro prato tirou duas colheres de açorda cheia de coentros. Ali à volta ouviam-se idiomas de quase toda a Europa, a época baixa é cada vez mais apetecível, da Rússia até à Espanha o roteiro algarvio é atração. Voltou-se para uma última mirada à arquitetura de Tavira, seguiu-se um curto passeio pelas redondezas, nas Pedras del Rei alguém lembrou que havia ali uma oliveira do tempo de Jesus Cristo, aqui fica o registo, passou-se por Balsa, há que ler muito bem o livro que dela fala, tema para a próxima viagem. Agora toma-se o comboio até Faro e dali para Lisboa. Foi um inesquecível passeio, acreditem.
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Notas do editor:

Postes anteriores de:

12 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17239: Os nossos seres, saberes e lazeres (207): Tavira fenícia, árabe, portuguesa; a cidade e a água (1) (Mário Beja Santos)
e
19 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17260: Os nossos seres, saberes e lazeres (208): Tavira fenícia, árabe, portuguesa; a cidade e a água (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 26 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17286: Os nossos seres, saberes e lazeres (209): Em demanda da mais bela magnólia do mundo (Mário Beja Santos)