domingo, 5 de fevereiro de 2017

Guiné 61/74 - P17023: Blogpoesia (492): "Diviso as galáxias..."; "Da sombria madrugada..." e "Horas magnéticas...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros durante a semana ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Diviso as galáxias…

Através das folhas do arvoredo,
As galáxias luminosas
Que fogem do infinito
Em fogosas cavalgadas.

Me embriago com as nuvens,
Aquelas vareiras lassas
Que despejam chuva com fartura.

Vejo fadas cirandando,
Escrevendo cartas lúdicas
Às sereias abandonadas.

Há carros, cavalgadas,
Em sinuosas espirais,
Escrevem elipses sinuosas,
Ora feias ora belas,
Deslumbrantes,
São varandas donde pendem
Ramagens verdes, majestosas
Ressumando a eternidade.

Me debruço e oiço lendas
Nunca ouvidas.
Me espraio, praia infinda,
Num regaço embalador.

Aí recolhi minhas memórias,
Folhas soltas,
Que o vento insidioso
Espalhou em tão loucas cavalgadas…

Berlim, 5 de Fevereiro de 2017
9h42m
Jlmg

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Da sombria madrugada…

Da sombria madrugada,
Espero que mais um dia nasça.
Não se augura luminoso,
Tal a escuridão tão baça.

Uma cidade imensa e um mundo
Acordam.
Mais um passo na caminhada.
Suas surpresas. Em variada escala.
As domésticas e as terrenas.
A saga humana.
Com seus negrumes e clarões.

Esta marcha infinda e enigmática,
Quer no seu começo
Quer no termo, se o tiver.

Os três elementos em movimento
Com os três estados,
Numa incerta sintonia.

De vez em quando há choque,
O mais normal,
Em harmonia esplendorosa.

E nela impera a humanidade…

Berlim, 5 de Fevereiro de 2017
7h14m
Está escuro ainda
Jlmg

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Horas magnéticas...

No nosso dia-a-dia,
No festim das nossas passadas,
Há horas atróficas,
Toldadas de aridez
E horas magnéticas
Onde corre a exaltação.

Horas de inquietude.
Apoplécticas.
De negrume e solidão.
Onde a fome e a sede,
Vindas de onde,
Assentam arraiais.

Chovem ondas enigmáticas,
Das galáxias mais longínquas.
Nos perpassam, implacáveis,
Nos dominam e manietam.
São ascórbicas.

De tão cegas, tão astrais,
Nos devoram, são assépticas,
Dominantes,
Quase matam.
Imortais.

São furtivas.
Como a chuva,
Vão e voltam.
São banais.

De repente, o sol incandescente,
Como um milagre,
As derrete.
E, voláteis, se desprendem,
Se esvaem.

De novo o verde e a cor da luz,
O tom dos sons
Tudo reveste.

Refulge a esperança
E brilha o sonho.
Viver é festa.
A vida é assim...

Berlim, 3 de Fevereiro de 2017
10h20m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17001: Blogpoesia (491): "Horas pacíficas..."; "Me embalo no sonho..." e "Pedras adormecidas...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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