terça-feira, 14 de junho de 2016

Guiné 63/74 - P16201: Álbum fotográfico de Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089, ao tempo do BCAÇ 3863 (Teixeira Pinto, 1971/73) - Parte III: Canchungo e o amor em tempo de guerra




Foto nº 14 > Maio de 1973 > Casa  de tipo colonial, situada na avenida. Em primeiro plano, a Maria Helena Gamelas



Foto nº 16 > Habitação nativa típica,  na tabanca de Cachungo, março de 1983


Foto n º  12  > Janeiro de 1972 > Edifício do ciclo preparatório do ensino secundário e casa do director (à esquerda),  Foi nesta casa que nos instalámos. A Maria Helena Gamelas foi a professora de português no lano lectivo de  1972/73. Em frente, do outro lado da ruam ficavam as camaratas dos sodlados da 35ª CCmds.






Foto nº  8 > Embondeiro (ou cabaceira)



Foto nº 9 > Bolanha



Foto nº 10  > Cais acostável

Guiné > Região do Cacheu > Teixeira Pinto > Janeiro 72 / maio de 1973


Fotos (e legendas): © Francisco Gamelas (2016). Todos os direitos reservados [Ediçõa: LG]



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Francisco Gamelas (*), ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 3089 (Teixeira Pinto, 1971/73), adido ao BCAÇ 3863 (1971/73) e novo membro da nossa Tabanca Grande [, foto à direita, em Capó, janeiro de 1972) (**).

Francisco Gamelas:

(i) é engenheiro eletrotécnico de formação;

(ii) foi quadro superior da PT Inovação, estando hoje reformado;

(iii) vive em Aveiro;

e (iv) acaba de publicar "Outro olhar - Guiné 1971-1973. Aveiro, 2016, ed. de autor, 127 pp. + ilust. P.reço de capa 12,50 €. 


No seu livro, a pp. 16 e ss., pode encontrar-se  mais imformação sobre a vila (e depois cidade) de Teixeira Pinto daqueles tempos, de 1971/73:

[Vd. fotos 10, 12 e 14].(Gamelas, 2016, pp. 18-120). [Respeitámos a opção do autor que escreve de acordo com a "antiga ortografia". Reprodução de excerto, por cortesia do autor.]


(…) A cidade tinha um posto médico  aberto à população local, suportado médicos milicianos militares, um posto de correios e telefones, logo à saída do quartel, do lado leste, um ciclo preparatório do ensino secundário, apenas com uma sala de aulas, anexa à casa do diretor escolar, cujo edifício  se situava em frente das camaratas dos comandos [, 35ª CCmds,] na primeira saída da avenida para oeste.(…) Havia também um lavadouro público, o edifício da Assembleia do Povo, onde os chefes tribais da região se reuniam regularmente, uma cas de espectáculos onde se projetactavam filmes de vez em quando e se reaalizava um ou outro espectáulo musical, com artistas europeus, ambos gratuitos e abertos à comunidade local (…)

(…)  A cidade tinha distribuição de energia elétrica e água canalizada, ploe mnos no quartel e ao longo da avenida. Anexa ao quartel, ainda que no exterior, oara oeste, existia uma pequena pista de aterragem parta pequenas aeronaves e ehelicópteros. Um caminho em terra batida ligava o quartel à bolanha. No seu terminus, um maciço em cimento  delimitava um cais de acostagem para pequenas embarcações, em princípio  militares” (…)


2. Capa (abaixo, do lado direito,) do livro de Francisco Gamelas ("Outro olhar - Guiné 1971-1973. Aveiro, 2016, ed. de autor, 127 pp. + ilust. P.reço de capa 12,50 €. Os interessados pode encomendá-lo ao autor através do seu email pessoal franciscogamelas@sapo.pt.

O design é da arquiteta Beatriz Ribau Pimenta. Tiragem: 150 exemplares. Impressão e acabamento: Grafigamelas, Lda, Esgueira, Aveiro.

O livro, feito de pequenas crónicas e poemas, e profusamente ilustrado com as fotos do álbum da Guiné, é dedicado "à memória de Maria Helena" e às as "nossas filhas Sara Manuel e Maria João e os nossos netos  Sara, Francisco José e João Gil". 

Sobre a sua primeira esposa, Maria Helena, já falecida, e sua companheira da aventura guineense, o Francisco escreveu um belíssimo poema "Amor em tempo de guerra" (pp. 99/101), de que reproduzimos um excerto:

(...) “Mesmo assim, amor, decidimos casar
e começar a nossa vida em comum
neste reino de guerra sempre latente
aproveitando os intervalos
de alguma normalidade
para nos inventarmos
como casal.
Éramos jovens.
Sentíamo-nos imortais
apesar da evidência em contrário.(...)

(...) Foi aqui, no Canchungo,
e nestas condições que aceitámos,
que o nosso amor floriu,
que nos fomos aprendendo
na partilha permanente,
nas cumplicidades do presente
e nela germinou a semente
que foi crescendo
no teu ventre,
sangue do nosso sangue,
carne da nossa carne,
até nos acrescentar
em forma de rebento
a quem demos o nome de Sara
Então,

2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Francisco, achei tão bonito o gesto da tua Lena ao fazer um sofá, com dois colchões da tropa forrados!... E como estão bem, vocês os dois, aninhados no sofá do amor em Canchungo!...

Faziam um belo par, e como era bonito o vosso ninho de amor ! Quando se está apaixonado, tudo é trivial, e dispensável, exceto o amor, o coração que bate forte...

Morreu cedo demais a mãe das tuas filhas, e tua companheira de Canchungo!... Deve lá ter voltado, para revisitar o passado em Canchungo, transformada em andorinha!

sabes, ouvi em tempos dizer que havia adorinhas em Canhungo! Uma delas só pode ser a tua Lena!

http://andorinhaemcanchungo.blogspot.pt/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

fFrancisco, sem querer armar em professor...

A rapaziada (opu malta, como a gente da nossa geração dizia...) às vezes confundia e confudne o ombondeiro (cabaceira) e poilão... Já aqui explicámos (por ex, o guineense e nosso velho amigo Leopoldo Amado), que são duas distintas, "pese embora serem ambas árvores milenares e gigantescas (sobretudo o primeiro). Embondeiro dá fruto, denominado cabaceira na Guiné e múcua em Angola. No caso da Guiné, tanto a árvore como o fruto possuem o mesmo nome."

18 DE JULHO DE 2007
Guiné 63/74 - P1965: Cusa di nos terra (1): Emdondeiro (cabaceira) e poilão (Paulo Santigo / Leopoldo Amado)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/07/guin-6374-p1965-coisas-di-nos-terra-1.html

Em 2007, dizia o Leopoldo Amado (hopje á frente do INEP, ou será que ainda está ?)) que "atualmente, a maior quantidade do sumo que se faz da Guiné é justamente do fruto do embondeiro, ou seja, da cabaceira. Guiné-Bissau exporta muita cabaceira, seja para o Senegal, seja para Cabo-Verde, países esses onde é sobretudo utilizado como ingrediente principal para sumos e sorvetes".

E, mais um esclarecimento: "no Senegal, embondeiro denomina-se baobab e o seu sumo bissap de baobab. Em Cabo-Verde, onde essa árvore rareia ou é mesmo inexistente, é chamado sumo de fresquinha ou gelado de fresquinha, no caso de sorvete.

Na altura, eu acrescentei o seguinte comentário:

(...) "Aquela terra também foi nossa... Não nos acusem de imperialistas, colonialistas, saudosistas... Foi nossa porque amámo-lo... Porque continuamos a manter uma certa relação (quase umbilical) com a Guiné-Bissau e o seu povo... Tínhamos 20 anos e uma enorme capacidade de deslumbramento (...) Cusa di nos terra, coisas da nossa terra, é isso mesmo! A terra é só uma e não tem dono, não deveria ter dono. Há um pedacinho do planeta, Portugal e a Guiné-Bissau, de que nós gostamos com um carinho especial, que nós amamos com um amor especial"...

O Canchungo que o Francisco e a Maria Helena amaram e onde foram felizes, já não existe... Ou é uma "sombra do passado"... As cidades, as terras, os países mudam de mãos... Aquele embondeiro já não existe, apesar do respeito que os "mais velhos" tinahm, e ainda têm pelas árvores sagradas e centenárias que protegm as suas tabancas...

Mesmo assim gostamos de ver fotos do passado!.. Porquê ? Não pelos lugares, mas por nós que passámos por aqueles lugares, por nós, pela nossa juventude... A saudade é isso...