segunda-feira, 14 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15854: Inquérito 'on line' (44): Como é que eu apanhei um "pifo" de uísque Dimple (José Carlos Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74)... ou de "tintol" (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)


O Luís Dias, ex-alf mil,  CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) dizia-nos, em 2010, que ainda tinha lá em casa "5 garrafas de uísque das que trouxe da Guiné (...)... São elas uma 'President', uma 'Something Special', uma 'Dimple', uma 'Smugler' e uma 'Logan' (conforme foto...). Umas autênticas belezas".

E acrescentava: "Alguns dirão que isto é um sacrilégio; porque será que o Dias não tratou destas 'meninas' em conformidade? Outros dirão que não é lá muito de beber e que, por tal facto, foi deixando andá-las lá por casa. Eu respondo: fui bebendo algumas, deixei outras ao meu pai, também ao meu tio Armando – este sim um grande apreciador – e fui ficando com outras e, olhem, ganhei-lhes amizade, porque olhava para elas e ia-as destinando a grandes momentos. Bebi uma, já não me lembro a marca, quando o meu filho nasceu há 30 anos. (...) Vou abrir a 'Dimple' quando fizer 60 anos, se Deus permitir que eu lá chegue,  e as outras serão para outras 'special ocasions' ” (...) (*)

Foto (e legenda): © Luís Dias (2010). Todos os direitos reservados.


Mais 2 comentários sobre o tema do nosso inquérito 'on line' que encerra amanhã, dia 15m, terça feira, às 18h (**):


(i) José Carlos [Ramos dos Santos] Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74), nosso grã-tabanqueiro desde 16/8/2011:

[foto à esquerda: é o segundo, de perfil, do lado esquerdo. Nhala, Natal de 1973]

Assunto -  Resposta ao questionário sobre o "Pifo"

Não fui diferente de muitos dos nossos camaradas. Se a memória não me falha só apanhei um “pifo” na Guiné, e único até hoje.

Aconteceu no posto de rádio,  juntamente com um camarada telegrafista que fazia anos nesse dia.

Como era habitual, passava muito tempo junto dos telegrafistas e nesse dia eu estava de serviço ao Centro Cripto e ele começou a receber uma mensagem.

Sempre que faziam uma paragem para perguntar se todos a estavam a receber em condições, nós aproveitávamos para beber uma tampinha de Dimple.

Claro que quando a mensagem acabou de ser transmitida também a garrafa estava no fim.

O resultado foi um grande "pifo" de tal forma que não consegui decifrar a mensagem e tenho uma vaga ideia que foi o meu camarada que acabou por a decifrar.

Tive que deitar a carga ao mar para ficar mais ou menos bem. Nunca mais apanhei nenhum "pifo" até hoje mas "ficar alegre" até já me aconteceu com uma simples mini a meio da tarde que por qualquer razão o organismo não a aceitou.


(ii) José [Botelho] Colaço ex-soldado trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde 2 de junho de 2008 (*).

Assunto - Um "pifo" com tinto do caixão à cova para alimentar os mosquitos no Cachil.

[Uma das fotos mais espantosas do álbum do José Colaço: uma pausa no pessoal, na construção da famosa paliçada do Cachil]

E como a ocasião faz o ladrão,  aconteceu...

No posto rádio do Cachil só eu,  mais o 1.º Cabo Dias, fazíamos serviço,  sempre 12 horas cada um e dormíamos no posto rádio, mas quando um metia o pé na argola, o outro fazia o serviço.

O posto rádio ficava colado à parede da casa dos géneros, como nós éramos amigos do cabo cozinheiro e a parede era de troncos de palmeiras ao alto com barro amassado com algum capim para tapar as frestas, nós fizemos um pequeno furo no barro e metíamos a borracha do filtro de campanha e assim que o cabo cozinheiro via lá a borracha, enfiava a dita num garrafão de tinto e nós, no posto rádio, era só bombar para garrafas. Por esse motivo nunca nos faltava o tinto da Metrópole (daí a razão da ocasião que faz o ladrão).

Acordo com o corpo numa lástima todo picado. O "pifo" e os mosquitos uma noite após o jantar depois de bem regado adormeci que nem uma pedra, mas talvez devido ao "pifo"  meti os pés para fora do mosquiteiro, os amigos mosquitos aproveitaram o mosquiteiro aberto e satisfizeram a sua gula de sangue do Tuga.

Quando acordei como no posto rádio durante a noite, a luz estava quase sempre acesa devido às explorações rádio, olhei para o mosquiteiro todo coberto de mosquitos com um grande bunda cheia de sangue, começo à palmada a matá-los, mas ao fim de pouco tempo corria-me sangue pelos braços abaixo, o lençol, a fronha, o mosquiteiro tudo sujo de sangue, desisti abri mais o mosquiteiro e corri com os que restavam para fora que ainda eram bastantes.

Aprendi a lição e a partir dessa data passei a ter mais cuidado com o álcool e os "pifos".
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Notas do editor:

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