quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Guiné 63/74 - P15464: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (40): "A colónia onde todas as Fatumata tinham de se chamar Maria" -Guiné Bissau (Sobre a reportagem do jornal Público)

1. Mensagem do Antº Rosinha

[, foto à esquerda: emigrou para Angola nos anos 50, foi  fur mil em 1961/62; saiu de Angola com a independência, emigrou para o Brasil e finalmente foi topógrafo da TECNIL, Guiné-Bissau, em 1979/93;  é um "ex-colon e retornado", como ele gosta de dizer com a sabedoria, bonomia e o sentido de humor de quem tem várias vidas para contar; é membro sénior da Tabanca Grande]: 


Data: 8 de dezembro de 2015 às 00:09

Assunto: A colónia onde todas as Fatumata tinham de se chamar Maria - Guiné Bissau (Sobre a a reportagem do jornal Público)


Luís e Carlos, só se não houver inconveniente...

Interessantíssima esta reportagem que Carlos Vinhal enviou para  conhecimento do pessoal da Tabanca Grande [ "A colónia onde todas as Fatumata tinham de se chamar Maria", de Joana Gorjão Henriques (texto), Adriano Miranda (fotos) e Frederico Batista (vídeo), Público, 6 de dezembro de 2015 (Série especial: Racismo português)].

Esta reportagem pouco traz de novo para quem antigamente ouvia as emissoras rádio Pequim, rádio Moscovo, rádio Praga, Deutsche Welle, etc., em programas em português do MPLA,  PAIGC e FRELIMO.

A maior diferença de discurso, está entre o anti-colonialismo primário e demagógico daqueles movimentos, e aqui sobressai apenas a crítica aos defeitos da colonização portuguesa.

O que é mais estranho é que as pessoas, filhos das "vítimas" do colonialismo, africanos dos PALOP em geral, continuem passivamente a não se descolonizarem mais radicalmente, ao ponto de abusarem, hoje, cada vez mais de "perucas" e a viver em cubatas de vários pisos ( Prédios enormes no caso de Luanda). A preferir viver em andares sem quintal, sem a antiga tradicional qualidade de vida familiar africana,

Não resisto a respigar uns tópicos dessa reportagem e entre parênteses fazer os meus comentários um tanto levianamente, porque colaborei e vi fazer essa tão má e tão pouco intensa colonização (parece que se diz "colonização suave"). 

Aliás, se qualquer colonização fosse boa, ninguém queria ser descolonizado, antes pelo contrário. Era caso para dizer vai chamar pai a outro, de um lado , ou vai chamar filho a outro, do outro lado E como sei que se foi difícil ser colonizado, também muito difícil era colonizar.
.
A prova que era difícil colonizar, é que os Europeus desistiram bem cedo dessa colonização, e com certeza aos olhos de muitos africanos antigos, até teria sido cedo demais, que pensam isso mas não dizem.

Então lá vão os tópicos que me chamaram mais a atenção, nessa grande reportagem, e que alguns são bem genuínos, outros "assim-assim". (Entre parênteses é explicação minha, que fui cólon em Luanda muitos anos)

A colónia onde todas as Fatumata tinham de se chamar Maria. (Também se chamavam Domingas ou Segunda, talvez inspirados no inglês Robinson Crusoe com o seu Fryday)

Nos tempos do colonialismo português, o guineense tinha de vestir-se como um europeu para provar que tinha direito a ser cidadão.(Aqui haveria mesmo discriminação, ficavam isentas dessa obrigação as bajudas bijagós com as saias de palha? )

As mulheres tinham de desfrisar o cabelo, desfazer as tranças africanas. (Era o colono a ditar moda.)

A separação entre os guineenses e portugueses era real. (Só na praça o guineense não podia viver, porque na tabanca o português entrava e saía quando queria.)

Ninguém podia atravessar descalço a fronteira que dava acesso a Bissau.
(Chapa Bissau)(eram manias de colonos que na terrinha até andavam sempre descalços.)

Num exemplar da Caderneta do Indígena vêem-se várias folhas, cada uma com itens que alguém preencheria: as características, o imposto indígena, a contribuição braçal, castigos e condenações…(Era um autêntico cartão de cidadão com registo criminal.)

Os velhos contam que, quando se abriam as estradas, as pessoas eram obrigadas a ir trabalhar. (Com a agravante de só os brancos é que tinham automóvel.),

Quem eram os administradores? Raramente eram os lisboetas, os minhotos — muitas vezes eram os cabo-verdianos. (Pois, como além de administradores, também os dirigentes do PAIGC, Amílcar e os outros eram berdianos, imagina-se a indignação dos guineenses, não serem pioneiros nem na colonização nem na descolonização.) 

Não fez uma única amiga nesse tempo. Quando ia de férias para o Norte, o pai guiando o seu Cadillac, havia sempre uma pequena multidão de curiosos atrás, tinham de fechar os vidros :"olha o preto, olha o preto, olha o preto", gritavam. Eram os anos 1960, a época de um "Portugal tacanho". E ignorante. A mentalidade dos portugueses na Guiné-Bissau não era muito diferente. (Refere-se aos tugas colonos que tínhamos abandonado as cabrinhas, vindo a escorregar por uma tábua, embarcámos em Alcântara num porão de navio e regressámos de Cadillac, com uma prole mestiça, hoje já não somos ignorantes e vamos para Bissau via Dakar de Jeep e para Luanda de avião e vimos sem Cadillac e sem prole.... E se fosse agora não se dizia "olha o preto" dizia-se "olha mais um escarumba".)

A maior parte do tempo o mestiço está a ter de provar que é tão guineense como os pretos. (O racismo dos pretos chegou ao ponto de em Luanda, no 25 de Abril,  dizerem que os brancos vão para a terrinha, os mestiços não têm terra, vão para o mar.)

A teoria do luso-tropicalismo de Gilberto Freyre (1900-1987) suportou a ideologia do Estado Novo sobre a excepcionalidade portuguesa de estar nos trópicos. (Ideologia do Estado Novo, do Estado velho, de Marquês de Pombal, de António Vieira, de Sá da Bandeira e continuará cada vez mais.)

P.S. - Não menciono o nome dos vários entrevistados nesta reportagem, para não aumentar muito o poste

Cumprimentos

Antº Rosinha


Angola >  Agosto de 1935 > Visita à Fazenda Tentativa,  no âmbito do 1º Cruzeiro de Férias às Colónias de Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Princípe e Angola, uma inciativa da revista O Mundo Português, que juntou cerca de duas centenas de "estudantes, professores, médicos, engenheiros, advogados, artistas, escritores, industriais e comeriantes"...

O director cultural do cruzeiro foi o  prof doutor Marcelo Caetano (1906-1980), então um jovem entusiasta do Estado Novo e doutrinador do corporativismo.(Será comisário da Mocidade Portuguesa em 1940 e ministro das colónias em 1944, até chegar a sucessor de Salazar, de 1968 a 1974).

Esta "revista de cultura e propaganda, arte e literatura coloniais" era dirigida pro Augusto Cunha, sendo propriedade da Agência Geral das Colónias e do Secretariado da Propaganda Nacional.

Fonte: O Mundo Português, vol II, nºs 21-22, setembro-outubro de 1935 (Exemplar oferecido ao nosso blogue por Mário Beja Santos; foto da autoria de Sam Payo, digitalizada e editada por L.G.; reproduzida com a devida vénia).
____________

8 comentários:

Anónimo disse...

Só mesmo a título de comentário, para dizer que nasci em 1950, numa cidade do Alentejo e sempre me lembro de ser proíbido andar descalço na cidade e que me lembre só havia dois pretos (filhos de um caçador branco que os enviara para os avós criarem) e andavam comigo na escola primária. Não seria esta uma norma estabelecida pelo regime, independentemente do local?
BS

Antº Rosinha disse...

"Rosinha, há aí miúdas e miúdos a fazer bom jornalismo, a escrever bem..!

Luís Graça, para mim esta reportagem é do melhor que há para nos elucidar sobre o que pensam os entrevistados, (africanos,todos eles).

Esta reportagem é de gente profissional e que dá margem total aos entrevistados, e margem para os leitores fazerem a sua própria leitura.

Como vês, até aqui o n/ BS já fez um pequeno juízo do que leu.

Jornalistas destes já nos começam de facto a mostrar coisas sem teias de aranha.

Eu não comentei os entrevistadores, comentei os entrevistados.

Mas aqui deixo o meu aplauso aos jornalistas pela qualidade deste trabalho, pelo meu ponto de vista.

Cumprimentos


Luís Graça disse...

Rosinha, há aí miúdas e miúdos a fazer bom jornalismo, a escrever bem... E nem todos têm a espinha torta de tanto se curvarem perante o poder económico e político detido pelos patrões dos "media"...

Sairiam de Portugal, viram munto, estudaram (ou aprofundaram os seus estudos) lá fora... São "estrangeirados" ? Tudo bem, é preciso lê-los, saber lê-los, e naturalmente saber criticá-los...

Claro que alguns têm "pedigree", vêm de boas famílias, seguramente com tetravôs esclavagistas e colonialistas ... Mas quem não os tem, na grande família portuguesa ? Como têm judeus sefarditas, bérberes e africanos no património genético...

Seguramente que alguns destes jovens jornalistas não beberam a "água do Geba" como tu e eu... Mas isso não é argumento para combater ideias, meu mais velho Rosinha.

Considero um excelentre trabalho o da Joana Gorjão Henriques (que, confesso, só li por alto)... E os nomes dos guineenses que foram entrevistados merecem-me todo o respeito, a começar pelo historiador Leopoldo Amado, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora... (É pena que ele tenha deixado de aparecer por cá, a última vez que o vi em Lisboa estava a trabalhar numa universidade de Cabo Verde).

Não se pode, todavia, começar a falar de esclavagimso, de racismo e de colonialismo (, temas sensíveis, complexos e interligados) sem começar por ouvir as suas "vítimas"... Muitos de nós, que fizemos a guerra colonial na Guiné, mal sabíamos do que se estava a falar, quando fomos para lá... Concordo com a jornalista (que também é socióloga) quando diz que a cantiga do lusotropicalimo ainda nos vai embalando... Mas seria interessante que a jornalista também nos ouvisse, aos "tugas" que fizeram a guerra colonial... O mundo e a história não são feitos a preto e branco, a Joana sabe isso...

Sobre a jornalista, ler aqui alguma informação biográfica, bem comp alguns títulos de trabalhos mais recentes:

http://www.publico.pt/autor/joana-gorjao-henriques

Luís Graça disse...

ARTIGOS RECENTES da Joana Gorjão Henriques (que escreve no Público e The Guardian)

Vídeo
No tempo em que ser guineense não era suficiente para ser cidadão
JOANA GORJÃO HENRIQUES , SIBILA LIND e FREDERICO BATISTA 06/12/2015


Nos tempos do colonialismo português, o guineense tinha de vestir-se como um europeu para provar que tinha direito a ser cidadão. Tinha de assimilar a cultura portuguesa, abdicando da sua identidade. Durante o período colonial, na altura em que era Guiné Portuguesa, estas foram apenas algumas das imposições que marcaram a Guiné-Bissau. Quarenta e dois anos após a independência, para a qual o país avançou unilateralmente, é fácil para os guineenses encontrarem vestígios dessa dominação. Segundo capítulo da série Racismo em Português


A colónia onde todas as Fatumata tinham de se chamar Maria
JOANA GORJÃO HENRIQUES (texto, em Bissau, Bafatá e Cacheu), ADRIANO MIRANDA (fotos) e FREDERICO BATISTA (vídeo) 06/12/2015

Havia um sino que mandava os negros sair do centro da cidade, e até bem tarde dominou o trabalho forçado. A Guiné-Bissau, onde os cabo-verdianos eram usados como capatazes, foi o primeiro país africano a libertar-se de Portugal.

Vídeo
Luís Fernando: "Em Angola não há presos políticos"
JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015

Entrevista a Luís Fernando, administrador do grupo MediaNova, sobre os 40 anos da independência de Angola.

Vídeo

José Patrocínio: "As pessoas têm medo de falar"

JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015
Entrevista a José Patrocínio, fundador da ONG Omunga, sobre os 40 anos de independência de Angola.

Vídeo

Luaty Beirão: "É preciso romper com paradigma que nos arrasta para um abismo"
JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015
Entrevista a Luaty Beirão, rapper e activista, sobre os 40 anos de independência de Angola.

Vídeo

Elias Isaac: "A maioria da população está completamente excluída"

JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015

Entrevista a Elias Isaac, Director da Open Society Iniciative of Southern Africa em Luanda, sobre os 40 anos de independência de Angola.

(...)

http://www.publico.pt/autor/joana-gorjao-henriques

Luís Graça disse...

Racismo "português" ? O racismo agora tem "nacionalidade" ? Há uma escala de racismo ? Em que lugar é que estamos ? Acima ou abaixo da mediana ?

Não gosto desta categorização... Não há povos mais racistas ou menos racistas do que outros, há é individuos racistas, portugueses, espanhois, franceses, alemães, chineses, e por aí fora...

Quanto à nossa história, tivemos de tudo: nunca fomos meninos de coro, mas em geral podemos dizer que somos um povo aberto ao outro... Pela nossa história, geografia, cultura, idiossincrasia... Ou são "mitos" que autoalimentamos ?

Luís Graça disse...

ARTIGOS RECENTES da Joana Gorjão Henriques (que escreve no Público e The Guardian)

Vídeo
No tempo em que ser guineense não era suficiente para ser cidadão
JOANA GORJÃO HENRIQUES , SIBILA LIND e FREDERICO BATISTA 06/12/2015


Nos tempos do colonialismo português, o guineense tinha de vestir-se como um europeu para provar que tinha direito a ser cidadão. Tinha de assimilar a cultura portuguesa, abdicando da sua identidade. Durante o período colonial, na altura em que era Guiné Portuguesa, estas foram apenas algumas das imposições que marcaram a Guiné-Bissau. Quarenta e dois anos após a independência, para a qual o país avançou unilateralmente, é fácil para os guineenses encontrarem vestígios dessa dominação. Segundo capítulo da série Racismo em Português


A colónia onde todas as Fatumata tinham de se chamar Maria
JOANA GORJÃO HENRIQUES (texto, em Bissau, Bafatá e Cacheu), ADRIANO MIRANDA (fotos) e FREDERICO BATISTA (vídeo) 06/12/2015

Havia um sino que mandava os negros sair do centro da cidade, e até bem tarde dominou o trabalho forçado. A Guiné-Bissau, onde os cabo-verdianos eram usados como capatazes, foi o primeiro país africano a libertar-se de Portugal.

Vídeo
Luís Fernando: "Em Angola não há presos políticos"
JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015

Entrevista a Luís Fernando, administrador do grupo MediaNova, sobre os 40 anos da independência de Angola.

Vídeo

José Patrocínio: "As pessoas têm medo de falar"

JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015
Entrevista a José Patrocínio, fundador da ONG Omunga, sobre os 40 anos de independência de Angola.

Vídeo

Luaty Beirão: "É preciso romper com paradigma que nos arrasta para um abismo"
JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015
Entrevista a Luaty Beirão, rapper e activista, sobre os 40 anos de independência de Angola.

Vídeo

Elias Isaac: "A maioria da população está completamente excluída"

JOANA GORJÃO HENRIQUES e RICARDO REZENDE 11/11/2015

Entrevista a Elias Isaac, Director da Open Society Iniciative of Southern Africa em Luanda, sobre os 40 anos de independência de Angola.

(...)

http://www.publico.pt/autor/joana-gorjao-henriques

Cherno AB disse...

Caros amigos,

O Rosinha faz uma interessante leitura "entre parentesis" do tema e trabalho em apreco, que se eh verdade, tambem eh preciso saber que nem tudo foi assim tao linear e tao rigoroso ao longo dos tempos.

Ate a independencia nao se verificou uma ruptura global e completa do 'status quo' ou do paradigma colonial, mas a situacao nao foi sempre a mesmo por ex. se considerarmos o period que vai de 1969 a 1974 e que coincide com o period de governacao do Gen. spinola.

Eu, por ex. fui matriculado na escola portuguesa em 1969 e fui registado em 1972, mas nao me impuseram a adopcao de um nome portugues. Mas tarde, no quartel, para agradar e conseguir um lugar de faxina escolhi livremente o nome de Francisco, isto porque o portugues de entao fosse ele militar ou civil tinha uma grande aversao a nomes que nao soassem a portuguesa e isto eh tao verdade que em muitos casos os oficiais dos registos civis simplesmente escreviam o que calhava e sempre numa logica que hoje se pode considerar racista e/ou etnocentrica.

Portanto havia casos e casos de modo que nao podemos pegar tudo e botar no saco da discriminacao racial, as vezes eram simples atoitudes de excesso de zelo, de prestar servico a bem da nacao.

Cherno Balde

Juvenal Amado disse...

Em relação ao colonialismo português aconselho vivamente a leitura Cadernos de Memórias Coloniais de Isabela de Figueiredo.

6 edições pela editora Angelos Novus 2009
Reedição em versão melhorada na editorial Caminho mais completa com prefácios de Paulina Chiziane e José Gil.

Sobre a 1ª edição escreve Eduardo Pita- Publico- Uma obra imprescindível para compreender o sentido (ou sem sentido) da nossa presença em África.

Isabela é Moçambicana veio para Portugal em 1975. Escreve sobre o que lá deixou e o que foi chegar a Portugal com 12 anos viajando para um país desconfiado, atrasado, a meio de de uma revolução. Chegar assim sozinha para o seio de famílias que não conhecia, que viviam em casas sem quaisquer condições para a acomodar foi mínimo traumático para ela.

Ex jornalista do DN, estudou Línguas e Literaturas Lusófonas, Sociologia da Religiões e Questões de Género.
É autora de "Conto é Como Quem Diz", novela que recebeu o prémio da Mostra Portuguesa de Artes e Ideias, em 1988
Presentemente é professora de português e é a criadora do Blogue Novo Mundo.

Dito isto acrescento que as poucas vezes que estive em Bissau, não deu para me aperceber o que se lá passava em matéria de exclusão e preconceito. Não me custa porem aceitar, que algum havia em especial para um nativo aceder a um lugar na administração publica ou privada.
Em Galomaro havia um professor negro , rapaz novo e cheio de idealismos, que o PAIGC não deve ter lá muito bem aceite, que teimava em pôr nomes portugueses aos alunos. Assim por lá devem ter aparecido umas Fatumatas,Bintas, Salimatos que se passaram a chamar Maria, Isabel, Fátima e uns Mamadú que passaram ser Manuel, Joaquim, José etc.
Está claro que só chamavam assim na escola

Quanto há forma de vestir em Galomaro andavam sempre "primorosamente" bem vestidos

Um abraço