quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15329: (Ex)citações (299): A tripla vacinação que tínhamos de fazer, antes de embarcar para o CTIG: febre-amarela, cólera e varíola (António M. Sousa de Castro, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74)













Cópias dos certificados internacionais de vacinação contra a febre-amarela, cólera e varíola, emitidos pela Direção do Serviço de Saúde do Ministério do Exército. 


Fotos: © Sousa de Castro (2015). Todos os direitos reservados. (Edição: LG]




1. Mensagem, de 1 do corrente, do [António M. ] Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), na sequência do poste P15307 (*):


Caros amigos,

Não foi só a vacinação contra a febre-amarela (*), foi também contra a varíola e a cólera, conforme se pode constatar no meu certificado de vacinas internacional, passada na Província da Guiné.

Este certificado foi pedido por mim, creio que em Bissau antes de vir embora,  no sentido de poder emigrar. 

Para além disso, tenho os três certificados individuais aquando da vacinação obrigatória antes de embarcar, passado pela Direcção do Serviço de Saúde do Ministério do Exército. (**)

Ao dispor,

A. Castro




2. Comentário do editor:

Segundo o Portal da Saúde  [, Consulta da Saúde do Viajante],  "o Regulamento Sanitário Internacional em vigor estipula que a única vacina que poderá ser exigida aos viajantes na travessia das fronteiras é a vacina contra a febre amarela. Nesse sentido, todos os Centros de Vacinação Internacional devem administrar a vacina contra a febre amarela a todos os utentes que a eles se dirijam, desde que portadores de prescrição médica."

Há, no entanto,  alguns países não autorizam a entrada no seu território sem o comprovativo de vacinação contra outras doenças. "É o que acontece com a vacina contra a doença meningocócica, imposta pela Arábia Saudita aos peregrinos que se dirigem a Meca. A Arábia Saudita exige ainda, como outros países, a vacina contra a poliomielite, a quem é proveniente de um dos quatro países onde o vírus é endémico (Afeganistão, Nigéria, Paquistão e Índia)."

Na época da guerra colonial, havia ainda o risco de cólera e varíola em territórios como a Guiné. O último caso de varíola ocorreu em 1977, na Somália. Foi uma das mais devastadoras doenças infetocontagiosas que os seres humanos conheceram, Foi considerada erradicad pela OMS em 1980. A cólera é uma doença endémica, havendo de tempos a tempos surtos epidémicos em países onde a saúde pública ainda é defiociente (como é o caso da Guiné-Bissau, Angola ou Brasil). A doença é de notificação obrigatória mas a vacinação já não o é, de acordo com o  Regulamento Sanitário Interncional (RSI).

A vacina contra a cólera é recomendada pela OMS para aplicação em viajantes com destino às áreas onde ocorrem casos de cólera, e possa haver contacto com doentes,  mas não é disponibilizada pelo  nosso Programa Nacional Vacinaçãom, não garantindo de resto imunidade duradoura. As únicas vacinas obrigatórias em Portyfgal, hoje em dia, é a do tétano e difteria. Em, setembro de 1971 houve surto de cólera na área metropolitana de Lisboa. Em 1969, o pessoal militar era apenas vacinado contra a febre-amarela, a crer no depoimento do nosso camarada António Tavares.

O atual Regulamento Sanitário Interncional (RSI) está em vigor nos 193 Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 15 de Junho de 2007. É um acordo internacional juridicamente vinculativo. Tem por objectivo a prevenção e o combate às ameaças de saúde pública mundial. (Ver versão em português do RSI, disponível no sítio do INSA).




"Uma caderneta que todo o militar teve no dia da vacinação [contra a febre-amarela]. É de notar que a vacina era dada quase no fim da recruta talvez por hipotéticas reacções negativas do organismo dos militares. Recruta dispendiosa para a Fazenda Pública e a necessidade, maior ou menor, consoante a época do ano, do 'despacho' dos Homens para a guerra. Assim, uma recruta não podia ser perdida nem repetida. Seria tempo perdido para os militares. Os governantes da época pensavam nos 'Prós e Contras' "... Repare-se que o certificado é emitido, em 1969, pela Escola Nacional de Saúde Pública de de Medicina Tropical, criada em 1966.

Foto (e legenda) : © António Tavares  (2014). Todos os direitos reservados. (Edição: LG]

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(...) Cumpridos os procedimentos administrativos que antecederam o embarque para o CTIG, como seja a vacinação obrigatória efectuada no Hospital do Ultramar, sito na Junqueira, Freguesia de Alcântara [Lisboa], uma unidade de saúde que, a par do Instituto de Medicina Tropical [IMT], funcionavam na dependência do Ministério da Marinha e Ultramar e que se destinavam a dar assistência médica aos funcionários civis e militares em trânsito, de e para o Ultramar Português, incluindo os casos com doenças tropicais e infecciosas. (,,,) 

(...) Concluído o processo de vacinação sem efeitos secundários e expirados os dias de férias atribuídos no processo de mobilização, eis que é chegado o dia «D» – o da despedida – e, concomitantemente, o da partida aprazada para 23 de Março de 1972, uma 5.ª feira. (...)


(**) Último poste da série > 3 de novembro de 2015 >  Guiné 63/74 - P15319: (Ex)citações (298): Um peso era manga de patacão... para a bajuda de Mansoa (César Dias, ex-fur mil sapador, CCS/BCAÇ 2885, 1969/71)

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