quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15118: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (13): a Op Mar Verde, a casa de Amílcar Cabral, os prisioneiros portugueses da prisão "Montanha", as alegadas declarações do ten cmd João Januário Lopes (em que um dos seus objetivos era a destruição dos MiG no aeroporto de Conacri) e, por fim, os "internacionalistas cubanos"...

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1. Documentos do Arquivo Amílcar Cabral, alojados no portal Casa Comum, Fundação Mário Soares, reproduzidos com a devida vénia...

Recorde-se as normas deste portal, Casa Comum, sobre os  direitos de autor: a publicação, total ou parcial, deste(s) documento(s) exige prévia autorização da entidade detentora. Devemos respeitar esta norma, tal como gostamos que os outros respeitem as nossas, não utilizando, por exemplo,  abusivamente, sem autorização, ou sem sequer a  identificação da fonte, os nossos textos, vídeos e imagens.

No nosso caso, chegámos a um 'acordo de cavalheiros' sobre a utilização, por parte do nosso blogue, de imagens e documentos disponibilizados pelo portal Casa Comum, e muito em particular os que estão relacionados com a guerra colonial na Guiné (1961/74) (*).

Sobre os tão falados MiG da Guiné-Conacri que terão violado, alguns vezes, o espaço aéreo da então Guiné portuguesa (, de acordo com o José Matos, autor do artigo "A ameaça dos MiG na guerra da Guiné", que publicámos recentemente em 4 postes), bem como sobre os eventuais pilotos do PAIGC em formação na antiga URSS, não encontrámos, até agora, nenhuma referência no Arquivo Amílcar Cabral.  Referências há, e muitas,  mas é aos alunos da Escola... Piloto do PAIGC, em Conacri, onde estudavam os filhos da "nomenclatura" do partido...

Todavia, encontrámos alguns documentos (e nomeadamente fotos) direta ou indiretamente relacionados com a Op Mar Verde (22 de novembro de 1970) que achamos por bem selecionar e reproduzir. Este acontecimento irá levar a uma escalada da guerra, e a um maior apoio não só político como militar por parte da ex-URSS e do seu bloco, incluindo a Cuba de Fidel Castro (que já apoiava o PAIGC desde 1966, em homens, diplomacia  e instrução militar).

Há diversos telegramas com mensagens de repúdio pela invasão de Conacri e de solidariedade e apoio ao PAIGC e ao seu secretário geral, com data posterior a 22/11/1970. Mas não é percetível que esse apoio se traduzisse, de imediato,  em fornecimento de mais armamento ou de novos tipos de armamento (muito menos aviões e pilotos). Os mísseis terra-ar Strela só virão depois da morte de Amílcar Cabral.... Ou pelo menos a sua utilização no TO da Guiné.

Dois anos depois da invasão de Conacri e da tentativa de golpe de Estado contra Sékou Touré (em dezembro de 1972, a um mês do seu assassinato), Amílcar Cabral continuava a frequentar a embaixada cubana em Conacri. Era então embaixador o nosso conhecido Óscar Oramas (que vai ser um dos  biógrafos,  ou hagiógrafo, do dirigente histórico do PAIGC).



Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Palace > Simpósio Internacional de Guileje > 3 de março de 2008 >

Os únicos participantes cubanos, convidados pela organização: (i)  Óscar Oramas [Oliva], antigo embaixador de Cuba na Guiné-Conacri (nascido em 1936, na província de Cienfuegos, diplomata e escritor, estava em Conacri aquando da Op Mar Verde, em 22/11/1970, e aquando do assassinato de Amílcar Cabral, em 22/1/1973); e  (ii) Ulises Estrada [Lescaille] (Santiago de Cuba, 1934 - La Habana, 2014), antigo combatente da Sierra Maestra e "combatente internacionalista" que integrou, como "voluntário", as fileiras do PAIGC. [Chegou à Guiné em meados de 1966, e estava ao lado de Domingos Ramos, chefe da Frente Leste e comissário político do PAIGC, quando este foi atingido mortalmente em 10 de novembro de 1966, por um estilhaço de morteiro, num ataque de artilharia (1 canhão s/r) e infantaria ao quartel de Madina do Boé, segundo a informação que me prestou em Bissau, em 3/3/2008.] (LG)

Foto: © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]



2. Convenhamos que grande parte da documentação deste período, disponível no Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum,  terá, para nós, pouco interesse historiográfico, trazendo poucas ou nenhumas novidades, a não ser eventualmente o último documento abaixo reproduzido (Pasta: 07066.087.006): trata-se de um texto, de 11 páginas, manuscritas, em papel quadriculado, e em que se relata as declarações, proferidas  perante a Comissão de Inquérito da ONU, alegadamente pelo tenente João Januário Lopes,   da 1ª CCmds Africanos, que foi feito prisioneiro em 22/11/1970.  Não sabemos quem é o autor do documento.

Recorde-se que o cmdt da Op Mar Verde, Alpoim Calvão,  deu o ten cmd Januário Lopes como "desertor" (vd. "Operação Mar Verde: um documento para a história”, livro de António Luís Marinho, Círculo de Leitores, 2005).

Neste documento do Arquivo Amílcar Cabral o ten cmd Januário é referido como tendo declarado que um dos objetivos a atingir pelo seu grupo, liderado pelo capitão paraquedista Morais,  era a tomada do aeroporto internacional de Conacri e a destruição dos MiG da aviação guineense", além da sabotagem da pista... O documento, em português, datado  de 29/11/1970, tem por título "Comunicado do Comité de Defesa da Revolução de Kundara" (sic).

Não é demais reconhecer a perseverança, a competência, a qualidade  e o rigor com que foram salvos, recuperados, tratados e disponibilizados, aos estudiosos e ao grande público, os documentos (ou parte deles) do Arquivo Amílcar Cabral. Esse trabalho é mérito da Fundação Mário Soares e dos técnicos do seu Arquivo e Biblioteca, de que é administrador o dr. Alfredo Caldeira. (**) (LG)
____________________



05222.000.418
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Pasta: 05222.000.418
Título: Destruição do Secretariado Geral do PAIGC após o ataque português a Conakry
Assunto: Destruição do Secretariado Geral do PAIGC em Conakry, após o ataque português àquela cidade, em 22 de Novembro de 1970 [Operação Mar Verde].
Data: Novembro de 1970
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias
Página(s): 1


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Pasta: 05222.000.364
Título: Militantes da FLGC capturados após o ataque português a Conakry, em Novembro de 1970
Assunto: Militantes da Frente de Libertação da Guiné-Conakry [oposicionistas ao regime de Sekou Touré] capturados após o ataque português a Conakry [Operação Mar Verde], em Novembro de 1970.
Data: Novembro de 1970
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias
Página(s): 1

05222.000.417
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Pasta: 05222.000.417
Título: Casa de Amílcar Cabral em Conakry, destruída após o ataque português àquela cidade
Assunto: Casa de Amílcar Cabral em Conakry, destruída após o ataque português a Conakry, na República da Guiné, em 22 de Novembro de 1970 [Operação Mar Verde].
Data: c. Novembro de 1970
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias
Página(s): 1
Data: c. Novembro de 1970
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias
Página(s): 1.

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Pasta: 05222.000.417 
Título: Casa de Amílcar Cabral, parcialmente destruída após o ataque português a Conakry
Assunto: Estado da casa de Amílcar Cabral, depois do ataque português a Conakry [Operação Mar Verde, comandada por Alpoim Calvão].
Tipo Documental: Fotografias
Página(s): 1
Data: c. Novembro de 1970
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias
Pàgina8s): 1

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Pasta: 05222.000.412
Título: Convívio entre prisioneiros portugueses e elementos do PAIGC.
Assunto: Jogo de futebol entre militares portugueses, feitos prisioneiros, e militantes do PAIGC.
Data: 1963 - 1973
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias
Página(s): 1


Pasta: 05222.000.204
05222.000.204
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05360.000.026



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Título: Prisioneiros de guerra portugueses em Conakry.
Assunto: Prisioneiros de guerra portugueses nas instalações do PAIGC em Conakry [alguns destes militares pertenciam à Companhia de Artilharia 1690, Geba, 1967/69].
Data: 1967 - 1970
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Fotografias
Página(s): 1

Pasta: 07066.087.006
Título: Comunicado do Comité de Defesa da Revolução de Koundara
Assunto: Comunicado do Comité de Defesa da Revolução de Koundara dando conta da liquidação de trinta e seis "mercenários" e captura de dezoito na Região Administrativa de Koundara. Relatório do procedimento da Missão de Inquérito da ONU encarregue de recolher dados sobre o ataque a Conakry [Operação Mar Verde].
Data: Domingo, 29 de Novembro de 1970 - Segunda, 30 de Novembro de 1970
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
Páginas: 11.


Pasta: 05360.000.026
Título: Amílcar Cabral, Aristides Pereira [e Oscar Oramas] durante uma reunião com internacionalistas cubanos, em Conakry
Assunto: Amílcar Cabral, Aristides Pereira [e Oscar Oramas, Embaixador de Cuba] durante uma reunião com internacionalistas cubanos, na Embaixada de Cuba em Conakry.
Inscrições: Dec. 1972. Reunião com camaradas cubanos.
Data: Dezembro de 1972,
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral.
Tipo Documental: Fotografias.
Página(s): 1


______________

Notas do editor

(*) Vd. poste de 12 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12142: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (1): Comunicado do comandante do setor 2 da Frente Leste, de 27/1/1971, relatando duas ações: (i) A instalação de 2 minas A/C em Nhabijões, acionadas pelas NT em 13/1/71; e (ii) Flagelação ao aquartelamento do Xime, no dia seguinte´

(...) Caro Luís Graça,


Obrigado pela tua mensagem e, como sempre tenho referido, pelo trabalho fantástico que tens feito no blog.

Quanto às imagens solicitadas, levantam-se alguns problemas, que temos procurado evitar. Por isso, proponho a seguinte solução:

(i) Fotografias: cedemos cópia das fotografias com 72dpi de resolução e a dimensão máxima de 400 pixels;

(ii) Documentos: podem ser referenciados com um thumbnail (dimensão máxima 200 pixels) que serve de link para o documento em www.casacomum.org.

Todos estes elementos devem ser devidamente referenciados, conforme consta do campo "Fundo" na descrição que encontra no site.

Espero que entendas a solução proposta, que resulta de compromissos e equilíbrios com outras instituições.

Um grande abraço,
Alfredo Caldeira

Administrador
Arquivo & Biblioteca
Fundação Mário Soares
Rua de São Bento, 176
1200-821 - Lisboa
Tel: (+351) 21 396 4179

Fax: (+351) 21 396 4156
www.fmsoares.pt
www.casacomum.org


(**) Último poste da série > 23 de outubro de  2014 > Guiné 63/74 - P13787: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (12): Em meados de 1962, seis meses antes do início oficial da guerra, já a região de Quínara está "a ferro e fogo", a avaliar por um comunicado de 30/6/1962, assinado pelo comandante do PAIGC Rui Djassi (nome de guerra, Faicam)

9 comentários:

Luís Graça disse...

Pergunta dirigida ao Zé Martins, nosso prezado e dedicado colaborador permanente;

O que sabes das circunstâncias da prisão e da morte do João Januário Lopes ?

E se ele não foi "desertor" ? Não estaremos nós (Alpoim Calvão, Luís Marinho, e outros que têm escrito sobre a Op Mar Verde...) a fazer um "assassínio de carater" ? A cometer um grave erro histórico, pondo em causa a sua honra e o seu bom nome como português, guineense, homem e militar ? Eu recordo-me de ouvir, em francês, na rádio, as suas respostas à Comissão de Inquérito da ONU, uns dias logo a seguir à invasão de Conacri.

Vê aqui o comentário do Cherno Baldé:

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2015/09/guine-6374-p15103-fap-89-op-mar-verde-e.html

O Januário não era fula, era papel, com formação católica,e fez o serviço militar na metrópole...

Antes disso, eu tinha posto o seguinte comentário:
___________________

Luís Graça disse...

José [Matos]: (...) Conheci pessoalmente, em Bambadinca e Fá Mandinga, em 1970, ao tempo da formação da 1ª CCmds Africanos, o ten Januário que. no decurso da Op Mar Verde, se recusou a ir ao areoporto e acabou por se entregar às autoridades locais, sendo depois usado para denunciar o "golpe", condenado e executado umas semanas depois, mais os seus 20 homens (que, creio, seriam fulas, ma sua maioria)... Pertencia à equipa Sierra, do cap paraquedista Lopes Morais. Ouvi, na rádio, com angústia e pena, os seus interrogatórios, em francês, propagandísticos e desmoralizadores...
__________________

Cerno Balde disse...

Caro Luis Graça,

Esta tua conclusão carece de contraditório e foi usada pelo regime ou pelo generalato do CTIG, na altura, para justificar o falhanço da operação na sua generalidade. O Ten Januario e os seus homens eram COMANDOS AFRICANOS...COMANDOS AFRICANOS...que podiam não concordar com certas ordens superiores, mas nunca poderiam pactuar com o inimigo.

Ja se discutiu sobre o tema aqui no blogue e existe a versão de que foram abandonados na precipitação da retirada. No caso vertente, convém esgotar todas as hipóteses antes de proferir afirmações que podem ser erróneas e não dignificam a prestação de homens que sempre foram leais ao seu juramento de honra.

Com um abraço amigo,

Cherno Balde

14 de setembro de 2015 às 14:50

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Anónimo disse...


José Martins

16 set 2015 22:16

Sobre o Januário sei o que vem no livro do Luis Marinho.
O processo do Januário não está acessível, suponho, primeiro porque é africano e, pelo que me apercebi, os africanos têm um arquivo próprio no AGE; depois, pelo que aconteceu e está narrado, não virá a público tão cedo. Por muitas e variadas razões.

Alfa Bravo

Antº Rosinha disse...

Sou de opinião do Cherno, era regra, era lei para aqueles africanos, comandos ou de outra arma, que uma vez do nosso lado, davam a vida pela causa que abraçaram.

Tive essa experiência de fidelidade e irmandade, de crença cega, em que eu e dezenas ou centenas de colegas em Angola, os próprios trabalhadores contratados, nos "protegiam" "avisavam" dos perigos de MPLA, UNITA ou FNLA, em que não depositavam a mínima confiança.

Andavamos a fazer e estudar estradas por toda a Angola sem protecção militar, e esses trabalhadores é que nos garantiam a tranquilidade.

Lembra-me constantemente essa amizade/irmandade, quando de mala na mão me despedi de alguns, e fui para o Brasil em 1974 ano da nossa revolução.

Um deles ainda me perguntou se um dia ia regressar.

Os negros não choram, só as mulheres é que gritam e dançam.

Fico por aqui, porque a minha guerra não é chamada para aqui.

Luís Graça disse...

Rosinha, a tua guerra é tanto tua como nossa... Es um português de lei e de grei. E os caminhos por onde andaste também são os nossos caminhos. Gostei da tua frase: "Os negros não choram, só as mulheres é que gritam e dançam"...

Na página "Nha Gente", há ma foto do João Januário Lopes, quando jovem estudante do Curso de Electricidade da Escola Industrial e Comercial de Bissau... Bem merecia outro dia destino, tal como muitos jovens promissores da sua geração e da sua terra...


http://nhagente-bissau.yolasite.com/foto-03.php

Seria triste que a gente o tivesse a "executar", pelo nosso lado... Fico na terrível dúvida, levantada pelo Cherno Baldé: e se a história dele está mal contada ?




Anónimo disse...

Luis
telefona ao Armando Teixeira (sargento Teixeira-Operação Mar Verde),
pois ele foi ao Aeroporto de Conakri, pode te elucidar.
Ele mora em S.João - Cerva
Ribeira de Pena
Telefone 259 470 209
Ele foi Furriel Miliciano no 1º Pelotão
da C. Caç 412 e em 1964 foi para os Comandos tendo saido creio em 1972 ou 1973
Ele está por dentro de toda a Operação Mar Verde
Alcidio Marinho

Cherno Balde disse...

Caro amigo e irmao Luis Graca,

Voce eh uma pessoa extraordinaria e de grande sabedoria, obrigado por esta tentativa de questionar e de averiguar factos que, a partida, parecem arrumados nas prateleiras da historia, o que eh proprio dos grandes Homens.

O Januario nao era Pepel, era Portugues e ele faz questao de o afirmar no seu depoimento (verdadeiro ou fabricado, eu acredito que seja verdadeiro) e penso que as circunstancias em que tudo aconteceu nos devia levar a ter muitas reservas sobre os relatorios apresentados depois da operacao.

Ainda sobre a op. Mar-Verde, duas questoes:

-E os outros? Sera que os mais de 200 Guineenses de Conakri mobilizados para a operacao tambem desertaram, conhecendo de antemao o destino que lhes seria reservado?

- Alguem sabe quem eh o autor do manuscrito agora apresentado? Se nao eh o A. Cabral, entao eh de uma pessoa (do PAIGC) com uma boa formacao escolar e politica, nao creio que houvesse nesse meio mais de duas pessoas capazes de esbocar um relatorio tao claro e tao politico.

Amigo Luis, como disse o amigo Rosinha, eh isto que nos (Guineenses) esperamos dos Portugueses, isto eh a verdade ou pelo menos muito proximo da verdade. Nao esperamos o mesmo da gente do PAIGC que, regra geral, mentem com quantos dentes tem e nao tem para enganar a nossa gente. Antigamente sabia-se que o Administrador colonial portugues era um estranho que defendia a colonizacao, mas sabia-se que nao mentia as populacoes e quando falava era a palavra de honra de um homem com garantias de que seria cumprida.

Quando os nossos avos e mais tarde os nossos pais


Um abraco amigo,

Cherno AB

Anónimo disse...

PS/_Peco desculpas, com a frase que ficou ao meio queria dizer que os nossos avos e mais tarde os nossos pais (da etnia fula) nao acreditavam na independencia prometida por A. Cabral e o PAIGC e sabiam que entre nos (povos africanos fortemente divididos em tribos rivais) nao era viavel falar de uma independencia sem garantias de um enquadramento supra nacional. Nao foram compreendidos e pagaram um pesado tributo com a decapitacao da sua elite dirigente apos a independencia.

Obrigado pela atencao,

Cherno

Manuel Luís Lomba disse...

Caro Cherno.
Koundara foi o local da primeira base do PAIGC, onde formou e donde procedeu o seu primeiro grupo de combate, para inaugurar a Guerra da Guiné, com o ataque ao quartel de Tite, comandado por Arafan Mané. Na sua expansão, passou a base de retaguarda da Frente Norte, comandada por Osvaldo Vieira, e da Frente Leste, comandada por Domingos Ramos, que morrerá no ataque que desencadeou conta o quartel de Madina do Boé, supervisionado por um capitão cubano. Foi substituído por Paulo Correia, habilitado com o Curso Geral dos Liceus e ex-furriel do Exército Português, tal como o Osvaldo, o Domingos, Rui Djassi, etc., etc., que Luís Cabral, na narrativa do seu aliciamento, em "Crónica da Libertação", elogia como seu subordinado no escritório da Casa Gouveia, culto e sensato.
Será plausível haver sido ele o redactor desse relatório, no contexto da comissão de investigação da ONU, não nessa base do PAIGC, mas na sede do Comité da Defesa da Revolução, jargão peculiar aos paridos comunistas no poder, caso de Sekou Toure, que não era o caso do PAIGC do Amílcar, que ditou o destino desses 36 "mercenários" e dos 18 reaccionários.
A propósito e ironia do destino, os primeiros comandantes do PAIGC, foram "militares nacionais", antes de se metamorfosearem em "militares nacionalistas"...
Abraço e votos da melhor saúde e prosperidades

Anónimo disse...

Camaradas,
Já sabemos, por força de algumas informações aqui publicadas, que a Operação Mar verde não foi, nem bem planeada, nem bem executada, e que redundou em correrias para alcançar os botes que conduziriam ao embarque na esquadra para regresso a Bissau. O próprio Marcelino terá estado por um fio, e não fora a coragem e determinação de um tenente fuzileiro, que o foi recolher a uma margem alvejada pelo IN, e não estaria cá, entre nós.
Segundo o Marcelino me referiu, o grupo do Januário estaria adiante, e envolto em grosso fogachal, o que terá inviabilizado a sua recolha.
Não me compete fazer aqui qualquer avaliação ,,sobre o que tem sido referido, pois falta conhecer muitas outras situações de circunstâncias: ordens, contra-ordens, horários a cumprir para concentração e embarque, pleno conhecimento sobre as condições do embarque, identificação e ligação das NT; eventuais planos de solidariedade e recuperação, quiçá outras. Para já, posso referir que não gostei da culpabilização de Leal de Almeida como gerador de indisciplina na CCA e, na verdade, o major não terá sido punido, até voltou à Guiné como especialista daquela guerra.
Abraços fraternos
JD