terça-feira, 26 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14662: Agenda cultural (405): Lançamento do livro de memórias "Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial", Biblioteca Florbela Espanca, Matosinhos, 3 de junho, 15h30: convite do nosso camarada A. Marques Lopes, cor inf DFA, reformado




Matosinhos > Câmara Municipal > Biblioteca Florbela Espanca [Rua 1 de Maio, 188,  vd aqui localização ]


1.  A pedido o nosso querido amigo e camarada A. Marques Lopes,  coronel inf, DFA, na situação de reforma, ex-alf mil da CART 1690 (Geba, 1967) e da CCAÇ 3 (Barro, 1968),  um dos nossos primeiros  grã-tabanqueiros (, entrou em 2005 e tem, mais  de 200 referências no nosso blogue), dá-se a notícia do lançamento de mais um livro de memórias sobre a guerra colonial na Guiné:


Título: Cabra-cega: do seminário para a guerra colonial
Autor: João Gaspar Carrasqueira
Data de publicação: Junho de 2015
Número de páginas: 582
ISBN: 978-989-51-3510-3
Colecção: Bíos
Género: Biografia
Preço: 19 € (edição em papel)


Sinopse

"Ali, deitado sobre a terra e desejoso de nela se afundar, deixou a sua condição humana, alapado como um coelho que segue os passos do caçador à espera do momento oportuno para fugir. Levantou instintivamente a cabeça por cima do capim que cercava o baga-baga para ver o momento oportuno. Tendo abandonado as suas posições de combate, os guerrilheiros avançavam em linha ao longo da clareira lançando rajadas curtas de costureirinha e kalash. Estava a vê-los, numa imagem de ocasião, sem saber ainda se era real ou imaginária. Fortes, atléticos mesmo, em passadas decididas, senhores da vitória. Despertou nele o animal cujas reacções são comandadas pelo instinto de sobrevivência e, ao mesmo tempo, o animal especial que era domesticado para reagir a determinados sinais e estímulos. Pôs instintivamente em práctica todo o mecanismo de comportamento do animal encurralado por numerosos caçadores. Decidiu rastejar até à orla direita da clareira. Mas antes, lixado com a maçariquice de andar com eles, enterrou os galões camuflados que usava e jurou nunca mais os usar. Achou que não lhe servia ali a Convenção de Genebra, que o seu futuro de prisioneiro seria melhor se não soubessem do seu posto. Uma ideia estúpida avaliar nesses termos a enrascadela em que se encontrava, mas era melhor assim, concluiu".

(Fonte: Chaido Ediora, Lisboa)

João Gaspar Carrasqueira 

"António Aiveca, a personagem principal e real deste livro, nasceu em Lisboa, na maternidade Magalhães Coutinho. Com apenas um ano foi para a terra dos pais no Alentejo, Penedo Gordo, perto de Beja

Aos sete anos regressou a Lisboa, onde fez a instrução primária num colégio de padres de onde saiu para o seminário, donde foi convidado a sair aos vinte anos, resultado de vários percalços.

Esteve cerca de um ano como ajudante de fiel de armazém na AGPL, Administração Geral do Porto de lisboa, em Santos, como ajudante de fiel de armazém. Foi incorporado em Mafra, depois, para frequentar o COM, Curso de Oficiais Milicianos, aí estando sete meses e onde tirou a especialidade de Atirador.

Nove meses depois foi mobilizado para a Guiné, integrado numa companhia metropolitana. Foi ferido em combate e evacuado para o Hospital Militar, na Estrela. Esteve aí em tratamento durante nove meses.

Após isso foi novamente enviado para a Guiné e colocado numa companhia de recrutamento local, isto é, de naturais da Guiné, onde esteve dez meses.

Regressado à metrópole e já consciente dos males da guerra e dos seus responsáveis, foi militante de algumas organizações que lutavam contra o regime e a guerra colonial". 

(Fonte: Chiado Editora, Lisboa)

2. Sobre este obra, de João Gaspar Carrasqueira (pseudónimo literário de A. Marques Lopes), já aqui escreveu o nosso crítico literário Mário Beja Santos (*):

(...) Por intermédio do nosso confrade Marques Lopes, recebi esta "Cabra-Cega" que, segundo apurei, terá o seu lançamento em Junho.

A vários títulos, estamos perante uma obra invulgar, seguimos o itinerário de uma criança pobre educado no seminário até aos 20 anos, faz o 7.º ano enquanto estuda como ajudante de fiel armazém. Segue-se Mafra, e na Amadora vai formar batalhão.

Em impressiva água-forte, regressamos aos anos 1960, quatro aspirantes que foram convergidos à pressa para uma companhia dialogam entre a inocência e um certo fundamentalismo. O capitão Mendonça é uma figura antológica, verão. E depois a Guiné, algures, depois de um rio largo que depois se estreita. E um dia, aquele alferes descobre que está sozinho, a sua tropa debandou depois de um fogo intenso.

E há muito mais para vos dizer. (...)


3. Segundo informação do A. Marques Lopes [, foto atual à direita,] o  livro será apresentado às livrarias do comércio tradicional e aos grandes grupos comerciais (Fnac, ECI, Bertrand, Sonae, Almedina, Auchan, Bulhosa, entre outros) que farão encomenda da obra se assim entenderem. No caso da não-encomenda a obra estará sempre disponível em qualquer balcão através de encomenda.

Em relação ao comércio tradicional, será também enviada para os seguintes espaços:
  • Desassossego: Rua de São Bento, nº 34, 1200-815 Lisboa 
  • Livraria Sousa & Almeida, Lda: Rua da Fábrica, 40-42, 4050-245 Porto 
  • Livraria Nunes: Avenida Boavista 887, 4100-128 Porto 
  • Livraria de José Alves: Rua da Fábrica, n.º 74, 4050-246 Porto 
  • Europa-América Porto: Rua 31 de Janeiro, 221, 4000-543 Porto

Nas livrarias o preço será  de 19 €.  Na sessão de lançamento será vendido a preço promocional de 10 € (**).

___________

Notas do editor:

12 comentários:

Luís Graça disse...

Quero desde já saudar o A. Marques Lopes, historicmante o nosso 4º tertuliano, e que muito contribiu, logo nos primeiros tempos, para enriquecer o nosso blogue....

Cronologicamente, foi um dos nossos primeiros cinco grã-tabanqueiros (ou "tertulianos"): foi o quarto a entrar, depois de mim, do Sousa de Castro, do Humberto Reis e antes do David Guimarães...

Tem de facto mais de 200 referências no blogue, sem contar as muitas dezenas ou algumas centenas de textos e fotos que ele teve a generosidade de partilhar connosco.

O seu silêncio, há largos tempos a esta parte, é agora justificado pela elaboração deste seu livro de memórias, com 500 e tal páginas. Só pode ser um trabalho de grande fôlego. E eu, pessoalmente, só posso desejar que o livro siga o seu caminho e encontre muitos leitores que o leiam e divulguem.

António, desejo-te boa sessão de lançamento no dia 3 de junho, em Matosinhos. Diz depois qualquer coisa quando vieres cá abaixo, a Lisboa, que é afinal a tua terra... Sei que és um "mouro" perdido entre "morcões"...

Um alfabravo. Luis

Anónimo disse...

Esta é uma boa notícia, diria mesmo, sem ler, uma excelente notícia. Por aquilo que se conhece do Marques Lopes e da sua singular caminhada, o livro vai ser daquelas coisas que só nos dará sossego depois de "devorado". Quero um.

Um abraço

Carvalho de Mampatá.

Anónimo disse...

O Marques Lopes mandou-me, a meu pedido, alguns pequenos excertos do livro para publicar, o que vou fazer ainda esta semana... Todos sabemos, da leitura dos seus postes, que ele é um dos nossos camaradas que tem garra e talento para a escrita... O livro promete.

De resto podemos rever-nos, muitos de nós, na história de vida do personagem principal, o António Aiveca. O Marques Lopes (ou, melhor, o João Gaspar Carrasqueira) pega, de resto, num tópico, a vivência numa instituição de educação, como o seminário, que foi fábrica de muitos oficiais e sargentos milicianos, da nossa geração, que fizeram a guerra colonial... Quem saía do seminário, já com estudos teológicos (7º ano ou mais), não tinha grande escapatória: ia automaticamente fazer a tropa e a seguir a guerra; enquanto a população universitária "normal" podia pedir o adiamento do serviço militar, os ex-seminaristas (, em geral oriundos de classes populares, vivendo fora das capitais de distrito, sem acesso ao ensino liceal...) eram os primeiros a "alinhar"... Luís Graça

https://cart3494guine.blogspot.com/ disse...

Camaradas, devo dizer que esta obra do nosso camarada A. Marques Lopes é deveras apaixonante, já o li, é um livro diferente, porquê? Porque não fala em locais, nem números de companhias, obriga o leitor a pensar, ficar de certa forma baralhado sem saber se é ficção ou se é uma história vivida, mas por outro lado sentimos que também ali está um pouco da história de cada um que passou pela Guiné.
Um bom livro,

Parabéns ao autor

Sousa de Castro

Unknown disse...

A Chiado Editora anuncia que estará presente na 85.ª edição da Feira do Livro de Lisboa a decorrer de 28 de Maio a 14 de Junho.
A Chiado Editora terá 6 pavilhões exclusivos dedicados às suas obras e Autores, localizados na zona nascente da feira: D27 | D29 | D31| D34 | D36 | D38
O meu livro lá estará. Um lançamento em Lisboa é uma hipótese a ver,
Abraços
A. Marques Lopes

Chapouto disse...

Caro companheiro e grande amigo e meu sucessor na zona leste com sede em Geba com Camamudo,Cantacunda e o fatídico destacamento de Banjara, tinha todo o prazer ter um livro teu autografado por ti que para mim seria uma obra prima do meu grande amigo
Desejo-te as melhores felicidades para para o lançamento do livro
Um forte abraço do amigo
Fernando Chapouto

Luís Graça disse...

Meu caro António, já tens dois fãs em Lisboa, eu e o Chapouto... Seguramente terás muitos máis fãs nestas terras de moiros, judeus sefardistas e azenegues ... Programa aí uma sessão de lançamento do "Cabra-cega" na capital do império...

Para te abrir o apetite (ou tirar-te da modorra tripeira9, só te direi que Lisboa, menina e moça, nunca esteve tão linda como agora... E as bajudas então, as tugas e as da estranja, são manga delas, são mais que as mães e as formigas bagabaga.

Numa suprema provocação aos machos, ou nem isso, numa clara afirmação do poder no feminino, puro e simples, além da "mama firme", as bajudas "toiristas" andam por aí sem nada por baixo... Tás a ber ?!... De cu ao léu, diria o teu avô alentejano... No teu tempo, não havia nada disto... Diz lá então à bajuda da Chiado Editora para trazer a "Cabra-cega" até á capital do reino de Portugal, dos Algarves e dos além-mares perdidos & achados... Os moiros não são menos que os galegos... Xi-coração. LG

José Botelho Colaço disse...

Que posso dizer do A. Marques Lopes que só conheço de modo virtual, mas ao António grande conhecedor do passado na guerra da Guiné tenho a agradecer a sua disponibilidade para me ajudar no que lhe tenho pedido de algumas situações sobre a guerra da Guiné.
No que o António me demonstrou a sua personalidade foi quando um dia num comentário sobre o Cachil eu contestei e esclareci como se tinha passado a situação, resposta do A. marques Lopes concordo totalmente contigo porque quem escreveu a história não estava lá.
Obrigado A. Marques Lopes de certeza que não vais deixar passar em branco o lançamento do teu livro em Lisboa os camadas do centro e Sul merecem conhecer a obra e o autor.

Um abraço
Colaço.

Cherno AB disse...

Caros amigos,

Aproveito a deixa para felicitar o amigo A. Marques Lopes, o pensador da bolanha S. Jobel, que consegue narrar como poucos os contornos sinuosos dos rios e lalas da Guine e, sobretudo, a forma descomplexada como viu e sentiu a Guerra da Guine.

Um abraco especial para ele e a todos os amigos da TG.

Cherno AB

Luís Graça disse...

António: Não vamos poder caber todos, aí, hoje, às 15h30, na Biblioteca Municipal de Matosinhos!...

Desejamos-te boa sorte para o teu livro!... Já fizeste a guerra, já serviste a pátria, com sangue, suor e lágrimas, já voltaste à Guiné para fazer as pazes com o passado, já fizeste filhos que vão continuar a ter orgulho em ti e no teu/nosso Portugal, já plantaste uma árvore, já escreveste um livro... Enfim, vais continuar a surpreender-nos!

Recebe um alfabravo fraterno dos editores do blogue e dos demais grã-tabanqueiros desta Tabanca Grande que dá a volta à terra, da Austrália ao Canadá!...

Luís Graça

Anónimo disse...

Jaime Machado
3 junho 2015 14:14

Obg lá estarei

Jaime

Luís Graça disse...

Diz-me o António que tem esperança de lançar o livro também em Lisboa, proximamente, na ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas...

Vai ter todo o nosso apoio. LG