quinta-feira, 2 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14429: Blogpoesia (411): A Estrada do Tempo (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381)

1. Mensagem do dia 27 de Março de 2015, o nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), fez chegar ao Blogue este belo poema dedicado a quem vai somando anos à vida nesta caminhada terrestre:


A estrada do tempo

Os dias vão morrendo,
Velozmente,
À sombra do sol poente,
E eu caminho pela tarde acima, lentamente,
Seguindo a estrada do tempo,
Levo comigo um corpo já cansado,
E deixo para trás, o caminho do passado
Perdido no campo árido da saudade.

A estrada do tempo,
Caminha a largo passo
À minha frente,
Marcando-me na face
A vida que me resta
Em forma de rugas,
Empurra-me para a meta da partida
Que me levará para a “outra vida”,
E não me permite fugas.

Assim me foge o tempo para viver,
Aquele regaço de dias
Que Deus me deu ao nascer
No ventre de minha mãe,
Alegremente,
Dias, que vão morrendo um a um
Velozmente,
À sombra do sol poente.

José Teixeira
____________

Nota do editor

Último poste da série > 31 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14423: Blogpoesia (410): Sobre um poema de Herberto Hélder (Francisco Baptista, ex-Alf Mil da CCAÇ 2616 e CART 2732)


1 comentário:

Hélder Valério disse...

Caro amigo José Teixeira

Leio sempre com atenção os poemas que por aqui vão sendo colocados.
Aprecio a capacidade de quem consegue exprimir sentimentos e perspectivar ideias dessa forma.
Como tenho dificuldade (ou incapacidade) para o fazer, valorizo ainda mais.

Acho, também, que esta forma de expressão é ainda mais 'reveladora' de quem a utiliza.

Assim, deste modo, e relativamente ao teu poema, tenho sentimentos contraditórios: por um lado utilizas a imagem do 'tempo que corre' para falares do teu (nosso) tempo que 'escorre' e isso é inevitável ('tempus fugit') mas, por outro lado, mesmo sabendo isso e até o confirmando, parece-me notar algum amargor...

Ora, meu Amigo, do que conheço do teu 'percurso de vida' só deve haver lugar ao louvor, não à lamentação. O que vai perdurar são os aspectos positivos.

Portanto, cabeça levantada e vamos viver o que nos resta, com a dignidade possível e com a sensação do 'dever cumprido'.

Abraço, amigo "esquilo sorridente".

Hélder S.