terça-feira, 31 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14424: Os nossos seres, saberes e lazeres (80): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte I) (Luís Graça)












Alemanha > Potsdam > Bassinplatz > 25 de março de 2015 > Memorial e cemitério militar russo, em Bassinplatz, na cidade de Potsdan, construídos em 1946, contendo os túmulos de 388 soldados e oficiais soviéticos mortos em abril de 1945 na luta pela conquista de Potsdam, a sudoeste de Berlim (mortos em combate ou posteriormente, na sequência de ferimentos graves em combate).

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados


Os russos foram os primeiros, dos Aliados,  a chegar a Berlim. A 30 de abril de 1945 um soldado soviético hasteava a bandeira vermelha no Reichtag. No seu bunker, a cerca de quilómetro e meio, Hitler suicidava-se uma hora mais tarde. Na manhã de 2 de maio, as forças alemãs, cercadas em Berlim, rendem-se aos russos...A cidade foi extensa e intensamente destruída. As marcas da guerra ainda hoje são dolorosamente visíveis para um turista atento como eu, que também participei numa guerra, embora dita de "baixa intensidade"... Na contra-ofensiva russa, seis milhões de soldados russos confrontaram-se, no final da guerra, com três milhões de alemães...

A cidade de Potsdam está, também, associada à  histórica Conferência de Potsdam que decorreu nesta cidade, entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945, e em que os três representantes dos vitoriosos aliados da Segunda Guerra Mundial (EUA, Grã-Bretanha e Rússia) decidiram o futuro da vencida Alemanha, que se tinha se rendido incondicionalmente, no dia 8 de maio de 1945.

Potsdam é hoje a capital do estado federal de Brandemburgo (, com cerca de 2,5 milhões de habitantes). Faz fronteira, a leste, com Berlim, formando a região metropolitana Berlim/Brandemburgo. Potsdam, com cerca de 150 mil habitantes,   deve a sua importância ao facto de ter sido residência dos reis da Prússia e ao seu imenso património histórico edificado. O conjunto, englobando 500 ha de parques e 150 edifícios erguidos entre 1730 e 1916, foi classificado como  Património Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1990. O parque Sanssouci [ do francês, "sans souci", sem preocupação, sem stress...] e em especial o palácio Sanssouci, construído por Frederico o Grande, rei da Prússia,  em meados do séc XVIII, é o ex-libris de Potsdam.

Para além de ser um dos lugares mais turísticos da Alemanha, Potsdam é também um importante centro de investigação e desenvolvimento.  Fica a menos de 30 km de Berlim. Adorei visitar o seu "bairro holandês", para além da visita obrigatória ao parque e ao palácio Sanssouci, residência de verão de Frederico o Grande.  No regresso à estação de comboio, para voltar ao hotel em Berlim,  fui surpreendido por este memorial da II Guerra Mundial [, fotos acima]... E confesso que senti um estranho calafrio ao ver este conjunto escultórico em bronze, de estetética tipicamente estalinista...

Um dos soldados empunha uma pistola metralhadora  Shpagin PPSH 41, de calibre 7,62 mm Tokarev. com tambor de 81 munições...

Veio de imediato à minha memória o som, que nos era tão familiar, da "costureirinha" na Guiné, no meu tempo (1969/71) (**).  Não foi o único arrepio que senti em Berlim, na semana em que lá estive, de férias. Voltava lá cerca de 15 anos depois, desta vez com mais tempo e vagar para descobrir Berlim e os seus  arredores... (LG)

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Luís

Mais caricato é ver o monumento de homenagem ao exército vermelho na antiga zona ocidental de Berlim, de péssimo mau gosto para não dizer horroroso, constituído por tanques e obuses...ahh..estão pintados de rosa..julgo que uma pequena vingança dos alemães.

Ver a palhaçada no antigo "five point charlie" com uns gajos vestidos de GI americanos a distribuir "carimbadelas"

Ao longo da auto-estrada ainda se conservam os antigos postos de vigilância da antiga R.D.A...vi montes de sucata de "trabantes"..simples mau gosto e uma sensação de opressão a pairar no ar..enfim..não gostei de Berlim.

A célebre foto da ocupação do raichstag pelo exército vermelho foi uma montagem..assim como a colocação da bandeira americana em Iwo Jima.
Os vencedores sempre alteraram os factos.

Uma boa estadia.

C.Martins

Antº Rosinha disse...

Da II Grande Guerra não precisámos de monumentos ao soldado desconhecido português.

Foi por pouco, ainda há gente que diz que foi politicamente errado por não termos entrado naquela monstruosidade.

O Luís Graça não trouxe uma foto daquele banco novo muito grande que manda em nós todos, que penso que também fica em Berlim.

Talvez fique para a próxima.

Cumprimentos

Luís Graça disse...


Vd. entrada na Wikipédia:


http://pt.wikipedia.org/wiki/PPSh-41

A Pistolet-pulemet Shpagin 41 (PPSh-41) (em russo: Пистоле́т-пулемёт Шпагин 41) é uma variante da Pistolet-pulemet, concebida por Georgii Shpagin, sendo uma das pistola-metralhadoras mais produzidas em massa na Segunda Guerra Mundial. Utilizada pela União Soviética durante a guerra.

Esta variante veio substituír a PPD, cujo fabricação era cara e demorada. A PPSh-41 foi concebida para ser uma alternativa mais barata. O seu baixo custo baseava-se em não ter parafusos e todas as partes metálicas serem estampadas.

A PPSh não era somente melhor de ponto de vista de fabrição, a sua superioridade também se alargava a outras áreas. Tinha uma taxa fenomenal de tiro, por volta de 900 TPM (tiros por minuto), tal como uma reputação pela sua durabilidade e necessidade de pouca manutenção. Também se pensava que era mais certeira do que muitas armas de outros países, mais caras e complexas.

Cerca de 6 milhões de exemplares desta arma foram produzidos até ao fim da guerra. A sua reputação e disponibilidade fizeram com que divisões inteiras fossem equipadas com ela.

Os próprios Alemães estavam bastante impressionados com a arma, e usavam-na sempre que a capturavam. Devido às dimensões semelhantes do cartucho, 7.62 x 25 mm e 9 mm, somente era necessário um bom adaptador de munições para converter a PPSh-41 para disparar munição de MP38/40. A Wehrmacht oficialmente adaptou a PPSh-41 convertida como a MP717(r).

A PPSh, sobreviveu à guerra, e quer a sua facilidade de construção quer a grande quantidade de unidades disponíveis serviram para apoiar muitos movimentos guerrilheiros apoiados pela URSS.

No entanto, a PPS, apresentava alguns problemas. Ela encravava bastante, especialmente na sua versão de tambor, e a sua alta cadência de tiro, e facilidade de disparo faziam com que rapidamente se gastassem as munições disponíveis, o que provocava inevitavelmente problemas logisticos aos movimentos guerrilheiros. Além disso, em florestas densas, a sua relativa pouca potência tornava-a uma arma relativamente ineficiente.

Luís Graça disse...

Meu caro Rosinha:

Berlim é um imenso estaleiro, desde a reunificação da Alemanha... Os gajos reconstroem tudo... E é tudo à grande.. Há ali muito dinheiro...

Não é um cidade bonita.. Era uma vilória até ao séc. XVIII. Monumentalizou-se quando passou a ser a capital do Reich, no tempo da Prússia. Foi a Prússia, com Bismarck, que fez a Alemanha Moderna.... há menos de século e meio...

... Mas já a 3ª cidade mais turística da Europa... Mesmo em Março, como 8-10 graus durante o dia, estava cheia de turistas...

É óbvio que "eles" tiram partido da diferença de custo de vida que ainda se nota nas "duas" Alemanhas... O muro já não existe, mas ainda há duas Alemanhas...