terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14291: Fotos à procura de... uma legenda (53): Os "Unidos de Mampadá", à despedida, em Nhala, em agosto de 1974... (António Murta / António Carvalho / José Manuel Lopes)


Foto 1A


Foto 1B


Foto 2A


Foto 2B

Guiné > Região de Tombali > Nhala (a nordeste de Buba) > 1974 > Agosto de 1974 >  Os "Unidos de Mampatá", em final de comissão, foram despedir-se dos "periquitos" de Nhala (2ª CCAÇ/BCAÇ 4513)... Recorde-se que a CART 6250 foi mobilizada, pelo RAP 2, partiu para o TO da Guiné em 27/6/1972 e regressou em 24/8/1974. Esteve em Mampatá e Ilondé.Comandante: cav mil inf  Luís de Jesus  Ferreira Marcelino, nosso grã-tabanqueiro.

Fotos (e legenda): © António Murta (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Comentário do António Murta (*) [ex-alf mil inf , Minas e Armadilhas, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513. Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74]

Olá, José Carlos [Gabriel]. Então não te lembras do rapazinho do saco da TAP? Era o Alf Capelão e chegou a ir várias vezes a Nhala em diligências do seu ofício, sujeitando-se às partidas escabrosas dos alferes anfitriões.

Não recordo o nome dele, nem da maioria dos que aparecem nas fotos, embora me lembre de todos. Agora sei os nomes do António Carvalho (camisa aberta, cinturão, cigarro na boca), e do José Manuel Lopes (à esquerda, camisola azul, bigodinho), porque os encontrei aqui na Tabanca Grande. 

Já quanto ao Alf Carlos Farinha, (por trás à esquerda, de óculos escuros, a esconder-se do fotógrafo, aliás, todos os alferes ficaram na parte de trás do grupo), quanto a ele, dizia, nunca me esqueci do seu nome nem do seu rosto, porque chegámos a ser parceiros de "quarto", aquando da minha estadia em Mampatá com o meu Grupo de Combate. 

O Capelão, confesso, não sei se pertencia à CART 6250 de Mampatá. Que eram todos camaradas magníficos, não tenho dúvidas, Cap Luís Marcelino incluído, também ele camarada tabanqueiro.

António Murta (ou só Murta, para os conhecidos!)

22 de fevereiro de 2015 às 00:35 


2. Comentário do António Carvalho (*) [ex-Fur Mil Enf da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74]

Com referência à 2ª foto [2A e 2B]

Na cabine do Unimog: o Zé Manel, da Régua, na frente, de calções às riscas;  e, por trás, o Nina (Mecânico). [Foto 2A]

Entre as Bandeiras: na frente o levanta-minas (Vilas Boas) , de óculos, sentado [Foto 2A]; por trás,  o Vieira da Madeira, de cigarro na boca e bandeira na mâo; por trás deste, o Carlos Farinha (só se lhe vê a cabeça) era o Alferes que substituía o Capitão [Foto 2A].

À direita das bandeiras ( da esquerda para a direita): Quarto da frente, Rato (de camisola vermelha), eu (de camisa camuflada, calças nº 1 e chinelos de dedo), o capelão do Batalhão e o Simões (professor da companhia) [Foto 2B].

Sete de trás: Benvindo ?  Transmissões? Alferes do Pel Caç Nat,  Pinto... O rapaz da camisa à Jimmy Hendrix, seria o  Murta? Alferes Esteves, de Mirandela e o Fernandes de Lisboa (cigarro na mão esquerda) [Foto 2B] (**)

Carvalho de Mampatá

22 de fevereiro de 2015 às 03:37


3. Poema do Josema [José Manuel Lopes], já aqui publicado há uns largos atrás, e onde se evocam alguns dos supracitados "Unidos de Mampatá" (***)... 

[Na altura, em março de 2008, ainda não o conhecia pessoalmente, falávamos ao telefone... Dele escrevi que se tratava de "uma voz muito original, pessoal, uma surpreendente revelação da escrita poética sobre a guerra colonial na Guiné".] (LG]

Calor, cansaço, suor,
saudades de tudo
e de um rio...
mas podia ser pior,
pois há ali o Corubal
com sombras e água boa;
nem tudo é mau, afinal,
não é o Douro, eu sei,
nem o Tejo de Lisboa,
são outros os horizontes,
falta o xisto e o granito,
as encostas e os montes,
mas diga-se, na verdade,
há o Carvalho, 
há o Rosa,
há um hino à amizade,
há o Gomes e o Vieira,
a sonhar com a Madeira,
há o Farinha e o Polónia,
gestos [d]e solidariedade,
há o Esteves e o Pinheiro,
amigos e sinceridade,
há o Nina e até amor,
também sofrimento e dor,
há o desejo de voltar
e um apelo à liberdade.

Josema

Mampatá, 1974


[fixação de texto: LG]
________________


(**) Último poste da série > 15 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14261: Fotos à procura de... uma legenda (52): a boeira, de Candoz, também conhecida por alvéola ou lavandisca, noutros sítios (Luís Graça)

(***) Vd. poste de 28 de março de 2008 >  Guiné 63/74 - P2694: Poemário do José Manuel (5): Não é o Douro, nem o Tejo, é o Corubal... Nem tudo é mau afinal.... Há o Carvalho, há o Rosa...

Para ter acesso à maioria dos poemas publicados (série "Poemário do José Manuel"), vd  poste de 29 de setembro de  2009 > Guiné 63/74 - P5033: Poemário do José Manuel (30): O sol queima em Colibuia...

Vd. ainda poste de 27 de fevereiro de 2008 >  Guiné 63/74 - P2585: Blogpoesia (8): Viagem sem regresso (José Manuel, Fur Mil Op Esp, CART 6250, Mampatá, 1972/74)

7 comentários:

A. Murta disse...

Olá, camaradas.
Fartei-me de rir com a confusão que vai nas nossas cabeças. Já passaram mais 40 anos e a PDI não perdoa...
Se calhar fiz mal em não ter enviado uma dessas imagens com as etiquetas que lhe pus a identificar, ao menos, aqueles de quem tenho referências, mas pareceu-me uma imagem demasiado gráfica.
Mas eu não sou o camarada em cima do Unimog e aquele que é indicado como sendo Rato, pelo António Carvalho, tenho indicação (tirada de onde?) de que se trata do Fur. José Pedro ROSA, citado neste lindíssimo poema do José M. Lopes.

Um abraço
António Murta.

Luís Graça disse...

Camaradas, será que mudámos assim tanto, física e psicologicamente, ao fim destes 40/50 anos ?

Achei piada o comentário anterior do Manuel Carvalho, irmão do Carvalho de Mampatá, o TonI:


"Toni, já agora podias identificar o pessoal porque, apesar de sermos irmãos nem a ti te conheço e os outros muito menos. Ao olhar para aqueles rostos não consigo ver ninguém com cara de querer continuar por ali. E tão pouco saber quem ganhou ou quem perdeu a guerra."

Este comentário diz "muito" sobre nós... E vai ser tema de uma sondagem... LG

Anónimo disse...

Mario de Oliveira
24 fev 2015 13:26


Prezado Camarada Luis Graca:

Participo gostosamente [nesta sondagem], porque sinto que não mudei muito.

Agora, no aspecto de "reconhecer ou conhecer" quem e quem, francamente falando, creio levo um "zero"​ na "nota" porque a minha vida não me dava para "fixar" rostos.

Vamos a ver! A minha vida era uma "labuta" constante, com a "máquina de filmar" (inexistente) das meninas dos meus olhos, concentrada em dezenas-centenas (se nao milhares) de rostos, na azafama diária de atender a clientela [, em Bissau], não me permitindo muita concentração em "rostos".

No entanto, creio ter sido mais fácil aos meus camaradas "fixarem-se em mim" que eu neles.

Respondendo à sondagem...

4. Não, não mudei muito

5. Não mudei muito fisicamente

6. Não mudei muito psicologicamente

Abraco

Mario S. de Oliveira

Anónimo disse...

Henrique Cerqueira
24 fev 2015 13:48


Luís Graça:

Na verdade é indesmentível que todos nós ao fim destes anos tenhamos sofrido diversas alterações , tanto físicas como psicológicas.

Na maior parte das vezes eu não me sinto à vontade em encontros com antigos camaradas precisamente porque o tempo se encarregou de na maior parte dos casos nos provocar tais alterações fisionómicas que tenho sempre dificuldade de reconhecer os camaradas.

Claro que há casos em que a malta vai envelhecendo mas os traços físicos se mantêm sem grandes alterações.

Mas o mais grave para mim é o esquecimento do nome desses camaradas e até o desconforto de ter de perguntar:

- Então diz lá como te chamas…

E ainda pior quando esse mesmo camarada me reconhece perfeitamente e passa o dia a me tratar pelo nome e eu…( pois… pá…sim pá….claro camarada… ).

Chego a pontos que começo a pensar que algo de grave se passa a nível de memória. Por exemplo, sinto-me perfeitamente á vontade a comunicar com qualquer um pelos blogues ou facebook e estou sempre a imaginar as nossas fisionomias de quando eramos camaradas durante a tropa.

Acredita, Luís, que na maior parte das vezes tem sido um dos motivos de inibição de participar em encontros da malta especialmente quando são abertos a grandes grupos. É claro que frequento periodicamente uns almoços com alguns camaradas mais próximos e com esses já estou adaptado ás evolução natural das nossas fisionomias.

Olha, Luís, nem sei porque estou aqui com esta conversa toda,mas senti-me impelido a te escrever sobre o tema das sondagens .

Um abraço.
Henrique Cerqueira

PS - Espero que este ano nada me impeça de ir ao encontro da Tabanca Grande... Até porque grande parte da malta eu conheço do blogue.

Luís Graça disse...

Meu caro Henrique:

Não penses que só tu tens esse "problema" do não imediato reconhecimento dos antigos camaradas de tropa e de Guiné... Eu, e muitos de nós, sofremos dessa "amnésia"...

Apreciei, deveras, a tua sinceridade, e pensei que deveria partilhar esta tua nensagem com os muito leitores da nossa Tabanca Grande (onde se incluem muitos dos nossos camaradas de Guiné, tºao "amnésicos" como tu e eu)...

Acredita que, se não existisse este blogue (e, por via dele, muitos dos outros blogues e páginas na Net que nasceram à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande), muitas das nossas memórias, fragmentadas, de há 40/50 anos, poderiam resumir-se hoje a um punhado de areia...

A memória exercita-se... ou morre. É o armazenamento das nossas memórias (e a aprendizagem) é um complexo processo neurobiológico, cultural e social...

Sem memória, tornamo-nos num vegetal... Valha-nos, por isso, também este nosso blogue onde juntos partilhamos memórias (e afetos)...

Obrigado, Henrique, deste o pontapé de saída para mais uma sondagem, tu e o Mário de Oliveira.

E espero poder conhecer-te ao vivo, mais a tua querida Ni, no nosso glorioso X Encontro Nacional, em Monte Real, no próximo dia 18 de abril... Há coisas que não existem no céu, só cá terra... Temos que aproveitá-las, bem... Um xicoração, irmão e camarada. Luis

Anónimo disse...

Carlos Pinheiro
24 fev 2015 14:29

Procurando responder ao inquéritro da semana:

Acho que as respostas naturais, quanto a mim, serão: 2 e 3.

Carlos Pinheiro

Anónimo disse...

Caro murta:

o rapaz da camisa vermelha pode não ser o Fur. Rato, mas o Fur.José Pedro Rosa do Obus 14 não é, visto que mesmo agora lhe perguntei e ele não se reconhece como tal. De resto, o Zé Pedro tinha regressado a Bissau, antes de nós.
Vê se podes ajudar na identificação dos outros.
Um abração
Carvalho de Mampatá.