segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14288: Agenda cultural (378): Acaba de sair o livro de Sofia Branco, "As mulheres e a guerra colonial" (A Esfera dos Livros, 2015, 384 pp.)... Lançamento a 26 de fevereiro, na Póvoa do Varzim (Correntes d'Escritas) e 4 de março em Lisboa (A25A)

 








Press release da editora A Esfera dos Livros. O livro saiu a 20 do corrente. Será também lançado na Póvoa de Varim, terra natal da autora,  a 26 (vd. sítio Correntes d'Escritas). Em Lisboa, será lançado a 4 de Março, às 19h30, na Associação 25 de Abril (A25A).

O nosso blogue colaborou com a autora fornecendo ideias e contactos de camaradas nossos e de amigas nossas (mães, filhas, mulheres, namoradas, madrinhas de guerra de camaradas nossos) que a autora entrevistou. Sofia Branco é jornalista de profissão e presidente do Sindicato dos Jornalistas.

Sobre ela já aqui  em tempos referimo-la como um exemplo, feminino, pioneiro, na abordagem da Mutilação Genital Feminina:

"A Sofia Branco tem-se destacado, nos últimos anos, como jornalista, competente, corajosa, lúcida e empenhada, na investigação e divulgação do problema da Mutilação Genital Feminina na Guiné-Bissau"...

Vd. poste de 15 de setembro de  2008 > Guiné 63/74 - P3208: Pensamento do dia (16): E não se pode exterminá-la ?... A epidemia de cólera em Bissau (Sofia Branco,Público)

Sobre ela escreveu também o Jorge Cabral:

(...) Creio que o impacto dos artigos da Sofia Branco, publicados no Jornal Público em 2002, se deve principalmente à informação de que a Mutilação Genital Feminina ocorreria em Portugal. Também pela Europa as preocupações aumentaram com a possibilidade da prática ser cá efectuada, dada a corrente migratória. Julgo, porém, que toda a Mutilação Genital Feminina é igualmente grave, devendo ser denunciada e combatida, independentemente do lugar onde seja efectuada. A universalidade dos Direitos Humanos impõe-nos que sintamos toda a sua violação, como violação dos nossos direitos. A mutilação de uma menina no Sudão constitui uma ofensa à minha condição de homem livre, até porque a minha liberdade só pode ser assumida em plenitude, num Mundo de Homens e Mulheres Livres. (...)

Vd. poste de 10 de março de 2007 > Guiné 63/74 - P1580: Fanado ou Mutilação Genital Feminina: Mulher e direitos humanos: ontem e hoje (Luís Graça / Jorge Cabral)

Vd. também:

25 de setembro de  2007 > Guiné 63/74 - P2131: Mutilação Genital Feminina: É crime, diz explicitamente o novo Código Penal (A. Marques Lopes / Luís Graça)

4 comentários:

Luís Graça disse...

Ainda sobre a Sofia Branco e o seu envolvimento com a problemática da Mutilação Genital Feminina, vd. aqui entrevista dada por ela à Amnista Internacional.

_______________

Sofia Branco
Jornalista
Jornalista da agência Lusa desde 2009, trabalhou antes no
jornal Público, durante uma década. É professora convidada no
Mestrado em Estudos sobre as Mulheres, da Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Em 2002 realizou uma primeira reportagem sobre Mutilação
Genital Feminina e desde então investigou a temática e realizou
várias reportagens, primeiro em Portugal, depois na Guiné-
Bissau. Pode lê-las aqui. Por estes trabalhos recebeu vários
prémios. É ainda autora do livro Cicatrizes de Mulher.


http://www.amnistia-internacional.pt/files/Entrevista_SofiaBranco.pdf

Luís Graça disse...

Sobre o seu último livro "As mulheres e a guerra colonial", Sofia Branco, em entrevista à "Sábvado" (21 de fevereiro de 2015), disse o seguinte, entre outras coisas:

(...)


Sábado

21 Fevereiro 2015 • Joana Carvalho Fernandes

Durante dois anos, a jornalista Sofia Branco percorreu o País para ouvir histórias de 49 mulheres que viveram a guerra colonial – das que combateram, como as paraquedistas, às que ficaram na retaguarda, a rezar, a militar na resistência ou a escrever cartas de amor. O livro As Mulheres e a Guerra Colonial está à venda desde sexta-feira. (...)

(P) Conta a história de 49 mulheres, repartidas por 13 capítulos, um por cada ano de guerra. Como é que as escolheu?

(R) Perguntei-me o que eram elas naquele período – mães, irmãs, namoradas, filhas – e se tinham vivido a guerra como eles, em África, com eles, ou se tinham ficado aqui à espera. E quis fazer um retrato social abrangente.


(P) A guerra continua a estar muito presente na vida destas pessoas?

(R) Há um efeito social que permanece. Muitos ex-combatentes trouxeram a guerra para casa. E a família não é protegida. A última história do livro é a da filha de um ex-combatente, que conta que estavam à mesa sempre à espera do momento em que o pai explodiria. Ela conta que enquanto ele brincava com os filhos eles sabiam que ia chegar o momento em que ele os punha a fazer flexões. O psiquiatra Afonso Albuquerque, especialista em stresse pós-traumático, explicou-me o efeito disto ainda hoje: quando olhamos para as notícias de homens que mataram as mulheres vemos que eles têm 60, 70 anos. Ele diz que são todos ex-combatentes. Ainda hoje é um pesadelo fazer com que o Estado reconheça um doente de stresse pós-traumático. Falei com pessoas que passaram por 14 comissões de verificação. (...)


http://www.sabado.pt/vida/detalhe/13_perguntas_sobre_13_anos_de_guerra_colonial_no_feminino.html

Anónimo disse...



Escrevi um dia neste blogue, sem certezas, mas conhecendo a força das mulheres, que quem fez o 25 de Abril não foram os capitães, mas sim as suas mulheres cansadas de ser viúvas, tão novas,e a ter que criar os filhos sem a ajuda e companhia dos pais pelas ausências prolongandas deles. Não sei se a Sofia Branco, ainda não li o livro,terá feito um estudo sobre isso mas talvez que se se fizesse um inquérito a esses casais, tantos anos a viver à distância, se chegasse a essa conclusão.

Francisco Baptista

Anónimo disse...



Quando escrevi, no comentário anterior,"mas sim as suas mulheres cansadas de ser viúvas tão novas" devia ter escrito, essa era a minha intenção, "mas sim as suas mulheres nque semdo casadas, estavam cansadas de viver como viúvas, ainda tão novas"
As minhas desculpas.

Francisco Baptista