terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Guiné 61/74 - P14165: Memória dos lugares (283): Gadamael... O enigma do acrónimo ou sigla ASCO que consta de um edifício em ruínas (que era messe de oficiais no tempo da CART 2410...) pode estar decifrado: trata-se de uma filial da empresa sírio-libanesa Aly Souleiman & Companhia (Luís Graça / Mário Vasconcelos)


 Um dos muitos anúncios de casas comerciais que existiam na Guiné em 1956. A empresa  Aly Souleiman & Companhia, com sede em Bissau, tinha filiais em diversos  pontos do território da Guiné, de norte a sul, ncluindo Bafatá e Gadamael. "Aly Souleiman  (apelido grafado à francesa...),  e não "Ali Suleimane" (à portuguesa) era um  próspero comerciante sírio-libanês.

 O acrónimo da empresa era ASCO, tal como o seu endereço telegráfico... Algumas das mais importantes empresas estrangeiras, e nomeadamente as de origem francesas, com negócios no Senegal e na Guiné portuguesa, usavam acrónimos: NOSOCO, SCOA, CFAO... Está, definitivamente, explicado o  mistério do acrónimo ASCO que aparece num edifício de Gadamael, e sobre o qual já especulámos bastante


Foto: © Màrio Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto: © Màrio Vasconcelos (2015). Todos os direitos reservados [Edição: LG]




Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CART 2410 (1968/69) > Messe e quarto de sargentos... Neste edificio funcionou a filial da empresa ASCO - Aly Souleiman & Companhia...  A misteriosa sigla, A.S.C.O., já lá estava nessa época, e continua lá. (*)

Foto (legenda): © Luís Guerreiro (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outbro de 2010 > Detalhe  de um edifício abandonado, possivelmente dos anos 30/40 do Séc. XX > "Antiga messe de oficiais e depois hospital", escreve o Pepito, na legenda... Surpreendente foi, para  nós, a sigla ou acrónimo A.S.C.O. que encima a parte superior da parede lateral do edifício, com as letras ainda perfeitamente legíveis e bem conservadas, contrariamente ao resto do edifício, em ruínas... Tudo indica que essas letras tenham sido fixadas na parede em data posterior à construção do edifício (**),

Foto: © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Já aqui publicámos vários postes sobre esta sigla misteriosa... A hipótese de ser de uma casa comercial que por aqui terá existido antes da guerra, já tinha sido ventilada... 

Ontem, ao editar o poste P14164, e ser confrontado com o anúncio da casa comercial Aly Souleiman & Companhia, fez-se-me  luz e exclamei:

"Eureka!... Está decifrado o enigma da palavara ASCO erm Gadamael!"...

Este anúncio veio publicado na revista "Turismo", edição de janeiro/fevereiro de 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2 (número temático dedicado à Guiné, então a atravessar um período de expansão comercial, havendo lojas por todo o território).

Este e muitos mais anúncios de casas comerciais foram-nos facultados, para apreciação e eventual publicação,  pelo nosso camarada Mário Vasconcelos (***). 

A princípio era uma pista, mais concreta e verosímil... Mas havia um pequeno problema: qual o significado do O final ?... A sigla ou acrómimo aparece na parede sob a forma de quatro letras, separadas por um ponto: A. S. C. O. Trata-se seguramente de abreviaturas... Poderia ser Aly Souleiman & Companhia ?

Hoje não temos dúvida: na sequência de uma análise mais atenta e detalhada do anúncio  comercial , de 1956, verificamos que a sigla ASCO   é o endereço telegráfico da firma! (****)

Há uma diferença entre sigla e acrónimo:

Sigla é o vocábulo formado com as letras ou sílabas iniciais de uma sequência de palavras e que geralmente se pronuncia soletrando o nome de cada letra (ex.: UE = União Europeia; FMI= Fundo Monetário Internacional; OMS = Organização Mundial de Saúde; PAIGC=Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde; UNL = Universidade NOVA de Lisboa)

Citação: "sigla", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/sigla [consultado em 20-09-2017].

Acrónimo é a alavra formada com as letras ou sílabas iniciais de uma sequência de palavras, pronunciada sem soletração das letras que a compõem (ex: OVNI = Objecto voador não identificado, PALOP = País africano de língua oficial portuguesa; FRELIMO=Frente de Libertação de Moçambique).

"acrónimo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/acr%C3%B3nimo [consultado em 20-09-2017].
______


3 comentários:

Luís Graça disse...

O nosso saudoso Pepito refere-se ao Aly Souleiman como um pequeno comerciante libanês (a par de Amud ElAwar, Michel Ajouz e outros),
no seguinte escrito:

19 DE JANEIRO DE 2013

Guiné 63/74 - P10966: Amílcar Cabral, um agrónomo antes do seu tempo (Carlos Schwarz, Pepito, eng agr) (Parte I)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/01/guine-6374-p10966-amilcar-cabral-um.html



(...) "Um agrónomo que quisesse de facto exercer a sua profissão, teria de optar pela Guiné, onde tudo podia ser feito, onde tudo estava por fazer e onde a quase totalidade dos habitantes eram pequenos agricultores “indígenas”.

Acompanhava-o a sua primeira mulher, Maria Helena Rodrigues, silvicultora, que chegando 3 meses depois dele, ia conhecer pela primeira vez a cidade de Bissau, nessa altura uma pequena urbe com muito poucos habitantes, espalhados por duas zonas distintas: de um lado a cidade colonial, dita “civilizada”, que incluía a Fortaleza da Amura, o agora chamado “Bissau Velho”, o porto de Pindjiguiti e a avenida da Republica, hoje Amílcar Cabral. Esta parte estendia-se até ao monumento “Esforço da Raça” e Palácio do Governo, nessa altura ainda em construção; do outro, à volta do centro, localizava-se a parte popular, dita dos “indígenas”, onde vivia maioritariamente a etnia pepel.

Era na parte colonial que moravam os poucos intelectuais presentes no país e se encontravam localizadas as grandes firmas estrangeiras como a NOSOCO e a SCOA, às quais se juntavam as portuguesas (A.C. Gouveia, Barbosa & Comandita, Álvaro Camacho e Sociedade Comercial Ultramarina, entre outras) e uma enorme plêiade de pequenos comerciantes libaneses como Mamud ElAwar, Aly Souleiman, Michel Ajouz, etc."

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
Já ficámos a saber o que queria dizer a sigla A.S.C.O.. Mas reparem no anúncio. Onde seria a localidade de "Contubo"? De novo se pode ver a displicência com que se tratava o Ultramar. Sabemos onde fica Contubuel. Reparem que esta empresa salpicava a Guiné com a sua actividade que, no fundo, não era diferente das outras. A casa da A.S.C.O. em Gadamael era idêntica às outras, por certo, o que dá um ar de desenvolvimento muito discutível. Há aqui mais um "indício técnico" a guardar no sótão do colonialismo, sendo certo que os factos em História acontecem por certas causas e nunca porque sim!...
Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Camaradas:
Descoberta a propriedade da casa A.S.C.O, no meu tempo (65/67), alojamento de Sargentos e Secretaria, é preciso descobrir quem teria residido na outra casa, mais afastada do rio. Tinha no corpo principal 3 divisões e quarto de banho.Com ligação à casa, situava-se a cozinha com forno. Alojava os Oficiais e o Comando. Encostadas ao corpo principal, havia outras instalações que acolhiam a Enfermaria e as Transmissões.
Um abraço - Manuel Vaz