sábado, 15 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12842: Bom ou mau tempo na bolanha (48): Bolanhas em dois continentes (Tony Borié)

Quadragésimo oitavo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66.




Lembrando o Iafane, o tal barqueiro do rio Mansoa, que naquela barraca, existente do lado norte da ponte do rio, ia construindo a sua nova canoa, enquanto fumava com o Cifra os tais cigarros feitos à mão. Talvez seu pai, seu avô, ou os seus antepassados tivessem construído canais e superfícies agrícolas, naquelas terras alagadiças a que principalmente nós os militares, chamávamos bolanhas, que circundavam esse mesmo rio, principalmente na altura da maré cheia, que se enchia de água turva, cheia de lama e outras espécies.

Talvez nessa época, do lado de cá, neste continente, os primeiros habitantes da região onde hoje é a cidade de Phoenix, no estado do Arizona, que foram os índios “Hohokam”, tivessem construído canais para tornar a região próspera, principalmente para a agricultura, só que esses canais, em lugar de trazerem água do rio Mansoa, lá na Guiné, traziam água do “Salt River”, que ficava neste estado do Arizona, um pouco mais a sul.


Estou a falar-vos da cidade de Phoenix, no estado do Arizona, que é a capital e a cidade com mais população neste estado, onde nos dizem que inicialmente este território era domínio do “Império Espanhol”, e que a cidade começou a desenvolver-se por altura de 1860, quando o governo americano construiu o “Fort McDowell”, que estava localizado nas proximidades de onde hoje está a cidade de Phoenix.


Para abastecer o forte, Jack Swilling, que na altura devia de ter alguma influência e, claro, algum poder financeiro, veio com as tropas para esta região, onde construiu um “rancho”.
Nessa altura, iniciaram a recuperação, reconstruindo os tais canais, inicialmente construídos pelos índios “Hohokam” e, aquela região deserta passou a abrigar uma produção forte, especialmente de trigo.

Assim foi fundada talvez uma vila ou aldeia, que começou a ter um desenvolvimento mais expressivo a partir do final do século dezanove, pela sua importância como caminho para o próspero Oeste, na “corrida ao ouro”, principalmente para o estado da Califórnia, recebendo uma grande quantidade de produtos e serviços, assim como a chegada do caminho de ferro a esta região, que por coincidência ou não, se dá também por essa mesma altura.



Ora nós, ainda era manhã, seguindo no nosso carro utilitário, alugado na cidade de Tucson, com o tal espírito aventureiro, felizes por estarmos ainda vivos, sem dores de momento, ouvindo música “country”, e digo o “tal espírito aventureiro”, que todos nós tivemos, não só quando jovens, pois só assim se compreende a nossa aventura, deixando a nossa aldeia, vila ou cidade, seguindo para África, acantonados no porão dum barco de carga, olhando uns para os outros, sem condições ou qualquer informação do lugar para onde íamos passar dois anos, arriscando a vida todos os dias, sofrendo entre outras coisas, humilhações, vendo companheiros a quem tínhamos falado uns momentos antes, mortos, outros sujos de sangue. Muitas vezes andávamos com fome, onde o álcool substituía os alimentos, havia falta de medicamentos de primeira necessidade, todo aquele ambiente de angústia e sofrimento, que todos nós, antigos combatentes sabemos e, podem escrever milhões de palavras, quem sabe o que foi uma guerra de guerrilha, lá em África, somos nós, mais ninguém, pois sofremo-la no corpo.

Continuando, por favor, “não mais guerra”, vamos sorrir, tomámos a rota do norte, seguimos pela estrada número 17, depressa atravessávamos zonas desertas, com uma povoação aqui e ali, normalmente um pouco retirado da estrada, dando a entender que eram comunidades de casas pré-fabricadas, “rasteiras”, que se confundiam com a pouca vegetação que por ali havia, sempre uma “pick- up” ou duas, já antigas na frente ou no lado dessas casas.


Depois de percorrermos aproximadamente umas 40 milhas, passamos pelas ruínas de “Agua Fria National Monument”, onde se encontram mais de 450 diferentes estruturas de aldeias de “Native Americans”, que formam este monumento, que são estes “pueblos”, ou seja aldeias, onde algumas têm mais de 100 ruínas de casas. Toda a área está protegida, tanto as ruínas, como as plantas e animais que as rodeiam.


Mais à frente passámos pela cidade Camp Verde, onde não parámos. Continuando a nossa rota em direcção ao norte surge-nos a cidade de Sedoma, onde parámos. Hoje, no nosso entender é uma cidade com muito turismo, para onde se deslocam muitas pessoas, algumas até aqui fixam residência, pois a sua altitude, 4500 pés, (1372 metros), e o seu clima suave, tanto no inverno como no verão, fazem desta cidade um bom lugar para viver.


Está situada na parte alta do Deserto de Sonora, deve de ser a cidade onde há vestígios de presença humana, mais antiga nos USA, pois dizem que 11.500 até 9.000 anos AC, já por aqui andavam pessoas, que habitavam a região a que hoje chamam “Verde Valley”, está rodeada de pequenas montanhas de areia vermelha, com lugares estratégicos, onde se pode admirar a natureza, principalmente ao pôr do sol. Também dizem que é uma cidade “Hollywood”, pois já se rodaram aqui mais de 60 produções, que com o tempo se tornaram famosas, e também por aqui andaram e viveram “Estrelas de Hollywood”, como por exemplo, Errol Flynn, John Wayne, Joan Crawford, James Steward, Robert Michum ou Elvis Presley, chamam-lhe mesmo, “Arizona’s Little Hollywood”!.


Nas montanhas, vêm-se pessoas pintando a paisagem, com um azul no céu, talvez único neste universo. Gostávamos de ter dormido aqui, mas o preço dos hotéis não estava de acordo com as nossas possibilidades financeiras, portanto, a solução foi rumo ao norte e dormir na cidade que faz parte do itinerário da célebre estrada, “Route 66”, a que chamam de “Flagstaff”, cuja economia ainda hoje sobrevive entre outras coisas, à custa da madeira que fornece para as traves do caminho de ferro, onde perguntamos a uma simpática senhora qual a comida original desta área. Logo nos respondeu que os seus pais comiam carne de búfalo! Já tínhamos comido carne de búfalo na então província da Guiné Portuguesa, onde um familiar do Iafane, o tal barqueiro do rio Mansoa, esperava esses animais, pela madrugada, quando vinham beber água à bolanha de Porto Gole, e lhe “pregava dois tiros nos cornos”, tal como nós militares dizíamos, com a sua velha “mauser”, que já não tinha bandoleira, mas que ele usava, pois também colaborava com as tropas portuguesas, servindo de guia e tradutor.

Tony Borie,
Março de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12809: Bom ou mau tempo na bolanha (47): De Encheia pediram reforços (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P12841: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (4): Teixeira Pinto, adaptação às pessoas e ao terreno

1. Quarto episódio da série "Acordar memórias" do nosso camarada Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974):


ACORDAR MEMÓRIAS

4 - TEIXEIRA PINTO, ADAPTAÇÃO ÀS PESSOAS E AO TERRENO


Edifício Sede da Administração Civil em Teixeira Pinto. Estava situado em frente à porta de armas, no início da avenida principal. A casa do administrador já ficava dentro do retângulo do quartel e era uma boa casa com um belo jardim.


Teixeira Pinto, Junho de 1973

Ia entrar no 6.º mês da minha comissão na Guiné, e desde a primeira semana a sonhar com os 35 dias de licença regulamentar, que cheguei a sentir em perigo com a ameaça de uma “porrada”, quando ainda estava na terceira semana.

Já tinha superado muitas dificuldades de adaptação e de funções – adaptação ao clima, a um ambiente pouco hospitaleiro e corrosivo, os perigos e os medos, as saudades torturantes. Já conhecia as tabancas das redondezas de Teixeira Pinto, onde patrulhava de noite e de madrugada em patrulhas de proximidade e segurança, por vezes com emboscadas faz-de-conta (tipo guarda noturno) e durante o dia, em visitas de “A. Psico”.

Já conhecia alguns dos usos e costumes dos manjacos, da sua cultura e religião, tendo assistido a algumas das suas manifestações. Já tinha sentido e vivido o encanto das suas paisagens e dos sons das suas noites, das suas festas e dos seus choros. Tinham sido meses de intensa aprendizagem e atividades diversificadas.

Foto tirada em Caió, em passagem para uma visita a uma das Ilhas, Pecixe ou Jeta. Fazia “escolta” e companhia ao Alf. Médico Mário Bravo (ao centro). Ao meu lado, o Alf. Mil. Teixeira (?) da CCS. Era o responsável pelo parque-auto e pelos mecânicos do batalhão. À direita do Mário Bravo, o Alf. Mil. Moreira, que estava na sede da companhia em Carenque. Era pacífica esta zona do chão manjaco; Só os mosquitos atacavam. Apetece lá voltar.

E também já tinha muitos quilómetros de estrada, em escoltas a colunas, ao Cacheu e a João Landim. Já levava 2 meses de mata, do Balenguerez a Ponta Costa. Muitas horas de mil perigos e sofrimentos e algumas noites no “hotel estrela da mata”, entregues a nós próprios e aos mosquitos. E sentia ter conquistado a confiança e a amizade dos homens do meu grupo, por quem me via respeitado como chefe e protegido como se fosse o irmão mais novo...

Deslocação por via fluvial, por um dos canais do rio Costa-Pelundo. Partindo de Bassarel, seriamos lançados na margem sul da Península do Balenguerez. Era a primeira vez que o meu grupo fazia esta ação e o homem da lancha não conhecia o canal. Consultando a carta militar, eu descortinava entre tantos canais que o rio tinha na zona, qual era o que deveríamos seguir. E acertei. Mas não me livrava do receio de termos o IN à nossa espera, escondido no mangal, no tarrafo, ou na orla da mata, para a macabra receção. E sentia grande vulnerabilidade. Mas tudo correu bem.

Mas continuava a sentir-me tratado por alguns dos meus pares e por alguns superiores como o sempre alf. “pira” e algumas vezes senti-me hostilizado. Talvez que inicialmente, para eles, eu fosse um tipo um pouco estranho, que não alinhava em todas as suas borgas, antes se isolava, meditativo e até melancólico, a afirmar ideais humanistas e princípios com forte convicção, a questionar as razões daquela guerra, a expor valores em desuso entre a tropa local e diferente dos da sua classe, pondo-os em causa, já “velhinhos” e “apanhados” do clima. Naturalmente eu seria suspeito e era necessário manter debaixo de vigilância e ameaça. (Com o tempo fomo-nos conhecendo e ganhando confiança, respeito e camaradagem).

O meu quarto era o meu refúgio principal. Aí purgava com lágrimas a dor da saudade, na mágoa e na súplica e encontrava a Paz. Aí rezava, escrevia à minha noiva e à família, lia e ouvia música. (Belas músicas que eu ouvia). Mas algumas vezes saía e ia passear sozinho. Um dos locais para onde ia era este que a foto documenta: Nas traseiras do quartel, perto do cais, no limite do rio Baboque. Apreciava a paisagem, meditava e dava largas aos sonhos e conjeturas. Pensava naquele povo, que sofria as consequências da guerra e do subdesenvolvimento e como tudo poderia ser diferente, se uma boa parte dos recursos materiais e humanos gastos na guerra, fossem aplicados no desenvolvimento. E lembrava e meditava as palavras do Papa Paulo VI: - ”O Desenvolvimento é o novo nome da Paz”. (Vd. Carta Enciclica Populorum Progressio – PP87, Março de 1967)

Valia-me a boa relação com os homens do meu grupo, que dia a dia vinha ganhando em confiança e camaradagem. Com eles me identificava e com eles sofria e confraternizava. Sentia também o apoio e confiança do comandante da minha companhia, Cap. Mil. Gouveia.

Confraternizando com o meu grupo, após uma caçada clandestina a 2 javalis em Babol, próximo de Ponta Teixeira. O convívio foi fora do quartel (tinha que ser) num tasco de um senhor libanês de quem não recordo o nome. Fomos visitados por convite, pelo Comandante de Companhia, Cap. Mil. Aires da Silva Gouveia, que estava de Oficial-dia. À sua direita, o Fur. Mil. Op. Esp. Louro, que era da zona de Santarém. Um destemido guerreiro. Gostaria de saber dele para o contactar. Deixo o apelo a alguém que o conheça e queira fazer o favor de me informar.

E tinha um amigo, confidente e confessor, o Alf. Capelão Padre João (de quem gostaria de saber para contactar). Também tinha um grupo de jovens adolescentes, nativos, rapazes e raparigas, dos doze aos dezassete anos, para quem veiculava a minha amizade, quando me reunia com eles, lhes expressava os meus sentimentos fraternos, falando-lhes de Jesus Cristo e do Amor de Deus Pai, que nos tornava irmãos. Eu sentia-os como a minha família local, sendo eu o irmão mais velho. Como eu gostaria de voltar a encontrá-los, estar com eles e saber do rumo que levaram as suas vidas!

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 12 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12828: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (3) : As minhas pesquisas sobre Teixeira Pinto e o "Chão Manjaco"

Guiné 63/74 - P12840: Fotos à procura... de uma legenda (24): Por terras de além-Tejo... (Luís Graça)









Fotos (sem legendas): © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]

1. A série "Fotos à procura... de uma legenda" fuinciona para "tapar buracos"... Mas não deixa de ser didática... Obriga  (ou, melhor,  convida) os leitores do blogue a um exercíco de imaginação, ou de memória.. Este país é pequeno mas surpreendentemente rico e váriado, em termos de geografia, história, património, gastronomia, toponomias... Vamos lá ver, neste sábado já primaveril, se o vosso GPS identifica o sitio (concelho) e, melhor ainda, o lugar, a rua, o monumento...Onde foi tirada esta foto ? E o que mostra ?

A foto é receente, é deste ano...Foi tirada no Alto Alentejo. È a única pista que vos posso deixar... O concelho é um dos mais pequenos, em nº de habitantes, mas é prenhe de história... Há vestígios do "homo sapiens sapiens" com mais de 5 mil anos . Durante a guerra colonial (ou do Ultramar, como quiserem), morreram 10 dos seus filhos. Apenas um no TO da Guiné. O nosso grã-tabanqueiro Manuel Mata é de lá. Telefonei-lhe mas ele não atendeu ou o nº já existe, diz a PT...

Amigos e camaradas da Guiné, ponham lá a legenda, enquanto eu "berer" o azul da minha Lisboa e do meu Tejo! (LG)

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Nota do editor:


21 de agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11964: Fotos à procura... de uma legenda (23): A pretexto do Dia Mundial da Fotografia, três fotos notáveis do Amílcar Ventura, residente em Silves e ex-Fur Mil Mec Auto, 1ª CCAV / BCAV 8323 (Pirada, Bajocunda, Copá, 1973/74)

Guiné 63/74 - P12839: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte VIII): fotos de Canquelifá, na fronteira nordeste: bajudas, final da festa do Ramadão, descanso dos guerreiros...


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70)  > Bajudas (1)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70)  > Bajudas (2)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >    Festa do final do Ramadão (1)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  Festa do final do Ramadão (2)... O Valdemar em tronco...


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70)  >  Festa do final do Ramadão  com o cap mil Pinto a assistir (1)... A meio, sentado, fardado...


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >   Festa do final do Ramadão  com o cap mil Pinto a assistir (2)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >   Festa do final do Ramadão  com o cap mil Pinto a assistir (3)´


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Canquelifá > CART 2479 / CART 11 (1969/70)  >     Conversas entre o Porto e Lisboa... Vários graduados...


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]



1. Continuação da publicação das Memórias de um Lacrau ... Texto e fotos enviadas, em 9 de fevereiro último, pelo Valdemar Queiroz {, foto atual à esquerda] (*)

Diz a última parte do texto, muito laconicamente:

"Depois, a partir de Nova Lamego, andámos em intervenção na zona leste, a nível de dois pelotões, por Cabuca, Cancissé, Madina Mandinga, Dara, Piche, Ponte Caium, Dunane, com permanência perlongada em Canquelifá, até nos fixarmos em Paunca e Guiro Iero Bocari."

Vamos apresentar fotos, com legendas destes vários lugares por onde passou o nosso camarada Valdemar Queiroz, esperando que ele e outros "lacraus" complementam esta informação.

Hoje são fotos da estadia em Canquelifá, junto à fronteira, a nordeste:  bajudas, final da festa do Ramadão, descanso dos guerreiros...

Sobre Canquelifá temos cerca de 8 dezenas de referências no nosso blogue. Nesta altura (1968/70), estava sediado em Piche o BART 2857, com a CCS em Piche e as subunidades de quadrícula em Bajocunda (CART 2438), Canquelifá (CART 2439) e Piche (CART 2440). Ver aqui o respetivo sítio.

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Nota do editor:

(*) Último poste da série  > 12 de março de  2014 > Guiné 63/74 - P12827: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte VII): Fotos de estrada, onde a velocidade máxima era de 40 km (e nas povoações, 35 km)

Guiné 63/74 - P12838: Parabéns a você (705): António da Silva Batista, ex-Soldado At da CCAÇ 3490 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12834: Parabéns a você (704): Leopoldo Correia, ex-Fur Mil Art da CART 564 (Guiné, 1963/65)

sexta-feira, 14 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12837: Notas de leitura (572): "Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné", de Gomes Eanes de Azurara (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 30 de Setembro de 2013:

Queridos amigos,
Em termos historiográficos, é a pedra de toque para se entender o plano henriquino para cartografar África até descobrir o caminho marítimo para a Índia.
Azurara ou Zurara não esconde a profunda admiração pelo Infante, enuncia as razões para o empreendimento dos descobrimentos, ele é um contemporâneo entre contemporâneos, descreve nomes, viagens e resultados.
Passado o Cabo Bojador, etapa a etapa, chega-se à terra dos negros, a Guiné. Um pouco acima, quando se atingiu o rio Senegal, julgou-se ter encontrado o Nilo.
A crónica Zurara permite uma leitura fascinante, nele sente-se o grandioso da obra e o aparecimento do mundo moderno. Esta versão não é de fácil leitura mas quase. Dá orgulho ser português.

Um abraço do
Mário


Crónica do descobrimento e conquista da Guiné, 
por Gomes Eanes de Azurara

Beja Santos

Em 1989, as Publicações Europa-América deram à estampa uma edição em português atualizado de uma peça nobre da historiografia dos Descobrimentos (sobre o achamento da Guiné), a incontornável crónica de Azurara, escrita em 1448, trata-se do primeiro documento que traça a cronologia dos descobrimentos portugueses até essa data.

Como cronista, foi bastante diferente do seu antecessor, Fernão Lopes. Como se verá a propósito da figura do Infante D. Henrique, Azurara celebra os seus heróis, é um panegirista sem complexos. Como escreve Reis Brasil, “o seu estilo é vivo e elucidativo, chegando mesmo em certos casos a ser fortemente emotivo, mas a frase longa, o uso demasiado intenso da subordinação, a praga dos pronomes do tipo relativo, são métodos de escrita que, em certos casos, o tornam um pouco enfadonho ou pesado”.

Erudito, de uma grande fidelidade à verdade, tem a particularidade de narrar factos contemporâneos ao cronista. Azurara idolatrava o Infante D. Henrique, conheceu diretamente os principais descobridores do que nos fala.

Na sua introdução de 1841, o visconde de Santarém não esconde o regozijo de se dar pela primeira vez ao público a crónica do descobrimento e conquista da Guiné: “É incontestavelmente não só um dos monumentos mais preciosos da história da glória portuguesa mas também o primeiro livro escrito por autor europeu sobre os países situados na costa ocidental d’África além do Cabo Bojador, e no qual se coordenaram pela primeira vez as relações de testemunhas contemporâneas dos esforços dos mais intrépidos navegantes portugueses que penetraram no famoso mar Tenebroso dos Árabes”.

São múltiplas as leituras possíveis deste diadema historiográfico. Por exemplo, ficamos a conhecer o estado das ciências e da erudição entre nós nos fins da Idade Média; Azurara mostra ter um vasto conhecimento da geografia sistemática dos antigos; deixa claro o plano expansionista de D. João I e faz o leitor perceber que o Infante D. Henrique tinha construído o seu próprio plano para explorar a costa ocidental de África.

A crónica abre com uma carta que Azurara dirige a D. Afonso V, que lhe ordenara que pusesse em escrito “os feitos do Senhor Infante D. Henrique”. É uma crónica que assombra pela cronologia dos feitos que se passaram no achamento da Guiné. Dirige-se encomiástico ao Infante, enaltece os seus feitos, o seu génio e a sua magnanimidade, sumaria as coisas notáveis feitas por ele, arrola as suas virtudes e costumes, dá rédea solta a uma cultura clássica de alto nível. E assim se chega a um dos pontos capitais da crónica: as cinco razões porque o senhor Infante foi movido de mandar buscar as terras de Guiné: queria saber a verdade sobre a terra que ia além das ilhas de Canária, e de um cabo, que se chama do Bojador, se ele não trabalhasse de o saber, nenhuns mareantes, nem mercadores nunca se dele antremeteriam; considerou o senhor Infante que achando-se em aquelas terras alguma povoação de cristãos ou portos em que sem perigo pudessem navegar, se poderiam para estes reinos trazer muitas mercadorias; era também preciso conhecer melhor o poderio dos mouros daquela terra de África; de mais de trinta anos que havia que guerreava os mouros, nunca achou rei cristão, nem senhor de fora desta terra para o ajudar e assim queria saber se achariam em aquelas partes alguns príncipes cristãos; queria levar a fé de nosso senhor Jesus Cristo, procurar salvar as almas que se quisessem salvar.

E o cronista traça o itinerário: as dificuldades sentidas para passar além do Cabo Bojador, e com Gil Eanes dobrou este Cabo; de como Afonso Gonçalves Baldaia chegou ao rio do Ouro e trouxe os primeiros escravos; surge Nuno Tristão, criado de moço pequeno na Câmara do Infante e que passou além do porto da Galé e como se foram aproximando de regiões onde já não se falava a língua dos mouros, a dos Azenegues (países que confinam com os negros de Jalof, onde começa a região da Guiné); o envio de uma embaixada ao Papa Martinho V, pedindo perpétua doação dos reinos descobertos e do que se descobrisse do mar oceano do Cabo Bojador até às Índias.

O leitor vai tomando nota de toda esta aventura, as embarcações tenteando os contactos, por vezes sendo repelidos, outras capturando nativos, até que se chega a um capítulo extraordinário em que Azurara cede à emoção e descreve a chegada dos escravos a Lagos, são páginas únicas da historiografia portuguesa, como se exemplifica: “Mas qual seria o coração, por duro que ser pudesse, que não pungido de piedoso sentimento, vendo assim aquela companha; uns tinham as caras baixas, e os rostos lavados com lágrimas, olhando uns contra os outros; outros estavam gemendo mui dolorosamente, esguerdando a altura dos céus, firmando os olhos em eles, bradando altamente, como se pedissem acorro ao Pai na natureza; outros feriam seu rosto com suas palmas, lançando-se estendidos em meio do chão; outros faziam suas lamentações em maneira de canto, segundo o costume da sua terra, nas quais posto que as palavras da linguagem aos nossos não pudesse ser entendida, bem correspondia ao grau de sua tristeza”.

O Infante manda Gonçalo de Sintra à Guiné, será a primeira baixa de tomo. Outros navegadores prosseguem até ao rio do Ouro e Dinis Dias chega à terra dos negros, onde vivem os guinéus. As viagens prosseguem até ao Cabo Branco depois atinge-se a ilha de Arguim. A proximidade da região durante séculos conhecida por Costa da Guiné é enorme. É então que um grupo de navegadores requer licença para irem à Guiné. O Infante aquiesce. Diz o cronista que neste período o Infante vê-se envolvido em graves quezílias familiares, era regente do reino o Infante D. Pedro que mal se relacionava com a rainha viúva, os nobres dividiram-se e tomaram partido, D. Henrique foi forçado ao papel de conciliador. As explorações da costa africana prosseguiram, Lançarote de Lagos passou o Cabo Branco, assim se chega à terra da Guiné. Ao tempo, julgava-se que o rio Nilo passaria por esta região, já se passara a terra de Zaara (o Sahara), avistavam-se palmeiras e pela primeira vez deparava-se ao navegador gente toda negra, guinéus ou negros, passou-se o rio Çanaga (Senegal), descobriu-se que a água do mar era doce como a dos rios. Os locais resistem, combatem, ferem e matam com azagaias, e fogem, não querem ser capturados ou filhados. Seguem-se páginas muito interessantes em que Azurara discreteia sobre o rio Nilo, fala nas caravanas, nos filósofos e historiadores, gregos e romanos, as caravelas afoitam-se a entrar nos rios, fazem-se capturas, descobre-se que a religião dos mouros aqui tem um peso ínfimo.

O relato prossegue com mais viagens e expedições às terras dos negros, são descrições palpitantes que interessam ao historiador. E assim se chega à morte de Nuno Tristão em terra da Guiné, em circunstâncias dramáticas.

É um relato espantoso o que nos oferece esta crónica que ainda hoje conserva segredos bem guardados que fazem palpitar os historiadores do presente.
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12818: Notas de leitura (571): "Nos Trópicos sem Le Corbusier - Arquitectura Luso-Africana no Estado Novo", por Ana Vaz Milheiro (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12836: In Memoriam (186): José da Cruz Policarpo (1936-2014), 16.º Cardeal Patriarca de Lisboa (1988-2013), irmão mais velho dos combatentes Maria do Céu Policarpo e Fernando Policarpo

José Policarpo (1936-2014). Foto:
 Cortesia  do sítio do Patriarcado
de Lisboa
1. Morreu José Policarpo (1936-2014), cardeal patriarca de Lisboa, de 1998 a 2013...

Morreu ontem aos 78 anos, na sequência de um crise cardíaca... Morreu no combate pela vida, em plena intervenção cirúrgica, no bloco operatório de um hospital particular. (Ter-se-ia salvo se tivesse sido encaminhado para um hospital público? É possível.) O governo decretou hoje dia de luto nacional.

Não nos cabe, a nós, aqui neste blogue de ex-combatentes da guerra colonial, fazer a evocação da sua figura como cidadão, como intelectual e como homem de Igreja. E, muito menos, especular sobre o seu lugar na história da igreja e do nosso país. Na morte, há grande tendência, neste país, para o unanimismo. Não queremos cair aqui nessa pecha nacional.

Se lembramos aqui a sua memória, é também pelo facto de ter tido,  numa família numerosa de 8 irmãos, do oeste estremenho (Caldas da Rainha), pelo menos 2 irmãos combatentes na guerra colonial:

(i) a Maria do Céu Policarpo [, foto à direita, Tancos, 1961], a irmã mais nova, uma das corajosas e pioneiras 42 enfermeiras paraquedistas que serviram no ultramar, e que fez parte do 1.º curso (ao lado de mais 5 Marias), tendo obtido o seu brevet justamente no ano em que o mano José era ordenado sacerdote (1961);

(ii) o Fernando Policarpo, o  mais novo dos irmãos  (n. 1951), ex-Alf Mil pertencente a uma das subunidades do BCAÇ 4514/72 (1973/74), que passou por Nova Lamego, Guidaje, Cuntima  e região de Tombali, Cantanhez - Cadique, Cafine e Jemberém-, onde foi gravemente ferido em combate; é hoje Coronel, DFA, é escritor e professor do Colégio Militar (desde 1989), historiador, além de cofundador da Liga dos Amigos do Colégio Militar.

Aos dois, e demais família, aproveitamos para mandar, em nome pessoal e da Tabanca Grande,  um grande abraço solidário na dor pela perda do mano mais velho, que também fazia parte da nossa família alargada, já que “pais, irmãos e filhos dos nossos camaradas, nossos pais, irmãos e filhos são”... (Sejam eles cidadãos anónimos, sejam eles personalidades destacadas da via portuguesa).
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Sobre o Fernando Policarpo (bem como sobre sobre a irmã Maria do Céu Policarpo), temos várias referências no blogue.

O Fernando Policarpo [, foto à esquerda, cortesia do sítio da Liga dos Amigos do Colégio Militar], que se licenciou e é Mestre em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi também cofundador, em 1985, do Centro de Estudos de História Militar.

Entre outras obras, é autor de Guerras de África: Guiné (1963/-1974). Matosinhos: QuidNovi. 2006. (Academia Portuguesa de História: Batalhas da História de Portugal, 21), livro de síntese  de que já aqui, no nosso blogue, foram feitas as devidas recensões pelos nossos camaradas Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos.


Tancos, 8 de Agosto de 1961 > Da esquerda para a direita: (i) Maria do Céu Policarpo; (ii) Maria Ivone; (iii) Maria de Lurdes; (iv)  Maria Zulmira; (v) Maria Arminda;  e (vi)  o Capitão Fausto Marques (Director Instrutor). Falta a Maria da Nazaré que torceu um pé no 4.º salto e só viria a acabar o curso alguns dias depois (Legenda: Rosa Serra).
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 Foto: Maria Arminda / Rosa Serra (2011). Todos os direitos reservados.


2. Evocamos o nome, a figura e a memória de José Policarpo também por respeito à comunidade eclesial católica, a que pertencerão muitos dos membros da Tabanca Grande. Somos, histórica e sociologicamente falando, um país católico. Pela minha parte, associo-o sobretudo a uma Igreja mais arejada, tolerante, plural e moderna, a do pós Vaticano II, que soube, com ele e com o seu antecessor, António Ribeiro, fazer a reconciliação entre os portugueses, os católicos, praticantes e não praticantes, e os não católicos.

Não sei o que ele, enquanto padre, pensava sobre a guerra colonial, nem sei se tinha (ou teve) alguma posição, pública, sobre este assunto relevante para todos nós (Igreja, povo de Portugal, povo das colónias...), na altura em que por lá andámos, nós e os seus irmãos, na Índia, em Angola, na Guiné e em Moçambique. Nem isso, para já nos interessa. É possível que não, que nunca se tenha pronunciado sobre a guerra (que corria o risco de se eternizar). até por que passou alguns anos em Itália, onde se licenciou, em 1968, em Teologia.

Recorde-se que José Policarpo foi nomeado bispo já depois do 25 de abril, em 1978, tendo sucedido a António Ribeiro, como 16.º Cardeal Patriarca de Lisboa, em 1998. Antes tinha sido professor (1971-1986) e Reitor da Universidade Católica Portuguesa (1988-1992). Foi igualmente Reitor do Seminário dos Olivais (1970-1997). Nomeado Cardeal em 2001, participou no Conclave de 2005 que elegeu Joseph Ratzinger como Papa Bento XVI e depois no Conclave de 2013, que elegeu Jorge Bergoglio como Papa Francisco.

Dizem os seus biógrafos que foi (i): protagonista da renovação cultural da Igreja Católica em Portugal; (ii) é autor de teve cerca de cinquenta obras publicadas; (iii) era sócio honorário da Academia das Ciências de Lisboa; e (iv)  académico de mérito da Academia Portuguesa de História.
 
Pessoalmente, devo dizer que mal o conheci...  Há uma coisa, no entanto, que me intriga, e sobre a qual gostaria de poder um dia fazer um estudo: muitos dos oficiais e sargentos milicianos na guerra colonial foram ex-seminaristas, com uma preparação física, moral, humana, intelectual e cultural acima da média da sua geração... Não temos números, mas em todas as unidades e subunidades havia ex-seminaristas...

O(s) seminário(s) foi(foram) também uma grande fábrica de soldados... A Igreja nunca se pronunciou sobre isto, que eu saiba... Temos no blogue camaradas que passaram por lá...

O funeral de José Policarpo (1936-2014) é hoje, às 16h00, na Sé Patriarcal de Lisboa. Os seus restos mortais vão repousar no Panteão dos Patriarcas, em São Vicente de Fora. Que descanse em paz,  com Deus e com os homens. (LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de março de  2014 > Guiné 63/74 - P12796: In Memoriam (185): Victor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), cor art ref, ex-cap art, cmdt, CART 2715 (Xime, 1970/71)...

Guiné 63/74 - P12835: Brochura, "Soldado!, Coisas importantes que deves saber", 5ª ed. [Lisboa: SPEME, 1970, 14 pp.] (Parte I) (Fernando Hipólito / César Dias)

















(Continua)

Reprodução das 6 primeiras páginas da brochura de 14 páginas, "Soldado!, Coisas importantes que deves saber. Aos jovens soldados do Exército Português", ª ed.  [Lisboa: SPEME - Serviço de Publicações do Estado Maior do Exército, 1970, 14 pp.]




1. É um documento teórico-ideológico,  igual ao de muitos outros exércitos pelo mundo fora, mas no nosso caso elementar, destinado a uma população de baixa literacia, que só conhecia, no máximo o livro da 4ª classe. Muitos de nós deverão tê-lo lido ou folheado, nomeadamente os que pertenceram ao contingente geral.

É pena que, na 5ª edição, já de 1970 (!), ainda apareça a palavra "privilégio", mal grafada, como  "previlégio" (p. 3)... Por outro lado, o grafismo e as ilustrações são,  em 1970, já muito obsoletos... Mas o exército, e o seu estado-maior, era uma instituição conservadora... Enfim, os demais comentários, nomeadamente sobre o conteúdo da brochura, ficam para os nossos leitores.



O célebre Tio Sam, desenho por J.M. Flagg... Cartaz norte-americano, de 1917, inspirado no original britânico,  de 1914. Foi usado pelo exército norte-americano para recrutar soldados tanto para a Primeira como para a Segunda Guerra Mundial. Imagem do domínio púbklico. Cortesia de Wikipedia.




Outro ícone da propaganda de guerra, inspirador de uma série de  cartazes posteriores; Lord Kitchener Wants You... Cartaz que  representava Lord Kitchener,  o Secretário de Estado da Guerra, incitando os britânicos a alistaram-se no exército, em 1914.  Imagem do domínio público. Cortesia da Wikipedia. [Ver aqui mais posters sobre recrutamento militar: US Navy, 1863-1939].



O exemplar da brochura "Soldado!, Coisas importantes que deves saber", digitalizado, chegou-nos por mão do César Dias. Mas o precioso exemplar original, em papel, estava/está nas mãos do Fernando Hipólito que já aceitou o meu convite para se sentar à sombra da Tabanca Grande...

Mail enviado, na sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2014, 10:57

Assunto:  Livro soldado
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Bom dia Luis,

Mais um livro do Soldado, tinhamos um específico para Tavira, este era para a generalidade dos futuros militares. Mais uma relíquia que o [ Fernando] Hipólito sacou do baú.

Um abraço, César.

Na volta do correio, respondi ao César, com conhecimento ao Fernando, nestes termos:
"Cásar: só podemos estar muito profundamente agradecidos ao Fernando por mais esta preciosidade, depois do guia do instruendo... Eu quero apresentá-lo à Tabanca Grande. Só preciso de uma foto atual, e duas linhas, a dizer por onde andou em Angola... (Vou lá desde 2003)...

O Fernando já ganhou o direito de se sentar, contigo, comigo, com o Levezinho e outros camaradas, à sombra do poilão da Tabanca Grande!... Se me quiser mandar uma ou mais fotos dele, em Angola, ótimo" (...)..

Recorde-se que já foi publicado, aqui, o "guia do instruendo", usado no CISMI, Tavira, que nos chegou também por mão do César Dias,  tendo o original sido-lhe dado pelo seu camarada de recruta, o Fernando Hipólito, que será depois mobilizado para Angola.