domingo, 28 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14088: Bom ou mau tempo na bolanha (81): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (21) (Tony Borié)

Octogésimo episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Dia 13 de Julho de 2014

Resumo do vigésimo terceiro dia

Estávamos com saudades do oceano Atlântico, portanto o nosso destino era o leste, desviando-nos sempre para sul, seguindo a estrada rápida número 84, por entre planícies, vales, precipícios e algumas montanhas, surgindo longas rectas, com placas de sinalização avisando que podia haver fortes ventos. Entrámos no estado de Utah, onde há muitos anos viviam duas tribos nativas americanas, que eram os “Utes” e os “Navajos”, dizem que há milhares de anos, antes da chegada dos primeiros exploradores europeus membros de uma expedição espanhola liderada por Juan Maria de Rivera, realizada em 1765, que percorreu partes do sul do actual estado de Utah. Em 1776, no início da Revolução Americana do mesmo ano, os espanhóis realizaram mais explorações na região, porém não se interessaram em colonizar a região, devido à sua natureza desértica. Mais tarde, por volta do ano de 1850, o Congresso Americano criou o Território de Utah, cujo nome foi dado em homenagem à tribo nativa americana “Ute”, que vivia na região e, em Janeiro de 1896, o Utah tornou-se o 45.º Estado americano, onde agora se pode viajar a 80 milhas por hora.



Visitámos o Centro de Informação, continuando na estrada número 84, onde o terreno era mais plano, com poucas montanhas, mas com o termómetro do Jeep a marcar 112ºF (cerca de 44,5ºC), eram 10 horas da manhã, mas continuámos viajando sem problemas, entrando, passado algum tempo, de novo na estrada número 15, no sentido sul e, quanto mais nos dirigíamos para sul mais frequentes eram os cruzamentos com outras estradas que se estendiam por longas milhas nas proximidades para além da cidade de Salt Lake City, pois o crescimento da indústria de mineração e a construção da primeira ferrovia transcontinental, inicialmente, trouxeram algum crescimento económico e, a cidade foi apelidada de "Crossroads of the West".

Salt Lake City é a capital e cidade mais populosa do estado do Utah. O nome da cidade é muitas vezes abreviado para Salt Lake ou SLC. Situa-se nas margens do Grande Lago Salgado, de onde provém o seu nome. A cidade foi fundada em 1847, no Great Salt Lake City por um grupo de pioneiros mórmons liderados por seu profeta, Brigham Young, que dizem ter fugido da hostilidade e violência do meio-oeste dos Estados Unidos. Dizem ainda que actualmente 78% da população da cidade é adepta da religião mórmon. Está situada numa grande área urbana chamada “Frente Wasatch”, o que podemos comprovar, pois existem ao longo da estrada, tanto antes como depois de passar a cidade, grandes bairros de casas nas montanhas. Dizem que esta área tem mais de 2.300.000 habitantes.

Dizem também que, pela sua localização, centro bancário industrial, economia, património histórico, cultura ou acontecimentos políticos aqui passados, fizeram dela uma das mais importantes cidades do mundo. Tem estações de esqui, onde se desenvolve uma forte indústria de turismo ao ar livre e, não esquecemos que foi a sede dos Jogos Olímpicos de Inverno no ano de 2002. Podemos mostrar algumas fotos de Salt Lake City, que com a devida vénia tirámos do “Gogle”, pois viajávamos na estrada, e estas foram tiradas de avião, para que possam admirar a cidade, pois quem viaja ao longo da estrada número 15, ao atravessar Salt Lake City, repara que atravessa uma grande metrópole.



Sempre rumo ao sul, um tempo depois, na cidade de Spanish Fork, desviámo-nos para a estrada com paisagem, número 6, que nos levaria de novo à número 191, com temperaturas de 115ºF. Fomos atravessando de novo um pequeno deserto, entrando finalmente na estrada rápida número 70, com duas vias de trânsito, rumo ao Atlântico, onde, talvez não reparando bem na sinalização, mas sim, no GPS, estávamos a seguir em direcção ao Pacífico. Um pouco à frente surge uma placa de sinalização onde nos informava que a próxima localidade com algumas facilidades e, onde talvez se pudesse mudar de direcção, era a 140 milhas. À boa maneira portuguesa, confiando no nosso veículo, quando nos surgiu um terreno mais ou menos nivelado, entre as duas estradas, reduzimos a velocidade, parando, a estrada estava deserta. Fomos ver o terreno, era melhor que o “Alaska Highway”, sem qualquer problema, voltámos em direção ao Atlântico. Estava qualquer coisa mal, com aquela sinalização.



Sempre rumo ao Atlântico, viajando nesta larga e deserta estrada, que nesta direção recebe por alguma distância, a estrada número 191, já próximo onde esta segue em direção ao sul, passando junto ao “Arches National Park”, que era o nosso destino no próximo dia. Como neste deserto quente, não havia parques de campismo, procurámos um daqueles hotéis de estrada, onde se dorme, toma banho e, às vezes o café de manhã, encontrando um de acordo com a nossa situação financeira, no meio do deserto, com um nome bonito, pois chamava-se qualquer coisa, como “Green River”, que em português quer dizer, “Rio Verde”. Por lá ficámos, já era noite, comendo o que sobrou do dia anterior, que vinha na caixa frigorífica.


Neste dia percorremos 527 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.51 e $3.58 o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14062: Bom ou mau tempo na bolanha (79): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (20) (Tony Borié)

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Caro Tony

Estive uns tempos, ainda assim curtos, ligeiramente afastado da leitura diária do nosso Blogue, pelo que não acompanhei os teus dois últimos relatos.

Já te disse que acompanho com interesse a tua viagem. Gosto de aprender. Gosto de conhecer, ainda que indirectamente.
Sei que "isto não tem nada a ver com a Guiné", como há quem considere e, valha a verdade, apenas um camarada foi frontal nessa questão e a quem, por isso, presto a minha consideração.
Mas 'não é na Guiné' apenas temporalmente, geograficamente, pois há muitos pontos de contacto como a aventura, o desconhecido, as dificuldades, as contrariedades, o clima, as pessoas e os seus preconceitos. Falta contar as munições gastas, os IN abatidos, as armas recuperadas nas operações, mas tirando isso....

Neste relato de hoje confesso a ignorância relativamente aos "utes", de que afinal deriva o nome do Estado de Utah. Conhecia, dos livros e filmes, os "navajos", os quais ligava mais a sul, nem sei porquê.
Também a principal cidade do Estado, Salt Lake City, é conhecida, principalmente pelo que referes relativamente ao desporto mas também ignorava a forte influência 'mormón' que aparentemente por lá existe.

Sempre a aprender.

Abraço
Hélder S.